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UNIDADE I - TEORIA GERAL DOS TÍTULOS DE CRÉDITO

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Material de apoio
Professor: Lucas Goulart Consulmagno Prata
Apresentação Docente:
· Graduação em Direito pelas Faculdades Integradas Vianna Junior Juiz de Fora – MG; 
· Pós Graduação Stricto Sensu: Mestrado em Direito pela Universidade Católica de Petrópolis – UCP, cuja linha de pesquisa é Processo e efetivação da Justiça; 
· Foi Procurador Geral do Município de Belmiro Braga – MG; 
· Foi advogado, durante quatro anos, no escritório Bittencourt e Bissoli Advogados Associados em Juiz de Fora – MG, atuando especificamente na defesa dos interesses de grandes empresas, nas relações de consumo. Atualmente é advogado com experiência e ênfase no Direito do Consumidor; Direito Civil e Direito Processual Civil. 
· É professor de Direito Processual Civil e Prática Cível no Centro Universitário Estácio, campus de Juiz de Fora – MG. Foi professor orientador do núcleo de prática jurídica do Centro Universitário Estácio, campus de Juiz de Fora – MG. 
· Professor de Pós Graduação lato sensu da PUC - MG
· Publicou artigos em livros e revistas e organizou livro com múltiplos autores.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS:
· Marlon Tomazette. Curso de Direito Empresarial. Vol. 2 e 3. Editora Saraiva
· André Santa Cruz. Direito Empresarial Volume Único. Editora Método/Gen
· Fabio Ulhoa Coelho. Curso de Direito Comercial. Volume que trata de títulos de crédito, contratos e recuperação judicial e falência. RT
CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO:
	PROVA: 8,0 TRABALHO: 2,0 (ENTREGA 16/09/2020) – TEMA:
UNIDADE V (grupos)
5. Contratos Empresariais 5.1. Contrato de Franquia: 5.2. Contrato Bancário: 5.2.1. Contrato de Depósito; 5.2.2. Contrato de Mútuo; 5.2.3. Contrato de Desconto; 5.2.4. Contrato de Abertura de Crédito. 5.3. Contrato de Arrendamento Mercantil 5.4. Contrato de Cartão de Crédito
· Semana AV1 – 05/10/2020 à 10/10/2020 / Prova dia: 07/10/2020
· Semana AV2 – 23/11/020 à 28/11/2020 / Prova dia: 25/11/2020
· Semana AV3 – 07/12/2020 à 12/12/2020 / Prova dia: 09/12/2020
FREQUÊNCIA:
	Diária ao final da aula (resumo 1 semana após falta: lucasconsulmagno@hotmail.com)
UNIDADE I – TEORIA GERAL DOS TÍTULOS DE CRÉDITO
CONCEITO: 
· Título de crédito (cheque, duplicata, nota promissória) é o documento necessário para o exercício do direito, literal (só vale o que está escrito) e autônomo (a invalidade de uma obrigação não invalida outra, se houver) , nele mencionado. (Vivante por Fabio Ulhoa Coelho). O crédito se funda em uma relação de confiança entre dois sujeitos: O que concede (credor) e o que dele se beneficia (devedor). Trata-se de mecanismo de enorme importância a economia, permitindo dinamicidade nas relações entre pessoas com reflexos econômicos, com maior circulação das riquezas. (permitindo compra e venda de mercadoria com prazo para pagamento entre fabricante e fornecedor até chegar ao consumidor final)
· Título de crédito é um documento, que se reporta a um fato, ele diz que alguma coisa existe. Em outros termos, o título prova a existência de uma relação jurídica. Constitui prova de que certa pessoa é credora de outra; Se alguém assina um cheque e o entrega para outra pessoa, o titulo documenta que esta outra pessoa é credora da que lhe forneceu. (Fabio Ulhoa)
OBS: O título de crédito é objetivo, não se documenta nele nenhuma outra obrigação (como fazer, dar, não fazer. O que se costumeiramente faz por meio de contrato), mas tão somente uma relação de crédito.
	Ex: Quando se emite um cheque, em regra, o que se documenta é que uma pessoa deve X a outra pessoa, em virtude de uma relação jurídica precedente.
OBS: O título de crédito possui característica marcante de ser considerado pela lei processual, como título executivo extrajudicial, o que facilita sua cobrança em juízo (por meio de ação de execução).
