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Impresso por Camila, CPF 711.371.524-94 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 24/10/2020 15:03:54 RESUMO FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO Página 1 I. FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO: 1. Introdução à Fisiologia do Exercício: O que é Fisiologia do Exercício? Fisiologia do exercício é a área da �siologia responsável pelo estudo das perturbações homeostá�cas geradas pelo esforço �sico, e dos mecanismos compensatórios que tendem a manter a homeostase corporal antes, durante e após o estresse. Consiste, portanto, de um estudo integrado entre as várias áreas da �siologia, o que exige o conhecimento prévio de conceitos de �siologia cardiovascular, respiratória e muscular. Podemos comparar a integração dos sistemas corporais do corpo durante o exercício como uma série de engrenagens, com funcionamento ar�culado, cujo �uxo principal de integração consiste do consumo de O2, produção de CO , transporte desses gases e trocas 2 com a atmosfera. Figura 1 Princípios Básicos da Fisiologia do Exercício: Individualidade: O mesmo es�mulo pode e deve causar efeitos diferentes em pessoas diferentes. Especi�cidade: O efeito de certa es�mulação depende do �po e da intensidade da a�vidade realizada. Desuso: Os efeitos só se mantêm caso man�do o treinamento. Carga Progressiva: Se o indivíduo se adapta a uma carga, ela não produz mais efeito algum, apenas mantém o efeito já adquirido, pois o efeito é gerado pelo incremento de carga e não por sua manutenção. Efeitos do Exercício Físico: Fisiologicamente, podemos dis�nguir 3 �pos de efeitos desencadeados pela a�vidade �sica: Efeito Agudo: Refere-se às respostas �siológicas que ocorrem durante a prá�ca do exercício. Observe, na �g. 2, o funcionamento do efeito agudo. Figura 2 Efeito Crônico: Refere-se às adaptações �siológicas adquiridas ao longo de semanas e meses de treinamento. O organismo, quando subme�do a um estresse con�nuo, adapta-se àquele estresse, de maneira que posteriormente passa a responder mais e�cientemente àquele estresse. Vide �g. 3. Figura 3 Efeito Subagudo: Refere-se aos fenômenos �siológicos que ocorrem entre duas sessões de exercícios, e envolve mecanismos de conversão de sinais de estresse agudo em adaptações funcionais. Alguns efeitos subagudos representam, simplesmente, o efeito residual de manifestações �siológicas que ocorrem durante o exercício e decrescem progressivamente depois que o exercício é interrompido. Mas, outros efeitos subagudos ocorrem especi�camente após o exercício, mesmo que o próprio es�mulo tenha sido o exercício, e, por isso, não deve ser considerado como um efeito residual. Caracterís�cas Básicas dos Efeitos Subagudos: o Direção da Resposta Subaguda; o Magnitude rela�va; o Interação entre as respostas subagudas de sessões sucessivas. Impresso por Camila, CPF 711.371.524-94 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 24/10/2020 15:03:54 RESUMO FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO Página 2 - Direção da Resposta Subaguda: o Os efeitos subagudos de uma sessão de exercícios podem ter uma caracterís�ca excitatória ou inibitória. Vide �g. 4. o Efeitos subagudos excitatórios: Permanecem mais altos que os valores de repouso por minutos ou horas após o término do exercício. Ex.: Consumo de O , Débito Cardíaco, Ven�lação 2 Pulmonar. o Efeitos subagudos inibitórios: Permanecem mais baixos que os valores de repouso por minutos ou horas depois que o exercício é interrompido. Ex.: Pressão Arterial Figura 4 - Magnitude Rela�va das Respostas Subagudas X Agudas: Podemos classi�car os padrões de respostas subagudas em três �pos, segundo sua magnitude rela�va ao mesmo fenômeno durante o exercício: Tipo I Agudo > Subagudo o Padrão em que a magnitude do fenômeno �siológico agudo é maior que a do subagudo, que decresce con�nuamente após o término do exercício. Trata-se de uma resposta residual. Ex.: