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CAROLYNE VIEIRA – 5° SEMESTRE, 2020. Puericultura do prematuro Pediatria Definições: 36 semanas e 6 dias é um paciente pré-termo. Dentro da prematuridade diferenciamos entre tardio, muito pré- termo e pré-termo extremo. Extremo baixo peso não quer dizer que seja pré-termo extremo. Com o avanço tecnológico aumentou o suporte para esse bebê, diminuindo a taxa de mortalidade, mas ainda há uma maior taxa de morbidade, em que não consegue reproduzir o ambiente uterino no ambiente externo. O parto prematuro de RN cujo baixo peso ao nascimento é adequado à idade gestacional está associado a condições clínicas caracterizadas pela incapacidade do útero de reter o feto, interferência no curso da gestação, ruptura prematura das membranas amnióticas, descolamento prematuro de placenta, gestação multifetal ou estímulos indeterminados para contrações uterinas efetivas antes do termo. Infecção bacteriana manifesta ou assintomática (estreptococo grupo B, Listeria monocytogenes, Ureaplasma urealyticum, Mycoplasma hominis, Chlamydia, Trichomonas vaginalis, Gardnerella vaginalis, espécies de Bacteroides) no líquido amniótico e membranas (corioamnionite) podem dar início ao trabalho de parto prematuro. Os produtos bacterianos podem estimular a produção local de mediadores inflamatórios (interleucina-6, prostaglandinas), que podem induzir contrações uterinas prematuras ou resposta local inflamatória com ruptura focal de membranas. Aantibioticoterapia apropriada reduz o risco de infecção fetal e pode prolongar a gestação. Planejamento de alta: É necessário treinar os pais, incluindo dando confiança para isso e a certeza que eles farão o acompanhamento ambulatorial. O cuidado domiciliar (condições para cuidar desse prematuro) e médico (multidisciplinar) precisam ser atendidos. Todos os RNs com peso ao nascimento menor que 1.500 g e que hoje pesam entre 1.500 e 2.000 g, apresentando evolução clínica instável e necessitando de oxigênio, devem realizar exame oftalmológico para triagem da retinopatia da prematuridade. Todos aqueles com BPM devem ser submetidos a testes auditivos antes da alta. Os RNs submetidos à cateterização da artéria umbilical devem ter sua pressão arterial avaliada para detecção de hipertensão renovascular. Os níveis de hemoglobina e hematócrito devem ser determinados para detecção de possível anemia. Os RNs estáveis, que se recuperam de displasia broncopulmonar, podem ter alta com oxigênio domiciliar CAROLYNE VIEIRA – 5° SEMESTRE, 2020. através de cateter nasal, com acompanhamento tão logo seja possível, monitoramento frequente da oximetria de pulso e consultas ambulatoriais. Se todos os problemas médicos maiores estiverem resolvidos e se o ambiente domiciliar for adequado, o RN prematuro pode ter alta quando o seu peso atingir 1.800- 2.100 g; o seguimento adequado das prescrições e orientações e o fácil acesso aos cuidados hospitalares são itens essenciais nos protocolos de alta precoce. Estabilidade fisiológica: Alimentar-se normalmente por via oral ou por gastrostomia e não por sonda orogástrica, sem intercorrências, com ganho de peso adequado. Quando nasce, por uma imaturidade, esse RN não consegue manter uma FR, FC e temperatura tendendo a hipotermia. É necessário retirar esse RN da incubadora ou berço aquecido e conseguir manter sua T normal. Esse RN não pode fazer nem apneia nem bradicardia, sem uso de suporte (cafeína ou aparelhos) por 8 dias, ou seja, o lactente não deve ter apresentado qualquer episódio recente de apneia ou bradicardia e as drogas parenterais devem ter sido suspensas ou convertidas para a via oral. A maioria dos prematuros atinge tais competências com 36 a 37 semanas de idade corrigida (IC), mas o controle da respiração, a ponto de permitir uma alta segura, pode demorar até as 44 semanas de IC. Quanto menor o peso e a idade gestacional ao nascer e quanto maior a gravidade da doença neonatal, maior será o tempo para atingir essas competências fisiológicas. Acompanhamento: A equipe para cuidar desse paciente precisa ser interdisciplinar (plano único com a visão de todos os especialistas para atendimento do RN), mas muitas vezes é multidisciplinar (os profissionais não discutem entre si). O pediatra tem uma visão geral do paciente. O neurologista vê a repercussão. Fonoaudiólogo avalia a capacidade de deglutição, linguagem que normalmente tende a ter déficit. Psicólogo, em que já foi comprovado que esses pacientes vão ter alterações comportamentais. Fisioterapeuta, faz as intervenções motoras e respiratórias. Enfermagem, a qual avalia a administração de medicações. Nutricionista, em que a necessidade desse paciente é diferente do pré-termo. TO, o qual insere o prematuro na realidade dele. Assistente social, o qual olha a parte social desse paciente. Otorrino e oftalmo, repercussões na visão e audição. Orientações práticas: CAROLYNE VIEIRA – 5° SEMESTRE, 2020. É necessário reorientar e destacar a importância do seguimento, contando o que vai ser feito, a inserção dos programas inerentes da prematuridade. Encaminhar todas as informações durante o internamento e o plano para o RN ao novo profissional, com o exame físico da alta. A primeira revisão ambulatorial deve ser organizada no momento da alta, e todas as demais revisões devem ser agendadas logo após cada revisão de seguimento. As consultas devem ser organizadas de forma que a criança faça uma avaliação global e conjunta com a equipe multiprofissional (fonoaudióloga, fisioterapeuta, nutricionista, psicóloga, enfermagem, etc.) e com as diversas especialidades médicas se for necessário, evitando retornos repetidos ao centro de referência no follow-up. Idade corrigida para a prematuridade – ICP: Uma gestação normal o bebê nasceria com 40 semanas de vida., em que o período para nascimento termo é 39 semanas a 41 semanas. Se nasceu antes de 37 semanas, obrigatoriamente precisa ser corrigido para 40 semanas. Pega-se a idade cronológica (idade hoje) em dias de vida ou semanas completas – a diferença entre as 40 semanas e a idade gestacional (a idade do parto). Usa-se esse cálculo até 3 anos. O perímetro cefálico deve ser corrigido até 1 ano e meio. O peso e o DNPM até 2 anos. A altura deve ser corrigida até 3 anos e meio. Orientação Alimentar baseia-se também na idade corrigida devido ao tempo de amadurecimento de vias digestivas. .A alimentação oral (amamentação) não deve ser iniciada ou deve ser suspensa nos RNs com desconforto respiratório, hipóxia, insuficiência circulatória, excesso de secreções, engasgos, septicemia, depressão do sistema nervoso central, imaturidade ou sinais de doença grave. Os RNs de alto risco requerem nutrição parenteral ou alimentação por gavagem para a provisão de calorias, líquidos e eletrólitos. Além do grande esforço da sucção, o processo de alimentação oral requer a coordenação da deglutição, do fechamento da epiglote e da úvula, das passagens da laringe e do nariz e da motilidade normal do esôfago, um processo sincronizado que geralmente está ausente antes das 34 semanas de gestação. A cólica do lactente pode durar um pouco mais no prematuro, pois começa com 40 semanas e termina aproximadamente com 3 meses de idade corrigida. Seguimento das consultas: Paciente termo nós temos a primeira consulta de 7 a 10 dias, com revisão mensal até 6 meses, revisão bimestral ou trimestral no segundo semestre, a partir de um ano temos revisões bimestrais, anual até a puberdade. No prematuro é colocado as revisões até um ano pela idade corrigida, em que o prematuro irá ter mais consultas no primeiro ano. Revisões mensais até os 6 meses de idade corrigidas, por exemplo, paciente com 6 meses de idade cronológica tem 5 meses de idade corrigida ainda faz revisão mensal até fazer 6 meses de idade corrigida. Revisões bimestraisou trimestrais até um ano de idade corrigida, sendo definido pela necessidade do paciente. Aos 2 anos inicia-se o seguimento de consulta pela idade cronológica. É necessário avaliar: • Baixo ganho ponderal para o esperado; CAROLYNE VIEIRA – 5° SEMESTRE, 2020. • Atraso no desenvolvimento observado na revisão imediatamente anterior; • Potencial de entendimento materno ou do cuidador correspondente; • Frequentes reinternações hospitalares. Exame físico da alta: Descrever a condição clinica que o paciente está recebendo alta. É importante a inspeção cuidadosa de pele e mucosas, em