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1 Habilidades Cirúrgicas – P6 | Rhaissa Sandes Aula 1 – Pré-operatório ✓ Conceito e considerações gerais ✓ Avaliação do estado clínico geral ✓ Avaliação do risco cirúrgico ✓ Grandes sistemas de risco: cardiovascular, renal, endócrino, nervoso, respiratório ✓ Avaliação laboratorial ✓ Preparo hidroeletrolítico e reposições A avaliação perioperatória é descrita como a análise clínica que objetiva quantificar o risco de complicações clínicas perioperatórias. Essa avaliação deve ser baseada em variáveis clínicas e em resultados de exames subsidiários (quando indicados) e deve considerar os riscos de complicações cardíacas e não cardíacas. Essa avaliação deve conter, além das estimativas de risco, as orientações de manejo pré, intra e pós-operatórias para diminuição dos riscos, que se denominam estratégias protetoras. Os objetivos são identificar comorbidades previamente não reconhecidas e fatores de risco para complicações cirúrgicas; otimizar a condição médica pré-operatória; reconhecer e tratar potenciais complicações. Avaliação do estado clínico geral A anamnese e o exame físico são a parte mais importante da avaliação clínica pré-operatória. A identificação de sintomas além das queixas do paciente é crucial, como por exemplo, dor precordial, dispneia, tosse e intolerância ao exercício. Hábitos e antecedentes pessoais, incluindo os antecedentes cirúrgicos, têm especial importância. Questionar sobre diagnósticos prévios, uso de medicações, alergias, efeitos adversos desencadeados por anestésicos em procedimentos cirúrgicos prévios, transfusão sanguínea, também são essenciais. De maneira geral, o risco global da cirurgia tende a ser baixo em indivíduos saudáveis. Para avalia-lo, tem-se a análise dos seguintes itens: • Questionário de triagem: 17 perguntas que indicam aos enfermeiros se o paciente necessita ou não de uma avaliação pré-operatória realizada por um anestesista. • Idade: não deve ser avaliado isoladamente, visto que o aumento do risco em relação a idade é maior quando há presença de comorbidades. • Capacidade de exercício: é um importante preditor do risco global cirúrgico. Pacientes com baixa capacidade apresentam alto risco de mortalidade por fatores cardíacos no contexto cirúrgico. • Uso de medicamentos: é necessário saber sobre uso de medicamentos, sobretudo aqueles de livre venda. AAS, ibuprofeno e outros AINES, p.ex., se associam a elevado risco de sangramento perioperatório. • Obesidade: em cirurgia cardíaca, há maior risco de complicações. No entanto, em cirurgias não cardíacas, sabe-se que não é um fator de risco para a maioria das possíveis complicações pós-cirúrgicas, a exceção da embolia pulmonar. • Apneia obstrutiva do sono • Uso abusivo de álcool • Uso de drogas ilícitas: é importante, uma vez que pacientes usuários de opioides podem ter tolerância e necessitarem de doses mais altas no intra e pós-operatório. Além de que pacientes que usam barbitúricos e anfetaminas têm risco de síndrome de abstinência após a cirurgia. • Tabagismo: relacionado com complicações da ferida cirúrgica, infecções, complicações pulmonares, neurológicas e internação em UTI. • Histórico pessoal e familiar de complicações anestésicas: visa captar o risco de hipertermia maligna. Avaliação do Risco Anestésico-Cirúrgico (ASA) A avaliação geral mais comumente realizada é baseada na classificação da American Society of Anesthesiologists (ASA). Paciente ASA I, possui uma mortalidade perioperatória de 2 Habilidades Cirúrgicas – P6 | Rhaissa Sandes 0,06 – 0,08%; o paciente ASA II, 0,27 – 0,40%; ASA III, 1,8- 4,3%; ASA IV, 7,8 – 23%; e ASA V, 9,4 – 51%. A letra “E” é adicionada a qualquer um destes para uma operação de emergência. Mesmo que o sistema pareça subjetivo, continua a ser um importante indicador independente de mortalidade. Avaliação Laboratorial A maioria dos pacientes saudáveis não necessita da realização de exames laboratoriais. Mas, geralmente, os médicos solicitam para todos, por hábito e preocupação médico-legal. Os testes podem ser confiáveis se feitos dentro de 4 meses anteriores à cirurgia, exceto se a condição clínica do paciente tiver mudado. • Hemograma – é necessária a medida basal da hemoglobina para pacientes a partir de 65 anos que farão uma cirurgia de grande porte ou para pacientes jovens que passarão por uma cirurgia que resulte em grande perda de sangue. É razoável analisar a contagem de plaquetas antes de cirurgias que utilizem anestesia espinhal ou epidural. − Intervenções de grande porte, suspeita clínica de anemia ou policitemia, insuficiência renal, neoplasias, esplenomegalia, uso de anticoagulantes, presença de infecção, radio ou quimioterapia recentes. • Coagulograma − história de sangramentos anormais, operações vasculares, oftalmológicas, neurológicas ou com circulação extracorpórea, hepatopatias e síndromes disabsortivas, neoplasias avançadas, esplenomegalia. Apenas o Tempo e Atividade de Protrombina (TAP), o Tempo Parcial de Tromboplastina Ativada (TTPa) e a contagem de plaquetas costumam ser necessários nestes casos. • Tipagem sanguínea – apenas em procedimentos cirúrgicos de grande porte com possibilidade de perda sanguínea elevada. Deve ser acompanhada de reserva de sangue. • Função renal (creatinina) – apesar de não ser consenso, pode-se avaliar concentração de creatinina sérica em pacientes com mais de 40 anos que participarão de cirurgias de risco alto ou médio, em casos de haver probabilidade de hipotensão ou se forem usados medicamentos nefrotóxicos. A insuficiência renal é fator de risco para complicações pulmonares pós-cirúrgicas e um importante preditor de mortalidade. Além disso, tal patologia exige ajuste de dose de alguns medicamentos. • Eletrólitos, glicemia, função hepática, hemostasia e sumário de urina – não devem ser solicitados de rotina em pacientes previamente saudáveis, por geralmente não alterarem conduta cirúrgica. − Testes de hemostasia: Tempo de Protrombina (PT), Tempo de Tromboplastina Parcial Ativada (TTPa) e contagem de plaquetas podem ser solicitados em casos de histórico pessoal/familiar e/ou exame físico sugerirem risco de presença de distúrbio de sangramento. − Eletrólitos: uso de diuréticos ou corticoides, nefropatias, hiperaldosteronismo secundário, cardio ou hepatopatias com síndrome edemigênica. − Urinocultura: pacientes com indicação de cateterismo vesical durante a operação e que façam parte de grupos de risco de bacteriúria assintomática, como idosos, diabéticos, história de infecção urinária de repetição, litíase urinária, bexiga neurogênica, malformação de vias urinárias, gravidez e AIDS. O EAS não tem indicação como exame pré-operatório. • Parasitológico de fezes – intervenções sobre o TGI • B-HCG – para todas as mulheres em idade reprodutiva • ECG – não é necessário para pacientes sem fatores de risco e que serão submetidos a procedimentos de baixo risco. Pacientes