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Curso de Pós-Graduação em Dinâmica dos Grupos desenvolvido pela Sociedade Brasileira de Dinâmica dos Grupos - SBDG em parceria com a FATO - Faculdades Monteiro Lobato SOCIEDADE BRASILEIRA DE DINÂMICA DOS GRUPOS – SBDG GERAÇÃO Z NO MERCADO DE TRABALHO DILSON NAKAYAMA MIRANDA DIRLEI BERTOCCHI JEFERSON GONÇALVES PORTO ALEGRE 2015 Curso de Pós-Graduação em Dinâmica dos Grupos desenvolvido pela Sociedade Brasileira de Dinâmica dos Grupos - SBDG em parceria com a FATO - Faculdades Monteiro Lobato DILSON NAKAYAMA MIRANDA DIRLEI BERTOCCHI JEFERSON GONÇALVES GERAÇÃO Z NO MERCADO DE TRABALHO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Pós Graduação em Dinâmica dos Grupos da Sociedade Brasileira de Dinâmica dos Grupos para a obtenção do título de especialista em dinâmica de grupos PORTO ALEGRE 2015 Curso de Pós-Graduação em Dinâmica dos Grupos desenvolvido pela Sociedade Brasileira de Dinâmica dos Grupos - SBDG em parceria com a FATO - Faculdades Monteiro Lobato GERAÇÃO Z NO MERCADO DE TRABALHO Dilson Nakayama Miranda Dirlei Bertocchi Jeferson Gonçalves RESUMO O mercado de trabalho, nos últimos 15 anos, tem recebido uma nova geração de trabalhadores. Trabalhadores estes que são denominados geração Z. Um público que traz significativas características, tanto positivas quanto negativas, na avaliação de seus gestores e das organizações. O presente estudo tem por finalidade compreender os fatores que causam a alta rotatividade do grupo de funcionários da geração Z na empresa “A”, do comercio varejista e, mais especificamente, busca identificar as expectativas que os jovens tem em relação ao trabalho; entender a cultura organizacional da empresa “A” e propor ações de melhoria, a partir de uma construção teórica em torno dos seguintes assuntos: geração Z, os desafios da família para a educação da geração Z, educação emocional, importância dos líderes da geração Z, poder e autoridade e liderança gentil. Para a realização deste trabalho, foi utilizado o método qualitativo exploratório, seguido de uma etapa quantitativa. Para a coleta de dados deste estudo, foi utilizada a técnica entrevista semiestruturada na etapa qualitativa, na qual o pesquisador realizou dez entrevistas com gerentes e colaboradores do departamento de RH da empresa em análise. Posteriormente, na etapa quantitativa, foram aplicados questionários aos sessenta e quatro colaboradores que se enquadram na Geração Z. As informações obtidas através da análise dos dados revelam que os jovens entrevistados da geração Z consideram importante o conhecimento transmitido pelos seus líderes, os exemplos prestados, os limites estabelecidos, pois isso os faz crescer como pessoas. A geração Z não demostra ter apego pelas empresas, tampouco por seus proprietários ou gestores. Os jovens deste estudo, representantes da Geração Z, demostram que desejam experimentar novas experiências, sem grandes preocupações com o futuro. Demonstram possuir uma necessidade muito grande de galgar novas posições, conquistar novas coisas com velocidades muito maiores do que sua própria capacidade de assumir novas funções na empresa. Esta velocidade, através da qual a geração Z deseja as coisas, exige dos líderes uma noção clara da diferença entre poder e autoridade, pois a geração Z foge rapidamente de líderes que gerenciam equipes utilizando-se do poder. Como contribuições deste estudo, foi proposto que a organização reavalie suas práticas ligadas aos colaboradores, buscando desenvolver ações que busquem retê-los através de políticas que atendam às suas necessidades e expectativas. Palavras-chave: Geração Z, Mercado de Trabalho, Rotatividade. 4 Curso de Pós-Graduação em Dinâmica dos Grupos desenvolvido pela Sociedade Brasileira de Dinâmica dos Grupos - SBDG em parceria com a FATO - Faculdades Monteiro Lobato ABSTRACT The labor market, in the last 15 years, has received a new generation of workers. These workers are called Generation Z. A public that brings significant features, both positive and negative, in the evaluation of their managers and organizations. This study aims to understand the factors causing the high turnover of the Z generation of employees in the group "A" company, the retail trade and, more specifically, seeks to identify the expectations that young people have towards work; understand the organizational culture of the company "A" and propose improvement actions, from a theoretical construction around the following issues: Generation Z, family challenges for the education of the generation Z, emotional education, importance of the leaders of the generation Z , power and authority and gentle leadership. For this work, we used the exploratory qualitative method, followed by a quantitative stage. To collect the data from this study, we used semi-structured interview technique in qualitative stage, in which the researcher held ten interviews with managers and employees of the company's HR department in question. Later, in the quantitative stage, questionnaires were given to sixty-four employees who fall under the Generation Z. The information obtained by analyzing the data show that young people interviewed generation Z consider important the knowledge imparted by their leaders, the examples provided, the limits, because it makes them grow as people. The generation Z does not demonstrate having attachment by companies or by their owners or managers. The young of this study, representatives of Generation Z, demonstrate keen to try new experiences, without great concern for the future. Show has a great need to climb new positions, conquer new things with much higher speeds than their own ability to take on new roles in the company. This speed by which the generation Z want things, requires leaders a sense of the difference between power and authority, as that generation Z quickly flees leaders who manage teams using the power. The contribution of this study, it was proposed that the organization re-evaluate their practices related to employees, seeking to develop actions that seek to retain them through policies that meet their needs and expectations. Keywords: Generation Z, Labour Market, Turnover. 