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MEDIDAS CAUTELARES CONCEITO – é instrumento para garantir o andamento do processo, como por exemplo, em casos em que o investigado age para destruir provas. Trata-se de medida excepcional garantidora, não podendo ser utilizada como regra ou em qualquer circunstância, menos ainda como forma de reprimenda. Desde a edição da Lei 12403/2011, o juiz passou a ter três opções depois de receber o auto de prisão em flagrante: a) relaxar a prisão em flagrante; b) aplicar medida cautelar diversa da prisão ou converter a prisão em flagrante em preventiva, se presente uma das hipóteses previstas no Art. 312, CPP; ou, c) conceder a liberdade provisória com ou sem fiança. A Lei Anticrime (13964/2019), impôs, por intermédio dos Arts.282,283 e 287, regras específicas relacionadas as medidas cautelares, tais como: não poderem mais ser decretadas de ofício pelo juiz, que as prisões cautelares só poderão ocorre como decorrência de flagrante ou por ordem fundamentada da autoridade judiciária competente, alinhando a legislação processual penal à Constituição Federal. PRINCÍPIOS DA PRISÃO CAUTELAR – da Motivação das Decisões Judiciais – o juiz deve esclarecer o porquê de haver escolhido determinada medida cautelar; – do Contraditório – às partes é oportunizado manifestarem-se sobre a decisão que decretou a medida cautelar prisional; – da Provisionalidade – deve ser cumprida por curto período; – da Excepcionalidade – só será aplicada em “ULTIMATIO RACI”; e, – da Proporcionalidade – considera-se a gravidade da infração praticada e o tempo máximo de pena “in abstracto” cabível. 1 – PRISÃO PREVENTIVA Enquanto não houver sentença condenatória transitada em julgado, ninguém será preso, afinal, vivemos sob a égide de uma Constituição que veda a prisão de inocentes. Contudo, em situações excepcionais, em prol de um bem maior, é essencial restringir a liberdade de locomoção do acusado de um delito. Tal privação pode ocorrer de duas formas: a) pela decretação da prisão temporária, nas hipóteses previstas na Lei 7960/89; b) pela decretação da prisão preventiva, quando necessária à garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria. A preventiva pode ser decretada em qualquer fase da investigação policial ou do processo penal, podendo ser decretada, de ofício (durante a fase processual), pelo juiz, ou a requerimento do MP, do querelante ou do assistente ou por representação da autoridade policial, desde que presentes as hipóteses do art. 312 do CPP. A prisão preventiva só será imposta quando o cerceamento da liberdade for realmente necessário para que se alcance os objetivos descritos no CPP. Se for possível alcançar o mesmo resultado com uma das medidas cautelares previstas nos artigos 319/320 do CPP, a prisão não poderá ser imposta. Ademais, deixando de existir o motivo que ensejou a sua decretação, o juiz deverá revogá-la imediatamente e, voltando a surgir motivo, o juiz pode novamente decretá-la. Para a https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/188546065/constituição-federal-constituição-da-republica-federativa-do-brasil-1988 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/108968/lei-da-prisão-temporaria-lei-7960-89 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10652044/artigo-312-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/código-processo-penal-decreto-lei-3689-41 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/código-processo-penal-decreto-lei-3689-41 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10650644/artigo-320-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/código-processo-penal-decreto-lei-3689-41 decretação, deve existir prova da existência do crime e de indício suficiente de autoria (fumus boni iuris). A prisão preventiva não tem prazo, e pode ser mantida enquanto houver motivo para a sua manutenção. Além do fumus boni iuris, deve estar presente o intitulado periculum in mora, ou seja, deve a prisão ser necessária para evitar que mal iminente ocorra. O art. 312 descreve, em rol taxativo, quais motivos podem causar a decretação da preventiva: a) garantia da ordem pública: busca impedir que o agente continue a delinquir, pondo em risco a segurança da sociedade; b) conveniência