cardiopatas, coronariopatas ou com sintomas de angina, arritmia significativa, diabéticos, hipertensos, 3 Habilidades Cirúrgicas – P6 | Rhaissa Sandes doença arterial periférica, doença cerebrovascular ou outra doença cardíaca considerável, devem realizar um ECG de 12 derivações. • Radiografia de tórax (PA e perfil): pacientes > 50 anos que sejam submetidos a cirurgias torácicas ou do abdome superior (p.ex. aneurisma de aorta), cardio e pneumopatas, portadores de neoplasias e tabagistas de mais de 20 cigarros/dia. • Testes de função pulmonar – indicados para pessoas com dispneia inconclusiva mesmo após o exame clínico. Avaliação Anestésica para intubação • Via aérea – MALLAMPATI Índice Revisado de Lee – estimativa de morbidade cardíaca perioperatória Variáveis avaliadas: ✓ Doença arterialcoronariana ✓ Insuficiência cardíaca congestiva (ICC) ✓ Doença cerebrovascular ✓ Diabetes com insulinoterapia ✓ Creatinina pré-operatória > 2,0 mg/dl ✓ Cirurgia de alto risco intrínseco CLASSE Nº DE VARIÁVEIS RISCO Classe I 0 0,4% Classe II 1 0,9% Classe III 2 7% Classe IV >3 11% Risco Cardíaco de Goldman Idade > 70 5 pts IAM < 6 meses 10 pts B3 ou turgência de jugular patológica 11 pts Estenose aórtica 3 pts Ritmo não sinusal Extrassístole 7 pts ventricular > 5/min 7 pts PaO2 < 60mmHg ou PaCO2 > 50mmHg ou K+ < 3 mEq/L ou HCO3 < 20 mEq/L ou aumento de AST/TGO ou hepatopatia crônica 3 pts Intraperitoneal, intratorácica ou vascular 3 pts De emergência 4 pts Risco Pulmonar ✓ Todo paciente submetido a cirurgia não cardíaca deve ser avaliado para possibilidades de complicações pulmonares ✓ ICC ✓ Doença cerebrovascular ✓ Diabetes com insulinoterapia ✓ Creatinina sérica > 2,0 mg/dL Esses pacientes devem ser avaliados de forma adequada. Ausculta, radiografia de tórax, até prova de função pulmonar, TC, de acordo com a necessidade. Dieta A restrição da dieta é decorrente do tipo de anestesia, da doença e do tipo de procedimento cirúrgico que será realizado. Em relação à técnica anestésica, qualquer procedimento cirúrgico, sob anestesia geral, deve respeitar 4 Habilidades Cirúrgicas – P6 | Rhaissa Sandes jejum mínimo de oito horas, para evitar estímulo à produção de secreção gástrica e possibilidade de broncoaspiração, durante a indução anestésica ou a IOT. Anestesias subdural ou peridural, têm menor risco de cursar com esta complicação e o jejum não precisa ser tão rigoroso, mas pode haver necessidade da transformação destas em geral. Por isso, recomenda-se fazer restrição da dieta oral pelo mesmo período de 8 horas. Uso de Medicamentos Alguns medicamentos devem ser suspensos: • Anticoagulantes orais (p.ex. warfarina) – suspender cerca de 5 dias antes e substituir por heparina. Esta, por sua vez, deve ser suspensa 6 horas antes do procedimento cirúrgico e reiniciada 24-48 horas depois. Fazer INR no pré-operatório imediato. • Antiagregantes plaquetários: o ácido acetil salicílico (AAS) deve ser suspenso 10 dias antes da intervenção. • AINES: alteram a função plaquetária e devem ser suspensos 24-48 horas antes da operação. • Antidepressivos: em especial os IMAO devem ser retirados 3-5 dias antes da cirurgia. • Hipoglicemiantes orais: devem ser substituídos por insulina regular ou NPH na véspera do ato cirúrgico, para melhor controle da glicemia e evitar a hipoglicemia. Aqueles em uso de NPH devem receber apenas 1/3 – ½ da dose pela manhã da operação, seguida da infusão de soro glicosado a 5% • Diuréticos inibidores da reabsorção de potássio Medicamentos que devem ser mantidos até o dia da operação: • Betabloqueadores • Anti-hipertensivos • Cardiotônicos • Broncodilatadores • Anticonvulsivantes • Corticoides • Insulina • Antialérgicos • Medicação psiquiátrica Fitoterápicos – SUSPENDER! Podem causar distúrbios hemorrágicos graves Classificação do Grau de Contaminação 5 Habilidades Cirúrgicas – P6 | Rhaissa Sandes 6 Habilidades Cirúrgicas – P6 | Rhaissa Sandes Resposta do caso clínico Os fatores de risco que devem ser notados são a idade do paciente relacionada às suas comorbidades: hipertensão (aparentemente controlada), o diabetes com insulinoterapia e o tabagismo. Paciente classificado como ASA II. Exames complementares que podem ser solicitados: radiografia de tórax, ECG, hemograma, glicemia, ureia e creatinina, eletrólitos Na+ e K+, testes de hemostasia (TP/TTPa). Medicamentos: suspender o uso da metformina no dia anterior ou na manhã da cirurgia e ajustar a dose da insulina NPH; suspender o uso do AAS cerca de 7 dias antes da cirurgia; a suspensão da losartana (um BRA) não é consenso, a conduta deve ser individualiza, mas estudos mostram que em casos de HAS leve o paciente pode se beneficiar da sua suspensão, evita uma hipotensão grave induzida pelos anestésicos. Referências: Atlas de Cirurgia (Zollinger); Tratado de Cirurgia (Sabiston e Townsend); https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/27775997/ Aula 2 ✓ Ambiente cirúrgico ✓ Assepsia, antissepsia ✓ Antibioticoprofilaxia Ambiente cirúrgico O centro cirúrgico (CC) é a unidade hospitalar onde se realizam as intervenções cirúrgicas, bem como a recuperação pós-anestésica e pós-operatória imediata. É constituído de um conjunto de áreas e instalações que permite efetuar a cirurgia nas melhores condições de segurança para o paciente, e de conforto e segurança para a equipe que o assiste. No CC são consideradas três zonas distintas: • Zona de proteção É a área do centro cirúrgico que está em contato direto com o restante do hospital, dessa forma, estando mais propensa à contaminação. É nela que se dá toda a entrada e saída de pessoas e materiais do centro cirúrgico. É composta pelos vestiários. • Zona limpa É composta pelos setores de apoio e suporte situados no CC. - Secretaria/administração, sala de equipamentos, depósito de material, centro de gasoterapia, sala auxiliar, recuperação pós-anestésica, sala de conforto, serviços auxiliares, áreas de transferência. - Área de transferência: local de entrada e saída dos pacientes, onde ocorre a troca da maca da enfermaria pela do CC através de abertura especial na parede. • Zona estéril/asséptica É a parte do CC com menor grau de contaminação, nela só se pode transitar utilizando máscara. É composta por: - Corredor de acesso às salas de cirurgia e lavabos, lavabos, sala de operação e subesterilização (instrumentos da operação). O centro cirúrgico deverá se localizar próximo às unidades que recebam casos cirúrgicos, preferencialmente nos andares elevados, ao abrigo da poluição aérea e sonora, e fora da interferência do tráfego hospitalar. 