Débito Cardíaco, Freqüência Cardíaca, Liberação de Catecolaminas. Tipo II Agudo < Subagudo o Padrão em que a magnitude do fenômeno �siológico aumenta após o término do exercício, ou seja, o efeito subagudo é maior que o efeito agudo. Ex.: Risco de mortalidade de pacientes com arritmia ventricular (arritmia como efeito agudo é menos perigosa do que a arritmia como efeito subagudo). Tipo III Agudo << Subagudo o Padrão em que o fenômeno �siológico aparece apenas após o exercício. Ex.: Expressão de transportadores GLUT4 de membrana. Figura 5 - Interação entre as respostas subagudas de sessões consecu�vas: Figura 6 Os efeitos crônicos do treinamento �sico são desenvolvidos ao longo de semanas como adaptações aos estresses agudos das sessões de exercício. Os efeitos subagudos em diferentes variáveis podem interagir como uma somação temporal, ou como uma combinação de somação temporal e adaptação funcional. Podemos observar a diferença entre os dois padrões intera�vos a par�r da interpretação da �g. 6. Note que, em ambos os casos, os exercícios devem ser man�dos regularmente a �m de manter seus efeitos. Note também que quando o efeito é acompanhado de uma adaptação funcional, seu decréscimo torna-se progressivamente mais lento. Impresso por Camila, CPF 711.371.524-94 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 24/10/2020 15:03:54 RESUMO FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO Página 3 Vale destacar que a intensidade do exercício manteve-se a mesma em todas as sessões, e, por isso, não se observa aumento na amplitude do efeito subagudo. 2. Bioenergé�ca do Exercício: A reserva muscular de ATP é insu�ciente para manter a contração muscular por mais de 3 segundos. Sendo, portanto, necessário ressinte�zar o ATP de reserva. Três sistemas metabólicos são extremamente importantes para a ressíntese do ATP: o Via Anaeróbica Alá�ca (Sistema Fosfocrea�na- crea�na); o Via Anaeróbica Lá�ca (Sistema Glicogênio-ácido lá�co); o Via Aeróbica. Figura 7 Sistemas Metabólicos: Sistema da Fosfocrea�na-crea�na (Via Anaeróbica Alá�ca): A fosfocrea�na é um componente químico que, assim como o ATP, apresenta uma ligação de fosfato de alta energia. Ela pode ser hidrolisada em crea�na e fosfato, liberando a energia da ligação, de 10300 calorias, su�ciente para recons�tuir uma ligação de alta energia do ATP. As reservas musculares de fosfocreatina são 4 vezes maiores do que as reservas de ATP. A mobilização muscular de fosfocrea�na é quase que instantânea, e, em combinação com a mobilização da reserva de ATP, cons�tui o sistema do fosfágeno, su�ciente para sustentar a potência muscular máxima por 8 a 10 segundos. Sistema de Glicogênio-ácido lá�co (Via Anaeróbica Lá�ca): A via anaeróbica lá�ca consiste da glicólise (quebra da molécula de glicose em duas moléculas de ácido pirúvico), e redução do ácido pirúvico a ácido lá�co. A vantagem da via lá�ca é ser maispotente e rápida que a via aeróbica, produzindo ATP além dos limites impostos pelo suprimento de O , mas possui 2 como desvantagem a produção de ácido lá�co, que acumulado causa acidose muscular, desencadeando dor e queimação. A duração da via anaeróbica lá�ca é de quase 2 minutos de a�vidade muscular máxima. Limiar Anaeróbico: É o ponto máximo de intensidade de esforço até onde os processos de produção e remoção de ácido lá�co estão equilibrados não exis�ndo acúmulo. Quando essa intensidade de esforço é excedida passa a exis�r um acúmulo de ácido lá�co o que provoca a fadiga mais rapidamente. Quanto maior o limiar anaeróbico de um atleta, mas energia ele poderá produzir antes de gerar ácido lá�co em quan�dades signi�ca�vas para causar a fadiga. Sistema Aeróbico: A via aeróbica envolve a formação de ácido pirúvico pela glicólise e seu processamento mitocondrial aeróbico, bem como a oxidação mitocondrial de outros compostos orgânicos, como ácidos graxos e aminoácidos. Produz grande rendimento em ATP e CO , que é liberado no sangue. 