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1 Diérese e síntese Disciplina: PM IV DATA 09/09/2020 – Prof. Isabel Almeida Diretores: Iara Cury Parte 1- Thamyle Carlos OBJETIVOS DA AULA DIÉRESE É o ato de separar os tecidos para fins operatórios. Se pode separar estes tecidos com uso do bisturi, seja ele de lâmina ou o elétrico ou mesmo tesoura. • Incisão: ato de separar os tecidos com corte • Divulsão: ato de separar os tecidos sem corte, usa-se uma pinça Kelly. Nesse momento não se quer seccionar os tecidos e sim separá-los, por isso, utiliza-se afastadores Farabeuf. OS PRINCÍPIOS DA DIÉRESE • Necessidade de uma extensão adequada permitindo um bom acesso. É muito importante pois na cirurgia é necessário visualizar bem os tecidos adjacentes. Exemplo: em uma remoção de um cisto de 1cm é necessário fazer uma incisão de no mínimo 2,5 cm para assim poder divulsionar bem os tecidos. 2 • Incisões devem ter bordas nítidas e evitar bordas oblíquas. Não se pode fazer uma incisão “tremida” e sim em linha reta. Por isso, é importante usar o material adequado e ter firmeza nas mãos. Figura demonstra a maneira correta de segurar um bisturi. Faz alusão ao modo de segurar uma caneta. • Não comprometer a vascularização e inervação local, diminuindo a possibilidade de hérnias incisionais ou complicações cirúrgicas. Na cirurgia é muito importante a anatomia, saber o que vai ser incisionado e o que vai ser preservado. Exemplo, quando se realiza um tireoidectomia se retira apenas a tireoide e as glândulas paratireoides devem permanecer, pois, ao retirá-las pode-se gerar um hipoparatireoidismo. Então, deve-se saber muito bem anatomia e o que incisionar no órgão e os vasos que a ele pertence, não se pode lesionar um vaso adjacente. • As incisões devem ser paralelas as linhas de Langer e Kraissl. 3 • Incisar as aponeuroses no sentindo de suas fibras a fim de evitar formação de hérnias. LINHAS DE LANGER As linhas de Langer são linhas de clivagem. Na imagem vemos todas as linhas de tensão do corpo, na hora da incisão é necessário obedecer a estas linhas para diminuir a tensão. Exemplo, um paciente que tira uma lesão no ombro, quando se pensa em ombro sabe-se de todos os movimentos que ele exerce, então este paciente deve ser orientado a não fazer esforço e que retire os pontos com 15 dias, por exemplo, para evitar abrir a incisão. Para garantir uma boa cicatrização para que as forças normais da pele não sobrecarreguem aquela incisão você precisa fazer tudo nas linhas adequadas e no sentido certo. 4 AMBIENTE CIRÚRGICO Ambiente estéril e material necessário. INSTRUMENTOS • Cabo de bisturi • Lâmina • Tesoura • Bisturi elétrico 5 Bisturi número 3 é dotado de uma cabeça menor, servindo assim a lâminas menores. Bisturi número 4 servirá a lâminas maiores e servirá para o corte de tecidos mais grosseiros, como uma incisão do toráx e abdome. Nunca peguem a lâmina com os dedos. INSTRUMENTOS AUXILIARES • Pinça de dissecação e apreensão (podendo ou não ser dotada de “dentes” que ajudem no manuseio dos tecidos.) • Afastadores (são dotados de tamanhos e numerações diferentes. Sendo assim, cada situação terá o seu número e modelo ideal.) Parte 2- Augusto Lopes 6 Continuação (bisturi de lâminas) A lâmina de bisturi sempre deve ser acoplada ao cabo com o auxílio de pinças ou de porta agulha. Nunca se deve tentar acoplá-las com os dedos pois, o risco de ter acidente perfurocortante é muito alto. • Tesouras A Tesoura de Metzenbaum pode ser reta ou curva, sendo utilizada para diérese de tecidos orgânicos (ela é considerada menos traumática) por apresentar sua ponta mais delicada. A Tesoura de Mayo também pode ser reta ou curva, sendo utilizada para a secção de fios e outros materiais utilizados durante a cirurgia (em superfícies ou em cavidades). Ela é considerada mais traumática por apresentar sua ponta grosseira. • Bisturi Elétrico Ele pode funcionar através de um pedal (mais antigo) ou de botões manuais (mais moderno), onde têm-se as funções de Coagulação e a de Corte. TIPOS DE DIÉRESE – TREINAMENTO 7 INCISÃO As incisões devem sempre ser retas e firmes. O bisturi desse ser sempre manuseado como se fosse uma caneta. DIVULSÃO É uma técnica de afastamento tecidual, onde se utiliza pinças ou tesoura, realizada no intuito de manter o tecido integro e remover apenas o que está no local de interesse (podendo ser um nódulo, um lipoma, um linfonodo, etc). 