5 Curso de Pós-Graduação em Dinâmica dos Grupos desenvolvido pela Sociedade Brasileira de Dinâmica dos Grupos - SBDG em parceria com a FATO - Faculdades Monteiro Lobato INTRODUÇÃO Estamos vivenciando, nos últimos anos, importantes transformações em todos os campos e áreas. Transformação tecnológica, industrial, de processos e principalmente uma transformação de comportamentos. Nos últimos anos vem se buscando diferentes formas e estratégias de entender o comportamento humano, sobretudo nas organizações. Esta busca se tornou inevitável diante dos enormes desafios que os líderes destas organizações têm tido para superar as expectativas de seus liderados. Expectativas estas que, com o passar do tempo, têm se tornado cada vez mais difícil de serem superadas. A partir de um trabalho realizado na área de desenvolvimento de equipe em uma rede de supermercados do estado do Rio Grande do Sul, observou-se uma alta rotatividade de colaboradores, da faixa etária entre 16 a 25 anos, no setor conhecido como Frente de Caixa. Este setor do supermercado é o responsável pelo atendimento direto ao cliente, pois é onde as compras são registradas, cobradas e embaladas. Todos os clientes desta rede de supermercados têm contato com este setor da empresa. Desta forma, o atendimento neste local, bem como todos os processos operacionais padrões, devem ser impecáveis, pois transmitem toda a imagem que a empresaoferece como sendo seu diferencial, tais como: a hospitalidade, cordialidade e bom atendimento. Foi informado, através da equipe gerencial de algumas lojas e também da equipe de recursos humanos, que o turnover – ou rotatividade – dos colaboradores deste setor estava demasiadamente alto. Esse fator inspirou os autores deste trabalho a realizarem um estudo com o objetivo de entender o motivo que leva esses jovens, mesmo trabalhando em um ambiente aparentemente saudável e seguro, com oportunidades de crescimento na empresa, com bons benefícios mensais, um salário compatível de mercado, não permaneciam por muito tempo no trabalho. Desta forma, 6 Curso de Pós-Graduação em Dinâmica dos Grupos desenvolvido pela Sociedade Brasileira de Dinâmica dos Grupos - SBDG em parceria com a FATO - Faculdades Monteiro Lobato busca-se responder à seguinte situação problemática: quais são os fatores que influenciam na rotatividade do grupo de funcionários da geração Z em uma empresa do comercio varejista? Deste modo, o presente trabalho tem como objetivo geral: compreender os fatores que causam a alta rotatividade do grupo de funcionários da geração Z na empresa “A” do comercio varejista. Como objetivos específicos, busca identificar as expectativas que os jovens têm em relação ao trabalho; entender a cultura organizacional da empresa “A” e propor ações de melhoria. REVISÃO DA LITERATURA Geração Z Atualmente, fala-se em diferenças de gerações, a partir das quais procura-se definir cronologicamente quando e como diversas culturas, suas mudanças e suas gerações se comportam e se relacionam. Embora alguns estudiosos da área defendam que esta forma é uma maneira simplista de definição das gerações, podendo tornar-se superficial a ponto de rotular e fundamentar toda uma geração, a restringindo em apenas uma palavra ou comportamento como “tecnologia e agilidade”, por exemplo, existe outra corrente de estudiosos defendendo que, mesmo que possam simplificar o debate, estas definições de gerações têm o mérito de orientar as discussões. Segundo Neto et al (2013), autores como Bakewell e Michaell (2003) descrevem de forma menos rígida uma divisão das gerações conforme o nascimento. Conforme estes autores, os baby boomers, nascidos aproximadamente entre os anos de 1941 e 1960, oriundos de países ocidentais, apresentavam características otimistas e idealistas, fruto de um período pós-guerra. 7 Curso de Pós-Graduação em Dinâmica dos Grupos desenvolvido pela Sociedade Brasileira de Dinâmica dos Grupos - SBDG em parceria com a FATO - Faculdades Monteiro Lobato Entre os anos de 1961 e 1976, nasce a Geração X, em um período marcado pelo aumento dos divórcios e próximo à recessão que se descortinaria nos anos 80, apresentando características mais racionais do que os indivíduos da geração anterior. (NETO et al, 2013). Os nascidos entre 1977 e 1992 constituem a Geração Y, cuja principal característica é apresentar um perfil consumidor que conduz suas escolhas com base em parâmetros técnicos e possui voz ativa nas decisões de compra. (NETO et al, 2013). Aqueles que nasceram após 1992 formam a Geração Z, cuja letra está relacionada ao termo zapping, associado a um alto fluxo e constante troca de informações e meios de troca e acesso a elas em um reduzido espaço de tempo, tendo como característica, portanto, um mundo repleto de conexões e diversidade de ações de forma simultânea. Nasceram em um mundo geograficamente sem fronteiras, onde o conceito de globalização não foi uma conquista, e sim uma realidade. (NETO et al, 2013; VITA; MONTENEGRO, 2013). A partir de Fagundes (2011), pode-se dizer que essa geração distingue-se pela troca rápida, que pode ser a troca da televisão para o computador, do computador para o tablet, do rádio para o celular, dos relacionamentos afetuosos, dos relacionamentos profissionais, até mesmo seus objetivos de vida. A mudança rápida, a necessidade de novidades em suas vidas e a falta de um objetivo a longo prazo é determinante