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Penal Seção 5 - Alegações finais

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AO DOUTO JUÍZO DA VARA CRIMINAL DA COMARCA DE CONCEIÇÃO DO AGRESTE/CE 
Processo nº 
	
JOSÉ PERCIVAL DA SILVA, já qualificado nos autos em epígrafe, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, por intermédio de seu advogado infra-assinado, nos termos do artigo 403, § 3 º do Código de Processo Penal, tempestivamente, no prazo legal, apresentar:
ALEGAÇÕES FINAIS POR MEMORIAIS
pelas razões de fato e de Direito a seguir apontadas: 
1- DOS FATOS
Segundo consta da inicial acusatória, os denunciados, sob a liderança do Acusado José Percival da Silva, que atualmente ocupa o cargo de Presidente da Câmara dos Vereadores e liderança política do Município, valendo-se da qualidade de Vereadores do Munícipio, associaram-se, em unidade de desígnios, com o fim específico de cometer crimes. 
Portanto, com o propósito supra, no dia 3 de fevereiro de 2018, na sede da Câmara dos Vereadores desta Comarca, durante uma reunião da Comissão de Finanças e Contratos da Câmara, teriam exigido do Sr. Paulo Matos, empresário sócio de uma empresa interessada em participar das contratações a serem realizadas pela Câmara de Vereadores, o pagamento de R$ 100.000,00 (cem mil reais) para que sua empresa pudesse participar de um procedimento licitatório que estava agendado para o dia seguinte.
 Por esse motivo, o Ministério Público denunciou os acusados pela prática dos crimes de associação criminosa (art. 288 do CP) e concussão (Art. 316 do CP), porém o MM. Juiz rejeitou a denúncia em relação ao crime previsto no artigo 288 do CP, recebendo-a apenas em relação ao delito de concussão (art. 316 do CP).
Não havendo diligências complementares, a audiência realizada no dia 19/10/2018 foi encerrada, com o Juiz invocando o §3º do artigo 403 do CPP para determinar a abertura de vistas sucessivas às partes para apresentação de alegações finais por meio de memoriais escritos. 
O Ministério Público, em sede de suas alegações finais, se limitou a ratificar a denúncia, requerendo a condenação dos Réus pela prática do delito de concussão. 
Após, vieram os autos para as alegações finais em forma de memoriais pela defesa.
2- DO DIREITO
2.1 – DO FLAGRANTE PREPARADO
Conforme claro entendimento pelo Supremo Tribunal Federal em Súmula 145 “Não há crime, quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua consumação.”
 Ao descrever a matéria, a Ministra do STJ Maria Thereza de Assis Moura, esclarece que "o flagrante preparado se apresenta quando existe a figura do provocador da ação dita por criminosa, que se realiza a partir da indução do fato.(HC 290.663/SP)”
Guilherme de Souza Nucci ao lecionar sobre o tema, esclarece: 
Trata-se de um arremedo de flagrante, ocorrendo quando um agente provocador induz ou instiga alguém a cometer uma infração penal, somente para assim poder prendê-la. Trata-se de crime impossível (art.17,CP), pois inviável a sua consumação. Ao mesmo tempo em que o provocador leva o provocado ao cometimento do delito, age em sentido oposto para evitar o resultado. Estando totalmente na mão do provocador, não há viabilidade para a constituição do crime." (in Código de Processo Penal Comentado, 11ª Ed., São Paulo, Ed. Revista dos Tribunais, 2012, pág. 636). 
Após breve conceituação, fica perfeitamente clara a caracterização de flagrante preparado, uma vez que os policiais prepararam a situação, para realizarem o flagrante.
Portanto, trata-se de crime impossível, uma vez que perfeitamente caracterizada a indução policial para a configuração do tipo penal, sendo a polícia o agente provocador do fato típico e a ação que induziu ao fato típico foi a ação do Delegado de polícia do Estado do Ceará, quando orientou o Sr. Paulo a sacar o valor em dinheiro e entregar aos vereadores, para que sua empresa participasse da licitação e no momento que estivesse ocorrendo a entrega a polícia efetuaria a prisão dos envolvidos