8 SÍNTESE Nessa etapa, é de suma importância, utilizar os instrumentais e materiais corretos em cada tempo cirúrgico. São esses: o Porta-agulha; agulhas corretas para cada tecido que irá ser suturado; Fios corretos para cada tempo cirúrgico. OBS.: Lembrar que durante a síntese, quando o ponto está sendo feito, nunca se deve apertar muito o mesmo (pode causar isquemia tecidual e necrose), o intuito do ponto é aproximar as bordas do tecido. CRITÉRIOS PARA UMA BOA SÍNTESE • Antissepsia local (utiliza-se a Clorexidina 2% para a pele – ela pode ser alcoólica ou aquosa). • Bordas nítidas. • Retirada de Corpos Estranhos (terra, vidro, bala, etc). 9 • Fios adequados: → para a pele: fio Mononylon (alta tensão – não vai se partir). • Coaptação (aproxima as estruturas sem apertar muito). • Hemostasia: deve ser garantida tanto na diérese quanto antes de realizar a síntese. Ela evita a formação de hematomas que podem se tornar meios de cultura para microrganismos causadores de infecções. • Espaços mortos: nos casos em que se precisa remover algo do corpo, tipo um lipoma muito grande, deve-se remover parte do excesso de pele para garantir que não fique espaços mostos (na maioria dos casos não será necessária a remoção da pele). Às vezes, também é necessário colocar curativo compressivo (feito com gazes e uma faixa de adesiva) sobre a região. SÍNTESE DOS TECIDOS Os nós sempre devem ficar lateralizados (e para o mesmo lado) à incisão e com uma distância semelhante um do outro. Parte 3 -Bárbara Santos Continuação (Síntese de Tecidos) A professora cita que na época em que fez residência em cirurgia geral, o cirurgião deveria saber de tudo, desde os exames pré-operatórios do paciente e colocá-lo na sala seja de uma pequena cirurgia seja no centro cirúrgico para uma grande cirurgia, até o curativo, para obter uma resposta adequada e ideal ao procedimento realizado. MATERIAIS DE SUTURA 10 • Sempre lembrar que o essencial é utilizar o material adequado: o porta-agulha e o fio com a agulha adequada. • Tem-se duas opções de porta-agulha: A de Mayo-Hegar (o primeiro da 1ª figura, que abre) e o de Mathieu (segunda imagem). Na rotina, utiliza-se o de Mayo. • Na ponta do porta-agulha, observando o desenho triangulado fora, é possível ver uma cremalheira, que serve de suporte para a agulha, para que se possa firmá-la adequadamente e posteriormente pegar o fio seja ele de calibre fino. PINÇAS DE DISSECÇÃO • Podem ser pinças anatômicas (estas não possuem o dente na frente), e pinças dente de rato (possuem esse dente, que facilita a apreensão dos tecidos). • Em uma sutura de pele, pode-se usar a pinça dente de rato, porém com um nível de apreensão adequado para que não haja maceração da pele (não fique marcada). AGULHAS 11 Podem ser de dois tipos: • Agulha atraumática: cilíndrica, que possui um formato de bola. É utilizada em sutura de mucosa e de vaso, por exemplo, pois a espessura da agulha é semelhante à do fio, sendo assim, não produz laceração. • Agulha traumática: possui formato triangular. É uma agulha que facilita o corte, utilizada em sutura de pele, principalmente. • Pode localizar seu formato no envelope do fio com a agulha. As agulhasainda podem ser curvas ou retas. Para se usar a reta, é preciso montar o fio na agulha, o que a torna menos segura e passível de quedas em sua montagem. Com o advento do fio estar acoplado a agulha, o risco é menor. TÉCNICAS DE SUTURA 12 • Existe a necessidade de passar em um primeiro plano o ponto com a agulha montada no porta-agulha, depois se segura o tecido do outro lado e passa novamente para dar o ponto. • A professora sugere: Passar em uma borda saindo um pouco, depois vem com a agulha novamente e passa do outro lado ao invés de tentar passar de uma vez só de um lado para o outro, como mostrado na letra “C” da imagem. E ai na hora de segurar com a pinça, utilizar uma com dente para firmar o tecido de forma adequada. A imagem mostra a utilização