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AULA 3 – DIÉRESE, HEMOSTASIA E SÍNTESE DANIELA FRANCO 1. DIÉRESE a. Definição: consiste em atitudes cirúrgicas que visam à abertura, ao corte e à exposição dos tecidos de estruturas e órgãos que serão operados. b. Tipos i. Incisão: realizada por instrumento de corte (bisturi). ii. Secção: ato de cortar com tesoura, serra, lâmina afiada, bisturi elétrico, laser, ultra-som, ou micro-ondas iii. Divulsão: separação dos tecidos com pinças, tesouras, tentacânula, afastadores, etc. iv. Punção: através de instrumento perfurante, com várias finalidades, tais como drenagem de coleções líquidas de cavidades ou interior de órgãos, coleta de fragmento de tecido e de líquidos orgânicos para exame diagnóstico, injeção de contraste e de medicamentos. Trocarte, agulha de Veres v. Dilatação: para aumentar o diâmetro de canais e orifícios naturais, ou de trajetos fistulosos. É obtida para rotura de fibras musculares ou tecido fibroso. Vela de Hegar, beniqué. vi. Serração: por meio de serra, especialmente em cirurgia óssea. c. Instrumentos i. Bisturi: o mais antigo dos instrumentos cirúrgicos, ideal para dissecção dos tecidos. Deve ser manuseado de maneira a permitir o total controle do instrumento, sem limitar a liberdade de movimento. ii. Tesouras: podem ser usadas na secção de tecidos e fios. Quando manuseadas adequadamente, tornam-se extensões das mãos do cirurgião facilitando a dissecção e o desbridamento de estruturas. 1 Metzenbaum: usada para seccionar tecidos e dividir vasos variados. 2 Mayo: ideal para desbridar e cortar tecidos mais pesados e duros (músculos e tendões). 3 Tesouras de sutura (reta, pesada e romba): tesoura de fios. iii. Eletrocautério: o corte ocorre pela vaporização do tecido resultante da absorção de corrente elétrica de alta frequência. 1 Monopolar: a corrente sai do gerador por um fio e entra no campo cirúrgico por um eletrodo ativo na ponta do instrumento. O eletrodo de retorno é uma placa posicionada em área fora do campo operatório, por onde a corrente, após atravessar o corpo do paciente, retorna ao gerador completando, assim, o circuito. 2 Bipolar: cauterização é feita com instrumento semelhante a uma pinça recoberta de material isolante. Como uma lâmina da pinça é o eletrodo ativo e a outra é a terra, a corrente só atravessa a distância entre as duas, limitando a lesão tecidual iv. Laser: é uma energia luminosa com três importantes propriedades - monocromático (um único comprimento de onda), coerente (todos os raios estão em fase) e em foco 1 Laser de CO2: é o mais usado em cirurgia geral. A luz emitida é infravermelha e invisível. Usado para secção de condilomas (verrugas anais). v. Serras/Ruginas vi. Trocarte, agulha de Veres: punção vii. Vela de Hegar: dilatação d. Manejo dos instrumentos i. Bisturi: para movimentos amplos, como abertura da parede abdominal, o bisturi é pego entre as falanges terminais do polegar e dos dois dedos subjacentes, como arco de violino, sendo o braço movimentado em bloco do ombro para baixo. Para cortes mais delicados, o bisturi pode ser pego como um lápis (ou caneta). Neste caso, os movimentos se limitam às articulações metacarpofalangeanas. Ressaltar que o cirurgião deve se posicionar de maneira mais cômoda possível, sendo a incisão realizada de fora para dentro, na sua direção. O cirurgião e o assistente devem exercer tensões equivalentes de ambos os lados da incisão. ii. Tesouras: devem ser manuseadas colocando-se a extremidade do polegar e do anular, apoiando-se o indicador nas lâminas. O cirurgião corta de dentro para fora, nunca às cegas. Todas as estruturas a serem seccionadas devem ser claramente visualizadas e individualizadas antes da secção 2. HEMOSTASIA a. Definição: é a interrupção da perda de sangue b. Tipos i. Temporária: é executada no campo operatório ou a distancia do mesmo e pode ser incruenta (geralmente à distância do campo operatório) ou cruenta (geralmente no campo operatório). Os tipos de hemostasia temporária são: pinçamento, garroteamento, ação farmacológica, parada circulatória com hipotermia ou oclusão endovascular 1 Pinçamento: método cruento realizado com auxílio de pinças atraumáticas. A hemostasia poderá se transformar posteriormente em definitiva por ligadura, cauterização ou angiotripsia. 