7 Habilidades Cirúrgicas – P6 | Rhaissa Sandes Assepsia e Antissepsia • Assepsia: medidas técnicas utilizadas para impedir a penetração de microrganismos num ambiente que não os tem. • Antissepsia: medidas propostas para inibir o crescimento de microrganismos ou removê-los do ambiente (aplicação de agentes antimicrobianos). Ex: álcool iodado, clorexidina. • Degermação: diminuição do número de microrganismos, após a escovação da pele com água e sabão. • Desinfecção: processo pelo qual se destroem particularmente os germes patogênicos e/ou se inativa sua toxina ou se inibe o seu desenvolvimento. Os esporos não são necessariamente destruídos. | Desinfetante: diminui a quantidade de microrganismos em superfícies. • Esterilização: destruição de todas as formas de vida microbiana mediante a aplicação de agentes físicos (calor seco, estufa, fervura, autoclave), radiação ou químicos. Pode ser manual ou por ultrassom. • Em caso de alergia ao iodo (pvp-i), fazer degermação com clorexidina 4% detergente e a antissepsia com clorexidina 0,5% alcoólica. Antibioticoprofilaxia Pacientes sujeitos a risco de infecção do sítio cirúrgico, particularmente da ferida operatória, ou aqueles com baixo risco, porém, com alta morbidez e mortalidade, em caso de infecção, se beneficiam do uso profilático de antibióticos, desde que administrados corretamente. A indicação precisa, portanto, é fundamental, já que estas drogas não são isentas de efeitos adversos, além de poderem gerar cepas resistentes. Os mais suscetíveis são aqueles com riscos cirúrgicos ASA II, IV e V, submetidos a operações potencialmente contaminadas ou contaminadas e de longa duração. Doentes Pacientes ASA I ou II, submetidos a intervenções limpas e de curta duração, têm pouca probabilidade de infecção do sítio cirúrgico e não necessitam de antibioticoprofilaxia, a não ser os imunodeprimidos e/oucom próteses, com grandes dissecções, e algumas operações vasculares e oftalmológicas, em que uma possível infecção pode implicar em amputações ou cegueira, respectivamente. Já procedimentos cirúrgicos infectados requerem terapêutica antibiótica e não profilaxia. É importante lembrar que a antibioticoprofilaxia cirúrgica visa APENAS as infecções do sítio cirúrgico e não previne comprometimentos respiratórios ou urinários, que têm outros fatores predisponentes. Quanto à escolha da droga para profilaxia, deve-se considerar a microbiota que coloniza habitualmente o órgão manipulado, dados epidemiológicos acerca dos agentes mais frequentes após cada tipo de operação e resultados de trabalhos prévios bem conduzidos, que atestam a eficácia das drogas utilizadas. Baseado nestes critérios, pode-se sugerir os seguintes esquemas: • Operações limpas (hérnias com prótese, mama, intervenção vascular e ortopédica com prótese, 8 Habilidades Cirúrgicas – P6 | Rhaissa Sandes cardíaca, neurocirurgia sem prótese e torácica do mediastino) − Germe mais frequente: S. aureus − Droga: cefalosporinas de 1ª geração − Pacientes de alto risco em instituições com elevada prevalência de S. aureus resistentes (MRSA): vancomicina • Operações potencialmente contaminadas (árvore traqueobrônquica, estômago/duodeno com hipocloridria, jejuno sem obstrução, vias biliares, histerectomias, cesarianas) − Germes mais frequentes: enterobactérias − Drogas: cefalosporinas de 1ª geração • Operações potencialmente contaminadas (neurocirurgia através de mucosa, cabeça e pescoço, esôfago) − Germes mais frequentes: aeróbios Gram positivos e negativos + anaeróbios da cavidade oral − Droga: amoxicilina/clavulanato • Operações potencialmente contaminadas (próstata e vias urinárias com cultura pré- operatória de urina negativa) − Germes mais frequentes: enterobactérias − Droga: ciprofloxacina • Operações contaminadas (jejuno com obstrução, íleo, cólon, reto, apendicite aguda sem perfuração) − Germes mais frequentes: Gram negativos aeróbios e anaeróbios − Drogas: gentamicina + clindamicina ou metronidazol; amoxicilina/clavulanato; ampicilina/sulbactam; cefoxitina. Definida a indicação de profilaxia e a droga de escolha, os próximos passos, também fundamentais, são determinar as doses dos antibióticos, o momento do início da profilaxia e sua duração. Bem definido na literatura, o início da antibioticoprofilaxia deve ser durante a indução anestésica e por via venosa. Iniciar o antimicrobiano com maior antecedência, ou depois do início da operação, reduz a eficácia da profilaxia. Quanto à sua duração, recomenda-se que a cobertura antibiótica seja feita somente durante o ato operatório, na grande maioria dos procedimentos, pois prolonga-la não aumenta sua eficácia, mas sim os efeitos adversos, como o desenvolvimento de resistência e os custos. Com relação às doses, sabe-se hoje, que o efeito profilático máximo é obtido quando as concentrações plasmáticas e teciduais da droga se situam, em níveis elevados durante todo o transcorrer da operação. Recomenda-se, assim, uma dose inicial elevada em função do peso do paciente, na indução anestésica, seguida por doses intraoperatórias convencionais a períodos mais curtos (equivalentes a 2x a meia-vida da droga). P.ex.: → cefalotina (meia-vida de 1h) seria de 2g na indução anestésica seguida de 1g, a cada 2h, enquanto durar o procedimento cirúrgico. → cefazolina (meia-vida de 2h), as doses subsequentes seriam administradas a cada 4 horas, o que permitiria a profilaxia com dose única na grande maioria dos procedimentos. 9 Habilidades Cirúrgicas – P6 | Rhaissa Sandes Aula 3 - Per-operatório ✓ Equipe cirúrgica ✓ Instrumental cirúrgico ✓ Montagem de mesa cirúrgica ✓ Sinalização cirúrgica ✓ Preparo do campo operatório ✓ Colocação de campos cirúrgicos Equipe cirúrgica A equipe cirúrgica é constituída por profissionais que prestam assistência sistematizada e global ao paciente. O tamanho da equipe varia de acordo com o tipo de intervenção a ser realizada e é composta, basicamente pelo médico cirurgião, médico anestesista, primeiro e segundo auxiliares e instrumentador. O circulante (técnico de enfermagem) estará na sala de cirurgia ajudando a equipe com os materiais necessários e qualquer tipo de suporte, porém não participa do ato operatório. • Médico anestesista – é responsável pela escolha do melhor tipo de anestesia (juntamente com o médico cirurgião), autorização do início da cirurgia, monitorização dos sinais vitais do paciente e suspensão ou interrupção da cirurgia em caso de risco de morte do paciente. • Médico cirurgião – A ele cabe a integral responsabilidade do ato operatório, sendo responsável pelo planejamento, execução e comando, mantendo a ordem no campo operatório. Suas atribuições se iniciam no pré- operatório, com a indicação, conveniência e preparo cirúrgico, e continuarão após o ato operatório, com o acompanhamento do paciente. • Médicos auxiliares – eles auxiliam no procedimento cirúrgico, exercendo atividades delegadas pelo cirurgião. − Primeiro auxiliar: é responsável pelo pré- operatório, posicionamento do paciente, antissepsia da pele do paciente e colocação dos campos cirúrgicos. Durante o ato operatório, se posiciona à frente do cirurgião e o auxilia nas manobras. − Segundo auxiliar: é um componente eventual e tem um papel mais passivo, colabora nas manobras de afastamento, permitindo ao 1º auxiliar maior liberdade de ação, e substitui o 1º