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lei n° 13.718 /2018

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LEI 13.718/2018: A REVOLUÇÃO DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEUXAL E A CONSQUISTA FEMININA.
 Andrezza de Souza Oliveira¹
Bruna Ferreira Gonçalves²
Daniele Ramos de Assis³
Eduarda Lopes Reis4
Flávio Manoel Coelho Borges Cardoso5
Graciano José Pinto6
Kálita Pereira da Trindade7
Laryssa Braga Rodrigues8
Silvia Tamara Barros Pinto9
Stephany de Freitas Farias10
Tatiany Oliveira da Silva11
Thamirys Oliveira de Souza12
Resumo: Este artigo tem como tema a lei 13.718 publicada em 25 de setembro de 2018. O objetivo central do referido trabalho é analisar de forma empírica, com o uso de livros, artigos publicados e estatísticas, o que levou a criação dessa lei, por que a sociedade ansiava por ela, que mudanças ela trará e qual será seu efeito imediato principalmente em relação a classe feminina e ao movimento feminista que tanto lutou por isso. Os crimes referentes à dignidade sexual como: estupro, ato obsceno, art.61 da lei de contravenções penais, estupro de vulnerável e os estupros coletivos ou “corretivos” sofreram grandes mudanças com o advento da referida lei, além de ter sido criado dois novos tipos penais: importunação sexual e divulgação de cena de estupro ou cena de estupro de vulnerável, cena de sexo ou de pornografia. Dessa forma, torna-se necessário estudar as causas, motivações e consequências da lei supracitada. 
Palavras chaves: Lei 13.718. Estupro. Dignidade sexual. Vulnerável. Feminismo. Luta. 
Abstract: This article has the theme law 13.718 published on September 25, 2018. The main objective of this paper is to analyze empirically, with the use of books, published articles and statistics, which led to the creation of this law, because the society longed for it, what changes it will bring, and what its immediate effect will be mainly on the female class and on the feminist movement that has struggled so hard. Crimes related to sexual dignity such as rape, obscene act, art.61 of the law of criminal contraventions, rape of vulnerable and collective or "corrective" rapes have undergone great changes with the advent of said law, besides having been created two new criminal types: sexual harassment and disclosure of rape scene or vulnerable rape scene, sex scene or pornography. Thus, it is necessary to study the causes, motivations and consequences of the aforementioned law.
Key words: Law 13,718. Rape. Sexual dignity. Vulnerable. Feminism. Fight.
Introdução: 
O estupro é um crime que vem acompanhando a humanidade a muito tempo. O fato, é que nem sempre o mesmo foi considerado crime. Nas civilizações antigas, e até mesmo a poucas décadas atrás o estupro era normalizado pela sociedade. Na Bíblia e na Mitologia Grega era possível observar casos de estupro sendo considerados normais, e quando considerado errado, o crime era contra o homem, a vítima, era o pai ou o marido da mulher, vários casos na bíblia evidenciam isso. Em êxodo 20:17 a mulher é trata e equiparada a bens materiais dos homens. Excedendo décadas chagamos ao Brasil Colonial, onde era “normal” os portugueses estuprarem as índias, a partir desse momento começa a miscigenação brasileira. Logo após, chegaram os escravos no Brasil, portanto, o homem branco também passou a estuprar as escravas, surgindo assim, os famosos mulatos, retratados em filmes, livros e novelas. Surgem também os escravos reprodutores, sendo que, todas as escravas eram obrigadas a terem relações sexuais com esse reprodutor, para poder nascer negros fortes e robustos, propícios ao trabalho escravo.
 Nos séculos XIX e XX houve um grande movimento feminista pelo mundo, onde mulheres lutavam por igualde de gênero. Essa foi uma das primeiras reações contra a forma natural que o estupro era tratado. É no século de XIX que surge pela primeira vez a palavra “ESTUPRADOR” que, foi adicionada ao dicionário da faculdade OXFORD, entretanto, de uma forma racista, pois a tradução literal era “estuprador negro”. Logo, nessa época algumas pessoas eram condenadas pelo crime, contudo, em sua maioria homens negros e pobres, para o homem branco as coisas ainda continuavam as mesmas. 
