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1 2 APRESENTAÇÃO 5 AULA 1: CARACTERÍSTICAS DOS SERVIÇOS 7 INTRODUÇÃO 7 CONTEÚDO 8 GESTÃO DE SERVIÇOS 8 HIBRIDIZAÇÃO 9 ATIVIDADE PROPOSTA 1 10 CONCEITO DE PRODUTO 10 PRODUTO TOTAL 11 GESTÃO DE MARCA 15 GESTÃO DE SERVIÇOS 17 CARACTERÍSTICAS DOS SERVIÇOS 18 MIX DE MARKETING DE SERVIÇOS 20 ATIVIDADE PROPOSTA 2 22 REFERÊNCIAS 22 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 23 AULA 2: COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR 31 INTRODUÇÃO 31 CONTEÚDO 32 ATIVIDADE PROPOSTA 1 32 INTEGRAÇÃO ENTRE MARKETING, OPERAÇÕES E RH 32 PRÁTICAS DE EMPRESAS BEM SUCEDIDAS NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS 34 CASO STARBUCKS 35 MOMENTO DA VERDADE 37 ATIVIDADE PROPOSTA 2 39 CICLO DE SERVIÇOS 39 CICLO DE SERVIÇOS DA PERSPECTIVA DO CLIENTE 41 CICLO DE CRIAÇÃO DE VALOR 42 CLASSIFICAÇÃO DE SERVIÇOS 45 3 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR DE SERVIÇOS 51 ATIVIDADE PROPOSTA3 54 REFERÊNCIAS 54 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 55 AULA 3: CRIAÇÃO DE VALOR PARA O CLIENTE 64 INTRODUÇÃO 64 CONTEÚDO 65 VALOR EM SERVIÇOS 65 CÁLCULO DE VALOR 66 O QUE É VALOR 68 CONCEITO DE VALOR 69 VALOR PERCEBIDO PELO CLIENTE 70 CONCEITO DA QUALIDADE EM SERVIÇOS 72 GESTÃO DA QUALIDADE EM SERVIÇOS 73 MONITORAMENTO DA QUALIDADE EM SERVIÇOS 75 ERRO ZERO 76 RECUPERAÇÃO EM SERVIÇOS 77 POLÍTICA DE RECUPERAÇÃO DE SERVIÇOS 79 GARANTIA EM SERVIÇOS 80 ATITUDES 81 ATIVIDADE PROPOSTA 82 REFERÊNCIAS 82 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 83 AULA 4: PESSOAS NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS 87 INTRODUÇÃO 87 CONTEÚDO 88 QUALIDADE EM SERVIÇOS 88 PESQUISAS DE MARKETING 91 OBSERVAÇÃO DO CONSUMIDOR 94 MODELO DOS CINCO GAPS 96 MATRIZ DE AVALIAÇÃO 101 ADMINISTRAÇÃO DE EXPECTATIVAS 102 ENDOMARKETING 103 4 CONCEITO 103 IMPORTÂNCIA DAS PESSOAS NA GESTÃO DE SERVIÇOS 105 CULTURA DE SERVIÇOS 107 MARKETING INTERNO 108 SATISFAÇÃO DOS FUNCIONÁRIOS 109 AÇÕES DE MARKETING INTERNO 111 ATIVIDADE PROPOSTA 114 REFERÊNCIAS 114 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 115 CHAVES DE RESPOSTA 120 AULA 1 120 ATIVIDADE PROPOSTA 1 120 ATIVIDADE PROPOSTA 2 120 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 121 AULA 2 127 ATIVIDADE PROPOSTA 1 127 ATIVIDADE PROPOSTA 2 128 ATIVIDADE PROPOSTA 3 128 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 128 AULA 3 134 ATIVIDADE PROPOSTA 134 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 134 AULA 4 137 ATIVIDADE PROPOSTA 137 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 139 CONTEUDISTA 142 5 Todos nós somos consumidores e sentimos na pele o que é ser bem ou mal atendido pelas diversas empresas que nos cercam. Surge, então, uma pergunta: quais são as condições necessárias para termos excelência na prestação de serviços? Como profissional de marketing precisamos entender esse ambiente em que marcas e empresas se diferenciam por encantar os seus clientes. E, para isso, vamos conhecer os conceitos de marketing de serviços e endomarketing. Precisamos oferecer excelência na prestação de serviços em todos os pontos de contato: seja durante o atendimento presencial, em uma ligação para o nosso call center, um post no Facebook ou propaganda. Todas essas oportunidades são o que chamamos de momentos da verdade, e é quando a promessa da marca é realmente cumprida ou não. O nosso juiz nesse processo é sempre o consumidor. No entanto, poucas empresas percebem que cliente feliz, satisfeito e encantado depende de funcionários felizes e bem treinados. Por isso, entenderemos que quando falamos de marketing de serviços e endomarketing, estamos tratando da mesma coisa: pessoas. Sendo assim, esta disciplina tem como objetivos: 1. Entender como o marketing de serviços ganha relevância em um mundo em que o consumidor está cada vez mais “empoderado”, e em 6 que um momento de contato com a marca pode construir ou destruir a sua imagem. 2. Revisar as principais diferenças entre serviços e produtos, definindo os principais fundamentos do marketing de serviços; 3. Identificar as principais ferramentas do marketing de serviços, como gestão da qualidade, produtividade em serviços, relacionamento com clientes, monitoração da satisfação do cliente; 4. Estabelecer relação entre excelência na prestação de serviços e melhores práticas de endomarketing. 7 Introdução É possível que você pense que tudo o que estudou em marketing de produtos sirva como fundamento para o marketing e a gestão de serviços. No entanto, vamos ver que alguns princípios permanecem, outros são adicionados e alguns alterados. Isso ocorre porque há importantes diferenças entre produtos e serviços. Podemos afirmar que uma das principais diferenças é que produtos são tangíveis, ou seja, têm existência física, enquanto os serviços são intangíveis, são bens não materiais e consumidos por meio da experiência de consumidores com as empresas fornecedoras. Você será apresentado a situações e, a partir dessas reflexões, vamos poder revisar os principais conceitos do marketing de serviços. Objetivos 1. Revisar as principais diferenças entre serviços e produtos; 2. Reconhecer as características dos serviços e suas implicações para o marketing; 3. Examinar o marketing mix de serviços. 8 Conteúdo Gestão de serviços As primeiras razões para estudarmos a gestão de serviços são a globalização – potencializada pela digitalização do consumo e do nosso cotidiano –, a concorrência mais acirrada no mundo dos negócios e o crescimento constante do setor econômico dedicado a serviços, superando os demais setores. Mas o que tudo isso tem a ver com serviços? Importante saber que, quando falamos de serviços, segundo Kotler, falamos de atividades essencialmente intangíveis que não resultam em posse de bens. Dessa forma, quando todas as empresas competem pelo mesmo consumidor, globalmente, o consumidor passa a viver experiências de consumo em diversos segmentos, e passa a esperar a mesma excelência com todas as empresas com que se relaciona. Isso também é verdade para o e-commerce. Você se lembra, por exemplo, de pensar em como gostaria que o atendimento da empresa X fosse tão bom como da empresa Y? Isso quer dizer que, mesmo que pertençam a segmentos diferentes, para o cliente, as empresas têm a obrigação de atendê-lo com qualidade. Em um setor que apresenta crescimento constante, aumenta a probabilidade de haver mais oportunidades de negócios. E como profissional de marketing você deve estar atento a esses movimentos de mercado e saber aproveitá- los. 9 Hibridização Você pode perceber, em sua experiência de consumidor, que empresas produtoras de bens, produtos, passaram a integrar atividades e práticas típicas do setor de serviços às soluções que desenvolvem e comercializam para seus clientes. Podemos chamar esse fenômeno de hibridização, fenômeno que vem se intensificando desde os anos 1990. Quando há serviços associados a um bem, há a hibridização, ampliando o valor percebido do produto comercializado. Assim, entendemos que um serviço pode ser comercializado como mercadoria ou estar associado a um bem ou produto. A partir do conceito de hibridização, Theodore Levitt (1980) afirmou que “Commodities 1 não existem; todos os produtos e serviços são diferenciáveis. Tudo depende da gestão de marketing da empresa.” De acordo com Levitt (1980), empresas de bens industriais, de consumo ou de serviços estão sempre buscando se diferenciar das práticas de seus concorrentes; e essa diferenciação costuma ocorrer em aspectos intangíveis. Veja o exemplo da Kibon, que, recentemente, lançou um serviço de entrega de sorvete, com kits sugeridos para eventos e festas. Ou seja, uma fabricante de sorvete começou a “fabricar” serviços para seu consumidor. 1 Commodities Significa mercadoria, é um termo de referência de produtos de base em estado bruto, considerado matéria-prima. Além do nível de matéria-prima, é aquele produtoque apresenta grau mínimo de industrialização. [...] São produtos “in natura” provenientes de cultivo ou de extração. Por serem mercadorias de nível primário, propensas à transformação em etapas de produção, apresentam nível de negociação global. Disponível em: <http://www.infoescola.com/economia/commodities/> http://pos.estacio.webaula.com.br/Cursos/POS443/docs/Kibon_lança_delivery.pdf http://www.infoescola.com/economia/commodities/ http://www.infoescola.com/industria/materia-prima/ http://www.infoescola.com/economia/commodities/ 10 Podemos citar outro exemplo, de uma empresa responsável pela corretagem de grãos – que são commodities – mas que se diferencia dos concorrentes pelo atributo intangível de eficiência na execução de suas operações. O produto é o mesmo – negociar grãos – mas o serviço é o atributo intangível que a faz líder de mercado. Faz sentido até aqui? Então, vamos fazer uma atividade: Atividade proposta 1 Pense em combustível, uma commodity. Mas essa indústria há muito vem buscando maneiras de convencer você a abastecer nesse ou naquele posto, dessa ou daquela marca. Quais os atributos usados nesse processo? Conceito de produto Produto é tudo o que o cliente obtém quando realiza uma compra. Por exemplo, quando compramos um carro, não compramos apenas um veículo, mas a assistência técnica, a facilidade de ir e vir, a simpatia do vendedor, a qualidade das peças etc. Para alguns autores, como Theodore Levitt, produto pode ser um bem físico ou intangível, abstrato. Veja outros conceitos de produto: É o elemento mais visível da oferta – o que efetivamente compramos. A oferta seria composta por todos os Ps do mix de marketing e o produto seria a parte mais evidente desse mix. É a solução de um problema – esse é o conceito mais amplamente utilizado atualmente. Por exemplo, os aplicativos que nos auxiliam a 11 chamar um táxi representam uma solução para um problema de transporte. É um conjunto de benefícios. Por exemplo, quando assinamos um jornal temos, além da entrega das notícias, impressas ou digitais, os benefícios de um clube de assinantes. Pode ser a forma como as marcas embalam um benefício ou serviço. Por exemplo, o Infinity da TIM é o produto que embala o serviço de assinatura de serviços de telefonia. Vejamos, a seguir, alguns pontos que reforçam a ideia de que os clientes buscam os benefícios que o produto entrega e não apenas o produto em si. Produto Total Você conhece o mito em marketing que supõe que vence a oferta com menor preço? Segundo Levitt (1980), há outras considerações além do preço para as empresas se diferenciarem umas das outras. As pessoas não compram apenas o produto em si. As pessoas compram o produto total, que é composto por produto genérico, produto aumentado, produto esperado e produto potencial. Vamos entender o que é o produto total, começando com uma conceituação de produto: Levitt (1980) “Um produto é uma promessa cuja essência comercial reside tanto na reputação cuidadosamente construída do proponente e na cuidadosa apresentação do projeto como em seu conteúdo físico”. 12 Quando esse conteúdo não apresentar diferenças substanciais em relação aos concorrentes, a possibilidade de venda estará nas diferenças perceptíveis capazes de influenciar potenciais compradores. Em outras palavras, os clientes nunca compram apenas o produto genérico. Compram algo que o transcende, e esse algo ajuda a determinar de quem compram, o preço que pagam, e se são fiéis ou inconstantes. É esse algo que pode ser administrado em toda sua capacidade de conquistar e satisfazer o cliente. Para Levitt (1980), esse algo é o que ele chamou de produto total. E ele o divide em quatro camadas, como mostra a figura: Vamos entender o que cada uma dessas camadas representa: Produto genérico É o produto em si, sua essência. Por exemplo, para o produtor de aço, é a chapa de aço laminada; para o banco, são os recursos emprestados para fazer empréstimos. Nem todos os produtos genéricos são iguais em qualidade. Mas eles se igualam em relação às suas características esperadas: todo banco precisa ter 13 dinheiro para emprestar, e todo produtor de aço precisa ter lâminas em sua produção. Produto esperado São as condições mínimas de compra do cliente: entregas, termos do negócio, assistências e novas ideias. Podemos perceber que são itens que compõem o pós-venda. a) Entrega: refere-se a como a logística está estruturada para atender o consumidor da maneira mais adequada. Onde e quando – data e hora – será realizada a entrega? A forma de entregar muda de acordo com a quantidade? O processo logístico é flexível para atender às necessidades do consumidor? Essas e outras perguntas devem fazer parte do planejamento e controle desse importante tópico. b) Termos do negócio: preços específicos para quantidades distintas em períodos determinados. São mais conhecidas como condições comerciais. c) Assistência: dependendo dos usos do produto, o consumidor pode esperar consultoria ou suporte. E a empresa precisa estar estruturada para isso. d) Novas ideias: é normal que o cliente espere da empresa ideias e sugestões sobre formas eficientes e baratas de usar o produto genérico em suas várias formas. e) É importante que a empresa surpreenda o cliente, explique as formas de uso do produto e como ele poderá atender às necessidades. Isso quer dizer potencializar a experiência de consumo. Por exemplo: quando você compra um celular novo, tanto o vendedor quanto o manual de instruções do aparelho orientam sobre o procedimento para 14 a primeira carga. Levitt (1980) chama isso de “novas ideias”, pois, com a informação, o fabricante e a operadora estão ajudando o consumidor a ampliar a vida útil da bateria do celular. Produto aumentado ou ampliado É o que excede as expectativas normais dos compradores, que amplia os aspectos sobre os quais o consumidor nunca tinha parado para pensar. Por exemplo, na indústria de aço, o produto aumentado estaria na redução da espessura da lâmina. No entanto, nem todos os clientes sentem-se atraídos por produtos que ofereçam um pacote diferenciado. Há clientes que preferem pagar mais por esse produto ampliado; e há outros que preferem um preço mais baixo e abrem mão do que excede às expectativas. É recomendado adotar um programa sistemático de ampliação do produto que beneficie e fidelize o cliente. Quando a concorrência por preço se intensifica, essa costuma ser a melhor saída para as empresas se diferenciarem: com um produto ampliado posso cobrar mais. Importante observar que o produto aumentado ou ampliado é uma característica de mercados maduros ou de um grupo de clientes relativamente experientes e sofisticados. Produto potencial É tudo aquilo que pode ser feito para atrair e reter clientes. As possibilidades de oferta são limitadas apenas pelo orçamento e pela imaginação e criatividade. 15 Mas lembre-se: o orçamento é e deve ser sempre uma função daquilo que é necessário para ser competitivo, em todas as dimensões do produto potencial. Se voltarmos ao exemplo do aço, o produto potencial poderia incluir: Sugestões de mudanças técnicas; Pesquisas de mercado que apontem a opinião dos clientes sobre o aço e outros tipos de material; Sistemas de montagem mais fáceis, rápidos e baratos; Combinação de materiais. Agora que vimos os conceitos de produto e suas camadas, segundo Levitt, vamos entender como isso impacta na gestão de marketing. Gestão de marca Você já estudou que os clientes não buscam bens e serviços, eles buscam soluções para suas necessidades. E como podemos associar isso ao conceito construído por Levitt? É corretoafirmar que o produto total seria a solução procurada pelo consumidor. Se produto total é a solução que o consumidor espera receber das empresas, a gestão de marketing não pode se restringir ao tradicional mix de marketing composto por seus 4Ps – produto, preço, praça e promoção. Em um mundo em que os consumidores buscam por soluções oferecidas por marcas, não faz sentido continuar acreditando que a diferenciação está na embalagem e na publicidade do produto. 16 Pense por um momento: qual é a vantagem de ter uma embalagem linda e um comercial moderno se o processo de atendimento ao cliente daquela empresa for péssimo e não realizar a troca de um produto defeituoso? Por isso, a gestão de marca e de produto é a ferramenta mais vantajosa na gestão de marketing, quando se preocupa em realizar e cumprir promessas, gerenciando as expectativas e desenvolvendo soluções adequadas às necessidades dos consumidores. Nesse sentido, disciplinas como branding2, design e inovação vêm ganhando tanta relevância no mundo do marketing. Não basta ter uma boa gestão de comunicação de marketing – o P de promoção – sem pensar o processo de gestão, antes, durante e depois do produto ser comercializado. Além disso, só temos uma boa gestão de marketing se a empresa pensa a questão do cliente não apenas com um target3 a ser alcançado, mas como uma pessoa que precisa ser plenamente atendida em suas necessidades. O importante aqui é perceber que apenas a comunicação não é mais suficiente se a empresa não entregar o que prometeu. Em outras palavras, boa publicidade não salva produto ruim. 2 Branding Gestão de marca 3 Target Público-alvo 17 Gestão de serviços Você já reparou que para termos uma gestão de serviços bem sucedida é fundamental a integração de marketing, operações e gestão de pessoas. O papel do marketing nesse sistema é de gerar a expectativa do serviço a ser prestado. As áreas de operações e gestão de pessoas geram a percepção do serviço prestado. No conjunto, o sistema de gestão de serviços impacta na avaliação que o cliente faz do serviço prestado. Ou seja, serviço é um conjunto de atividades realizadas para atender às necessidades dos clientes, por meio de processos e experiências. Philip Kotler define serviços da seguinte forma: “É toda atividade ou benefício, essencialmente intangível, que uma parte pode oferecer à outra e que não resulte na posse de algum bem.” O serviço não é algo físico. Podemos entender que serviço se traduz por um ato ou ação oferecido de uma parte a outra. E a performance ou desempenho desse ato é o que irá resultar na satisfação ou insatisfação do cliente. Vamos ver um exemplo de como a experiência dos seus clientes tem sido gerenciada? Assista ao vídeo com a paródia do grupo Porta dos Fundos sobre a experiência de consumo na rede Spoleto e depois assista ao segundo vídeo, produzido pelo mesmo grupo, com a resposta da empresa à crítica anterior. A partir dessas e de muitas outras situações de experiência do cliente em serviços, podemos trabalhar as características dos serviços, comparando com a lógica de produto. http://www.youtube.com/watch?v=Un4r52t-cuk http://www.youtube.com/watch?v=ebe-3s4TLfQ 18 Características dos serviços Você estudou a diferença entre serviços e produtos e agora vai identificar as quatro principais características dos serviços. Simultaneidade No caso dos serviços, produção e consumo ocorrem simultaneamente. Além de produzidos e consumidos, também são vendidos e entregues simultaneamente. No vídeo do Spoleto podemos comprovar isso. Produção, venda, entrega e consumo ocorrem na hora do atendimento. Os desafios gerenciais provenientes dessa característica são: Controlar a qualidade enquanto ocorre a produção; Administrar a participação do cliente no processo; Treinar pessoas para que possam atuar na prevenção de falhas. No vídeo, por exemplo, há uma importante participação do cliente na qualidade da prestação do serviço. Há certa etiqueta, orientações, um modo de atuar da empresa que o cliente precisa conhecer e aceitar para usufruir dos serviços. Perecibilidade Serviços não podem ser estocados. Produtos podem ser vendidos e consumidos em um momento futuro, serviços não podem. Para que fique mais claro, pense em uma peça de teatro ou um jogo de futebol em que não foram vendidos todos os ingressos. Esses lugares não serão mais ocupados. E a empresa não poderá comercializar isso futuramente. 19 Por conta dessa característica, o gestor de serviço precisa saber administrar o dilema entre demanda e oferta, e lançar mão de mecanismos de ajuste dessa relação. Um exemplo bem sucedido disso é a venda de ingressos antecipados a preços mais baratos que visam garantir caixa para empresa e administrar a demanda de maneira mais eficaz. Intangibilidade Os serviços são mais intangíveis do que tangíveis. Mais uma vez, em contraste com o produto, que é palpável, é um objeto, o serviço é fruto de uma ação. Diferente do produto, a experiência com o serviço tem menos elementos físicos envolvidos, e não gera propriedade. É abstrata e efêmera. A intangibilidade exige que o aspecto confiança seja construído entre cliente e empresa. O desafio gerencial gerado por essa característica é a definição e mensuração da qualidade, a criação da identidade da marca e a inovação contínua. É sobre essa característica que reside a diferenciação estratégica em serviços, o que faz você ser diferente do seu concorrente, já que não há patentes em serviços. E há mais um desafio gerencial que se coloca por causa dessa característica: definir o preço é algo complicado. A lógica dessa definição ocorre por fatores subjetivos de quem produz o serviço e pelo valor que o serviço é percebido pelo consumidor. Como aquele serviço atende, não atende ou surpreende como solução às necessidades do consumidor. Heterogeneidade Serviços são mais difíceis de padronizar porque dependem de pessoas, processos e tecnologia. 