2 Garroteamento: utilizado em cirurgia dos membros por intermédio de faixas de borracha, manguitos pneumáticos, ou ainda de forma cruenta, no campo cirúrgico, por meio de oclusão do vaso com fios ou cadarços. 3 Compressão: pode ser no campo operatório ou incruenta, quando a compressão se faz sem prévia diérese ou distante do campo operatório. 4 Parada circulatória com hiportermia: intervenção sobre fístulas arterio-venosas de difícil acesso. Trata-se de método sofisticado de hemostasia temporária, com aplicação limitada. 5 Ação farmacológica: hipotensão controlada ou correção de distúrbios do mecanismo de coagulação. 6 Oclusão endovascular: sondas com balão que, ao serem insuflados, interrompem de forma regrada a circulação ii. Definitiva: sempre cruenta e interrompe de forma definitiva a circulação do vaso. 1 Ligadura: oclusão do vaso por meio de um nó com fio cirúrgico. 2 Cauterização: estancar o sangramento com aplicação de agentes físicos na extremidade do vaso com calor (termocautério), eletricidade (bisturi elétrico) ou substâncias químicas (nitrato de prata). 3 Fotocoagulação: emprego da luz emitida por aparelhos a laser. 4 Sutura: por meio de suturas em massa envolvendo vasos (suturas gastrintestinais, grandes vasos). 5 Grampeamento: através de grampos metálicos – aço inoxidável ou titânico. Bastante utilizados em cirurgias videoscópicas. Menos lesão tecidual e rapidez no procedimento. 6 Obturação: aplicação de determinadas substâncias destinadas a ocluir vasos em superfícies que não comportem ligadura (cera de abelha para hemostasia de ossos). c. Recomendações à instrumentação: i. Manter as pinças hemostáticas em uso limpas e em local adequado. ii. Pedir os fios adequados de acordo com a decisão do cirurgião. iii. Fornecer e vigiar o retorno das compressas do campo cirúrgico. iv. Insistir na troca dos campos e de compressas protetoras se estiverem embebidas de sangue. 3. SÍNTESE a. Definição e objetivo: visa reconstruir, recompor e restituir a integridade das estruturas, órgãos, e tecidos que foram explorados. Mantém as bordas dos tecidos aproximadas durante a cicatrização. b. Tipos: manual ou mecânica: Lembrar que a técnica utilizada influencia diretamente o resultado final da cicatrização. “O resultado final da cicatrização de um ferimento ou de uma ferida cirúrgica está diretamente relacionado a fatores individuais do paciente e à técnica operatória empregada, ao TIPO DE SUTURA realizada e ao material empregado” C. SUTURA MANUAL: Não deve ser empregada tensão maior a suficiente para manter o contato das bordas; fios de menor diâmetro possível; sempre que possível aproximar tecido subcutâneo. i. Instrumentos: pinças, porta-agulhas ii. Materiais: Fios e agulhas iii. Pontos separados (interrompidos): mais seguros, causam menos isquemia e reação tissular; mais demorado. Apresenta as vantagens: a) O afrouxamento de um nó, ou a queda do mesmo, NÃO interfere no restante da sutura: b) Há menor quantidade de corpo estranho no interior do ferimento cirúrgico; c) Os pontos são menos isquemiantes do que na sutura contínua Também, por não serem tão impermeáveis quanto as suturas contínuas, podem permitir a drenagem de pequena quantidade de secreção eventualmente acumulada o que pode ser vantajoso, por exemplo em uma sutura de pele. Contudo, em algumas situações, quanto mais impermeável é a sutura, melhor, como aquelas realizadas em vísceras ocas.Apresenta como desvantagem relativa ser mais trabalhosa e demorada. 