da instrução criminal: visa impedir que o agente perturbe ou impeça a produção de provas (ex.: ameaça a testemunhas); c) garantia de aplicação da lei penal: busca impedir que o agente obste a aplicação da lei (ex.: risco de evasão, inviabilizando futura execução da pena); d) garantia da ordem econômica: é espécie de garantia da ordem pública; e) descumprimento da medida cautelar imposta: caso a medida cautelar diversa da prisão (CPP, arts. 319/320) não alcance o objetivo desejado, ocorrerá a sua conversão para a prisão preventiva. Com o advento da Lei 12403/11, a decretação da prisão preventiva ficou reservada a casos excepcionalíssimos. No art. 313 do CPP, há um rol taxativo de hipóteses em que ela é permitida: a) nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior a 4 (quatro) anos; b) se o acusado tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença transitada em julgado; c) se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a execução das medidas protetivas de urgência; d) quando houver dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou quando esta não fornecer elementos suficientes para esclarecê-la, devendo o preso ser colocado imediatamente em liberdade após a identificação. Jamais haverá a decretação de preventiva se demonstrado que o crime se deu em hipótese de exclusão da ilicitude (CP, art. 23). A prisão preventiva não tem prazo, e pode ser mantida enquanto houver motivo para a sua manutenção. O instituto foi submetido a alterações provocadas pela Lei 13964/2019, que modificou as redações dos Arts. 311, 313, 315 e 316, prevendo que a prisão preventiva pode ser decretada pelo juiz, em qualquer fase da investigação policial ou no curso do processo penal, a requerimento; que é vedada a prisão preventiva como forma de antecipação da condenação; deve ser claras a motivação e fundamentação da decisão que decretar a prisão preventiva; e, revisão da prisão preventiva a cada 90 dias, sob pena de, caso não seja observada a regra, tornar-se ilegal a prisão. 2 – PRISÃO DOMICILIAR Presentes os requisitos da prisão preventiva, o juiz pode decretá-la, sem que isso viole o princípio da presunção de não culpabilidade (ou presunção de inocência). Entretanto, em algumas situações específicas, o envio do preso ao presídio ou a estabelecimento semelhante pode gerar efeitos desastrosos. É claro, considerando a falta de higiene e de segurança dos presídios brasileiros, qualquer preso está sujeito a doenças, lesões e, até mesmo, à morte. Para essas situações excepcionais, pode o juiz autorizar o encarceramento domiciliar. Ou seja, a pessoa estará presa, mas dentro de sua casa, só podendo dela sair mediante autorização judicial. Frise-se que, aqui, estamos falando em prisão provisória (preventiva ou temporária), e não aquela decorrente de sentença condenatória. https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/código-processo-penal-decreto-lei-3689-41 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1027637/lei-12403-11 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10651970/artigo-313-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/código-processo-penal-decreto-lei-3689-41 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111984002/código-penal-decreto-lei-2848-40 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10637476/artigo-23-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940 3 – PRISÃOTEMPORÁRIA (Lei 7960/89): Tem como objetivo assegurar o êxito da investigação policial, na hipótese em que a liberdade do investigado possa colocá-la em risco. Também é admissível quando o indiciado não tiver residência fixa ou não fornecer elementos necessários ao esclarecimento de sua identidade. Como é modalidade de prisão voltada à investigação policial, não é possível a sua decretação durante a ação penal. Como se trata de medida extremamente gravosa, a prisão temporária exige fundadas razões de autoria ou de participação do suspeito no crime objeto de investigação (“fumus commissi delicti”). Caso o juiz a decrete sem elementos informativos suficientes de que a pessoa a ser presa praticou ou participou do delito, a medida será ilegal, devendo ser relaxada. A prisão temporária deve ser decretada por representação