20 Mesmo com técnicas e práticas de padronização em serviços, como roteiros de telemarketing, manuais de treinamentos, e outras providências, uniformidade em serviços não ocorre como na esteira de uma fábrica de autopeças, que consegue descartar a maior parte das peças defeituosas, antes do contato com o consumidor. Há fatores externos e internos à empresa que afetam a qualidade e padronização do serviço. As melhores práticas de contorno dessa característica na gestão de serviços são: normas e procedimentos, além de investimento em seleção e treinamento de pessoal, concedendo empowerment (autonomia) à linha de frente. Você pode concluir que o desafio da gestão de serviços é manter um padrão de qualidade, monitorando sistematicamente a satisfação do cliente. Mix de marketing de serviços O mix de serviços compreende os 4Ps do marketing de produto – produto, praça, preço e promoção, mais dois: pessoas e processos, por causa da complexidade e das particularidades da gestão de serviços. Além disso, há o contexto do qual já falamos: o mercado mudou e elevou a complexidade de gestão em marketing, porque, dificilmente, hoje, há empresas de produtos puros. As soluções para as necessidades dos consumidores, em sua maioria, passam pela associação de produtos e serviços. De acordo com Spiller et al. (2011), “[...] o mais desafiador no marketing de serviços é que ele só consegue acontecer com um profundo amor pelas pessoas. Parece piegas, mas é verdade. Durante a prestação de um serviço estamos falando de interação entre funcionário e cliente, em tempo real, com todos os componentes comportamentais e psicológicos envolvidos: confiança, 21atitude, proatividade, interesse, acolhimento, troca, cooperação e compreensão.” Você pode perceber que o gestor de marketing de serviços precisa entender de gente. Não é à toa que um dos Ps que compõem o mix de marketing de serviços é Pessoas. Porque, em serviços, estamos sempre tratando de pessoas que prestam serviço e que consomem o serviço. Pessoas que precisam ser administradas e pessoas que precisam gerenciadas pelo responsável pelo marketing de serviços. Os dois tipos são clientes: um é interno – o funcionário –, e outro é externo – o consumidor. O outro P que completa o marketing mix de serviços ou composto de serviços é o Processo. Vimos a definição de serviço e entendemos que é um conjunto de atividades que gera experiências por meio de processos. Esses serviços são realizados por e para pessoas. De acordo com Teboul (2008), “o papel do marketing não é apenas atrair novos clientes, mas, também, transformar os clientes existentes em compradores frequentes e, se possível, em apoiadores entusiasmados da marca. Nos serviços, o marketing transacional está sendo rapidamente substituído pelo marketing relacional.” Teboul defende a ideia de que quem trabalha com gestão de marketing de serviços vende experiências e relações, não se fixando apenas em uma transação financeira que não se preocupa com a frequência daquela compra, e com vínculo estabelecido entre cliente e empresa. E como a construção de um relacionamento, desse vínculo, pode ser vantajosa para todos os envolvidos no processo. 22 Atividade proposta 2 Para fixar os conceitos que discutimos até aqui, e amplicar seu conhecimento, pesquise e compare os fluxos dos processos de marketing quando falamos de “marketing de produtos” e “marketing de serviços”. Quais são as etapas e o que acontece em cada etapa? Quais as semelhanças e quais as diferencias? Referências LEVITT, T. O sucesso de marketing pela diferenciação – de qualquer coisa. Harvard Business School, 1980. RIBEIRO, A. Marketing e Serviços que ainda fazem a diferença. São Paulo: Saraiva, 2006. SPILLER, E. S.; PLÁ, D. R. H.; LUZ, J. F.; SÁ P. G. Gestão de Serviços e marketing interno. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2011. TEBOUL, J. Serviços em cena: o diferencial que agrega valor ao seu negócio. Brasília: Campus IEL/NC, 2008. 23 Exercícios de fixação Questão 1 Assinale verdadeiro (V) ou falso (F): Podemos afirmar que produtos podem ter em si os conceitos e as práticas do marketing de serviços, e diferenciar-se através deles da concorrência. ( ) A afirmativa está correta se levarmos em consideração a forma como o conceito de produto é desenvolvido por Theodore Levitt. ( ) A afirmativa está correta, mas não se aplica a todos os negócios. ( ) A afirmativa está correta e está fundamentada na teoria desenvolvida por Philip Kotler. Questão 2 As dimensões que compõem o produto, segundo Theodore Levitt são: a) Genérico, esperado, ampliado e potencial. b) Total, esperado, ampliado e potencial. c) Tangível, intangível, material e potencial. 24 Questão 3 Theodore Levitt afirma que “a diferença entre marketing e vendas é mais do que semântica. Vendas tem seu foco nas necessidades do vendedor; marketing, nas do comprador. Vendas preocupam-se com a necessidade do vendedor de converter seu produto em dinheiro; marketing preocupa-se com a ideia de satisfazer as necessidades do consumidor com o produto.” A partir dessa citação, podemos afirmar que a gestão eficaz de marketing preocupa-se atualmente com as seguintes questões, à exceção de: a) Clientes não compram produtos, compram benefícios e soluções. b) É essencial priorizar, no processo de marketing, apenas as atividades de venda para gerar valor aos seus clientes. c) Gestão de comunicação de marketing gera promessa da marca e a gestão de marketing de serviços administra a entrega da promessa, buscando corrigir lacunas. Só prometer não adianta mais diante do novo consumidor, mais crítico e exigente. 25 Questão 4 Imagine a seguinte situação: você precisa pegar um táxi, mas não tem nenhum telefone de cooperativa com você, nem há nenhum ponto de táxi por perto. Os táxis que passam por você estão cheios. E você está quase se atrasando para pegar um voo no aeroporto. Quando você ia começar a procurar na internet de seu smartphone, um amigo passa por você e, entendendo sua situação, solicita um táxi para por meio de um aplicativo em seu smartphone. O táxi chega rapidamente, aceita pagamento em cartão, e o leva ao seu destino com segurança e pontualidade. Nessa situação, podemos dizer que estão presentes dois conceitos importantes quando falamos de gestão de serviços, que são (assinale as duas opções corretas): a) Serviços como soluções completas para os clientes. b) Inovação em serviços. c) Gestão de pessoas em serviços. Questão 5 Observe a imagem abaixo, pense na marca Nespresso e relacione as colunas: A. Máquina e cápsulas de café ( ) Esperado B. Delivery de cápsulas de café ( ) Potencial C. Curso de barista ( ) Genérico D. Edições especiais de sabores e lojas próprias ( ) Aumentado 26 Questão 6 Leia a afirmativa a seguir e assinale a opção correta: Duas das características dos serviços são a intangibilidade e a simultaneidade. Essa última pressupõe uma consequência: a participação do cliente na produção do serviço. a) Simultaneidade não é uma característica dos serviços. b) Quando dizemos que há simultaneidade em serviços isso ocorre porque produção e consumo acontecem ao mesmo tempo. c) Serviços e produtos apresentam as mesmas características e por isso podem ser geridos da mesma forma. Questão 7 Assinale a opção correta: a) Quando falamos em gestão de serviços pensamos em gerir processos uniformes e padronizados. b) A heterogeneidade é uma das características dos serviços que os torna mais padronizados e uniformes do que os produtos tangíveis. c) A perecibilidade diferencia produtos e serviços porque em serviços não podem ser estocados como produtos normalmente são. 27 Questão 8 Assinale abaixo a afirmativa incorreta quando analisamos quais são fatores fundamentais para excelência na gestão de serviços: a) É necessário definir e gerir processos que suportem um desempenho de excelência em serviços. b) Gestores de serviços precisam de pessoas adequadas para interagir com os clientes e assegurar a entrega da promessa da marca, garantindo a satisfação dos clientes. c) Construir uma relação de confiança com o cliente é importante, mas não impacta na percepção de qualidade, nem permite que a empresa pratique um preço premium. Questão 9 Quando falamos de serviços, falamos de pessoas. Em relação a essa essência da gestão de serviços, podemos afirmar (assinale a opção incorreta): a) Torna os serviços heterogêneos, porque dependem das pessoas. b) A gestão de serviços precisa lançar mão das melhores práticas em gestão de pessoas. c) Se há processos bem organizados e geridos, há possiblidade de superar a extrema dependência das pessoas, eliminando a heterogeneidade em serviços. 28 Questão 10 Imagine a seguinte situação: uma companhia aérea acaba de lançar um saldão de passagens. Há trechos com preços reduzidos em até 70%. Marque a alternativa que indica qual característica intrínseca aos serviços. a) Simultaneidade b) Perecibilidade c) Intangibilidade Questão 11 Leia a afirmativa a seguir e assinale a resposta correta: Os profissionais de marketing podem gerir serviços ou produtos lançando mão do mesmo mix de marketing ou composto de marketing, formado pelos conhecidos 4Ps: produto, praça, preço, promoção. a) Sim, parcialmente correto. Mashá novos elementos que compõem o mix de serviços. b) Sim, bastam os mesmos elementos do mix de marketing de produtos para que se faça uma boa gestão de serviços. c) Não. Os elementos do mix de marketing de serviços são completamente diferentes do mix de marketing de produtos. 29 Questão 12 Assinale a resposta correta: O composto de serviços de marketing é formado pelos seguintes itens: a) Produto, praça, promoção, preço e processos. b) Processos, pessoas, produto, praça, promoção e preço. c) Pessoas, momento da verdade, praça, promoção e preço. Questão 13 Assinale abaixo a afirmativa incorreta: a) A excelência na prestação de serviços depende muito da gestão do fator humano. Os resultados dependem fortemente do desempenho das pessoas, que podem destruir ou construir a sua marca na interação com os clientes. b) Para garantir a satisfação do cliente basta investir em boa comunicação de marketing, assegurando que o cliente vai se entender e se interessar pela promessa da marca. Funcionários só precisariam de treinamento para atender bem os clientes. c) Evoluções tecnológicas e constantes mudanças nas necessidades e expectativas do consumidor fazem com que a hibridização seja uma tendência na busca de diferencial competitivo das empresas. Por isso é tão essencial estudar a gestão de serviços e dominar o seu composto de marketing. 30 Questão 14 Suponha a seguinte situação: você acabou de assinar uma revista e lhe informaram o prazo de entrega do seu primeiro exemplar para dentro de um mês. Passado o prazo acordado, nada de a revista chegar. Você liga para central de atendimento e é surpreendido pela seguinte afirmação: “mas a revista foi entregue, senhor”. Só que, ao confirmar o seu endereço, a atendente descobre que foi entregue no endereço errado. Essa falha na prestação de serviços pode ser atribuída a que fator: a) Apenas erro humano. b) Erro humano somado a erro nos processos. c) Apenas erro de processos. Questão 15 Uma concessionária que, junto com a venda de carro, que é o seu core business, ou seja, seu negócio principal oferece também serviços e seguros automotivos, está praticando_____________, para obter_____________ em relação aos concorrentes de mercado. Quando toma essa decisão, os Ps do mix de marketing de serviços impactados pela decisão serão, principalmente, __________, __________, e ____________. Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas: a) Hibridização, diferenciação, preço, pessoas e processos. b) Hibridização, commoditização, pessoas, produto e processos. c) Fidelização, diferenciação, promoção, pessoas e processos. 31 Introdução A satisfação dos clientes com os serviços prestados depende da experiência que eles têm com as marcas. Você aprendeu que pessoas e processos fazem parte do composto de marketing de serviços e, por isso, para um profissional de marketing ser bem sucedido no contexto atual do mercado precisa dominar, entre outras disciplinas, a gestão de serviços. A importância da relação entre gestão de marketing, gestão de pessoas e gestão de processos pode ser demonstrada quando analisamos o conceito de momento da verdade. É aqui que as empresas demonstram ter ou não uma gestão de serviços de excelência, equilibrando marketing, pessoas e operações. Todos os serviços demandam essas três competências. No entanto, nem todos os serviços são iguais. Por isso, aprenderemos a classificar os serviços segundo seus atributos e sua avaliação e discutiremos o comportamento do consumidor de serviços, cada vez mais empoderado e com expectativas superiores. Objetivos 1. Entender como ocorre a integração entre marketing, operações e recursos humanos na gestão de serviços, a partir do conceito momento da verdade; 2. Classificar os serviços quanto aos atributos e à avaliação; 3. Analisar o comportamento do consumidor de serviços. 32 Conteúdo Atividade proposta 1 Observe a charge de Dennis Casarine. Qual a incoerência do fato ocorrido no restaurante? Integração entre marketing, operações e RH Você já aprendeu que os consumidores buscam soluções para suas necessidades e, além do produto, compram o benefício intrínseco a ele. Agora, estudaremos a integração entre as disciplinas de marketing, recursos humanos e operações quando falamos de excelência na prestação de serviços. 33 É importante lembrar que as empresas que prestam os melhores serviços para os seus consumidores têm seus esforços reconhecidos, por meio da manutenção de sua carteira de clientes e também por intermédio de premiações como os prêmios Consumidor Moderno, Empresas que mais respeitam o cliente, Reclame Aqui, entre outros, o que consolida a imagem de empresa que preza por um serviço de excelência. Nesse sentido, você pode entender que cuidar da gestão de serviços é cuidar da imagem de marca de sua empresa, como em um ciclo virtuoso: o marketing constrói a promessa da marca por meio de suas práticas mais tradicionais, faz a entrega na prestação de serviços, consolida a sua imagem de marca quando essa entrega é cumprida da forma prometida e, como consequência, gera a satisfação do consumidor. Dessa forma, os fatores mais relevantes para a gestão de serviços são: A proposta de valor a ser entregue ao mercado: seu posicionamento. Em outras palavras, o benefício a ser entregue ao público-alvo definido. Esse fator relaciona-se com o marketing. A gestão de processos. Esse fator relaciona-se com as operações da empresa. 34 A gestão de recursos humanos. Esse fator relaciona-se à gestão das pessoas envolvidas na prestação dos serviços. Vamos ver um exemplo? A estratégia de marketing da Disney, seu posicionamento, tem a ver com sonho, fantasia e magia. Para que seu posicionamento de marketing, sua promessa de marca, seja efetivamente entregue, alguns fatores são essenciais: Pessoas – seleção do talento certo. Há uma declaração famosa que diz que a Disney contrata sorrisos, e o resto é ensinado. O que isso quer dizer? Que a Disney contrata atitudes, comportamentos, valores, e treina as competências técnicas. Operações – nesse item há uma fantástica atenção aos detalhes. A limpeza do parque precisa estar integrada ao ambiente, não pode ser um elemento estranho, que destoe; há manutenção constante dos equipamentos e ambientes; as informações são fornecidas por todos e há uma excelente administração do tempo percebido de espera. Práticas de empresas bem sucedidas na prestação de serviços Com o exemplo da Disney ficou mais clara como a integração entre marketing, recursos humanos e operação é essencial à conquista da excelência na gestão de serviços? Então, veja, a seguir, uma lista com as práticas das empresas bem-sucedidas na prestação de serviços: 1. Baseiam as suas decisões no que o cliente deseja e espera, que são os motivadores-chave da satisfação do cliente; 35 2. Pensam e agem em termos da experiência inteira do cliente, buscando aprimorá-la constantemente; 3. Contratam e recompensam pessoas capazes e adequadas aos valores da marca; 4. Treinam frequentemente os seus funcionários; 5. Criam na empresa uma cultura de serviços; 6. Evitam desapontar seu cliente pela segunda vez, e aprendem com o erro para aperfeiçoar os seus processos; 7. Habilitam os clientes a coproduzirem parte do serviço; 8. Fazem os gerentes liderarem de frente. Caso Starbucks Leia o caso sugerido para esta aula – Starbucks: melhorando o serviço ao cliente. Nele você poderá ver, na prática, como o sucesso dessa marca – e alguns recentes deslizes – podem ser atribuídos à forma como gere e presta os seus serviços. Como você pôde perceber no estudo de caso, a Starbucks sempre procuraouvir o cliente, por meio de pesquisas, para entender, por exemplo, o que faria com que ele se sentisse valorizado. Você já estudou que, entre as melhores práticas das empresas de excelência em serviços, está a tomada de decisão com base nos fatores-chave para a satisfação do cliente. A Starbucks, um excelente exemplo de empresa que preza pela excelência na prestação de serviços, realiza esse acompanhamento e, por causa disso, descobriu que os três fatores-chave para o sucesso de seu negócio, na perspectiva do cliente são: Loja limpa; Conveniência; 36 Valorização do cliente. Note que curioso: o café, que é o produto da Starbucks, é o quinto fator de importância citado na pesquisa. Nesse caso, o café é o produto genérico, trata-se de apenas uma das camadas que compõem o produto total oferecido pela Starbucks. Aspectos transacionais, com recompra 4 e ticket médio 5 também são monitorados. Bem como as atitudes que os clientes têm em relação à marca, de maneira comparativa entre os clientes que experimentaram a Starbucks pela primeira vez no último ano, e os clientes tradicionais, que conhecem a Starbucks há cinco anos ou mais. Com exemplos como esses comprovamos que a integração entre marketing, processos e recursos humanos é essencial para a entrega da promessa de marca, e da solução que o cliente busca para atendimento às suas necessidades. No entanto, há, em serviços, algo que demonstra ainda mais claramente a conexão entre pessoas, operações – ou processos – e marketing. É o momento da verdade, que veremos a seguir. A agência DDBO de Hong Kong fez para a Starbucks um incrível vídeo que conta a trajetória reversa dos grãos de café até chegarem ao seu destino final, o consumidor. 4 Recompra Indicador de marketing que se refere à frequência com que a compra é realizada pelo mesmo cliente. O que as empresas buscam, além de novos clientes, é que o mesmo cliente repita a compra com eles em uma frequência adequada ao seu negócio. Em negócios mais transacionais como, por exemplo, uma pizzaria, espera-se que seus clientes encomendem pizzas com certa frequência, ou seja, que não compre apenas uma vez com ele ou em um intervalo de tempo muito extenso entre uma compra e outra. 5 Ticket médio Indicador de marketing que demonstra o valor médio de compra por cliente. http://vimeo.com/68115528 37 Momento da verdade É qualquer episódio no qual o cliente entra em contato com algum aspecto da organização – pessoas, instalações e equipamentos – e obtém uma impressão sobre a qualidade do serviço (Grönroos, 2009; Carlzon, 2005). Em outras palavras, são episódios que oferecem oportunidades efêmeras e que causam impressão de qualidade, como afirma Spiller (2011). Em complemento, Teboul (2008) afirma que o momento da verdade é composto por diversas interações com pessoas, com outros clientes e com o processo de entrega do serviço. Em outras palavras, momento da verdade são todos os momentos críticos do processo que formam na cabeça do cliente a sua percepção sobre a qualidade no serviço, comprometendo a sua avaliação em relação ao resultado final. E por que entender os momentos da verdade em serviços é essencial para uma gestão de excelência? Porque, segundo nos afirma Teboul (2008), serviço é um desempenho único na presença do cliente e, por isso, precisa sair certo da primeira vez, na hora da entrega. Mesmo que um funcionário atenda a mais de cem clientes por dia, por exemplo, para cada um desses clientes seu atendimento é único. Além disso, um único aspecto negativo ou defeito em um desses pontos de entrega pode tornar a experiência do cliente frustrante, destruindo a percepção do valor da marca. Por isso, a gestão de serviços baseada no mapeamento dos momentos da verdade pode proporcionar ao profissional de marketing a análise da 38 qualidade de entrega dos seus serviços, otimizando os que exigem melhoria, e aumentando ainda mais o valor percebido daqueles que já estão indo bem. Com isso, podemos afirmar que entender a importância do momento da verdade é a essência da gestão da excelência em serviços. É a menor unidade indivisível de valor entregue pelo cliente, como nos afirma Spiller (2011). Você entendeu a importância do momento da verdade? Agora é hora de começar a identificar e mapear quais são eles para cada tipo de negócio, e para sua empresa ou marca em particular. O ciclo de serviços ou conjunto de processos responsáveis pela entrega do serviço pode ter uma espécie de padrão para cada tipo de negócio, mas irá variar de acordo com o posicionamento, público-alvo, quais problemas busca resolver e quais as expectativas dos clientes. Vamos ver o exemplo de inventário dos momentos da verdade de uma loja física de locadora de filmes: 39 Perceba que todos os detalhes da trajetória do cliente, – da jornada como chamam alguns autores – todos os pontos que o cliente tem contato com a marca e com o serviço são mapeados, desde o momento em que chega, até o momento em que sai do estabelecimento. E, lembre-se: como gestor de serviço deve sempre mapear os momentos da verdade a partir da perspectiva do cliente, e não a partir de seus processos e áreas internas. Atividade proposta 2 Retome o exemplo do mapa dos momentos da verdade de uma locadora de filmes, e pense: como seria o inventário dos momentos da verdade de uma locadora virtual, como Netflix? Que novos momentos da verdade seriam inseridos? Quais seriam os momentos eliminados? Ciclo de serviços Podemos entender que o conjunto de momentos da verdade compõe o ciclo de serviços. No entanto, os momentos da verdade vão além da interação direta entre funcionário e empresa. De acordo com Spiller (2011), “o somatório de todos os momentos da verdade possíveis, experimentados pelos clientes, haja ou não contato humano, transforma-se na imagem da organização em termos de serviços”. Nesse sentido, ver a peça publicitária de uma marca, usar o estacionamento, solicitar um talão de cheques ou ligar para uma central de atendimento, em conjunto ou isoladamente, são pontos de contato com a marca que podem construir ou destruir a impressão que o cliente tem acerca de sua marca. E como podemos gerir os momentos da verdade e desenhar a proposta de valor dos nossos serviços? Por meio do ciclo de serviços que é uma cadeia de 40 eventos pela qual o cliente passa à medida que experimenta o serviço que lhe é prestado. Sob a ótica de quem produz, o ciclo de serviços é um processo fragmentado entre departamentos e áreas. Mas sob a ótica do consumidor, trata-se de um único processo que lhe proporciona a sua experiência. Spiller (2011) afirma que, no ciclo de serviços, cada momento da verdade representa um instante em que o cliente teve contato com a empresa, com algum aspecto da organização e obteve uma impressão da qualidade de serviço. É a forma como a empresa desenha e administra esse ciclo que gera uma experiência satisfatória ou não para o consumidor, podendo até mesmo surpreendê-lo positivamente, gerando encantamento. As empresas bem-sucedidas em serviços buscam mais que a mera satisfação do cliente; elas buscam encantar o cliente para assegurar sua fidelidade. Mas isso só é possível quando enxergamos o ciclo de serviços sob a perspectiva do cliente. Você sabe que o desenvolvimento de marcas fortes, seja de produtos ou de serviços, começa com uma clara definição do público-alvo e seus devidos segmentos. Em serviço isso é ainda mais primordial. Já que é fundamental enxergar o ponto de vista do cliente, é importante saber quem é esse cliente. No processo de definição do público-alvo do seu serviço, vamos estudar a segmentação6 para definirmos,de maneira mais detalhada, o cliente. 