auxiliar ou o instrumentador quando necessário. • Instrumentador – é a pessoa encarregada da entrega e do recebimento dos instrumentos utilizados durante a operação; solicita antecipadamente o material necessário para a cirurgia. Deve manter a ordem e limpeza do campo cirúrgico, substituindo compressas, colocando gazes e retirando fios e instrumentos deixados sobre o paciente. Montagem da mesa cirúrgica 10 Habilidades Cirúrgicas – P6 | Rhaissa Sandes A mesa de instrumentos cirúrgicos deve ser organizada em local estéril, através da colocação de campos cirúrgicos. A montagem da mesa é em formato de U, sendo que o U é sempre voltado para o paciente. Os instrumentos, de forma geral, ficam dispostos de acordo com o tipo de cirurgia e os tempos cirúrgicos: (1) diérese, (2) preensão, (3) hemostasia, (4) exposição, (5) especiais, (6) síntese. O primeiro tempo cirúrgico (diérese) fica sempre próximo à mesa cirúrgica e perto do instrumentador. Se a mesa instrumental ficar á esquerda da mesa cirúrgica: iniciar arrumação do instrumental da direita para a esquerda; e se a mesa instrumental ficar à direita da mesa cirúrgica: iniciar arrumação da esquerda para a direita. A disposição dos materiais na mesa obedece a seguinte ordem: tipo, curvatura e tamanho. Ex: Metzembaum (curva – reta – tamanho [menor – maior]), depois Mayo. Lembrar que a curvatura é para baixo e a parte funcional voltada para o instrumentador. Instrumental cirúrgico Sinalização cirúrgica Preparação do campo cirúrgico • Fazer a degermação do campo operatório com Pvpi 1% detergente e retirá-lo; • Em seguida, com compressas úmidas de soro fisiológico 0,9% (ou água esterilizada); • A seguir, fazer a antissepsia do campo com Pvpi 1% alcoólico para pele íntegra • Para mucosas e pele não íntegra utilizar Pvpi 1% aquoso. Aula 4 ✓ Anestesia local, loco-regional e bloqueio de campo ✓ Operações fundamentais (diérese, hemostasia e síntese) ✓ Fios cirúrgicos e nós Anestesia → Qual o objetivo da anestesia loco-regional? Entrar em contato com as fibras nervosas e interromper transitoriamente o desenvolvimento e progressão do impulso – autonômico, sensitivo e motor. OBS: anestésicos locais não interferem no potencial de repouso.Porém, anulam a propagação do potencial de ação, impedindo a entrada de Na através da membrana. A ordem do bloqueio se processa da fibra de menor para de maior espessura. A maioria dos anestésicos locais são vasodilatadores, o que facilita sua absorção, reduzindo o tempo de analgesia e aumentando a possibilidade de intoxicação. Vias empregadas para administração anestésica: • Contato ou superfície – mucosas • Local, troncular, plexular – tecidos profundos • Raquianestesia – espaço subaracnóideo • Peridural – espaço peridural 11 Habilidades Cirúrgicas – P6 | Rhaissa Sandes • Regional IV – veias Algumas reações possíveis: sonolência, sensação de frio, opressão torácica, distúrbios auditivos, cefaleia ou pressão frontal, insensibilidade de lábios e língua, disartria. Na prática: calor e formigamento. Se durante o bloqueio o paciente referir algum desses sintomas ou modificar o comportamento com exagerada apreensão e angústia, suspende-se a infiltração. → Qual a importância dos vasoconstritores? Predominantemente a adrenalina, contidos nas soluções de anestésicos locais, destinam-se a retardar a absorção e, consequentemente, prolongar a anestesia, além de reduzir a possibilidade de intoxicação. Reação aos vasoconstritores: aumento da PA, taquicardia, palidez e sudorese. → Bloqueio de plexo braquial • Vias de acesso: interescalênica, supraclavicular e axilar ou a combinação das duas primeiras. • Via supraclavicular: − O plexo é bloqueado em cima da primeira costela, pois atinge suas 3 subdivisões − Os principais pontos de reparo: 1ª costela, clavícula, A. subclávia, V. jugular e M. escaleno anterior. − Os riscos: injetar na A. subclávia ou na V, perfuração da pleura. • Técnica: Paciente em DD, cabeça voltada ao lado oposto ao membro a ser anestesiado que deve permanecer em ligeira abdução. Assepsia e marca 1 cm acima do meio da clavícula, entre o m. escaleno anterior e o médio. A agulha introduzida é de bisel curto orientada em direção caudal e medial em busca da 1ª costela. Ao ser tocado, o paciente acusará “choque”/parestesia que irradia para o cotovelo, antebraço e dedos – é a hora de parar a introdução da agulha e introduz-se todo o anestésico se sentir parestesia em todos os dedos. Se a parestesia não atingir a mão, injeta-se 1/3 da solução. E deve haver reintrodução a fim de procurar os dedos em várias direções. A sensação de choque indica a correta injeção, evita erros e reduz o índice de falhas. Se não for possível o contato direto com o plexo, injeta-se pouco acima da 1ª costela. Dosagem adultos: 25-30mL de volume e varia a concentração de acordo com a natureza do anestésico. Complicações: injeção intravascular e pneumotórax. Cuidados: aspirar o embolo a fim de garantir que não está em um vaso. Em idosos, pela dificuldade de avaliar a profundidade da costela > chance de pneumotórax, o uso de uma agulha fina ao lado das seringas, 2,5 cm do máximo de profundidade, reduz o risco de pneumotórax. Operações fundamentais ➢ Diérese (1º tempo cirúrgico) Manobra de corte/divisão/separação dos planos ou tecidos, destinada a criar uma via de acesso através deles. Possibilita a abordagem de um órgão ou região. Tipos: incisão, secção, divulsão, punção, dilatação, serração Instrumentos • Incisão – corte que secciona tecidos moles: bisturi (diversos tipos), serra, tesoura, cisalha, faca. • Secção – separação dos tecidos pela incisão: tesoura, serra, lâmina afiada, bisturi elétrico, laser, ultrassom • Divulsão – separação/afastamento dos tecidos sem cortá-los: tesoura, pinça, afastador, tentacânula • Punção – introdução de instrumentos perfurante que dão acesso a cavidades: trocartes, agulhas 12 Habilidades Cirúrgicas – P6 | Rhaissa Sandes • Dilatação – aumentar o diâmetro de estruturas como canais e orifícios naturais (p.ex. útero) : vela de Hegar, dilatador de Berniqué • Serração: serras (cirurgia óssea) • Auxiliares: pinças de dissecção, de tração ou de preensão; afastadores (dinâmicos e estáticos) Vias de acesso – requisitos 1. Tamanho adequado, permitindo acesso fácil aos órgãos abordados e boa visibilidade do campo operatório 2. Bordas nítidas e regulares, favorecendo a cicatrização estética e firme 3. Atravessar os tecidos respeitando a anatomia regional, incisando um plano de cada vez 4. Não comprometer vasos e nervos importantes da região operada 5. Acompanhar as linhas de força da pele da região da intervenção 6. Seccionar as aponeuroses na direção de suas fibras objetivando boa cicatrização ➢ Hemostasia (2º tempo cirúrgico) Manobras realizadas a fim de impedir ou evitar a perda excessiva de sangue. Favorece a evolução normal da ferida operatória, evita infecção e a deiscência dos pontos ou d cicatriz cirúrgica. Pode ser: temporária ou definitiva; preventiva ou corretiva. Métodos temporários: pinçamento, garroteamento, compressão, ação farmacológica, parada circulatória com hipotermia, oclusão endovascular. Métodos definitivos: ligadura, cauterização, sutura, grampeamento, obturação, tamponamento. Instrumentos: pinças hemostáticas atraumáticas (DeBakey, Cooley, Bulldog, Satinsky), traumáticas (Halsted, Rochester, Crile, Kelly) ➢ Exérese (3º tempo cirúrgico) É realizado o procedimento cirúrgico em si, isto é, a remoção de uma parte ou totalidade de um órgão ou tecido, visando o diagnóstico, o controle ou a resolução da intercorrência, reconstituindo a área, procurando deixa-la da forma mais fisiológica possível. ➢ Síntese (4º tempo cirúrgico) É a aproximação das bordas dos tecidos seccionados ou ressecados, facilitando as fases iniciais do processo de cicatrização, a fim de que a continuidade tecidual possa ser restabelecida. Instrumentos: agulhas de sutura, grampeadores, fios de sutura, porta agulhas, pinças. 