na definição desta Geração. Para Fagundes (2011), esta geração possui grande habilidade e facilidade no uso das tecnologias, com uma naturalidade que por vezes impressiona os membros das gerações anteriores. Parecem já não conceber um mundo sem estes dispositivos. No entanto, segundo o mesmo autor, por vezes apresentam dificuldades em encontrar e utilizar informação a que tem acesso por estes meios de forma adequada, havendo 8 Curso de Pós-Graduação em Dinâmica dos Grupos desenvolvido pela Sociedade Brasileira de Dinâmica dos Grupos - SBDG em parceria com a FATO - Faculdades Monteiro Lobato uma necessidade de utilizar estas habilidades com a tecnologia de forma a tornar-se efetivamente competente com relação à informação. Entretanto, podem apresentar carências com relação às habilidades interpessoais. Além das questões singulares às vivências no ambiente familiar, de maneira geral, esta geração está acostumada à vida virtual do que à vida real. Esta vivência virtual representa de certa forma uma realidade paralela repleta de liberdades em que se pode assumir diversos papéis e cuja efemeridade promove uma experiência individualizada e de aproximação de si mesmo e de consequente afastamento e dificuldade ou superficialidade nos laços e relações sociais. (OLIVEIRA, 2010). Segundo Messias1 (2010), citado por Fagundes (2011), essa geração tem como prática desenvolver várias atividades simultaneamente. A vida desta geração é marcada por um excesso de informação, pois os eventos são noticiados em tempo real e o volume torna-se obsoleto em um curto espaço de tempo. E essa rapidez com que os avanços tecnológicos ocorrem condicionou os jovens a desvalorizar as coisas rapidamente. A geração Z é considerada uma nova espécie e apresenta como características comportamentais totalmente diferenciados das demais gerações, com um perfil mais ativo, direto, impaciente, incontroláveis, indisciplinados, sendo consequência da cultura cibernética global, tendo como base a multimídia, realidade na qual essa geração se criou (VEEN; VRAKKING, 2009). Acredita-se que, independentemente a qual geração o indivíduo pertença, seu desenvolvimento pessoal e profissional dependerá do grau da sua maturidade, que deverá ser desenvolvida ao longo de sua vida. Desta forma, as diferenças de atitudes, 1MESSIAS, Melissa. Identificação das âncoras de carreira de enfermeiro s: subsídios para a construção do percurso profissional. 2010. 137 f. Dissertação (Mestrado) – Escola de Enfermagem, Universidade de São Paulo, São Paulo. 2010. Disponível em: <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/7/7140/tde-01072010-155422/fr.php>. Acesso em: 18 nov. 2014. 9 Curso de Pós-Graduação em Dinâmica dos Grupos desenvolvido pela Sociedade Brasileira de Dinâmica dos Grupos - SBDG em parceria com a FATO - Faculdades Monteiro Lobato percepções, experiências e até mesmo valores, podem se tornar pano de fundo para que uma geração complemente a outra em suas carências e necessidades. (COSTA et al, 2014). Os desafios da família para a educação da Geração Z Viver em sociedade significa ser capaz de aprender a se adaptar às exigências de várias situações. Esse aprendizado começa desde que a criança nasce e se prolonga vida afora. Para os professores Berger e Luckmann (2003), existem dois tipos de socialização: a primária e a secundária. Socialização Primária é a que o indivíduo experimenta na infância. Nessa fase, a criança conhece o mundo e a realidade social através das definições que a ela são dadas pelos familiares. A socialização primária termina quando a criança consegue perceber que as normas sociais não são feitasapenas para uma ou outra pessoa particular, mas para todas as pessoas. Socialização Secundária é um processo que não termina. A bem dizer, ela segue para toda a vida. À medida que cresce, a criança participa de várias instituições, e essa participação envolve aprendizado. Ela aprende a linguagem típica da instituição, mais os valores e os comportamentos esperados dos membros que compõem as diferentes instituições (ANTUNES, 1999). Um indivíduo, muitos papéis O núcleo familiar tem um importante papel para a formação educacional do indivíduo. Este núcleo tem como desafio mostrar à criança os diferentes papéis aos quais ela deverá desempenhar ao longo de sua vida. (ANTUNES, 1999). 10 Curso de Pós-Graduação em Dinâmica dos Grupos desenvolvido pela Sociedade Brasileira de Dinâmica dos Grupos - SBDG em parceria com a FATO - Faculdades Monteiro Lobato Para o autor, a Geração Z traz como principal característica a individualização em consequência do avanço da internet. Este avanço possibilita a este jovem permanecer no cômodo de seu quarto e, mesmo assim, estar em contato com diferentes grupos de amizades. Isto, num primeiro momento, possibilita uma interação e integração com um número maior de pessoas. Porém, aumenta ainda mais o individualismo e o pensamento de que posso fazer e dizer o que quero a quem for. (OLIVEIRA, 2010). O desafio maior da família, neste processo, é o de fazer com que esta criança ou jovem entenda o significado de viver em sociedade. Entenda o seu papel no ambiente ao qual faz parte. A família deve ser a principal responsável pela formação da consciência cidadã do jovem, visto que é uma de suas primeiras experiências de grupo, sendo também, portanto, um apoio importante no processo de adaptação das crianças para a vida em sociedade. Este acompanhamento é um fator importante para o desenvolvimento de habilidades sociais e de enfrentamento das adversidades culturais e sociais, características do período de amadurecimento. (BERGER; LUCKMANN, 2003). Conforme Oliveira e Coelho (2010): O educador Antônio Carlos Gomes da Costa, um dos idealizadores do Estatuto da Criança e do Adolescente, declara que a partir do momento em que as crianças ficam soltas na comunidade, há uma perda de referência em relação aos valores considerados importantes para o desenvolvimento de uma base sólida. (OLIVEIRA; COELHO, 2010, p.1). Os autores ressalvam, contudo, que “não basta apenas estar presente, é preciso saber educar de forma correta, que o desafio está na qualidade dessa convivência, que deve ser marcada por um forte componente de presença educativa”. (OLIVEIRA; COELHO, 2010, p.1). 