6 Segmentação 41 Ciclo de serviços da perspectiva do cliente Após ter definido o seu público e saber quem é o seu cliente, é importante pensar quais são os princípios que regem e orientam o desenvolvimento de marcas de peso em serviços. Isso para que, a partir desses princípios, você esteja apto a desenhar o seu ciclo de serviços a partir da perspectiva do cliente. Segundo Leonard Berry e Sandra Lampo (2005), esses três princípios são: Sincronia correta dos sinais emitidos ao cliente É a conexão de os diversos momentos da verdade que compõem o ciclo de serviços. Esses sinais emitidos são divididos em três: Funcionais: referem-se à qualidade técnica; Mecânicos: referem-se aos objetos envolvidos na prestação de serviço, e atributos como aparência, som, odor, gosto e textura; Humanos: referem-se a características como modo de falar, gestos e entusiasmo. Todos esses sinais reunidos compõem a personalidade da marca, construindo a forma como o cliente percebe a empresa. Uma empresa pode comunicar que é uma marca inovadora, mas se o cliente não percebe a inovação em suas práticas e entregas de serviço, na verdade, não é inovadora. Essa, por exemplo, seria apenas uma promessa de marca não concretizada. Conexão emocional Trata-se da confiança construída por meio do relacionamento com o cliente. Processo de identificação, dentro de um mercado, de subgrupos de clientes cujas necessidades, desejos e/ou recursos são específicos, de tal modo que os fazem responder de forma diferente a determinado composto de marketing. 42 Incorporação da marca pelos funcionários Pode ser traduzida no orgulho que um funcionário tem em trabalhar na empresa, e como a representa bem e constrói a imagem da marca a cada interação com o cliente, construindo ou destruindo valor. A mesma confiança construída com os clientes precisa também ser construída com os funcionários. Falaremos de como as empresas costumam fazer isso em nossa última aula. Esses princípios são os responsáveis pela criação de valor, tanto para a empresa e seus funcionários, quanto para os clientes. Vamos nos aprofundar nesse assunto. Ciclo de criação de valor Você aprendeu os princípios que orientam marcas e agora entenderemos como se administra o ciclo de serviços da sua empresa. Você pode encontrar outros nomes dados para esse mesmo ciclo. Para Sandra Vandermerwe, esse seria o ciclo de atividade do cliente. James Teboul prefere chamar de ciclo de criação de valor. Isso porque, segundo Teboul (2008), é a partir do desenho do ciclo de serviços que se monta a proposta de valor da empresa, sabendo o que o cliente valoriza em cada interação, permitindo que a empresa decida o que deve e o que pode oferecer a cada cliente, a depender do fôlego de investimento e das características de cada segmento de cliente. “Em cada momento da verdade, há muitas maneiras de ser diferente. [...] A escolha é ampla, porém felizmente restrita por hábitos culturais e expectativas. Toda decisão tem implicações sobre competências, recursos e sistemas e, finalmente, sobre o preço da proposta depois da integração de todos os elementos. [...] o bom equilíbrio deve ser 43 encontrado entre valor para o cliente, valor para o colaborador e valor para a empresa.” Serviços em Cena7 (TEBOUL, 2008, p. 73) Para ilustrar a conexão entre ciclo de serviços, valor e diferenciação, vamos conferir dois diagramas propostos por Teboul (2008). Ciclo de criação de valor do segmento hoteleiro 7 Serviços em Cena No livro Serviços em Cena, do especialista em serviços James Teboul, você pode encontrar outros exemplos de diferenciação no desenho de ciclo de serviços, como os dos hotéis Formule 1 e da Virgin Atlantic Airlines. 44 Ciclo de criação de valor do segmento hoteleiro, de um hotel de classe econômica. Você pode perceber que tudo em gestão de serviços é uma questão de alinhamento de expectativas: o cliente não espera encontrar no hotel econômico o que vai encontrar em um hotel mais sofisticado. Portanto, sob a perspectiva do cliente, o ciclo de serviços desses dois tipos de empresas pode e deve ser diferente, para que o valor percebido por ele seja traduzido em um preço justo e em uma entrega de serviços que o deixe satisfeito. Nesse sentido, estratégia operacional em serviços é o mapeamento dos elementos críticos do composto de serviços, que maximizam o valor para o cliente, para o funcionário e para empresa. 45 A forma como as empresas desenham os seus ciclos de serviços deve contemplar vantagens competitivas sustentáveis, ou seja, que equilibrem investimento da empresa, expectativa e valor percebido pelo cliente. Os maiores investimentos devem ocorrer nos principais momentos da verdade que compõem o ciclo de criação de valor. Para que a entrega seja realizada em cada um desses pontos, é necessário analisar quais são os recursos, as competências e os sistemas necessários. Classificação de serviços Existem várias classificações adotadas por diversos autores especialistas em serviços. Uma não é mais correta que a outra, existe a mais adequada aos aspectos que você estiver avaliando em sua gestão de serviços. As classificações servem para apoiar algumas decisões de como planejar e gerir seu ciclo de serviços e saber em que lugar colocar mais ênfase e empreender mais esforços para gerar maior valor. Classificação quanto à forma como são acrescentados aos produtos básicos Os serviços classificados quanto à forma como são acrescentados aos serviços básicos ou produtos são chamados de serviços suplementares. De acordo com Ribeiro (2006), os serviços suplementares são tudo aquilo que tem o objetivo de aumentar o valor percebido pelo cliente e, consequentemente, sua satisfação. Além disso, eles diferenciam os serviços e produtos da empresa em relação aos concorrentes e podem ser divididos em: Serviços suplementares de facilitação: são os serviços suplementares que auxiliam o cliente a utilizar ou receber o produto ou serviço básico. Exemplos desse tipo de serviço são os relacionados ao fornecimento 46 das informações; solicitação de pedido; emissão de fatura; realização de pagamento. Serviços suplementares de ampliação: são os serviços suplementares que têm como principal objetivo agregar o valor, procurando diferenciação diante dos concorrentes. Exemplos desse tipo de serviço são os relacionados à consultoria; hospitalidade ou acolhida; proteção, atenção e cuidados especiais e tratamento de exceções. Classificação quanto à dimensão produto ou resultado De acordo com James Teboul (2008), os serviços devem passar por um redesenho de oferta, ou seja, é importante que estejam sempre em processo de reinvenção, fugindo do lugar comum, da solução genérica. Isso é importante para garantir a diferenciação das empresas em relação aos seus concorrentes. O que o autor apresenta é uma forma de classificar os serviços como: Mais commoditizados, padronizados, lançando mão de soluções simples. Por exemplo: empréstimo bancário tradicional. Serviços que lançam mão de soluções mais variadas, customizadas ou ampliadas. Por exemplo: transação financeira mais complexa. Classificação quanto à intensidade de interação Teboul (2008) afirma que quanto menor o contato humano e o conhecimento técnico exigido na produção do serviço, menor é a intensidade da interação. Serviços com essas características costumam demandar menor custo e maior produtividade. 47 Uma boa forma de reduzir custose aumentar a produtividade é lidar com a dimensão processo (ciclo, simplificação da interação) e dimensão pessoas (alavancagem do conhecimento técnico, coprodução). Mesmo serviços que têm, em sua origem, uma natureza de maior intensidade de interação pode ter parte de seu ciclo de serviços revista, em que uma etapa do processo é delegada a outro profissional mais barato. Por exemplo, o cabeleireiro que delega ao auxiliar, com menor conhecimento técnico, a lavagem dos cabelos dos clientes, melhorando a produtividade do ciclo de serviço como um todo. Vamos ver três exemplos: Em um hospital, a interação é mais intensa, já que o cliente interage com muitos especialistas, muitas vezes, cooperando mais com a produção do serviço, quando fornece os dados conversando com o médico para que se possa realizar o diagnóstico. Em uma rede fast-food, a intensidade da interação do funcionário com o cliente é baixa. O consumidor faz o pedido para que o serviço seja produzido, ou seja, há uma pequena cota do cliente na coprodução do serviço. Em um banco, o processo de saque de dinheiro pode ser feito junto ao caixa, mas, por demandar pouca interação, teve seu serviço automatizado pelos caixas eletrônicos. Os bancos mantiveram as duas opções, mas a experiência do usuário foi se tornando tão melhor para esse tipo de transação simples quando recorre ao atendimento automatizado, que ele prefere deixar a interação para questões mais complexas, em que a intensidade de interação deve ser elevada e quando o próprio cliente participa mais da produção do serviço. 48 Nesse sentido, o gestor de serviços deve cuidar para que serviços mais simples, que demandem menor intensidade de interação, sejam automatizados, para melhorar a gestão do ciclo de serviços e a produtividade. Veja como Teboul (2008) faz o cruzamento das variáveis de resultado e intensidade na Matriz de intensidade dos serviços. Classificação de acordo com os atributos Segundo Kotler, os serviços podem ser classificados de acordo com os seus atributos, o que impacta na decisão e avaliação do consumidor em relação aos serviços. Os grupos de serviços classificados por atributos estão distribuídos dos mais fáceis de avaliar até os mais difíceis de avaliar. Quanto mais atributos de confiança o serviço apresentar, mais difícil será de avaliar e, ao contrário, quanto mais rico em atributos de procura, mais fácil de avaliar. Vamos ver alguns exemplos de serviços e produtos ricos nos seguintes atributos: http://pos.estacio.webaula.com.br/Cursos/POS443/docs/Matriz_intensidade_servicos.pdf 49 Atributos de procura: carros ou alimentos; Atributos de experiência: ir ao cinema ou cortar o cabelo; Atributos de confiança: conserto de computador ou serviços ligados à educação. Classificação quanto ao ramo de atividade Lovelock e Wright (2001) classificam os serviços quanto ao ramo de atividade, divididos da seguinte forma: a) Grau de tangibilidade dos processos de serviços: classifica serviços que são mais ou menos tangíveis em seus processos. São exemplos: restaurante em que o serviço precisa de ações ou alguns elementos físicos para acontecer; efetuar um telefonema que é puramente intangível em seu processo. O mesmo acontece com o acesso a um aplicativo mobile ou site. E em que isso impacta o profissional de gestão de serviços? Tais características impactam a forma de entrega do serviço, o papel dos funcionários e a efetiva experiência do cliente. b) Destinatário direto do processo de serviços: analisa-se a quem está dirigido o serviço, se diretamente ao próprio cliente, como no caso de passagens aéreas, ou se a objetos e bens que esse cliente possui, como no caso dos serviços prestados por uma lavanderia, por exemplo. E que impacto isso tem? Por meio dessa classificação, é possível entender o quanto o cliente está envolvido no processo do serviço. c) Lugar e tempo de entrega do serviço: a classificação é baseada na questão de que é o cliente que precisa procurar o serviço, ir até um estabelecimento para usufruir o que precisa, ou se o serviço vai até o cliente, como no caso de qualquer entrega domiciliar, como pizza. Esse tipo de classificação considera por meio de que canal acontece a 50 interação do cliente com o serviço: se por um canal físico (loja), digital (site) ou eletrônico (caixa automático). Os impactos na gestão de serviços ocorrem na análise do serviço em si, do local onde estão os clientes, das preferências dos mesmos em seu momento de compra e uso, bem como dos custos envolvidos. d) Personalização x Padronização: avaliação se todos os clientes recebem o mesmo serviço ou se os serviços se adaptam para atender às necessidades específicas de cada tipo de cliente. Por exemplo, o transporte público, como ônibus, e táxi. e) Natureza da relação com os clientes: avaliação se a relação com os clientes é formal, tendo todas as suas transações registradas e sendo conhecido pela empresa prestadora de serviço, como no caso de serviços de saúde ou bancos; ou se os clientes não são identificados pela empresa, por conta de suas transações passageiras, como compra de jornal em banca. Alguns autores classificam negócios como relacionais ou transacionais por esse aspecto aqui apresentado. f) Medida na qual a oferta e a demanda estão em equilíbrio: a análise desse item se refere à flutuação da demanda e como a empresa adapta a sua oferta a essa flutuação. g) Medida na qual instalações, equipamentos e pessoal participam da experiência de serviços: análise da intensidade dos elementos tangíveis na prestação de serviços. Semelhante à classificação pelo grau de tangibilidade dos processos de serviços. Classificação quanto à natureza dos atos dos serviços Lovelock e Wright (2001) consideram atos como processos ou processamento. Esta classificação considera o cruzamento entre ações 51 tangíveis e intangíveis x pessoas e bens, derivando daí quatro tipos de serviços. Os que demandam processamento com pessoas (tangível x pessoas). Por exemplo: transporte de passageiros e assistência médica; Os que demandam processamento com bens (tangível x bens). Por exemplo: paisagismo e transporte de cargas; Os que demandam processamento com estímulo mental (intangível x pessoas). Por exemplo: propaganda e consultoria; Os que demandam processamento com informações (intangível x bens). Por exemplo: contabilidade e seguros. Há ainda outros tipos de classificação, mas essas são suficientes para que você entenda a complexidade da gestão de serviços e quantos são diversos os aspectos envolvidos nesse processo. Comportamento do consumidor de serviços Desde a implantação do Código de Defesa do Consumidor e no contexto do mercado atual, com o surgimento da nova classe média, as relações de consumo vêm passando por uma reestruturação. Consumidores mais conscientes e exigentes, além de empresas que abusam da boa vontade dos clientes obrigaram que legisladores desenvolvessem leis, códigos de ética e portarias que protegem o consumidor, como lei do SAC. No entanto, não foi só aí que o comportamento do consumidor foi impactado. Outras tendências e novos hábitos mexeram na relação de consumo, nas suas práticas e representações. 52 Vamos enumerar alguns aspectos comportamentais que cercam os consumidores: Mobilidade: esse comportamento que se intensificou com a introdução das tecnologias móveis faz com que os consumidores estejam conectados em serviços e marcas durante muitas horas do dia. Como captar a atenção desse consumidor? Um tipo de serviço que foi muito afetado por esse fenômeno foi a publicidade dos serviços de táxi, com os aplicativos que conectam direto o consumidor ao taxista, prejudicando gravementeas contas de algumas cooperativas. Convergência: os consumidores tomam as suas decisões de compra no ambiente online, mesmo que não concretizem as compras por meio desse canal. Assistir à TV mudou. É cada vez mais comum estarmos diante da TV com, pelo menos, mais uma tela conosco, seja do computador, tablet ou celular. Como isso gera oportunidades – mas também ameaças à TV. Credibilidade: falamos das leis referentes ao consumidor. E a reputação das marcas nunca esteve tão exposta quanto nas redes sociais. É obrigatório que as empresas se preocupem em entender e melhorar a forma como os seus consumidores avaliam a marca. Saber se os consumidores acreditam que seus produtos e serviços são de qualidade. E se a promessa de marca é efetivamente cumprida no momento da verdade. Qualidade de vida: com uma vida cada vez mais urbana e conectada, os consumidores procuram economizar o tempo. Por isso, o gestor de serviço precisa pensar: minha marca está fazendo o quê para ajudar o cliente nessa tarefa? Ou será que estou piorando a 53 situação dele? Outro item referente à qualidade de vida se refere ao aumento de oportunidades em serviços voltados a vida saudável, como alimentação mais equilibrada e exercícios físicos. Aprendizado: falamos de redes sociais no item credibilidade, mas voltamos ao tema: o mundo é uma teia de relações entre consumidores, entre marcas e consumidores e entre marcas e outras marcas. Como o universo da gestão de serviços é afetado por isso? Serviços de excelência em determinado segmento são esperados pelo consumidor, na mesma proporção que esse mesmo consumidor tem em relação a outros segmentos. Por exemplo: Se a Amazon ou a Apple têm um atendimento pós-venda extraordinário, o que você vai esperar em sua próxima experiência com sua operadora de celular ou seu plano de saúde? Não importa mais qual segmento trabalhado. O que determina a qualidade em serviços tem a ver com as experiências vividas pelo consumidor, julgadas por ele como inesquecíveis e positivas. Por causa das mudanças no comportamento do consumidor, até mesmo a Disney precisou rever a maneira como continuaria entregando a sua promessa de marca. A magia de ontem não poderia mais ser mais a magia de hoje, para o consumidor atual. Não por acaso, a Disney se associou à Pixar e inseriu ou potencializou em suas operações – e até mesmo em suas unidades de negócios – itens como tecnologia, informação, empolgação e entusiasmo, interatividade e experiências virtuais. Isso tudo para acompanhar os novos comportamentos e atitudes de seus consumidores. O que você pode concluir? 54 Até mesmo as empresas reconhecidas por prestarem um serviço de excelência precisam se aperfeiçoar constantemente, monitorando o comportamento do consumidor, aprendendo o que é valor para ele e como ele prefere resolver os seus problemas e receber os seus benefícios. E quando os clientes mudam o seu comportamento, as empresas devem mudar a forma como os atendem. Atividade proposta3 Leia com atenção a matéria “Venda por vários canais, atendimento não”. Aponte quais são as principais causas e consequências dos resultados do levantamento publicado. Indique as mudanças que as empresas deveriam efetivar para demonstrar ser empresas com excelência na prestação de serviços. Referências GRÖNROOS, C. Marketing: gerenciamento e serviços. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. HSM Management. Marcas fortes nos serviços. Disponível em: <http://www.intermanagers.com.br/artigos/marcas-fortes-nos-servicos> Acesso em: 2 dez. 2013. LOVELOCK, Christopher. Marketing de serviços: pessoas, tecnologia e estratégia. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2011. RIBEIRO, A. Marketing e Serviços que ainda fazem a diferença. São Paulo: Saraiva, 2006. SPILLER, E. S. Gestão de Serviços e marketing interno. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2011. http://pos.estacio.webaula.com.br/Cursos/POS443/docs/Venda_por_varios_canais.pdf http://www.intermanagers.com.br/artigos/marcas-fortes-nos-servicos 55 TEBOUL, J. Serviços em cena: o diferencial que agrega valor ao seu negócio. Brasília: Campus IEL/NC, 2008. Exercícios de fixação Questão 1 Correlacione as colunas demonstrando o entendimento sobre como ocorre a integração entre as diversas disciplinas que compõem a gestão de serviços. A. Gestão de Marketing ( ) Gerir os funcionários da empresa B. Gestão de Recursos Humanos ( ) Relaciona-se com as operações da empresa C. Gestão de Processos ( ) 4Ps, Posicionamento e Público- Alvo Questão 2 Assinale TODAS as opções corretas sobre que indicam as características apresentadas pelas empresas referência na prestação de serviços. a) Planejam e monitoram todos os momentos da verdade que compõem o ciclo de serviços. b) Preocupam-se apenas com a primeira impressão causada no momento da venda. c) Entendem que a seleção de pessoas não é uma função do marketing de serviços. d) Ouvem o cliente e melhoram os seus serviços a partir do que escutam. e) Entendem as reclamações e o tratamento dado a elas como uma oportunidade de reverter a insatisfação do cliente e como uma forma de construir marca. 