Voltando ao Brasil, é de extrema importância ressaltar que até o código civil de 16 o homem era considerado o chefe da família e a mulher relativamente incapaz. No Direito penal o marido estuprar a mulher não era crime, ele estava apenas usufruindo de um direito que o contrato do casamento lhe deu. Em 1970 até 1980 os movimentos feministas ganharam impulso, mais e mais mulheres lutavam por seus direitos e pela sua liberdade sexual, que sempre foi suprimida e oprimida. O código penal Brasileiro da década de 40 já havia institucionalizado o estupro como crime, entretanto não era tão eficaz, além disso, muito limitado. 
Tão somente em 2009, depois de absurdas décadas, o dispositivo penal foi mudado e ampliado. A lei N° 12.015 de 07 de agosto de 2009, mudou a palavra “mulher” para “alguém”, dessa forma, deixando claro, que qualquer pessoa pode estar no polo passivo do crime de estupro. A lei também deixa cair por terra o pensamento de que estupro é um ataque a honra do pai ou marido, ou até mesmo adultério, como antes fora considerado. O crime de estupro é colocado pela lei aludida como crime contra a dignidade sexual. 
Todavia, a sociedade muda, as necessidades socais mudam, e muitas das vezes uma lei pode não abranger com totalidade aquilo que é necessário no momento. Foi o que aconteceu com lei 12.015, por isso a necessidade da criação da lei 13.718/2018. 
2- A criação da Lei N° 13.718 e seus pressupostos: 
Sabemos que muitos casos de crimes sexuais ocorrem com frequência no nosso cotidiano e temos a legislação penal como meio de punição e prevenção para que não voltem a ocorrer tais crimes repulsivos. O motivo para criação de uma lei nova, foi devido vários fatos ocorridos não havendo punição para os delitos de forma proporcional.
Exemplo que gerou grande repercussão foi o caso que ocorreu em são Paulo no dia 28 de setembro, Evandro Quesada da Silva, de 26 anos, que foi preso após ser flagrado ejaculando em uma mulher de 34 anos que estava em um ônibus no Tatuapé, Zona Leste da cidade, a caminho do trabalho, no Imirim, Zona Norte de São Paulo. O vigilante noturno Rafael Anselmo Alves Lopes, de 31 anos, foi preso em flagrante depois de esfregar o pênis em uma mulher em um ônibus. Ainda em 21 de setembro, o Ministério Público de São Paulo denunciou Diego Ferreira de Novais, de 27 anos, pelo crime de estupro, após ele ter sido preso em 2 de setembro esfregando o órgão genital na perna de uma mulher em um ônibus na Avenida Brigadeiro Luís Antônio, em São Paulo. Novais foi preso duas vezes na mesma semana praticando crimes semelhantes. Antes, ele havia sido preso por ejacular em uma mulher, também em um ônibus na Avenida Paulista, sendo solto, neste caso, pela Justiça.
Todos esses casos foram condenados pelo art.61 da lei de Contravenções penais, gerando grande revolta populacional, pois a pena é muito branda em vista à gravidade do delito. Portanto o legislador sentiu-se obrigado a trazer um novo tipo penal para coibir essas situações.
Art. 61. Importunar alguém, em lugar público ou acessível ao público, de modo ofensivo ao pudor:
Pena - multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis.
De acordo com Rogério Greco (2015) normalmente tal ato destina-se a capitulação da mencionada contravenção penal, os fatos que tenham vitima determinada e que comparativamente ao delito de estupro na modalidade que o agente pratica na vida ato libidinoso que sejam considerados de menor importância. E Nucci (2015), ainda leciona: 
“Atos ofensivos ao pudor, como passar a mão nas pernas da vítima, devem ser considerados uma contravenção penal e não um crime. A este é preciso reservar o ato realmente lascivo que sirva para satisfazer a ânsia sexual do autor, que se vale da violência ou grave ameaça.” 