da autoridade policial ou a requerimento do MP e jamais de ofício. Quando houver representação da autoridade policial, o MP deve ser obrigatoriamente ouvido, sob pena de ilegalidade da prisão decretada. Quanto ao querelante, como não há previsão legal, não é possível a decretação de prisão temporária por ele requerida. Pode ser decretada nos crimes comuns pelo prazo de 5 (cinco) dias, prorrogável, uma única vez, por igual período. Se hediondo ou equiparado o delito, o prazo é de 30 (trinta) dias, também prorrogável por igual período, em caso de extrema e comprovada necessidade. A prorrogação do prazo não pode ser automática, devendo sua imprescindibilidade ser comprovada para a nova decretação. PRISÃO EM FLAGRANTE (NÃO É PRISÃO CAUTELAR. TRATA- SE DE PRISÃO PROCESSUAL) A prisão em flagrante vai muito além da “voz de prisão”. Trata-se de forma de cerceamento momentâneo da liberdade de quem é encontrado praticando um crime (por isso, se chama “prisão”). O seu objetivo, dentre outros, é evitar a consumação ou o exaurimento do crime, a fuga do possível culpado, garantir a colheita de elementos informativos e assegurar a integridade física do autor do crime e da vítima. É comum imaginar que somente as forças policiais podem prender alguém em flagrante. Contudo, em verdade, qualquer do povo pode realizá-la, e a razão é simples: um dos objetivos da prisão em flagrante é o afastamento de perigo atual ou iminente As situações de flagrante, em que a prisão é possível, estão descritas no art. 302 do CPP, em rol taxativo: “Considera-se em flagrante delito quem: I - está cometendo a infração penal; II - acaba de cometê-la; III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração; IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da infração.” Espécies de flagrante a) flagrante próprio (art. 302, I e II do CP): é a hipótese em que o agente é surpreendido https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/108968/lei-da-prisão-temporaria-lei-7960-89 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10653415/artigo-302-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/código-processo-penal-decreto-lei-3689-41 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10599765/artigo-302-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111984002/código-penal-decreto-lei-2848-40 praticando o crime (ou logo após cometê-lo); b) flagrante impróprio (art. 302, III do CP): também chamado de quase flagrante. É a situação em o autor da infração é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração; c) flagrante presumido ou ficto (art. 302, IV do CP): trata-se de hipótese em que, logo depois do crime, alguém é encontrado com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam com que se presuma ser, essa pessoa, a autora da infração. Não há perseguição; d) flagrante preparado ou provocado: é a situação em que o autor do crime é induzido a praticar o ato, em cenário montado para tal fim. A tipicidade está afastada; e) flagrante esperado: não se confunde com o provocado, pois, aqui, o agente não foi induzido a praticar o crime. Consiste no ato de esperar (por isso o nome) a ocorrência do delito, para que seja possível a prisão em flagrante do criminoso. Não é ilegal; f) flagrante prorrogado ou retardado: como já comentado anteriormente, a autoridade policial e os seus agentes têm o dever legal de efetuar a prisão de quem se encontre em flagrante delito. Portanto, trata-se de ato vinculado, e não discricionário. Contudo, em situações excepcionais, previstas na legislação, pode o agente público deixar de efetuar a prisão em flagrante, quando, para a investigação criminal, for mais interessante a prisão em momento posterior. A Lei 12850/13 (“Lei das Organizações Criminosas”), em seu art. 8°, traz previsão expressa de flagrante retardado; e, g) flagrante forjado: é o caso em que o flagrante é criado. No flagrante preparado ou provocado, o agente pratica fato que é considerado crime, mas é atípica a conduta, pois não passa de mero fantoche nas mãos de quem o induziu a praticar o ato. No forjado, a pessoa em flagrante não praticou qualquer ato. Flagrante e apresentação espontânea: Tema polêmico para a sociedade, mas cujo entendimento já não se discute mais na