busca de afecções que exijam tratamento domiciliar, como a conjuntivite, a dermatite de fraldas, a monilíase oral e perineal. Hemangiomas cavernosos, inexistentes ao nascimento, podem surgir no primeiro ou segundo mês de vida. Todo RN tem hérnia umbilical e todas elas devem fechar até os 2 anos de idade. O prematuro tende a ter uma hérnia um pouco maior. Os testículos até 2 anos é necessário avaliação, eles são formados na cavidade abdominal e no paciente termo eles já desceram para a bolsa escrotal, enquanto no prematuro é necessário anotar a sua localização e se ele é retrátil (ao puxar ele desce para a bolsa escrotal). O padrão respiratório: está associado a prematuridade o uso de oxigenioterapia para a sobrevida, mas o O2 é deletério quando sua concentração é maior de 25% e por isso esse paciente pode ter alterações, tiragem e se ele precisa de uso de oxigenioterapia domiciliar. Todos RN fazem avaliação do quadril ao nascer, principalmente se na família tem histórico de displasia congênita do quadril ou a posição pélvica no parto. Na alta é necessário a repetição desse exame, movimentos circular do quadril sem um clique. As malformações congênitas são necessárias a descrição. O gráfico de crescimento é feito do nascimento até a alta, sendo os dados antropométricos o perímetro cefálico, peso e comprimento. A recomendação da SBP é a Intergrowth-21st, completando 40 semanas é possível trocar para a da OMS. É feita a marcação cronológica e corrigida, as quais frequentemente são correlacionadas e acabam por se juntar. Descrição do exame neurológico. Como estava o tônus passivo, o tônus ativo e os reflexos primitivos. • Tônus passivo: postura e medida dos ângulos de extensibilidade (calcanhar-orelha, ângulo poplíteo e flexor dorsal do pé, sinal do xale e manobra do recuo). O bebê está deitado na maca e olha-se para ele. Dentro da barriga da mãe há um aumento do tônus muscular (o músculo e sua contratilidade) no sentido caudocefálico até as 40 semanas e, posteriormente, há uma diminuição do tônus no sentido cefalocaudal. - 34 semanas: flacidez em membros superiores e região cervical, com uma flexão em pernas (um tônus maior nas pernas). O sinal do cachecol é quando consigo puxar o braço do paciente sem nenhuma resistência 110°. - 40 semanas: posição mais fletida de braços e pernas, com uma assimetria. O sinal de cachecol tem um ângulo de 80° e os braços chegam até a linha média. - 2 meses: um paciente a termo temos um controle cervical e a posição do braço mais frouxa. O sinal do cachecol é quando se consegue puxar a mão do paciente para trás, como um cachecol, com o ângulo de 90°. - 5 meses: senta-se com apoio. - 9 meses: consegue levantar a perna. O movimento passivo é “eu” pegar o paciente e fazer esse movimento. O sinal do cachecol é passar o braço pelo pescoço e avaliar o quanto da linha média passa-se. CAROLYNE VIEIRA – 5° SEMESTRE, 2020. Um bebê prematuro tem um tono menor em região de braço e cervical e um pouco maior em região de perna. Quando nasce, ele tem um aumento desse tono, com o passar do tempo ele reduz esse tono, controlando a flexão. • Tônus ativo: principalmente de pescoço e tronco. Usa-se a gravidade para saber o quanto meu bebê tem de tono. Segura-se o bebê e o solta. Progressão celafocaudal do controle motor. - 32 semanas: caí completamente; - 40 semanas: consegue ficar mais fletido; - A partir dos 2 meses: uma criança termo tem um controle do tono ativo. • Reflexos primitivos: sucção/deglutição, preensão palmar, resposta à tração dos membros superiores (MMSS), Moro, extensão cruzada e marcha reflexa. Os reflexos surgem a partir da 28 semana. Eles irão aparecendo com a maturidade neurológica. O aparecer usa-se a idade cronológica e o desaparecer usa-se a idade corrigida. Espera-se aparecer até as 40 semanas de idade cronológica. Vacinação: Usa-se a idade cronológica. Faz-se 3 vacinas se o paciente continua internado e a depender do seu peso. Quando o paciente termo nasce ele vai ter 2 vacinas (BCG e Hepatite B). Para o paciente pré-termo faz a mesma dose de Hepatite B com 12 horas de vida se ele tiver menos de 2 kg, repetindo com 1, 2 e 6 meses (idade cronológica). Se o bebê nasceu com menos de 