O fato é que o panorama das situações de constrangimento vividas por mulheres no transporte público encontra-seem evidência em todas as mídias. Recentemente, verifica-se que tal conduta tem sido recorrente, afetando grande parte das mulheres nos centros urbanos. O número de denúncias de assédio sexual no transporte público cresce cada vez mais no Estado de São Paulo. Em 2017, já foram 514 casos – um aumento de 650% em comparação aos registros de 2012. Eles ocorrem em ônibus municipais, intermunicipais e rodoviários, trens e no metrô. As abordagens vão desde toques sem consentimento a ejaculações e penetrações (ADORNO, 2017)
Verifica-se que, especialmente nos grandes centros urbanos nos quais grande parte da população tem a necessidade de se locomover através dos meios de transporte de massa, trens, metrôs e ônibus, a situação é especialmente preocupante. Estatísticas informais dão conta de que aproximadamente um quarto das mulheres já sofreram alguma forma de importunação de natureza sexual nos transportes públicos. Dessa forma, verifica-se que é necessário que esta questão seja enfrentada, do ponto de vista jurídico, de modo que seja possível reverter tão nefastas estatísticas.
Logo, a lei 13.718/18 que está vigorando desde o dia 25 de setembro de 2018, atende o princípio da proporcionalidade, para submeter uma maior eficiência ao bem jurídico. Estamos falando de uma situação de legis in pejus, termo usado para denominar uma lei nova que vigora, sendo está mais gravosa que a anterior.
3- As principais diferenças entre os artigos referentes aos crimes contra a dignidade sexual e a Lei N° 13.718/2018
A lei 13.718, publica em 25 de setembro de 2018, é de extrema importância para o ordenamento jurídico Brasileiro e, como já dito antes, trouxe diversas mudanças ao título VI do código penal, referente aos crimes contra a dignidade sexual, que tinha entrado em vigor com lei N°12.015 de 2009.
Uma das principais mudanças trazidas pela nova lei foi a inserção de um novo crime intitulado importunação sexual. O crime ficou tipificado no artigo 215-A, e foi descrito da seguinte forma:
Art. 215-A. Praticar contra alguém e sem a sua anuência ato libidinoso com o objetivo de satisfazer a própria lascívia ou a de terceiro:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o ato não constitui crime mais grave.
O delito consiste em ato libidinoso, ou seja, atos que satisfaça a lascívia do agente, como: masturbação, pegar nas partes íntimas da vítima, ou até mesmo a penetração, mas nesse caso já iria se caracterizar no art.213 do Código Penal, estupro. Vale ressaltar que a criação desse dispositivo foi justamente pelo fato de que ações como as descritas no art. 215-A não se encaixavam no crime de estupro, apenas na contravenção penal de importunação ao pudor, que é de uma penalidade muito branda em relação ao um delito de tamanha gravidade e que acabou por ser revogada pela nova lei. Além disso, o novo artigo trata-se de crime comum, pois, qualquer pessoa pode compor tanto o polo ativo, quanto o polo passivo e tem por elemento subjetivo o dolo, não podendo ser tratado à título de culpa.
Uma das inovações trazidas pelo artigo 215-A, é que ele também abrange a conduta de “frontteurismo” que se dá quando alguém se esfrega e toca em uma outra pessoa sem o seu consentimento. Esse tipo de conduta acontece com mais frequência em locais de grande aglomeração, como: avenidas movimentadas, metrôs, ônibus. Não é novidade que a lei abarque esses casos, pois como dito anteriormente, foi esse tipo de acontecimento que gerou os debates em relação a criação de uma nova lei. 
 Se tratando de menor de 14 anos o crime pode ser tipificado de acordo com o art. 218-A, ou, dependendo do caso em especifico, como estupro de vulnerável (art.217-A), cujo, já há casos julgados pelo STJ nesse sentido. É de extrema importância relatar que o artigo 215-A, mesmo tratando-se de crime comum, exige que o agente passivo seja uma pessoa específica e que desperta no delituoso a lascívia, logo, quem se masturba em local público, sem que tenha uma vítima específica, este não responderá por importunação sexual, mas por ato obsceno (art.233, CP).
