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Habilidades Cirúrgicas (preparos) - Resumo

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1 Habilidades Cirúrgicas – P6 | Rhaissa Sandes 
 
Aula 1 – Pré-operatório 
✓ Conceito e considerações gerais 
✓ Avaliação do estado clínico geral 
✓ Avaliação do risco cirúrgico 
✓ Grandes sistemas de risco: cardiovascular, renal, 
endócrino, nervoso, respiratório 
✓ Avaliação laboratorial 
✓ Preparo hidroeletrolítico e reposições 
A avaliação perioperatória é descrita como a análise clínica 
que objetiva quantificar o risco de complicações clínicas 
perioperatórias. Essa avaliação deve ser baseada em 
variáveis clínicas e em resultados de exames subsidiários 
(quando indicados) e deve considerar os riscos de 
complicações cardíacas e não cardíacas. Essa avaliação deve 
conter, além das estimativas de risco, as orientações de 
manejo pré, intra e pós-operatórias para diminuição dos 
riscos, que se denominam estratégias protetoras. 
Os objetivos são identificar comorbidades previamente não 
reconhecidas e fatores de risco para complicações cirúrgicas; 
otimizar a condição médica pré-operatória; reconhecer e 
tratar potenciais complicações. 
Avaliação do estado clínico geral 
A anamnese e o exame físico são a parte mais importante da 
avaliação clínica pré-operatória. A identificação de sintomas 
além das queixas do paciente é crucial, como por exemplo, 
dor precordial, dispneia, tosse e intolerância ao exercício. 
Hábitos e antecedentes pessoais, incluindo os antecedentes 
cirúrgicos, têm especial importância. Questionar sobre 
diagnósticos prévios, uso de medicações, alergias, efeitos 
adversos desencadeados por anestésicos em procedimentos 
cirúrgicos prévios, transfusão sanguínea, também são 
essenciais. 
De maneira geral, o risco global da cirurgia tende a ser baixo 
em indivíduos saudáveis. Para avalia-lo, tem-se a análise dos 
seguintes itens: 
• Questionário de triagem: 17 perguntas que indicam 
aos enfermeiros se o paciente necessita ou não de 
uma avaliação pré-operatória realizada por um 
anestesista. 
• Idade: não deve ser avaliado isoladamente, visto 
que o aumento do risco em relação a idade é maior 
quando há presença de comorbidades. 
• Capacidade de exercício: é um importante preditor 
do risco global cirúrgico. Pacientes com baixa 
capacidade apresentam alto risco de mortalidade 
por fatores cardíacos no contexto cirúrgico. 
• Uso de medicamentos: é necessário saber sobre 
uso de medicamentos, sobretudo aqueles de livre 
venda. AAS, ibuprofeno e outros AINES, p.ex., se 
associam a elevado risco de sangramento 
perioperatório. 
• Obesidade: em cirurgia cardíaca, há maior risco de 
complicações. No entanto, em cirurgias não 
cardíacas, sabe-se que não é um fator de risco para 
a maioria das possíveis complicações pós-cirúrgicas, 
a exceção da embolia pulmonar. 
• Apneia obstrutiva do sono 
• Uso abusivo de álcool 
• Uso de drogas ilícitas: é importante, uma vez que 
pacientes usuários de opioides podem ter 
tolerância e necessitarem de doses mais altas no 
intra e pós-operatório. Além de que pacientes que 
usam barbitúricos e anfetaminas têm risco de 
síndrome de abstinência após a cirurgia. 
• Tabagismo: relacionado com complicações da 
ferida cirúrgica, infecções, complicações 
pulmonares, neurológicas e internação em UTI. 
• Histórico pessoal e familiar de complicações 
anestésicas: visa captar o risco de hipertermia 
maligna. 
 
Avaliação do Risco Anestésico-Cirúrgico (ASA) 
A avaliação geral mais comumente realizada é baseada na 
classificação da American Society of Anesthesiologists (ASA). 
Paciente ASA I, possui uma mortalidade perioperatória de 
 
2 Habilidades Cirúrgicas – P6 | Rhaissa Sandes 
0,06 – 0,08%; o paciente ASA II, 0,27 – 0,40%; ASA III, 1,8-
4,3%; ASA IV, 7,8 – 23%; e ASA V, 9,4 – 51%. 
A letra “E” é adicionada a qualquer um destes para uma 
operação de emergência. Mesmo que o sistema pareça 
subjetivo, continua a ser um importante indicador 
independente de mortalidade. 
Avaliação Laboratorial 
A maioria dos pacientes saudáveis não necessita da 
realização de exames laboratoriais. Mas, geralmente, os 
médicos solicitam para todos, por hábito e preocupação 
médico-legal. Os testes podem ser confiáveis se feitos 
dentro de 4 meses anteriores à cirurgia, exceto se a condição 
clínica do paciente tiver mudado. 
• Hemograma – é necessária a medida basal da 
hemoglobina para pacientes a partir de 65 anos que 
farão uma cirurgia de grande porte ou para 
pacientes jovens que passarão por uma cirurgia que 
resulte em grande perda de sangue. É razoável 
analisar a contagem de plaquetas antes de cirurgias 
que utilizem anestesia espinhal ou epidural. 
− Intervenções de grande porte, suspeita clínica 
de anemia ou policitemia, insuficiência renal, 
neoplasias, esplenomegalia, uso de 
anticoagulantes, presença de infecção, radio ou 
quimioterapia recentes. 
• Coagulograma 
− história de sangramentos anormais, operações 
vasculares, oftalmológicas, neurológicas ou com 
circulação extracorpórea, hepatopatias e 
síndromes disabsortivas, neoplasias avançadas, 
esplenomegalia. Apenas o Tempo e Atividade de 
Protrombina (TAP), o Tempo Parcial de 
Tromboplastina Ativada (TTPa) e a contagem de 
plaquetas costumam ser necessários nestes 
casos. 
• Tipagem sanguínea – apenas em procedimentos 
cirúrgicos de grande porte com possibilidade de 
perda sanguínea elevada. Deve ser acompanhada 
de reserva de sangue. 
• Função renal (creatinina) – apesar de não ser 
consenso, pode-se avaliar concentração de 
creatinina sérica em pacientes com mais de 40 anos 
que participarão de cirurgias de risco alto ou médio, 
em casos de haver probabilidade de hipotensão ou 
se forem usados medicamentos nefrotóxicos. A 
insuficiência renal é fator de risco para 
complicações pulmonares pós-cirúrgicas e um 
importante preditor de mortalidade. Além disso, tal 
patologia exige ajuste de dose de alguns 
medicamentos. 
• Eletrólitos, glicemia, função hepática, hemostasia 
e sumário de urina – não devem ser solicitados de 
rotina em pacientes previamente saudáveis, por 
geralmente não alterarem conduta cirúrgica. 
− Testes de hemostasia: Tempo de Protrombina 
(PT), Tempo de Tromboplastina Parcial Ativada 
(TTPa) e contagem de plaquetas podem ser 
solicitados em casos de histórico 
pessoal/familiar e/ou exame físico sugerirem 
risco de presença de distúrbio de sangramento. 
− Eletrólitos: uso de diuréticos ou corticoides, 
nefropatias, hiperaldosteronismo secundário, 
cardio ou hepatopatias com síndrome 
edemigênica. 
− Urinocultura: pacientes com indicação de 
cateterismo vesical durante a operação e que 
façam parte de grupos de risco de bacteriúria 
assintomática, como idosos, diabéticos, história 
de infecção urinária de repetição, litíase 
urinária, bexiga neurogênica, malformação de 
vias urinárias, gravidez e AIDS. O EAS não tem 
indicação como exame pré-operatório. 
• Parasitológico de fezes – intervenções sobre o TGI 
• B-HCG – para todas as mulheres em idade 
reprodutiva 
• ECG – não é necessário para pacientes sem fatores 
de risco e que serão submetidos a procedimentos 
de baixo risco. Pacientes cardiopatas, 
coronariopatas ou com sintomas de angina, 
arritmia significativa, diabéticos, hipertensos, 
 