comunidade jurídica, é a apresentação espontânea. Imagine que o autor de um homicídio, não capturado no momento do ato, dias ou horas após a prática do delito, decide ir, espontaneamente, à delegacia e contar o ocorrido, confessando o crime. Pode o delegado de polícia prendê-lo em flagrante? A resposta é não. A prisão em flagrante tem dois principais objetivos: a) interceptar o evento criminoso, impedindo a consumação do crime ou o exaurimento de seu iter criminis; b) possibilitar a colheita imediata de provas contundentes sobre o fato delituoso, especialmente no que se refere à autoria. Flagrante em crimes permanentes: Segundo o art. 303 do CPP, nas infrações permanentes, entende-se o agente em flagrante delito enquanto não cessar a permanência. Crime permanente é aquele que perdura ao longo do tempo, que se considera em consumação enquanto o agente estiver praticando a conduta prevista no tipo penal. O exemplo clássico é o sequestro. Enquanto a vítima estiver sob o poder do criminoso, poderá ocorrer a prisão em flagrante, ainda que a prática dure anos. https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10599765/artigo-302-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111984002/código-penal-decreto-lei-2848-40 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10599765/artigo-302-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111984002/código-penal-decreto-lei-2848-40 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10653211/artigo-303-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/código-processo-penal-decreto-lei-3689-41 4 – MEDIDAS CAUTELARES ALTERNATIVAS À PRISÃO A prisão, antes do trânsito em julgado da sentença condenatória, é maléfica em todos os sentidos. Causa questionamentos por flexibilizar a presunção de não culpabilidade, retira de alguém, inocente, a liberdade, direito fundamental de primeira geração, gera gastos ao Estado. Enfim, a prisão cautelar é prejudicial a todos. Contudo, antigamente, o CPP não trazia alternativas à prisão. O juiz tinha duas opções em relação ao acusado: a prisão ou a liberdade. Dando fim a tal maniqueísmo, a Lei 12403/11 introduziu, no Código, as intituladas medidas cautelares diversas da prisão, que, em verdade, representariam melhor o que se busca se recebessem o título de medidas alternativas. As medidas cautelares são as seguintes: a) comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas condições fixadas pelo juiz, para informar e justificar atividade;b) proibição de acesso ou frequência a determinados lugares quando, por circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado permanecer distante desses locais para evitar o risco de novas infrações; c) proibição de manter contato com pessoa determinada quando, por circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado dela permanecer distante; d) proibição de ausentar-se da Comarca quando a permanência seja conveniente ou necessária para a investigação ou instrução; e) recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de folga quando o investigado ou acusado tenha residência e trabalho fixo; f) suspensão do exercício de função pública ou de atividade de natureza econômica ou financeira quando houver justo receio de sua utilização para a prática de infrações penais; g) internação provisória do acusado nas hipóteses de crimes praticados com violência ou grave ameaça, quando os peritos concluírem ser inimputável ou semiimputável (art. 26 do Código Penal) e houver risco de reiteração; h) fiança, nas infrações que a admitem, para assegurar o comparecimento a atos do processo, evitar a obstrução do seu andamento ou em caso de resistência injustificada à ordem judicial; e, i) monitoração eletrônica (Lei 12258/10). As medidas cautelares podem sem aplicadas isolada ou cumulativamente. Podem ser decretadas de ofício, pelo juiz, a qualquer tempo, ou a requerimento das partes, ou, quando no curso da investigação criminal, por representação da autoridade policial ou mediante requerimento do MP. https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/código-processo-penal-decreto-lei-3689-41 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1027637/lei-12403-11 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10637167/artigo-26-do-decreto-lei-n-2848-de-07-de-dezembro-de-1940 