CPC
Art. 784. São títulos executivos extrajudiciais:
I - a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o cheque;
OBS: O título de crédito possui facilidade negocial do direito nele mencionado (crédito), em virtude da autonomia, enquanto sua característica (a relação jurídica cambial, de crédito exarada no título, é autônoma face a relação jurídica contratual que lhe deu causa.
	Ex: Se eu sou detentor de uma nota promissória, ou de um cheque pós datado (exceção), no valor de R$ 500,00, posso ir até o banco que possuo conta, e caso ele aceite, entrego o título a ele, antes do vencimento, ele me antecipa parte do valor contido no título (R$ 300,00), e no vencimento o banco desconta a totalidade do valor contido no título. 
OBS: Relação cambial x Relação civil: As relações cambiárias são regidas pelo direito cambiário e as relações civis são regidas pelo direito civil.
	Ex: Cessão de crédito é regida pelo Direito Civil, portanto, trata-se de uma relação civil e não cambiaria, onde uma pessoa cede a um terceiro, um crédito que eventualmente tenha. Endosso de título de crédito (instrumento de circulação do título entre pessoas) é regida pelo regime jurídico cambial (relação cambial). Perceba que a questão de fundo é parecida, transferência de crédito, mas a primeira é regida pelo direito civil e a segunda pelo direito cambiário (a diferença resulta na maior segurança e facilidade para receber, negociar quando se trata de regime cambiário)
· PRINCIPIOS DO DIREITO CAMBIÁRIO: 
- Cartularidade (documentalidade): 
Código Civil
Art. 887. O título de crédito, documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele contido, somente produz efeito quando preencha os requisitos da lei.
Fábio Ulhoa Coelho define o princípio da cartularidade como sendo aquele em que: “o credor do título de crédito deve provar que se encontra na posse do documento para exercer o direito nele mencionado” (COELHO, pág. 447).
OBS: A expressão cartularidade advém do latim chartula (papel pequeno, pedaço de papel, escrito de pouca extensão), que remonta a ideia de papel, no sentido de que a apresentação do documento seria essencial para o exercício do direito. 
OBS: O princípio da cartularidade envolve as seguintes ideias e suas consequências: 
1. O crédito deve estar materializado (coisificado) em um documento escrito (título); 
a) Não há que se falar em título de crédito verbal; 
b) A materialização do documento não afasta a possibilidade de título de crédito emitido a partir dos caracteres de computador ou meio técnico equivalente (eletrônico ou virtual) – CCB/02 - Art. 889, § 3º
Art. 889. Deve o título de crédito conter a data da emissão, a indicação precisa dos direitos que confere, e a assinatura do emitente.
§ 3º O título poderá ser emitido a partir dos caracteres criados em computador ou meio técnico equivalente e que constem da escrituração do emitente, observados os requisitos mínimos previstos neste artigo.
OBS: Para a transferência do crédito, é necessária a transferência material do título; 
a) Não se admite transferência parcial do título de crédito – CCB/02 - Art. 912, parágrafo único.
CC
Art. 912
Parágrafo único. É nulo o endosso parcial.
OBS: Clausula proibitiva de endosso.
Código Civil
Art. 890. Consideram-se não escritas no título a cláusula de juros, a proibitiva de endosso, a excludente de responsabilidade pelo pagamento ou por despesas, a que dispense a observância de termos e formalidade prescritas, e a que, além dos limites fixados em lei, exclua ou restrinja direitos e obrigações.
COMO ISSO FOI COBRADO EM PROVA:
Ano: 2019 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: TJ-SC Prova: CESPE - 2019 - TJ-SC - Juiz Substituto
A aposição de cláusula proibitiva de endosso no título de crédito é considerada pelo Código Civil como
A) nula de pleno direito.
B) não escrita.
C) anulável.
D) válida, se aceita expressamente pelo tomador.
E) inexistente, se dada no anverso do título.