56 Questão 3 Momento da verdade é a essência da gestão de serviços. E a relação das empresas com os seus consumidores é rica em exemplos de como fazer e de como não fazer bem essa gestão. Assinale abaixo a opção incorreta quando pensamos em empresas que gerem bem o seu ciclo de serviços. a) “Mas isso o senhor pode resolver apenas com o meu pessoal de backoffice.” b) “O senhor tem toda razão. A partir de agora vamos fazer diferente porque aprendemos com a sua reclamação.” c) “Por ser um cliente muito importante para nossa empresa, gostaríamos que nos desse a sua opinião sobre nós.” d) “Na próxima compra o frete é grátis.” e) “Acesse o nosso site e escolha a forma de sua preferência para entrar em contato conosco.” Questão 4 Sabemos que a gestão da comunicação e marketing é essencial, assim como a gestão de pessoas e processos, e a gestão de serviços de excelência. Assinale abaixo a opção que mostra em que a gestão de comunicação não pode atuar: a) Imagem da marca. b) Divulgação da marca. c) Satisfação dos clientes. d) Imagem da empresa. e) Divulgação da empresa. 57 Questão 5 Imagine a seguinte situação: Você contratou um fotógrafo para seu casamento. Ele foi extremamente atencioso durante a negociação, mostrou o portfólio e deixou você e sua noiva bem seguros. Vocês contrataram fotos e filmagem, e produtos adicionais, como foto-book e DVD. Ele foi pontual no dia agendado; esteve ao lado de vocês nos melhores momentos da festa e da cerimônia. Vários convidados pediram o cartão de visitas do fotógrafo por sua simpatia e profissionalismo. Acontece que, quando vocês voltaram da lua-de- mel, e foram pegar as fotos e vídeos com o fotógrafo tiveram uma surpresa: o equipamento de filmagem do fotógrafo havia dado defeito e as imagens haviam se perdido. Restavam apenas as fotos. Assinale abaixo a opção que preenche corretamente as lacunas: Quando descrevemos experiências como essa em serviços, relatamos etapas que compõem a experiência do cliente, às quais damos o nome de__________________. No caso relatado podemos afirmar que houve um problema na gestão de_____________. a) Processos; Pessoas. b) Momentos da verdade; Processos. c) Fases da experiência do cliente; Processos. d) Momentos da verdade; Pessoas. e) Fases da experiência do cliente; Pessoas; 58 Questão 6 Existem diversas formas de classificação em serviços. Analisando a importância de conhecer tais classificações, assinale a resposta correta: a) Não é relevante conhecer as mais diversas classificações em serviços porque independente do tipode serviço prestado a gestão segue as mesmas regras. b) A depender das características e segmento da sua empresa, a sua gestão de serviços deverá colocar mais ênfase em um ou outro aspecto. c) Saber se o meu serviço depende mais ou menos de interação não muda a forma como a minha empresa pratica a gestão de serviços. d) A gestão de serviços não é influenciada pela classificação de serviços. e) A gestão de serviços depende unicamente do gestor de serviços. Questão 7 Identifique abaixo a opção que apresenta exemplos de serviços relacionais e de maior interação humana: a) E-commerce, transporte público e livraria. b) Farmácia, clínica médica e veterinário. c) Pet shop, assinatura de jornal e universidade. d) TV por assinatura, cafeteria e telefonia celular. e) Consultoria, universidade e plano de saúde. 59 Questão 8 São diversas as classificações de serviços, mas alguns aspectos são recorrentes em todas elas, variando apenas em intensidade. Assinale a opção incorreta. a) Interação b) Customização c) Complexidade d) Preço e) Intangibilidade Questão 9 Quando falamos dos serviços prestados por uma TV por assinatura, podemos afirmar que se trata de um serviço classificado como: a) Transacional e de interação baixa. b) Relacional e de interação baixa. c) Relacional e de interação alta. d) Transacional e de interação alta. e) Relacional e de não interação. 60 Questão 10 O e-commerce de moda Camiseteria pode ser um serviço classificado como: a) Customizado, de baixa complexidade, mais tangível e com baixa interação humana. b) Commoditizado, de baixa complexidade, mais intangível e com alta interação humana. c) Customizado, de elevada complexidade, mais tangível e com baixa interação humana. d) Customizado, de alta complexidade, mais intangível e com alta interação humana. e) Commoditizado, de alta complexidade, mais tangível e com baixa interação humana. 61 Questão 11 Com a digitalização da nossa vida contemporânea, as empresas foram impactadas na forma como prestam os seus serviços. Assinale as opções que melhor demonstram essas consequências: a) Pressão pelo tempo de resposta. b) Oferta de múltiplos canais de atendimento. c) Maior atenção do consumidor às comunicações. d) Uso intensificado de smartphones e aplicativos. e) Baixa expectativa pelo tempo de resposta. Questão 12 Você é dono de uma empresa do segmento alimentício e precisa aprender algumas melhores práticas para aprimorar os seus serviços. Onde você procurará referências? Assinale a resposta correta: a) Apenas em outras empresas do meu setor de atuação. b) Em empresas do meu setor e de outros setores de atuação. c) Apenas em empresas de outros setores de atuação. d) Apenas dentro da própria empresa. e) Na própria empresa e em empresas similares. 62 Questão 13 Vários aspectos impactaram o comportamento do consumidor contemporâneo. Correlacione os elementos das duas colunas, demonstrando seu entendimento dos impactos dessas mudanças no comportamento do consumidor na gestão de serviços: A. Mobilidade ( ) Atenção compartilhada e dispersa B. Convergência ( ) Possibilidade de conexão constante com marcas C. Credibilidade ( ) Tempo passa a ser um valor para o cliente D. Qualidade de Vida ( ) Entrega da promessa de marca Questão 14 Analisando as imagens abaixo, você afirmaria que falamos de quais tendências do comportamento do consumidor? Assinale a opção correta: Figura 1 Figura 2 63 a) 1. Mobilidade e 2. Convergência. b) 1. Qualidade de Vida e 2. Credibilidade. c) 1. Credibilidade e 2. Qualidade de Vida. d) 1. Mobilidade e 2. Credibilidade. e) 1. Convergência e 2. Qualidade de vida. Questão 15 Os clientes aprendem a ser bem atendidos e exigem cada vez mais excelência de todo e qualquer prestador de serviços. Se alguma empresa é capaz de encantá-lo, todas são. Chamamos essa tendência de: a) Qualidade de Vida b) Credibilidade c) Aprendizado d) Mobilidade e) Convergência 64 Introdução Vimos os principais conceitos e características da gestão de serviços até agora. Alguns desafios foram apresentados e discutidos, assim como a necessidade da centralidade do processo nas pessoas, sejam elas clientes ou funcionários. Além da atenção extrema aos processos e operações, que serão parte integrante da entrega prometida pelo marketing. Nesta aula, vamos entender o que constrói valor para o cliente, como este entende e percebe o valor do serviço. Como qualquer negócio, as empresas que lidam com serviços devem construir e entregar valor para os seus acionistas, mas, em particular, no caso da prestação de serviços, há uma correlação intensa entre o que é valor para o seu cliente, e se este o percebe em sua marca, e a geração de lucro para empresa. Veremos que o valor para o cliente é composto pela relação entre custos incorridos X benefícios percebidos pelo cliente. Vamos também recordar o conceito de produto ampliado e soluções em serviços. Por fim, abordaremos, talvez, o maior desafio na gestão de serviços: a qualidade na prestação de serviços. Discutiremos o conceito, as principais métricas e como melhorar a performance da qualidade. Objetivos 1. Definir a criação de valor para o cliente por meio dos serviços; 2. Discutir a gestão da qualidade em serviços. 65 Conteúdo Valor em serviços Você já sabe que o objetivo do marketing é a criação, a comunicação e a entrega de valor para os clientes. Por isso, o gestor de marketing precisa compreender o que significa valor para os seus clientes. Além disso, precisa garantir a entrega desse valor para eles. Valor para o cliente é um conceito composto pela relação entre: Benefícios percebidos pelo cliente Resultados para o cliente: aquele serviço conseguiu realmente atender a sua necessidade ou problema? Qualidade percebida do processo de prestação de serviço: o problema ou necessidade podem ter sido resolvidos, mas foram com a qualidade que o cliente esperava? Custos incorridos pelo cliente O cliente avalia se o serviço é caro ou barato, analisando a equação de valor8, ou seja, os fatores econômicos e não econômicos. Preço pago pelo cliente: quanto efetivamente o cliente pagou pelo serviço, o valor de face, o preço do serviço. Para alguns autores esses seriam os custos econômicos para os clientes. 8 Equação de valor O cliente não analisa isoladamente o preço do serviço, mas todos os custos que teve durante a contratação e uso do serviço. Ele analisa os fatores econômicos e os fatores não econômicos. 66 Custo para obter o serviço: o cliente gastou outras coisas além de dinheiro, como tempo e esforço para usufruir daquele serviço. Desses outros custos, depreendem-se efeitos como incertezas, risco percebido, preocupação e dificuldade de acesso, durante o processo de contratação e uso do serviço. Para alguns autores esses seriam os custos não econômicos para os clientes. Esse processo de cálculo de valor pode ser feito de maneira consciente ou inconsciente pelo cliente, mas sempre é levado em consideração quando o cliente avalia o serviço prestado pelas mais diversas marcas que ele consome. A avaliação da satisfação do cliente, e se ele recomendaria a empresa para outras pessoas, sempre leva em consideração o valor percebido pelo cliente. Cálculo de valor Os atributos avaliados pelo cliente na atribuição de valor à marca são: Imagem da marca; Oferta – o produto ou serviço em si; A forma como os serviços são prestados; As pessoas envolvidas no processo de prestação de serviços; Custo financeiro; Tempoinvestido; Energia investida. Nesse sentido, serviços que são, em termos de preço, baratos, mas que demandam muita energia ou tempo do cliente, como promoções de aniversário de supermercados, podem ter baixo valor percebido para alguns segmentos de clientes. Mas tudo isso tem a ver com o que o cliente espera quando escolhe determinado produto ou serviço. Veja, por exemplo, a compra de uma caneta. Qualquer caneta cumpriria a função de escrever. 67 Se o cliente decide comprar uma caneta esferográfica tradicional, valor para ele será a facilidade de encontrar a caneta a preço acessível; Se o cliente prefere uma caneta de luxo, valor para ele será a exclusividade, que se traduz em sinais como preço elevado, pontos de venda específicos, produção de séries limitadas e design diferenciado. Veja, agora, um exemplo em serviços. Imagine a marcação de um horário para fazer as unhas no salão: Se o cliente agendar em um salão de bairro, valor para ele será a familiaridade e a proximidade; Se o cliente agendar em um salão sofisticado, valor para ele será o requinte, os serviços adicionais, a comodidade de encontrar a mesma marca com a mesma qualidade, independente da filial. De acordo com John Ruskin (1819-1900), “dificilmente existirá alguma coisa neste mundo que alguém não possa fazer um pouco pior e vender um pouco mais barato e as pessoas que consideram somente preço são as merecidas vítimas.” Faz sentido pensar que para alguns clientes, quando fazem o cálculo de valor, ignoram as outras variáveis, considerando valor=preço? Claro que existe esse tipo de relação entre consumidores e marcas. Mas depende do tipo de serviço. Lembre-se das classificações de serviços que vimos na aula passada. Para serviços com menos complexidade na decisão de compra, talvez haja mais recorrência da relação valor=preço. O mesmo não podemos afirmar sobre serviços com decisões e impacto mais complexos, como, por exemplo, plano de saúde. 68 O que é valor Segundo Zeithaml e Bitner, os clientes definem valor de quatro maneiras diferentes: Valor é preço baixo Consumidores que igualam valor a preço baixo (foco no preço). Valor é tudo o que eu quero Consumidores que destacam os benefícios obtidos (foco na qualidade). Valor é a qualidade que obtenho pelo preço que pago Outros consumidores veem valor como uma troca entre o dinheiro que entregam e a qualidade que recebem (foco na relação custo X benefício). Valor é o que eu recebo por tudo o que eu dou Alguns consumidores consideram valor todos os benefícios que recebem, assim como todos os componentes de sacrifício (dinheiro, tempo, esforço). Já o autor Richard Whiteley, nos apresenta valor para o cliente em forma de uma equação matemática: Em que: QP é qualidade do produto: o que você obtém; QS é qualidade do serviço: como você obtém; Preço é valor financeiro pago (R$) para obter o que você comprou; Custo é o custo não monetário associado à escolha feita. 69 Analisando a equação proposta, o que você consegue interpretar? Tanto a qualidade do produto quanto a qualidade do serviço devem ser levadas em consideração, e de forma equilibrada. Vamos explicar: o numerador (parte superior da equação) é uma multiplicação, então, mesmo que a qualidade do produto seja elevada, uma baixa qualidade do serviço pode levar a um resultado ruim em relação ao valor para o cliente. Por exemplo: Se a qualidade do produto é 0,5 e a qualidade do serviço também é 0,5, o resultado da multiplicação no numerador será 0,25. Se a qualidade do produtor é 0,8 (maior que o anterior) e a qualidade do serviço é 0,2 (menor que o anterior), o resultado da multiplicação no numerador será 0,16, resultado pior que o anterior. Conceito de valor É importante lembrar que, consciente ou inconscientemente, a percepção de valor em relação à marca está sempre na mente do consumidor. Podemos afirmar que valor é um conceito que leva em consideração: Os benefícios que o cliente obtém; Os custos da sua obtenção; Os custos de sua utilização durante o ciclo de vida do serviço ou produto. Você sabe como o conceito de valor para o cliente impacta na estratégia de desenho do serviço? Veja, a seguir, o que deve ser feito: Defina os benefícios que serão oferecidos de tal forma que agreguem realmente valor para o cliente. Por exemplo, programa de fidelidade ou pré-venda para clientes mais fiéis e de maior valor para a empresa. 70 Defina o nível de serviço que será ofertado. Por exemplo, atender todos os clientes em até um minuto no call center, mas os clientes de maior valor para empresa serão atendidos em um tempo ainda menor. Vamos ler o artigo recomendado para esta aula, analisar a prestação de serviço da Amazon e os princípios que garantem seu diferencial competitivo. Em seguida, leia a reflexão sobre o que estudamos. Valor percebido pelo cliente Você sabe o que fazer para aumentar o valor percebido pelo cliente em relação à sua marca? Kotler (2009) Propõe três formas possíveis de fazer isso: Cobrar um preço mais baixo que seu concorrente. Entretanto, essa não costuma ser uma vantagem competitiva sustentável; Ajudar o cliente a reduzir seus outros custos, que vão além do preço, além do financeiro; Agregar benefícios que tornem a oferta mais atraente. Alguns exemplos possíveis são: produtos sob medida; mais conveniência; serviços mais rápidos; mais e/ou melhores serviços; orientação, treinamento ou consultoria; garantia extraordinária; um programa de fidelidade com benefícios. http://pos.estacio.webaula.com.br/Cursos/POS443/docs/Reflexao_caso_Amazon.pdf 71 Womack e Jones (2005) Seguindo a lógica de desenvolver vantagens competitivas mais sustentáveis, que aumentem o valor para o cliente, os autores propuseram os princípios do que chamaram de lean service9, ou serviço enxuto, sob a ótica do cliente. Os princípios, chamados de lean consumption, ou consumo enxuto, são os seguintes: Solucionar totalmente o problema do cliente, assegurando que todos os produtos e serviços funcionam e que funcionam juntos; Não desperdiçar o tempo do cliente; Oferecer exatamente aquilo que o cliente quer; Oferecer o que o cliente quer exatamente onde ele quer; Oferecer o que o cliente quer, onde ele quer e exatamente quando ele quer; Agregar continuamente soluções para reduzir tempo e aborrecimento do cliente. O que é essencial para que esses princípios se tornem realidade é, inicialmente, conhecer bem o seu cliente, suas necessidades e desejos, a fim de oferecer soluções adequadas. Posteriormente, é necessário alinhar todos os elementos da gestão de serviços – pessoas, operações (processos e tecnologia) e marketing – para que a promessa e a entrega da solução respeitem esses princípios. No entanto, para entregar valor para os clientes, não podemos deixar, logicamente, de entregar valor para os acionistas. Por isso, você precisa entender a relação entre produtividade e qualidade: 9 Lean Service São os serviços desenhados para entregar, de maneira simples, soluções que resolvam ou atendam as necessidades do cliente. 72 Produtividade diz respeito ao uso dos recursos necessários para prestar o serviço; está relacionada com a entrega de valor para a empresa; Qualidade está relacionada com a criação de valor para o cliente. É preciso equilibrar produtividade e qualidade sempre. Esse é outro grande desafio da gestão de serviços. Agora, vamos nos aprofundar um pouco mais sobre a gestão da qualidade em serviços. Conceito da qualidade em serviços Agora você vai explorar e entender que o conceito da qualidade em serviçosé amplo e essencial. A qualidade total percebida é a soma da qualidade experimentada com a qualidade esperada. Vamos estudar os dois tópicos separadamente: Qualidade experimentada Inicialmente é importante entender que a qualidade experimentada pelo cliente é a real qualidade do seu serviço. O cliente é o verdadeiro controle de qualidade da empresa. Você pode achar que tudo anda bem com a sua gestão de serviços, mas só a percepção do consumidor pode aferir se isso é verdade de fato ou não. De acordo com Grönroos, a qualidade experimentada pelo cliente se compõe de duas dimensões que impactam igualmente o julgamento do seu consumidor em relação à qualidade que ele percebe em sua marca. 73 Qualidade técnica produzida Relaciona-se com o QUE é o seu serviço. Por exemplo, no caso da assinatura de um jornal, essa dimensão diria respeito à qualidade da informação, diagramação, layout, espaço reservado para publicidade etc. Qualidade funcional do processo Relaciona-se com o COMO do seu serviço. No exemplo acima, atitudes, tratamento personalizado, cortesia, importância dada ao cliente e a seus problemas comporiam essa dimensão no caso da assinatura de um jornal. Qualidade esperada No entanto, antes mesmo de o cliente experimentar o seu serviço, há outra dimensão que é a qualidade esperada. De acordo com Grönroos, a qualidade esperada é influenciada por: Experiências anteriores; Imagem da marca; Propaganda feita pela empresa; Comunicação boca a boca; Necessidades do consumidor; Preço cobrado. Gestão da qualidade em serviços Você pode se perguntar em qual dimensão a empresa tem maior influência de gestão. Em ambas, pois uma boa gestão de serviços preocupa-se tanto com a promessa da marca, que impacta a qualidade esperada, quanto com a entrega efetiva, que diz respeito à qualidade experimentada. 74 Para saber quais as questões gerenciais importantes na gestão da qualidade em serviços, é necessário entender quais são os critérios de julgamento da qualidade utilizados pelos seus clientes. Em relação ao serviço esperado, é importante investigar como se formam as expectativas dos seus clientes. Na relação entre serviço esperado e serviço percebido, é importante analisar se há lacuna, de que dimensão, e o que pode ocasioná-la. Serviço percebido Você deve entender como o cliente avalia a experiência vivenciada com os serviços de sua empresa. E, ao fim desse processo, você será capaz de entender os motivos que fazem os seus clientes satisfeitos ou insatisfeitos, e que providências devem tomar para potencializar o que é bom e corrigir o que não vai bem. Critérios de julgamento da qualidade do serviço De acordo com pesquisas realizadas por Berry e Parasuraman são fundamentais: Confiabilidade: fornecimento do serviço conforme prometido; Aspectos tangíveis: instalações físicas, equipamentos, material de comunicação; Presteza: funcionários prestativos e capazes de fornecer pronto atendimento; Segurança: funcionários bem informados e competentes; Empatia: atenção cuidadosa e personalizada. 75 Monitoramento da qualidade em serviços No entanto, cada consumidor terá os seus critérios subjetivos para julgar a qualidade dos serviços prestados pelas empresas com as quais se relaciona. Por isso, é essencial que o gestor de serviços monitore de forma constante a satisfação de seus clientes e conheça sempre as suas expectativas. Isso pode ocorrer por meio de várias técnicas de pesquisa como: Os questionários quantitativos de pesquisa de satisfação; Observação; Cliente misterioso; Focus group10 (técnica de pesquisa qualitativa que reúne grupos de seis a oito clientes para discutir um tema específico); Entrevista em profundidade; Monitoramento das redes sociais. Tudo isso ajuda a empresa a entender, atender melhor, e com maior qualidade percebida o seu cliente. O que estudamos até aqui nos permite afirmar que o conceito de qualidade reside na comparação feita pelo cliente entre o serviço esperado e o serviço percebido. E a lacuna entre esses dois aspectos seria a responsável pela satisfação ou insatisfação do cliente. Quando essa lacuna existe, pode ocasionar: Clientes insatisfeitos; Boca a boca negativo; Impacto negativo na imagem da marca; Negócios perdidos. 10 Focus Group Técnica de pesquisa qualitativa que reúne um grupo de consumidores para que, por meio da mediação de um pesquisador, que segue um roteiro previamente acordado com a empresa, possa investigar questões junto a consumidores. 