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1 www.g7juridico.com.br MAGISTRATURA E MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAIS Renato Brasileiro de Lima Direito Processual Penal Aula 11 ROTEIRO DE AULA MEDIDAS CAUTELARES DE NATUREZA PESSOAL II 3. PRISÃO. 3.1. Conceito. Trata-se da privação da liberdade de locomoção com recolhimento da pessoa ao cárcere, seja em virtude de flagrante delito, ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente, seja em face de transgressão militar ou crime propriamente militar. 4. Prisão Penal (carcer ad poenam). É aquela que resulta de sentença condenatória transitada em julgado - doutrina majoritária -. À luz do princípio constitucional da presunção de inocência, deve o acusado ser presumido inocente e tratado como tal até o trânsito em julgado de sentença condenatória. Não obstante, o STF (HC 126.292 e demais decisões já citadas em aulas anteriores) passou a entender que não mais se faz necessário o trânsito em julgado da decisão condenatória. Prisão penal, portanto, é aquela que resulta do esgotamento dos recursos junto aos tribunais de apelação - TJ e TRF -. 5. Prisão Cautelar (carcer ad custodiam). Conceito: decretada antes do trânsito em julgado de sentença condenatória com objetivo de assegurar a eficácia do processo. - doutrina majoritária - De acordo com o novo entendimento do STF, prisão cautelar é aquela decretada antes do esgotamento da via recursal nos tribunais de apelação, com objetivo de assegurar a eficácia do processo. Compatibilidade da prisão cautelar com o princípio da presunção de inocência. A prisão cautelar é plenamente compatível com o princípio da presunção de inocência, desde que adotada a título excepcional - ultima ratio -, quando efetivamente necessária - princípio da necessidade para alguns -, e mediante autorização fundamentada do juiz competente - princípio tácito da individualização da prisão cautelar -. MariliaGS Máquina de escrever Alguns doutrinadores usam a terminologia prisão provisória ou processual. MariliaGS Máquina de escrever A prisão cautelar não pode ser decretada para atender aos anseios da mídia, da população ou tão somente por conta da gravidade em abstrato do delito. Só pode ser decretada quando se mostrar efetivamente necessária para resguardar a eficácia do processo. Ex.: cidadão está praticando testemunhas; cidadão voltou a praticar crimes; cidadão acaba de comprar passaporte falso, etc. MariliaGS Máquina de escrever É compatível pq tanto o princípio da presunção de inocência como a prisão cautelar estão na mesma Constituição. Só há requisitos: 2 www.g7juridico.com.br 5.1. Espécies de Prisão Cautelar. a) Prisão em flagrante;* Alguns doutrinadores entendem que a prisão em flagrante é espécie de prisão cautelar; outros, uma medida pré-cautelar. b) Prisão preventiva; c) Prisão temporária. Obs.: Prisão resultante de pronúncia e prisão resultante de sentença condenatória recorrível não mais existem como espécies de prisão cautelar. Isto é, não é mais aceitável o recolhimento à prisão como efeito automático dessas decisões, apenas porque o acusado não tem bons antecedentes ou é reincidente. Se necessária, a decretação deve ocorrer como modalidade de prisão preventiva. CPP Art. 283. Ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente, em decorrência de sentença condenatória transitada em julgado - doutrina majoritária - ou, no curso da investigação ou do processo, em virtude de prisão temporária ou prisão preventiva (redação dada pela Lei n. 12.403/11). Nas ADC’s 43 e 44, o STF entendeu que esse artigo 283 teria sido tacitamente revogado pelo novo CPC - norma posterior -, o qual não prevê efeito suspensivo aos recursos extraordinários, como regra. Logo, basta um acórdão condenatório de segunda instância para que o acusado seja submetido a uma prisão penal. 6. PRISÃO EM FLAGRANTE. 6.1. Conceito. É uma medida de autodefesa - autotutela - da sociedade, caracterizada pela privação da liberdade de locomoção daquele que é surpreendido em situação de flagrância - artigo 302 do CPP -, a ser executada independentemente de prévia autorização judicial. Previsão legal: CF/88 Art. 5º (...) LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei; 6.2. Espécies de Prisão em Flagrante. a) Flagrante obrigatório/coercitivo: Esta espécie de flagrante aplica-se às autoridades policiais e a seus agentes, em função do dever de agir que lhes é atribuído. Apesar da divergência existente, prevalece que esse dever perdura em período integral, não se restringindo ao horário de trabalho. No caso concreto, deve ser analisado o dever de agir e também o poder de agir. Observe-se que a autoridade policial, no momento da prisão em flagrante, está acobertada pela excludente da ilicitude do estrito cumprimento do dever legal. b) Flagrante facultativo: É o flagrante realizado por qualquer do povo, para o qual incide a excludente da ilicitude do exercício regular de direito. MARCIO LIMA DA CUNHA - 05308192790 MariliaGS Máquina de escrever Bancas mais tradicionais como MP/SP e TJ/DF entendem ainda como espécie de cautelar. Já bancas mais modernas como MP/MG ou MP/DF tem a flagrante como medida pré-cautelar. MariliaGS Máquina de escrever Flagrante significa que está queimando, que está ardendo. É preciso conhecer o art. 302 do CPP que vai dizer quando a pessoa estará em situação de flagrância. Diversamente da preventiva e da temporária a flagrante pode ser executada sem prévia autorização judicial. Lembre-se do que foi dito: o controle jurisdicional da prisão em flagrante se dá a posteriori. MariliaGS Máquina de escrever Ex.: policial num posto com a esposa e filho e chegaram 4 indivíduos para assaltar. Ele tem o dever de agir, mas não tinha como fazê-lo. 3 www.g7juridico.com.br CPP Art. 301. Qualquer do povo poderá e as autoridades policiais e seus agentes deverão prender quem quer que seja encontrado em flagrante delito. CPP Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem: I. está cometendo a infração penal; II. acaba de cometê-la; III. é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração; IV. é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da infração. c) Flagrante