2 Como se trata de um processo aeróbico, que envolve o O2 como aceptor �nal de elétrons e íons H + , o principal limitante da via aeróbica é a disponibilidade de O . 2 A vantagem da via aeróbica é o seu rendimento e duração, visto que seus substratos são virtualmente in�nitos. A desvantagem dessa via é a len�dão do processo. Comparação entre os Sistemas Metabólicos: Moles de ATP/min Duração Sistema do Fosfágeno 4 8 a 10 s Sistema do Glicogênio- ácido lá�co 2,5 1,3 a 1,6 min Sistema Aeróbico 1 Tempo indeterminado Vale destacar que todos os sistemas de ressíntese de ATP são a�vados simultaneamente a par�r da depleção no ATP de reserva. O que determina a predominância de uma via em determinado exercício é a intensidade e duração do exercício. Exercícios de explosão u�lizam predominância da via anaeróbica, enquanto exercícios de resistência u�lizam predominantemente a via aeróbica. Efeitos Subagudos Metabólicos (Recuperação dos Sistemas Metabólicos): Recuperação da Via Anaeróbica: A energia do sistema aeróbico é u�lizada no pós-exercício para recons�tuir as reservas musculares de ATP e fosfocreatina, e para a remoção do ácido lá�co acumulado nos líquidos Impresso por Camila, CPF 711.371.524-94 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 24/10/2020 15:03:54 RESUMO FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO Página 4 corporais. A remoção do ácido lá�co é feita duas maneiras: o Pequena porção é conver�da novamente em ácido pirúvico e é, então, metabolizada oxida�vamente por todos os tecidos corporais; o O ácido lá�co remanescente é conver�do novamente em glicose, principalmente no �gado, e esta é u�lizada para recompor as reservas de glicogênio dos músculos. Recuperação da Via Aeróbica: A recuperação da via aeróbica é feita a par�r da reposição do dé�cit de oxigênio durante o exercício, e da recomposição dos estoques de glicogênio muscular (depletados pelo esforço con�nuo). Dé�cit de O2: Observe, na �g. 8, o ritmo de captação de O durante e após o exercício. Note que, durante o 2 exercício, a taxa de absorção de O aumenta mais de 2 15 vezes (efeito agudo), e, mesmo após o �m do exercício, a taxa permanece acima do valor de repouso (efeito subagudo excitatório do �po I). Podemos caracterizar dois períodos de captação de O no pós-exercício: 2 o Período de débito alá�co de O Período de 2 recuperação das reservas do sistema fosfágeno e do O de reserva; 2 o Período de débito lá�co de O Período de 2 recuperação do sistema anaeróbico lá�co, pela remoção de ácido lático do organismo. Note que o primeiro período é mais curto e possui maiores taxas de absorção de O que o 2 segundo. Figura 8 Recuperação do Glicogênio Muscular: Ao contrário da recuperação do sistema fosfágeno e da metabolização do ácido lá�co, que dura de minutos a horas, a recuperação das reservas de glicogênio muscular requer dias, e depende da dieta adotada. Observe, na �g. 9, a relação entre a recuperação das reservas de glicogênio e o �po de dieta adotada. Note que a recuperação é mais e�ciente em dietas ricas em carboidratos, que recompõem as reservas em 2 dias. Figura 9 Fontes Nutricionais da A�vidade Muscular: Figura 10 O alimento preferencial de u�lização pelos músculos é o glicogênio, especialmente durante as fases iniciais do exercício. Além dos carboidratos, também são u�lizadas grandes quan�dades de gordura na forma de ácidos graxos e ácido acetoacé�co, e, em menor escala, aminoácidos. Como o rendimento e a u�lização de cada classe de alimentos são diferentes, é de se esperar que o rendimento do exercício seja in�uenciado pela condição nutricional do pra�cante. Sendo assim, como apresentado na �g. 10, a duração máxima de uma a�vidade �sica é in�uenciada pelo �po de dieta seguida pelo pra�cante. Note que uma dieta rica em Impresso por Camila, CPF 711.371.524-94 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 24/10/2020 15:03:54 RESUMO FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO Página 5 carboidratos pode permi�r uma a�vidade �sica intensa por até 4 horas. Nem toda a energia dos carboidratos vem das reservas de glicogênio muscular. Na verdade, quase a mesma quan�dade de glicogênio que é armazenada nos músculos é armazenada também no �gado, e pode ser liberada para o sangue na forma de glicose, e esta ser captada pelos músculos como fonte de energia. 