3 Habilidades Cirúrgicas – P6 | Rhaissa Sandes 
doença arterial periférica, doença cerebrovascular 
ou outra doença cardíaca considerável, devem 
realizar um ECG de 12 derivações. 
• Radiografia de tórax (PA e perfil): pacientes > 50 
anos que sejam submetidos a cirurgias torácicas ou 
do abdome superior (p.ex. aneurisma de aorta), 
cardio e pneumopatas, portadores de neoplasias e 
tabagistas de mais de 20 cigarros/dia. 
• Testes de função pulmonar – indicados para 
pessoas com dispneia inconclusiva mesmo após o 
exame clínico. 
Avaliação Anestésica para intubação 
• Via aérea – MALLAMPATI 
 
Índice Revisado de Lee – estimativa de 
morbidade cardíaca perioperatória 
Variáveis avaliadas: 
✓ Doença arterialcoronariana 
✓ Insuficiência cardíaca congestiva (ICC) 
✓ Doença cerebrovascular 
✓ Diabetes com insulinoterapia 
✓ Creatinina pré-operatória > 2,0 mg/dl 
✓ Cirurgia de alto risco intrínseco 
CLASSE Nº DE VARIÁVEIS RISCO 
Classe I 0 0,4% 
Classe II 1 0,9% 
Classe III 2 7% 
Classe IV >3 11% 
Risco Cardíaco de Goldman 
Idade > 70 5 pts 
IAM < 6 meses 10 pts 
B3 ou turgência de 
jugular patológica 
11 pts 
Estenose aórtica 3 pts 
Ritmo não sinusal 
Extrassístole 
7 pts 
ventricular > 5/min 7 pts 
PaO2 < 60mmHg ou 
PaCO2 > 50mmHg ou 
K+ < 3 mEq/L ou 
HCO3 < 20 mEq/L ou 
aumento de AST/TGO 
ou hepatopatia 
crônica 
3 pts 
Intraperitoneal, 
intratorácica ou 
vascular 
3 pts 
De emergência 4 pts 
 
 
Risco Pulmonar 
✓ Todo paciente submetido a cirurgia não cardíaca 
deve ser avaliado para possibilidades de 
complicações pulmonares 
✓ ICC 
✓ Doença cerebrovascular 
✓ Diabetes com insulinoterapia 
✓ Creatinina sérica > 2,0 mg/dL 
Esses pacientes devem ser avaliados de forma adequada. 
Ausculta, radiografia de tórax, até prova de função 
pulmonar, TC, de acordo com a necessidade. 
Dieta 
A restrição da dieta é decorrente do tipo de anestesia, da 
doença e do tipo de procedimento cirúrgico que será 
realizado. Em relação à técnica anestésica, qualquer 
procedimento cirúrgico, sob anestesia geral, deve respeitar 
 
4 Habilidades Cirúrgicas – P6 | Rhaissa Sandes 
jejum mínimo de oito horas, para evitar estímulo à produção 
de secreção gástrica e possibilidade de broncoaspiração, 
durante a indução anestésica ou a IOT. Anestesias subdural 
ou peridural, têm menor risco de cursar com esta 
complicação e o jejum não precisa ser tão rigoroso, mas 
pode haver necessidade da transformação destas em geral. 
Por isso, recomenda-se fazer restrição da dieta oral pelo 
mesmo período de 8 horas. 
Uso de Medicamentos 
 
Alguns medicamentos devem ser suspensos: 
• Anticoagulantes orais (p.ex. warfarina) – 
suspender cerca de 5 dias antes e substituir por 
heparina. Esta, por sua vez, deve ser suspensa 6 
horas antes do procedimento cirúrgico e reiniciada 
24-48 horas depois. Fazer INR no pré-operatório 
imediato. 
• Antiagregantes plaquetários: o ácido acetil 
salicílico (AAS) deve ser suspenso 10 dias antes da 
intervenção. 
• AINES: alteram a função plaquetária e devem ser 
suspensos 24-48 horas antes da operação. 
• Antidepressivos: em especial os IMAO devem ser 
retirados 3-5 dias antes da cirurgia. 
• Hipoglicemiantes orais: devem ser substituídos por 
insulina regular ou NPH na véspera do ato cirúrgico, 
para melhor controle da glicemia e evitar a 
hipoglicemia. Aqueles em uso de NPH devem 
receber apenas 1/3 – ½ da dose pela manhã da 
operação, seguida da infusão de soro glicosado a 
5% 
• Diuréticos inibidores da reabsorção de potássio 
Medicamentos que devem ser mantidos até o dia da 
operação: 
• Betabloqueadores 
• Anti-hipertensivos 
• Cardiotônicos 
• Broncodilatadores 
• Anticonvulsivantes 
• Corticoides 
• Insulina 
• Antialérgicos 
• Medicação psiquiátrica 
Fitoterápicos – SUSPENDER! Podem causar distúrbios 
hemorrágicos graves 
 
Classificação do Grau de Contaminação 
 
 
 
5 Habilidades Cirúrgicas – P6 | Rhaissa Sandes 
 
 
 
6 Habilidades Cirúrgicas – P6 | Rhaissa Sandes 
Resposta do caso clínico 
Os fatores de risco que devem ser notados são a idade do 
paciente relacionada às suas comorbidades: hipertensão 
(aparentemente controlada), o diabetes com insulinoterapia 
e o tabagismo. Paciente classificado como ASA II. Exames 
complementares que podem ser solicitados: radiografia de 
tórax, ECG, hemograma, glicemia, ureia e creatinina, 
eletrólitos Na+ e K+, testes de hemostasia (TP/TTPa). 
Medicamentos: suspender o uso da metformina no dia 
anterior ou na manhã da cirurgia e ajustar a dose da insulina 
NPH; suspender o uso do AAS cerca de 7 dias antes da 
cirurgia; a suspensão da losartana (um BRA) não é consenso, 
a conduta deve ser individualiza, mas estudos mostram que 
em casos de HAS leve o paciente pode se beneficiar da sua 
suspensão, evita uma hipotensão grave induzida pelos 
anestésicos. 
Referências: Atlas de Cirurgia (Zollinger); Tratado de Cirurgia 
(Sabiston e Townsend); 
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/27775997/ 
 
Aula 2 
✓ Ambiente cirúrgico 
✓ Assepsia, antissepsia 
✓ Antibioticoprofilaxia 
Ambiente cirúrgico 
 
O centro cirúrgico (CC) é a unidade hospitalar onde se 
realizam as intervenções cirúrgicas, bem como a 
recuperação pós-anestésica e pós-operatória imediata. É 
constituído de um conjunto de áreas e instalações que 
permite efetuar a cirurgia nas melhores condições de 
segurança para o paciente, e de conforto e segurança para a 
equipe que o assiste. 
No CC são consideradas três zonas distintas: 
• Zona de proteção 
É a área do centro cirúrgico que está em contato direto com 
o restante do hospital, dessa forma, estando mais propensa 
à contaminação. É nela que se dá toda a entrada e saída de 
pessoas e materiais do centro cirúrgico. É composta pelos 
vestiários. 
• Zona limpa 
É composta pelos setores de apoio e suporte situados no CC. 
- Secretaria/administração, sala de equipamentos, 
depósito de material, centro de gasoterapia, sala 
auxiliar, recuperação pós-anestésica, sala de 
conforto, serviços auxiliares, áreas de transferência. 
- Área de transferência: local de entrada e saída dos 
pacientes, onde ocorre a troca da maca da 
enfermaria pela do CC através de abertura especial 
na parede. 
 
• Zona estéril/asséptica 
É a parte do CC com menor grau de contaminação, nela só se 
pode transitar utilizando máscara. É composta por: 
- Corredor de acesso às salas de cirurgia e lavabos, 
lavabos, sala de operação e subesterilização 
(instrumentos da operação). 
 
O centro cirúrgico deverá se localizar próximo às unidades 
que recebam casos cirúrgicos, preferencialmente nos 
andares elevados, ao abrigo da poluição aérea e sonora, e 
fora da interferência do tráfego hospitalar. 
 