1 Ponto simples: a 0,5 cm da borda, distantes 1,0 cm entre eles.Proporcionam boa coaptação das bordas da ferida, tanto superficial quanto profundamente. Quando o nó se localiza acima ou externamente em relação às estruturas é denominado comum; Nas suturas na pele, apenas o ponto comum é utilizado (o inverso não encontra aplicação haja vista a impossibilidade para sua retirada.) Comumente o ponto simples cutâneo abrange toda a espessura da pele, acompanhado ou não por uma fina camadas superficial de tecido subcutâneo, visando propiciar perfeita coaptação das bordas, quando erroneamente executado, acarreta desníveis entre as bordas. Duas variantes dos pontos simples podem ser utilizadas: o ponto simples epidérmico- comum (abrangendo a epiderme e uma pequena parte da derme), e o ponto simples dérmico- comum ou invertido (abrangendo a derme e a camada superficial subcutânea) • Ponto simples epidérmico: Excelente opção para bom resultado estético, quando o que se deseja e uma simples aproximação das bordas, sem a aplicação de tensão • Ponto simples dérmico: Também excelente opção para bom resultado estético, nas mesmas condições anteriormente descritas, e, possivelmente, oferecendo um resultado ainda melhor. Geralmente, é empregado o ponto invertido para que os nós não sejam sentidos. Pode ser complementado pela aposição de pontos epidérmicos ou, simplesmente, pela aposição de fitas adesivas 2 Ponto simples com nó invertido: quando ele se situa (é ocultado) no interior do tecido, recebe o nome de ponto invertido ou ponto de Halsted. O ponto invertido pode ser de grande importância, p ex na sutura dérmica para evitar que se formem pequenas rugosidades (nós) que podem ser eventualmente sentidas pelos pacientes. 3 Ponto em “U” horizontal (Wolff): Semelhante ao vertical, diferindo apenas na posição horizontal da alça; utilizado na pele, quando existe alguma tensão que impeça a perfeita coaptação das bordas. Em geral não propicia bom resultado estético. Também pode ser utilizado em estruturas mais frágeis, como tecido muscular, apenas para aproximação tecidual, sem qualquer tensão. 4 Ponto em “U” vertical (Donati): (LONGE, LONGE, PERTO PERTO)usado na pele, consistindo em 2 transfixações: uma perfurante, incluindo a pele e a camada superior do tecido subcutâneo, entre 7 e 10 mm da borda, e a outra transepidérmica, ecerca de 2 mm da borda. Muito utilizado em suturas sob pequena tensão, ou quando os lábios da ferida tendem a se invaginar, promovendo excelente coaptação das bordas, mas com resultado estético inferior. Também promove boa hemostasia, sendo de particular interesse quando existe sangramento difuso subdérmico e dérmico; Comumente designado como ponto longe-longe, perto-perto; a passada mais profunda (longe-longe) pode ser realizada primeiramente, ou vice-versa. 5 Ponto em “X” (Sultan): podem ser executados com os nós para dentro ou para fora, ficando sempre, porem, duas alças cruzadas, no interior ou fora do tecido. Em algumas situações, utilizados como pontos de transfixação para hemostasia, com ligadura em massa Esse tipo de sutura é apropriado para: • regiões que apresentem resistência ou recebam maior tensão; músculos, aponeurose, couro cabeludo. • pequenas perfurações como nos pontos de extração dentária; • auxiliar uma hemostasia (prevenção e interrupção de sangramento); • aproximar tecidos. 6 Ponto helicoidal duplo (Smead-Jones): Consiste em dois pontos simples em sequência, apoiando- se o fio em dois): locais, na mesma borda, formando um desenho de uma hélice; Jonescomo se realiza dupla passada em ambas as bordas, e chamado de helicoidal duplo. É comumente empregado em tecidos friáveis, com tendência a esgarçamento ou fragmentação iv. Pontos contínuos: deve-se considerar o nó inicial, a sutura propriamente dita e o nó terminal. A desvantagem da sutura contínua é apresentar mais dificuldade para controlar a tensão dos nós e ter mais chances de rompimento. Além disso, ela não é indicada para algumas partes do organismo porque pode inverter ou everter as bordas. 