RESPOSTA: B 
OBS: Não há que se falar em exigibilidade do crédito sem a apresentação do documento.
a) Os títulos de créditos são de apresentação necessária ao credor;
b) Em regra, cópia autenticada do título de crédito não supre a apresentação do original (Fabio Ulhôa, sustenta que ao se admitir não se pode assegurar que quemestá com a cópia, não tenha feito circular o original ). Há entendimento jurisprudencial em sentido diverso;
TJMG
Relator(a): Des.(a) Vicente de Oliveira Silva
Data de Julgamento: 08/10/2019
Data da publicação da súmula: 18/10/2019
Ementa:
EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL. CÉDULA DE CRÉDITO BANCÁRIO. EXIBIÇÃO DE CÓPIA AUTÊNTICADA. APRESENTAÇÃO DA VIA ORIGINAL DO CONTRATO. PRESCINDIBILIDADE. SENTENÇA CASSADA. I - Consoante prevê o art. 798, I, do atual CPC, incumbe ao credor instruir a petição inicial da execução com o título executivo extrajudicial. II - Tratando-se de execução pautada em cópia autenticada de cédula de crédito bancário promovida pelo credor originário, acompanhada de detalhamento do crédito, desnecessária se mostra a exigência formal de via original, sobretudo em se tratando de título que não é passível de circulação. III - Recurso conhecido e provido.
Trecho do voto do relator:
Ao analisar as folhas da aludida cédula de crédito bancário (fls. 32/37), nota-se que elas foram devidamente autenticadas pelo tabelião do 28º Ofício de Notas da Comarca do Rio de Janeiro/RJ, o que somente foi possível em razão da apresentação do original.
Assim, contrariamente o entendimento externado na sentença combatida, entendo que não há de se falar em obrigatoriedade de juntada do original do contrato, se o exequente juntou a cópia autenticada da Cédula de Crédito Bancário.
STJ
"PROCESSO CIVIL. EXECUÇÃO EXTRAJUDICIAL. TÍTULOS QUE SE APRESENTAM POR CÓPIA. ADMISSIBILIDADE. I - A execução pode excepcionalmente ser instruída por cópia reprográfica do título extrajudicial em que fundamentada, prescindindo da apresentação do documento original. II - Tal conclusão ainda mais se apresenta quando não há dúvida quanto à existência do título e do débito e quando comprovado que não circulou. Recurso Especial não conhecido". (REsp 820121/ES, Rel. Ministro HUMBERTO GOMES DE BARROS, Rel. p/ Acórdão Ministro SIDNEI BENETI, TERCEIRA TURMA, julgado em 10/08/2010, DJe 05/10/2010).
c) Sem apresentação do título de crédito o devedor não está obrigado ao pagamento (devendo o credor ajuizar ação de conhecimento)
d) Se o credor perder o título de crédito (extravio ou deterioração) ou for injustamente desapossado (esbulho) pedir em juízo a substituição do título de crédito ou impedir que o pagamento seja feito a terceiros.
CC
Art. 908. O possuidor de título dilacerado, porém identificável, tem direito a obter do emitente a substituição do anterior, mediante a restituição do primeiro e o pagamento das despesas.
Art. 909. O proprietário, que perder ou extraviar título, ou for injustamente desapossado dele, poderá obter novo título em juízo, bem como impedir sejam pagos a outrem capital e rendimentos.
OBS: Tal princípio não se aplica a duplicata mercantil ou de prestação de serviços (veremos adiante), segundo Fabio Ulhôa.
- Literalidade: 
É a característica segundo a qual somente produzem efeitos jurídico-cambiais os atos lançados no próprio título de crédito.
Assim, o título vale pelo que nele se menciona (devedor tem direito de pagar só o que está escrito no título). O que não está escrito, não tem efeito na relação jurídico-cambial. 
SÚMULA 387 STF
A cambial emitida ou aceita com omissões, ou em branco, pode ser completada pelo credor de boa-fé antes da cobrança ou do protesto.
Ex.: 
a) aval deve ser dado no próprio título, senão não vale como aval; 
b) quitação do pagamento deve constar do próprio título.
OBS: Quem paga parcialmente, deve exigir o escrito do pagamento parcial no título. Aqui vale a máxima de “quem paga errado paga até aprender a pagar certo”.
- Autonomia (abstração e independência): 
OBS: Mais importantes dos princípios do direito cambial, que é a autonomia das obrigações documentadas no título. Quando um único título documenta mais de uma obrigação, eventual invalidade de uma não prejudica das demais (são autônomas).