11 Curso de Pós-Graduação em Dinâmica dos Grupos desenvolvido pela Sociedade Brasileira de Dinâmica dos Grupos - SBDG em parceria com a FATO - Faculdades Monteiro Lobato O que estamos vivenciando na atualidade é um confronto da Geração Z, criada com valores antagônicos às anteriores, com a geração a qual é a gestora e que tem como principal desafio receber um jovem, na maioria das vezes, com uma má formação sociológica, com uma desestruturação familiar e com uma geração, na maioria das vezes, com baixa formação educacional e, por consequência, baixa autoestima. O que ocasiona uma desmotivação e falta de expectativas por parte deste jovem. (COSTA, 2014). Nosso questionamento também se refere ao quanto este jovem, que vivencia um tempo em que tudo é imediato, está apto a suportar a pressão de um ambiente repleto de responsabilidades e muitas vezes considerado injusto sob seu ponto de vista. Aspectos que podem fazer com que queira evitá-lo, ainda que de forma instintiva, a fim de não vivenciar frustrações. Situação que pode desencadear uma série de mudanças de comportamento que os levam rapidamente a se afastar do trabalho para evitar o confronto com este sentimento de frustração, medo, tristeza e fracasso. (NETO, 2007). Educação Emocional A família desempenha um importante papel na educação emocional de seus filhos. Ao chegarem ao mercado de trabalho, estes certamente se depararão com uma diversidade de experiências, não apenas positivas, mas também aquelas que requerem habilidade em solucionar problemas e lidar com frustrações. A forma pela qual lidarão com estas situações certamente acarretará em mudanças em seu desempenho profissional, sejam elas negativas ou positivas. (OLIVEIRA, 2010). As mudanças no papel e estruturação familiar, uma organização e comportamento social cada vez mais centrados no indivíduo e o crescimento do mercado consumidor criam uma cultura em que habilidades como a paciência e a visão de longo prazo, tanto no âmbito individual como no social, percam espaço. Estas características fazem 12 Curso de Pós-Graduação em Dinâmica dos Grupos desenvolvido pela Sociedade Brasileira de Dinâmica dos Grupos - SBDG em parceria com a FATO - Faculdades Monteiro Lobato com que este jovem chegue ao mercado despreparado emocionalmente, colocando em prova o preparo do seu gestor (líder). (OLIVEIRA, 2010). Goleman2 (1995), citado por Antunes (1999), mostra que a Inteligência Emocional pode ser expressa através de cinco pontos essenciais: a) Autoconhecimento: - como conhecer os próprios sentimentos; - como fazer opções conscientes; - como gostar de si mesmo; - como ser respeitado em casa, na escola e em sociedade; - como aprender a pensar e a desenvolver a criatividade. b) Administração das emoções: - como controlar os impulsos; - como dispersar a ansiedade; - a interpretação dos indícios das emoções em outras pessoas; - como dialogar consigo mesmo; - as etapas de uma tomada de decisão. c) Ética Social e Empatia: - as ferramentas da empatia; - a compreensão dos sentimentos e apreensão; - o reconhecimento do modo como as outras pessoas se sentem em relação as coisas; - as diferenças entre moral e ética; - a ética num país de contrastes. d) Automotivação: 2 GOLEMAN, Daniel. Inteligência emocional: a teoria revolucionária que redefine o que é ser inteligente. Rio de Janeiro: Objetiva, 1995. 370p. 13 Curso de Pós-Graduação em Dinâmica dos Grupos desenvolvido pela Sociedade Brasileira de Dinâmica dos Grupos - SBDG em parceria com a FATO - Faculdades Monteiro Lobato - o monitoramento dos sentimentos; - as ferramentas do otimismo; - meios de lidar com a raiva, ansiedade, medo e tristeza; - a construção da amizade; - a “descoberta” do outro. Para Antunes (1999) e Goleman3 (1995), a família, no lugar que ocupa, deve preparar o jovem para lidar com conflitos cotidianos, o volume e controle de suas angústias e ansiedades, compreendendo-se ao compreender seus próprios sentimentos e descobrindo-se nos outros, com quem busca efetivamente conviver. Importância dos líderes para a Geração Z Para Hunter (2006), é importe que o líder possua determinadas características no ambiente de trabalho, tendo a capacidade de despir-se da condição de chefe gerente, passando a ser um líder servidor, que tenha a capacidade de dizer à sua equipe “vamos”, ao invés de dizer à equipe “vai”. Um bom líder é aquele que tem a capacidade de influenciar as pessoas para trabalharem com entusiasmo a fim de atingirem objetivos comuns. O autor salienta que liderar pessoas significa conquistá-las, envolvê-las, fazendo com que coloquem suas habilidades, criatividade e excelência a serviço dos objetivos e missão das organizações, dedicando-se ao máximo à equipe. Baldoni (2014) salienta que bons líderes tem noção de presença. O autor salienta que noção de presença é a combinação de autoridade, autenticidade e acessibilidade. Para tê-la, é necessário ser capaz de agir em uma condição que as outraspessoas acreditem que você está no controle. Um bom ator é aquele que consegue representar muito bem o seu papel, um bom líder é o que estabelece vínculos pessoais com sua 3 Ibidem. 