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111984002/código-penal-decreto-lei-2848-40 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/823422/lei-12258-10 De qualquer forma, é condição para a sua decretação que a infração preveja, cumulativa ou alternativamente, pena privativa de liberdade. Conforme dito anteriormente, antes da entrada em vigor da Lei 12403/2011, o magistrado não possuía ferramentas legais para aplicar outra medida cautelar diversa da prisão. Ao receber o Auto de Prisão em Flagrante, o juiz deveria converter a prisão em flagrante em prisão preventiva (se presentes os requisitos do artigo 312, CPP) ou conceder a liberdade provisória ao acusado (salvo nas hipóteses de relaxamento da prisão em flagrante – prisão ilegal). De acordo com a nova redação do art. 310 do CPP, o juiz agora tem três opções após receber o auto de prisão em flagrante (entregue pela autoridade policial em até 24 horas – artigo 306,§ 1º, CPP). 1 – Relaxar a prisão ilegal; 2 – aplicar medidas cautelares diversas da prisão (art. 319), se preenchidos os requisitos do art. 282, do CPP, ou, em último e extremo caso, converter a prisão em flagrante em preventiva, quando presentes os requisitos do artigo 312, ou ainda; 3 – conceder a liberdade provisória com ou sem fiança. 5 – LIBERDADE PROVISÓRIA A liberdade provisória, instituto de benefício ao acusado, que atenta contra as formas cautelares de prisão pode ser classificada em três espécies: a) liberdade provisória obrigatória: é obrigatória a concessão de liberdade provisória, nas hipóteses previstas no artigo 321, do CPP, in verbis: Art. 321. Ressalvado o disposto no art. 323, III e IV, o réu livrar- se-á solto, independentemente de fiança: I - no caso de infração, a que não for, isolada, cumulativa ou alternativamente, cominada pena privativa de liberdade; II - quando o máximo da pena privativa de liberdade, isolada, cumulativa ou alternativamente cominada, não exceder a três meses. b) liberdade provisória vedada: em algumas hipóteses, entretanto, a lei veda a concessão de liberdade provisória. Vale dizer, não há um rol taxativo a indicar as hipóteses impeditivas, mas haverá menção expressa nas leis esparsas, como faz, por exemplo, a lei de crime organizado (Lei 9034/95) que, no artigo 7°, dispõe: Art. 7º Não será concedida liberdade provisória, com ou sem fiança, aos agentes que tenham tido intensa e efetiva participação na organização criminosa. c) liberdade provisória permitida : por fim, fala-se em liberdade provisória permitida com fiança e sem fiança. As hipóteses de liberdade provisória permitida sem fiança estão no artigo 310, caput e parágrafo único, do CPP: Art. 310. Quando o juiz verificar pelo auto de prisão em flagrante que o agente praticou o fato, nas condições do art. 19, I, II e III, do CPP, poderá, depois de ouvir o Ministério Público, conceder ao réu liberdade provisória, mediante termo de comparecimento a todos os atos do processo, sob pena de revogação. Parágrafo único. Igual procedimento será adotado quando o juiz verificar, pelo auto de prisão em flagrante, a inocorrência de qualquer das hipóteses que autorizam a prisão preventiva (arts. 311 e 312). A liberdade provisória com fiança, entretanto, é concedida sempre nas seguintes hipóteses: a) para as contravenções penais que não estejam abrangidas pelo artigo 69, da Lei 9099/95; b) para os crimes punidos com detenção e c) aos crimes punidos com reclusão cuja pena mínima seja igual ou inferior a dois anos. É o que se conclui pela análise exclusiva dos artigos 323 e 324 do CPP. O instituto da fiança foi ressuscitado, pois, se o juiz perceber que não é o caso de aplicar medidas cautelares alternativas, ou, a prisão preventiva, deverá conceder a liberdade provisória com ou sem fiança, a depender do crime. O parágrafo único do artigo 310, do CPP, versa sobre a hipótese de ter o agente praticado o crime acobertado por excludente de ilicitude, devendo o magistrado conceder, neste caso, a liberdade provisória sem a exigência de fiança. Desta forma, agora, o magistrado tem outras medidas cautelares diversas da prisão para aplicar de forma isolada ou cumulada, a depender do caso concreto. Essas