7 Habilidades Cirúrgicas – P6 | Rhaissa Sandes 
 
Assepsia e Antissepsia 
• Assepsia: medidas técnicas utilizadas para impedir 
a penetração de microrganismos num ambiente 
que não os tem. 
• Antissepsia: medidas propostas para inibir o 
crescimento de microrganismos ou removê-los do 
ambiente (aplicação de agentes antimicrobianos). 
Ex: álcool iodado, clorexidina. 
• Degermação: diminuição do número de 
microrganismos, após a escovação da pele com 
água e sabão. 
• Desinfecção: processo pelo qual se destroem 
particularmente os germes patogênicos e/ou se 
inativa sua toxina ou se inibe o seu 
desenvolvimento. Os esporos não são 
necessariamente destruídos. | Desinfetante: 
diminui a quantidade de microrganismos em 
superfícies. 
• Esterilização: destruição de todas as formas de vida 
microbiana mediante a aplicação de agentes físicos 
(calor seco, estufa, fervura, autoclave), radiação ou 
químicos. Pode ser manual ou por ultrassom. 
• Em caso de alergia ao iodo (pvp-i), fazer 
degermação com clorexidina 4% detergente e a 
antissepsia com clorexidina 0,5% alcoólica. 
 
 
Antibioticoprofilaxia 
Pacientes sujeitos a risco de infecção do sítio cirúrgico, 
particularmente da ferida operatória, ou aqueles com baixo 
risco, porém, com alta morbidez e mortalidade, em caso de 
infecção, se beneficiam do uso profilático de antibióticos, 
desde que administrados corretamente. A indicação precisa, 
portanto, é fundamental, já que estas drogas não são isentas 
de efeitos adversos, além de poderem gerar cepas 
resistentes. 
Os mais suscetíveis são aqueles com riscos cirúrgicos ASA II, 
IV e V, submetidos a operações potencialmente 
contaminadas ou contaminadas e de longa duração. Doentes 
Pacientes ASA I ou II, submetidos a intervenções limpas e de 
curta duração, têm pouca probabilidade de infecção do sítio 
cirúrgico e não necessitam de antibioticoprofilaxia, a não ser 
os imunodeprimidos e/oucom próteses, com grandes 
dissecções, e algumas operações vasculares e 
oftalmológicas, em que uma possível infecção pode implicar 
em amputações ou cegueira, respectivamente. Já 
procedimentos cirúrgicos infectados requerem terapêutica 
antibiótica e não profilaxia. 
É importante lembrar que a antibioticoprofilaxia cirúrgica 
visa APENAS as infecções do sítio cirúrgico e não previne 
comprometimentos respiratórios ou urinários, que têm 
outros fatores predisponentes. 
Quanto à escolha da droga para profilaxia, deve-se 
considerar a microbiota que coloniza habitualmente o órgão 
manipulado, dados epidemiológicos acerca dos agentes mais 
frequentes após cada tipo de operação e resultados de 
trabalhos prévios bem conduzidos, que atestam a eficácia 
das drogas utilizadas. Baseado nestes critérios, pode-se 
sugerir os seguintes esquemas: 
• Operações limpas (hérnias com prótese, mama, 
intervenção vascular e ortopédica com prótese, 
 
8 Habilidades Cirúrgicas – P6 | Rhaissa Sandes 
cardíaca, neurocirurgia sem prótese e torácica do 
mediastino) 
− Germe mais frequente: S. aureus 
− Droga: cefalosporinas de 1ª geração 
− Pacientes de alto risco em instituições com elevada 
prevalência de S. aureus resistentes (MRSA): 
vancomicina 
• Operações potencialmente contaminadas (árvore 
traqueobrônquica, estômago/duodeno com 
hipocloridria, jejuno sem obstrução, vias biliares, 
histerectomias, cesarianas) 
− Germes mais frequentes: enterobactérias 
− Drogas: cefalosporinas de 1ª geração 
• Operações potencialmente contaminadas 
(neurocirurgia através de mucosa, cabeça e 
pescoço, esôfago) 
− Germes mais frequentes: aeróbios Gram positivos e 
negativos + anaeróbios da cavidade oral 
− Droga: amoxicilina/clavulanato 
• Operações potencialmente contaminadas 
(próstata e vias urinárias com cultura pré-
operatória de urina negativa) 
− Germes mais frequentes: enterobactérias 
− Droga: ciprofloxacina 
• Operações contaminadas (jejuno com obstrução, 
íleo, cólon, reto, apendicite aguda sem perfuração) 
− Germes mais frequentes: Gram negativos aeróbios 
e anaeróbios 
− Drogas: gentamicina + clindamicina ou 
metronidazol; amoxicilina/clavulanato; 
ampicilina/sulbactam; cefoxitina. 
Definida a indicação de profilaxia e a droga de escolha, os 
próximos passos, também fundamentais, são determinar as 
doses dos antibióticos, o momento do início da profilaxia e 
sua duração. Bem definido na literatura, o início da 
antibioticoprofilaxia deve ser durante a indução anestésica 
e por via venosa. Iniciar o antimicrobiano com maior 
antecedência, ou depois do início da operação, reduz a 
eficácia da profilaxia. 
Quanto à sua duração, recomenda-se que a cobertura 
antibiótica seja feita somente durante o ato operatório, na 
grande maioria dos procedimentos, pois prolonga-la não 
aumenta sua eficácia, mas sim os efeitos adversos, como o 
desenvolvimento de resistência e os custos. 
Com relação às doses, sabe-se hoje, que o efeito profilático 
máximo é obtido quando as concentrações plasmáticas e 
teciduais da droga se situam, em níveis elevados durante 
todo o transcorrer da operação. Recomenda-se, assim, uma 
dose inicial elevada em função do peso do paciente, na 
indução anestésica, seguida por doses intraoperatórias 
convencionais a períodos mais curtos (equivalentes a 2x a 
meia-vida da droga). P.ex.: 
→ cefalotina (meia-vida de 1h) seria de 2g na indução 
anestésica seguida de 1g, a cada 2h, enquanto durar o 
procedimento cirúrgico. 
→ cefazolina (meia-vida de 2h), as doses subsequentes 
seriam administradas a cada 4 horas, o que permitiria a 
profilaxia com dose única na grande maioria dos 
procedimentos. 
 
 
 
9 Habilidades Cirúrgicas – P6 | Rhaissa Sandes 
 
Aula 3 - Per-operatório 
✓ Equipe cirúrgica 
✓ Instrumental cirúrgico 
✓ Montagem de mesa cirúrgica 
✓ Sinalização cirúrgica 
✓ Preparo do campo operatório 
✓ Colocação de campos cirúrgicos 
Equipe cirúrgica 
A equipe cirúrgica é constituída por profissionais que 
prestam assistência sistematizada e global ao paciente. O 
tamanho da equipe varia de acordo com o tipo de 
intervenção a ser realizada e é composta, basicamente pelo 
médico cirurgião, médico anestesista, primeiro e segundo 
auxiliares e instrumentador. O circulante (técnico de 
enfermagem) estará na sala de cirurgia ajudando a equipe 
com os materiais necessários e qualquer tipo de suporte, 
porém não participa do ato operatório. 
• Médico anestesista – é responsável pela escolha do 
melhor tipo de anestesia (juntamente com o 
médico cirurgião), autorização do início da cirurgia, 
monitorização dos sinais vitais do paciente e 
suspensão ou interrupção da cirurgia em caso de 
risco de morte do paciente. 
• Médico cirurgião – A ele cabe a integral 
responsabilidade do ato operatório, sendo 
responsável pelo planejamento, execução e 
comando, mantendo a ordem no campo 
operatório. Suas atribuições se iniciam no pré-
operatório, com a indicação, conveniência e 
preparo cirúrgico, e continuarão após o ato 
operatório, com o acompanhamento do paciente. 
• Médicos auxiliares – eles auxiliam no 
procedimento cirúrgico, exercendo atividades 
delegadas pelo cirurgião. 
− Primeiro auxiliar: é responsável pelo pré-
operatório, posicionamento do paciente, 
antissepsia da pele do paciente e 
colocação dos campos cirúrgicos. Durante 
o ato operatório, se posiciona à frente do 
cirurgião e o auxilia nas manobras. 
− Segundo auxiliar: é um componente 
eventual e tem um papel mais passivo, 
colabora nas manobras de afastamento, 
permitindo ao 1º auxiliar maior liberdade 
de ação, e substitui o 1º auxiliar ou o 
instrumentador quando necessário. 
• Instrumentador – é a pessoa encarregada da 
entrega e do recebimento dos instrumentos 
utilizados durante a operação; solicita 
antecipadamente o material necessário para a 
cirurgia. Deve manter a ordem e limpeza do campo 
cirúrgico, substituindo compressas, colocando 
gazes e retirando fios e instrumentos deixados 
sobre o paciente. 
 
