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Estomatopatologia Maria Luiza Menezes NEOPLASIAS ODONTOGÊNICAS Classificação: Tumores epiteliais: ‐ Ameloblastoma ‐ Tumor odontogênico adenomatóide ‐ Fibroma ameloblástico Tumores mesenquimais / ectomesenquimais: ‐ Mixoma ‐ Fibroma odontogênico Tumores mistos: ‐ Odontoma (fibro-odontoma ameloblástico; ‐ Tumor odontogênico primordial; AMELOBLASTOMA Conceito: ‐ Os ameloblastomas são tumores de origem no epitélio-odontogênico. Teoricamente, eles podem surgir dos restos da lâmina dentária, de um órgão do esmalte em desenvolvimento, do revestimento epitelial de um cisto odontogênico, ou das células basais da mucosa oral; ‐ Os ameloblastomas são tumores de crescimento lento, localmente invasivos, que apresentam um curso benigno na maior parte dos casos; ‐ Eles têm sido descritos como possuindo três diferentes apresentações clínico-radiográficas: SÓLIDO CONVENCIONAL: 75% DOS CASOS Características clínicas e radiográficas: ‐ 80% a 85% dos ameloblastomas convencionais ocorrem na mandíbula, com mais frequência na região de corpo e ramo; ‐ O tumor costuma ser assintomático e lesões menores são detectadas somente durante o exame radiográfica; ‐ A apresentação clínica usual é de um aumento de volume indolor ou expansão dos ossos gnáticos; ‐ Radiograficamente: lesão radiolúcida multilocular descrita como “bolhas de sabão” (quando as loculações radiolúcidas são grandes) ou “favos de mel” (quando as loculações são pequenas) Características histopatológicas: Folicular: ‐ Ilhas de epitélio lembram o epitélio do órgão do esmalte em meio a um estroma maduro de tecido conjuntivo fibroso; ‐ Os ninhos epiteliais consistem em uma região central de células angulares arranjadas frouxamente, lembrando o retículo estrelado de um órgão do esmalte; ‐ Uma única camada de células colunares altas, semelhantes a ameloblastos, rodeiam essa região central; o núcleo dessas células está localizado no polo oposto à membrana basal (polaridade reversa); Estomatopatologia Maria Luiza Menezes ‐ Em outras áreas, as células da periferia podem se mostrar mais cuboides, assemelhando-se a células basais; Múltiplas ilhas de epitélio odontogênico exibindo diferenciação colunar periférica com polarização invertida. As zonas centrais lembram o retículo estrelado do esmalte e exibem focos de degeneração cística. Essa fotomicrografia de grande aumento destaca o aspecto de polarização invertida das células colunares periféricas. Plexiforme: ‐ Consiste em cordões longos e anastomosados ou lençóis maiores de epitélio odontogênico; ‐ Os cordões ou lençóis de epitélio são delimitados por células colunares ou cúbicas, semelhantes a ameloblastos, circundando as células epiteliais arranjadas mais frouxamente; Cordões anastomosados de epitélio odontogênico. Acantomatoso: ‐ Ocorre metaplasia escamosa, frequentemente associada à formação de queratina, nas regiões centrais das ilhas epiteliais de um ameloblastoma folicular; UNICÍSTICO Características clínicas e radiográficas: ‐ 90% dos ameloblastomas unicísticos são encontrados na mandíbula, usualmente nas regiões posteriores; ‐ A lesão costuma ser assintomática, apesar de grandes lesões poderem causar um aumento de volume indolor nos ossos gnáticos; ‐ Radiologicamente: aparece como uma imagem radiolúcida circunscrita que envolve a coroa de um terceiro molar inferior não erupcionado, lembrando, clinicamente, um cisto dentígero; Características histopatológicas: ‐ Parede cística fibrosa com um revestimento composto total ou parcialmente por epitélio ameloblástico, tal epitélio exibe uma camada basal de células colunares ou cúbicas com núcleo hipercromático, que apresenta polaridade reversa e vacuolização citoplasmática basilar; ‐ As células epiteliais sobrejacentes estão frouxamente coesas e lembram o retículo estrelado; Estomatopatologia Maria Luiza Menezes O cisto é revestido por epitélio ameloblástico que exibe uma camada basal hipercromática e polarizada. As células epiteliais sobrejacentes estão frouxamente conectadas e lembram o retículo estrelado. PERIFÉRICO Características