medidas estão elencadas no artigo 319 do CPP, que são, por exemplo: o comparecimento periódico em juízo, proibição de acesso ou frequência a determinados lugares, proibição de manter contato com determinada pessoa, recolhimento domiciliar em período noturno, monitoramento eletrônico e etc. Com o advento da Lei 12403/11, passamos a ter duas espécies de fiança, a de natureza contracautelar e a cautelar. A fiança com natureza contracautelar está prevista no art. 5º, inciso LXVI da CF, segundo o qual “ninguém será levado à prisão ou nela mantido quando a lei admitir a liberdade provisória com ou sem fiança”. Trata-se de direito subjetivo do indiciado. Tem natureza contracautelar, porque contrapõe a medida cautelar da prisão em flagrante. Poderá ser arbitrada pelo Delegado de Polícia (em infrações com pena máxima de 4 anos) e nos demais casos pelo Juiz de Direito. A outra espécie de fiança é a de natureza cautelar, essa é uma das novidades trazidas pela Lei 12.403/11. A fiança cautelar está prevista no artigo 319, VIII do CPP. É medida autônoma, somente pode ser aplicada pelo juiz de direito, em qualquer fase do processo, inclusive durante as investigações policiais (exceto de ofício durante esta fase, pois tal fato violaria o sistema acusatório). Outra novidade que a Lei trouxe, expressa no art, 313, restinguiu a aplicação da prisão preventiva, que somente poderá ser decretada quando o crime for doloso, com pena máxima em abstrato superior a 4 anos, e, independentemente do quantum da pena, em situações de reincidência em crime doloso, quando o crime envolver violência contra a mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, e quando houver dúvida sobre a identidade civil da pessoa. Uma corrente doutrinária se formou, defendendo que o descumprimento das medidas cautelares diversasda prisão ocasionaria a possibilidade da decretação da prisão preventiva, mesmo nas hipóteses diversas do artigo 313 do CPP, ou seja, mesmo em crimes com pena máxima inferior há 4 anos, e até mesmo em crimes culposos. Sustenta essa corrente que, nos casos de descumprimento das medidas cautelares diversas da prisão, o artigo 313 não deveria ser observado, pois, o réu provavelmente não fará mais jus a tais benefícios, haja vista que, sua personalidade, assim como sua conduta, seriam desfavoráveis, e, sendo esses atributos, requisitos para obtenção de tais institutos despenalizadores, entende-se que este descumpridor das medidas cautelares, ao final do processo, não fará jus aos referidos benefícios. Em sentido contrário, outra linha de raciocínio, diamentralmente oposta à corrente que defende a prisão cautelar como solução, compreende ser a inobservância do artigo 313, do CPP, causa de manifesta ilegalidade no decreto prisional cautelar, haja vista que, mesmo que este indivíduo, que descumpriu as medidas cautelares diversas da prisão, durante todo o processo, não seja agraciado com os benefícios citados acima, certamente terá em eventual sentença condenatória o regime de cumprimento da pena fixado na modalidade aberta, haja vista estarmos tratando de réus primários e crimes cujo a pena máxima não ultrapassam 4 anos. LIBERDADE PROVISÓRIA, RELAXAMENTO DE PRISÃO E REVOGAÇÃO DE PRISÃO A liberdade provisória pode ser concedida, com ou sem fiança, nos casos de prisão em flagrante, sempre que o procedimento não tiver nenhuma violação das normas legais. Aplica-se, ainda que a prisão seja legal, nas hipóteses de o magistrado entender que não é mais necessário para o procedimento criminal. O relaxamento da prisão ocorre nas hipóteses de prisão preventiva, que sofrer algum tipo de ilegalidade ou que não possuir os requisitos para sua decretação (para garantia da ordem pública, garantia da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal ou para a aplicação da lei penal). A revogação da prisão cabe tanto para a prisão preventiva quanto para a temporária, que ocorreram dentro da legalidade, mas que não são mais úteis para o processo criminal. Questões controvertidas: O Brasil, que tem 70% de sua população pobre, sendo muitos miseráveis, certamente terá pessoas presas em flagrante delito, sem condições de pagar a fiança arbitrada pela autoridade policial. Neste caso, sem poder prestar a fiança, o