14 Curso de Pós-Graduação em Dinâmica dos Grupos desenvolvido pela Sociedade Brasileira de Dinâmica dos Grupos - SBDG em parceria com a FATO - Faculdades Monteiro Lobato equipe, promove abertura de canais de diálogo, deixando seus liderados à vontade para que falem o que sentem em seu ambiente de trabalho. O líder do presente dissemina o otimismo entre seus liderados, pois as pessoas precisam acreditar em seu líder, precisam ter a certeza que seu trabalho está fazendo a diferença e cabe ao líder transmitir-lhes essa segurança (BALDONI, 2014). Poder e Autoridade Poder e autoridade, qual a diferença? Para Hunter (2006), o poder consiste na capacidade de obrigar, por conta de sua posição ou força, os outros a obedecem a sua vontade. Autoridade é muito diferente de poder, pois envolve a habilidade de fazer outrem desenvolver algo de bom grado alinhado à sua vontade. O autor ainda diz que é possível exemplificar as diferenças da seguinte forma: o poder pode ser comprado e vendido, dado e tirado, enquanto a autoridade é entendida como a essência da pessoa, está ligada a seu caráter. Para Baldoni (2014), o líder deve se portar assumindo o controle da situação. Se a empresa estiver passando por dificuldades, o medo poderá ser endêmico. No entanto, o líder não pode e não deve demonstrar seus receios para a equipe, pois pode transmitir uma mensagem errada aos funcionários ao ponto de fazer com que percam a esperança. A maneira como os líderes trabalham com seus medos é muito importante e faz a diferença em momentos de dificuldade. Liderança gentil Baldoni (2014) defende a ideia de que o líder moderno é um ser gentil, não apenas em seu papel de liderança, mas em seu comportamento. É comum encontrar gerentes mal educados e despreparados para lidar com suas equipes, cultivando os mais primitivos sentimentos de ódio e desprezo por aqueles que deveriam ser seus 15 Curso de Pós-Graduação em Dinâmica dos Grupos desenvolvido pela Sociedade Brasileira de Dinâmica dos Grupos - SBDG em parceria com a FATO - Faculdades Monteiro Lobato seguidores. Ora, ninguém segue aqueles que odeiam, por conta deste comportamento revela o autor que uma em cada três pessoas que pedem demissão, se demitem do chefe e não da empresa: [...] até onde você vai na vida depende de ser terno com os jovens, compadecidos com os idosos, simpático com os esforçados e tolerantes com os fracos e fortes. Porque em algum momento da vida você descobrirá que já foi tudo isso. (BALDONI, 2014). Um bom líder também é aquele que sabe escutar. Saber diferenciar o escutar do ouvir faz do líder o ser que cria a empatia necessária para estabelecer uma relação de confiança. Uma das mais poderosas interações humanas ocorre quando as pessoas se sentem acolhidas. As pessoas que nos escutam, são as pessoas das quais nos aproximamos e cuja companhia mais prezamos. Os líderes servidores mais eficazes possuem a extraordinária capacidade de demonstrar ao mesmo tempo rigor implacável e uma afeição sincera. Em resumo, conseguem abraçar seus liderados quando carentes e lhes apontar questões a melhorar quando necessário. (BALDONI, 2014). Hunter (2006) compartilha da ideia de Baldoni (2014) de que o líder deve colocar sua equipe em primeiro lugar, precisa ainda aprender fazer concessões, desenvolver habilidades para conduzir negociações, tendo o entendimento de que tais ações importarão em ganhos e sacrifícios para ambas. Metodologia da pesquisa O estudo foi realizado com vistas a aprofundar o entendimento da inserção e manutenção da geração Z no mercado de trabalho. Esta pesquisa teve como principal objetivo entender quais as expectativas desta geração para seu futuro profissional e quais as características principais dos gestores que terão como missão desenvolvê- la. 16 Curso de Pós-Graduação em Dinâmica dos Grupos desenvolvido pela Sociedade Brasileira de Dinâmica dos Grupos - SBDG em parceria com a FATO - Faculdades Monteiro Lobato A fim de obterem-se evidências para o embasamento da pesquisa, visitou-se uma Rede de Supermercados, aqui chamada de empresa “A” para manter preservado seu nome, localizada no Município de Porto Alegre/RS. Teve-se por objetivo conhecer a realidade daqueles funcionários que enquadram-se no que se chama a Geração Z inseridos em seu ambiente profissional, analisando-se suas expectativas com relação ao seu trabalho, bem como os aspectos relacionados à manutenção de seu emprego e também suas ambições profissionais futuras. O presente trabalho teve caráter exploratório, com abordagem qualitativa e quantitativa. De acordo com Vieira (2009), a pesquisa quantitativa é definida da seguinte forma: Na pesquisa quantitativa, as informações são de natureza numérica. O pesquisador busca classificar, ordenar ou medir as variáveis para apresentar estatísticas, comparar grupos eu estabelecer associações. O conhecimento obtido é generalizável, ou seja, é possível estender, com certa margem de erro, o resultado da pesquisa para toda a população de onde proveio a amostra. (VIEIRA, 2009). Santos (2009) define a pesquisa qualitativa como sendo a forma de aprofundar muito mais a investigação do fenômeno, o que exige mais participação do pesquisador na investigação. Requer, ainda, um alto grau de sensibilidade do pesquisador para não gerar um grau excessivo de subjetividade. Conforme descreve Minayo (2010), o método qualitativo pode ser definido como: [...] é o que se aplica ao estudo da história, das relações, das representações, das crenças, das percepções e das opiniões, produtos das interpretações que os humanos fazem a respeito de como vivem, constroem seus artefatos e a si mesmos, sentem e pensam. Embora já tenham sido usadas para estudos de aglomerados de grandes dimensões (IBGE, 1976; Parga Nina et.al 1985), as abordagens qualitativas se conformam melhor a investigações de grupos e segmentos delimitados e focalizados, de histórias sociais sob a ótica dos atores, de relações e para análises de discursos e de documentos. (MINAYO, 2010, p.57). 