próprio/perfeito/real/verdadeiro: - artigo 302, incisos I e II, do CPP -. No inciso I deve ser verificado se o indivíduo está praticando atos executórios, pois, nas fases de cogitação e preparação, seus atos não são puníveis, ao menos em regra. d) Flagrante impróprio/ irreal/ imperfeito/quase flagrante: - artigo 302, inciso III, do CPP -. Logo após é o lapso temporal entre o acionamento da polícia, seu comparecimento ao local e a colheita de informações quanto à vítima. CPP Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem: (...) III - é perseguido - sem interrupção -, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração; CPP Art. 290. Se o réu, sendo perseguido, passar ao território de outro município ou comarca, o executor poderá efetuar-lhe a prisão no lugar onde o alcançar, apresentando-o imediatamente à autoridade local, que, depois de lavrado, se for o caso, o auto de flagrante, providenciará para a remoção do preso. (...) § 1º. Entender-se-á que o executor vai em perseguição do réu, quando: a) tendo-o avistado, for perseguindo-o sem interrupção, embora depois o tenha perdido de vista; b) sabendo, por indícios ou informações fidedignas, que o réu tenha passado, há pouco tempo, em tal ou qual direção,pelo lugar em que o procure, for no seu encalço. e) Flagrante ficto/assimilado: - artigo 302, inciso IV, do CPP -. Nessa espécie de flagrante não há necessidade de perseguição. Exige a lei que o indivíduo seja encontrado com os objetos respectivos, podendo inclusive ser fortuito/casual. Note-se que logo após em nada se difere do logo depois, sendo expressões sinônimas para o Professor Renato Brasileiro de Lima. MARCIO LIMA DA CUNHA - 05308192790 MariliaGS Máquina de escrever “Está cometendo” é o que é mais cobrado. Dois corintianos, após o time perder estão embaixo de uma árvore em frente a um posto de gasolina prestes a assaltar. Lembrar do conceito de iter criminis e das fases de cogitação, preparação, execução e consumação. A cogitação não é punível. A preparação também não é punível, salvo se houver alguma figura típica específica, como, por exemplo, pretextos para falsificação de moeda ou associação criminosa. Deve ser analisado é se o indivíduo entrou em atos executórios. No exemplo, ninguém tem dúvidas que vão assaltar, mas eles ainda não entraram nos atos executórios. MariliaGS Destacar MariliaGS Máquina de escrever Vamos entender melhor essa perseguição no próprio código, artigo 290. MariliaGS Máquina de escrever O mais importante é que a perseguição se dê sem interrupção. Até para tirar de cena aquele censo comum e errado de que o flagrante dura 24 horas, qdo pode durar mais que isso. E isso não é só em filme americano. No Brasil isso tem acontecido muito: assaltos no interior do país. Em alguns casos a polícia tem dado início a perseguições que duram horas e horas, quiçá, até mesmo, dias. Pode haver a prisão em flagrante desde que a perseguição seja ininterrupta. MariliaGS Máquina de escrever Essa perseguição deve ter início quando? Logo após. A lei não conceitua, mas você pode entender como o lapso temporal entre o acionamento da polícia, seu comparecimento ao local e colheita de informações quanto à vítima. 4 www.g7juridico.com.br CPP Art. 302 (...) IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da infração. f) Flagrante preparado/provocado: - crime de ensaio ou delito putativo por obra do agente provocador - Dois são os requisitos necessários a sua configuração: i. indução à prática do delito pelo agente provocador, que pode ser um particular ou um policial; ii. adoção de precauções para que o delito não atinja a consumação. E, segundo a doutrina, há na hipótese a ocorrência de crime impossível, em função da ineficácia absoluta dos meios. Logo, a prisão dele resultante é ilegal, devendo ser relaxada. Súmula n. 145 do STF: “Não há crime quando a preparação do flagrante pela polícia - ou particular - torna impossível a sua consumação”. g) Flagrante esperado: Inexiste aqui a figura do agente provocador. Na verdade, há ciência antecipada pela autoridade policial de que um delito será cometido. A prisão, portanto, é legal. - Venda simulada de drogas: Quanto ao verbo vender, há flagrante preparado, diante da indução à venda no mesmo instante em que precauções foram tomadas para que a venda não se consumasse. Não obstante, o tráfico de drogas é crime de ação múltipla, de conteúdo variado, podendo o acusado ser preso pelas condutas anteriores de trazer consigo, guardar, ter em depósito etc. h) Flagrante retardado/diferido/ação controlada: É o retardamento da intervenção policial para que ocorra no momento mais oportuno sob o ponto de vista da colheita de provas Lei n. 9.613/98 Art. 4º-B. A ordem de prisão de pessoas ou as medidas assecuratórias de bens, direitos ou valores poderão ser suspensas pelo juiz, ouvido o Ministério Público, quando a sua execução imediata puder comprometer as investigações. (artigo acrescentado pela Lei n.12.683/12). Lei n. 11.343/06 Art. 53. Em qualquer fase da persecução criminal relativa aos crimes previstos nesta Lei, são permitidos, além dos previstos em lei, mediante autorização judicial e ouvido o Ministério Público, os seguintes procedimentos investigatórios: (...) (...) II - a não-atuação policial sobre os portadores de drogas, seus precursores químicos ou outros produtos utilizados em sua produção, que se encontrem no território brasileiro, com a finalidade de identificar e responsabilizar maior número de integrantes de operações de tráfico e distribuição, sem prejuízo da ação penal cabível. Parágrafo único. Na hipótese do inciso II deste artigo, a autorização será concedida desde que sejam conhecidos o itinerário provável e a identificação dos agentes do delito ou de colaboradores. MARCIO LIMA DA CUNHA - 05308192790 MariliaGS Máquina de escrever Principal exemplo desse flagrante é a polícia fazer uma blitz e encontrar o indivíduo com os objetos do crime. MariliaGS Máquina de escrever Exemplo de agente provocador sendo particular.: filmar escondido babá e pegar ela roubando dinheiro que ele deixou à vista. MariliaGS Máquina de escrever Policial que finge ser alguém interessado e pede para comprar maconha. Na hora que o agente abre