acusado ficará preso, até a decisão da autoridade judicial (dispensa da fiança – art. 350, CPP). Questão mais complicada é a recusa injustificada da prestação da fiança contracautelar. Imagine uma pessoa presa por um crime cujo a pena máxima não ultrapasse 4 anos, e que, após arbitrada fiança pela autoridade policial, recuse-se a pagá-la, mesmo tendo total condições de fazê- lo. A solução neste caso é, aplicar outra medida cautelar diversa da prisão, haja vista que impossível ser decretada a prisão preventiva nos casos em que o art. 313 do CPP proíbe. Em caso de descumprimento dessa ou dessas medidas cautelares diversas da prisão, o juiz deverá penalizar o transgressor na fase de aplicação da pena, aplicando a pena-base em seu patamar máximo e não concedendo ao réu nenhum benefício despenalizador, tampouco a conversão da pena privativa de liberdade em restritiva(s) de direito. Em situação diversa, podemos ter a recusa injustificada do pagamento da medida contracautelar (fiança) arbitrada pela autoridade judicial. Nessa situação excepcional, o acusado deverá ficar preso, até que se decida sobre a dispensa, redução ou não cobrança do valor da fiança. Se o acusado conseguir justificar a recusa do pagamento da fiança, o juiz deve conceder a liberdade provisória sem a exigência da fiança. Porém, se o acusado não se justificar, o juiz deverá se manifestar novamente, aplicando uma medida cautelar diversa da prisão (mesmo porque já afirmou não estarem presentes os requisitos da preventiva). Portanto, se o acusado se negar a pagar a fiança arbitrada, de forma injustificada, este ficará a mercê do magistrado, que aplicará a medida cautelar que achar adequada para o caso, haja vista que o acusado abriu mão do seu direito de contracautelar à prisão em flagrante. Desta forma, estaríamos diante de uma espécie de flagrante prolongado, pois, até se decidir sobre tais questões, o acusado ficará preso em flagrante. 5 - MEDIDAS CAUTELARES PATRIMONIAIS A nova redação do Art. 122 do CPP, dada pela Lei 13964/2019, trata do Acordo de não persecução penal, decorrente de delação premiada e da confissão da participação na ação criminosa e autoriza a alienação de bens apreendidos que não interessem mais ao processo, desde que não caiba a sua restituição e, pela mesma motivação, o Art. 124 – A, regulamenta o perdimento de obras de arte apreendidas, a serem destinadas a museus públicos. As medidas cautelares patrimoniais têm finalidade de garantir o ressarcimento futuro do dano causado pelo delito, e, para serem assim consideradas, é necessária a demonstração de materialidade do delito e da urgência da adoção de tal providência (ou seja, fumus comissi delicti e periculum in mora). O sequestro, o arresto e a hipoteca legal são os tipos de medida assecuratória que estão normatizados no Código de Processo Penal, do art. 125 ao 144-A. Por fim, cabe destacar que no Art. 133 – A, em razão da Lei 13964/2019, define a respeito da destinação de armas apreendidas a órgãos públicos de segurança. http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/código-processo-penal-decreto-lei-3689-41 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10669145/artigo-125-do-decreto-lei-n-3689-de-03-de-outubro-de-1941 SEQUESTRO Possui interesse de natureza pública, pois têm por objeto os proventos do crime. Vale informar que se entende por provento o bem que for adquirido com o proveito da infração penal, ou seja, após cometer um furto de R$ 1.000,00 (mil reais) o sujeito compra uma televisão, por exemplo. Com o sequestro do bem móvel ou imóvel, o poder judiciário visa desfazer ou mitigar a vantagem econômica adquirida pelo acusado com a prática do crime. Em alguns crimes, o sequestro também pode ter o caráter probatório. Essa medida pode ser determinada em qualquer fase da persecução penal, bem como pode ser decretada pelo juiz ex officio, por representação da autoridade policial ou por requerimento do ofendido ou do Ministério Público. ARRESTO Incide sobre o patrimônio lícito do agente, isto é, aquilo que não é produto da prática delituosa. Pela disciplina do art. 137 do CPP, o arresto de bens móveis possui caráter residual, pois só poderão ser arrestados aqueles que forem suscetíveis de penhora e se o