76 É importante entender que só existe qualidade em serviços se houver: Uma verdadeira cultura de serviços patrocinada pela liderança das empresas; Uma cultura orientada ao cliente com acompanhamento constante que garanta que isso seja um fato; Um sistema ou ciclo de serviços bem desenhado, que seja amigável para o cliente e garanta elevados padrões de desempenho, garantindo a excelência na prestação de serviços; Uso eficiente da tecnologia e da informação, com o objetivo de construir uma verdadeira vantagem competitiva. Zeithaml propõe uma metodologia que auxilia a construção da qualidade em serviços, denominada Service Quality (Servqual). A mesma é composta por três elementos: Credibilidade: as empresas devem fazer certo da primeira vez; Reparação: as empresas devem fazer tudo certo na segunda chance, caso não tenha acertado na primeira; Interatividade: as empresas devem gerenciar e exceder as expectativas de seus clientes. Erro Zero Quando falamos em qualidade no âmbito de produtos, podemos pensar em alcançar o que chamamos de erro zero. Um controle de qualidade extremo que assegura que, em indústrias que adotam essa metodologia, a probabilidade de um produto com defeito chegar às prateleiras aproxima-se de zero. Em serviços, sabemos que, por suas características já conhecidas, isso é algo irreal. A busca da excelência deve ser sempre um princípio em serviços, mas 77 como sabemos que, às vezes, os erros são inevitáveis, precisamos aprender a recuperar o serviço ou a percepção de qualidade construída pelo cliente em relação a ele. E quais são os fatores que dificultam o erro zero em serviços? Intensiva dependência das pessoas; Simultaneidade de produção e consumo; Participação do consumidor no processo de produção. Como você pode ver, o que dificulta o erro zero em serviços tem a ver com suas características e definições. Assim, por mais que você tenha tomado todos os cuidados no desenho do projeto do serviço; que tenha seus empregados motivados, equipados e bem treinados; que tenha procurado conhecer as expectativas dos seus clientes; tenha implantado com sucesso uma política de qualidade e que tenha o processo sob controle, erros em serviços vão acontecer. E quando acontecerem o que você, como gestor de serviços, deve fazer? Recuperação em serviços A primeira preocupação é entender o quanto é importante e estratégico cuidar da recuperação em serviços. Alguns números podem ajudar você a entender o quanto essa tarefa da gestão de serviços é essencial: Apenas um em cada quinze clientes irá reclamar se estiver insatisfeito. Os demais mudam de fornecedor sem que sua empresa saiba o motivo; 78 Dos clientes que reclamam, seis em cada dez comentam com outras pessoas quando o resultado da reclamação é negativo, enquanto apenas três em cada dez o fazem quando resultado é positivo; Mais da metade das respostas às reclamações fortalecem o sentimento negativo nos consumidores; 70% dos clientes voltarão a fazer negócios com uma empresa se a reclamação feita for resolvida favoravelmente.Esse percentual sobe para 95% se o motivo da reclamação for resolvido na hora; Em alguns setores, o percentual de lealdade é maior entre os clientes que tiveram seus problemas resolvidos do que entre os que nunca vivenciaram problemas. Então quais devem ser os mecanismos adotados para a recuperação de serviços? O gestor de serviços, para cumprir essa função estratégica, deve: Incentivar as reclamações dos clientes, abrindo todos os canais possíveis para que os clientes possam ser verdadeiramente ouvidos pela empresa; Desenvolver uma política explícita de recuperação; Oferecer algum tipo de garantia de satisfação. 79 Política de recuperação de serviços Você sabe quais são os passos para estabelecer uma política de recuperação de serviços? Para isso, o gestor de serviços precisa: Estimar o custo do erro: quanto pode custar para a empresa o erro cometido; Estimar quanto significa perder um cliente: analisar a perda dos clientes com base na análise da rentabilidade de cada um dos grupos ou segmentos de cliente; Mapear os processos de prestação de serviços; Projetar um conjunto de atuações de recuperação: simular situações, identificando possíveis pontos de falha, e o que fazer em cada caso; Rever os sistemas, formas e canais que os clientes dispõem para expor suas reclamações: não é suficiente ter os sistemas em que os clientes precisam tomar a iniciativa de apresentar reclamações. É preciso estimular o feedback dos clientes; Criar padrões de atuação para os casos mais comuns: isso diminui a possibilidade de respostas diferentes para o mesmo problema e aumenta a velocidade da resposta. Trata-se de gerenciar os erros previsíveis; Capacitar os funcionários a realizar recuperações: devem ter autoridade, responsabilidade e incentivos para reconhecer as necessidades dos clientes e reverter situações de insatisfação; Incluir as atividades de recuperação entre as tarefas que os funcionários precisam realizar. Tanto este quanto o item anterior se referem à gestão dos erros imprevisíveis; Agir com rapidez: a recuperação será efetiva se for mínimo o tempo entre a comunicação do problema e a resolução do mesmo. 80 Garantia em serviços Quanto ao estabelecimento da garantia em serviços, inicialmente destacamos o principal efeito: quando a empresa estabelece garantia sobre os seus serviços, diminui o que chamamos, em marketing, de dissonância cognitiva, que é a dúvida, a incerteza, o conflito que acompanha o consumidor no momento da decisão da compra. Além disso, a empresa ganha uma espécie de status diferenciado na mente do consumidor, já que a oferta da garantia pressupõe a qualidade na prestação de serviços. Veja algumas características da garantia em serviços: É focalizada nas necessidades dos clientes; É significativa tanto para o cliente quanto para o prestador de serviços; Deve ser fácil de entender e comunicar, além de ser fácil de solicitar, quando necessário; Deve ser confiável. Podemos afirmar que os benefícios gerados pela oferta da garantia são: Obriga a empresa a produzir alta qualidade; É uma ferramenta para obter informações sobre a qualidade dos serviços prestados; Representa um padrão claro de desempenho para os funcionários. Lembre-se: em serviços, para ter clientes satisfeitos, você precisa procurar três fundamentos: Não errar; Consertar antes que os clientes percebam; Ter uma boa estratégia de recuperação. 81 É importante considerar que um bom serviço, já em seu projeto, tem ações de recuperação previamente desenhadas. Atitudes Para concluir a discussão sobre a qualidade em serviços e a importância da recuperação, saiba que na gestão de serviços, a venda é apenas o início de um relacionamento, que será tão longo quanto for excelente a prestação de serviços. Por isso, depois que a venda for concluída, atente para as atitudes positivas que precisam acontecer para perseguir uma melhor gestão da qualidade em serviços: Iniciar contatos positivos com os clientes, como telefonemas, envio de pesquisas, estabelecer ações de relacionamento; Dar sugestões e fazer recomendações aos clientes, com base em seus gostos e preferências, ensinando os mesmos a usarem cada vez melhor os seus serviços; Usar o “nós” na resolução de problemas, ou seja, entender como cada cliente prefere que sua insatisfação seja revertida; Ter sinceridade na linguagem utilizada nas interações com os clientes, garantindo uma comunicação clara; Falar sempre o futuro dessa relação que acaba de começar. E evite as atitudes negativas, como: Entrar em contato com o cliente apenas de maneira reativa, ou seja, apenas depois do cliente se comunicar com sua empresa; Responder a problemas sem resolvê-los; Dar justificativas para a ocorrência de problema. Os clientes não buscam explicações, mas sim soluções para os seus problemas; 82 Lançar mão de uma linguagem longa e tortuosa, dificultando o diálogo entre o cliente e a empresa, o que acomoda e paralisa a mesma, não proporcionando uma escuta verdadeira que busca melhoria contínua nos serviços prestados; Ignorar o que está sendo reclamado no momento pelo cliente, para falar bem sobre o que houve no passado entre a empresa e o cliente. É necessário continuar acertando sempre com os clientes, porque o sucesso do passado não garante a satisfação do cliente nos dias atuais. Atividade proposta Você é o gestor de serviços de um restaurante. Que técnica de pesquisa utilizaria para avaliar seus processos e sua qualidade de atendimento, simulando uma situação de consumo? Quais são os itens que devem ser observados? Referências GRÖNROOS, C. Marketing: gerenciamento e serviços. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. LOVELOCK, C. Marketing de serviços: pessoas, tecnologia e estratégia. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2011. RIBEIRO, A. Marketing e Serviços que ainda fazem a diferença. São Paulo: Saraiva, 2006. SPILLER, E. S. Gestão de Serviços e marketing interno. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2011. 83 TEBOUL, J. Serviços em cena: o diferencial que agrega valor ao seu negócio. Brasília: Campus IEL/NC, 2008. ZEITHAML, V. A.; BITNER, M. J. Marketing de serviços: a empresa com foco no cliente. Porto Alegre: Bookman, 2011. Exercícios de fixação Questão 1 Assinale abaixo a opção incorreta: a) Os custos incorridos pelo cliente na contratação de serviços são formados por fatores econômicos e não econômicos. b) O serviço de maior valor para o cliente é sempre o serviço que oferece o menor preço. c) Os fatores não econômicos seriam compostos, por exemplo, por tempo e esforço gastos pelo cliente. Questão 2 O valor percebido pelo cliente impacta em sua satisfação. No entanto, sabemos que apenas a satisfação não é suficiente para manter o cliente. Por isso, assinale abaixo a opção que melhor garante a fidelidade de clientes na empresa: a) Serviço percebido < serviço esperado. b) Serviço percebido > serviço esperado. c) Serviço percebido = serviço esperado. 84 Questão 3 O valor percebido pelo cliente pode ser incrementado por meio de algumas ações desenvolvidas pelas empresas prestadoras de serviços. Assinale abaixo a opção que melhor representa essas ações: a) Programa de fidelidade e redução de preço. b) Adoção de entregas em domicílio e prática de preço premium. c) Venda antecipada, garantia estendida e entrega no prazo acordado. Questão 4 Pensando sobre geração de valor para o cliente na gestão de serviços, assinale a opção incorreta: a) Clientes nunca avaliam isoladamente o fator preço quando interagem com os serviços e lhes atribuem baixo ou alto valor. b) Compõem os custosnão econômicos: preço e esforço do consumidor ao consumir determinado serviço. c) A criação de valor para o cliente é composta pela diferença entre os benefícios entregues pelos serviços e os custos investidos pelo consumidor. Questão 5 Quando um cliente afirma que “vale a pena ser cliente da empresa X”, os fatores que ele está levando em consideração são: a) Apenas preço. b) Os benefícios entregues pelo serviço prestado. c) Todos os custos despendidos por eles comparados aos benefícios que ele obteve com o serviço e questão. 85 Questão 6 São elementos que compõem a qualidade total percebida (assinale todas as opções corretas): a) Qualidade esperada. b) Qualidade experimentada. c) Qualidade técnica. Questão 7 Assinale abaixo a afirmativa incorreta quando falamos em gestão da qualidade em serviços: a) Qualidade e produtividade precisam estar em equilíbrio, pois há limites financeiros que precisam ser equilibrados para continuar entregando valor tanto para a empresa, quanto para seus clientes. b) Na gestão da qualidade em serviços há erros previsíveis e imprevisíveis, e a recuperação de serviços só pode planejar a reversão de situações de erros previsíveis. c) Clientes que têm problemas com uma determinada empresa, mas que têm seus problemas resolvidos rapidamente são, em sua maioria, mais fiéis que clientes que nunca tiveram problemas. Questão 8 A gestão da qualidade em serviços requer algumas providências por parte do gestor de serviços. Assinale abaixo a opção incorreta: a) Entender reclamações como oportunidades. b) Ouvir o cliente verdadeiramente, e punir o funcionário alvo da reclamação. c) Ter uma política de recuperação de clientes. 86 Questão 9 Analisando os critérios de julgamento da qualidade em serviços, assinale a opção incorreta: a) Segurança. b) Confiabilidade. c) Aspectos intangíveis. Questão 10 Leia a afirmativa abaixo: 70% dos clientes voltarão a fazer negócios com uma empresa se a reclamação feita for resolvida favoravelmente. Esse percentual sobe para 95% se o motivo da reclamação for resolvido na hora. Para que isso aconteça, é necessário que a empresa tenha: a) Política de recuperação de serviços com autonomia do pessoal de linha de frente, e processos bem desenhados e geridos. b) Pessoas bem treinadas bastam para atingir esses resultados. c) Apenas processos ágeis e bem comunicados seriam suficientes para atingir resultados como esses. 87 Introdução Nesta aula, vamos nos aprofundar na gestão da qualidade em serviços, aplicando o modelo da análise de gaps – ou lacunas – em qualidade proposto por Grönroos, e entender como gerenciar as expectativas, assim como o consumidor, e monitorar sua satisfação, a fim de melhorar continuamente a percepção da qualidade em serviços. Entretanto, para que haja excelência na prestação de serviços, não basta cuidar da gestão de marketing para os seus clientes externos, é preciso promover ações de marketing interno ou endomarketing. Isto porque, em uma empresa que adota a verdadeira cultura de serviços, a pirâmide hierárquica fica invertida, colocando as pessoas da linha de frente, as que têm interação com o cliente, no topo. Prestar serviços trata-se, em essência, de pessoas (funcionários) interagindo com pessoas (consumidores). Assim, vamos entender porque empresas consideradas felizes, com funcionários satisfeitos, prestam serviço de excelência. O endomarketing vem apoiar na criação e sustentação desse tipo de ambiente nas empresas. Objetivos 1. Identificar as cinco lacunas na gestão da qualidade em serviços; 2. Discutir as práticas do endomarketing como parte integrante da gestão de serviços. 88 Conteúdo Qualidade em serviços Em serviços, a frase de que percepção é verdade nunca fez tanto sentido. Você sabe por quê? Porque é assim que o cliente avalia qualidade do seu serviço: por meio de como ele percebe a experiência que tem com a sua marca e comparando com a expectativa que tinha em relação àquela experiência. Como se formam essas expectativas? Como vimos em aulas anteriores, o consumidor não se restringe a comparar empresas do mesmo segmento. No entanto, se teve uma experiência positiva com sua operadora de telefonia, por exemplo, espera que sua empresa de TV por assinatura preste, pelo menos, o mesmo serviço ou ainda melhor. Por isso, experiências anteriores ajudam a compor a qualidade esperada ou o serviço esperado. Somada às experiências anteriores está a promessa de marca. 89 Além da expectativa da marca, trabalhamos também a promessa da marca, que se forma por meio de comunicações formais ou informais, sobre a empresa, produzidas ou não por esta. Anúncios, eventos, reportagens, premiações, posts em redes sociais ou o bom e velho boca a boca, entre outras ações, afetam a promessa da marca. E ajudam a aumentar, diminuir ou alinhar a expectativa que o consumidor deve ter acerca desta ou daquela empresa. Por exemplo, é como quando alguém comenta sobre um filme que achou muito bom. Você, então, vai ao cinema e não acha o filme tão bom assim. Isso pode acontecer porque o que você e seu amigo valorizam em um filme são características diferentes, ou porque a promessa, a expectativa foi maior do que a entrega. Por isso, se você é gestor de serviços deve estar sempre preocupado com duas coisas: Falamos até aqui da promessa da marca e de como, somada a experiências passadas, forma o que chamamos de qualidade ou serviço esperado. 90 Plá (2001) propõe o composto de marketing CIUME, na gestão de serviços sob a ótica do cliente. Nesse sentido, a empresa deveria se preocupar com os pontos do composto que compõem sua promessa de marca: Conveniência: estar onde o cliente espera que você esteja. Imagem: o que a sua marca passa para os seus clientes? O que eles desejam quando buscam sua empresa? Sua marca é uma marca com boa reputação e que transmite confiança para os seus consumidores? Utilidade: sua marca é a solução para os problemas ou necessidades de seus clientes? Ou entregam mais ou menos do que eles precisam? Mordomia: O quanto de tempo você poupa do seu cliente? Quais são as facilidades oferecidas pelos seus serviços? O quanto de conforto proporciona ao seu cliente? Isso pode tirar a sua marca do lugar comum nos dias atuais, e criar uma vantagem competitiva. Estimativa: é a relação que o cliente faz entre o preço cobrado e valor entregue. O quanto ele espera que o seu serviço custe pelo que você entrega. Se o preço que você cobra for diferente do que ele estimou, ele vai julgar seu preço caro ou barato; e justo quanto for equivalente ao que ele estimou. Kamilla Moraes, 2011, afirma que, CIUME é a sigla de conveniência, imagem, utilização, mordomia e estimativa, elementos do composto de marketing utilizado por empresas prestadoras de serviços. A conveniência é muito mais relevante para o consumidor do que o ponto ou localização da empresa prestadora de serviços. Melhorar ou manter a imagem do serviço, de tal forma que ele seja desejado e até mesmo disputado pelo consumidor, é mais importante do que enfatizar a ideia de promoção. 91 O que interessa ao consumidor é a utilidade e benefícios dos serviços. As pessoas compram o que os serviços fazem e o que elas querem ou esperam que eles façam por ela. A mordomia é o que todos almejam, pois querem fazer suas aquisições com o máximo conforto possível. Não basta vender um serviço, é preciso assistir ao cliente para que ele possa obter satisfação com a venda. Aparentemente, o preço é a primeira pergunta do cliente ao deparar-se com um serviço que lhe interessa, mas o que o motiva a realizar uma compra é o valor que o serviço representa.Tal estimativa normalmente inclui um aspecto subjetivo de valor que importa muito mais do que um preço baixo. Utilizando esta ferramenta de marketing, pode-se criar um diferencial e atrair e conquistar novos clientes. Pesquisas de marketing Você já aprendeu como é importante saber escutar seu consumidor, para melhor entender o que ele espera de você e como avalia seu serviço. É fundamental incentivá-lo a interagir com sua marca. A reclamação deve ser entendida como uma oportunidade de aprimorar a qualidade em serviços e, até mesmo, como vimos, quando bem e rapidamente resolvida, elevar a fidelidade de seus clientes. Além dos canais de pós-venda ou atendimento, há outros métodos que podem ajudar na empreitada de compreender seu cliente. São as pesquisas de marketing. Especialistas em serviços recomendam várias possibilidades: 92 Pesquisas transacionais Avaliação da satisfação do cliente e de suas percepções sobre a experiência do cliente com seu serviço a cada transação realizada. Essas pesquisas avaliam a experiência e não a satisfação geral. Medem a satisfação em um momento específico. O ideal é que haja um processo em que, quando o cliente se mostrar insatisfeito com a experiência, se faça um contato com o mesmo para iniciar o processo de recuperação em serviços, revertendo a reclamação. Pesquisas totais de mercado Medem a satisfação geral do cliente em relação a sua empresa. Servem para identificar expectativas e avaliar os gaps entre serviços entregues/experimentados e os serviços esperados. Geralmente, são realizadas com frequência de médio ou longo prazo, semestralmente ou anualmente, a partir de amostras representativas de clientes. Podemos também realizar pesquisas de tracking que, mensalmente, são disparadas para uma amostra de clientes e que, ao fim de um ano, nos traz a evolução da satisfação geral mês a mês, em 12 meses. Compra misteriosa Conhecida como cliente misterioso, cliente X, cliente oculto ou mystery shopper. Alguns pesquisadores são contratados pela empresa e, de posse de um roteiro, sem serem identificados pelos funcionários, vivenciam a situação de consumo. 93 Avaliam a experiência a partir dos atributos previamente acordados entre eles e a empresa. Ao fim do conjunto de experiências vivenciadas, é entregue um relatório com os principais pontos positivos e a melhorar observados. Pesquisas com clientes novos, desistentes ou ex-clientes A depender do momento em que esteja em seu ciclo de vida, o cliente pode ter uma percepção e satisfação diferente em relação ao serviço recebido. Por isso, é essencial entender o que o novo cliente acha do serviço, bem como o cliente que desistiu de seus serviços. Entender os motivos que fazem os clientes comprar pela primeira vez com você ou nunca mais comprar é essencial para uma boa gestão de serviços. Entrevistas em focus group Chamado, também, de grupo focal. São grupos montados pela empresa, com 8 a 12 clientes que representam o universo dos clientes da empresa. Nessas reuniões busca-se discutir mais profundamente uma questão específica e identificações possíveis oportunidades e soluções. Relatório de campo do funcionário Os próprios funcionários podem, por meio de formulários, relatar experiências relevantes com os clientes, identificando possibilidades de melhorias. 94 Observação do consumidor Como em qualquer outro campo do marketing, há sempre novidades no campo da gestão de serviços e do comportamento do consumidor. Atualmente, vemos que tanto as pesquisas transacionais quanto as pesquisas totais de marketing lançam mão da seguinte pergunta: “Em uma escala de 0 a 10, você recomendaria essa empresa a amigos ou familiares, sendo 0 não recomendaria e 10 recomendaria?”. A partir dessa pergunta, podemos gerar um índice chamado NPS (Net Promoter Score), que vai de -100% a + 100%. Quanto mais elevado esse índice, maior a fidelidade dos clientes à marca. Com o acompanhamento constante desse índice, a empresa pode identificar os seus detratores (clientes que não recomendam a marca); defensores (clientes que recomendam a marca); e os neutros (para quem a marca não faz diferença). 