13 Habilidades Cirúrgicas – P6 | Rhaissa Sandes Condições para uma boa síntese: assepsia, bordas regulares, hemostasia adequada, material apropriado, manuseio adequado, confrontamento anatômico, técnica. Fios de sutura e nós Fio ideal: • Maior força tênsil • Mole, flexível e pouco elástico • Baixa reatividade tecidual • Estabilidade a longo prazo • Absorção lenta • Baixo custo • Fácil esterilização Configuração física: • Monofilamentares – menos traumáticos, menor risco de infecção, mais menos maleáveis. Ex: nylon, PDS (polidioxanona), prolene • Multifilamentares – filamentos torcidos e trançados, melhor manuseio e flexibilidade, mais traumático, mais propício a infecções. Ex: catgut simples e cromado, algodão, vycril. Fios: • Catgut – biológico, multifilamentar, absorvível (simples: 7-10 dias; cromado: 15-20 dias) • Vycril (poliglactina 910) – sintético, multifilamentar, absorvível de 60 a 90 dias. Ideal para sutura de aponeurose. • Algodão – biológico, multifilamentar, não absorvível • Nylon (poliamida) – sintético, monofilamentar, não absorvível, baixo custo, alta memória Aula 5 Cicatrização de Feridas Lesão e resposta tecidual ➢ Lesão - Restaurar função normal - Integridade estrutural ➢ Reparo da ferida - Integridade mecânica - Barreiras – perda de líquidos e infecção - Padrões normais de fluxo sanguíneo e linfático Fases da cicatrização de feridas ➢ Inflamatória ➢ Proliferativa ➢ Maturação 14 Habilidades Cirúrgicas – P6 | Rhaissa Sandes Fase Inflamatória ➢ Objetivo – limitar o dano: - Interrupção do sangramento - Selamento da superfície da ferida - Remoção do tecido necrótico, dos resíduos estranhos e das bactérias Uma vez que as plaquetas aderiram às células endoteliais lesionadas, elas vão sofrer alterações conformacionais e se tornarem ativadas, liberando os produtos de seus grânulos. Elementos que vão atuar estimulando a quimiotaxia (recrutamento de célulaspara o local de lesão) e a ativação da cascata de coagulação. ➢ Quimiocinas - Estimular a migração de células - Queratinócitos → proteínas quimiotáticas de macrófagos → recrutamento de monócitos/macrófagos, linfócitos T e mastócitos o Expressão contínua em feridas crônicas - CXCL1 → quimiotático de PMN → aumentado em feridas agudas - IL-8 - CXCL10 - Fator derivado de células estromais 1 ➢ Polimorfonucleares - Permeabilidade capilar aumentada + fatores quimiotáticos → diapedese de neutrófilos para a área inflamada - Vasodilatação + aumento da permeabilidade vascular → calor, rubor, edema e dor - Integrinas (família de receptores de superfície celular) → essenciais para a motilidade celular, necessárias na inflamação e na cicatrização normal de feridas - Após a migração dos PMN para o local da ferida ocorre ativação dos mesmos: o Remover resíduos necróticos, material estranho e bactérias o Geração de radicais livres de oxigênio ➢ Macrófagos - Célula fundamental para a cicatrização de feridas - Aparecem de 24 a 48h após a lesão, derivados da quimiotaxia dos monócitos migratórios - Resíduos bacterianos estimulam os monócitos para liberar radicais livres e citocinas que medeiam a angiogênese e a fibroplasia - Macrófagos da ferida liberam proteinases que degradam a MEC (matriz extracelular) e são cruciais para a remoção de material estranho, promovendo o movimento celular através dos espaços teciduais e regulando a renovação da MEC o Atividade dependente da via do AMPc – bloqueada por AINEs ou glicocorticoides ➢ Citocinas pró-inflamatórias - TNF-alfa, IL-1, IL-2, IL-6, IL-8, - IFN-gama ➢ Citocinas anti-inflamatórias - IL-4, IL-10 15 Habilidades Cirúrgicas – P6 | Rhaissa Sandes ➢ Linfócitos - Infrarregulação da cicatrização à medida que a ferida se fecha (linfócitos B) - Estimulação de fibroblastos com citocinas - Secreção de citocinas inibidoras Fase Proliferativa Etapas: - Angiogênese - Fibloplasia - Epitelização - Caracterizada pela formação de tecido de granulação - Início ao redor do 4º dia após a lesão - Ferida mais limpa ➢ Angiogênese - Inicia pela ativação das células endoteliais microvasculares - Degradação local da membrana basal endotelial → migração celular para o coágulo da ferida → proliferação → formação de estrutura tubular (neovascularização) → reconstrução e estabilização da membrana basal - Fibronectina, heparina e fatores plaquetários estimulam a migração de células endoteliais para a ferida e sua proliferação - Papel importante da matriz extracelular no crescimento e manutenção dos vasos sanguíneos - Resulta de interação complexa entre componentes da MEC e citocinas ➢ Fibroplasia (formação da nova MEC) - Fibroblastos quiescentes são atraídos por fatores quimiotáticos para o local inflamatório – se dividem e produzem componentes da MEC - Sintetizam colágeno - OBS.: fase de atraso da ferida – tempo necessário para células mesenquimais indiferenciadas se diferenciarem em fibroblastos altamente especializados (3-5 dias) - A taxa de síntese do colágeno declina após 4 semanas, quando a ferida entra na fase de maturação do colágeno ➢ Epitelização (reepitelização) - Começa horas após a lesão - Restauração da epiderme (que foi lesionada) - Queratinócitos: migração → proliferação → diferenciação → estratificação - Diferenciação do neoepitélio em epiderme estratificada - Restauração de uma zona intacta da membrana basal, dando sustentação e fixação às células epiteliais - Repopulação das células especializadas - Após a ferida estar completamente reepitelizada, as células tornam-se colunares e estratificadas de novo, fixando-se firmemente à membrana basal restabelecida e à derme subjacente. ➢ Matriz extracelular (MEC) - Serve como um arcabouço para estabilizar a estrutura física dos tecidos - Constituída por fibras e substância basal amorfa - Matriz provisória: fibrina, fibrinogênio, fibronectina e vitronectina - Em seguida, são sintetizados glicosaminoglicanos e proteoglicanos – suporte para a deposição e remodelamento subsequentes - Colágenos (proteínas