1 Chuleio simples: Consiste no tipo de sutura de mais fácil e rápida execução, sendo aplicada em qualquer tecido com bordas não muito espessas e pouco separadas. Quando utilizada na pele, pode ser perfurante total ou somente transdérmica. Realizada pela aposição de uma sequência de pontos simples com a direção obliqua da alça interna em relação a ferida. A medida que vai aplicando a sutura em uma ferida deve-se ter cuidado adicional no que se refere a correta aposição do fio cirúrgico sobre o tecido. Esse fio deve ser guiado, segurando-se cuidadosamente a sua alça com os dedos ou com uma pinça elástica fechada (essa pode ser a função do primeiro auxiliar), enquanto a agulha vai sendo puxada para fora e sendo preparada para nova passada 2 Chuleio ancorado (Reverdin): Consiste na realização de um Chuleio simples, em que o fio, depois de passado, é ancorado, sucessivamente, na alça anterior (tipo festonado) ou a cada quatro ou cinco pontos. Raramente empregado, na atualidade 3 Barra grega: Na pele, pode ser utilizada como sutura intradermica ou transdermica; esta última possibilidade não determina bom efeito estético. Em face da potencial dificuldade em sua retirada, pelo possível aprofundamentodos fios na pele, podem ser deixadas algumas “alças para extração”, minimizando esse problema. Ainda que, quando bem realizada, usualmente determine boa coaptação das bordas da pele, na eventualidade de isso não ocorrer, podem ser acrescentados alguns pontos simples epidermicos 4 Intradérmico Consiste numa sequência de pontos simples longitudinais alternados, por dentro das bordas da pele, resultando em excelente coaptação das bordas, o que lhe confere excelente resultado estético Ela deve ser usada quando: • não houver tensão nas margens da ferida; • não houver contaminação, pois a ferida tem que estar hermeticamente selada; • as bordas do ferimento forem lineares. É um tipo de sutura que tem um ótimo resultado estético. Nessa técnica a agulha passa horizontalmente através da derme superficial, paralelo à superfície da pele, aproximando as bordas. Por isso não deixa impressões de sutura no tecido externo. D. CLASSIFICAÇÃO DA APARÊNCIA DAS BORDAS APÓS AS SUTURAS i. Bordas apostas: as bordas são suturadas, mantendo contato no mesmo plano; ii. Bordas evertidas: as bordas são suturadas de modo a promover um maior contato entre elas, formando-se um eversão; iii. Bordas invertidas: a borda das feridas volta-se para o interior, causando uma invaginação. O aspecto ideal consiste em bordas apostas levemente evertidas; iv. Bordas sobrepostas: após a sutura, uma borda encontra- se fixa sobre a outra borda. O aspecto ideal consiste em bordas levemente evertidas. CONSIDERAÇÕES e. Função do nó na sutura: evita que o fio afrouxe ou solte, prejudicando a aproximação das bordas f. Como lidar com o porta-agulha: sempre segure a agulha com o porta agulha; manobre a agulha com auxílio da pinça de dissecção; posicione o meio da agulha na ponta do porta agulha faceando seu lado não dominante; saiba girar o porta agulha nas mãos. Comumente, a agulha é presa em sua parte média (ou pouco atrás) pela porta agulha. Habitualmente, sua ponta é direcionada para cima a esquerda. Por necessidade momentânea do tempo cirúrgico que se está executando, ela pode, alternativa— mente, ser colocada com a ponta ao lado direito do porta-agulha (denominada posição inversa). i. Como dar ponto com agulha curva ii. Como dar nó com o porta-agulha: Dar duas voltas sobre a ponta ativa do porta-agulhas com o segmento maior da linha e pinçar, com a ponta ativa do porta-agulhas, a extremidade livre da linhaTracionar as extremidades da linha para liberar as voltas da linha dadas no porta-agulhas, até que o nó se complete. g. Como lidar com a pinça: segure a pinça de dissecção como uma caneta em sua mão dominante entre o polegar e os dedos indicador e médio; aprenda a manusear a pinça retendo-a com seus dedos anular e mínimo para liberar os demais. Geralmente, se utilizam uma pinça delicada com dentes delicados, tipo adson (ou sem dentes) para suturas em tecidos friáveis, e um pinça dentre de rato mais robusta. Segure a pinça de dissecção como uma caneta em sua mão dominante entre o polegar e os dedos indicador e médio; aprenda a manusear a pinça retendo-a com seus dedos anular e mínimo para liberar os demais h. Rotinas de sutura: influenciada pela área de especialização do médico, formação acadêmica recebida, experiência adquirida com os fios, habilidade