clínicas e radiográficas: ‐ É uma lesão incomum, extra óssea; ‐ Geralmente é uma lesão indolor, não ulcerada, séssil ou pediculada, que acomete a mucosa gengival ou alveolar; Características histopatológicas: ‐ Apresenta ilhas de epitélio ameloblástico que ocupam a lâmina própria sob o epitélio superficial; ‐ O epitélio em proliferação pode exibir qualquer uma das características descritas para o ameloblastoma intraósseo; os padrões plexiforme ou folicular são os mais comuns; Cordões de epitélio ameloblástico que se interconectam ocupando a lâmina própria. TUMOR ODONTOGÊNICO ADENOMATÓIDE Etiologia: ‐ As células tumorais são derivadas do epitélio do órgão do esmalte, do epitélio reduzido do esmalte, e dos restos de Malassez, porém, pesquisadores também sugerem que a lesão surja dos remanescentes da lâmina dentária associados a cordões gubernacular; Características clínicas e radiográficas: ‐ São em geral assintomáticos, sendo descobertos apenas durante o curso de um exame radiográfico de rotina, ou quando se solicitam radiografias para determinar a razão pela qual um dente ainda não erupcionou; ‐ As lesões maiores causam expansão indolor do osso; ‐ Radiograficamente: lesão radiolúcida circunscrita, unilocular, que envolve a coroa de um dente não erupcionado, sendo mais usual o canino. Características histopatológicas: ‐ Proliferação de epitélio odontogênico formando lençóis ou ilhas e estruturas que lembram ductos de glândulas, apresentando material mineralizado em seu interior. Revestido por cápsula conjuntivo fibrosa. Estomatopatologia Maria Luiza Menezes Aumento maior mostrando as estruturas epiteliais semelhantes a ductos. Os núcleos das células colunares estão polarizados em direção oposta aos espaços centrais. ‐ Pequenos focos de calcificação também podem estar dispersos por todo o tumor; MIXOMA Conceito: ‐ Acredita-se que os mixomas dos ossos gnáticos se originem do ectomesênquima odontogênico; ‐ Eles exibem uma grande semelhança microscópica com a porção mesenquimal de um dente em desenvolvimento; Características clinicas e radiográficas: ‐ O tumor pode ser encontrado em praticamente qualquer região dos ossos gnáticos, e a mandíbula é acometida de modo mais comum do que a maxila; ‐ Lesões menores podem ser assintomáticas e são descobertas apenas durante um exame radiográfico de rotina, lesões maiores estão associadas à expansão indolor do osso envolvido; ‐ Em alguns casos, o crescimento clínico do tumor pode ser rápido, o que provavelmente está relacionado ao acúmulo de substância fundamental mixoide no tumor; ‐ Radiograficamente, o mixoma se apresenta como uma lesão radiolúcida uni ou multilocular, que pode deslocar ou causar a reabsorção dos dentes na região do tumor, as margens da lesão são em geral irregulares ou festonadas; Características histopatológicas: ‐ Proliferação de células fusiformes de aspecto estrelar distribuídas no estroma de tecido conjuntivo frouxo; Um tumor frouxo, mixomatoso, pode ser visto preenchendo os espaços medulares entre as trabéculas ósseas. O detalhe mostra as células de forma estrelada e as finas fibrilas colágenas FIBROMA ODONTOGÊNICO Conceito: ‐ Os aumentos de volume fibrosos sólidos, que quase sempre estavam associados à coroa de um dente não erupcionado; ‐ Folículos dentários hiperplásicos; Características clinicas e radiográficas: ‐ A maxila e a mandíbula são acometidas quase igualmente, com a maioria das lesões maxilares localizadas em região anterior ao primeiro molar; ‐ Fibromas odontogênicos menores em geral sãoassintomáticos por completo; lesões maiores podem estar associadas à expansão óssea localizada ou à mobilidade dental; ‐ O curioso é que a mucosa palatina que recobre o tumor, às vezes, pode apresentar um defeito ou sulco; ‐ Radiograficamente, os pequenos fibromas odontogênicos tendem a ser lesões bem definidas, uniloculares, radiolúcidas, em geral associadas à região perirradicular de dentes erupcionados; lesões maiores tendem a apresentar imagens radiolúcidas multiloculares; ‐ A reabsorção radicular de um dente associado é comum e as lesões localizadas entre os