1 kg e permanece internado quando chega aos 2 meses de idade, faz-se a vacina da pólio injetável. Não se pode fazer nenhuma vacina de vírus atenuado no ambiente hospitalar. RN que nasceu com menos de 32 semanas e chegar a idade de 2 meses que faz a DTP, mas ainda está internada, faz-se a DTP acelular (vírus quebrado). Com alta hospitalar, faz-se a BCG, indica a rotavírus e a influenza para ressaltar (paciente e familiares), seguindo o calendário normal. CAROLYNE VIEIRA – 5° SEMESTRE, 2020. • Palivizumabe Não é vacina, é um anticorpo pronto contra o vírus sincicial respiratório (causa a bronquiolite viral aguda e em pacientes prematuros tem alta morbidade). A aplicação de acordo com a sazonalidade de doenças respiratórias na região. Aplicação pelo SUS. Vacino meu prematuro que é menor de 28 semanas de gestação, com o início de sazonalidade nos próximos 12 meses. Em um ano, a depender do mês de nascimento dele, vai fazer um ou dois ciclos. O paciente pré-termo entre 29 e 32 semanas e que tenha menos de 6 meses no período de sazonalidade ele irá fazer um ciclo. Paciente entre 32 e 35 semanas com algum fator de risco, ele irá fazer desde que tenha menos de 6 meses no período de sazonalidade. Precisa ter o critério e a idade no período de sazonalidade. É menos de 29 semanas, vai fazer um ou dois ciclos em um ano a depender do mês de nascimento. Paciente entre 29 e 32 semanas e com menos de 6 meses no ciclo irá fazer um ciclo. Menos de 28 semanas no nascimento até um ano de idade ele irá fazer o palivizumabe, dando um a dois ciclos a depender do mês de nascimento. Com alguma doença crônica irá fazer a vacinação até 2 anos de idade. Prevenção da Síndrome da Morte Súbita do Lactente (SMSL): Prematuridade e baixo peso ao nascer são fatores de risco para a ocorrência da SMSL, que consiste no óbito inesperado e sem explicação durante o sono, cuja frequência é maior nos primeiros meses de vida. A criança deve dormir em seu próprio berço, próxima dos pais, de barriga para cima, com a cabeça descoberta e os pés próximos da borda inferior do berço, para evitar que deslize e seja sufocada pelo cobertor. O colchão deve ser firme e o uso de travesseiros e cobertores volumosos é desaconselhado. Os pais devem ser esclarecidos sobre o efeito protetor da chupeta, usada criteriosamente para dormir, quando a amamentação ao seio já estiver estabelecida. A exposição ao fumo deve ser proibida. Exames complementares na alta: Os exames necessários para o seguimento dos recém- nascidos pré-termos poderão ser individualizados de acordo a necessidade e grau de imaturidade, porém os recém-nascidos pré-termos de muito baixo peso deverão ser monitorados quanto à anemia, doença metabólica óssea, doenças infecciosas e imunopreveníveis. Medicamentos: Toda criança prematura sairá da maternidade com medicamentos. Obrigatoriamente: A, D, Fe e Zinco. Idade cronológica. CAROLYNE VIEIRA – 5° SEMESTRE, 2020. Vitamina Ce ácido fólico é mais para pacientes com anemia. Suplementação de Fe de acordo com o peso de nascimento. Situações de risco: São eles: hipoatividade, choro fraco ou gemência, choro excessivo ou irritabilidade intensa, mudança de coloração da pele (cianose ou palidez), apneia, dificuldade respiratória, sucção fraca ou recusa alimentar, regurgitações ou vômitos frequentes, distensão abdominal, tremores ou convulsões, hipo ou hipertermia. Crescimento: O terceiro trimestre é o mais importante para reproduzir o ganho do paciente, mas é difícil, pois quando ele cresce além de ter uma parada do crescimento e da perda de peso, perdendo aquela nutrição que ele deveria está recebendo, vai ter uma perda de peso de até 15% do seu nascimento. Nos pacientes a termo esperamos em torno de 10%. Utiliza-se a idade corrigida. O parâmetro utilizado para determinar o crescimento pós-natal ótimo baseia-se na velocidade de crescimento intrauterino. Entre 23 a 27 semanas de gestação a velocidade de ganho de peso médio é de 21 g/kg/dia (15 g/dia), desacelerando para 12 g/kg/dia (33 g/dia) entre 35 a 37 semanas. A média da velocidade de crescimento de 23 a 37 semanas é de 16 g/kg/d (25 g/d). Entretanto, o crescimento pós-natal dificilmente irá manter essa velocidade, pois