A ação penal do artigo 215-A é pública incondicionada, dessarte, com o advento da lei 13.718 todos os crimes contra a dignidade sexual tornaram-se de ação penal pública incondicionada. A pena do crime de importunação sexual vai de 1 a 5 anos, por se tratar de crime de médio potencial ofensivo acabada recebendo o beneficio da suspensão condicional do processo, garantida pelo artigo 89 da lei 9.099/95. Ressalva que o mais novo crime não se classifica no rol taxativo dos crimes hediondos. 
A lei 13.718/2018 também acrescentou o artigo 218-B, que é divulgação de cena de estupro ou cena de estupro de vulnerável, de cena de sexo ou de pornografia: 
Art. 218-C. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, vender ou expor à venda, distribuir, publicar ou divulgar, por qualquer meio - inclusive por meio de comunicação de massa ou sistema de informática ou telemática -, fotografia, vídeo ou outro registro audiovisual que contenha cena de estupro ou de estupro de vulnerável ou que faça apologia ou induza a sua prática, ou, sem o consentimento da vítima, cena de sexo, nudez ou pornografia:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o fato não constitui crime mais grave.
O supracitado artigo pode ser divido em duas partes. A primeira é quando ele usa os verbos oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, vender ou expor à venda, distribuir, publicar ou divulgar, por qualquer meio – inclusive por meio de comunicação de massa ou sistema de informática ou telemática- , fotografia, vídeo ou outro registro audiovisual que contenha cena de estupro ou de estupro d vulnerável ou que faça apologia ou induza a sua prática. Essa primeira parte diz respeito a divulgação sem consentimento da vítima e que se trate de estupro ou estupro de vulnerável, ou que, induza ao mesmo. Um exemplo que é muito acontece é quando alguém divulga vídeo que alguém estuprando uma mulher enquanto ela está embragada, assim, estando vulnerável e não podendo se defender. Quem divulga esse tipo de conteúdo está cometendo crime contra a dignidade sexual, sendo enquadrado no artigo 218-B. 
A segunda parte, respectivamente, trata dos mesmos verbos, a diferença está no fato de que não há uma cena de estupro, mas de um ato sexual consensual, entretanto a divulgação foi de forma ilegal. Esse tipo de crime ocorre com muita frequência e tem aumentado de forma gradual com uso demasiado da internet e redes sociais. Os casos mais famosos são de casais que se trocam os famosos “nudes”, e quando se separam, por raiva, ou ciúmes, um deles divulga os vídeos ou imagens, sendo que é mais comum ser praticado por homens contra mulheres. 
A forma como agente ativo conseguiu as fotos ou vídeos não interfere na tipicidade do delito, pois, se teve o consentimento ou não, o que tipifica o delito é o fato de divulgar o conteúdo. A de se fazer uma observação no caso em que o criminoso invadir o computador, celular, ou qualquer outro dispositivo da vítima para obter o objeto do crime, nesse caso irá responder pelo artigo 218-B C/C com o artigo 154-A, ambos do Código penal Brasileiro. Pode ocorrer do crime acontecer de forma mais grave, se assim acontecer nada impede que, subsidiariamente, seja enquadrado em um outro tipo penal. No caso de menor de 18 anos o agente ativo será responsabilizado pelo Estatuto da Criança e do adolescente (ECA), artigos 241 ou 241-A. O artigo 218-C ainda trás uma majorante, caso o crime tenha sido cometido por motivo de vingança, ou, pelo simples desejo da humilhar a vítima e a pena também e aumentada em até 2/3 se for praticado por alguém que tem ou já teve relação intima com a vítima (revenge porn). O parágrafo 2° evidencia a questão de excludente de ilicitude no caso de publicação de natureza jornalística ou científica. 