17 Curso de Pós-Graduação em Dinâmica dos Grupos desenvolvido pela Sociedade Brasileira de Dinâmica dos Grupos - SBDG em parceria com a FATO - Faculdades Monteiro Lobato Quanto ao delineamento, a coleta dos dados se deu por meio de análise documental, através da análise de boletins disponibilizadas pelo RH, contendo os indicadores de turnover da empresa. Foram realizadas, também, entrevistas semiestruturadas aplicadas a 10 pessoas, sendo elas gerentes e colaboradores do departamento de Recursos Humanos da empresa. Com base nas informações obtidas na etapa qualitativa exploratória, foi elaborada a etapa quantitativa através da construção dos questionários aplicados com sessenta e quatro (64) funcionários da empresa pertencentes à faixa etária compatível com o conceito de Geração Z. A aplicação do questionário teve a finalidade de identificar quais os fatores levam este público a não permanecer na empresa, assim como quais seus anseios e expectativas com relação ao mercado de trabalho. Ao se falar em entrevista como técnica privilegiada de comunicação e coleta de dados, Minayo (2010), destaca que se trata da estratégia mais utilizada no trabalho de campo, ressaltando o seguinte conceito: [...] é acima de tudo uma conversa a dois, ou entre vários interlocutores, realizada por iniciativa do entrevistador, destinada a construir informações pertinentes para um objeto de pesquisa, e abordagem pelo entrevistador,de temas igualmente pertinentes tendo em vista este objetivo. (MINAYO, 2010, p.261). Análise dos resultados De modo geral, os resultados obtidos em pesquisa demonstram que o público pesquisado constitui, em sua maioria, pessoas provenientes de famílias fragilizadas do ponto de vista econômico. No entanto, este aspecto não as torna menos competentes, se comparada à juventude de outras classes sociais para lidar com aspectos emocionais próprios da idade. 18 Curso de Pós-Graduação em Dinâmica dos Grupos desenvolvido pela Sociedade Brasileira de Dinâmica dos Grupos - SBDG em parceria com a FATO - Faculdades Monteiro Lobato Com relação à liderança, consideram importante o conhecimento que é transmitido pelos seus líderes, os exemplos que são prestados e os limites estabelecidos, pois isso os faz crescer como pessoas. Percebendo-se, portanto, que existe uma convergência na visão dos autores no que tange a forma de liderar pessoas e o que os entrevistados expressam acerca da forma como gostariam de ser liderados. Com relação à dinâmica do ambiente de trabalho, demonstra possuir uma necessidade muito grande de galgar novas posições, conquistar novas coisas com velocidades muito maiores do que sua própria capacidade de assumir novas funções na empresa. Esta velocidade, através da qual a geração Z deseja as coisas, exige dos líderes uma noção clara da diferença entre poder e autoridade, pois a geração Z foge rapidamente de líderes que gerenciam equipes utilizando-se do poder. (MAURER, 2013). A seguir, apresenta-se a análise dos questionários aplicados aos jovens da geração Z. Foram elaborados gráficos, a fim de representar de forma mais clara alguns fenômenos encontrados neste grupo de jovens. Gráfico 01 - Estrutura familiar dos entrevistados Fonte: Elaborado pelos autores, 2015. . 19 Curso de Pós-Graduação em Dinâmica dos Grupos desenvolvido pela Sociedade Brasileira de Dinâmica dos Grupos - SBDG em parceria com a FATO - Faculdades Monteiro Lobato No gráfico 01, abordou-se a estrutura familiar dos jovens pesquisados. Percebeu-se que 54% dos entrevistados moram com seus pais juntamente com outros familiares. Ou seja, sob um mesmo teto vivem um grupo familiar composto pelos pais, filhos e ainda outras pessoas como avôs, ou tios dos entrevistados. Apenas 15% dos jovens entrevistados têm uma convivência familiar apenas com seus pais. 23% dos entrevistados já possuem cônjuges e a maioria deles já possuem filhos. Há, ainda, uma fatia pequena dos entrevistados que reside com outros familiares. Considerando as respostas dos entrevistados, pode-se afirmar que a estrutura familiar dos jovens pesquisados possui padrões considerados “comuns” à sociedade contemporânea em que vivemos. Gráfico 02 - Como você classifica a empresa onde trabalha? Fonte: Elaborado pelos autores, 2015. O questionário apresentou uma questão que buscava compreender como os entrevistados classificariam a empresa onde trabalham. As respostas podem ser visualizadas no gráfico 03. Apenas 3% dos entrevistados disseram que é uma empresa ruim. Pode-se perceber que 94% dos entrevistados consideram a empresa regular ou boa. O reconhecimento de que a empresa onde trabalha oferece ótimas e boas condições foi a resposta de 57% dos que responderam ao questionário. Para o desempenho das funções, este aspecto passa a ser algo importante na análise eliminatória dos fatores que poderiam influenciar na decisão de mudar de emprego 20 Curso de Pós-Graduação em Dinâmica dos Grupos desenvolvido pela Sociedade Brasileira de Dinâmica dos Grupos - SBDG em parceria com a FATO - Faculdades Monteiro Lobato com tanta velocidade. Portanto, considera-se este um fator menos relevante na tomada de decisão de abandonar o emprego. Gráfico 03 - Qual a renda mensal média de sua família? Fonte: Elaborado pelos autores, 2014. Ao serem indagados acerca das receitas financeiras geradas pelo grupo familiar, apenas 3% deles possuem composição de renda mensal acima de 7 salários mínimos e 62% dos entrevistados afirmaram que a renda do grupo familiar oscila entre 2 e 4 salários. Assim, a maioria absoluta das famílias dos jovens possui baixa renda. Tal evidência pode ser visualizada no gráfico 03. Gráfico 04 - Está estudando atualmente? Fonte: Elaborado pelos autores, 2014. 