3. Sistema Muscular no Exercício: Tipos de Fibras Musculares Esquelé�cas: As �bras musculares podem ser diferenciadas feno�picamente em fibras do tipo I, mais adaptadas para a a�vidade aeróbica, e �bras do �po II, mais adaptadas para a a�vidade anaeróbica. O fenó�po da �bra muscular é determinado pela sua inervação. Todos os músculos do organismo possuem proporções diferentes de �bras, dependendo da ação dos mesmos. Fibras de Contração Lenta Fibras de Contração Rápida Tipo I IIa IIb Vel. de Contração Lenta Intermediária Rápida Vel. de Relaxamento Lenta Intermediária Rápida Diâmetro Pequeno Intermediário Grande Fonte de ATP Fosforilação Oxida�va Fosforilação Oxida�va Glicólise Cor da Fibra Vermelha Vermelha clara Branca Qnt. De Mioglobina Alta Intermediária Baixa Qnt. De Enzimas Oxida�vas Alta Intermediária Baixa Reserva de Glicogênio Baixa Intermediária Alta Reserva de Fosfocrea�na Baixa Intermediária Alta Qnt. De Enzimas Glicolí�cas Baixa Intermediária Alta Nº de Mio�brilas Baixa Intermediária Alta A�vidade de ATPase da Miosina Baixa Intermediária Alta Resistência à Fadiga Alta Intermediária Baixa Potência Baixa Intermediária Alta Capilarização Alta Alta Baixa Mioglobina: Proteína ligadora de O de estrutura 2 semelhante a uma subunidade de hemoglobina. Aumenta a taxa de difusão de O para dentro da fibra 2 muscular. Nº de pontes cruzadas: O número de pontes cruzadas a�vas, devido a um maior nº de mio�brilas e maiora�vidade ATPase da miosina, é maior em �bras musculares do �po II do que em �bras musculares do �po I, o que determina uma potência de contração maior. Efeitos Crônicos do Treinamento Físico: Hipertro�a Muscular: A hipertro�a muscular resulta de um aumento do diâmetro das �bras musculares. Muito poucas �bras podem dividir-se ao longo de seu comprimento, formando �bras novas, e, assim, aumentando ligeiramente o número de �bras. Principais mudanças que ocorrem dentro da �bra muscular hipertro�ada: o Aumento no número de mio�brilas proporcional ao grau de hipertro�a; o Até 120% de aumento nas enzimas mitocondriais; o Até 80% de aumento nos componentes do sistema metabólico do fosfágeno, incluindo ATP e fosfocrea�na; o Até 50% de aumento no estoque de glicogênio; o De 75 a 100% de aumento no estoque de triglicerídeos. Atro�a Muscular: Diminuição da massa muscular por desuso do músculo. Ocorre por um processo inverso à hipertro�a, por redução das proteínas contráteis e das enzimas do metabolismo aeróbico e anaeróbico. A intensidade da redução das proteínas contráteis é muito mais rápida do que a intensidade de sua reposição. Hiperplasia Muscular: Sob raras circunstâncias de geração de força muscular extrema, observou-se que o número real de �bras musculares aumentou (mas apenas por alguns pontos percentuais), independentemente, do processo de hipertro�a. Esse aumento do nº de �bras musculares é referido como hiperplasia muscular, e ocorre por separação linear das �bras previamente aumentadas. Mudança Feno�pica das Fibras Musculares: O fenó�po de uma �bra muscular é determinado por sua inervação, de maneira que a conversão de �bras do �po I para o �po II, ou vice-versa, não é possível. Mas a mudança de IIa para IIb, e vice-versa, é bastante plás�ca e dependente do treinamento �sico. o Treino Aeróbico Exercício de Resistência de Longa Duração Es�mula a conversão de IIb para IIa; Impresso por Camila, CPF 711.371.524-94 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 24/10/2020 15:03:54 RESUMO FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO Página 6 o Treino Anaeróbico Exercício de Explosão Es�mula a conversão IIa para