 
Montagem da mesa cirúrgica 
 
10 Habilidades Cirúrgicas – P6 | Rhaissa Sandes 
A mesa de instrumentos cirúrgicos deve ser organizada em 
local estéril, através da colocação de campos cirúrgicos. A 
montagem da mesa é em formato de U, sendo que o U é 
sempre voltado para o paciente. Os instrumentos, de forma 
geral, ficam dispostos de acordo com o tipo de cirurgia e os 
tempos cirúrgicos: (1) diérese, (2) preensão, (3) hemostasia, 
(4) exposição, (5) especiais, (6) síntese. 
O primeiro tempo cirúrgico (diérese) fica sempre próximo à 
mesa cirúrgica e perto do instrumentador. Se a mesa 
instrumental ficar á esquerda da mesa cirúrgica: iniciar 
arrumação do instrumental da direita para a esquerda; e se 
a mesa instrumental ficar à direita da mesa cirúrgica: iniciar 
arrumação da esquerda para a direita. 
A disposição dos materiais na mesa obedece a seguinte 
ordem: tipo, curvatura e tamanho. Ex: Metzembaum (curva 
– reta – tamanho [menor – maior]), depois Mayo. Lembrar 
que a curvatura é para baixo e a parte funcional voltada para 
o instrumentador. 
 
 
Instrumental cirúrgico 
 
 
Sinalização cirúrgica 
 
Preparação do campo cirúrgico 
• Fazer a degermação do campo operatório com Pvpi 
1% detergente e retirá-lo; 
• Em seguida, com compressas úmidas de soro 
fisiológico 0,9% (ou água esterilizada); 
• A seguir, fazer a antissepsia do campo com Pvpi 1% 
alcoólico para pele íntegra 
• Para mucosas e pele não íntegra utilizar Pvpi 1% 
aquoso. 
Aula 4 
✓ Anestesia local, loco-regional e bloqueio de campo 
✓ Operações fundamentais (diérese, hemostasia e 
síntese) 
✓ Fios cirúrgicos e nós 
Anestesia 
→ Qual o objetivo da anestesia loco-regional? 
Entrar em contato com as fibras nervosas e interromper 
transitoriamente o desenvolvimento e progressão do 
impulso – autonômico, sensitivo e motor. 
OBS: anestésicos locais não interferem no potencial de 
repouso.Porém, anulam a propagação do potencial de ação, 
impedindo a entrada de Na através da membrana. A ordem 
do bloqueio se processa da fibra de menor para de maior 
espessura. 
A maioria dos anestésicos locais são vasodilatadores, o que 
facilita sua absorção, reduzindo o tempo de analgesia e 
aumentando a possibilidade de intoxicação. 
Vias empregadas para administração anestésica: 
• Contato ou superfície – mucosas 
• Local, troncular, plexular – tecidos profundos 
• Raquianestesia – espaço subaracnóideo 
• Peridural – espaço peridural 
 
11 Habilidades Cirúrgicas – P6 | Rhaissa Sandes 
• Regional IV – veias 
Algumas reações possíveis: sonolência, sensação de frio, 
opressão torácica, distúrbios auditivos, cefaleia ou pressão 
frontal, insensibilidade de lábios e língua, disartria. Na 
prática: calor e formigamento. Se durante o bloqueio o 
paciente referir algum desses sintomas ou modificar o 
comportamento com exagerada apreensão e angústia, 
suspende-se a infiltração. 
→ Qual a importância dos vasoconstritores? 
Predominantemente a adrenalina, contidos nas soluções de 
anestésicos locais, destinam-se a retardar a absorção e, 
consequentemente, prolongar a anestesia, além de reduzir a 
possibilidade de intoxicação. 
Reação aos vasoconstritores: aumento da PA, taquicardia, 
palidez e sudorese. 
 
 
→ Bloqueio de plexo braquial 
• Vias de acesso: interescalênica, supraclavicular e 
axilar ou a combinação das duas primeiras. 
• Via supraclavicular: 
− O plexo é bloqueado em cima da primeira 
costela, pois atinge suas 3 subdivisões 
− Os principais pontos de reparo: 1ª costela, 
clavícula, A. subclávia, V. jugular e M. escaleno 
anterior. 
− Os riscos: injetar na A. subclávia ou na V, 
perfuração da pleura. 
• Técnica: 
Paciente em DD, cabeça voltada ao lado oposto ao membro 
a ser anestesiado que deve permanecer em ligeira abdução. 
Assepsia e marca 1 cm acima do meio da clavícula, entre o 
m. escaleno anterior e o médio. A agulha introduzida é de 
bisel curto orientada em direção caudal e medial em busca 
da 1ª costela. 
Ao ser tocado, o paciente acusará “choque”/parestesia que 
irradia para o cotovelo, antebraço e dedos – é a hora de 
parar a introdução da agulha e introduz-se todo o anestésico 
se sentir parestesia em todos os dedos. Se a parestesia não 
atingir a mão, injeta-se 1/3 da solução. E deve haver 
reintrodução a fim de procurar os dedos em várias direções. 
A sensação de choque indica a correta injeção, evita erros e 
reduz o índice de falhas. Se não for possível o contato direto 
com o plexo, injeta-se pouco acima da 1ª costela. 
Dosagem adultos: 25-30mL de volume e varia a 
concentração de acordo com a natureza do anestésico. 
Complicações: injeção intravascular e pneumotórax. 
Cuidados: aspirar o embolo a fim de garantir que não está 
em um vaso. Em idosos, pela dificuldade de avaliar a 
profundidade da costela > chance de pneumotórax, o uso de 
uma agulha fina ao lado das seringas, 2,5 cm do máximo de 
profundidade, reduz o risco de pneumotórax. 
Operações fundamentais 
➢ Diérese (1º tempo cirúrgico) 
Manobra de corte/divisão/separação dos planos ou tecidos, 
destinada a criar uma via de acesso através deles. Possibilita 
a abordagem de um órgão ou região. 
Tipos: incisão, secção, divulsão, punção, dilatação, serração 
Instrumentos 
• Incisão – corte que secciona tecidos moles: bisturi 
(diversos tipos), serra, tesoura, cisalha, faca. 
• Secção – separação dos tecidos pela incisão: 
tesoura, serra, lâmina afiada, bisturi elétrico, laser, 
ultrassom 
• Divulsão – separação/afastamento dos tecidos 
sem cortá-los: tesoura, pinça, afastador, 
tentacânula 
• Punção – introdução de instrumentos perfurante 
que dão acesso a cavidades: trocartes, agulhas 
 
12 Habilidades Cirúrgicas – P6 | Rhaissa Sandes 
• Dilatação – aumentar o diâmetro de estruturas 
como canais e orifícios naturais (p.ex. útero) : vela 
de Hegar, dilatador de Berniqué 
• Serração: serras (cirurgia óssea) 
• Auxiliares: pinças de dissecção, de tração ou de 
preensão; afastadores (dinâmicos e estáticos) 
 
 
 
Vias de acesso – requisitos 
1. Tamanho adequado, permitindo acesso fácil aos 
órgãos abordados e boa visibilidade do campo 
operatório 
2. Bordas nítidas e regulares, favorecendo a 
cicatrização estética e firme 
3. Atravessar os tecidos respeitando a anatomia 
regional, incisando um plano de cada vez 
4. Não comprometer vasos e nervos importantes da 
região operada 
5. Acompanhar as linhas de força da pele da região da 
intervenção 
6. Seccionar as aponeuroses na direção de suas fibras 
objetivando boa cicatrização 
 