predominantes) são o resultado final Colágeno: - Constitui 25% da massa total de proteínas em mamíferos 16 Habilidades Cirúrgicas – P6 | Rhaissa Sandes - Existem pelo menos 20 tipos diferentes - Tipo I: o mais comum, é o principal colágeno da pele e do osso - No início da cicatrização da ferida há expressão aumentada de colágeno tipo III, e à medida que o processo de cicatrização vai se desenvolvendo, ele é substituído pelo colágeno tipo I - Sintetizados em ribossomos ligados à membrana celular Fibras elásticas: - Compostas predominantemente por elastina Glicosaminoglicanos (GAGs) e proteoglicanos: - Hialuronano (GAG mais simples) – produzido em grandes quantidades durante a cicatrização da ferida → facilita a migração celular Lâmina basal: - Filtro molecular para impedir a passagem de macromoléculas - Barreira seletiva a determinadas células - Arcabouço para as células de regeneração migrarem - Elemento importante na regeneração dos tecidos - A maioria contém colágeno tipo IV Nesse processo de proliferação, temos degradação da matriz extracelular antiga e formação da nova Fase de Maturação • Contração x contratura − Contração: processo normal que vai ocorrer promovendo a aproximação das bordas da lesão. À medida que acontece esse processo de contração, vai haver a reorganização das fibras de colágeno e dos fibroblastos nesse tecido, fazendo com que essa ferida ganhe resistência − Contratura: é quando tem uma rigidez nessa cicatriz, limitando a movimentação. P.ex. cicatrizes em áreas de dobra. • Fibroblastos → miofibroblastos − Actina em feixes de estresse o A actina aparece em 6 dias após a lesão e desaparece em 4 semanas − Capacidade contrátil (complexos actina-miosina citoplasmáticos) ➢ Remodelação: - Diminui a população de fibroblastos e a rede capilar regride - Resistência da ferida aumenta em 1 a 6 semanas - Resistência à tração de 30% em relação à pele normal → 80% após 3 meses - Deposição de colágeno de maneira organizada - Substituição do colágeno tipo III inicial pelo tipo I - Colagenases promovem lise da matriz antiga → reorganização da nova matriz Cicatrização em relação à profundidade da lesão Cicatrização anormal de feridas Fatores que interferem na cicatrização normal • Infecção • Isquemia 17 Habilidades Cirúrgicas – P6 | Rhaissa Sandes − Circulação − Respiração − Tensão local • Diabetes melito • Radiação ionizante (compromete a divisão celular) • Idade avançada • Desnutrição (déficit calórico pode levar a uma degradação proteica) • Deficiências vitamínicas − Vitaminas C (cofator na síntese do colágeno) e A (importante no processo de proliferação celular) • Deficiências de minerais − Ferro e zinco • Fármacos exógenos − Doxorrubicina (adriamicina) − Glicocorticoides (atua suprimindo o processo inflamatório necessário para que ocorra a cicatrização) Cicatrizes hipertróficas e queloides • Cicatrizes proliferativas • Deposição excessiva de colágeno • Cicatrizes hipertróficas: colágeno tipo III organizado → resulta num aumento de área de cicatrização, mas respeitando as bordas/limites da lesão • Queloides: feixes de colágeno desorganizados tipo I e tipo III → não respeita os limites da cicatriz − Envolve predisposição genética e raça (pessoas de pele negra, asiáticos), além de algumas áreas do corpo, independentemente de cor da pele, que são mais propícias ao desenvolvimento tanto de queloide quanto de cicatrizes hipertróficas (rosto, face anterior do tronco, região deltoidea); cicatrização sobre uma área de tensão; entre outros fatores já citados anteriormente.− Também ocorre se não respeitadas as linhas de tensão da pele • Prevenção: alívio da tensão; hidratação/oclusão; uso de bandagem/roupas de pressão; respeitar as linhas de tensão • Tratamento: injeção de corticoides intralesional, pomadas à base de silicone, injeção de intérferon, , laserterapia e, às vezes, excisão da cicatriz + injeção de substâncias intralesional Feridas crônicas que não cicatrizam São feridas que não conseguiram produzir a integridade anatômica e funcional por um período de 3 meses. Muito comuns em pacientes acamados por tempo prolongado que fazem úlceras por pressão (escaras) ou pacientes que têm microangiopatia diabética, etc. Vários fatores podem contribuir: ➢ Sistêmicos: desnutrição, envelhecimento, hipóxia tecidual e diabetes ➢ Fatores localizados ➢ Níveis elevados de IL-1, IL-6 e TNF-a (citocinas pró- inflamatórias que mantêm o processo de inflamação) ➢ Estímulos pró-inflamatórios − Colonização bacteriana − Tecido necrótico − Corpos estranhos − Hipóxia tecidual localizada − Perturbação do equilíbrio oxidante! ➢ Desequilíbrio entre síntese, deposição e degradação global da matriz extracelular ➢ Citocinas pró-inflamatórias – potentes indutores de metaloproteinases (alteram a MEC) ➢ Níveis reduzidos de fatores de crescimento ➢ Suscetíveis a transformação neoplásica – p.ex. úlcera de Marjolin (carcinoma de células escamosas) ➢ Infecção: − Causa mais comum de atraso na cicatrização − Prolonga a fase inflamatória − Interfere na epitelização, na contração da ferida e na deposição de colágeno Curativos Curativo ou cobertura é definido como um meio terapêutico que consiste na limpeza e aplicação de material sobre uma ferida para sua proteção, absorção e drenagem, com o intuito de melhorar as condições do leito da ferida e auxiliar em sua resolução. 18 Habilidades Cirúrgicas – P6 | Rhaissa Sandes ➢ Hidrocoloide Indicado em feridas que estejam limpas e que não possuem infecções; que tenham pouca ou nenhuma exsudação; feridas leves ou moderadas, que tenham pouca espessura e feridas epitelizadas ou que o processo de cicatrização já tenha sido terminado. → úlceras de perna ou pressão, queimaduras superficiais, feridas pós-operatórias e abrasões na pele. Esses curativos são protegidos por uma camada de poliuretano, sendo assim, a prova d’água. Não usar em queimaduras de 3º grau, feridas com tecido desvitalizado ou com necrose e criticamente colonizadas ou infectadas. Infecções de pele e tecido subcutâneo Erisipela É uma condição inflamatória que atinge a derme e o panículo adiposo (tecido celular subcutâneo), com grande envolvimento dos vasos linfáticos. Representa uma forma superficial da celulite, pois atinge predominantemente a derme e a parte superior da gordura subcutânea. • Infecção de pele e tecido subcutâneo superior com envolvimento dos vasos linfáticos • Estreptococo beta-hemolítico do grupo A (principal) – S. pyogenes • “Portas de entrada” → úlcera venosa crônica, pé de atleta, picada de insetos, ferimentos cutâneos traumáticos e manipulação inadequada de unhas − Por meio desta porta de entrada, bactérias penetram na pele, atingindo as camadas cutâneas inferiores e se espalhando facilmente com muita velocidade. • Fatores predisponentes: estase venosa, diabetes, paraparesia e obstrução linfática • Manifestações clínicas mais agudas − Acomete predominantemente os MMII de pacientes da terceira idade, cujas circulações