IIb. Figura 11 4. Sistema Respiratório no Exercício: Embora a respiração seja de pouca importância para o desempenho em modalidades de velocidade, a�vidades anaeróbicas, ela é crucial para o desempenho máximo em modalidades de resistência, a�vidades aeróbicas. Efeitos Agudos do Exercício na Relação Consumo de Oxigênio e Ven�lação Pulmonar: Para entender a relação entre o consumo de oxigênio e a ven�lação pulmonar, vide �g. 12. Como era de se esperar, existe uma relação linear entre as duas grandezas, de maneira que, em exercícios intensos, o consumo de O e a ven�lação pulmonar 2 podem aumentar em até 20 vezes. Figura 12 Vale ressaltar que, mesmo durante os exercícios mais vigorosos, a capacidade ven�latória máxima não é a�ngida, tratando-se, portanto, de um fator de segurança, que permite: exercícios em al�tudes elevadas, exercícios em condições extremamente quentes, e anormalidades no sistema respiratório. Logo, o sistema respiratório, normalmente, não é o fator limitante do fornecimento de oxigênio aos músculos durante o metabolismo aeróbico muscular máximo. O fator limitante, portanto, é a capacidade cardíaca em bombear sangue. Efeitos Agudos do Exercício na Capacidade de Difusão de O nos Pulmões e nos Músculos: 2 Durante o exercício intenso, o �uxo sangüíneo através dos pulmões aumenta de quatro a sete vezes. Este �uxo extra é acomodado nos pulmões de três maneiras: o Aumentando o nº de capilares abertos, podendo chegar até 3 vezes; o Distensão extra de todos os capilares; o Aumento da pressão arterial pulmonar. Note, no entanto, pela �g. 13, que o aumento na pressão arterial pulmonar é bem pequeno, mesmo com um grande aumento do débito cardíaco durante o exercício, isso se deve à e�ciência dos pulmões em acomodar o �uxo sangüíneo aumentado. Figura 13 Além de aumentar o �uxo sangüíneo pulmonar, por aumento no débito cardíaco, o exercício provoca aumento na ven�lação alveolar. Ambos os aumentos contribuem para aumentar a capacidade de difusão de O2 pela membrana respiratór durante o exercício. ia o Área Super�cial da Membrana Respiratória, por aumento na capilarização e dilatação capilar. o Melhor equiparação entre a ven�lação alveolar e a perfusão dos capilares alveolares Razão Ven�lação/Perfusão mais próxima de 1. O �uxo sangüíneo aumentado diminui o tempo de permanência do sangue nos capilares pulmonares, Impresso por Camila, CPF 711.371.524-94 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 24/10/2020 15:03:54 RESUMO FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO Página 7 ou seja, há um menor tempo para as trocas gasosas, e era de se esperar uma saturação menor de O no 2 sangue. Mas isso não procede, pois, em condições normais, o sangue �ca 3 vezes mais tempo nos capilares do que o necessário para sua oxigenação, e como durante o exercício esse tempo cai pela metade, logo, o tempo de permanência do sangue nos capilares con�nua sendo su�ciente para garan�r sua quase saturação. Resumindo: Resultado: Mantém a oxigenação do sangue, suprindo a alta demanda metabólica. Não há incremento de oxigenação, visto que o sangue já se encontra saturado. Durante o exercício intenso, as células musculares u�lizam oxigênio a uma taxa rápida, o que, em casos extremos, pode fazer com que a PO do 2 líquido inters�cial muscular caia do valor normal de 40 mmHg para um valor tão baixo quanto 15 mmHg. Essa queda na PO sangüínea facilita a liberação de O pela 2 2 hemoglobina, sendo um mecanismo e�ciente em suprir a demanda por O . 2 A própria liberação de CO e H2 + , durante a a�vidade muscular, facilitam a liberação de O pela 2 hemoglobina, efeito Haldane e efeito Bohr respec�vamente. Como a liberação de CO e H 2 + diminui complementarmente a a�nidade da hemoglobina por O , mesmo nos exercícios mais 2 intensos, não há uma grande queda na PO do sangue 2 venoso, mas há uma grande queda na saturação da hemoglobina sangüínea, que mantém essa PO . 