adquirida com o uso frequente dos mesmos fios, condições individuais do paciente, qualidade do fio empregado. i. Pele 1 Pontos separados: fio monofilamentar (nylon ou polipropileno), sem inversão das bordas, sem tensão. Usa ponto simples ou Donnatti (delicados). Em cianças e em mucosas pode ser usado categute simples para evitar necessidade de retirada dos pontos. Regiões sensíveis como região escrotal ou períneo dar preferencia a suturas absorvíveis (2-0 ou 3-0) 2 Adesivo tópico 3 Sutura intradérmica: fios absorvíveis mono ou multifilamentares (poliglecaprone ou poliglactina) ou inabsorvíveis monofilamentares (polipropileno ou nylon), em pontos separados ou contínuos. 4 Grampos: a sutura por grampeadores propicia a aproximação dos tecidos através de mecanismos que, pelo uso de grampos metálicos e diferentes formatos de grampeamento, adaptando-se aos tecidos, promove uma síntese adequada, rápida e segura com pequena reação reação tecidual. ii. Aponeurose: fio absorvível com força tênsil adequada (polidioxanona) ou inabsorvíveis (polipropileno, nylon, poliéster) em pontos separados ou contínuos iii. Anastomoses vasculares: fios monofilamentares inabsorvíveis (polipropileno ou nylon) e pontos contínuos ou separados. No chuleios simples, sempre com fios não— absorvíveis (diâmetros 5-0 ou 6-0). As suturas com pontos separados simples são preferíveis em vasos de pequeno calibre e em crianças, quando se prevê o crescimento das estruturas com a idade. As anastomoses arteriais com enxertos sintéticos são dependentes indefinidamente do fio de sutura, dai a necessidade de se utilizar o fio mais adequado, que é o de polipropileno iv. Músculo: em geral quando a aponeurose que recebe o músculo é delicada, utilizam-se conjuntivamente, as miorrafias, feitas mais frequentemente com fios absorvíveis, evitando pontos isquemiantes. Em geral se utilizam suturas com pontos simples ou em “U” com fios absorvíveis em curto ou moderado espaço de tempo, apenas no sentido de aproximação das bordas, sem tensão (2-0 ou 3—0) v. Anastomoses gastrointestinais: fios absorvíveis, mono ou multifilamentar (poliglactina, poliglecaprone, catgut simples ou cromado) em um ou dois planos; segundo plano com fios inabsorvíveis monofilamentares, pontos separados ou contínuos. Quando realizada em dois planos, a primeiro — total, incluindo a mucosa — deve ser realizado em chuleio simples com fios absorviveis (diâmetros 3-0, desde o categute cromado até aqueles absorvidos em médio ou longo espaço de tempo), e o segundo — seromuscular — com fios não- absorviveis ou absorvíveis em médio ou longo espaço de tempo (diâmetros 3- 0 ou 4—0) vi. Músculo cardíaco: fio inabsorvível multifilamentar (poliéster), pontos separados CASOS 1. Você está participando de uma apendicectomia aberta cujo diagnóstico intraoperatório foi de apendicite aguda perfurada. Na síntese da parede abdominal, após já ter realizado o fechamento da aponeurose com Prolene® 0, pontos contínuos (chuleio simples oblíquo), o cirurgião sai de campo para realizar a descrição cirúrgica e pede que você acabe o fechamento. Discuta com o grupo como você o faria. Discussão sugerida: discutir com o grupo o fio recomendado, tipo de agulha, o tipo de sutura, necessidade ou não de fechamento de subcutâneo, etc. Lembrar que se trata de cirurgia contaminada, não estando recomendado o fechamento hermético da parede abdominal, sendo discutível ainda a possibilidade de não realizar a síntese da pele pelo alto índice de abscesso de parede nesta ocasião. Fio recomendado: mononylon 4-0, agulha cortante. Sutura com pontos simples, sem fechamento do subcutâneo. 