	Ex: Antônio vende a Maria o seu carro usado, aceitando receber metade do preço no prazo de 60 dias. Neste caso emite-se uma nota promissória, obrigando o comprador a pagar o valor no prazo. Percebe-se que se desenvolveu uma relação jurídica (primeira) de compra e venda precedente, documentado pelo título de crédito. 
Imagine que Antônio (vendeu o carro para Maria) é devedor de Carlos, e caso este concorde, o débito de Antônio poderá ser pago a Carlos com a transferência do crédito que titulariza (Carlos) em razão da nota da primeira relação jurídica com Maria (segunda) (realiza-se então o endosso da nota, de Antônio para Carlos (terceira) ). Nesta hipótese, o título que representava somente a obrigação de Maria pagar Antônio, passou a representar outras duas relações, a de Antônio pagando Carlos e a de Maria pagar o título a Carlos. 
 Vende	1ª relação jurídica
Antônio (Proprietário do carro)	Maria (compradora carro)
Nota promissória para pagamento em 60 dias (Título de crédito – Devedor Maria) 
Endosso do título de Antônio para Carlos 2ª rel. jurídica
Antônio (possuidor do título) deve 	Carlos (credor de Antônio) 
	
		3ª rel. jurídica
Maria (devedora originária de Antônio) passa a dever 	Carlos
CONCLUSÃO: Se o automóvel adquirido por Maria possuir algum vício, isso não a exonera de pagar Carlos (ela que vá discutir via ação própria contra Antônio), em virtude de ser uma relação cambial.
OBS: A autonomia é garantia de efetiva circulação do título de crédito, garantindo um mínimo de segurança para o terceiro alheio a relação jurídica que originou o título.
- Abstração: Trata-se de subprincípio derivado da autonomia, onde o título de crédito, quando posto em circulação (via endosso), se desvincula (abstrai-se) da relação fundamental que lhe deu origem. (Fabio Ulhoa)
Fran Martins diz que os direitos decorrentes do título de crédito são abstratos, não dependentes do negócio que deu lugar ao nascimento do título.
OBS: abstratos seriam os direitos (de crédito), uma vez que o título de crédito emitido liberta-se da sua causa (o contrato) que não poderá futuramente ser alegado para invalidar as obrigações decorrentes do título de crédito. Este passa a conter direitos (de crédito) abstratos (separados), não cabendo a exigência de contraprestação para poder ser satisfeita a obrigação. Apresentou o título, tem direto ao crédito, em regra;
OBS: Trata-se de regra de direito cambiário, o que em mais um ponto se diferencia do tratamento das regras de direito civil puramente. Pressuposto da abstração é a circulação do título.
OBS: Cada pessoa que se obriga no título de crédito assume uma obrigação nova (autônoma). A autonomia comumente referida na teoria cambiária é a autonomia entre os diversos atos cambiários praticados no título. Uma vez emitido, o título pode circular independentemente do destino ou resultado do negócio jurídico originário, pois cada obrigação consubstanciada no título de crédito tem existência própria e autônoma (independente) das demais.
CC
Art. 905. O possuidor de título ao portador (sem indicação do nome da pessoa que vai levantar, não é nominal) tem direito à prestação nele indicada, mediante a sua simples apresentação ao devedor.
OBS: Após a circulação do título de crédito, a pessoa que recebe o documento passa a ser titular de um direito autônomo, independente da validade da relação jurídica anterior existentes entre os possuidores.
· INFORMÁTICA E O FUTURO DO DIREITO CAMBIÁRIO
- Princípios do direito cambiário e sua relação com o avanço tecnológico. 
OBS: Fabio Ulhôa vem dizendo que os títulos de crédito surgiram na Idade Média como instrumentos de facilitação da circulação do crédito comercial. Ocorre que o mundo está em constante evolução e com a tecnologia não é diferente, que alteram substancialmente algumas regras dos títulos de crédito, especialmente quanto aos princípios da cartularidade e literalidade.
· Quanto a cartularidade, com o avanço da tecnologia, o título sequer será emitido em via física, não havendo sentido em se condicionar a cobrança do crédito à posse de um papel inexistente. 