a mochila o policial o prende em flagrante. Quanto ao verbo vender, é flagrante preparado, porque houve a indução à venda ao mesmo tempo em que precauções foram adotadas para que a ação não se consumasse. Porém o tráfico é crime de ação múltipla. Ele não será preso e denunciado pelo verbo vender. Será denunciado pelos demais verbos que praticou. MariliaGS Máquina de escrever Esse tema será melhor estudado na parte do curso de legislação especial (Lei 12.850/13 - Lei das organizações criminosas). O flagrante preparado está presente em 3 leis especiais: MariliaGS Máquina de escrever Aqui a ação controlada vale não apenas sobre prisão, mas também sob medidas assecuratórias como sequestro, apreensão e assim por diante. Poderão ser suspensas pelo juiz. Cuidado porque na lei de lavagem de capitais a ação controlada pressupõe prévia autorização judicial. MariliaGS Máquina de escrever À semelhança da Lei de lavagem de capitais, percebam que a ação controlada na lei de drogas também prevê autorização judicial. MariliaGS Máquina de escrever Lei de lavagem de capitais MariliaGS Máquina de escrever Lei de drogas 5 www.g7juridico.com.br Lei n. 12.850/13 Art. 8º. Consiste a ação controlada em retardar a intervenção policial ou administrativa - Ex.: investigação conduzida pelo Ministério Público - relativa à ação praticada por organização criminosa ou a ela vinculada, desde que mantida sob observação e acompanhamento para que a medida legal se concretize no momento mais eficaz à formação de provas e obtenção de informações. § 1º. O retardamento da intervenção policial ou administrativa será previamente comunicado ao juiz competente que, se for o caso, estabelecerá os seus limites e comunicará ao Ministério Público. (...) § 2º. A comunicação será sigilosamente distribuída de forma a não conter informações que possam indicar a operação a ser efetuada. § 3º. Até o encerramento da diligência, o acesso aos autos será restrito ao juiz, ao Ministério Público e ao delegado de polícia, como forma de garantir o êxito das investigações. § 4º. Ao término da diligência, elaborar-se-á auto circunstanciado acerca da ação controlada. Atenção: Segundo grande parte da doutrina, na Lei n. 12.850/13, ao contrário das duas leis anteriormente citadas, não há necessidade de prévia autorização judicial, bastando mera comunicação. - Entrega vigiada: É a técnica que permite que remessas ilícitas ou suspeitas de drogas, ou de outros produtos ilícitos, saiam do território de um país com o conhecimento e sob o controle das autoridades competentes, com a finalidadede investigar infrações e identificar os demais coautores e participes (Convenção de Palermo). Apontada por alguns doutrinadores como espécie de ação controlada. 6.3. Flagrante nas Várias Espécies de Crimes. a) Crimes permanentes: De acordo com Francisco de Assis Toledo, crime permanente é aquele cuja consumação se prolonga no tempo e, durante todo esse período, o agente detém o poder de fazer cessar a execução do delito. Ex.: artigo 159 do CP, artigo 33 da Lei de Drogas quanto aos verbos guardar, trazer consigo etc. CPP Art. 303. Nas infrações permanentes, entende-se o agente em flagrante delito enquanto não cessar a permanência. Logo, é permitida a violação do domicílio enquanto não cessada a permanência. E, segundo o STF e o STJ, para que isso ocorra se faz necessária a existência de uma causa provável, isto é, demonstração de elementos indicando que no interior daquele domicílio havia um crime permanente em curso. Caso contrário, configurado está o crime de abuso de autoridade. Crimes habituais: Habituais são aqueles delitos cuja tipificação requer a prática reiterada de determinados atos. De acordo com a maioria da doutrina, não é possível a prisão em flagrante, pois, enquanto o crime demanda a reiteração da conduta, a prisão em flagrante ocorre em um momento isolado, não sendo possível demonstrar nesse momento único que a conduta vinha sendo praticada de forma reiterada. Para o Professor Renato Brasileiro de Lima, cada caso deve ser analisado em concreto. Ex.: consultório médico lotado de pacientes, com agenda demonstrando que as consultas vêm ocorrendo há vários meses etc. MARCIO LIMA DA CUNHA - 05308192790 MariliaGS Máquina de escrever Lei das organizações criminosas MariliaGS Máquina de escrever Ao contrário das leis anteriores a lei das organizações prevê o retardamento não apenas da intervenção policial, mas também administrativa. O melhor exemplo disso é uma investigação conduzida pelo MP. MariliaGS Destacar MariliaGS Máquina de escrever Quem comunica, não está pedindo autorização judicial. MariliaGS Máquina de escrever (extorão mediante sequestro) MariliaGS Máquina de escrever Ex: exercício ilegal da medicina. 6 www.g7juridico.com.br CP Art. 282 - Exercer, ainda que a título gratuito, a profissão de médico, dentista ou farmacêutico, sem autorização legal ou excedendo-lhe os limites: Pena - detenção, de seis meses a dois anos. Parágrafo único - Se o crime é praticado com o fim de lucro, aplica-se também multa. b) crimes de ação penal privada - ex.: crimes contra a honra - /ação penal pública condicionada a representação - ex.: crime de estupro -; É cabível prisão em flagrante nesses delitos, devendo ser colhida manifestação da vítima acerca de seu interesse na persecução penal. A doutrina assevera que a vítima pode se manifestar no prazo de até 24 horas após a captura, prazo para que a autoridade policial lavre o auto de prisão em flagrante. 