ATIVIDADE_CONSTITUCIONAL_04

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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA COMARCA DE CAICÓ/CEARÁ
ASSOCIAÇÃO DOS MORADORES UNIDOS DE CAICÓ, entidade civil de direito privado sem fins lucrativos, legalmente constituída desde 01.12.2000, neste representada por seu presidente (estatuto em anexo), com fundamento no art. 129, III da Constituição Federal e na Lei nº 7.347/85, vem à presença de Vossa Excelência, por intermédio de seu advogado adiante assinado, conforme procuração em anexo, propor a presente AÇÃO CIVIL PÚBLICA COM PEDIDO LIMINAR em desfavor da GUARARAPES ADM LTDA, pessoa jurídica de direito privado, registrado no CNPJ......, com endereço na ....... e PREFEITURA MUNICIPAL DE CAICO, pessoa jurídica de direito público, com endereço na rua ....... em face dos fatos e fundamentos a seguir descritos:
DA LEGITIMIDADE ATIVA
De acordo com o artigo 59 da Lei nº 7.347/85, que elenca àqueles legitimados ativos para a propositura da Ação Civil pública, que a associação que, concomitantemente:
a) Esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil;
b) Inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao patrimônio público e social, ao meio ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência, aos direitos de grupos raciais, étnicos ou religiosos ou ao patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico.
A presente Associação autora está constituída há mais de 10 anos e possui como finalidade a proteção ao patrimônio histórico e cultural e ao meio ambiente do município de Caicó, conforme consta em seu Estatuto de criação o qual segue em anexo à presente petição inicial.
Dessa forma, é parte legitima para a propositura da presente ação que tem por objetivo ato lesivo ao patrimônio histórico, cultural e turístico do referido município, como se passa a demonstrar.
DOS FATOS E DA IDENTIFICAÇÃO DO OBJETO
Trata-se a presente demanda de ação civil pública com pedido liminar em desfavor de empresa conveniada ao Poder Público cuja responsabilidade é administrar patrimônio histórico-cultural do município, mais precisamente a denominada “ruina Coliseu de Caicó”. 
Caicó é município pequena e muito pouco desenvolvida do ponto de vista urbanístico, porém, possui algumas patrimônio da época da colonização portuguesa, as quais fazem parte da história cultural da cidade. A ruina mais famosa "Coliseu" é administrada pela empresa ré por meio de contrato de convênio com o Poder Público local, firmado entre a Prefeitura do Município de Caicó e a GUARARAPES ADM LTDA, sendo certo que referida ruina virou um ponto turístico de intensa visitação no município.
Porém, sucede-se que nos últimos meses, de setembro de 2017 a empresa não tem cuidado com seu devido valor deixado de fazer até mesmo a manutenção do local, o qual está gravemente deteriorado precisando de sérios reparos, os quais a empresa promete que vai realizar, porém não faz.
Mesmo depois de realizadas as solicitações de informações da autora em conjunto com a Defensoria Pública do Estado, a Prefeitura informou que no dia 10/01/2018 havia diligenciado junto a empresa as providências cabíveis, mas que também ainda não tinha obtido respostas. Já o Sr. Prefeito informou também que em reunião com o responsável da empresa convocada para tratar do assunto, foi dado prazo a resolução do problema, porém que o mesmo não havia sido cumprido. Contudo, o contrato com a empresa continua vigente sem que sejam tomadas as devidas providências para a revitalização do local, seja pela Prefeitura seja pela empresa privada responsável pela administração do local.
Patente é que tal fato vem causando grave dando ao patrimônio histórico, cultural e turístico do município, sendo este o objeto da presente ação. o Art. 1º da Lei da Ação Civil Pública, determina que:
Art. 19 Regem-se pelas disposições desta Lei, sem prejuízo da ação popular, as ações de responsabilidade por danos morais e patrimonial causados (grifou-se):
1 - Ao meio ambiente;
II - Ao consumidor;
Ei-la bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e
paisagístico;
Vi-a qualquer outro interesse difuso ou coletivo.
V- Por infração da ordem econômica;
1 - À ordem urbanística,
VII - à honra e à dignidade de grupos raciais, étnicos ou religiosos.
Viciai-o patrimônio público e social.
Sendo assim, conclui-se que o objeto da presente ação encontra-se plenamente tutelado pela Ação Civil Pública nos termos da lei, sendo inquestionável o seu cabimento.
II - DO DIREITO
 Artigo 129, inciso III da Constituição Federal, que a ação civil pública se destina à proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e outros interesses difusos e coletivos, porém não os conceitua. Por sua vez, no Código de Defesa do Consumidor, já se encontra um conceito para esses direitos, nos seguintes termos (grifo nosso):
Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas poderá ser exercida em juízo individualmente, ou a título coletivo. Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de:
I - Interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste código os transindividuais, de natureza Indivisível, de que sejam titulares pessoas Indeterminadas e ligadas por circunstancias de fato;
II - Interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, de natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica base;
Lili - interesses ou direitos individuais homogéneos, assim entendidos os
decorrentes de origem comum.