2 Resumindo: Efeitos Crônicos do Exercício na O Máxima: 2 O2 Máx: Taxa de consumo máximo de oxigênio (L/min). Trata-se do principal meio de se avaliar a capacidade aeróbia de um indivíduo. Observe, na �g. 14, o efeito progressivo do treinamento atlé�co sobre a O Máx registrada em 2 um grupo de indivíduos começando em um nível zero de treinamento e dando con�nuidade em um programa por 7 a 13 semanas. O resultado surpreendente, apresentado no grá�co, é que o aumento na O Máx foi de apenas 2 10%, e que a freqüência do treinamento pouco in�uenciou no resultado �nal. Como a O Máx de um maratonista é cerca de 2 45 vezes maior que a de uma pessoa destreinada, acredita-se que a maior parte desse incrementoé ob�do gene�camente, ou seja, pessoas que possuem uma caixa torácica maior em relação ao tamanho corporal e músculos respiratórios mais fortes selecionam-se para tornarem-se maratonistas. Obs.: É importante entender que os efeitos do exercício sobre o sistema respiratório são, em sua maioria, efeitos agudos e subagudos residuais, que, di�cilmente, geram adaptação �siológica. A explicação para isso é que o sistema respiratório em exercícios não é exigido ao seu máximo, e, como não há incremento de carga, não há adaptação �siológica. O aumento na O Máx, percebido na �g. 14, deve ser 2 creditado a uma adaptação cardiovascular, e não a uma adaptação respiratória. Figura 14 Regulação da Respiração Durante o Exercício Físico: Durante o exercício �sico, sinais neurais diretos es�mulam o centro respiratório a um nível quase apropriado para suprir o O extra requerido para a 2 a�vidade �sica e para remover o CO adicional. 2 Exercício Ven�lação Alveolar Razão Ven�lação/ Perfusão 1 Débito Cardíaco Fluxo Sangüíneo Capilar Pulmonar Capilaridade Pulmonar Distensão Capilar Exercício PO2 Tissular [H+] [CO ]2 Captação de O2 PO2 Venosa Saturação da Hb Impresso por Camila, CPF 711.371.524-94 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 24/10/2020 15:03:54 RESUMO FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO Página 8 Complementarmente, os fatores químicos, como as concentrações de H+ e CO , realizam um ajuste �nal da 2 respiração, mantendo as concentrações de O , CO2 2 e H+ as mais próximas possíveis da normalidade. A par�r da análise da �g. 15, podemos destacar propriedades interessantes da regulação respiratória durante o exercício �sico. Note que a ven�lação alveolar aumentou instantaneamente com o início do exercício, mesmo antes do aumento na PCO2, revelando que o mecanismo neural é o desencadeador do aumento na ven�lação alveolar. Esse aumento “precoce”, na ven�lação alveolar, causa queda acentuada imediata na PCO arterial, que tende a 2 normalizar com o tempo, pela liberação de CO pelos 2 músculos. Figura 15 Outro aspecto importante no controle respiratório durante o exercício é a capacidade de manter a PCO arterial em condições de alto 2 metabolismo muscular, a par�r do aumento proporcional na ven�lação alveolar, hiperpnéia. Comportamento observado na �g. 16. Figura 16 5. Sistema Cardiovascular no Exercício: Efeitos Agudos do Exercício: Ocorrem dois efeitos agudos principais durante o exercício, que são essenciais para o sistema circulatório suprir o enorme �uxo sangüíneo necessário para os músculos: o Es�mulação simpá�ca; o Aumento do débito cardíaco. A es�mulação simpá�ca provoca três efeitos sobre o sistema cardiovascular: o Freqüência Cardíaca / Força de Contração Débito Cardíaco o Vasoconstrição arteriolar ocorre nos tecidos periféricos, exceto nos músculos onde a a�vidade metabólica é aumentada. o Vasoconstrição Venosa Pressão média de enchimento sistêmico Retorno Venoso Débito Cardíaco o Pressão arterial Exercícios �sicos que exijam o trabalho de poucos músculos: o Músculos com alta demanda metabólica Vasodilatação local (mecanismo metabólico) Maior �uxo sangüíneo nos músculos utilizados na atividade �sica o Es�mulo simpá�co Vasoconstrição dos demais tecidos periféricos Menor fluxo sangüíneo pelos tecidos periféricos (desvio