logo após o nascimento ocorre perda de peso, mais acentuada quanto menor o peso de nascimento (PN) e a idade gestacional (IG), podendo chegar a 15% do peso de nascimento, e a recuperação não ocorre antes de 10 a 21 dias de vida. Espera-se a recuperação do perímetro cefálico até um ano, comprimento até 2 anos e peso até 3 anos. Recuperar é estar entre entra a faixa de normalidade, sendo a curva de crescimento z score entre -2 e +2. Até atingir 40 semanas de IG corrigida, pode-se utilizar as curvas de crescimento intrauterina, como a de Alexander et al. ou baseada no pós-natal, como de Ehrenkrank et al. Após 40 semanas de idade gestacional corrigida (IGc) podem-se utilizar as curvas de referência da OMS 2006, apresentadas na forma de escore Z, diferenciadas pelo gênero (meninas/meninos). Os RNMBP devem ser monitorados através da plotagem semanal, em curva de crescimento intrauterino, das medidas de peso, comprimento e perímetro cefálico a cada semana de idade gestacional corrigida (IGc), até atingir 40 semanas. A partir de 40 semanas de IGc, deve- se utilizar a curva padrão de crescimento pós-natal, considerando-a como o ponto zero na nova curva, e continuar utilizando a idade corrigida para a prematuridade (ICP), ou seja, descontando da idade cronológica as semanas que faltaram para a idade gestacional atingir 40 semanas (termo). Até os 3 anos de idade deve utilizar a ICP, e, posteriormente, utilizar a idade cronológica. Nos primeiros meses de ICP ocorre uma aceleração da velocidade de crescimento com recuperação inicial do perímetro cefálico, seguida do comprimento, e, finalmente, o peso. Alcançado o ponto de estabilidade de crescimento após a recuperação, a criança atinge seu CAROLYNE VIEIRA – 5° SEMESTRE, 2020. canal de crescimento dentro da curva de referência, e o crescimento prossegue com o padrão próprio da criança mantendo-se paralelo aos canais da referida curva. Os RNMBP cuja curva de crescimento não se aproxima dos escores mínimos da normalidade, apresentando achatamento ou padrão descendente, requerem investigação. Em casos de falha de crescimento pode ser indicado o uso de hormônio de crescimento com o objetivo de atingir uma estatura mais aceita socialmente. Os grupos de maior risco de evoluírem com falha são: os RN com PN < 850 gramas, IG < 28 semanas, portadores de displasia broncopulmonar, e os PIG. Em contraste, os RN que apresentam maior catch-up nos primeiros anos, especialmente em relação ao peso, ultrapassando o escore Z estabelecido para o perímetro cefálico e o comprimento, terão maior risco de desenvolver hipertensão arterial, diabetes tipo II e doença cardiovascular na adolescência ou adulto jovem. Nutrição: Orientação para o uso da fórmula de partida até que o RN complete 40 semanas ou que alcance o peso mínimo, mudando para as fórmulas de seguimento. O leite materno é sempre a primeira escolha na alimentação após a alta. Contém altas concentrações de ácido docosahexaenoico (DHA), e este está relacionado com melhor desempenho no neurodesenvolvimento. Além disso, o leite materno fornece crescimento harmônico, com ganho de peso adequado nos primeiros anos de vida (prevenindo a síndrome metabólica), possui nucleotídeos, lactoferrina e predominam bifidobactérias. Há evidências que apontam para um efeito anti- infeccioso da lactoferrina presente no leite humano. Crianças nascidas prematuras que receberam suplementação de DHA e AA (ácido araquidônico) no primeiro ano de vida, aos 12 meses de idade corrigida apresentavam mais massa magra e menos massa gorda do que as crianças alimentadas sem esta suplementação. Este dado reforça a importância de fórmulas adicionadas de ácidos graxos poli-insaturados de cadeia longa (LC- PUFAS). O início da alimentação complementar depende da maturidade neurológica da criança, razão pela qual emprega-se a idade corrigida como parâmetro de decisão, e não a idade cronológica da criança. Geralmente inicia-se alimentação complementar entre 4 e 6 meses de idade corrigida e quando a criança adquire pelo menos 5 kg de peso, ou seja, tem condições de gastar calorias. A alimentação complementar é iniciada aos 6 meses de idade corrigida nas crianças em aleitamento materno