95 A neutralidade em serviços também é preocupante, porque mostra que não há vantagem competitiva em relação aos seus concorrentes. Observar o consumidor, e ouvi-lo por meio de variadas técnicas, permite ao gestor de serviços: Diagnosticar o ciclo de serviços ou experiência do cliente (pontos de contato); Monitorar a satisfação; Identificar os gaps entre o serviço esperado e o serviço percebido. Quem é o cliente? Que problema ou necessidade levou esse cliente a buscar a sua empresa? Que atributos o cliente valoriza no serviço oferecido (aspecto funcional)? Que benefícios o cliente valoriza no serviço oferecido (aspecto emocional)? Apenas dominando esses quatro aspectos, o gestor de serviços será capaz de conhecer e, portanto, administrar as expectativas de seus clientes, em todos os pontos de experiência do cliente (ou ciclo de serviços como já vimos nas aulas anteriores). Atenção De acordo com Ribeiro (2006), “várias pesquisas têm apontado a relevância dos sinais na prestação de serviços. Uma vez que o serviço é uma promessa e é muito mais intangível do que tangível, os clientes apegam-se aos sinais (aquilo que vê e sente) para apoiá-los em suas impressões e decisões”. 96 Modelo dos cinco gaps Para que haja uma qualidade aceitável em serviços, é necessário identificar e analisar as possíveis falhas para que o gestor de serviços possa agir preventivamente, evitando que a falha aconteça. Quando a expectativa não é atendida e há frustração por parte do consumidor, podemos afirmar que houve um gap ou um hiato, ou seja, o serviço real, experimentado, estava aquém do serviço esperado. Esses gaps também são conhecidos como lacunas da qualidade. Lacuna do conhecimento – Gap 1 É conhecido como lacuna do conhecimento. Trata-se da diferença entre o que o cliente realmente deseja e o que os gestores da empresa pensam que o cliente deseja. Por isso é chamado de gap ou lacuna do conhecimento. O que pode ocasionar esta lacuna? Pesquisas insuficientes junto aos clientes; Uso inadequado dos resultados das pesquisas; Inadequada comunicação dentro da organização, não levando o conhecimento sobre o cliente da ponta às camadas hierárquicas mais superiores; Excessivo número de níveis hierárquicos. Como o gestor de serviços pode evitá-la? Pesquisar os clientes, por meio de canais formais e informais. Por exemplo, a filosofia Disney de gestão em serviços afirma: “se eu tenho 10 mil funcionários, tenho 20 mil ouvidos.” Isso quer dizer que o trabalho de observação e conhecimento do cliente deve ser constante e um dever de todos os funcionários da empresa. A cada interação temos a oportunidade de entender melhor o que o 97 nosso cliente espera de nossos serviços e como se sente em relação aos mesmos; É necessário que se busque diminuir a distância entre a gerência e as pessoas de linha de frente; Para que conhecer melhor os anseios e necessidades de seus clientes, é preciso ter foco e segmentar os clientes. Lacuna nos padrões - Gap 2 Ocorre quando há dificuldade em transformar as percepções dos clientes em especificações de serviços. Essa é a chamada lacuna nos padrões. O que pode ocasionar essa lacuna? Deficiências no compromisso que a direção assume com a qualidade do serviço: o Não são alocados os recursos necessários; o Qualidade não é vista com objetivo estratégico; o Falta de envolvimento das pessoas de topo. Percepção de inviabilidade: custos da qualidade X custos da falta dequalidade. Aqui o gestor não pondera que, na maior parte das vezes, reduzir custos para elevar a qualidade pode fazer com que reduza a capacidade de atrair mais receita para empresa, o que acaba gerando uma falsa economia. As empresas, em sua maioria, desconhecem os custos da falta de qualidade; Erros no estabelecimento de normas e padrões para a execução das tarefas – visão “de cima” X visão do “dia a dia”. Na maior parte das vezes, a alta direção da empresa estabelece regras sem antes ouvir quem realmente está em contato direto com os clientes. Toma as decisões sem que conheça a realidade das interações com os clientes; Ausência de objetivos claros; 98 Visão de curto prazo. A prestação de serviços de excelência preza pelo relacionamento com os clientes. Sabemos que relacionamento é algo que se constrói nos médio e longo prazos. Portanto, contraditório a culturas empresariais que visam extrair todo o lucro em apenas uma transação, sem pensar na recompra, e em uma relação equilibrada em benefícios, tanto para os clientes, quanto para os funcionários e seus acionistas; Dificuldade em traduzir os anseios dos consumidores. Um bom exemplo disso é quando, em uma pesquisa, os clientes falam que esperam rapidez daquele serviço ou frescor do alimento. O gestor de serviços precisa saber exatamente o que significam rapidez e frescor para o seu cliente, caso contrário, vai achar que melhorou o serviço, mas o cliente não entenderá como melhoria. Lembre-se: em serviço percepção é verdade. Assim, só será rápido ou fresco se o cliente assim perceber. Lacuna na entrega - Gap 3 Acontece quando o serviço prestado não é prestado como foi especificado. É conhecida como lacuna na entrega. Você, como gestor de serviços, treinou seu time, preparou manuais, estabeleceu regras e padrões, mas na hora exata da prestação do serviço, algo saiu diferente do planejado. O que pode ocasionar essa lacuna? Conflitos funcionais, ou seja, áreas que não estão alinhadas em relação a que procedimentos devem adotar; Processos mal definidos; Treinamento inadequado; Desajuste entre os funcionários e a tecnologia; Falta de comprometimento e motivação da equipe; 99 Supervisão inadequada; Os funcionários não compreendem o “porquê” das mudanças implementadas. Como o gestor de serviços pode evitá-la? É necessário assegurar que tem os funcionários com as habilidades certas, nos lugares certos, além de terem as ferramentas necessárias para desempenhar seu trabalho. Lacuna de comunicação - Gap 4 Na análise de deficiências da qualidade em serviços, chama-se lacuna de comunicação. Trata-se da lacuna que acontece quando há diferença entre o que é prometido pelo marketing da empresa e a efetiva experiência dos clientes. Ou seja, é a diferença entre o que a empresa comunica e anuncia, e o que realmente oferece aos seus consumidores. O que pode ocasionar esta lacuna? Deficiências de comunicação entre a publicidade e o pessoal de operações. Por vezes o pessoal de linha de frente não é informado ou bem orientado sobre a oferta que está sendo anunciada; Deficiências de comunicação entre o pessoal de vendas e o pessoal de operações. Pode acontecer do pessoal de vendas prometer algo que é impossível de operacionalizar como, por exemplo, uma entrega mais rápida do que se pode cumprir. Isso tende a acontecer em empresas com maior foco no curto prazo; 100 Tendência de prometer muito. Há empresas que fazem em sua comunicação o que chamamos de overpromise, ou seja, prometem mais do que são capazes de entregar. Como o gestor de serviços pode evitá-la? Quando ocorre essa lacuna, os clientes se sentem enganados. E para evitar que isso aconteça, é preciso assegurar uma comunicação honesta, clara e realista, prometendo apenas o que a empresa pode realmente oferecer. Lacuna no serviço - Gap 5 É chamada de lacuna no serviço. Trata-se da consequência dos outros quatro gaps. É a diferença entre o serviço esperado e o serviço percebido e experimentado pelo cliente. Cabe ao gestor de serviço tornar o momento da verdade, que é o momento da interação do cliente com a sua empresa, no momento em que o cliente faz a sua escolha, decide que vale a pena voltar a fazer negócios com a empresa, e não pensa que o seu investimento foi em vão. Para que isso aconteça, o gestor de serviços precisa conhecer e avaliar todos os atributos do seu serviço, tanto de acordo com a perspectiva do cliente (externa) quanto dos funcionários (interna). Sempre ponderando expectativas e entregas ou percepções. Dessa forma, poderá identificar atributos que são considerados nas expectativas internas dos gestores da empresa como sendo pouco importantes, mas que são essenciais para o cliente, e que são mal avaliados por este. Isso faria com que fosse identificado um problema de gap ou lacuna 1, por exemplo. 101 Matriz de avaliação Ao final da avaliação, podemos construir uma matriz com o grau de importância X grau de desempenho, a partir da identificação e de gaps, em uma ordem de prioridade dos atributos à luz do que é importante para o cliente. Atributos que apresentam baixo e médio desempenho e alta e moderada importância estariam em zona de perigo; Médio desempenho e moderada e baixa importância, estariam em zona de atenção; Todos os atributos que apresentam alto desempenho, independentemente do nível de importância, estariam na zona de conforto. Ou seja, para esse último, o desafio seria manter o alto desempenho. Fonte: Zeithaml, Berry e Parasuraman (1990) 102 Administração de expectativas Como vimos até aqui, é fundamental que haja a administração das expectativas na gestão da qualidade em serviços, e que esta seja capaz de: Assegurar que as promessas reflitam a realidade; Valorizar a confiabilidade; Comunicar-se com os clientes. No entanto, se você quer que a sua empresa exceda as expectativas, precisa, além disso: Tornar-se excelente na prestação de serviços; Capitalizar a recuperação de serviços, ou seja, aproveitar a reclamação para corrigir e aprimorar processos e, com a forma como reverte a situação, encantar o cliente. Nesse sentido, se a gestão da qualidade em serviços superar as expectativas do cliente, ultrapassando a frágil barreira da satisfação, e se aproximando do encantamento, a sua empresa será capaz de: Conquistar a lealdade do cliente. Você pode perceber que as melhores práticas na administração de expectativas em serviços, que contribuem para geração de influências positivas em relação à percepção de sua empresa, passam por: Prometer menos do que será entregue – isso minimiza o risco de lacuna ou gap; Destacar o que sua empresa faz bem no momento da interação com o cliente, a fim de reforçar que a decisão em fazer negócios com sua empresa foi acertada; 103 Pedir desculpas e corrigir imediatamente a menor falha, minimizando o impacto e compensando o cliente sempre que possível. Se o processo de recuperação em serviços for bem executado, você pode conquistar a fidelidade do cliente, e transformar um cliente insatisfeito em um defensor da sua marca. Endomarketing Você já estudou o que é valor para o cliente em serviços e a importância do equilíbrio entre o valor para o cliente e para a empresa, observando a relação entre produtividade e qualidade em serviços. No entanto, para que haja o encaixe ideal entre valor e proposta de serviços, Teboul (2008) afirma que deve haver equilíbrio entre as três partes interessadas na proposta ou desenho do serviço: Conceito Endomarketing é a prática de planejar e implantar ações de marketing para os clientes internos da empresa, ou seja, seus funcionários.É importante pensar que se fazemos marketing para os nossos clientes externos, por que não fazer marketing para os nossos clientes internos? 104 O endomarketing, ou marketing interno, reúne técnicas de comunicação interna, marketing e gestão de pessoas, com o objetivo de gerar engajamento, envolvimento, comprometimento e satisfação de seu público interno. Isso é feito para que a empresa possa atingir suas metas e manter sua boa imagem, construída de dentro para fora, por intermédio de seus funcionários e processos bem estruturados de prestação de serviços. E o valor para empresa? Você vai entender que, com o endomarketing, a otimização da produtividade da empresa estará vinculada ao que é esperado dos funcionários e, dessa forma, será possível entregar qualidade com o mínimo de custo. Esse é o valor para empresa: o equilíbrio ideal entre qualidade e produtividade, ou seja, lucro com o investimento na medida certa. E como o valor é obtido? O valor é obtido por meio de uma gestão eficaz de oferta e demanda e da gestão de pessoas. Você já estudou que quando falamos de empresas, essencialmente falamos de pessoas, ainda mais quando se trata de empresas dedicadas à prestação de serviços. Em menor ou maior escala, como vimos, as empresas precisam de interações entre duas pessoas: seu funcionário e seu cliente. Todo o esforço em marketing, processos e tecnologia pode ser em vão caso não se dê a devida atenção à gestão de pessoas. Frases como a dita por 105 Henry Ford “eu quero apenas dois bons braços. Infelizmente devo levar uma pessoa inteira junto”, não cabem no ambiente de prestação de serviços. Pessoas são essenciais, mesmo com toda a sua complexidade, desejos e anseios, que vão muito além do que apenas força de trabalho. São os seus funcionários os responsáveis por tornar, em cada momento da verdade, a promessa da sua marca em realidade. Importância das pessoas na gestão de serviços Podemos dizer que os funcionários representam a marca viva da empresa. Veja algumas razões para isso: O funcionário é a imagem da empresa. É ele um dos maiores responsáveis pela tangibilização da expectativa em serviço experimentado. Atributos referentes às pessoas são sempre os que apresentam maior grau de importância, quando avaliados em pesquisas junto ao consumidor. O funcionário detém, na maior parte das vezes, o diferencial competitivo do seu serviço. Claro que processos, operações e marketing são essenciais, mas são as pessoas que fazem isso acontecer. O funcionário é quem sabe lidar com o imprevisível, a regra não estabelecida, e está ciente dos princípios e valores da empresa, e saberá o que fazer quando se deparar com algo para o que não foi treinado. O trabalho do funcionário pode representar o próprio serviço, a depender do grau de dependência da interação humana em seu negócio; 106 O funcionário é a tangibilização do serviço, além de representar a memória do serviço; O turnover11 pode afetar a percepção de qualidade do serviço. Toda vez que seu cliente entra em contato com algum aspecto da sua empresa (ambiente, propaganda, funcionários etc.), você tem a oportunidade de criar (ou destruir) valor. O aspecto mais frequente na prestação de serviços é a interação humana. O funcionário é responsável por criar ou destruir valor a cada interação e, para isso, é necessário haver um encaixe perfeito. Dessa forma, o funcionário precisa enxergar valor na empresa para a qual trabalha, a fim de gerar valor para os acionistas, e retribuir esse valor para os clientes. Nesse sentido, parece essencial que os funcionários sejam tratados com a mesma importância dos clientes. Há alguns autores que propõem que eles sejam colocados em primeiro lugar, que a excelência em serviços viria como consequência dessa felicidade e orgulho de pertencer. O endomarketing é fundamental na gestão de serviços Porque a empresa que adota a verdadeira cultura de serviços tem a pirâmide invertida, ou seja, viram a pirâmide organizacional de cabeça pra baixo. Quando afirmamos que todos na empresa têm um cliente, como exposto no quadro a seguir, é porque mesmo que você não atue na linha de frente, seu 11 Turnover Taxa percentual que demonstra quanto do quadro de funcionários saiu da empresa, espontaneamente ou não. Empresas em serviços devem administrar bem esse percentual a fim de mantê-lo sob controle, porque a qualidade em serviços é uma função da qualidade de seus funcionários. E quando se perdem funcionários, perde-se conhecimento. 107 trabalho impacta o cliente final e, o mais um importante: certamente você é linha de frente, ou seja, prestador de serviço, para algum cliente interno. Cultura de serviços Em empresas que adotam a cultura de serviços, as práticas gerenciais fomentam ainda mais o desenvolvimento dessa cultura, por meio das pessoas. Exemplos das práticas gerenciais adotadas por essas empresas seriam: Relacionamentos pautados na confiança; Ambiente de respeito; Investimento no desenvolvimento pessoal e profissional do funcionário; Liberdade de criar; Autonomia para agir; Comunicação interna: transparência nas relações e nas decisões; Igualdade de oportunidades; Esforços e resultados recompensados; Oferecimento de oportunidade de crescimento. 108 O endomarketing utiliza todos os princípios destacados acima, e vai além de ferramentas gerenciais, como as usadas pelas áreas: De recursos humanos (avaliação de desempenho, benefícios, treinamento e participação nos lucros); De comunicação interna (comunicados, murais e jornal interno); Comercial (campanhas de incentivo e convenções). No entanto, as empresas perceberam que essas práticas não seriam suficientes para incentivar e recompensar a lealdade de seus funcionários, preservar e potencializar o conhecimento por eles acumulado. Por isso, as empresas passaram a enxergar os funcionários como clientes internos e a aplicar abordagem sofisticada de marketing, por meio do endomarketing, adaptando os esforços e técnicas antes apenas direcionadas aos seus clientes externos. Marketing interno Vejamos quais são as funções do marketing interno: Oferecer um ambiente motivador, capacitando a empresa a atrair e reter talentos; Informar e preparar os funcionários na ocasião do lançamento de um produto ou campanha de comunicação. Como você já percebeu, os clientes compram mais do que produtos e serviços, compram performance, atendimento e solução de seus problemas. Os funcionários são essenciais para que isso aconteça. Por isso, se estiverem satisfeitos e bem atendidos como clientes internos, eles cumprirão o seu 109 papel junto aos clientes externos, aumentando a probabilidade de satisfazê- los também. Para o endomarketing, o funcionário é o que podemos chamar de consumidor do produto emprego. O marketing interno pode utilizar técnicas similares ao do público externo, como: Pesquisas; Comunicação; Promoção; Desenho de produto (descrição de cargos e salários, por exemplo). O papel da liderança é essencial. É o líder que apoia a entrega do que é prometido pela empresa em suas campanhas e práticas de endomarketing. O líder, em parceria com as áreas de RH e Comunicação, é aquele que presta serviços ao funcionário, quando este é tratado e reconhecido como cliente interno. O marketing interno é o elemento que conecta funcionário, cliente e produto. Usa o conceito que indica que antes de vender a marca, o produto, a empresa para o cliente externo, é necessário fazer com que seus clientes internos (os funcionários) já tenham comprado, para que estejam aptos a entregar a promessa realizada pelaempresa aos clientes externos. Tudo funciona como um ciclo virtuoso. Satisfação dos funcionários É cada vez mais relevante que as empresas se perguntem: meus funcionários estão felizes? 110 O tema é estratégico para as empresas porque a felicidade, a satisfação dos funcionários, impacta no clima organizacional, na produtividade e na qualidade dos serviços prestados pela empresa. E esses fatores comprometem os resultados e a lucratividade da organização. As iniciativas do marketing interno devem promover no pessoal de linha de frente: Capacidade de controle; Autonomia; Qualificação; Informação. Dessa forma, os funcionários conseguirão assumir responsabilidades e ter iniciativas, que possam construir valor para empresa, por meio da promoção de uma imagem positiva da mesma. Os funcionários conhecerão a importância do papel de cada um para o sucesso da empresa. Para ser bem-sucedido, o endomarketing deve compor a gestão estratégica da empresa. Em um ambiente em que a sua prática está consolidada, observamos a presença do empowerment, que significa dar poder aos funcionários. Nesse sentido, a partir de metas e objetivos bem estabelecidos, somados à devida qualificação e treinamento, os funcionários ganham mais responsabilidade e liberdade para a tomada de decisão, a partir dos princípios bem comunicados e conhecidos de todos na empresa. Funcionários em um ambiente com empowerment têm o que chamamos de cabeça de dono, ou como Mills defende, apresentam o que chama de “insatisfação criativa”. Esse conceito seria o que autor acredita ser “um 111 estado de entusiasmo e curiosidade permanentes, que faz com que se mova na direção da construção de algo que julgue relevante.” Ou seja, tendo funcionários que perseguem a melhoria contínua e inovação, a empresa alcança excelência no que faz e se destaca em relação aos seus concorrentes, tendo a qualidade e foco do cliente como vantagem competitiva. Ações de marketing interno Spiller (2011) afirma que “os momentos de contato com o funcionário já existem naturalmente desde processo de seleção e o programa de integração do novo colaborador até as idas ao refeitório, as festas celebrando datas especiais, os treinamentos. Existem ainda as interfaces com as áreas de recursos humanos e assistência social, o grêmio, os eventos esportivos internos e os programas de voluntariado da empresa. No entanto, há ações deliberadamente construídas para provocar a comunicação interna”. Vamos conhecer as principais e mais frequentes ações de marketing interno: Comunicação interna Muitos são os canais utilizados para execução da comunicação interna. Os meios mais frequentes são: house-organ (jornal interno), intranet, panfletos, pôster, murais ou quadros de aviso, manuais, filmes, intervenções – práticas similares ao marketing de guerrilha – encenações, esquetes etc. Cultura empresarial É essencial que a cultura da empresa seja disseminada e fortalecida. Essa é uma função do endomarketing e suas ações devem divulgar e fortalecer a causa, os valores e a visão organizacional. 112 Captação e seleção de pessoas Empresas que têm boas práticas de endomarketing atraem os melhores talentos, chamando atenção por meio da motivação e satisfação dos seus atuais funcionários, que indicam futuros funcionários. Outra prática bastante utilizada é a participação em feiras de emprego. Além disso, durante o processo seletivo há preocupação em avaliar mais do que as habilidades e competências dos candidatos, como se eles têm os mesmos valores da empresa, e se há adequação do mesmo à cultura organizacional. Pesquisas e avaliação de desempenho A partir dos resultados das pesquisas, é possível avaliar a consistência da cultura organizacional, desenhar novos programas de desenvolvimento de pessoas e buscar novos benefícios. Além disso, adoção da avaliação 360°12 também é uma boa prática de endomarketing. Espaços informais para diálogo entre os funcionários e seus líderes também são bem-vindos, como algumas empresas que promovem programas como “café com o presidente”. Entretanto, em toda e qualquer prática citada, o feedback, o retorno ao funcionário, é essencial, para que ele se sinta ouvido e para que haja a construção de um ambiente de confiança. 