de sangue para os músculos a�vos) Como a vasoconstrição é muito difusa, o efeito vasoconstritor é muito maior sobre a pressão arterial média do que o efeito vasodilatador, observa-se, então, um grande aumento na pressão arterial média, de até 80 mmHg. O débito cardíaco aumenta mais do que a resistência vascular periférica diminui. Exercícios �sicos que exijam o trabalho de músculos de todo o corpo: o Músculos com alta demanda metabólica Vasodilatação local (mecanismo metabólico) Maior �uxo sangüíneo nos muitos músculos u�lizados na a�vidade �sica o Es�mulo simpá�co Vasoconstrição dos demais tecidos periféricos Menor fluxo sangüíneo pelos tecidos periféricos (desvio de sangue para os músculos a�vos) Como a vasodilatação nos muitos músculos em a�vidade é muito alta, observa-se um menor aumento na pressão arterial média. Aumento este que não passa de 20 a 40 mmHg. Impresso por Camila, CPF 711.371.524-94 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 24/10/2020 15:03:54 RESUMO FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO Página 9 Figura 17 A �gura mostra uma análise grá�ca do grande 17 aumento do débito cardíaco que ocorre durante exercícios intensos. O ponto A exibe os valores normais de retorno venoso e débito cardíaco, e o ponto B exibe os valores durante o exercício intenso. O aumento do retorno venoso está ligado ao aumento da pressão média de enchimento sistêmico, que desloca a curva para a direita, e a queda na resistência ao retorno venoso nos vasos musculares, que sofrem intensa vasodilatação. Aliado à es�mulação simpá�ca, que aumenta a freqüência e força de contração cardíaca, o retorno venoso aumenta a curva do débito cardíaco. O efeito agudo de aumento do débito cardíaco é mais in�uenciado pelo cronotropismo do que pelo inotropismo. Pois, a freqüência cardíaca pode aumentar em até 270% durante exercício intenso, enquanto o volume sistólico aumenta apenas 50%. Resumindo: Efeitos Crônicos do Exercício: Quando comparamos o débito cardíaco máximo em pessoas saudáveis destreinadas com o débito cardíaco máximo em atletas bem treinados, constatamos que aqueles podem aumentar em até 4 vezes seu débito cardíaco a par�r do repouso, enquanto estes podem aumentar cerca de 6 vezes o seu débito cardíaco (podendo a�ngir 7-8 vezes o DC normal em repouso). Esse aumento de 40% no débito cardíaco resulta, principalmente, do aumento do tamanho das câmaras cardíacas em 40%, e o aumento na massa cardíaca em também 40% ou mais. Essa hipertro�a �siológica cardíaca é acompanhada de crescimento adequado na vascularização do miocárdio, em resposta ao treinamento de resistência. Como o débito cardíaco em repouso mantém-se o mesmo, e o volume sistólico do indivíduo treinado é maior, devido à hipertro�a, podemos concluir que a freqüência cardíaca do atleta em repouso é menor do que a de um indivíduo destreinado. O treinamento não aumenta a freqüência cardíaca máxima, que é determinada pela es�mulação simpá�ca. Logo, no exercício intenso, a freqüência cardíaca máxima de um indivíduo treinado ou destreinado é a mesma, e o maior débito cardíaco do indivíduo treinado deve-se apenas a seu maior volume sistólico. Como já explicado anteriormente, o sistema cardiovascular é o principal limitante da O Máx, 2 porque a u�lização de O pelo corpo não pode nunca 2 ser maior que a taxa de O transportada pelo sistema 2 cardiovascular para os tecidos. Por isso, o débito cardíaco máximo que pode ser a�ngido pelo maratonista de40% a mais é, provavelmente, o mais importante bene�cio fisiológico do programa de treinamento desse atleta, e é esse débito aumentado que provoca um aumento na O Máx. 2 Hipotensão Pós-esforço (Efeito Subagudo do Exercício): Um efeito subagudo cardiovascular par�cularmente importante é a hipotensão p -ós esforço. Durante o exercício �sico, por mecanismos já explicados anteriormente, a pressão arterial mant -ém se mais alta do que o valor de repouso, devido, principalmente, à es�mulação