➢ Hemostasia (2º tempo cirúrgico) 
Manobras realizadas a fim de impedir ou evitar a perda 
excessiva de sangue. Favorece a evolução normal da ferida 
operatória, evita infecção e a deiscência dos pontos ou d 
cicatriz cirúrgica. Pode ser: temporária ou definitiva; 
preventiva ou corretiva. 
Métodos temporários: pinçamento, garroteamento, 
compressão, ação farmacológica, parada circulatória com 
hipotermia, oclusão endovascular. 
Métodos definitivos: ligadura, cauterização, sutura, 
grampeamento, obturação, tamponamento. 
Instrumentos: pinças hemostáticas atraumáticas (DeBakey, 
Cooley, Bulldog, Satinsky), traumáticas (Halsted, Rochester, 
Crile, Kelly) 
 
 
➢ Exérese (3º tempo cirúrgico) 
É realizado o procedimento cirúrgico em si, isto é, a remoção 
de uma parte ou totalidade de um órgão ou tecido, visando 
o diagnóstico, o controle ou a resolução da intercorrência, 
reconstituindo a área, procurando deixa-la da forma mais 
fisiológica possível. 
➢ Síntese (4º tempo cirúrgico) 
É a aproximação das bordas dos tecidos seccionados ou 
ressecados, facilitando as fases iniciais do processo de 
cicatrização, a fim de que a continuidade tecidual possa ser 
restabelecida. 
Instrumentos: agulhas de sutura, grampeadores, fios de 
sutura, porta agulhas, pinças. 
 
13 Habilidades Cirúrgicas – P6 | Rhaissa Sandes 
Condições para uma boa síntese: assepsia, bordas regulares, 
hemostasia adequada, material apropriado, manuseio 
adequado, confrontamento anatômico, técnica. 
 
 
 
Fios de sutura e nós 
Fio ideal: 
• Maior força tênsil 
• Mole, flexível e pouco elástico 
• Baixa reatividade tecidual 
• Estabilidade a longo prazo 
• Absorção lenta 
• Baixo custo 
• Fácil esterilização 
Configuração física: 
• Monofilamentares – menos traumáticos, menor 
risco de infecção, mais menos maleáveis. Ex: nylon, 
PDS (polidioxanona), prolene 
• Multifilamentares – filamentos torcidos e 
trançados, melhor manuseio e flexibilidade, mais 
traumático, mais propício a infecções. Ex: catgut 
simples e cromado, algodão, vycril. 
Fios: 
• Catgut – biológico, multifilamentar, absorvível 
(simples: 7-10 dias; cromado: 15-20 dias) 
• Vycril (poliglactina 910) – sintético, multifilamentar, 
absorvível de 60 a 90 dias. Ideal para sutura de 
aponeurose. 
• Algodão – biológico, multifilamentar, não 
absorvível 
• Nylon (poliamida) – sintético, monofilamentar, não 
absorvível, baixo custo, alta memória 
 
Aula 5 
Cicatrização de Feridas 
Lesão e resposta tecidual 
➢ Lesão 
- Restaurar função normal 
- Integridade estrutural 
➢ Reparo da ferida 
- Integridade mecânica 
- Barreiras – perda de líquidos e infecção 
- Padrões normais de fluxo sanguíneo e linfático 
Fases da cicatrização de feridas 
➢ Inflamatória 
➢ Proliferativa 
➢ Maturação 
 
 
 
 
14 Habilidades Cirúrgicas – P6 | Rhaissa Sandes 
Fase Inflamatória 
➢ Objetivo – limitar o dano: 
- Interrupção do sangramento 
- Selamento da superfície da ferida 
- Remoção do tecido necrótico, dos resíduos 
estranhos e das bactérias 
 
Uma vez que as plaquetas aderiram às células endoteliais 
lesionadas, elas vão sofrer alterações conformacionais e se 
tornarem ativadas, liberando os produtos de seus grânulos. 
Elementos que vão atuar estimulando a quimiotaxia 
(recrutamento de célulaspara o local de lesão) e a ativação 
da cascata de coagulação. 
 
➢ Quimiocinas 
- Estimular a migração de células 
- Queratinócitos → proteínas quimiotáticas de 
macrófagos → recrutamento de 
monócitos/macrófagos, linfócitos T e mastócitos 
o Expressão contínua em feridas crônicas 
- CXCL1 → quimiotático de PMN → aumentado em 
feridas agudas 
- IL-8 
- CXCL10 
- Fator derivado de células estromais 1 
 
➢ Polimorfonucleares 
- Permeabilidade capilar aumentada + fatores 
quimiotáticos → diapedese de neutrófilos para a 
área inflamada 
- Vasodilatação + aumento da permeabilidade 
vascular → calor, rubor, edema e dor 
- Integrinas (família de receptores de superfície 
celular) → essenciais para a motilidade celular, 
necessárias na inflamação e na cicatrização normal 
de feridas 
- Após a migração dos PMN para o local da ferida 
ocorre ativação dos mesmos: 
o Remover resíduos necróticos, material 
estranho e bactérias 
o Geração de radicais livres de oxigênio 
 
➢ Macrófagos 
- Célula fundamental para a cicatrização de feridas 
- Aparecem de 24 a 48h após a lesão, derivados da 
quimiotaxia dos monócitos migratórios 
- Resíduos bacterianos estimulam os monócitos para 
liberar radicais livres e citocinas que medeiam a 
angiogênese e a fibroplasia 
- Macrófagos da ferida liberam proteinases que 
degradam a MEC (matriz extracelular) e são cruciais 
para a remoção de material estranho, promovendo 
o movimento celular através dos espaços teciduais 
e regulando a renovação da MEC 
o Atividade dependente da via do AMPc – 
bloqueada por AINEs ou glicocorticoides 
 
 
➢ Citocinas pró-inflamatórias 
- TNF-alfa, IL-1, IL-2, IL-6, IL-8, - IFN-gama 
➢ Citocinas anti-inflamatórias 
- IL-4, IL-10 
 
 
15 Habilidades Cirúrgicas – P6 | Rhaissa Sandes 
➢ Linfócitos 
- Infrarregulação da cicatrização à medida que a 
ferida se fecha (linfócitos B) 
- Estimulação de fibroblastos com citocinas 
- Secreção de citocinas inibidoras 
Fase Proliferativa 
Etapas: 
- Angiogênese 
- Fibloplasia 
- Epitelização 
- Caracterizada pela formação de tecido de 
granulação 
- Início ao redor do 4º dia após a lesão 
- Ferida mais limpa 
 
➢ Angiogênese 
- Inicia pela ativação das células endoteliais 
microvasculares 
- Degradação local da membrana basal endotelial → 
migração celular para o coágulo da ferida → 
proliferação → formação de estrutura tubular 
(neovascularização) → reconstrução e estabilização 
da membrana basal 
- Fibronectina, heparina e fatores plaquetários 
estimulam a migração de células endoteliais para a 
ferida e sua proliferação 
- Papel importante da matriz extracelular no 
crescimento e manutenção dos vasos sanguíneos 
- Resulta de interação complexa entre componentes 
da MEC e citocinas 
 
➢ Fibroplasia (formação da nova MEC) 
- Fibroblastos quiescentes são atraídos por fatores 
quimiotáticos para o local inflamatório – se dividem 
e produzem componentes da MEC 
- Sintetizam colágeno 
- OBS.: fase de atraso da ferida – tempo necessário 
para células mesenquimais indiferenciadas se 
diferenciarem em fibroblastos altamente 
especializados (3-5 dias) 
- A taxa de síntese do colágeno declina após 4 
semanas, quando a ferida entra na fase de 
maturação do colágeno 
 
➢ Epitelização (reepitelização) 
- Começa horas após a lesão 
- Restauração da epiderme (que foi lesionada) 
- Queratinócitos: migração → proliferação → 
diferenciação → estratificação 
- Diferenciação do neoepitélio em epiderme 
estratificada 
- Restauração de uma zona intacta da membrana 
basal, dando sustentação e fixação às células 
epiteliais 
- Repopulação das células especializadas 
- Após a ferida estar completamente reepitelizada, as 
células tornam-se colunares e estratificadas de 
novo, fixando-se firmemente à membrana basal 
restabelecida e à derme subjacente. 
 
