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CONSCIÊNCIA DO EU Consciência do “eu”: • É a propriedade psíquica através da qual o eu se faz consciente de si mesmo. Abrange o eu psíquico e o eu corporal. Consciência da existência do “eu”: • Consciência de estar vivo, de existir plenamente e de estar fisicamente presente. Consciência da atividade do “eu” (da autonomia do “eu” ou de execução do “eu”): • Consciência de que todas as nossas vivências – pensamentos, sentimentos, ações, juízos, percepções, recordações, etc – pertencem a nós e são realizadas por nós mesmos. Consciência da unidade do “eu”: • Consciência de que em determinado momento, o eu é único, inteiro e indivisível; Consciência da identidade do “eu”: • Consciência de ser o mesmo na sucessão do tempo; ex.: quando olhamos fotos antigas e temos a consciência que somos nós, mesmo com diferentes características físicas e incessantes mudanças em muitos aspectos de nossa personalidade; • Abarca a orientação autopsíquica: saber o próprio nome, idade, profissão, estado civil, endereço e etc. Consciência do limite do “eu”: • Consciência da distinção entre o eu e o não-eu, da separação entre o eu e o ambiente; • Há uma clara demarcação entre o nosso corpo e os objetos do mundo externo, e entre as nossas vivências e as das outras pessoas. ALTERAÇÕES QUANTITATIVAS: • Alterações da consciência da existência do eu; • Sensações corporais, sentimentos, recordações ou vontade, estão menos intensos. Relaciona-se à tristeza vital que ocorre na depressão grave; • Se a consciência do “eu” está abolida, o paciente afirma que não existe mais e a consciência de existência fica comprometida = delírio de negação (síndrome de Cotard), que pode aparecer na depressão grave e na esquizofrenia; • A vitalidade diminuída pode levar a suicídios; • Se a consciência do “eu” está aumentada há exacerbação do sentimento de vitalidade: ocorre na mania. ALTERAÇÕES QUALITATIVAS: • Alterações da consciência da atividade do “eu”: ◦ O paciente torna-se observador passivo de suas vivências psíquicas, as quais não reconhece como próprias; ◦ O que pensa, sente, faz ou quer é imposto ou controlado por outra pessoa, ou por forças externas (como ocorre no delírio de influência próprio da esquizofrenia); ◦ Há a imposição do pensamento, roubo do pensamento, que também ocorre na esquizofrenia. • Alterações da consciência da unidade do “eu”: ◦ O indivíduo vivencia uma divisão do o seu “eu”, as quais existem simultaneamente, porém de modo conflituoso, ou então ele sente ser duas ou mais pessoas ao mesmo tempo; ◦ Ocorre na esquizofrenia e eventualmente na intoxicação por alucinógenos e quando o paciente bipolar estiver em uma crise de mania franca grave, na perspectiva do delírio de grandeza; ◦ Transtorno esquizo afetivo: quando o paciente bipolar está em crise de mania franca e apresenta sintomas de esquizofrenia. PriscilaBehrens Psicopatologia • Alterações da consciência da identidade do “eu”: ◦ O paciente vivencia uma profunda transformação de sua personalidade ou do seu corpo. Sente-se como se não fosse mais a mesma pessoa. Ex.: um paciente que chama-se João, mas só atende por José; ◦ Ocorre na esquizofrenia, na depressão grave, na síndrome de pânico com despersonalização, no estado crepuscular epiléptico, na intoxicação por alucinógenos e na dissociação histérica. • Alterações da consciência dos limites do “eu”: ◦ Ocorre uma fusão do “eu” com o mundo externo. Ex.: pacientes esquizofrênicos, quando questionados em algo, se recusam a responder por entender que os outros conseguem ler seus pensamentos. ◦ Ocorrem na esquizofrenia, na intoxicação por alucinógenos e nos estados de êxtase místicos (ex.: quando Jesus disse “Eu e o Pai somos um”); ◦ Estados de êxtase místicos não são considerados patológicos. DESPERSONALIZAÇÃO: • É uma síndrome em que ocorre a alteração da consciência do “eu” de um modo geral; • Há um estado de perplexidade em relação ao próprio “eu”, um estado no qual as vivências de transformação do “eu” se acompanham de sentimentos de estranheza, de não familiaridade, de irrealidade em relação a si mesmo; • Pode estar associada à desrealização, quando estes mesmos sentimentos estão relacionados ao mundo externo; • Em pacientes com síndrome do pânico, é um sintoma temporário em crises. Já em pacientes psicóticos apresenta-se de forma crônica. EXAME DA CONSCIÊNCIA DO “EU”: • A coleta dos dados de identificação do paciente já aponta para consciência do “eu” normal ou não; • Fáscies de perplexidade podem indicar que está vivenciando uma síndrome de despersonalização; • Paciente que se olha com frequência no espelho ou se recusa a olhar mas apresenta agitação, pode indicar que está a verificar se o seu rosto, sua imagem está se modificando; • Se o paciente acha que o seu pensamento está sendo divulgado, pode se negar a responder as perguntas do examinador. NEUROCIÊNCIAS: • O lobo parietal (frontal) tem importante papel na consciência do “eu”. • No córtex sensorial primário, no giro pós- central, no lobo parietal anterior, existe um mapa da representação neural que é contralateral do corpo; • O lobo parietal posterior integra as informações das áreas sensoriais e dos sistemas visual e auditivo; • Caso algum desses locais do cérebro possuam uma disfunção ou trauma, pode afetar a consciência do “eu”. Priscila de A. C. Behrens Transcrição Psicopatologia 2020.1
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