exclusivo, já o prematuro que recebe apenas aleitamento artificial poderá iniciar com alimentação complementar mais cedo, com 3 meses de idade corrigida. Desenvolvimento: O desenvolvimento é corrigido até 2 anos de ICP. Para PC até 1 ano, crescimento até 2 anos e peso até 3 anos. Aos 18-24 meses deve ser feito o diagnóstico do desenvolvimento, por meio de testes específicos; aos 3 anos o diagnóstico do desenvolvimento da linguagem e cognição; aos 4 anos a avaliação do comportamento, alterações sutís e visuomotoras, e a partir de 6 anos de idade deve ser acompanhado o desempenho escolar da criança. Nesses 2 anos vão existir fatores biológicos e ambientais vão interferir nisso. Biológicos: prematuridade, especialmente os recém- nascidos prematuros (RNPT) de muito baixo peso (< 1.500 CAROLYNE VIEIRA – 5° SEMESTRE, 2020. g); muito prematuros (< 32 semanas de idade gestacional); aqueles com morbidades graves no período neonatal, como displasia broncopulmonar, hemorragia peri-intraventricular grave, leucomalácia periventricular; os com restrição do crescimento intrauterino, e aqueles com perímetro cefálico anormal na alta. Ambientais: baixa condição sócio-econômica-cultural e pais usuários de drogas. Primeiros 2 anos: • Distonias transitórias: alterações de tônus muscular, coma fisioterapia consiga corrigir; • Menores escores nos testes de desenvolvimento; • Deficiências sensoriais; • Atraso na linguagem; • Paralisia cerebral. Idade escolar: Necessidade da inclusão social nesses pacientes, com ganho cognitivo e social. Desenvolvimento sensoriomotor – linguagem, é utilizados os testes de triagem: • Denver 2: é o teste de triagem mais utilizado, de fácil e rápida execução (20 minutos). Avalia 4 setores do desenvolvimento: motor grosseiro, motor-adaptativo fino, linguagem, pessoal-social. Pode ser usado na faixa etária de 0 a 6 anos. Permite saber se o desenvolvimento da criança está dentro da faixa de normalidade e categorizar o risco no desenvolvimento, mas não tem valor prognóstico e não avalia alterações qualitativas. Na interpretação dos resultados considera-se: normal quando executa as atividades previstas, aceitando-se 1 falha/área; suspeita de atraso se ≥ 2 falhas em ≥ 2 áreas de atividades realizadas por 75-90% das crianças; atraso quando ≥ 2 falhasnas atividades realizadas por mais que 90% das crianças. Nos casos de suspeita de atraso, reavaliar em 2-3 meses. Se persistirem as alterações, investigar a causa e realizar intervenção. Uma limitação do teste de Denver II é sua baixa sensibilidade em lactentes < 8 meses. • Escala motora infantil Alberta (AIMS): de uso crescente no Brasil, avalia o desenvolvimento motor nos primeiros 18 meses de vida. Baseia-se na observação da criança em 4 posturas quanto a: tempo de permanência, atitude antigravitacional e mudança de posturas. Permite quantificar o desenvolvimento, pois o repertório de respostas aumenta com a idade (mas pode gerar resultados duvidosos). • Avaliação dos movimentos generalizados: avalia de forma qualitativa os padrões motores característicos dos RNPT e de termo, que se modificam com a idade, por meio de filmagem dos movimentos espontâneos da criança acordada. A avaliação deve ser feita em 3 momentos, a partir do 3° dia de vida até 20 semanas IC. Tem alta sensibilidade e especificidade, mas requer treinamento, pois se baseia na observação visual. É útil para detecção precoce de anormalidades aos 3 meses; nesta idade a ausência de movimentos irregulares e a presença de espasmos predizem paralisia cerebral. Limitação: não serve para acompanhamento da criança. • Teste infantil de desempenho motor (TIMP): avalia a postura e movimentos funcionais característicos do 1° trimestre, como: controle de cabeça e controle seletivo dos membros, em várias posições e com estímulos visuais e auditivos. Aplicado desde 32 semanas de idade gestacional até 4 meses, tem se mostrado útil para discriminar os graus de alterações Escalas de diagnóstico: CAROLYNE VIEIRA – 5° SEMESTRE, 2020. • Escala de Bayley: é o instrumento mais utilizado. Avalia várias habilidades, a aquisição dos marcos de desenvolvimento e identifica áreas de atraso ou inadequação em crianças de 1 até 42 