Assim, comprovada a ocorrência de flagrante preparado, resta demonstrada a ocorrência de crime impossível, conforme precedentes do STJ:
PENAL. PROCESSUAL PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. ART. 33, CAPUT, DA LEI N. 11.343/06. SUSTENTAÇÃO ORAL EM AGRAVO REGIMENTAL. IMPOSSIBILIDADE. FLAGRANTE PREPARADO. OCORRÊNCIA. ATIPICIDADE DA CONDUTA. AGRAVO REGIMENTAL PROVIDO. (...) 2. Considera-se preparado o flagrante se a atividade policial induz ao cometimento do crime. 3. Agravo regimental provido para reformar o decisum impugnado e absolver o recorrente ante a atipicidade da conduta. (AgRg no AREsp 262.294/SP, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 21/11/2017, DJe 01/12/2017)
Nesse mesmo sentido, é o posicionamento da jurisprudência:
APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO. FLAGRANTE PREPARADO. NULIDADE. PROVAS. INEXISTENTES. ABSOLVIÇÃO. 1. Nulo o flagrante preparado pela polícia, aplica-se a absolvição de xx por ausência de provas. 2. Não comprovada autoria do tráfico por parte de Guilherme, impõe-se a absolvição. Prejudicados os demais pedidos. Recursos providos. (TJ-GO - APR: 02043407120118090137, Relator: DES. IVO FAVARO, Data de Julgamento: 23/01/2018, 1A CAMARA CRIMINAL, Data de Publicação: DJ 2457 de 01/03/2018) APELAÇÃO CRIMINAL. TRÁFICO DE DROGAS. ABSOLVIÇÃO. FLAGRANTE PREPARADO. 1) Quando a situação de flagrante sofrer a intervenção de terceiros, antes da prática do crime, existe um flagrante provocado, também denominado flagrante preparado. 2) Não há crime quando o fato é preparado mediante provocação ou induzimento, direto ou por concurso, de autoridade, que o faz para fim de aprontar ou arranjar o flagrante 3) Nulo o flagrante preparado pela polícia, aplica-se a absolvição Do acusado por ausência de provas. APELO CONHECIDO E PROVIDO. (TJ-GO - APR: 679710620108090105, Relator: DES. NICOMEDES DOMINGOS BORGES, Data de Julgamento: 17/07/2018, 1A CAMARA CRIMINAL, Data de Publicação: DJ 2567 de 15/08/2018)
Assim requer a absolvição do réu por atipicidade da conduta, em razão da preparação do flagrante. Isso porque, nos termos da Súmula 145 do STF, c/c artigo 17 do Código Penal, “Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime”. 
Deste modo, não havendo crime, a conduta do Réu é atípica, devendo, pois, ser absolvido.
2.2- DA PROVA QUE O RÉU NÃO CONCORREU PARA AÇÃO PENAL
Nos termos do Art. 386, IV do Código de Processo Penal brasileiro, deverá o juiz absolver o réu sempre que restar comprovada a não participação do mesmo na infração penal.
Art. 386. O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva, desde que reconheça:
IV – estar provado que o réu não concorreu para a infração penal;
Com efeito, em audiência a testemunha do Ministério Público negou a participação de José Percival da Silva e ainda afirmou que a primeira vez que esteve com o réu foi na Sessão em que ocorreram as prisões, mas que jamais chegou a ter qualquer conversa com ele, em relação a este ou a qualquer outro assunto. E, respondendo a uma pergunta feita pela Defesa respondeu não ter como afirmar que “Zé da Farmácia” estivesse envolvido no crime de concussão praticado pelos demais réus.
Assim, inexistindo prova de autoria do crime de concussão por parte do Réu, não há como o mesmo ser condenado pelo crime.
DOS PEDIDOS
Por todo o exposto, requer que o seja o Réu absolvido por atipicidade da conduta nos termos da súmula 145 do STF, ou, alternativamente, por estar provado não ter ele concorrido para a infração penal, conforme o art. 386, inc. IV do CPP.
Nesses Termos,
Pede Deferimento.
Conceição do Agreste/CE, ___de___ de ____.
Assinatura do Advogado
Número de Inscrição na OAB

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