12 Avaliação 360º A avaliação 360º considera não só a avaliação do funcionário por parte de seu gestor, mas do gestor por parte do funcionário, e de todos os funcionários da empresa por parte de seus pares e clientes internos, além da autoavaliação do funcionário. 113 Benefícios e serviços É necessário que a empresa conheça bem o seu público interno para que, como acontece com os seus clientes externos, sejam oferecidos os benefícios e serviços mais adequados a cada grupo de funcionários, em um processo de customização dos benefícios. Podemos entender por benefícios e serviços iniciativas que favoreçam a qualidade de vida. Eles são o plano de saúde, as salas de descompressão, os programas de incentivo, shiatsu, até flexibilização de horários e locais de trabalho (home office), entre outras. Integração interna Estimular o trabalho em equipe, a cooperação, liberdade de expressão e ação por meio de iniciativas como: Desenho adequado das instalações; Prática de job rotation13; Alocação de funcionários de diferentes áreas em projetos; Treinamentos multidisciplinares. Avaliação, reconhecimento e recompensa É essencial que a empresa tenha sistemas e programas que reconheçam e recompensem os funcionários que apresentem os comportamentos valorizados pela cultura organizacional. Iniciativa e criatividade devem ser premiadas, indo além da premiação e do reconhecimento da sua entrega técnica. A recompensa, ao contrário do que se costuma pensar, não se restringe apenas à recompensa financeira. 13 Job Rotation Alocação de funcionário em outra área diferente de sua área de origem, por tempo determinado. 114 Para finalizar nosso curso, e para que você nunca se esqueça da importância das pessoas para que se alcance a excelência em serviços, é importante a seguinte mensagem: ao contrário da frase de Henry Ford citada anteriormente, Walt Disney, por ser representante de uma empresa, que sempre carregou em sua marca a qualidade e cultura de serviços, dizia: “podemos sonhar e construir o lugar mais maravilhoso do mundo. Porém precisamos de pessoas para tornar o sonho realidade.” Atividade proposta Leia o case do Magazine Luiza e identifique as melhores práticas na gestão de serviços, que fazem com que a empresa se destaque na prestação de serviços com excelência. Referências GRÖNROOS, C. Marketing: gerenciamento e serviços. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. LOVELOCK, C. Marketing de serviços: pessoas, tecnologia e estratégia. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2011. RIBEIRO, A. Marketing e Serviços que ainda fazem a diferença. São Paulo: Saraiva, 2006. SPILLER, E. S. Gestão de Serviços e marketing interno. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2011. TEBOUL, J. Serviços em cena: o diferencial que agrega valor ao seu negócio. Brasília: Campus IEL/NC, 2008. 115 ZEITHAML, V. A.; BITNER, M. J. Marketing de serviços: a empresa com foco no cliente. Porto Alegre: Bookman, 2011. Exercícios de fixação Questão 1 Assinale abaixo a alternativa incorreta: a) O gap 1 é ocasionado pelo desconhecimento, pelos gestores da empresa, das reais expectativas dos clientes. b) Não é possível para empresa gerir as expectativas dos clientes em relação aos seus serviços, apenas é possível à empresa gerir a entrega do serviço. c) Quando promessa e experiênciasão divergentes podemos afirmar que identificamos o gap 4 da qualidade em serviços. Questão 2 Há diversas formas de conhecer as expectativas e conhecer melhor o consumidor. Assinale abaixo a alternativa que representa a forma mais completa de avaliar a satisfação geral do cliente: a) Pesquisas Transacionais. b) Cliente misterioso. c) Pesquisa total de mercado. 116 Questão 3 Sabemos que o gerenciamento de qualidade e expectativas em serviços começa pela promessa feita pela marca. Assinale abaixo a opção que completa mais corretamente as lacunas da frase a seguir: A promessa da marca é formada _____________. Cabe à empresa entender que o consumidor forma a imagem de sua marca ____________________. a) Pela publicidade da empresa / por meio da interação com os seus funcionários. b) Por comunicações formais, boca a boca, ambiente e experiências / em todos os pontos de contato e interações. c) Pelas opiniões de consumidores nas redes sociais / sempre que vê algum de seus anúncios, acessa o seu site ou visita uma de suas lojas. Questão 4 Para gerir qualidade em serviços, é necessário que a empresa (assinale a opção incorreta): a) Escute o cliente com regularidade e através de múltiplos canais. b) Revisite os seus processos com frequência e os desenhe sob a perspectiva do cliente. c) Evite ao máximo o erro e entenda reclamações como um problema apenas. 117 Questão 5 Imagine a seguinte situação: você acabou de ver no Facebook uma notícia sobre uma promoção de viagens internacionais. As suas férias estão se aproximando e viajar para o exterior é tudo que você mais sonha. Você clica no link, acessa o site da promoção, e inicia o processo de pesquisa. Qual não é a sua surpresa quando descobre que no site só há destinos nacionais em promoção. Analisando a situação descrita acima, podemos afirmar que se trata de uma deficiência na qualidade do serviço, que pode ser classificada como: a) GAP 3 b) GAP 1 c) GAP 4 Questão 6 Assinale abaixo a alternativa incorreta: a) O marketing interno significa tratar os funcionários como clientes internos. b) A prática do endomarketing busca aplicar junto aos funcionários ações de marketing, lançando mão apenas de ferramentas de comunicação interna. c) Empresas bem-sucedidas em serviços investem em endomarketing. 118 Questão 7 A adoção da cultura de serviços pressupõe que a empresa passe a ter alguns aspectos característicos em sua gestão. Assinale a alternativa incorreta: a) Transparência na comunicação b) Gestão baseada em comando-controle c) Confiança Questão 8 A adoção do endomarketing relaciona-se diretamente com a cultura de qualidade em serviços. Em empresas que vivenciam verdadeiramente isso podemos observar com mais frequência as seguintes práticas e características (assinale a alternativa que está parcialmente correta): a) Elevados investimentos em treinamento e desenvolvimento dos funcionários. b) Funcionários reconhecidos e recompensados por iniciativas individuais. c) Cultura de criatividade e inovação. Questão 9 Imagine a seguinte situação: você entra em contato com o serviço de atendimento ao cliente de sua operadora de telefonia celular sobre um SMS que recebeu sobre uma promoção que lhe interessou. Entretanto, do outro lado da linha, o atendente afirma desconhecer a promoção e diz que vai se informar melhor com a sua supervisora. Algum tempo depois, volta a falar com você, pede desculpas, explica a promoção. Você decide pensar melhor se vai ou não fechar negócio. Mas de uma coisa você tem certeza: essa empresa acaba de te passar a imagem de desorganização. 119 A situação retratada acima demonstra que a empresa não costuma investir em _________________, provando que encarar o funcionário como _______________ é essencial para satisfazer e, por vezes até mesmo encantar o _____________. Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas: a) Comunicação, prestador de serviços, acionista. b) Endomarketing, cliente interno, cliente externo. c) Gestão de pessoas, cliente interno, cliente externo. Questão 10 Leia o artigo em PDF: Na situação relatada no artigo, em uma empresa que realmente adota a cultura de serviços, podemos afirmar que esse processo aconteceu porque há _________________ para os funcionários de linha de frente. E esses, quando lidam com os clientes de maneira tão inovadora são __________________, fazendo com que ___________________ em um próximo atendimento. a) Uma relação de controle, repreendidos, atendam mal ao cliente. b) Autonomia, recompensados, busquem se superar. c) Autonomia, reconhecidos, se acomodem. http://pos.estacio.webaula.com.br/Cursos/POS443/docs/artigo_questao_10_exercicios.pdf 120 Aula 1 Atividade proposta 1 Todos os atributos são intangíveis. Qualidade do serviço, atendimento ágil e eficaz, serviços adicionais, como os recentes programas de vantagens, como o Premmia, da Petrobras, ou o KM de Vantagens da Ipiranga. Porque se pensarmos o produto em si, combustível, qualquer um vai fazer o seu carro andar. Para Theodore Levitt (1980), nós, como consumidores, não compramos um bem ou serviço em si, mas o benefício que nos é prometido, que será entregue ou não, pela marca. Atividade proposta 2 As etapas que compõem o fluxo do processo de marketing são: No Marketing de Produto: Pré-produção: identifica a necessidade dos clientes; desenvolve o produto; estimula a demanda; divulga e fortalece a marca; Pós-produção: proporciona experimentação e demonstra benefícios; pesquisa e avalia a preferência da marca; Venda: refere-se ao momento da compra pelo consumidor, em que o mesmo avalia os riscos, a relação custo-benefício, a promessa da marca, entre outros fatores que impactam a sua decisão de compra; Consumo: refere-se ao uso efetivo do produto pelo consumidor; Pós-venda: tem por objetivo garantir a satisfação do cliente e perseguir a recompra, dando continuidade aos negócios. No Marketing de Serviços: 121 As etapas se assemelham ao processo do marketing de produto, mas com a ordem alterada: Pré-produção: identifica a necessidade dos clientes; desenvolve o produto; estimula a demanda; divulga e fortalece a marca; Venda: a decisão de compra aqui é mais arriscada, porque o serviço só será efetivamente experimentado no uso. Trata-se de uma espécie de aposta que o consumidor está fazendo; Produção e Consumo: são duas etapas do processo que ocorrem simultaneamente. Proporciona experimentação e demonstração de benefícios; pesquisa e avalia a preferência pela marca; Pós-venda: é nessa etapa que a aposta feita pelo consumidor durante o processo de decisão de compra realmente é avaliada. Nesse momento, a empresa deve averiguar o grau de satisfação; avaliar todo ciclo de prestação de serviço, identificando pontos positivos e pontos a melhorar; coletar sugestões; demonstrar para o consumidor a intenção de manter a excelência na prestação de serviços e afirmar o interesse de continuar tendo o consumidor como seu cliente. Tudo isso pode ser feito pelos mais diversos pontos de contato com a empresa. Exercícios de fixação Questão 1 - V, F, F Justificativa: Se entendermos o produto em suas quatro dimensões propostas por Theodore Levitt, podemos afirmar que sim. Porque o produto vai além de sua essência, sendo a solução que atende a necessidades do consumidor. O produto total e suas dimensões têm em sua concepção serviços que concedem diferenciais às empresas que buscam oferecer a solução mais adequada aos anseios de seus consumidores. A teoria se aplica a todas as realidades de negócio. 122 Questão 2 – A Justificativa: Theodore Levitt nos apresentao conceito de produto total, que é composto por quatro camadas. O genérico, que seria a essência do produto, é o produto em si. O esperado, que representa a expectativa mínima que o consumidor tem em relação ao atendimento de sua necessidade. O aumentado, camada responsável por superar a expectativa do consumidor. E o potencial, é a camada que representa em quê o produto aumentado ainda pode melhorar; representa o potencial do produto, a partir de uma evolução do que pode ser oferecido ao usuário no futuro. Questão 3 – B Justificativa: Se as empresas colocam energia e investimento apenas em suas práticas de vendas, em sua disciplina comercial, não irão garantir a recompra de seus produtos e serviços. Não investirão na gestão mais ampla de marketing, que tem o cliente como centro, e não o produto. Esse tipo de prática vai contra a filosofia da gestão de serviços, que pensa sempre na relação contínua com o cliente, investindo, para isso, na gestão de todo o processo de marketing de serviços. Questão 4 – A e B Justificativa: Na situação relatada, o que se apresenta é uma solução completa para o problema do cliente: conseguir pegar um táxi. Observando o comportamento dos consumidores, cada vez mais conectados aos seus smartphones, e a necessidade constante de mobilidade nas grandes cidades, empreendedores desenvolvem serviços inovadores como esses, que colocam por terra modelos de negócios tradicionais, como o das cooperativas de táxi. Como a experiência com o serviço é positiva, a mesma é recomendada em um boca a boca positivo para as marcas que prestam esse serviço, como aconteceu na situação exposta. 123 Questão 5 - A – 3; B – 1; C – 2; D – 4 Justificativa: Há outras máquinas de café que funcionam com cápsulas no mercado, mas a marca Nespresso consegue praticar um preço premium por ter criado em torno de sua marca uma atmosfera de requinte e bom gosto. Desenvolveu o Clube Nespresso, em que consumidores que têm o seu produto genérico – a máquina e as cápsulas – podem solicitar mais cápsulas que serão entregues em sua casa – reposição de cápsulas para máquinas de café é um produto esperado. No entanto, a marca decidiu diferenciar-se da concorrência que opera em pontos de vendas convencionais, como supermercados. Se essa diferenciação ainda não era suficiente, para tornar o serviço tangível e reforçar o atributo requinte à marca, possui pouquíssimos pontos de vendas em shoppings selecionados, onde seus produtos podem ser comprados e apreciados, fomentando o desejo daqueles que ainda não fazem parte do clube. Esse movimento de lojas próprias, somado ao desenvolvimento de edições especiais de sabores de café, compõe a terceira camada do produto, o produto aumentado. O produto potencial, a camada que representa as novidades que ainda podem vir, promovidas pela marca, pode ser ocupada por curso de barista, por exemplo, ou por um serviço de aluguel de máquinas Nespresso ou até mesmo máquinas mais baristas, para preparar bebidas com café em eventos. Questão 6 – B Justificativa: A simultaneidade é justamente um dos desafios da gestão de serviços que pressupõe a participação do cliente nas etapas de produção e consumo, que ocorrem ao mesmo tempo. Em alguns tipos de serviço, como na consultoria de um arquiteto, a participação do cliente é mais intensificada e corresponsável pela qualidade e satisfação em relação à entrega. Produtos e serviços são essencialmente diferentes, por isso há o campo de 124 conhecimento e prática da gestão de serviços, que estamos estudando nesse curso. Questão 7 – C Justificativa: A terceira opção estaria correta se afirmasse que a heterogeneidade é o que NÃO torna os serviços padronizados e uniformes. Essa característica ocorre porque serviços dependem de pessoas e processos. E, por isso, a padronização torna-se um dos maiores desafios da gestão de serviços, o que faz com que a segunda opção esteja errada. Esse desafio pode ser superado por treinamento e capacitação constante dos funcionários, além de estabelecimento de procedimentos e gestão de processos. Quanto à perecibilidade, citada na primeira opção, essa é mais uma característica dos serviços que, diferente dos produtos, não podem ser estocados. O que faz com que os gestores de serviços administrem bem a oferta e a demanda a fim de otimizar seus resultados. Um exemplo que ilustra bem essa característica é a de passagens aéreas: uma companhia aérea que tem seu avião com assentos vazios, ao levantar voo, perdeu a oportunidade de ganho financeiro. E esse “estoque” de assentos não poderá mais ser comercializado. A receita equivalente àqueles assentos não mais será gerada. Questão 8 – C Justificativa: Devido às características dos serviços, as três primeiras opções nos mostram quais são os fatores essenciais a uma gestão de serviços de excelência. A quarta opção estaria correta se afirmasse que confiança impacta na percepção de qualidade e, até mesmo, na prática de precificação premiu. Principalmente pela intangibilidade, o preço é calculado a partir do valor percebido pelo consumidor em relação à marca. E o valor percebido é tão 125 maior quanto é a qualidade entregue pela marca e a confiança construída entre a marca e os seus consumidores. Que, por isso, podem aceitar até mesmo pagar um valor mais elevado – preço premium – por ter a satisfação de sua necessidade garantida e, muitas vezes, até mesmo tendo a sua expectativa de entrega superada. Assim, todos os fatores expostos para excelência em serviços servem para que se construa confiança do cliente em relação à marca, que será percebida como uma marca de qualidade e confiança. E que, por isso, pode até mesmo praticar um preço premium. Questão 9 – C Justificativa: Gestão eficiente de processos também é algo essencial na gestão de serviços, mas não elimina a necessidade de uma boa gestão de pessoas, e nem traz uniformidade definitiva aos serviços. A heterogeneidade é uma característica de serviços que precisa ser administrada, mas que não pode ser eliminada. Questão 10 – B Justificativa: A perecibilidade é uma das características dos serviços, diferente dos produtos, pelo fato de os serviços não poderem ser estocados. O que faz com que os gestores de serviços administrem bem a oferta e a demanda a fim de otimizar seus resultados. Um exemplo que ilustra bem essa característica é a de passagens aéreas: uma empresa aérea que tem seu avião levantando voo com assentos vazios perdeu a oportunidade de ganho financeiro. E esse “estoque” de assentos não poderá mais ser comercializado. A receita equivalente àqueles assentos não mais será gerada. Por isso, em períodos de baixa temporada, há promoções para evitar que aviões decolem vazios, gerando demanda para uma época em que, sem promoção, mais assentos “levantariam voo” vazios. 126 Questão 11 – A Justificativa: Serviços também são geridos pelos 4Ps. No entanto, só esses não são suficientes. Para uma gestão eficaz de serviços é necessário lançar mão de mais 2Ps: pessoas e processos Questão 12 – B Justificativa: A terceira alternativa nos apresenta corretamente os 6Ps do Marketing de Serviços. Na última alternativa o momento da verdade tem a ver com o P de processos, mas não é a resposta correta porque P de processos engloba o desenho e a gestão de processos, enquanto momentos da verdade se relacionam mais à gestão dos processos e de todos os pontos de contato com a marca na prestação de serviços. Questão 13 – B Justificativa: Na gestão de serviços, funcionários também precisam ser entendidos como clientes. Por isso, boas práticas de marketing interno são essenciais para que os funcionários sejam verdadeiros embaixadores das marcas na interação com seus clientes. Treinamento é essencial, masnão suficiente. Funcionário também precisa ser encantado e surpreendido. E, além de comunicação com o cliente externo, construindo promessa, a empresa precisa cuidar para que a promessa seja cumprida, na entrega efetiva do produto em todos os momentos da verdade. Questão 14 – B Justificativa: A atendente pode ter errado o cadastramento do endereço ou o entregador pode ter realizado a entrega no lugar errado. Isso denotaria erro apenas humano. No entanto, os processos poderiam estar mais bem amarrados. Por exemplo: o cadastramento de endereço no sistema poderia estar atrelado ao CEP, evitando possíveis erros de digitação por parte da atendente, e consequente falta de padronização de endereço na base de 127 dados. Poderia haver também um campo no sistema como “ponto de referência” para facilitar a vida do entregador, evitando erros do mesmo. Se tivéssemos apenas atraso na entrega, seria um erro de processo, que estaria sendo comunicado com um prazo incompatível com a produção e logística da empresa. Questão 15 – A Justificativa: Quando empresas agregam aos seus produtos e serviços principais serviços adicionais, estão praticando o que chamamos de hibridização, buscando obter diferenciação em relação aos concorrentes e impactando, principalmente, os seus Ps de Preço, Pessoas e Processos. Preço porque poderá praticar preço diferenciado e condições especiais para clientes que comprarem na concessionária o pacote completo de serviços; Pessoas, porque precisam ser treinadas para comercializar o novo serviço; e Processos porque vender carro é diferente de prestar serviços automotivos ou comercializar seguros, por isso novos processos precisam ser desenhados e geridos. Aula 2 Atividade proposta 1 A resposta do garçom é absurda. Colocar inseticida na sopa e justificar que tal medida era para não ter mosca, não caracteriza um serviço, nem um produto de qualidade. Agora, pense na responsabilidade de quem presta serviços: a cada interação podemos construir ou destruir uma marca. Ou você nunca deixou uma empresa por ser mal atendido ou por ter um serviço de pós-venda ineficaz? 