4- Crime de estupro de vulnerável (artigo 217-A) e as alterações advindas da lei 13.718/2018:
Pessoa vulnerável é aquela menor de 14 anos, que tenha doença mental, ou que por alguém motivo não tenha a capacidade de se defender. A muitos questionamentossobre como se configura o crime de estupro de vulnerável, sempre tendemos a imaginar que só se configura com a conjunção carnal, entretanto, apenas os atos libidinosos já configuram o crime, se for contra menor de 14 anos, para amenizar de vez todo esse questionamento o STJ sumulou:
 Súmula 593-STJ: O crime de estupro de vulnerável se configura com a conjunção carnal ou prática de ato libidinoso com menor de 14 anos, sendo irrelevante eventual consentimento da vítima para a prática do ato, sua experiência sexual anterior ou existência de relacionamento amoroso com o agente.
		Portanto, tendo ou não a conjunção o crime se configura. Então, partindo desse entendimento, a lei 13.718, incorpora no parágrafo 5° do artigo 217-A, parte da súmula do STJ para sanar qualquer dúvida a respeito do tema. 
5- Estupro Corretivo:
Como dito anteriormente a mulher até os dias de hoje, para concepções machistas, preconceituosas e conservadoristas, é vista apenas para o fim de reprodução, para cuidar do marido, dos filhos e da casa. Na Grécia antiga as mulheres eram vistas apenas como reprodutoras, na Roma ser quer, eram consideradas cidadãs, tanto as mulheres, como os filhos e escravos eram considerados animais não falantes. Demócrito (filósofo pré-socrático) em suas obras colocava a mulher subjugada ao homem, na qual tinha por função meramente dar prazer sexual ao homem. Ele se manifesta da seguinte forma em sua obra “ser governado por uma mulher é, para o homem, a extrema violência.” (ARAÚJO, 2001). 
O fato é que a mulher sempre fora subjugada, o homem a tendo como propriedade. Sem direito a liberdade, sendo reprimida e oprimida sexualmente, sem direito a participar da vida pública e política e mulher foi freada, coibida, restringida de ter liberdade. Isso é provado pela história, a igreja também foi uma percussora da mulher como propriedade, pois, logo após o surgimento do Cristianismo e o começo das Cruzadas, quem entrava nessa guerra poderia perder suas terras e bens e, entres estes bens estava a mulher, considerada novamente como propriedade do homem. 
Mas o estopim de tudo foi no século XVI quando foi instituindo o Tribunal do Santo Ofício que tinha por objetivo condenar todas as pessoas que tivessem “desvio sexual”, que praticassem “imoralidade sexual.” Eles usam a passem bíblica encontrada em Levítico 18:22, que diz: “não te deitarás com um homem como te deixas com uma mulher.” A passagem se referia a prática homossexual entre homens, contudo, usaram também para as mulheres, e dessa forma começaram uma caça a mulheres lésbicas. Diversas delas foram julgas e condenadas por esse tribunal. 
Durante muito tempo as doutrinas religiosas viam a mulher como um animal, como algo sem importância, e, por causa desse tipo de disseminação doutrinária, até hoje pessoas têm esse pensamento. Disse, Santo Agostinho: “A mulher é um animal que não é seguro, nem estável; é odienta para o tormento do marido e cheia de maldade e é o princípio de todas as demandas e disputas, via e caminho de todas as iniquidades”. (BEAVOIR, 1949, p.125). Mas nem todas as mulheres se conformaram com abusos, estupros, opressão e privação, pois, na Inglaterra, surgiria as primeiras ondas do feminismo, “as sufragistas”. No Brasil os primeiros movimentos começaram por volta de 1920.
 Hoje, século XXI, 2018, décadas e décadas após a conquista do sufrágio universal, de poder entrar no mercado de trabalho, de poder escolher entre ser dona de casa ou dona de uma empresa, depois da ser considera absolutamente capaz, depois da lei 11.340/2006 a lei Maria da Penha, depois da lei 13.015/2009 sobre os crimes contra a dignidade sexual, depois de tantas conquistas ainda voltamos frequentemente ao século ao XVI e mulheres são condenadas à morte, ao estupro, por serem lésbicas. Elas não são condenadas por um tribunal, mas por homens que por preconceito, intolerância e machismo acham estar fazendo justiça.