➢ Matriz extracelular (MEC) 
- Serve como um arcabouço para estabilizar a 
estrutura física dos tecidos 
- Constituída por fibras e substância basal amorfa 
- Matriz provisória: fibrina, fibrinogênio, fibronectina 
e vitronectina 
- Em seguida, são sintetizados glicosaminoglicanos e 
proteoglicanos – suporte para a deposição e 
remodelamento subsequentes 
- Colágenos (proteínas predominantes) são o 
resultado final 
 Colágeno: 
- Constitui 25% da massa total de proteínas em 
mamíferos 
 
16 Habilidades Cirúrgicas – P6 | Rhaissa Sandes 
- Existem pelo menos 20 tipos diferentes 
- Tipo I: o mais comum, é o principal colágeno da pele 
e do osso 
- No início da cicatrização da ferida há expressão 
aumentada de colágeno tipo III, e à medida que o 
processo de cicatrização vai se desenvolvendo, ele 
é substituído pelo colágeno tipo I 
- Sintetizados em ribossomos ligados à membrana 
celular 
 Fibras elásticas: 
- Compostas predominantemente por elastina 
 Glicosaminoglicanos (GAGs) e proteoglicanos: 
- Hialuronano (GAG mais simples) – produzido em 
grandes quantidades durante a cicatrização da 
ferida → facilita a migração celular 
 Lâmina basal: 
- Filtro molecular para impedir a passagem de 
macromoléculas 
- Barreira seletiva a determinadas células 
- Arcabouço para as células de regeneração 
migrarem 
- Elemento importante na regeneração dos tecidos 
- A maioria contém colágeno tipo IV 
Nesse processo de proliferação, temos degradação da 
matriz extracelular antiga e formação da nova 
 
Fase de Maturação 
• Contração x contratura 
− Contração: processo normal que vai ocorrer 
promovendo a aproximação das bordas da lesão. À 
medida que acontece esse processo de contração, 
vai haver a reorganização das fibras de colágeno e 
dos fibroblastos nesse tecido, fazendo com que essa 
ferida ganhe resistência 
− Contratura: é quando tem uma rigidez nessa 
cicatriz, limitando a movimentação. P.ex. cicatrizes 
em áreas de dobra. 
• Fibroblastos → miofibroblastos 
− Actina em feixes de estresse 
o A actina aparece em 6 dias após a lesão e 
desaparece em 4 semanas 
− Capacidade contrátil (complexos actina-miosina 
citoplasmáticos) 
 
➢ Remodelação: 
- Diminui a população de fibroblastos e a rede capilar 
regride 
- Resistência da ferida aumenta em 1 a 6 semanas 
- Resistência à tração de 30% em relação à pele 
normal → 80% após 3 meses 
- Deposição de colágeno de maneira organizada 
- Substituição do colágeno tipo III inicial pelo tipo I 
- Colagenases promovem lise da matriz antiga → 
reorganização da nova matriz 
 
Cicatrização em relação à profundidade da lesão 
 
Cicatrização anormal de feridas 
Fatores que interferem na cicatrização normal 
• Infecção 
• Isquemia 
 
17 Habilidades Cirúrgicas – P6 | Rhaissa Sandes 
− Circulação 
− Respiração 
− Tensão local 
• Diabetes melito 
• Radiação ionizante (compromete a divisão celular) 
• Idade avançada 
• Desnutrição (déficit calórico pode levar a uma 
degradação proteica) 
• Deficiências vitamínicas 
− Vitaminas C (cofator na síntese do 
colágeno) e A (importante no processo de 
proliferação celular) 
• Deficiências de minerais 
− Ferro e zinco 
• Fármacos exógenos 
− Doxorrubicina (adriamicina) 
− Glicocorticoides (atua suprimindo o 
processo inflamatório necessário para que 
ocorra a cicatrização) 
Cicatrizes hipertróficas e queloides 
• Cicatrizes proliferativas 
• Deposição excessiva de colágeno 
• Cicatrizes hipertróficas: colágeno tipo III 
organizado → resulta num aumento de área de 
cicatrização, mas respeitando as bordas/limites da 
lesão 
• Queloides: feixes de colágeno desorganizados tipo 
I e tipo III → não respeita os limites da cicatriz 
− Envolve predisposição genética e raça (pessoas de 
pele negra, asiáticos), além de algumas áreas do 
corpo, independentemente de cor da pele, que são 
mais propícias ao desenvolvimento tanto de 
queloide quanto de cicatrizes hipertróficas (rosto, 
face anterior do tronco, região deltoidea); 
cicatrização sobre uma área de tensão; entre outros 
fatores já citados anteriormente.− Também ocorre se não respeitadas as linhas de 
tensão da pele 
• Prevenção: alívio da tensão; hidratação/oclusão; 
uso de bandagem/roupas de pressão; respeitar as 
linhas de tensão 
• Tratamento: injeção de corticoides intralesional, 
pomadas à base de silicone, injeção de intérferon, , 
laserterapia e, às vezes, excisão da cicatriz + injeção 
de substâncias intralesional 
 
Feridas crônicas que não cicatrizam 
São feridas que não conseguiram produzir a integridade 
anatômica e funcional por um período de 3 meses. Muito 
comuns em pacientes acamados por tempo prolongado que 
fazem úlceras por pressão (escaras) ou pacientes que têm 
microangiopatia diabética, etc. 
Vários fatores podem contribuir: 
➢ Sistêmicos: desnutrição, envelhecimento, hipóxia 
tecidual e diabetes 
➢ Fatores localizados 
➢ Níveis elevados de IL-1, IL-6 e TNF-a (citocinas pró-
inflamatórias que mantêm o processo de 
inflamação) 
➢ Estímulos pró-inflamatórios 
− Colonização bacteriana 
− Tecido necrótico 
− Corpos estranhos 
− Hipóxia tecidual localizada 
− Perturbação do equilíbrio oxidante! 
➢ Desequilíbrio entre síntese, deposição e 
degradação global da matriz extracelular 
➢ Citocinas pró-inflamatórias – potentes indutores de 
metaloproteinases (alteram a MEC) 
➢ Níveis reduzidos de fatores de crescimento 
➢ Suscetíveis a transformação neoplásica – p.ex. 
úlcera de Marjolin (carcinoma de células 
escamosas) 
➢ Infecção: 
− Causa mais comum de atraso na cicatrização 
− Prolonga a fase inflamatória 
− Interfere na epitelização, na contração da ferida e 
na deposição de colágeno 
Curativos 
Curativo ou cobertura é definido como um meio terapêutico 
que consiste na limpeza e aplicação de material sobre uma 
ferida para sua proteção, absorção e drenagem, com o 
intuito de melhorar as condições do leito da ferida e auxiliar 
em sua resolução. 
 
18 Habilidades Cirúrgicas – P6 | Rhaissa Sandes 
 
 
 