venosa e linfática estão debilitadas (diabéticos) − Porém, pode atingir qualquer idade e outras regiões − Mal-estar geral, fadiga, febre e calafrios (iniciais, antes mesmo do surgimento de sinais na pele) − Dor, inchaço e aumento da temperatura − Adenomegalia inflamatória é comum − Em casos mais graves: formação de bolhas, escurecimento do segmento acometido e até septicemia • Tratamento: penicilina procaína ou cristalina. Por vezes, faz-se necessário abordagem cirúrgica, removendo e drenando grandes áreas necróticas e com pus. 19 Habilidades Cirúrgicas – P6 | Rhaissa Sandes (Imagem do slide da professora em erisipela. Quando fui procurar, ela aparece tanto pra celulite como pra erisipela, então não sei. Pra mim ta mais com cara de celulite.) Celulite infecciosa • Streptococcus beta-hemolíticos (mais comum os do grupo A – S. pyogenes) e Staphylococcus aureus (lesão purulenta) • Surge em decorrência de ruptura da integridade da pele – também relacionada a “porta de entrada” • Mais comum nos MMII, mas pode surgir em qualquer lugar • Eritema local e sensibilidade • Pele quente, vermelha e edematosa • Principais complicações: abscesso e septicemia • Superfície da pele, às vezes, tem aspecto de casca de laranja • As bordas, em geral, são indistintas • Tratamento: − Dicloxacilina ou cefalexina → área de acometimento pequena − Clindamicina → leve a moderada − Levofloxacina ou moxifloxacina − Oxaciclina, linezolida → casos mais extensos Abscesso São coleções de material purulento que, embora normalmente decorram de infecções bacterianas, podem, em alguns casos, não representar infecções, mas serem manifestação de outras doenças cutâneas como paniculite, ou doenças abscedantes, como hidradenite e foliculite dissecante. • Infecções localizadas • Staphylococcus aureus • Costumam ser dolorosos e quentes. A dor é geralmente do tipo pulsátil/latejante. Inicialmente são endurecidos, e se tornam flutuantes. • Tratamento: − Drenagem − Penicilinas − Cefalosporinas − Clindamicina ou eritromicina 20 Habilidades Cirúrgicas – P6 | Rhaissa Sandes Impetigo É uma infecção bacteriana superficial da pele muito comum, altamente contagiosa, vista mais frequentemente na face ou extremidades da pele de crianças. Acontece após um pequeno trauma da pele ou mesmo após picada de insetos. Pode ocorrer sobre outras doenças prévias da pele, como dermatite atópica, que sofrem a contaminação secundária pela bactéria. • Staphylococcus aureus (mais frequente) • Estreptococo do grupo A • Lesão vésico-pustular intradérmica superficial • A pele fica danificada e se formam crostas, chamadas milicérias, por ter coloração parecida com a do mel • Por vezes, pode formar bolhas que se rompem, então, se torna o impetigo bolhoso. • Não há sintomas locais, mas a lesão vai se disseminando para áreas contíguas • Tratamento (oral ou tópico): − Cefalosporinas de 1ªG (cefalexina e cefadroxil) − Macrolídeos (azitromicina, claritromicina e eritromicina), em pacientes alérgicos à penicilina e às cefalosporinas Foliculite Infecção que ocorre dentro dos folículos pilosos. Geralmente, é motivada por uma infecção bacteriana ou fúngica, mas também pode ser causada por vírus, e até, mesmo por uma inflamação de pelos encravos. • S. aureus • Pequenas espinhas, em torno de um ou mais folículos pilosos, com ou sem pus • A maioria é superficial, mas pode coçar e doer; • Quando a inflamação atinge áreas mais profundas da pele, pode haver a formação de furúnculos Furúnculo e carbúnculo Furúnculo é um nódulo inflamatório profundo que normalmente se desenvolve a partir de uma foliculite – pode ser entendido como uma foliculite profunda – que também acomete a glândula sebácea anexa. • Na pele, surge um “botão” endurecido, avermelhado, quente e doloroso que acaba por se transformar em um abscesso de pus. Com o tempo, amolece e drena o “carnegão” – uma massa de pus misturada com restos de pele Carbúnculo é um processo mais extenso que envolve o tecido subcutâneo. É um aglomerado de furúnculos que, muitas vezes, ocorre na parte de trás do pescoço, ombros, costas e coxas. São infecções mais profundas e graves do que um único furúnculo. Quase sempre deixam cicatrizes. • Ambos são causados principalmente pelo Staphylococcusaureus • Tratamento: − Uso de antibióticos que atuam contra S. aureus. A cefalexina é muito usada (cefalosporinas). − Alérgicos a penicilina: clindamicina, vancomicina, teicoplanina − Regime hospitalar → oxacilina − Compressas quentes ajudam a acelerar a drenagem e cura − Em alguns casos, é preciso fazer drenagem 21 Habilidades Cirúrgicas – P6 | Rhaissa Sandes Furúnculo Carbúnculo Carbúnculo Panarício ou Paroníquia Infecção que ocorre em área de dobra de pele que circunda o leito ungueal. Costuma fazer uma coleção que vai evoluindo, seguindo a região do leito ungueal. Tem início devido à “perda” da cutícula, que pode ser causada pelo hábito de remoção por alicate ou por pequenos traumas, ou por agentes químicos. • Tratamento: antibiótico, antifúngico ou corticoide tópico, dependendo da causa. Em algumas situações, pode ser necessária uma drenagem para aliviar a dor. Hidradenite supurativa É uma doença de pele crônica inflamatória que surge da inflamação dos folículos pilosos, mais frequente em mulheres, e após a puberdade, que acomete preferencialmente algumas áreas da pele como as axilas, a região das mamas, a virilha, a região genital e glútea. • Reação inflamatória • Lesões inflamadas, dolorosas, como nódulos ou caroços, que podem evoluir com abertura e drenagem de pus – tendem a persistir e recidivar, de modo que uma mesma lesão pode inflamar e desinflamar várias vezes no mesmo local • As lesões podem ser muito dolorosas e a constante eliminação de pus pode causar mau odor e manchar as roupas; • As cicatrizes podem dificultar a movimentação dos braços e coxas • Tratamento: antibiótico em cremes ou via oral. Lesões crônicas, frequentemente, precisam ser tratadas cirurgicamente e, em casos mais graves, podem ser utilizados medicamentos imunossupressores. Linfadenite aguda É a infecção de um ou mais linfonodos que, geralmente, incham e ficam mais sensíveis. Quadro resultante de diversas infecções: virais, bacterianas, fúngicas e por protozoários. Pode afetar um único nódulo (linfadenopatia localizada/focal), um grupo (linfadenopatia regional) ou ser generalizada. O início pode ser agudo, subagudo ou crônico. 