2. Durante um plantão do internato em uma Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) você recebe uma paciente com cerce de 30 anos de idade gritando por ajuda. Ela tem um pano de prato encharcado de sangue enrolado em volta do punho. Ela conta que estava movendo a mesa de centro com tampo de vidro, quando este quebrou e cortou seu punho. Você remove a toalha para avaliar a lesão e nota sangue vermelho vivo jorrando do ferimento. a. Você considera o ferimento grave? Justifique. Sim. De acordo com a saída de sangue vermelho vivo e jorrando podemos concluir que se trata de um sangramento arterial, portanto grave. Quando observamos um sangramento com fluxo constante e vermelho escuro podemos predizer que se trata de um sangramento venoso. Já um sangramento lento e estável com coloração vermelho médio, induzimos que é um sangramento por capilares. b. Baseados em seus conhecimentos de hemostasia, como você manejaria o sangramento? Nesta questão, devemos fazer o aluno relembrar os conhecimentos prévios de primeiros socorros aprendidos na etapa 1 e juntar com os conhecimentos desta aula. Em primeiro lugar devemos colocar um curativo oclusivo estéril sobre o local do ferimento. Em seguida, caso não consiga controlar, colocar um bandagem sob pressão. Em nosso meio, é pouco utilizada, mas podemos lançar mão de uma tala inflável. O uso de um torniquete é uma medida também aceita. Por fim, como medida geral, podemos e devemos, para explorar a lesão, colocar um manguito de pressão arterial em uma região proximal a lesão de infla-lo. Até o momento, realizamos medidas temporárias de conter a hemorragia. Como medidas definitivas em um ambiente de UPA, podemos realizar a exploração da área cruenta e identificar a artéria que está sangrando. Algumas UPA podem dispor de um eletrocautério, mas isso sabemos que é a exceção. Assim um instrumento com a pinça Kelly poderia ser utilizada na extremidade dos vasos e uma ligadura arterial com fio de algodão 2-0 trataria o vaso. Lembrando que esta técnica teria validade com o exame da questão C. Uma anastomose primária das extremidades arteriais poderia ser tentada, mas isso deixaremos para discutir na etapa 7. Ao final, uma sutura dos planos musculares e pela ajudariam a conter a hemorragia. c. Qual manobra semiológica poderia ser realizada para avaliação da perfusão da mão dos dedos? A Manobra de Allen deve ser de conhecimento dos acadêmicos, pois já foi ensinada e é realizada para avaliação da perfusão do arco palmar pela artéria ulnar, na falta da artéria radial. 3. Agora você está no internato e já teve a oportunidade de instrumentar várias cirurgias durante os plantões que tem feito. Já consegue identificar e até mesmo prever os tempos cirúrgicos principais - diérese, hemostasia e síntese - e as particularidades de cada um deles. Assim, na diérese percebeu que vários fatores determinam a lâmina escolhida para a incisão, a forma de manuseio de bisturi e a forma correta de auxiliar o cirurgião para realizar o corte. Comente com seu grupo essas observações e demonstre uma incisão para seu professor. Discussão sugerida: essa questão é para ser demonstrada na prática, baseandose na discussão do roteiro realizada em sala de aula. Deve ser enfatizada a forma de segurar no bisturi,como manuseá-lo, a direção que deve ser feita a incisão, a escolha do tamanho da lâmina e do cabo do bisturi, a tração feita pelo cirurgião e a contra-tração feita pelo auxiliar para facilitar a incisão, assim como alguns outros detalhes técnicos que acharem pertinentes. A demonstração serve de introdução ao reforço no treinamento das suturas. 4. Durante a síntese da aponeurose em uma laparotomia exploradora você percebe uma técnica exímia do cirurgião. Ele realiza uma sutura contínua tipo chuleio simples oblíquo com fio monofilamentar inabsorvível com extrema rapidez e precisão. Quais detalhes de manuseio dos instrumentos cirúrgicos e dos tecidos você acha que podem auxiliar o cirurgião nesta tarefa? Discussão sugerida: pensei em fazermos uma discussão integrada ao treinamento de suturas, de forma que ela seja a introdução do treinamento propriamente dito. O que acho melhor, na verdade, muito mais do que discutir oralmente as questões, é demonstrarmos a resposta. Assim, nesta questão, por exemplo, poderíamos demonstrar como lidar de forma mais apurada com os materiais mais usados durante uma sutura: porta agulha, pinça, tesoura reta e agulha curva. Como posicioná-los nas mãos, como manusear a agulha no porta agulha, como girar o porta agulha na mãos para preparar o próximo ponto, como girar a agulhar no porta agulha com o auxílio da pinça, e assim por diante. 