 
➢ Hidrocoloide 
Indicado em feridas que estejam 
limpas e que não possuem infecções; 
que tenham pouca ou nenhuma 
exsudação; feridas leves ou moderadas, que tenham pouca 
espessura e feridas epitelizadas ou que o processo de 
cicatrização já tenha sido terminado. → úlceras de perna ou 
pressão, queimaduras superficiais, feridas pós-operatórias e 
abrasões na pele. Esses curativos são protegidos por uma 
camada de poliuretano, sendo assim, a prova d’água. 
Não usar em queimaduras de 3º grau, feridas com tecido 
desvitalizado ou com necrose e criticamente colonizadas ou 
infectadas. 
Infecções de pele e tecido subcutâneo 
Erisipela 
É uma condição inflamatória que atinge a derme e o panículo 
adiposo (tecido celular subcutâneo), com grande 
envolvimento dos vasos linfáticos. Representa uma forma 
superficial da celulite, pois atinge predominantemente a 
derme e a parte superior da gordura subcutânea. 
• Infecção de pele e tecido subcutâneo superior com 
envolvimento dos vasos linfáticos 
• Estreptococo beta-hemolítico do grupo A (principal) 
– S. pyogenes 
• “Portas de entrada” → úlcera venosa crônica, pé de 
atleta, picada de insetos, ferimentos cutâneos 
traumáticos e manipulação inadequada de unhas 
− Por meio desta porta de entrada, bactérias 
penetram na pele, atingindo as camadas cutâneas 
inferiores e se espalhando facilmente com muita 
velocidade. 
• Fatores predisponentes: estase venosa, diabetes, 
paraparesia e obstrução linfática 
• Manifestações clínicas mais agudas 
− Acomete predominantemente os MMII de 
pacientes da terceira idade, cujas circulações 
venosa e linfática estão debilitadas (diabéticos) 
− Porém, pode atingir qualquer idade e outras regiões 
− Mal-estar geral, fadiga, febre e calafrios (iniciais, 
antes mesmo do surgimento de sinais na pele) 
− Dor, inchaço e aumento da temperatura 
− Adenomegalia inflamatória é comum 
− Em casos mais graves: formação de bolhas, 
escurecimento do segmento acometido e até 
septicemia 
• Tratamento: penicilina procaína ou cristalina. Por 
vezes, faz-se necessário abordagem cirúrgica, 
removendo e drenando grandes áreas necróticas e 
com pus. 
 
 
19 Habilidades Cirúrgicas – P6 | Rhaissa Sandes 
 
(Imagem do slide da professora em erisipela. Quando fui procurar, ela aparece tanto 
pra celulite como pra erisipela, então não sei. Pra mim ta mais com cara de celulite.) 
Celulite infecciosa 
• Streptococcus beta-hemolíticos (mais comum os do 
grupo A – S. pyogenes) e Staphylococcus aureus 
(lesão purulenta) 
• Surge em decorrência de ruptura da integridade da 
pele – também relacionada a “porta de entrada” 
• Mais comum nos MMII, mas pode surgir em 
qualquer lugar 
• Eritema local e sensibilidade 
• Pele quente, vermelha e edematosa 
• Principais complicações: abscesso e septicemia 
• Superfície da pele, às vezes, tem aspecto de casca 
de laranja 
• As bordas, em geral, são indistintas 
• Tratamento: 
− Dicloxacilina ou cefalexina → área de 
acometimento pequena 
− Clindamicina → leve a moderada 
− Levofloxacina ou moxifloxacina 
− Oxaciclina, linezolida → casos mais 
extensos 
 
 
Abscesso 
São coleções de material purulento que, embora 
normalmente decorram de infecções bacterianas, podem, 
em alguns casos, não representar infecções, mas serem 
manifestação de outras doenças cutâneas como paniculite, 
ou doenças abscedantes, como hidradenite e foliculite 
dissecante. 
• Infecções localizadas 
• Staphylococcus aureus 
• Costumam ser dolorosos e quentes. A dor é 
geralmente do tipo pulsátil/latejante. Inicialmente 
são endurecidos, e se tornam flutuantes. 
• Tratamento: 
− Drenagem 
− Penicilinas 
− Cefalosporinas 
− Clindamicina ou eritromicina 
 
 
 
20 Habilidades Cirúrgicas – P6 | Rhaissa Sandes 
Impetigo 
É uma infecção bacteriana superficial da pele muito comum, 
altamente contagiosa, vista mais frequentemente na face ou 
extremidades da pele de crianças. Acontece após um 
pequeno trauma da pele ou mesmo após picada de insetos. 
Pode ocorrer sobre outras doenças prévias da pele, como 
dermatite atópica, que sofrem a contaminação secundária 
pela bactéria. 
• Staphylococcus aureus (mais frequente) 
• Estreptococo do grupo A 
• Lesão vésico-pustular intradérmica superficial 
• A pele fica danificada e se formam crostas, 
chamadas milicérias, por ter coloração parecida 
com a do mel 
• Por vezes, pode formar bolhas que se rompem, 
então, se torna o impetigo bolhoso. 
• Não há sintomas locais, mas a lesão vai se 
disseminando para áreas contíguas 
• Tratamento (oral ou tópico): 
− Cefalosporinas de 1ªG (cefalexina e cefadroxil) 
− Macrolídeos (azitromicina, claritromicina e 
eritromicina), em pacientes alérgicos à penicilina e 
às cefalosporinas 
 
 
Foliculite 
Infecção que ocorre dentro dos folículos pilosos. 
Geralmente, é motivada por uma infecção bacteriana ou 
fúngica, mas também pode ser causada por vírus, e até, 
mesmo por uma inflamação de pelos encravos. 
• S. aureus 
• Pequenas espinhas, em torno de um ou mais 
folículos pilosos, com ou sem pus 
• A maioria é superficial, mas pode coçar e doer; 
• Quando a inflamação atinge áreas mais profundas 
da pele, pode haver a formação de furúnculos 
 
Furúnculo e carbúnculo 
Furúnculo é um nódulo inflamatório profundo que 
normalmente se desenvolve a partir de uma foliculite – pode 
ser entendido como uma foliculite profunda – que também 
acomete a glândula sebácea anexa. 
• Na pele, surge um “botão” endurecido, 
avermelhado, quente e doloroso que acaba por se 
transformar em um abscesso de pus. Com o tempo, 
amolece e drena o “carnegão” – uma massa de pus 
misturada com restos de pele 
Carbúnculo é um processo mais extenso que envolve o 
tecido subcutâneo. É um aglomerado de furúnculos que, 
muitas vezes, ocorre na parte de trás do pescoço, ombros, 
costas e coxas. São infecções mais profundas e graves do que 
um único furúnculo. Quase sempre deixam cicatrizes. 
• Ambos são causados principalmente pelo 
Staphylococcusaureus 
• Tratamento: 
− Uso de antibióticos que atuam contra S. aureus. A 
cefalexina é muito usada (cefalosporinas). 
− Alérgicos a penicilina: clindamicina, vancomicina, 
teicoplanina 
− Regime hospitalar → oxacilina 
− Compressas quentes ajudam a acelerar a drenagem 
e cura 
− Em alguns casos, é preciso fazer drenagem 
 
21 Habilidades Cirúrgicas – P6 | Rhaissa Sandes 
 
Furúnculo 
 
Carbúnculo 
 
Carbúnculo 
Panarício ou Paroníquia 
Infecção que ocorre em área de 
dobra de pele que circunda o leito 
ungueal. Costuma fazer uma 
coleção que vai evoluindo, 
seguindo a região do leito ungueal. 
Tem início devido à “perda” da 
cutícula, que pode ser causada pelo 
hábito de remoção por alicate ou 
por pequenos traumas, ou por 
agentes químicos. 
• Tratamento: antibiótico, antifúngico ou corticoide 
tópico, dependendo da causa. Em algumas 
situações, pode ser necessária uma drenagem para 
aliviar a dor. 
 
Hidradenite supurativa 
É uma doença de pele crônica inflamatória que surge da 
inflamação dos folículos pilosos, mais frequente em 
mulheres, e após a puberdade, que acomete 
preferencialmente algumas áreas da pele como as axilas, a 
região das mamas, a virilha, a região genital e glútea. 
• Reação inflamatória 
• Lesões inflamadas, dolorosas, como nódulos ou 
caroços, que podem evoluir com abertura e 
drenagem de pus – tendem a persistir e recidivar, 
de modo que uma mesma lesão pode inflamar e 
desinflamar várias vezes no mesmo local 
• As lesões podem ser muito dolorosas e a constante 
eliminação de pus pode causar mau odor e manchar 
as roupas; 
• As cicatrizes podem dificultar a movimentação dos 
braços e coxas 
• Tratamento: antibiótico em cremes ou via oral. 
Lesões crônicas, frequentemente, precisam ser 
tratadas cirurgicamente e, em casos mais graves, 
podem ser utilizados medicamentos 
imunossupressores. 
 
Linfadenite aguda 
É a infecção de um ou mais linfonodos que, geralmente, 
incham e ficam mais sensíveis. Quadro resultante de diversas 
infecções: virais, bacterianas, fúngicas e por protozoários. 
Pode afetar um único nódulo (linfadenopatia 
localizada/focal), um grupo (linfadenopatia regional) ou ser 
generalizada. O início pode ser agudo, subagudo ou crônico. 
 