21 Curso de Pós-Graduação em Dinâmica dos Grupos desenvolvido pela Sociedade Brasileira de Dinâmica dos Grupos - SBDG em parceria com a FATO - Faculdades Monteiro Lobato Ao criar-se o questionário, buscou-se verificar se os jovens pesquisados estavam estudando, com o objetivo de verificar se este fator poderia ser um dos prováveis motivos pelos quais os jovens apresentariam índices de rotatividade em seus empregos, pois o trabalho poderia consumir um tempo importante do colaborador, prejudicando seus estudos. No gráfico 04, percebe-se que apenas 33% deles afirmaram que estavam estudando, o que implica dizer que a hipótese de relacionar a rotatividade no emprego com os estudos passa a fazer pouco sentido, tendo em vista que a rotatividade na empresa não possui relação direta com os estudos, fato este que ficará mais evidente nos gráficos seguintes. Gráfico 05 - Em seu ponto de vista, qual seria o salário ideal para o desempenho de sua atual função? Fonte: Elaborado pelos autores, 2014. Na questão salário, 65% dos jovens responderam, que a remuneração ideal para o desempenho de suas funções seria um valor entre R$ 800,00 (oitocentos reais) e R$ 999,00 (novecentos e noventa e nove reais). Isto implica dizer que os entrevistados não possuem grandes expectativas em relação a remuneração na empresa onde trabalham. 22 Curso de Pós-Graduação em Dinâmica dos Grupos desenvolvido pela Sociedade Brasileira de Dinâmica dos Grupos - SBDG em parceria com a FATO - Faculdades Monteiro Lobato As respostas apresentadas no gráfico 05 mostram que apenas 5% das pessoas entrevistadas afirmaram que um salário ideal ficaria entre R$ 1.200,00 (um mil e duzentos reais) a R$ 1.400,00 (um mil e quatrocentos reais). Gráfico 06 - Quanto tempo pretende trabalhar nesta empresa? Fonte: Elaborado pelos autores, 2014. O gráfico 6 trata da expectativa do funcionário com relação à sua própria permanência na empresa. Pôde-se observar que apenas 5% dos entrevistados têm alguma pretensão de permanecer na empresa por um longo período, desde que recompensados com oportunidades de crescimento. Fica evidente que, está distante a ideia de que a empresa objeto do presente estudo tenha redução na rotatividade de funcionários, pois 73% dos entrevistados não têm pretensão de ficar mais do que dois anos. 23 Curso de Pós-Graduação em Dinâmica dos Grupos desenvolvido pela Sociedade Brasileira de Dinâmica dos Grupos - SBDG em parceria com a FATO - Faculdades Monteiro Lobato Gráfico 07 - Em uma escala de importância, classifique: Salário, reconhecimento, estrutura física da loja, possibilidade de crescimento. Fonte: Elaborado pelos autores, 2014. Uma fatia importante dos jovens entrevistados – 50% – afirma que em um emprego formal o salário é o mais importante, considerando suas prioridades. Reconhecimento e boas relações interpessoais fazem parte da escala de valor de outros 42% dos entrevistados. Ainda é possível verificar no gráfico 07 que a estrutura física do local de trabalho tem importância para apenas para 3% dos entrevistados. Como pode-se perceber, metade dos jovens pesquisados colocam outros fatores em primeiro lugar, não sendo o salário o mais importante. Esta informação pode ser aproveitada pela empresa para criar mecanismos de estímulo aos funcionários, com vistas a instituirum ambiente de trabalho atrativo e, quem sabe, contribuir para a redução da rotatividade funcional na empresa. 24 Curso de Pós-Graduação em Dinâmica dos Grupos desenvolvido pela Sociedade Brasileira de Dinâmica dos Grupos - SBDG em parceria com a FATO - Faculdades Monteiro Lobato Gráfico 08 - Está satisfeito com o tratamento que recebe de seus superiores? Fonte: Elaborado pelos autores, 2014. Chama atenção o gráfico 08, pois 66% dos jovens disseram que estão satisfeitos ou muito satisfeitos com o tratamento que recebem de seus superiores. Tal afirmação supera as afirmações resultantes do gráfico 07, no qual 42% possuem em sua escala de valor o reconhecimento e as relações interpessoais. Considerando os resultados do gráfico 06, que trata da vontade dos entrevistados em permanecer trabalhando na empresa (73% entre 1 até 2 anos, no máximo), fica a questão: “o que os motiva a querer sair da empresa?”. Evidencia-se aqui o que fora encontrado no embasamento teórico: é uma geração de trocas rápidas. Para a análise do gráfico 08 feita acima, descarta-se a possibilidade de haver retaliação ou qualquer tipo de coação dos entrevistados por parte de seus gestores, uma vez que se tomou o cuidado de manter sigilo acerca das pessoas que responderiam os questionários, deixando-os à vontade e criando condições que os motivassem a falar abertamente sobre o assunto. 25 Curso de Pós-Graduação em Dinâmica dos Grupos desenvolvido pela Sociedade Brasileira de Dinâmica dos Grupos - SBDG em parceria com a FATO - Faculdades Monteiro Lobato Gráfico 09 - Está satisfeito no seu trabalho? Fonte: Elaborado pelos autores, 2014. Um gráfico interessante de ser analisado é o de número 09, pois 64% dos entrevistados afirmaram estar satisfeitos ou muito satisfeitos com seus trabalhos. Isso reforça a ideia do termo que deu origem à Geração Z, a palavra de origem na Língua Inglesa zapping, traduzida na Língua Portuguesa pelo termo “zapear”, que em uma tradução mais literal quer dizer trocar, mudar constantemente. De certa forma, isso explica o porquê, mesmo satisfeitos com seus trabalhos, satisfeitos com seus superiores, não têm pretensão de permanecer nos seus empregos por muito tempo. Ao que parece, este será o inevitável mundo novo, pois esta geração não demonstra ter preocupação com trocas de empregos. Contrariamente, desejam experimentar o novo. 26 Curso de Pós-Graduação em Dinâmica dos Grupos desenvolvido pela Sociedade Brasileira de Dinâmica dos Grupos - SBDG em parceria com a FATO - Faculdades Monteiro Lobato Gráfico 10 - Você deseja fazer uma graduação na universidade? Fonte: Elaborado pelos