· Já a literalidade haverátambém por ser ferida, na medida em que não existirá mais o papel, podendo-se falar em uma adaptação a tal postulado, de modo que o que não está no arquivo eletrônico, não está no mundo. Ulhôa propõe uma reelaboração do conceito de Vivante sobre títulos de crédito, elaborado a quase um século atrás, no sentido de ser conceituado como “documento, cartular ou eletrônico, que contempla cláusula cambial, pela qual os coobrigados expressam a concordância com a circulação do crédito nele mencionado de moto literal e autônomo.”
- Inoponibilidade das exceções (defesas) pessoais ao credor de boa-fé: Trata-se de subprincípio da autonomia, que traz uma consequência processual, pois limita as matérias de defesa que poderão ser alegados por um devedor quando demandado em uma ação de execução de título extrajudicial.
OBS: Tendo o título de crédito circulado, o devedor de um título de crédito não pode recusar o pagamento ao portador (terceiro que não emitiu) simplesmente alegando relações pessoais com quem emitiu o título. Somente podem exercer o direito de defesa sobre título em si (alguma formalidade não observada, por exemplo.
Ex: No exemplo anterior de Antônio, Maria e Carlos. Em uma ação de execução de título extrajudicial proposta por Carlos em face de Maria (devedora originária de Antônio), esta somente pode utilizar de matérias de defesa com relação a Carlos, e não a Antônio (Ex: prescrição do título; nulidade do título). Não podem ser levantadas nos embargos de Maria, questões relativas ao vício do automóvel adquirido de Antônio, pois essas são defesas pessoais contra o vendedor do bem e Carlos não pode ser prejudicado.
OBS: Atenção ao sujeito de má-fé. Se Carlos sabe que Maria, no prazo legal, notificou Antônio de sua intenção de rescindir a compra do automóvel, em razão de vício, e mesmo assim concorda em receber a nota promissória, sujeita-se a discussão em juízo da existência ou não do vício, ampliando o limite das exceções (defesas) a serem alegadas pelo devedor.
· NATUREZA DA OBRIGAÇÃO CAMBIAL:
OBS: Fabio Ulhôa afirma que a natureza da obrigação cambial lembra a solidariedade passiva do direito civil (possiblidade de cobrança da divida por inteiro, de qualquer um dos devedores, o que é permitido quando se fala em titulo de crédito com mais de um devedor), mas não pode com ela ser confundida em razão de alguns aspectos: 
1) Nem todos os devedores solidários têm direito de regresso ao pagar uma obrigação cambial, o que difere da solidariedade civil. 
Ex: Quem subscreve uma nota promissória (devedor principal, não tem a quem regredir), após pagar não pode exigir dos demais devedores coobrigados. 
 <- Devedor principal – coobrigado 1 – coobrigado 2 – coobrigado 3 – portador do título (credor) / cadeia de endosso. CASO O PORTADOR COBRE DO DEVEDOR PRINCIPAL E ELE PAGUE, NÃO HÁ REGRESSO.
2) Nem todos os codevedores respondem regressivamente perante os demais. Os devedores anteriores respondem perante os posteriores, mas os posteriores não podem ser acionados pelos devedores anteriores
Ex: Em uma cadeia de endossos (transferências), podem existir vários devedores, de modo que os anteriores respondem pelos posteriores, mas o inverso não de admite. O devedor nessa cadeia de endosso que paga libera os posteriores, mas se torna credor dos anteriores.
A (devedor emitente do título) em favor de B (credor) – B (para pagar uma dívida com C) endossa a C que endossa a D que endossa a E que endossa F que endossa G que endossa a H (PORTADOR DO TÍTULO). Caso H cobre de D e este pague, D somente terá regresso em desfavor dos anteriores (C, B, A), podendo exigir a integralidade da dívida (e não somente eventual quota parte como na solidariedade civil), estando os posteriores (E, F e G), desobrigados.
3) Em regra, o regresso cambial se exerce pela totalidade e não somente pela quota parte (exceção são os avais simultâneos, que entre coavalistas, se verifica esse regresso proporcional.
OBS: Percebe-se que há uma hierarquia entre devedores de um mesmo título de crédito, própria do regime cambiário (devedores obrigados anteriores não podem cobrar dos posteriores).
OBS: A depender do título a lei elegerá um devedor principal, reservando os demais o lugar de codevedores. Assim no cheque e na nota promissória, por exemplo, o dever principal é o emitente (quem emite), podendo serem os demais, endossantes e avalistas que são classificados como codevedores.