A lei 13.718 insere no título que trata dos crimes contra a dignidade sexual o inciso IV, alínea B, do artigo 226: b) para controlar o comportamento social ou sexual da vítima. O doutrinador Rogério Sanches define com excelência o estupro corretivo, ele diz que esse tipo de crime acontece contra mulheres lésbicas, bissexuais, transexuais. O abusar é movido por preconceito, intolerância e por ego masculino ferido, e agride essas mulheres de forma brutal com o discurso que estaria corrigindo a opção sexual delas. Normalmente esse crime é cometido de forma cruel, a baixa autoestima, ódio e o preconceito são os pilares para esse tipo de conduta totalmente horrenda.
Frases como “agora vou te ensinar a virar mulher”, “vou te ensinar a gostar de homem”, ou “isso é falta de homem que faça direito”, são repetidas constantemente em nosso cotidiano, é absurda a proporção que esse tipo de crime vem tomando, por esse motivo a majorante inserida através da lei 13.718 e de extrema importância, pois a sociedade necessitava de uma pena especifica para esse tipo de crime. Paradigmas foram rompidos, todavia, ainda existe muito o que melhorar, principalmente em se tratando de preconceitos.
6- Outras mudanças causadas pela lei n°13.718/2018:
O art.234-A também sofreu algumas mudanças, antes:
Art. 234-A. Nos crimes previstos neste Título (crimes contra a dignidade sexual) a pena é aumentada:
III - de metade, se do crime resultar gravidez; e
IV - de um sexto até a metade, se o agente transmite à vítima doença sexualmente transmissível de que sabe ou deveria saber ser portador.
O inciso III agora pode ter a pena aumentada de metade até 2/3, o inciso IV de 1/3 até 2/3, além disso acrescentou a pessoa idosa ou com deficiência. Se acontecer do crime ser tipificado no artigo 217-A que trata dos vulneráveis, no qual, se encaixa a pessoa com deficiência, não se deve acrescentar o artigo 234-A, inciso IV, pois, ocorreria “bis in idem”.
Conclusão: 
Com as pesquisas realizadas conclui-se que houve um avanço histórico no direito penal, ao tipificar o crime de importunação sexual e divulgação de cena de estupro ou cena de estupro de vulnerável, de cena de sexo ou pornografia, além disso, fazer modificações necessárias e de extrema importância em artigos que já existiam no título sobre os crimes contra a dignidade sexual. Devido ao fato de que antigamente abusos sexuais eram considerados algo normal, sendo que, como falado por inúmeras vezes, a mulher era vista como um animal e subjugada, era apenas um objeto material do homem. Com o passar do tempo e de revoluções, revoltas, as mulheres aos poucos foram conseguindo ganhar espaço e ter seus direitos garantidos, esses antes inexistentes. A dignidade sexual passou a ser uma garantia de todo ser humano. Logo, por mais uma vez, a luta feminina garantiu que a liberdade sexual fosse garantida e protegida. 
Infelizmente, mesmo com a evolução do homem como ser racional, com a globalização, a relação próxima e troca de conhecimento que às pessoas passaram a ter nessa nova era, a era da informação, não foi o bastante para que alguns crimes que tem raízes culturais fossem sanados. É difícil ter que admitir que ainda hoje é necessário ter que gritar, ter que alguém morrer ou ser abusado para que cumpram o que está na Constituição Federal de 1988, que é a liberdade, e liberdade também se trata de liberdade sexual. Por esse motivo, por ser perceptível que ainda existem diversos tipos de violências direcionadas contra mulheres, menores, deficientes, e que, mesmo com a evolução social, evolução dos direitos e do código penal, algumas condutas estavam ficando cada vez mais esparsas, sem legislação específica e sem punição adequada, é que se fez necessário a criação da lei 13.718/18, esta veio para suprir essa falha, atendendo o princípio da proporcionalidade, para uma maior eficiência das penas e proteção do bem jurídico. 