de uma pinça dente de rato no tecido. OBS.: Quando se vai suturar a pele, tem que pegar a pele totalmente, e na hora que se tenta pegar de uma vez só, pode ser que esteja sendo pego totalmente a pele de um lado e apenas parcialmente a do outro lado, fazendo com que a cicatriz não seja adequada e 13 haja deiscência, abertura da cicatriz. Além de que, dependendo da localização, por exemplo na face, quando se tem que fazer uma incisão delicada, geralmente se faz uma sutura que mantenha uma distância pequena entre um ponto e outro, entre uma borda e outra, e isso pode não ser possível pegando as duas bordas de uma vez. Por isso que o ideal é não tentar fazer de uma vez só os dois lados. OBS.: As duas mãos estarão ocupadas, enquanto uma estará segurando a pinça, a outra vai segurar o porta-agulha. Na hora que se passa o porta-agulha, tem que segurar com a pinça a agulha. E na hora que se segura a agulha novamente, tem que usar a pinça para pegar a pele do outro lado, e ai se passa a agulha. Essa habilidade se aprende com o tempo. ] Importante lembrar que às vezes a maior preocupação do paciente é em como vai ficar o ponto, exigindo assim muita calma na hora de realizar a sutura para uma boa cicatrização, bela em termos estéticos. PONTOS Em relação aos pontos, na parte prática é preciso entender alguns pontos: • Ponto simples: passa-se a agulha de um lado depois do outro lado e faz um nó; • Ponto Donatti (U); • Ponto de Wolf (U); • Ponto Halsted. PONTOS SEPARADOS 14 • Ponto em U horizontal; • Ponto em X (Sultan). OBS.: Não existe um tipo de ponto específico para cada tecido. Para a pele, pode-se utilizar o ponto simples, o de Donatti e o de Wolf, por exemplo, enquanto para a musculatura geralmente usa-se o ponto em X. A maior diferenciação não é o tipo do ponto e sim a utilização do fio correto, por exemplo, na face utiliza-se um Nylon 5, 6, 0, já para uma sutura intradérmica usa-se o monocryl (absorvível). Os pontos variam na sua indicação, mas geralmente, na rotina, o mais usado é o ponto simples. OBS.: Vídeo sobre técnica. Parte 4- Brenda Leite Para pontos de incisão eletiva, o ideal é fazer nas próprias “pregas” da pessoa, as chamadas linhas de força. Para incisão intradérmica, é preciso utilizar o fio adequado: absorvível e com o mínimo de reação adversa, ex.: um monocryl colorido pode pintar a pele do paciente. Com o vicryl, ocorre bastante de o paciente expulsar o ponto no tecido celular subcutâneo, ele é absorvido e depois de um tempo o organismo rejeita. Dependendo do que estiver sendo suturado, pode-se deixar o fio absorvível dentro do tecido. A anamnese pré-cirúrgica é muito importante para saber: se o paciente tem alergia a algum tipo de medicamento, se já fez cirurgias anteriores, se houve alguma reação adversa a elas, como é a cicatrização da pessoa - utiliza-se radiação na pequena cirurgia para evitar a formação de queloide em pessoas que tem predisposição conhecida a tê-lo. O ponto em X é muito usado para musculatura, em incisões em que há dificuldade de fechamento mesmo após afastá-la do lugar. 15 A localização é uma das coisas que define o tipo de ponto usado. Em face, usa-se muito ponto simples, para fechar um pescoço usa-se comumente o Donatti, já o fechamento contínuo, é muito usado em necrotério, em sutura pós-autopsia. Se houver rompimento da sutura contínua, pode-se: expor uma parte do fio, desfazendo o último e, depois, começa-se de novo dando um nó com a ponta rompida que restou. Para tireoidectomia, pode-se fazer sutura intradérmica com mononylon, e retirando-o posteriormente. Em retirada de sinal, normalmente usa um fio fino 5 ou 6. Já em local de tração, um 3 ou um 4 é usado. Para abordagem de um abscesso, é feita a assepsia, coloca-se o campo cirúrgico, usa anestesia como bloqueio, faz uma incisão que depois não levará pontos, podendo haver, posteriormente, a necessidade de colocar um dreno ou não, dependendo de seu volume. OBS.: Não se faz uso de lâmina sem o cabo do bisturi. O material cirúrgico básico consiste em: uma lâmina de bisturi, uma pinça de dissecção com dente, uma porta agulha e uma tesoura. 16
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