6.4. Uso de algemas. Em obediência à Súmula vinculante n. 11, o uso de algemas é medida excepcional somente permitida quando da existência de risco de fuga ou risco de agressão contra os presos, contra policiais ou contra si mesmo. Mais, quando algemado, a excepcionalidade deve ser justificada por escrito. Súmula vinculante 11: “Só é lícito o uso de algemas em caso de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado”. - atenção para a Lei n. 13.434/17: acrescentou um parágrafo único ao art. 292 do CPP para vedar o uso de algemas em mulheres grávidas durante o parto e em mulheres durante a fase do puerpério imediato; “Art. 292. ................................................................... Parágrafo único. É vedado o uso de algemas em mulheres grávidas durante os atos médico-hospitalares preparatórios para a realização do parto e durante o trabalho de parto, bem como em mulheres durante o período de puerpério imediato.” (NR) 6.5. Convalidação Judicial da prisão em flagrante. Corresponde ao procedimento a ser adotado pelo juiz quando do recebimento de cópia do auto de prisão em flagrante, o que geralmente ocorre por ocasião da realização da audiência de custódia. CPP Art. 310. Ao receber o auto de prisão em flagrante, o juiz deverá fundamentadamente: I. relaxar a prisão ilegal; ou II. converter a prisão em flagrante em preventiva, quando presentes os requisitos constantes do art. 312 deste Código, e se revelarem inadequadas ou insuficientes as medidas cautelares diversas da prisão; ou Art. 310. (...) (...) III. conceder liberdade provisória, com ou sem fiança. MARCIO LIMA DA CUNHA - 05308192790 MariliaGS Máquina de escrever Se observar os exemplos, é óbvio que cabe flagrante. Vc não faria flagrante de um crime de estupro?! 7 www.g7juridico.com.br CPP Art. 310. (...) Parágrafo único. Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em flagrante, que o agente praticou o fato nas condições constantes dos incisos I a III do caput do art. 23 do Código Penal, poderá, fundamentadamente, conceder ao acusado liberdade provisória, mediante termo de comparecimento a todos os atos processuais, sob pena de revogação. a) Relaxamento da prisão em flagrante ilegal: A prisão em flagrante será considerada ilegal e consequentemente relaxada em duas situações diversas: inexistência de situação de flagrância e inobservância das formalidades constitucionais e/ou legais. CF/88 Art. 5º (…) LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária; - Hipóteses em que deve ser reconhecida a ilegalidade da prisão em flagrante: a) Inexistência de situação de flagrância: Ex.: flagrante preparado/crime impossível. b) Inobservância das formalidades constitucionais e/ou legais: A prisão em flagrante é executada sem prévia autorização judicial, motivo pelo qual a CRFB/88 a cerca de inúmeras formalidades essenciais a sua regularidade. CF/88 Art. 5º (...) LXII. a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada; LXIII. o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado; LXIV. o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório policial; b) Conversão da prisão em flagrante em prisão preventiva: A conversão da prisão em flagrante pode se dar não apenas em prisão preventiva, mas também em prisão temporária, observados os requisitos autorizadores da Lei n. 7.960/1989. Questiona-se: Pode a conversão ser realizada de ofício pelo juiz ou há necessidade de provocação pelo delegado de polícia ou pelo membro do Ministério Público? Segundo a doutrina, essa conversão não pode ser feita ex officio, sob pena de violação da imparcialidade e do próprio sistema acusatório. Já os tribunais superiores vêm entendendo que essa conversão pode ser realizada de ofício, sob o argumento de que o recebimento do auto de prisão em flagrante pelo juiz constitui uma provocação. CPP Art. 310 (...) MARCIO LIMA DA CUNHA - 05308192790 MariliaGS Máquina de escrever Não são todos os crimes que admitem prisão temporária. Há um rol taxativo de delitos. Como a convalidação se dá na hora da prisão em flagrante (leia-se durante as investigações) é muito mais comum e melhor, vc converter em prisão temporária, principalmente qdo se tratar de crimes hediondos e equiparados, já q na vdd nesses crimes a temporária tem o prazo de 30 prorrogados por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade. MariliaGS Máquina de escreverVer o julgado 281.756 mais abaixo sobre o assunto. (final da proxima pagina) 8 www.g7juridico.com.br II - converter a prisão em flagrante em preventiva, quando presentes os requisitos constantes do art. 312 deste Código, e se revelarem inadequadas ou insuficientes as medidas cautelares diversas da prisão; ou (Incluído pela Lei n. 12.403, de 2011). CPP Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria. Parágrafo único. A prisão preventiva também poderá ser decretada em caso de descumprimento de qualquer das obrigações impostas por força de outras medidas cautelares (art. 282, § 4º). - (Des)necessidade de observância do art. 313 do CPP para fins de conversão em preventiva: Quando o artigo 310 do CPP trata da conversão da prisão em flagrante em prisão preventiva, aponta a necessidade de preenchimento dos requisitos do artigo 312 do CPP. Não obstante, o inciso II do artigo 310 só faz menção ao artigo 312, motivo pelo qual a doutrina questiona se o artigo 313 do CPP também deve ser observado para a conversão - prevê os delitos que admitem a prisão preventiva -. Alguns doutrinadores fazem interpretação literal do artigo 312 do CPP, dispensando a aplicação do artigo 313 do CPP - não é a melhor orientação -. Em verdade, a inobservância do artigo 313 do CPP determina a adoção de tratamento desigual e não desejado. Por exemplo, preso o indivíduo em flagrante, a preventiva poderia ser decretada sem observância do artigo 313 do CPP, em contrapartida, se o indivíduo está solto a preventiva pressupõe a observância do artigo 313 do CPP. Assim, a maioria da doutrina entende que, para a conversão da prisão em flagrante em preventiva, devem ser observados os artigos 312 e 313 do CPP, sob pena de ilegalidade dessa conversão. Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a decretação da prisão preventiva: I. nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior a 4 (quatro) anos; II. se tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença transitada em julgado, ressalvado o disposto no inciso I do caput do art. 64 do Decreto-Lei n. 