Diante dos fatos torna-se notório a necessidade da lei e mostra como isso é uma vitória feminina e de movimento LGBT quando a nova lei criminaliza de forma específica o estupro corretivo. A lei 13.718 é um avanço para a legislação penal,mostra que, por mais que de forma tardia as leis têm mudado seu direcionamento e tem tratado com mais e respeito e sem preconceitos arcaicos as necessidades da população. 
A lei é extremamente recente, não se sabe quais serão seus resultados, se o número de casos de importunação sexual e estupro corretivo vão ou não diminuir. Não se sabe se as pessoas vão ou não ser intimidadas pela lei. Só o futuro poderá dizer como será a introdução da mesma na sociedade e se ela vai ser eficaz e eficiente, como é o que se pretende. Mas algo é certo, as mudanças não deverão ser apenas penais, já é provado de diversas formas que endurecimento de leis de não resolvem problemas culturais. A lei 13.718 é de extrema importância e não tem-se dúvidas quanto à sua aplicabilidade, entretanto, somente em conjunto com uma boa educação e informação é que poderemos dissipar preconceitos e acabar com a cultura de estupro no Brasil,
pois, para quem diz que ela não existe, olhem apenas os fatos e verão que ela está instalada nessa nação desde 1.500. 
Referências: 
ARCOVERDE, Léo; ARAÚJO, Paula. Casos de abuso sexual no transporte público de SP crescem 35% em 2017. Jan. 2018. Disponível em: <https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/casos-de-abuso-sexual-no-transporte-publico-de-sp-crescem-35-em-2017-diz-ssp.ghtml>. Acesso em: out. 2018.
CARDOSO, William. Crimes sexuais no metrô e trens de São Paulo crescem 67% em 4 anos. Ago. 2018. Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2018/08/crimes-sexuais-no-metro-e-trens-de-sao-paulo-crescem-67-em-4-anos.shtml>. Acesso em: out. 2018.
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. As mudanças nos crimes sexuais promovidas pela lei 13.718. Out. 2018. Disponível em: < https://www.dizerodireito.com.br/2018/10/ola-amigos-do-dizer-o-direito-lei-n-13.html>. Acesso em: out. 2018.
CORTELETTI, Anna Paulona. A lei 13.718 e a autodeterminação feminina. Out. 2018. Disponível em: <http://emporiododireito.com.br/leitura/a-lei-13-718-18-e-a-autodeterminacao-feminina>. Acesso em: out. 2018.
 
CUNHA, Rogério Sanches. O caso do ônibus em SP e eventual crime contra a dignidade sexual da passageira. Set. 2017. Disponível em: <http://meusitejuridico.com.br/2017/09/01/o-caso-onibus-em-sp-e-eventual-crime-contra-dignidade-sexual-da-passageira/>. Acesso: out. 2018.
Diário online. PM que ejaculou em passageira de trem é condenado e expulso da corporação. Dez. 2017. Disponível em: <http://www.diarioonline.com.br/noticias/brasil/noticia-473873-pm-que-ejaculou-em-passageira-de-trem-e-condenado-e-expulso-da-corporacao.html>. Acesso em: out. 2018.
G1 SP. Polícia de SP registra caso de estupro dentro de vagão do Metrô. Jul. 2011. Disponível em: <http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2011/07/jovem-diz-ter-sido-vitima-de-violencia-sexual-dentro-de-vagao-do-metro.html>. Acesso em: out. 2018.
GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal: parte especial. V. III. Ed. 11. Niterói, RJ: Impetus, 2014.
LIMA, Daniel; MUNIZ NETO, José; FIDELES, Maricy. A conformidade penal da lei 13.718 e o crime de importunação sexual. Out. 2018. Disponível em: < https://canalcienciascriminais.jusbrasil.com.br/artigos/632836493/a-conformidade-penal-da-lei-13718-2018-e-o-crime-de-importunacao-sexual>. Acesso em: Out. 2018.
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