CONCLUSÃO Há traços de uma responsabilidade solidária no regresso cambial, com peculiaridades.
· CARACTERISTICAS DO TÍTULO DE CRÉDITO: 
 - Formalismo: Os títulos de créditos são considerados formais em decorrência do princípio da legalidade ou tipicidade estrita no sentido de que as pessoas não dispõem de liberdade de inventar títulos de créditos e dar ao invento efeitos jurídicos reservados por lei aos títulos de créditos em sentido estrito. São aqueles formalmente previstos em lei e com regras próprias.
 - Efeito pro solvendo; Esta característica significa apenas que a simples emissão e entrega do título ao credor, não significa que houve efetivação do pagamento. A simples emissão título de crédito não significa que houve Novação. Representará, tão somente, uma quantia em dinheiro que o credor receberá em momento futuro, ou seja, para pagamento futuro. Se e quando este ocorrer, aí sim, haverá a extinção da obrigação correspondente.
- Negociabilidade: É um bem suscetível de ser negociado como qualquer outro bem com valoração econômica (dada sua autonomia, abstração da relação jurídica que originou), como um diamante, um automóvel, por exemplo. Portanto, o direito de crédito se materializa no título e ambos, o documento e o crédito mencionado no título, podem ser colocados em circulação como consequência de um negócio realizado.
	Ex: É possível começar a construir um empreendimento a ser colocada a venda, na planta, sem ter dinheiro em caixa. Realiza-se a venda na planta e recebendo o valor das unidades imobiliárias a serem vendidas em títulos de crédito (30, 60, 90 dias), a construtora vai antecipando os valores junto ao banco (com pequeno desconto), e com isso o papel (titulo) vai virando dinheiro.
- Certeza e liquidez da obrigação; A obrigação contida nos títulos de créditos é considerada líquida por ser certa, quanto à sua existência, e determinada, quanto ao seu objeto. Essa modalidade é expressa por uma cifra, por um algarismo, quando se trata de dívida em dinheiro. 
· CLASSIFICAÇÃO DOS TÍTULOS DE CRÉDITO
Com relação a causa: 
	Causais: São causais aqueles que somente podem ser emitidos nas hipóteses em que a causa esteja expressamente autorizada por lei.
	Ex: a duplicata mercantil somente pode ser gerada para a documentação de crédito oriundo de compra e venda mercantil, sendo esta (a compra e venda mercantil), a causa que justifica sua emissão.
	Não causais: Pode ser criado em qualquer hipótese, sem causa especifica que faculte sua criação.
	Ex: Cheque e nota promissória
Quanto a circulação:
	Ao portador (a quem porta): Quando o título não ostenta o nome do credor, e podem circular por mera tradição.
	Ex: Cheque sem nominar. Quem portar o título pode descontar ou depositar.
	
	Nominativos: São os que identificam o seu credor e sua transferência
	Nominativos à ordem – Circulam mediante tradição, acompanhada de endosso (assinatura no verso ou anverso do título);
	Nominativos não à ordem - Circulam mediante tradição acompanhada da cessão de créditos (regime civil)
Quanto à estrutura
	Ordem de pagamento ou promessa de pagamento. 
	
	Título de crédito com ordem de pagamento: São aqueles em que o emitente da ordem de pagamento, em regra, não assume diretamente a obrigação para o pagamento. O emitente apenas dá uma ordem para terceiro (sacado) pague a quantia ao beneficiário; 
	Ex: Cheque. Emitido por A para que o banco B pague ao credor C
	Títulos de créditos que envolvem uma promessa de pagamento: Próprio emitente quem assume a obrigação para o pagamento ao beneficiário.
	Ex: Nota promissória. O próprio emitente assume a promessa de pagar ao beneficiário.Quanto ao modelo:
	
	Vinculados: Somente produzem efeitos cambiais (sem prejuízos dos civis) os títulos que atendem ao padrão exigidos (há uma vinculação ao padrão).
	Ex: Cheque. O emitente não é livre para escolher a disposição formal dos elementos essenciais à criação do título. Deve necessariamente usar o papel fornecido pelo banco, por exemplo.
	Livres: Não existe padrão de utilização obrigatória.
	Ex: Nota promissória. Qualquer papel serve, desde com as informações previstas em lei

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