dentes frequentemente causam divergência de suas raízes; Estomatopatologia Maria Luiza Menezes Características histopatológicas: ‐ Proliferação de tecido conjuntivo denso maduro (fibras colágenas); ‐ Presença de cordões ou ilhas de epitélio odontogênico; ‐ Jovem: fibroblastos; Fibroblastos dispersos em um estroma colagenoso. Uma lesão fibroblástica celularizada contendo cordões estreitos de epitélio odontogênico. ODONTOMA Conceito: ‐ Os odontomas são considerados como distúrbios de desenvolvimento (hamartomas), em vez de neoplasias verdadeiras. Quando totalmente desenvolvidos, os odontomas consistem principalmente em esmalte e dentina, com quantidades variáveis de polpa e cemento. Características clinicas e radiográficas: ‐ A maioria dessas lesões é completamente assintomática, sendo descobertas durante o exame radiográfico de rotina ou quando são realizadas radiografias para determinar o motivo pelo qual um dente ainda não erupcionou; ‐ Os odontomas são lesões relativamente pequenas, sendo raro excederem o tamanho de um dente da região onde eles estão localizados. ‐ Os achados radiográficos costumam ser diagnósticos e o odontoma composto raramente é confundido com outra lesão; ‐ Um odontoma em desenvolvimento pode mostrar pouca evidência de calcificação e aparecer com uma lesão radiolúcida circunscrita; ‐ Um odontoma complexo, entretanto, pode ser confundido nas radiografias com um osteoma ou alguma outra lesão óssea altamente calcificada. Características histopatológicas: ‐ Proliferação de tecido mineralizado que lembra dentina e tecido conjuntivo que lembra polpa; FIBROMA AMELOBLÁSTICO Conceito: ‐ Tumor misto verdadeira, onde tanto o tecido epitelial quanto o mesenquimal são neoplásicos; Características clinicas e radiográficas: ‐ Os fibromas ameloblásticos pequenos são assintomáticos; tumores maiores estão associados a aumento de volume nos ossos gnáticos; ‐ A região posterior da mandíbula é o sítio mais comum; ‐ Radiologicamente, a lesão radiolúcida uni ou multilocular, com as lesões menores tendendo a ser uniloculares, as margens radiográficas tendem a ser bem definidas e podem demonstrar corticais; ‐ Um dente não erupcionado está associado à lesão em cerca de 75% dos casos; Estomatopatologia Maria Luiza Menezes Características histopatológicas: ‐ Proliferação (às custas de fibroblastos) de tecido conjuntivo jovem ou celularizado e epitélio odontogênico em forma de cordões ou ilhas. Cordões longos e estreitos de epitélio odontogênico em um estroma de tecido conjuntivo primitivo ricamente celularizado. Ilhas epiteliais basofílicas com núcleo periférico paliçado. FIBRO-ODONTOMA AMELOBLÁSTICO Conceito: ‐ Tumor com características gerais de um fibroma ameloblástico, mas que também contém esmalte e dentina; ‐ Alguns pesquisadores acreditam que o fibroma ameloblástico seja somente um estágio no desenvolvimento de um odontoma e não o consideram uma entidade separada; Características clinicas e radiográficas: ‐ São mais frequentes nas regiões posteriores dos ossos gnáticos e, na maioria dos casos, ocorrendo na mandíbula; ‐ A lesão é comumente assintomática e é descoberta quando são realizadas radiografias para determinar a razão pela falha de erupção de um dente; ‐ Grandes lesões podem estar associadas ao aumento de volume indolor do osso afetado; ‐ Radiograficamente, o tumor mostra uma imagem radiolúcida unilocular ou, raramente multilocular, bem-circunscrito, que contém uma quantidade variável de material calcificado, com radiodensidade compatível com a estrutura dentária, o material calcificado dentro da lesão pode se apresentar como múltiplas áreas radiopacas pequenas, ou como uma massa calcificada; Características histopatológicas: ‐ Proliferação (às custas de fibroblastos) de tecido conjuntivo jovem ou celularizado e epitélio odontogênico em forma de cordões ou ilhas, além de material mineralizado que lembra dentina; O componente de tecido mole do tumor é indistinguível de um fibroma ameloblástico. Formação de estruturas dentárias desorganizadas podem ser vistas.
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