autores, 2014. O décimo gráfico trata da vontade dos jovens em buscar formação superior. Percebeu- se que apenas 25% afirmaram que desejavam fazer um curso superior. Isso que leva a crer que a possibilidade de melhores condições empregatícias fica reduzida na medida em que os entrevistados se privam de buscar formação, exigência do mercado atual e tendência para o futuro, como condição pela qual seria possível galgar melhores oportunidades de emprego e renda. CONSIDERAÇÕES FINAIS A geração Z, objeto do deste estudo, tem características peculiares de uma época onde o acesso às tecnologias de informação permite o rompimento de barreiras que outrora pareciam intransponíveis. É uma geração muito dinâmica e com necessidades de mudanças constantes. Os resultados do questionário aplicado ao grupo de jovens evidenciam a naturalidade com que essa geração lida com as mudanças. Esta afirmação fica bem evidente no gráfico 06 apresentado neste trabalho, onde as respostas indicam que 73% dos entrevistados não têm pretensão de ficar mais do que dois anos trabalhando na empresa pesquisada. 27 Curso de Pós-Graduação em Dinâmica dos Grupos desenvolvido pela Sociedade Brasileira de Dinâmica dos Grupos - SBDG em parceria com a FATO - Faculdades Monteiro Lobato Ao contrário das gerações anteriores, a Geração Z não demostra ter apego pelas empresas, tampouco por seus donos ou gestores. Os jovens deste estudo, representantes da Geração Z, demostram, por suas respostas, que desejam experimentar o novo, sem grandes preocupações com o futuro. Conclusões vistas nos resultados os quais mostram que: apenas 3% afirmaram que a empresa é ruim; 76% têm interesses de curto prazo na empresa, embora 66% tenham afirmado que estão satisfeitos ou muito satisfeitos com o tratamento que recebem de seus superiores; 64% dos entrevistados estão satisfeitos ou muito satisfeitos com a empresa. As respostas obtidas demonstram que os jovens pesquisados pertencentes à Geração Z conseguem viver um dia de cada vez. Essa percepção muda drasticamente a dinâmica das empresas, nas quais, em tempos anteriores, era comum que colaboradores fossem intimidados com a possibilidade de demissão. Esta estratégia com certeza não teria efeito algum sobre esta geração. Confrontando as informações do embasamento teórico com a pesquisa, evidencia-se a consonância entre ambas. No embasamento teórico, relata-se que a Geração Z tem uma necessidade constante de mudanças. Esta afirmação teórica ficou bastante evidenciada na pesquisa. No que diz respeito à configuração tradicional da família de casal e filhos, percebe-se que este formato de família está perdendo forças e dando lugar a uma nova forma de constituição familiar. A percepção que fica é de que a sociedade ainda não sabe como lidar com estas situações, pois as mudanças são ainda muito recentes, sendo necessário um amadurecimento da sociedade a fim de que exista uma coexistência familiar sadia e sem traumas. Esta dificuldade também está presente no grupo pesquisado, ainda que 8% dos entrevistados morem com outros familiares e não com os pais e 54% morem com os pais e outros familiares. 28 Curso de Pós-Graduação em Dinâmica dos Grupos desenvolvido pela Sociedade Brasileira de Dinâmica dos Grupos - SBDG em parceria com a FATO - Faculdades Monteiro Lobato No que tange às lideranças que os jovens almejam encontrar nas empresas, a literatura aponta que os comportamentos que os líderes deveriam ter para liderar a Geração Z seria a capacidade de criar vínculos, empatia e motivação em seus liderados. Na medida em que 66% dos jovens participantes da pesquisa responderam estarem satisfeitos com a forma que são liderados, parece que estes comportamentos estão presentes na empresa pesquisada. Porém, este aspecto não parece ser suficiente para evitar a alta rotatividade dos funcionários da Geração Z na empresa em análise. Se por um lado os dados pesquisados esclareceram determinados aspectos, por outro mostraram a necessidade de novas e maiores investigações sobre o que poderia motivar os funcionários da Geração Z a permanecer na empresa, a fim de criar condições futuras para a possibilidade de chegarem à sua liderança. Junto a esta recomendação, também parece tornar-se necessário que a empresa pesquisada repense sua cultura organizacional, com vistas a se adaptar a este inevitável mundo novo, no qual a relação empregador-empregado possa ter uma nova e profunda dinâmica. Esta geração deseja o prazer imediato, tem pressa, não tem interesse em algo longo e duradouro. Isso tudo deverá ser objeto de desenvolvimento de metodologias por parte das ciências que estudam o comportamento humano, para que as empresas possam superar este novo momento que envolve as relações de trabalho. REFERÊNCIAS ANTUNES, Celso. Alfabetização Emocional . Petrópolis: Vozes, 1999. BALDONI, John. 101 dicas práticas de liderança . Tradução de Isa Laxe. Rio de Janeiro: GMT Editores Ltda, 2014. 29 Curso de Pós-Graduação em Dinâmicados Grupos desenvolvido pela Sociedade Brasileira de Dinâmica dos Grupos - SBDG em parceria com a FATO - Faculdades Monteiro Lobato BERGER, Peter, L.; LUCKMANN, Thomas. A construção social da realidade: tratado de sociologia do conhecimento. 23 ed. Petrópolis: Vozes, 2003. COSTA, L. F. L. G.; MENDONÇA, C. M.; RODRIGUES, G.; ARAÚJO, M. V. P.; ALLOUFA, M. L.; SILVA, R. C. Conflitos organizacionais entre gerações: um estudo empírico com a equipe de desenvolvimento de software do IFRN. Holos, [S.l.], v. 4, p. 361-374, ago. 2014. ISSN 1807-1600. Disponível em: <http://www2.ifrn.edu.br/ojs/index.php/HOLOS/article/view/898>. Acesso em: 6 out. 2014. FAGUNDES, Marina Miranda. Competência informacional e geração Z: um estudo de caso de duas escolas de Porto Alegre. 2011. 105 f. 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