simpá�ca e débito cardíaco aumentado. Com o �m do exercício, cessa a es�mulação simpá�ca e o débito cardíaco tende a diminuir grada�vamente, portanto, era de se esperar que a pressão retornasse a seu valor normal de repouso, mas isso não acontece. Na verdade, a pressão arterial diminui no p -ós exercício a valores abaixo da normalidade em repouso. Essa queda na pressão deve-se, principalmente, a uma vasodilatação difusa no p -exercício, causada pelo ós cessar da es�mulação simpá�ca, e pela manutenção de uma rela�va vasodilatação nos músculos, devido ao dé�cit de O causado pelo exercício, hiperemia rea�va. 2 O mecanismo bioquímico desse efeito subagudo é o aumento na expressão de NO Sintase, o que aumenta a produção de óxido nítrico no p -exercício, ós causando vasodilatação e remodelamento vascular. Vide �g. 18. Trata-se, portanto, de um efeito subagudo Exercício Débito Cardíaco Vasodilatação dos Vasos Musculares Fluxo Sangüíneo Muscular Suprir a Demanda Impresso por Camila, CPF 711.371.524-94 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 24/10/2020 15:03:54 RESUMO FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO Página 10 que sofre somação temporal e adaptação funcional, como apresentado na �g. 19. Figura 18 Figura 19 6. Considerações Finais: Análise Global dos Efeitos Agudos do Exercício: Podemos resumir os efeitos cardiorrespiratórios do exercício dinâmico em uma única equação: Onde é o consumo de O é a diferença 2, na percentual na concentração arteriovenosa de O , ou 2 seja, o percentual sangüíneo de O consumido, e 2 é o débito cardíaco. A par�r dessa equação podemos deduzir uma segunda equação: Onde é o consumo de O é a concentração 2, percentual de O no sangue arterial, é a 2 concentração percentual de O no sangue venoso, 2 é a freqüência cardíaca, e é o volume sistólico. Podemos constatar que os fenômenos cardiorrespiratórios que ocorrem durante o exercício buscam aumentar a até seu valor máximo ( Máx), alterando cada um deles uma variável da equação acima Podemos correlacionar os fenômenos . agudos com as variáveis determinantes da da seguinte maneira: Concentração Percentual de O Arterial 2 Como o O no sangue arterial em repouso já se 2 encontra em sua quase saturação de hemoglobina, e o aumento da PO arterial dependeria de um aumento 2 na PO alveolar, o que não acontece no exercício. 2 Podemos concluir que a concentração percentual de O2 arterial no exercício é pra�camente a mesma que a de repouso. Mas, como o �uxo sangüíneo capilar pulmonar encontra-se aumentado, a maior ven�lação alveolar e a maior capilarização durante o exercício garantem a oxigenação desse �uxo aumentado de sangue. Logo: Ven�lação Alveolar Mant ém Logo: Capilarizaç Pulmonar Mant ão ém Concentração Percentual de O Venosa 2 O aumento no metabolismo aeróbico muscular durante o exercício consome o O sangüíneo, 2 diminuindo sua concentraç percentual. Vale lembrar ão que não há grande alteração na PO no sangue venoso, 2 mas a dessaturação da hemoglobina é bem maior no exercício do que em repouso, o que contabiliza uma grande queda na concentração percentual de O 2 venosa. Essa dessaturação é facilitada pela menor PO 2 �ssular muscular ( 15 mmHg), e pela liberação do CO 2 e H+ , que diminuem a a�nidade da Hb por O . 2 Logo: Captação de O pelos Músculos 2 Freqüência Cardíaca A freqüência cardíaca durante o exercício aumenta por es�mulação simpá�ca. Esse aumento pode chegar a 270%, e, por não sofrer adaptações funcionais, não é maior no indivíduo treinado do que no indivíduo destreinado. Logo: �mulação Simpá�ca Es FC VS Volume Sistólico O volume sistólico durante o exercício aumenta por es�mulação simpá�ca e por mecanismo intrínseco de controle, a par�r do aumento no retorno venoso. Esse aumento pode chegar a 50% no indivíduo destreinado, sendo que no indivíduo treinado o volume sistólico máximo é bem maior, devido à hipertro�a muscular cardíaca.
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