22 Habilidades Cirúrgicas – P6 | Rhaissa Sandes 
O principal sintoma da linfadenite é o aumento dos gânglios 
linfáticos. Estes tornam-se mais avermelhados e dolorosos, 
e podem se tornar cheios de pus (abscesso) e drenar para a 
pele. 
Muitas vezes, a linfadenite é a primeira indicação de um foco 
infeccioso ainda não conhecido ou detectado. Além de 
sugerir a localização da infecção. 
O tratamento dependerá do tipo de infecção. Pode incluir 
antibióticos, medicações para controlar a dor e a febre e 
para reduzir o inchaço. Pode ser necessária drenagem. 
 
 
Aula 6 
Cuidados Pós-operatórios 
Controle da dor no pós-operatório 
O controle da dor no pós-operatório envolve basicamente: 
uso de analgésicos anti-inflamatórios não hormonais e 
opioides, por diversas vias; intervenções cognitivo-
comportamentais, como técnicas educativas, de 
relaxamento, distração e imaginação dirigida; uso de 
agentes físicos como massagens, aplicação de calor ou frio e 
eletroanalgesia através da Estimulação Elétrica 
Transcutânea (TENS). 
O fenômeno doloroso compreende mecanismos neurais 
periféricos e centrais. Há, devido ao trauma cirúrgico, a 
produção de substâncias inflamatórias algiogênicas. Disto 
resulta a recomendação de se utilizar analgésicos que 
contribuam para o controle da inflamação (AINH) e aqueles 
que inibem a condução da informação dolorosa ao sistema 
nervoso central (opiáceos) associados à técnicas cognitivo-
comportamentais que podem modificar a interpretação da 
dor (educação, técnicas de distração, música, imaginação 
dirigida, entre outros). A prescrição de analgésicos em 
horário fixo evita grandes flutuações no nível plasmático do 
fármaco e previne picos de dor. Além disso, a prescrição 
deve prever a possibilidade de doses suplementares do 
analgésico (SN), para o resgate da analgesia. Sem a 
possibilidade de doses suplementares (SN) o doente e a 
equipe de enfermagem ficam limitados para o adequado 
manejo da dor. Considerando-se estes conceitos, a 
prescrição em esquema misto (horário fixo + SN) atende de 
modo mais adequado às necessidades dos doentes. 
O controle da dor no pós-operatório pode envolver o uso de 
tecnologia sofisticada como cateteres peridurais e sistemas 
para a analgesia controlada pelo paciente. A analgesia por 
cateter peridural compreende a infusão de morfínicos no 
sistema nervoso central. Uma das extremidades do cateter 
fica localizada junto à dura-máter e a outra exteriorizada. 
Pela ponta exteriorizada administra-se o analgésico, que 
atravessa a dura-máter e liga-se a receptores opioides 
existentes no cordão medular, produzindo analgesia sem 
bloqueio motor. Com pequenas doses de morfínicos, o que 
minimiza a ocorrência de efeitos colaterais, pode-se obter 
analgesia adequada e prolongada. É possível a ocorrência de 
complicações como infecção, sedação, migração do cateter 
para o espaço subaracnoideo, saída acidental e quebra. Há 
necessidade de estudos que avaliem a relação custo-
benefício do método, em nosso meio. 
➢ Analgesia preemptiva 
O termo "preemptiva" implica uma forma de analgesia que, 
iniciada antes do estímulo doloroso ser gerado, previne ou 
diminui a dor subsequente. 
Isto minimiza a sensibilização do sistema nervoso e modula 
o processo de nocicepção previamente descrito. A analgesia 
preemptiva eficaz resulta na diminuição da dor pós-
operatória, redução das necessidades pós-operatórias de 
analgésicos e, portanto, diminuição dos seus efeitos 
adversos, aumento da adesão à reabilitação pós-operatória 
e incidência menor das síndromes dolorosas crônicas pós-
cirúrgicas. 
➢ Terapia analgésica combinada 
Pela combinação de agentes de diferentes classes 
analgésicas pode ser obtida a sinergia, que resulta em 
potencialização dos efeitos e reduz a dosagem de cada 
agente individualmente, com menos efeitos colaterais de 
cada um. As combinações comuns incluem opioides e AINEs 
 
23 Habilidades Cirúrgicas – P6 | Rhaissa Sandes 
em prevenção regular ou administração epidural de um 
anestésico local com opioide. 
➢ Anestésicos locais 
Os anestésicos locais agem pelo bloqueio da condução nas 
fibras nervosas, o segundo passo no processo da nocicepção. 
Esses agentes são usados para propiciar anestesia regional 
para intervenções cirúrgicas, mas seus efeitos podem se 
prolongar durante o período pós-operatório e contribuir 
para a analgesia preventiva. Isso se manifesta em diminuição 
da dor pós-operatória e menor necessidade de analgésicos. 
➢ Analgesia Controlada pelo Paciente (ACP) 
Nesse método uma determinada quantidade de remédio fica 
armazenado dentro de uma bomba de infusão, e esse 
dispositivo é programado para liberar pequenas quantidades 
de medicação da dor quando o paciente aperta um botão. 
Um tempo de bloqueio é programado por segurança, 
evitando que o paciente receba quantidades exageradas do 
fármaco. 
A ACP tem sido associada ao uso bombas de infusão 
eletrônica, específicas para este fim, que possibilitam 
infusão contínua e, nas situações de exacerbação da dor, o 
doente aciona dispositivo do sistema que libera dose de 
analgésico suplementar. 
A Analgesia controlada pelo paciente está indicada nas 
cirurgias grandes e naquelas em que sabidamente a dor pós-
operatória é maior, entretanto pode ser usada em 
procedimentos menores quando a sensibilidade física e 
emocional do paciente à dor é maior. A simples sensação de 
estar com o controle da administração é suficiente para 
diminuir a ansiedade e consequentemente a quantidade de 
analgésicos utilizados. 
 
➢ Opioides 
Através da ligação a receptores no sistema nervoso central, 
os opioides modulam o processo nociceptivo.Opioides fortes são ideais para dor moderada a grave e para 
a dor que é constante em frequência. Ex: morfina, 
hidromorfona, fentanil e meperidina. 
Agentes opioides fracos são adequados para dor leve a 
moderada que é intermitente. Ex: hidrocodona e codeína – 
em geral são combinados com aspirina ou acetaminofeno 
(paracetamol). 
O tramadol é um analgésico não opioide, mas possui alguns 
efeitos semelhantes. É um agente de ação central 
administrado também por via oral, para dor leve a 
moderada. 
➢ AINEs 
As drogas anti-inflamatórias não esteroidais são 
componentes importantes da analgesia perioperatória que, 
quando utilizados como uma parte do regime analgésico, 
reduzem a dor e podem diminuir o consumo de opioides. 
As prostaglandinas são potentes mediadores da dor, que 
agem diretamente nos nociceptores e também aumentam a 
sensibilidade dos mesmos. 
Os inibidores da COX-2 parecem oferecer analgesia 
semelhante (aos inibidores da COX-1) causando reduzido 
risco de sangramento. 
➢ Analgesia neuroaxial 
As vias neuroaxiais de administração incluem as vias epidural 
e intratecal (subaracnóidea). Os agentes são administrados, 
quer por injeção simples no espaço epidural ou 
subaracnoide, quer por injeções intermitentes ou contínuas 
através de um cateter epidural implantado, quer pela 
analgesia epidural controlada pelo paciente. 
Agentes como opioides e anestésicos locais são 
administrados através da via neuroaxial para atingir 
analgesia. Os opioides, quando distribuídos por via 
neuroaxial, proporcionam analgesia pela sua ação nos 
receptores específicos localizados no corno dorsal da ME. 
Anestésicos locais, quando utilizados para analgesia 
neuroaxial, fornecem analgesia pelo bloqueio da condução 
nervosa. Para obter analgesia neuroaxial, os anestésicos 
locais são administrados em doses menores e concentrações 
mais diluídas do que aquelas necessárias par alcançar 
anestesia cirúrgica.

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