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal; III. se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a execução das medidas protetivas de urgência; Parágrafo único. Também será admitida a prisão preventiva quando houver dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou quando esta não fornecer elementos suficientes para esclarecê-la, devendo o preso ser colocado imediatamente em liberdade após a identificação, salvo se outra hipótese recomendar a manutenção da medida. (Incluído pela Lei n. 12.403, de 2011). CPP Art. 311. Em qualquer fase da investigação policial ou do processo penal, caberá a prisão preventiva decretada pelo juiz, de ofício, se no curso da ação penal, ou a requerimento do Ministério Público, do querelante ou do assistente, ou por representação da autoridade policial. (Redação dada pela Lei n. 12.403, de 2011). STJ: “(...) Não é nula a decisão do Juízo singular que, de ofício, converte a prisão em flagrante em preventiva, quando presentes os requisitos e fundamentos para a medida extrema, mesmo sem prévia provocação/manifestação do Ministério Público ou da autoridade policial. Exegese do art. 310, II, do CPP. Precedentes deste STJ. Habeas corpus não conhecido”. (STJ, 5ª Turma, HC 281.756/PA, Rel. Min. Jorge Mussi, j. 15/05/2014, Dje 22/05/2014). STJ: “(...) ROUBO QUALIFICADO. PRISÃO EM FLAGRANTE CONVERTIDA EM PREVENTIVA. GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA. FUNDAMENTAÇÃO SUFICIENTE. CONDIÇÕES PESSOAIS FAVORÁVEIS. IRRELEVÂNCIA. REPRESENTAÇÃO MARCIO LIMA DA CUNHA - 05308192790 9 www.g7juridico.com.br DA AUTORIDADE POLICIAL OU DO MINISTÉRIO PÚBLICO. DESNECESSIDADE. (...) Independentemente de representação do Ministério Público ou da Autoridade Policial, sempre que presentes os requisitos constantes do art. 312 do Código Penal, ao receber o auto de prisão em flagrante, o Juiz deverá converter a custódia em prisão preventiva. Ausência de ilegalidade flagrante apta a ensejar a eventual concessão da ordem de ofício. Habeas corpus não conhecido. (STJ, 5ª Turma, HC 280.980/MG, Rel. Min. Laurita Vaz, Dje 07/03/2014). - conversão em prisão temporária: c) Concessão de liberdade provisória com ou sem fiança: Esta liberdade provisória, com ou sem fiança, também pode ser cumulada ou não com as cautelares diversas da prisão. Ademais, não há que se falar em liberdade provisória proibida. Ver STF, HC 104.339/SP - desde a prolação desse julgado, vem o STF entendendo cabível a liberdade provisória para todo e qualquer delito -. A manutenção do indivíduo preso deve ser fundamentada, de acordo com o caso concreto, seja a prisão temporária ou preventiva. Pode a liberdade provisória ser concedida inclusive em relação ao crime de tráfico de drogas, aos equiparados e aos próprios crimes hediondos, ao menos em tese, e sem fiança - pois inafiançáveis, de acordo com a própria CRFB/88 -. Entretanto, a liberdade provisória sem fiança aplicável aos crimes hediondos e equiparados é muito mais benéfica do que aquela concedida ao autor de um simples crime de furto afiançável. Este, além do pagamento da fiança, quando solto, deve se sujeitar aos ditames dos artigos 327 e 328 do CPP. Com muita propriedade, o Ministro Rogerio Schietti Cruz assevera que, embora a liberdade provisória seja cabível em tese para todo e qualquer delito, não é permitido conceder ao autor de um crime hediondo liberdade menos gravosa do que aquela concedida ao autor de um crime afiançável. Logo, deve a liberdade provisória para crimes hediondos e equiparados obrigatoriamente ser cumulada com as cautelares diversas da prisão. STF: “(...) Paciente preso em flagrante por infração ao art. 33, caput, c/c 40, III, da Lei n. 11.343/2006. Liberdade provisória. Vedação expressa (Lei n. 11.343/2006, art. 44). Constrição cautelar mantida somente com base na proibição legal. Necessidade de análise dos requisitos do art. 312 do CPP. Fundamentação inidônea. Ordem concedida, parcialmente, nos termos da liminar anteriormente deferida”. (STF, Pleno, HC 104.339/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 10/05/2012). - Natureza Jurídica da Prisão em Flagrante. Para as provas mais tradicionais como MP e Magistratura de São Paulo, asseverar que se trata de prisão cautelar. Entretanto, grande parte da doutrina atual vem dizendo que se trata de medida pré-cautelar, pois não mantém a pessoa presa por si só. Segundo o professor Aury Lopes Júnior, quando a pessoa é presa em flagrante, legalmente, em função da nova redação do artigo 310 do CPP, haverá conversão em preventiva ou temporária ou será beneficiada com liberdade provisória, com ou sem fiança, cumulada ou não com as cautelares diversas da prisão. Note que prisão preventiva e liberdade provisória são espécies de medida cautelar, logo, o flagrante por si só não mais justifica que a pessoa permaneça presa. Isto é, a permanência da pessoa presa não ocorre por conta do flagrante, mas pela sua conversão em prisão preventiva ou temporária. 7. Audiência de custódia - audiência de apresentação -. a. Conceito. Consiste na realização de uma audiência sem demora após a prisão em flagrante, permitindo o contato imediato do flagranteado com o juiz, com um Defensor (público, dativo ou constituído) e com o Ministério Público. Também deve ser observada nas hipóteses de prisão preventiva e prisão temporária, nos termos da Resolução do CNJ n. 213/2015. MARCIO LIMA DA CUNHA - 05308192790 MariliaGS Máquina de escrever Ex: auditor da receita foi preso em flagrante sendo corrompido. Preciso manter preso? Não. Douliberdade provisória. Com ou sem fiança? Com, pois é auditor, tem $$. Só q agora você pode aplicar uma das cautelares. Nesse exemplo a melhor cautelar é a suspensão do exercício da função. MariliaGS Máquina de escrever Vimos isso na aula passada qdo falamos da vedação da prisão cautelar ex legis. Dei ex da lei de drogas do artigo 44. MariliaGS Seta MariliaGS Sublinhar 10 www.g7juridico.com.br b. Finalidades. Na prisão em flagrante, prisão preventiva e prisão temporária têm a audiência de custódia por finalidade a verificação de maus-tratos e a observância dos direitos fundamentais. Em relação à prisão em flagrante apenas, a audiência de custódia tem ainda por finalidade permitir ao juiz fazer uma convalidação judicial diante do preso, com a obtenção de mais elementos para a formação do seu convencimento. c. Fundamento convencional. Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Dec. 678/92) Art. 7º (...) § 5º. Toda pessoa detida ou retida deve ser conduzida, sem demora, à presença de um juiz ou outra autoridade autorizada pela lei a exercer funções judiciais e tem direito a ser julgada dentro de um prazo razoável ou a ser posta em liberdade, sem prejuízo de que prossiga o processo. Sua liberdade pode ser condicionada a garantias que assegurem o seu comparecimento em juízo. Questiona-se: A quem cabe presidir a audiência de custódia? Embora a Convenção Americana faça referência a outra autoridade, não é o melhor entendimento atribuir ao delegado de polícia competência para a sua realização. Isto porque a própria Convenção assevera que essa outra autoridade deve ser autorizada por lei a exercer funções judiciais. No Brasil, a única autoridade que pode presidir uma audiência de custódia é o juiz. d. Projeto de Lei n. 554/2011 do Senado. e. Resoluções e provimentos dos Tribunais de Justiça (Tribunais Regionais Federais). Resolução n. 213/2015 do CNJ. A partir da edição desta Resolução, foi o STF questionado se o Direito Processual Penal poderia ser regulado por esta via. E o entendimento foi de que a Convenção Americana é autoaplicável. Mais, do próprio CPP poderíamos extrair o fundamento para a sua aplicação, uma vez que ao tratar do HC, há previsão da possibilidade de o juiz exigir a apresentação do preso. Provimento conjunto n. 03/2015 Presidência do TJ/SP e Corregedoria Geral da Justiça Art. 1º. Determinar, em cumprimento ao disposto no art. 7º, item 5, da Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de San José da Costa Rica), a apresentação de pessoa detida em flagrante delito, até 24 horas após a sua prisão, para participar de audiência de custódia. f. Legalidade dos Provimentos e Resoluções acerca da audiência de Custódia. STF: ADI 5.240/SP (20/08/2015) O Supremo julgou improcedente pedido formulado em Ação direta ajuizada pela Associação dos Delegados de Polícia do Brasil (ADEPOL) em face do Provimento Conjunto n. 03/2015 do TJ/SP. Para o Supremo, os princípios da legalidade (CF, art. 5º, II) e da reserva de lei federal em matéria processual penal (CF, art. 22, I) teriam sido observados pelo ato normativo impugnado, que não extrapolou aquilo que já consta do Pacto de São José da Costa Rica, dotado de status normativo supralegal, e do próprio CPP, numa interpretação teleológica dos seus dispositivos (ex.: art. 656). MARCIO LIMA DA CUNHA - 05308192790 MariliaGS Máquina de escrever Está prevista na Convenção Americana sobre Direitos Humanos. MariliaGS Máquina de escrever Projeto de lei q trata da audiência de custódia, mas ainda não foi aprovado. Vem sendo realizada por conta de resoluções e provimentos dos tribunais e do TRF. Principalmente pela Resolução 213 do CNJ. Aí o tema foi parar no STF questionando-se se o Direito Processual Penal poderia ser previsto só em Resolução. MariliaGS Seta MariliaGS Sublinhar 11 www.g7juridico.com.br STF: ADPF 347 (09/09/2015) O Supremo concedeu parcialmente cautelar solicitada em ADPF ajuizada pelo PSOL, que pede providências para a crise prisional do país, a fim de determinar aos juízes e tribunais que passem a realizar audiências de custódia, no prazo máximo de 90 dias, de modo a viabilizar o comparecimento do preso perante a autoridade judiciária em até 24 horas contadas do momento da prisão. g. Prazo para a realização da audiência de custódia. De acordo com a Resolução n. 213/2015 do CNJ, o prazo é de 24 horas contadas do momento da prisão. h. Oitiva do flagranteado durante a audiência de custódia. Não pode o flagranteado ser perguntado sobre o mérito da acusação, não sendo a audiência de custódia o momento adequado para o interrogatório judicial, mas sim sobre as circunstâncias de sua prisão, maus-tratos, tortura, garantias. 8. DISTINÇÃO ENTRE A PRISÃO TEMPORÁRIA E A PRISÃO PREVENTIVA. TEMPORÁRIA PREVENTIVA Prisão Cautelar Prisão Cautelar Previsão Legal: Lei n. 7.960/89. Surgiu com o advento da Medida Provisória 111/89. Previsão Legal: artigos 311 a 316 do CPP, alterados pela Lei n. 12.403/11. Obs.: A exemplo do Desembargador Paulo Rangel, alguns doutrinadores sustentam a inconstitucionalidade da Lei da Prisão Temporária, eis que originada a partir de Medida Provisória. Provocado o STF, por meio da ADI 162, foi declarada a constitucionalidade da referida lei, pois não teria resultado da conversão pura e simples da medida provisória. TEMPORÁRIA PREVENTIVA Momento: fase investigatória. Não se admite prisão temporária durante a fase processual. Por fase investigatória podemos entender tanto o inquérito policial como outros procedimentos investigatórios. Momento: tanto na fase investigatória (será cabível apenas em relação aos crimes que não admitem prisão temporária - tese sustentada por apenas parte da doutrina -) ou processual. Obs.: A prisão temporária foi criada exclusivamente para auxiliar nas investigações, não se admitindo a manutenção na fase processual. Assim, se no curso da prisão temporária for oferecida a denúncia, deve haver a conversão, se presentes os requisitos da preventiva. TEMPORÁRIA PREVENTIVA Decretação ex officio: como se trata de prisão cautelar passível de decretação exclusivamente durante a fase investigatória, a prisão temporária não pode ser decretada de ofício pelo juiz. Decretação ex officio: na fase investigatória, a prisão preventiva não pode ser decretada de ofício. Durante o curso do processo judicial, a preventiva pode ser decretada ex officio (CPP, art. 311). MARCIO LIMA DA CUNHA - 05308192790 MariliaGS Máquina de escrever Professor que esse prazo é inexequível. 12 www.g7juridico.com.br Depende de provocação da autoridade policial ou do Ministério Público (Lei n. 7.960/89, art. 2º); TEMPORÁRIA PREVENTIVA Hipóteses de admissibilidade: art. 1º, III, da Lei n. 7.960/89 (rol taxativo), conjugado com o artigo 2º, § 4º da Lei n. 8.072/90 (crimes hediondos e equiparados). Hipóteses de admissibilidade: Devem ser observados os pressupostos alternativos dos incisos e parágrafo único do art. 313 do CPP. TEMPORÁRIA PREVENTIVA Pressupostos: fumus comissi delicti (art. 1º, III, da Lei n. 7.960/89) E periculum libertatis (art. 1º, I ou II, da Lei n. 7.960/89). Pressupostos: fumus comissi delicti (prova da existência do crime + indícios de autoria) e periculum libertatis (garantia da ordem pública ou econômica, garantia da aplicação da lei penal ou conveniência da instrução criminal). TEMPORÁRIA PREVENTIVA Prazo: 5 dias, prorrogáveis por igual período. Crimes hediondos: 30 dias prorrogáveis por mais 30. Prazo: pelo menos em regra, não há prazo determinado. Não obstante, devem ser observados os prazos previstos em lei para a prática dos atos processuais, sob pena de excesso de prazo na formação de culpa e consequente relaxamento da prisão preventiva. Obs: atenção para o art. 22, parágrafo único, da Lei n. 12.850/13). CPP Art. 311. Em qualquerfase da investigação ou do processo penal, caberá a prisão preventiva decretada pelo juiz, de ofício, se no curso da ação penal, ou a requerimento do Ministério Público, do querelante ou do assistente, ou por representação da autoridade policial. Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a decretação da prisão preventiva: I. nos crimes dolosos - não cabe em contravenção ou para os crimes culposos, portanto - punidos com pena privativa de liberdade máxima superior a 4 (quatro) anos; II. se tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença transitada em julgado, ressalvado o disposto no inciso I do caput do art. 64 do Decreto-Lei n. 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal; III. se o crime - não cabe em contravenção, devendo o crime ser doloso - envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a execução das medidas protetivas de urgência; MARCIO LIMA DA CUNHA - 05308192790 MariliaGS Máquina de escrever O art. 22 fala em 120 dias prorrogáveis por igual período. 13 www.g7juridico.com.br Parágrafo único. Também será admitida a prisão preventiva quando houver dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou quando esta não fornecer elementos suficientes para esclarecê-la, devendo o preso ser colocado imediatamente em liberdade após a identificação, salvo se outra hipótese recomendar a manutenção da medida. (Incluído pela Lei n. 12.403, de 2011). Obs. 1: Sendo a pena privativa de liberdade cominada igual ou inferior a 4 (quatro) anos, em tese é aplicável a substituição por restritivas de direitos, motivo pelo qual não se justifica a prisão preventiva se ao final também não será encarcerado. Obs. 2: No inciso II deve o sujeito ser reincidente específico em crimes dolosos, pouco importando o montante de pena cominada, ao contrário do inciso I. Note-se que o STF declarou constitucional o instituto da reincidência, afastando a alegada ocorrência de bis in idem. Logo, pode ser usada como agravante e para a valoração de outras circunstâncias, como no caso aqui tratado. Obs. 3: Segundo a Professora Maria Berenice Dias, a violência doméstica e familiar resulta da conjugação dos artigos 5º e 7º da Lei n. 11.340/06. Toda violência de gênero deve ser dolosa, não se aplicando às condutas culposas. Aqui também pouco importa o quantum de pena. E, para a jurisprudência, o descumprimento das medidas protetivas por si só não autoriza a decretação da prisão preventiva, sendo necessária a demonstração dos pressupostos constantes do artigo 312 do CPP. Obs. 4: No parágrafo único tecnicamente há condução coercitiva para fins de identificação civil, não prisão preventiva. STJ: “(...) Muito embora o art. 313, IV, do Código de Processo Penal, com a redação dada pela Lei n. 11.340/2006, admita a decretação da prisão preventiva nos crimes dolosos que envolvam violência doméstica e familiar contra a mulher, para garantir a execução de medidas protetivas de urgência, a adoção dessa providência é condicionada ao preenchimento dos requisitos previstos no art. 312 daquele diploma. É imprescindível que se demonstre, com explícita e concreta fundamentação, a necessidade da imposição da custódia para garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, sem o que não se mostra razoável a privação da liberdade, ainda que haja descumprimento de medida protetiva de urgência, notadamente em se tratando de delitos punidos com pena de detenção. Ordem concedida”. (STJ, 6ª Turma, HC 100.512/MT, Rel. Min. Paulo Gallotti, Dje 23/06/2008). CPP Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria. (Redação dada pela Lei n. 12.403, de 2011). Parágrafo único. A prisão preventiva também poderá ser decretada em caso de descumprimento de qualquer das obrigações impostas por força de outras medidas cautelares (art. 282, § 4º). (Incluído pela Lei n. 12.403, de 2011). Lei n. 12.850/13 Art. 22. Os crimes previstos nesta Lei e as infrações penais conexas serão apurados mediante procedimento ordinário previsto no Código de Processo Penal, observado o disposto no parágrafo único deste artigo. Parágrafo único. A instrução criminal deverá ser encerrada em prazo razoável, o qual não poderá exceder a 120 dias quando o réu estiver preso, prorrogáveis por igual período, por decisão fundamentada, devidamente motivada pela complexidade da causa ou por fato procrastinatório atribuível ao réu. MARCIO LIMA DA CUNHA - 05308192790 14 www.g7juridico.com.br Lei n. 7.960/89 Art. 1º Caberá prisão temporária: I - quando imprescindível para as investigações do inquérito policial; II - quando o indicado não tiver residência fixa ou não fornecer elementos necessários ao esclarecimento de sua identidade; III - quando houver fundadas razões, de acordo com qualquer prova admitida na legislação penal, de autoria ou participação do indiciado nos seguintes crimes: a) homicídio doloso (art. 121, caput, e seu § 2º); b) sequestro ou cárcere privado (art. 148, caput, e seus §§ 1º e 2º); c) roubo (art. 157, caput, e seus §§ 1º, 2º e 3º); d) extorsão (art. 158, caput, e seus §§ 1º e 2º) e) extorsão mediante sequestro (art. 159, caput, e seus §§ 1º, 2º e 3º); f) estupro (art. 213, caput, e sua combinação com o art. 223, caput, e parágrafo único); g) atentado violento ao pudor (art. 214, caput, e sua combinação com o art. 223, caput, e parágrafo único); h) rapto violento (art. 219, e sua combinação com o art. 223 caput, e parágrafo único); i) epidemia com resultado de morte (art. 267, § 1º); j) envenenamento de água potável ou substância alimentícia ou medicinal qualificado pela morte (art. 270, caput, combinado com art. 285); l) quadrilha ou bando associação criminosa (art. 288), todos do Código Penal; m) genocídio (arts. 1º, 2º e 3º da Lei n. 2.889, de 1º de outubro de 1956), em qualquer de suas