Destaca-se que o direito abordado tem natureza transindividual, isto é, são direitos que não pertencem a um único indivíduo pré-determinado, mas sim a uma coletividade intangível. Dentre esses direitos está a proteção ao patrimônio histórico, cultural e urbanístico, o qual é assim entendido pela própria Lei 7.347/85 ao regulamentar a Ação Civil Público, no art. 19 incisos III e VIII.
Ademais, a preservação do patrimônio público e social, histórico e cultural é um direito coletivo, a depender da situação concreta, protegido constitucionalmente a partir da garantia
DA PROTEÇÃO JUDICIAL DOS DIREITOS DIFUSOS E COLETIVOS A proteção judicial dos direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos se dá por meio das chamadas ações coletivas. AÇÃO POPULAR: É um importante meio de exercício da democracia direta no Brasil. É uma ação que pode ser proposta por qualquer cidadão para proteção de direitos difusos, que visem o benefício da coletividade e não interesse individual. fundamental da Ação civil pública, que os têm por objeto.
 
 Portanto, o objeto da presente demanda, como já demonstrado, é a preservação da ruina Coliseu, a qual está sendo gravemente afetada pela conduta da empresa ré e pela própria Prefeitura local, que mantém o contrato celebrado mesmo diante do flagrante violação. A degradação do referido patrimônio precisa ser evitada para que o dano não seja maior, bem como as devidas reparações ao dano já ocasionado precisam ser feitas.
DO PEDIDO LIMINAR
Vê-se que apesar das determinações de ordem cogente no sentido de que o Poder Público deve zelar pela integridade de nosso patrimônio cultural, são notórias a omissão e a ineficiência do Município em seu dever constitucional e vinculado de promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, furtando-se às obrigações legais. 
Tendo em vista que a completa omissão do poder público municipal em relação aos bens culturais existentes na cidade, estão em risco a integridade e a proteção do patrimônio cultural local, em flagrante afronta ao ordenamento jurídico brasileiro, como acima cabalmente demonstrado, cabível, na espécie, o deferimento de medida liminar .José Carlos Barbosa Moreira, reconhecendo a necessidade de tratamento adequado à proteção dos bens de valor cultural por meio da adoção da tutela jurisdicional de caráterpreventivo, leciona:
“Em grande número de hipóteses é irreparável a lesão consumada no interesse coletivo: nada seria capaz de reconstituir a obra de arte destruída, nem de restaurar a rocha que aformoseava a paisagem; inexiste, ademais, prestação pecuniária que logre compensar adequadamente o dano, insuscetível de medida por padrões econômicos. Em poucas matérias se revela de modo tão eloquente como nesta a insuficiência da tutela repressiva, exercitada mediante a imposição de sanções e, quando necessário, pela execução forçada da condenação. O que mais importa é evitar a ocorrência de lesão, daí o caráter preventivo que deve assumir, de preferência, a tutela jurisdicional (PIRES, Maria Coeli Simões. Da proteção ao patrimônio cultural. Belo Horizonte: Del Rey, 1994, p. 221.)”.
Assim, presentes de forma indiscutível o fumus boni iuris e o periculum in mora, requer, com fundamento no art. 12 da Lei 7.347/85, A CONCESSÃO DE MEDIDA LIMINAR, para impor ao réu o cumprimento da obrigação de fazer consistente na realização dos reparos necessários a preservação da ruina Coliseu, que constitui patrimônio histórico e cultural do Município de Caicó, impondo-se multa diária no valor de R$ 1.000,00 (mil reais) em caso de descumprimento das obrigações impostas nos prazos estipulados por V. Exa..
DOS REQUERIMENTOS E DOS PEDIDOS
Ex positis, requer: 
a) Seja concedida/confirmada a liminar acima pleiteada. 
b) a citação dos réus na pessoa de seus representantes legais para querendo, contestar a presente ação;
c) a notificação do Ministério Público, na forma do art. 59.919 da Lei 7.347/85;
d) a dispensa do pagamento de custas e emolumentos, na forma do art. 18 da Lei no 7.347/85;
e) a condenação da empresa GUARARAPES ADM LTDA na obrigação de fazer consistente na realização dos reparos necessários a preservação da ruina Coliseu, que constitui patrimônio histórico e cultural do Município de Caicó;
f) a condenação da Prefeitura Municipal, subsidiariamente, por ser titular do contrato público firmado com a empresa, protesta provar o alegado por todos os meios de prova admitidos em Lei.
Por fim, dá-se a causa, apesar do valor inestimável do bem tutelado, o valor de 100.000,000 (cem mil reais).
Nestes termos
Requer e espera deferimento
Caicó, Ceará, 02 de fevereiro de 2018
ADVOGADO