meses, possibilitando o diagnóstico precoce de anormalidades no desenvolvimento. • Escala de inteligência de Wechsler: idade pré- escolar e escolar. Ao detectar problema na linguagem há que se investigar a possibilidade de deficiência auditiva, pois neste caso a intervenção audiológica precoce pode melhorar o prognóstico. Sinais de alerta para atraso no neurodesenvolvimento: A partir de 4 meses espera-se um maior controle do tônus. Linguagem simbólica é o que a criança fala é o que ela quer ou está vendo. A linguagem que ela só repete as sílabas é lalalismos. Sinais de alerta para doenças crônicas na vida adulta: • Crescimento: não conseguirão entrar no seu canal de crescimento, podendo estar no padrão de normalidade. Meninos de muito baixo peso, sem sequelas neurossensoriais e mesmo nível socioeconômico aos 20 anos de idade, apresentaram peso e estatura menores e baixo IMC comparado a controles de peso adequado. As meninas possuíam 21% de taxas de sobrepeso e 30% de obesidade; com risco elevado para hipertensão, doença coronariana e morte por doença cardiovascular na vida adulta. • Síndrome metabólica: estudos epidemiológicos têm demonstrado que baixo peso ao nascimento está associado com o aumento do risco para aterosclerose e doenças cardiovasculares na vida adulta. A prematuridade está estreitamente relacionada com mais baixo peso de nascimento. Ainda não está bem definido o real papel da prematuridade neste contexto. Acredita-se que o nascimento prematuro pode trazer como consequências para a vida adulta: diabete tipo II, obesidade, hipertensão e doença coronariana, da mesma forma que o já estabelecido para o baixo peso de nascimento. • Respiratório: os prematuros aos 18 anos de idade têm menor capacidade funcional residual, menor volume pulmonar. Discute-se a relação de prematuridade e maiores taxas de asma, rinite alérgica, com taxas de sibilância recorrentes em até 50% dos ex-prematuros. Redução da função pulmonar no prematuro pode ser relacionada a alterações de desenvolvimento alveolar e pobre crescimento pulmonar, independentemente da severidade da doença inicial e dos efeitos decorrentes das terapias ventilatórias utilizadas durante a internação neonatal. CAROLYNE VIEIRA – 5° SEMESTRE, 2020. • Intelecto: o percentual QI superior a 85 é menor nas crianças prematuras de muito baixo peso. Se o prematuro recebe alta da UTI Neonatal sem morbidade, apresenta chance similar de bom desempenho na escola e de ter emprego na vida adulta de um recém-nascido a termo. Porém, a chance de não completar o ensino médio nas meninas e nos meninos é maior em qualquer faixa de prematuridade. A dificuldade escolar, especialmente para habilidades matemáticas na infância precoce, é um sinal de alerta para problemas de desempenho no trabalho na vida adulta daquela criança nascida prematura. • Comportamental: os meninos usam menos drogas, cigarro e álcool, obedecem mais as leis e as meninas apresentam menor risco para gravidez na adolescência. No entanto, possuem tendência ao sedentarismo, se engajam menos no grupo social, e requerem maior proteção. • Personalidade: possuem menos emoções negativas, maior submissão, cautela e cordialidade, e as meninas maior tendência à internalização e maior ansiedade. Maior frequência de psicopatia quando são adultos jovens, o que indica aconselhamento, destas famílias a lidar com o psiquismo destas crianças para prevenir potencial psicopatológico. O risco de déficit de atenção e hiperatividade é maior nos prematuros abaixo de 1.500 g. Morbidades frequentes: • Doença metabólica óssea Quando o resultado da triagem para doença metabólica óssea for alterado, será preciso continuar a suplementação de cálcio e fósforo após a alta, com solução manipulada. Deve-se garantir o aporte de 200- 250 mg/kg/dia de cálcio e de 110-125 mg/kg/dia de fósforo, considerando o conteúdo do leite adicionado ao da solução de cálcio e fósforo (veja capítulo específico neste manual). • Retinopatia da prematuridade • Patologias respiratórias Pandemia Prematuros e fase crítica até os 2 anos devem manter o acompanhamento ambulatório regular. Consulta presencial deve ser priorizada.
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