128 Atividade proposta 2 No caso da Netflix, seriam acrescentados, por exemplo, momentos da verdade como download do aplicativo, navegação para escolha do filme, facilidade de escolha, reprodução do filme em streaming, etc. Seriam eliminados todos os momentos da verdade relacionados ao PDV (ponto de venda, loja física). Atividade proposta 3 Como podemos constatar na matéria, os resultados negativos referentes a lacunas no atendimento em várias plataformas, afetam gravemente a satisfação dos consumidores em relação às marcas. E o que vemos como consequência são consumidores intolerantes, impacientes e preocupados com a reputação das empresas, como nos traz a reportagem. Uma das principais causas dessa insatisfação está na percepção de que as empresas estão mais preocupadas em vender por meio de múltiplas plataformas, mas o mesmo não se aplica quando falamos do pós-venda. Ou seja, como vimos nessa aula, é como se a empresa se preocupasse apenas com o início do ciclo de serviços e deixasse todo o restante a desejar. Exercícios de fixação Questão 1 - 1B; 2C; 3A Justificativa: Quando falamos em gestão de serviços falamos de integrar pessoas, marketing e processos. E, por isso, podemos afirmar que o bom gestor de serviços deve dominar as disciplinas de gestão de marketing, gestão de RH e gestão de processos, já que a qualidade em serviço reside nos detalhes, que podem ser comprometidos pelas operações da empresa, por exemplo. Nada em serviços é menos nobre. Tudo corrobora para plena satisfação do consumidor. Só a promessa do marketing não basta para 129 entrega efetiva da solução buscada pelo cliente. São necessárias pessoas bem preparadas e operações eficazes e eficientes. Questão 2 – A, D, E Justificativa: Uma empresa que tem uma verdadeira cultura de serviços, e é reconhecida como excelente no que faz, entende que a integração entre marketing, gestão de pessoas e processos é essencial para o seu sucesso. Por isso, a seleção e capacitação das pessoas passam a ser funções compartilhadas entre marketing e RH, é peça-chave na gestão de serviços, o que demonstra que a terceira alternativa está errada. Além disso, a gestão de serviços relaciona-se imensamente com operações bem-sucedidas e processos bem amarrados e monitorados, o que faz com que a segunda alternativa esteja errada, já que uma empresa que dedica esforços apenas para parte dos processos que impactam o cliente não é uma empresa com excelência em serviços. Questão 3 – A Justificativa: A primeira alternativa está incorreta porque para o cliente o ciclo de serviços é um só processo. Não importa qual departamento é responsável por este ou aquele momento da verdade. Para o consumidor a relação com a marca é única. Os bastidores dos serviços não devem ser de conhecimento do cliente. As demais opções estão corretas porque exemplificam boas práticas em serviços, como ouvir sempre o cliente, por todos os canais; aprender com os erros e aprimorar os serviços a partir das reclamações; disponibilizar diversos canais de escuta ao cliente, como pesquisas, além de atendimento pessoa, chat, e-mail e outras opções de canal de atendimento; e incentivo à fidelidade e recompra. Questão 4 – C Justificativa: A satisfação do cliente só pode ser assegurada pelo correto equilíbrio entre promessa da marca e entrega da marca. A comunicação gera 130 a promessa da marca, mas não assegura que a entrega esteja à altura da promessa. A entrega é regida pela gestão de pessoas e gestão de processos. Fazer a marca ser conhecida e construir uma imagem para marca é papel da gestão de comunicação e marketing em serviços. Mas lembre-se: construir uma imagem de produto de qualidade é apenas uma promessa; a real percepção de qualidade por parte do consumidor ocorre no momento em que ele interage com o serviço. Questão 5 – B Justificativa: Desde a contratação do fotógrafo até a etapa da entrega das fotos e vídeos, temos diversos momentos da verdade no caso relatado. De nada adiantou ser excelente em todos os demais se naquele que melhor tangibilizava o seu serviço – a entrega do vídeo – ele falhou. O fotógrafo precisa aprimorar seu processo de gravação e providenciar backups durante a festa, por exemplo. Ou ter mais de um profissional e equipamento filmando simultaneamente. Questão 6 – B Justificativa: A gestão de serviços tem princípios únicos, mas que são adaptados a cada um dos tipos de serviços existentes. Isso desqualifica a primeira alternativa. Já a terceira alternativa está incorreta porque se o serviço tem por característica muita interação, o investimento em gestão de pessoas deve ser ainda maior. A segunda alternativa está correta porque essa é exatamente a função e a importância de conhecer a classificação de serviços. Questão 7 – E Justificativa: A quinta alternativa é a opção correta por nos trazer exemplos em que a intensidade de interação humana é enorme, por meio de consultores, professores e médicos. E porque se trata de negócios de natureza relacional, focado em transações mais contínuas e não estanques, 131 como no caso de e-commerce, transporte público, livraria, farmácia, pet shop e cafeteria. Nesses negócios há a recorrência de compra, mas não há relação com o cliente porque a empresa não conhece individualmente os mesmos, não tem os seus dados, apenas os dados de suas transações. Justamente o oposto é o que ocorre em negócios relacionais. TV por assinatura e telefonia celular são exemplos de serviços relacionais, mas que apresentam menor intensidade de interação humana. Veterinário e clínica médica reúnem tanto a característica relacional quanto de intençãointeração, mas como estavam acompanhados por farmácia na segunda alternativa, acabaram não compondo a opção correta. Questão 8 – D Justificativa: As classificações em serviços seguem muito das características dos serviços que vimos na aula anterior: intangibilidade, heterogeneidade, simultaneidade, perecibilidade. Por isso, muitas das classificações existentes são variações e combinações de aspectos apresentados nessas características. Assim, as classificações costumam avaliar o quanto o serviço apresenta aspectos mais ou menos tangíveis; o quanto os serviços são mais ou menos customizados ou padronizados; o quanto é complexo o processo de decisão de compra por parte do cliente; e quanto aquele serviço depende mais ou menos da intensidade da interação humana. A quarta alternativa, preço, não é um atributo que compõe as classificações em serviços, mas sim uma derivação da classificação, ou seja, as características que compõem a classificação impactam no preço que será praticado. Questão 9 – B Justificativa: Negócios que envolvem assinatura são negócios relacionais, já que a empresa conhece o cliente e não se trata de uma relação comercial pontual e estanque. A interação nesse ramo costuma ser baixa por ser 132 percebido apenas nos momentos de assistência técnica e atendimento pós- venda. Para o uso regular do serviço a interação humana não é necessária. Questão 10 – A Justificativa: Lojas de e-commerce que permitem que os clientes personalizem os seus produtos, como a Camiseteria ou, outro exemplo, a FotoRegistro (serviço de impressão de fotos e produtos personalizados a partir de suas fotos), apresentam elevada customização, distanciando-se da commoditazação dos demais concorrentes. Por serem do segmento digital, demandam menor interação humana. A complexidade é baixa: comprar uma camiseta ou uma capa de celular personalizada não é tão complexo quanto adquirir um seguro. Lembre-se: classificações são sempre comparativas. E, por fim, trata-se de um serviço com uma dose maior de tangibilidade porque há um produto físico envolvido: a camiseta ou a capa para celular. Questão 11 – A, B, D Justificativa: O cliente digital, especialmente em serviços, não tolera mais esperar. Se em um clique ele resolve tudo na internet, por que as demais empresas que os atendem não conseguem fazer o mesmo? A expectativa pela velocidade com qualidade de atendimento está cada vez mais elevada. Se o consumidor tem vários devices, ele espera que a sua marca esteja presente em todos eles, seja para atendê-lo em redes sociais ou chats, seja desenvolvendo um app (aplicativo) que ele possa usar em seu smartphone. E, diante de tantos estímulos, a disputa pela atenção do cliente está cada vez maior. Por isso a terceira alternativa está errada. Questão 12 – B Justificativa: Para o cliente não importa a que setor a empresa pertence. Importa que na marca A ele é melhor atendida que na marca B. Que no site X ele pode conversar via chat com alguém, e que no app (aplicativo) Y ele pode pedir comida com frete grátis. O consumidor compara experiências, 133 independente do setor. Por isso, é essencial como gestor de serviços, buscar as melhores práticas, independente do seu ramo de atuação. Questão 13 – A2; B1; C4; D3 Justificativa: O consumidor contemporâneo espera que as empresas respeitem o seu tempo e, se possível, o poupe, por meio de serviços móveis. Qualidade de vida impacta na questão da economia do tempo, como se gasta esse tempo e como se equilibra o tempo entre obrigação e prazer. As empresas que conseguirem desenhar serviços que trabalhem a favor disso serão bem-sucedidas. E todas as demais precisam levar essa caraterística do consumidor em consideração quando estiverem desenhando os seus ciclos de serviços. Além disso, a empresa precisa assegurar que o que ela promete em suas comunicações e no seu posicionamento, está realmente sendo entregue na experiência do cliente. E, por fim, precisa ser relevante para conseguir chamar atenção para sua marca em meio a tantos estímulos convergentes. Questão 14 – A Justificativa: A imagem 1 poderia ser considerada como manifestação do comportamento da qualidade de vida, porque quando decidimos comprar pela internet poupamos um bem precioso: tempo. No entanto, a resposta correta é mobilidade da imagem 1 representada pela digitalização de nossa vida como consumidor, quando podemos comprar a qualquer hora, em qualquer lugar por meio de vários dispositivos. A imagem 2 refere-se à convergência de tecnologia e de mensagens que rodeia o consumidor. Questão 15 – C Justificativa: A expectativa do consumidor em relação ao serviço prestado é formada não só pela promessa da marca como também pelas experiências anteriores que ele teve em serviços dos mais diversos segmentos. Se a Disney ou a Amazon são capazes de surpreender e encantar o cliente, ele vai esperar o mesmo de todas as demais empresas com as quais ele se relaciona. Chamamos esse aspecto do comportamento do consumidor de aprendizado. 134 Aula 3 Atividade proposta O ideal seria aplicar a metodologia do cliente misterioso, que analisa todos os aspectos do ciclo de serviços, avaliando de forma simulada todos os momentos da verdade. No seu roteiro de observação devem constar itens que representem as etapas e atributos essenciais para que seu serviço seja prestado com excelência: limpeza, sabor das refeições, frescor dos alimentos, apresentação das refeições, variedade do cardápio, ambiente, presteza dos funcionários, agilidade no atendimento, pedido atendido corretamente, conta correta, formas de pagamento, localização, espaço para crianças etc. Acompanhando esses atributos, o gestor poderá identificar as lacunas entre o processo desenhado e o que está sendo efetivamente entregue, e entre o serviço prestado por seu restaurante comparado aos restaurantes concorrentes. Com isso será capaz de interferir na gestão de pessoas, processos e marketing para que, em um próximo ciclo de pesquisa, possa obter melhores resultados. Exercícios de fixação Questão 1 – B Justificativa: Para alguns clientes valor pode ser igual a preço, na contratação de alguns tipos de serviço. Entretanto, na maior parte das vezes, o valor para o cliente em serviços é composto pela relação entre os benefícios objetivos e os custos investidos. No caso de um resultado positivo obtido dessa relação, há valor percebido pelo cliente em relação ao serviço contrato. 135 Questão 2 – B Justificativa: quando o serviço percebido é maior do que o serviço esperado há o que chamamos de encantamento, que vai além da satisfação, e acontece quando a empresa entrega um serviço maior ao serviço esperado pelo cliente. Questão 3 – A Justificativa: Pode haver uma dúvida em relação à última alternativa, mas entregar no prazo acordado não é mais do que a obrigação da empresa. A entrega atrasada reduziria o valor, por incorrer em maior custo não econômico para o cliente, gerando aborrecimento. Entregar no prazo teria efeito neutro sobre o valor percebido pelo cliente. Questão 4 – B Justificativa: Os custos incorridos pelo cliente na aferição de valor ao consumir um serviço são formados por fatores econômicos e não econômicos. O fator econômico é composto pelo preço. E os não econômicos, pelos demais custos exigidos do consumidor, como tempo, deslocamento, esforço etc. Questão 5 – C Justificativa: Um serviço tem valor para o cliente ou, em outras palavras, “vale a pena para o cliente”, quando a relação custo-benefício é positiva. Só o benefício não basta, porque pode representar a solução desejada pelo cliente, mas não ter um custo que faça valer o investimento quando comparado ao que ele vai receber, principalmente se algum concorrente representa para o clienteum melhor valor, uma melhor relação custo-benefício. Questão 6 – A, B Justificativa: A última alternativa se refere à composição da qualidade experimentada, que é impactada pelo o que é entregue no serviço e como o serviço é entregue. 136 Questão 7 – B Justificativa: A segunda alternativa está incorreta porque os princípios da recuperação em serviços contemplam também planos para a reversão de erros imprevisíveis. Como? Treinando seus funcionários e dando autonomia aos mesmos para que tomem decisões que revertam positivamente a insatisfação do cliente. Questão 8 – B Justificativa: Ouvir verdadeiramente o cliente está correto, por ser a única forma de aprimorar constantemente os serviços. Entretanto, a punição não é o melhor caminho quando a empresa recebe uma reclamação sobre o funcionário prestador de serviços. Este precisa ser incentivado positivamente pelos elogios, e reorientado e treinado no caso de reclamações. Claro que em caso de todas as tentativas em relação à melhor performance desse funcionário serem esgotadas, o gestor precisará realocá-lo em outra função mais adequada ao ser perfil ou desligá-lo do quadro da empresa. Questão 9 – C Justificativa: Segundo os autores Berry e Parasuraman, empatia, segurança, presteza, confiabilidade e aspectos tangíveis do serviço prestado são os critérios de julgamento de qualidade utilizados na maior parte das vezes pelos clientes. É o que fica mais exposto durante a prestação de serviços. É uma forma de o cliente driblar a intangibilidade dos serviços, e eleger alguns critérios com os quais possa julgar a qualidade. Questão 10 – A Justificativa: Pessoas bem treinadas sem o apoio de processos bem desenhados, não são suficientes para que se afirme que uma empresa tem uma política de recuperação de serviços. O mesmo se pode afirmar quando pensamos o contrário: processos bem desenhados, mas sem pessoas treinadas – e com autonomia – para executá-los. Uma boa política de recuperação de serviços conta com processos bem desenhados, escuta do 137 cliente, autonomia do pessoal de linha de frente. Tudo isso para que a empresa seja capaz de lidar com problemas previsíveis e até mesmo imprevisíveis. Aula 4 Atividade proposta O Magazine Luiza prega três princípios quando fala de gestão de pessoas: cabeça, bolso e coração. São os pontos que a empresa acredita como sendo essenciais à motivação de seus funcionários. Quando fala sobre cabeça fala sobre desenvolvimento por meio de treinamento e capacitação de funcionários; Quando fala de bolso, não fala apenas de salário, mas do que chama de compartilhamento de riquezas, como um bom e confortável ambiente de trabalho. Quando fala de coração, fala da satisfação e do orgulho dos funcionários de pertencer à empresa. Há dezenas de artigos sobre esse aspecto da gestão do Magazine Luiza, como esses: Segundo declaração presente no case proposto, Luiza Helena afirma que levou “quase 50 anos para criar uma cultura organizacional verdadeiramente centrada no consumidor e no empregado, capaz de afinar mentes, corações e bolsos.” E ela julga que é nessa cultura que reside a sua vantagem competitiva. Entre as melhores práticas que podem ser identificadas estão: Ser uma empresa que tem como missão servir clientes e colaboradores; 138 Treinamento e simpatia dos vendedores, fazendo com que o cliente se sinta em casa, em uma relação de confiança; Preocupação com a comunidade do entorno de suas lojas e atuação, oferecendo cursos e diversos serviços ao consumidor e à população em geral; Inovação constante e serviço de excelência ao consumidor como filosofia da empresa; Empowerment: qualquer funcionário pode recuperar um cliente inativo; todos os funcionários são considerados vendedores. Liberdade e poder de decisão dada à equipe de linha de frente, aos vendedores; Estratégia de marketing na mobilização de funcionários e clientes; Equilíbrio entre objetivos de curto prazo (vendas diárias) e de médio e longo prazos. Magazine Luiza busca realizar os sonhos de seus cliente e ajudá-los a mudar de vida; Foco em proprorcionar uma experiência inesquecível para o cliente; A empresa se preocupa realmente com a recuperação em serviços, na reversão de clientes insatisfeitos, como quando a própria Luiza Helena e os principais executivos da empresa entraram em contato por telefone com os clientes que foram prejudicados pela queda dos servidores na promoção Liquidação da Madrugada.com; Cultura de aprender por meio dos erros, aperfeiçoando constantemente a qualidade dos serviços prestados, prevalecendo o conceito de criatividade e inovação sobre o medo de errar; Incentivo à troca de informação e comunicação constante entre funcionários, para que um aprenda com a experiência do outro; Metas, objetivos e direção claros o que favorece a produtividade; Investimento no conhecimento do comportamento do cliente por meio de banco de dados, tratando diferente os diferentes; Ambiente que permite e favorece a transparência, comunicação aberta, autodesenvolvimento, participação ampla de todos os funcionários, e recompensas (bolso), desenvolvimento (cabeça) e reconhecimento (coração) que refletem os esforços individuais e em equipe; 139 Práticas de comunicação interna e externa como algo estratégico para empresa; Estrutura enxuta e com poucos níveis hierárquicos, focada no par cliente-funcionário; Relacionamento com funcionários baseado em confiança e responsabilidade; Investimento em treinamento, integração e capacitação de funcionários; Endomarketing que lança mão de diversos canais e das melhores práticas. Exercícios de fixação Questão 1 – B Justificativa: É possível que as empresa façam a gestão das expectativas dos clientes, prometendo o que apenas são capazes de entregar, conhecendo o que o cliente espera, e observando sempre as melhores práticas na prestação de serviços, seja no seu segmento ou não, já que o cliente aprende e fomenta a sua expectativa também por meio das experiências vividas com outras empresas, independente do setor. Questão 2 – C Justificativa: As demais alternativas avaliam a satisfação do cliente, mas de forma pontual, a cada interação e nem por isso são menos importantes. É essencial que a empresa lance mão de técnicas combinadas para que conheçam todos os aspectos do comportamento, expectativas e satisfação dos clientes. Essas e outras ferramentas são essenciais à gestão da qualidade em serviços. Questão 3 – B Justificativa: As outras opções estão corretas, mas incompletas. 140 Questão 4 – C Justificativa: Em serviços precisamos evitar o erro, mas sabemos que por suas características intrínsecas e por depender tanto do fator humano, a probabilidade de erro zero é muito reduzida quando comparada à realidade do mundo dos produtos que podem rejeitar o produto defeituoso durante a produção. Já que o erro zero não é possível, quando acontecer e se tangilizar por meio da reclamação de um cliente, essa reclamação deve ser encarada como uma oportunidade de reverter positivamente a impressão que o cliente ficou da empresa e evitar que o problema volte a acontecer com outros clientes, identificando e corrigindo o problema na origem. Questão 5 – C Justificativa: Trata-se do gap ou lacuna 4 da qualidade em serviços porque estamos tratando da diferença entre a comunicação realizada pela empresa e o serviço prestado. Questão 6 – B Justificativa: O endomarketing ou marketing interno vai além da comunicação interna, aliando ao composto de marketing as melhores práticas em gestão de pessoas, em parceria com a disciplina de Recursos Humanos e Relações Públicas. Questão 7 – B Justificativa: Em uma empresa que adota verdadeiramentea cultura de serviços, os níveis hierárquicos são reduzidos, os funcionários ganham mais autonomia, e a gestão passa a ser mais colaborativa, baseada em processos e princípios, que norteiam a tomada de decisão, que é incentivada na linha de frente. Há uma cultura de inovação que não pune o erro, mas recompensa e reconhece os acertos e as atitudes que surpreendem e vão além do esperado, quando a missão é atender o cliente com excelência. 141 Questão 8 – B Justificativa: Em empresas que adotam a qualidade de serviços como cultura, o trabalho de equipe é algo essencial. Por isso, não só iniciativas individuais são incentivadas, reconhecidas e recompensadas, mas também as que são realizadas em grupo. Por isso, bons programas de incentivo, por exemplo, premiam o funcionário que atingiu a sua meta, mas o bonifica caso a sua equipe também tenha alcançado ou superado a sua meta. Questão 9 – B Justificativa: A prática do endomarketing vai além da comunicação interna, associando-se a ações de marketing, como pesquisas, e gestão de pessoas, como revisão de plano de cargos de salários a luz da cultura de serviços, por exemplo, valorizado o pessoal de linha de frente. Questão 10 – B Justificativa: Em uma empresa que realmente adota uma cultura de serviços, atitudes como essa só acontecem porque o funcionário tem autonomia para lidar com o cliente da forma que julgar necessária, seguindo os princípios e processos bem comunicados por meio de ações de endomarketing. Por isso os funcionários se sentem seguros em ousar. A inovação não acontece em um ambiente em que atitudes como essas fossem repreendidas e coibidas. Se eles são recompensados por ações que a empresa espera que o funcionário repita, ele vai se motivar a buscar sempre se superar a cada nova oportunidade. 142 Bianca Dramali é mestre em Comunicação pela PUC-Rio, e MBA em Administração e Sistemas de Informação pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Formada em Comunicação Social – Publicidade pela UFF. Trabalha na Infoglobo desde 2003, é Gerente de Estratégia de Relacionamento na Diretoria de Marketing Corporativo. Professora na ESPM- Rio e no Instituto Infnet, nas disciplinas Pesquisa de Marketing, Estratégia Competitiva e Internet, Planejamento Estratégico e Gestão Estratégica. Foi gerente de produto na Giovanni+DraftFCB, onde conquistou o Prêmio ABEMD na categoria B2B – Geração de Leads – Produto. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/3734235324084240 Atualizado em: 13 mai. 2014 http://lattes.cnpq.br/3734235324084240