22 Habilidades Cirúrgicas – P6 | Rhaissa Sandes O principal sintoma da linfadenite é o aumento dos gânglios linfáticos. Estes tornam-se mais avermelhados e dolorosos, e podem se tornar cheios de pus (abscesso) e drenar para a pele. Muitas vezes, a linfadenite é a primeira indicação de um foco infeccioso ainda não conhecido ou detectado. Além de sugerir a localização da infecção. O tratamento dependerá do tipo de infecção. Pode incluir antibióticos, medicações para controlar a dor e a febre e para reduzir o inchaço. Pode ser necessária drenagem. Aula 6 Cuidados Pós-operatórios Controle da dor no pós-operatório O controle da dor no pós-operatório envolve basicamente: uso de analgésicos anti-inflamatórios não hormonais e opioides, por diversas vias; intervenções cognitivo- comportamentais, como técnicas educativas, de relaxamento, distração e imaginação dirigida; uso de agentes físicos como massagens, aplicação de calor ou frio e eletroanalgesia através da Estimulação Elétrica Transcutânea (TENS). O fenômeno doloroso compreende mecanismos neurais periféricos e centrais. Há, devido ao trauma cirúrgico, a produção de substâncias inflamatórias algiogênicas. Disto resulta a recomendação de se utilizar analgésicos que contribuam para o controle da inflamação (AINH) e aqueles que inibem a condução da informação dolorosa ao sistema nervoso central (opiáceos) associados à técnicas cognitivo- comportamentais que podem modificar a interpretação da dor (educação, técnicas de distração, música, imaginação dirigida, entre outros). A prescrição de analgésicos em horário fixo evita grandes flutuações no nível plasmático do fármaco e previne picos de dor. Além disso, a prescrição deve prever a possibilidade de doses suplementares do analgésico (SN), para o resgate da analgesia. Sem a possibilidade de doses suplementares (SN) o doente e a equipe de enfermagem ficam limitados para o adequado manejo da dor. Considerando-se estes conceitos, a prescrição em esquema misto (horário fixo + SN) atende de modo mais adequado às necessidades dos doentes. O controle da dor no pós-operatório pode envolver o uso de tecnologia sofisticada como cateteres peridurais e sistemas para a analgesia controlada pelo paciente. A analgesia por cateter peridural compreende a infusão de morfínicos no sistema nervoso central. Uma das extremidades do cateter fica localizada junto à dura-máter e a outra exteriorizada. Pela ponta exteriorizada administra-se o analgésico, que atravessa a dura-máter e liga-se a receptores opioides existentes no cordão medular, produzindo analgesia sem bloqueio motor. Com pequenas doses de morfínicos, o que minimiza a ocorrência de efeitos colaterais, pode-se obter analgesia adequada e prolongada. É possível a ocorrência de complicações como infecção, sedação, migração do cateter para o espaço subaracnoideo, saída acidental e quebra. Há necessidade de estudos que avaliem a relação custo- benefício do método, em nosso meio. ➢ Analgesia preemptiva O termo "preemptiva" implica uma forma de analgesia que, iniciada antes do estímulo doloroso ser gerado, previne ou diminui a dor subsequente. Isto minimiza a sensibilização do sistema nervoso e modula o processo de nocicepção previamente descrito. A analgesia preemptiva eficaz resulta na diminuição da dor pós- operatória, redução das necessidades pós-operatórias de analgésicos e, portanto, diminuição dos seus efeitos adversos, aumento da adesão à reabilitação pós-operatória e incidência menor das síndromes dolorosas crônicas pós- cirúrgicas. ➢ Terapia analgésica combinada Pela combinação de agentes de diferentes classes analgésicas pode ser obtida a sinergia, que resulta em potencialização dos efeitos e reduz a dosagem de cada agente individualmente, com menos efeitos colaterais de cada um. As combinações comuns incluem opioides e AINEs 23 Habilidades Cirúrgicas – P6 | Rhaissa Sandes em prevenção regular ou administração epidural de um anestésico local com opioide. ➢ Anestésicos locais Os anestésicos locais agem pelo bloqueio da condução nas fibras nervosas, o segundo passo no processo da nocicepção. Esses agentes são usados para propiciar anestesia regional para intervenções cirúrgicas, mas seus efeitos podem se prolongar durante o período pós-operatório e contribuir para a analgesia preventiva. Isso se manifesta em diminuição da dor pós-operatória e menor necessidade de analgésicos. ➢ Analgesia Controlada pelo Paciente (ACP) Nesse método uma determinada quantidade de remédio fica armazenado dentro de uma bomba de infusão, e esse dispositivo é programado para liberar pequenas quantidades de medicação da dor quando o paciente aperta um botão. Um tempo de bloqueio é programado por segurança, evitando que o paciente receba quantidades exageradas do fármaco. A ACP tem sido associada ao uso bombas de infusão eletrônica, específicas para este fim, que possibilitam infusão contínua e, nas situações de exacerbação da dor, o doente aciona dispositivo do sistema que libera dose de analgésico suplementar. A Analgesia controlada pelo paciente está indicada nas cirurgias grandes e naquelas em que sabidamente a dor pós- operatória é maior, entretanto pode ser usada em procedimentos menores quando a sensibilidade física e emocional do paciente à dor é maior. A simples sensação de estar com o controle da administração é suficiente para diminuir a ansiedade e consequentemente a quantidade de analgésicos utilizados. ➢ Opioides Através da ligação a receptores no sistema nervoso central, os opioides modulam o processo nociceptivo.Opioides fortes são ideais para dor moderada a grave e para a dor que é constante em frequência. Ex: morfina, hidromorfona, fentanil e meperidina. Agentes opioides fracos são adequados para dor leve a moderada que é intermitente. Ex: hidrocodona e codeína – em geral são combinados com aspirina ou acetaminofeno (paracetamol). O tramadol é um analgésico não opioide, mas possui alguns efeitos semelhantes. É um agente de ação central administrado também por via oral, para dor leve a moderada. ➢ AINEs As drogas anti-inflamatórias não esteroidais são componentes importantes da analgesia perioperatória que, quando utilizados como uma parte do regime analgésico, reduzem a dor e podem diminuir o consumo de opioides. As prostaglandinas são potentes mediadores da dor, que agem diretamente nos nociceptores e também aumentam a sensibilidade dos mesmos. Os inibidores da COX-2 parecem oferecer analgesia semelhante (aos inibidores da COX-1) causando reduzido risco de sangramento. ➢ Analgesia neuroaxial As vias neuroaxiais de administração incluem as vias epidural e intratecal (subaracnóidea). Os agentes são administrados, quer por injeção simples no espaço epidural ou subaracnoide, quer por injeções intermitentes ou contínuas através de um cateter epidural implantado, quer pela analgesia epidural controlada pelo paciente. Agentes como opioides e anestésicos locais são administrados através da via neuroaxial para atingir analgesia. Os opioides, quando distribuídos por via neuroaxial, proporcionam analgesia pela sua ação nos receptores específicos localizados no corno dorsal da ME. Anestésicos locais, quando utilizados para analgesia neuroaxial, fornecem analgesia pelo bloqueio da condução nervosa. Para obter analgesia neuroaxial, os anestésicos locais são administrados em doses menores e concentrações mais diluídas do que aquelas necessárias par alcançar anestesia cirúrgica.
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