responsável não possuir bens imóveis ou os possuir de valor insuficiente. Ele tem por objetivo garantir a satisfação de indenização futura, por isso, pois como lastro o interesse privado, tendo como destinatários finais o ofendido ou os seus sucessores. O arresto de bens imóveis é medida assecuratória que recai sobre imóveis de origem lícita, a serem submetidos, em momento ulterior, à hipoteca legal. Possui, então, caráter preparatório a uma hipoteca legal superveniente. HIPOTECA LEGAL Assim como o arresto, a hipoteca legal tem interesse de natureza privada, pois o valor restituído será destinado à vítima e apenas o excedente ao poder público. É feito por meio de uma inscrição do registro público de um gravame de intransferibilidade, a fim de que o terceiro de boa fé não adquira o bem arrestado. Não se confunde com hipoteca judicial, que se dá por sentença, nem com hipoteca contratual, a qual nasce do acordo entre as partes. c e b b c d a ahttp://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/código-processo-penal-decreto-lei-3689-41 EXERCÍCIOS 1 - No tocante à prisão no curso do processo e medidas cautelares, a) a proibição de ausentar-se do país será comunicada pelo juiz às autoridades encarregadas de fiscalizar as saídas do território nacional, intimando-se o indiciado ou acusado para entregar o passaporte, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas. b) o juiz poderá substituir a prisão preventiva pela domiciliar quando o agente for maior de 75 (setenta e cinco) anos. c) a autoridade policial somente poderá conceder fiança nos casos de infração cuja pena privativa de liberdade máxima não seja superior a 4 (quatro) anos. d) julgar-se-á quebrada a fiança quando o acusado praticar nova infração penal, ainda que culposa. e) se assim recomendar a situação econômica do preso, a fiança poderá ser aumentada, pelo juiz, até, no máximo, o décuplo. 2 - José, primário, de bons antecedentes e regularmente identificado, está sendo investigado em regular inquérito policial, acusado de praticar crime de contrabando na forma simples, punido com reclusão de um a quatro anos. Nesse caso, a) o Juiz poderá aplicar de ofício a José, durante a fase investigatória, uma das medidas cautelares substitutivas da prisão preventiva, desde que presentes os pressupostos legais para tanto. b) o Juiz poderá decretar, de ofício, durante a fase investigatória, presentes os requisitos legais, a prisão preventiva de José. c) havendo prisão em flagrante e tratando-se de crime inafiançável, o juiz poderá conceder a José liberdade provisória. d) havendo prisão em flagrante, a Autoridade Policial não poderá arbitrar a fiança ao réu, cabendo exclusivamente ao Magistrado fixá-la. e) o Juiz, em regra, não poderá decretar a prisão preventiva de José. 3 - Em relação à busca e à apreensão, é INCORRETO afirmar que a) a expedição de mandado é dispensada quando a própria autoridade judiciária a realizar pessoalmente. b) se ausentes os moradores, impossível a realização da busca. c) as buscas domiciliares devem ser executadas de dia, salvo se o morador consentir que se realizem à noite. d) o mandado precisa ser específico e indicar o fundamento e a finalidade da busca. e) não é permitida a apreensão de documento em poder do defensor do acusado, salvo quando constitui elemento do corpo de delito. 4 - No que concerne à prisão e à liberdade provisória, é CORRETO afirmar: a) Para a garantia da ordem pública, é possível a decretação de prisão preventiva de ofício, no curso do inquérito policial, mas não da ação penal b) Será exigido reforço da fiança quando a autoridade tomar, por engano, fiança insuficiente. c) Constitui medida cautelar diversa da prisão a suspensão do exercício da função pública, quando o indiciado ou acusado já tiver sido condenado por outro crime doloso. d) A autoridade policial somente poderá conceder fiança nos casos de infração punida com detenção. e) É admitida prisão preventiva nos crimes culposos punidos com pena privativa de liberdade superior a 3 (três) anos. 1 – PRISÃO PREVENTIVA 3 – PRISÃO TEMPORÁRIA (Lei 7960/89): PRISÃO EM FLAGRANTE (NÃO É PRISÃO CAUTELAR. TRATA-SE DE PRISÃO PROCESSUAL) Questões controvertidas:
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