5. Várias são as técnicas de suturas conhecidas, cada qual com suas vantagens, desvantagens, e certas particularidades como seu aspecto final, muito peculiar a cada tipo de sutura. O que você diria a respeito das suturas abaixo em relação a estas características citadas? Discussão sugerida: nesta questão podemos discutir as vantagens e desvantagens de cada uma. Mais importante do que isso, no entanto, acho que deveríamos fazer uma primeira demonstração de como realizar a sutura em questão e mostrar seu aspecto final, enfatizando que cada uma delas terá um aspecto final característico. Acho que não devemos “perder” muito tempo com a teoria nesta matéria PASSO A PASSO DOS PONTOS PONTOS INTERROMPIDOS: Sutura simples: 1 – Insere a agulha do lado direto, puxa todo o fio deixando apenas um pedaço para nó. 0,5 cm da borda 2- insere a agulha do lado esquerdo e puxa todo o fio 0,5 cm da borda 3 – realiza o nó. O nó deve ser fixo e fora da linha de incisão 4 – corta o fio deixando um tanto bom de fio para não sortar o nó. Sutura em X (sultan): sutura de aposição, não altera suprimento sanguíneo e previne a eversão dos tecidos. É mais forte que a simples. 1 – Faz a técnica inicial para sutura simples, mas não finaliza o nó. 2- Cruza para o lado oposto (de fora para dentro) lado direito. 3 – Passa para lado esquerdo e faz o nó. Sutura vertical em U ou Donatti: 1 – Entra primeiro do lado direito LONGE. 2 – Entra do lado esquerdo e sair LONGE 3 – Volta ainda do lado de fora pela mesma borda que ela acabou de sair só que agora mais PERTO da borda. 4 – Entra do lado direto mais PERTO da borda 5 – Realiza o nó do lado direto. OBS: causa uma mínima alteração do suprimento sanguíneo. Indicada para forte tensões Sutura horizontal em U ou Wolff: 1 – Começa do jeito da sutura simples, entrando do lado direto e saindo do lado esquerdo 2 – Ainda do lado esquerdo a agulha vai voltar pela mesma borda de fora para dentro 3 – Entra de voltar para lado direito de dentro para fora, formando um U. OBS: indicada para feridas de tensão moderada. Forma cicatriz excessiva. Tende a reduzir suprimento sanguíneo quando deita com força. Sutura Helicoidal: longe, perto, perto, longe 1 – A agulha entra LONGE do lado direito e sai PERTO do lado esquerdo 2 – Do lado direito vai entrar PERTO e vai sair no lado esquerdo LONGE OBS: indicada para ossos ocos (invaginante), é seromuscular não penetra na luz do órgão. SUTURA CONTÍNUAS Simples de Kershner: 1 – Inicia igual o ponto simples, entra na direita e sai na esquerda e da o nó. 2 – Agora entra com a agulha onde foi colocado o primeiro nó (borda direita), passa por baixo na diagonal. 3 – Agora entra de dentro para fora no lado esquerdo e depois entra de fora pra dentro do lado direito e assim vai até acabar a ferida (assim vai ficar paralelo, as passadas diagonais ficam para dentro da ferida e não para fora, tem outro jeito de fazer que fica para fora) 4 – Para finalizar a sutura deixamos uma alça no final da sutura, e utiliza essa alça para fazer o nó. OBS: indicada para tecidos elásticos e com mínima tensão. Tem maior aproximação das bordas das feriadas. Sutura de Reverdin (ancorada): 1 – Faz o ponto simples. 2 –Insere agulha de fora para dentro do lado direto e sai no esquerdo, puxa um pouco do fio, mas não todo, e passa a agulha por dentro desse balão que foi formado e insere de novo do lado direito, vai indo desse jeito. 3 - Finaliza da mesma forma que a anterior. OBS: Indicado para quando tem resistência na borda da ferida. Pontos dificilmente afrouxam Sutura de colchoeiro (U contínua): Barra Grega 1 – Inicia como ponto simples 2 – Entra do lado direto (do lado do ponto simples) de fora para dentro e sai no lado esquerdo. 3 – A agulha entra do lado esquerdo de fora para dentro. (sempre volta do mesmo lado que saiu) 4 – finalização da mesma forma. OBS; principal vantagem é a rapidez no fechamento.
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