formas típicas; n) tráfico de drogas (art. 12 da Lei n. 6.368, de 21 de outubro de 1976); o) crimes contra o sistema financeiro (Lei n. 7.492, de 16 de junho de 1986); p) Crimes previstos na Lei de Terrorismo; (Incluído pela Lei n. 13.260/16) Lei n. 8.072/90 Art. 2º (...) § 4º. A prisão temporária, sobre a qual dispõe a Lei n. 7.960, de 21 de dezembro de 1989, nos crimes previstos neste artigo, terá o prazo de 30 (trinta) dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade. (Incluído pela Lei n. 11.464, de 2007) Lei n. 8.072/90 Art. 1º. São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no Código Penal, consumados ou tentados: I. homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente, e homicídio qualificado (art. 121, § 2º, incisos I, II, III, IV, V, VI e VII); (Redação dada pela Lei n. 13.142, com vigência em 07/07/2015) (...) (...) I-A. lesão corporal dolosa de natureza gravíssima (art. 129, § 2º) e lesão corporal seguida de morte (art. 129, § 3º), quando praticadas contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em MARCIO LIMA DA CUNHA - 05308192790 MariliaGS Riscar MariliaGS Riscar MariliaGS Seta MariliaGS Seta MariliaGS Máquina de escrever não existem mais como crime autônomo. Migraram (o 214 para o 213 e o 219 para 148) MariliaGS Destacar MariliaGS Máquina de escrever Hediondos e equiparados. MariliaGS Seta MariliaGS Sublinhar 15 www.g7juridico.com.br decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau,em razão dessa condição; (Incluído pela Lei n. 13.142/15) II. latrocínio (art. 157, § 3º, in fine); III. extorsão qualificada pela morte (art. 158, § 2º); IV. extorsão mediante sequestro e na forma qualificada (art. 159, caput, e §§ 1º, 2º e 3º); (...) V. estupro (art. 213, caput e §§ 1º e 2º); (Redação dada pela Lei n. 12.015/09) VI. estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e §§ 1º, 2º, 3º e 4º); (Redação dada pela Lei n. 12.015/09) VII. epidemia com resultado morte (art. 267, § 1º). VII. (VETADO) VII-A. falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais (art. 273, caput e § 1º, § 1º-A e § 1º-B, com redação dada pela Lei n. 9.677/98). VIII. favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável (art. 218-B, caput, e §§ 1º e 2º). (Incluído pela Lei n. 12.978/14) Parágrafo único. Considera-se também hediondo o crime de genocídio previsto nos arts. 1º, 2º e 3º da Lei n. 2.889/56, tentado ou consumado. 9. PRISÃO DOMICILIAR. a) De natureza penal (LEP); b) De natureza cautelar (CPP, arts. 317 e 318). Lei n. 7.210/84 Art. 117. Somente se admitirá o recolhimento do beneficiário de regime aberto em residência particular quando se tratar de: I - condenado maior de 70 (setenta) anos; II - condenado acometido de doença grave; III - condenada com filho menor ou deficiente físico ou mental; IV - condenada gestante. CPP Art. 317. A prisão domiciliar consiste no recolhimento do indiciado ou acusado em sua residência, só podendo dela ausentar-se com autorização judicial. (Redação dada pela Lei n. 12.403, de 2011). CPP Art. 318. Poderá o juiz substituir a prisão preventiva pela domiciliar quando o agente for: (Redação dada pela Lei n. 12.403, de 2011). I. maior de 80 (oitenta) anos; (Incluído pela Lei n. 12.403, de 2011). II. extremamente debilitado por motivo de doença grave; (Incluído pela Lei n. 12.403, de 2011). III. imprescindível aos cuidados especiais de pessoa menor de 6 (seis) anos de idade ou com deficiência; (Incluído pela Lei n. 12.403, de 2011). IV. gestante a partir do 7º (sétimo) mês de gravidez ou sendo esta de alto risco. (Incluído pela Lei n. 12.403, de 2011). IV. gestante; (redação dada pela Lei n. 13.257/16) (...) MARCIO LIMA DA CUNHA - 05308192790 16 www.g7juridico.com.br STJ: “(...) A prisão preventiva poderá ser substituída pela domiciliar quando a agente for gestante a partir do 7º mês de gravidez ou quando a gestação for de alto risco ou ainda quando for comprovadamente imprescindível aos cuidados especiais de pessoa menor de 6 (seis) anos de idade ou com deficiência (art. 318, III e IV, do CPP). Não há ilegalidade na negativa de substituição da preventiva por prisão domiciliar quando não comprovada a inadequação do estabelecimento prisional à condição de gestante ou lactante da condenada, visto que asseguradas todas as garantias para que tivesse a assistência médica devida e condições de amamentar o recém- nascido. Habeas corpus não conhecido”. (STJ, 5ª Turma, HC 328.813/SP, Rel. Min. Leopoldo de Arruda Raposo, j. 01/10/2015, Dje 08/10/2015). STF: “(...) Tráfico ilícito de entorpecentes. Paciente em estágio avançado de gravidez. Pedido de substituição da prisão preventiva por domiciliar. Ausência de prévia manifestação das instâncias precedentes. Dupla supressão de instância. Superação. Preenchimento dos requisitos do art. 318 do CPP. Concessão da ordem, confirmando a liminar deferida”. (STF, 2ª Turma, HC 128.381/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 09/06/2015, Dje 128 30/06/2015). (...) V. mulher com filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos; (incluído pela Lei n. 13.257/16) VI. homem, caso seja o único responsável pelos cuidados do filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos. (incluído pela Lei n. 13.257/16). Parágrafo único. Para a substituição, o juiz exigirá prova idônea dos requisitos estabelecidos neste artigo. (Incluído pela Lei n. 12.403, de 2011). PRISÃO DOMICILIAR NA LEP PRISÃO DOMICILIAR NO CPP Natureza: prisão penal. Natureza: prisão cautelar. Previsão legal: art. 117 da LEP. Previsão legal: arts. 317 e 318 do CPP. Substitutiva de prisão penal em regime aberto. Substitutiva da prisão preventiva. PRISÃO DOMICILIAR NA LEP PRISÃO DOMICILIAR NO CPP Condenado maior de 70 anos; Condenado acometido de doença grave; Condenada com filho menor ou deficiente; Gestante. Acusado maior de 80 anos; Acusado debilitado por doença grave; Imprescindível aos cuidados de pessoa menor de 6 anos ou pessoa deficiente; Gestante; Mulher com filho de até 12 anos de idade incompletos; Homem, caso seja o único responsável pelos cuidados do filho de até 12 anos de idade incompletos; MARCIO LIMA DA CUNHA - 05308192790
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