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1 2 APRESENTAÇÃO 5 AULA 1: CARACTERÍSTICAS DOS SERVIÇOS 7 INTRODUÇÃO 7 CONTEÚDO 8 GESTÃO DE SERVIÇOS 8 HIBRIDIZAÇÃO 9 ATIVIDADE PROPOSTA 1 10 CONCEITO DE PRODUTO 10 PRODUTO TOTAL 11 GESTÃO DE MARCA 15 GESTÃO DE SERVIÇOS 17 CARACTERÍSTICAS DOS SERVIÇOS 18 MIX DE MARKETING DE SERVIÇOS 20 ATIVIDADE PROPOSTA 2 22 REFERÊNCIAS 22 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 23 AULA 2: COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR 31 INTRODUÇÃO 31 CONTEÚDO 32 ATIVIDADE PROPOSTA 1 32 INTEGRAÇÃO ENTRE MARKETING, OPERAÇÕES E RH 32 PRÁTICAS DE EMPRESAS BEM SUCEDIDAS NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS 34 CASO STARBUCKS 35 MOMENTO DA VERDADE 37 ATIVIDADE PROPOSTA 2 39 CICLO DE SERVIÇOS 39 CICLO DE SERVIÇOS DA PERSPECTIVA DO CLIENTE 41 CICLO DE CRIAÇÃO DE VALOR 42 CLASSIFICAÇÃO DE SERVIÇOS 45 3 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR DE SERVIÇOS 51 ATIVIDADE PROPOSTA3 54 REFERÊNCIAS 54 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 55 AULA 3: CRIAÇÃO DE VALOR PARA O CLIENTE 64 INTRODUÇÃO 64 CONTEÚDO 65 VALOR EM SERVIÇOS 65 CÁLCULO DE VALOR 66 O QUE É VALOR 68 CONCEITO DE VALOR 69 VALOR PERCEBIDO PELO CLIENTE 70 CONCEITO DA QUALIDADE EM SERVIÇOS 72 GESTÃO DA QUALIDADE EM SERVIÇOS 73 MONITORAMENTO DA QUALIDADE EM SERVIÇOS 75 ERRO ZERO 76 RECUPERAÇÃO EM SERVIÇOS 77 POLÍTICA DE RECUPERAÇÃO DE SERVIÇOS 79 GARANTIA EM SERVIÇOS 80 ATITUDES 81 ATIVIDADE PROPOSTA 82 REFERÊNCIAS 82 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 83 AULA 4: PESSOAS NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS 87 INTRODUÇÃO 87 CONTEÚDO 88 QUALIDADE EM SERVIÇOS 88 PESQUISAS DE MARKETING 91 OBSERVAÇÃO DO CONSUMIDOR 94 MODELO DOS CINCO GAPS 96 MATRIZ DE AVALIAÇÃO 101 ADMINISTRAÇÃO DE EXPECTATIVAS 102 ENDOMARKETING 103 4 CONCEITO 103 IMPORTÂNCIA DAS PESSOAS NA GESTÃO DE SERVIÇOS 105 CULTURA DE SERVIÇOS 107 MARKETING INTERNO 108 SATISFAÇÃO DOS FUNCIONÁRIOS 109 AÇÕES DE MARKETING INTERNO 111 ATIVIDADE PROPOSTA 114 REFERÊNCIAS 114 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 115 CHAVES DE RESPOSTA 120 AULA 1 120 ATIVIDADE PROPOSTA 1 120 ATIVIDADE PROPOSTA 2 120 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 121 AULA 2 127 ATIVIDADE PROPOSTA 1 127 ATIVIDADE PROPOSTA 2 128 ATIVIDADE PROPOSTA 3 128 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 128 AULA 3 134 ATIVIDADE PROPOSTA 134 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 134 AULA 4 137 ATIVIDADE PROPOSTA 137 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 139 CONTEUDISTA 142 5 Todos nós somos consumidores e sentimos na pele o que é ser bem ou mal atendido pelas diversas empresas que nos cercam. Surge, então, uma pergunta: quais são as condições necessárias para termos excelência na prestação de serviços? Como profissional de marketing precisamos entender esse ambiente em que marcas e empresas se diferenciam por encantar os seus clientes. E, para isso, vamos conhecer os conceitos de marketing de serviços e endomarketing. Precisamos oferecer excelência na prestação de serviços em todos os pontos de contato: seja durante o atendimento presencial, em uma ligação para o nosso call center, um post no Facebook ou propaganda. Todas essas oportunidades são o que chamamos de momentos da verdade, e é quando a promessa da marca é realmente cumprida ou não. O nosso juiz nesse processo é sempre o consumidor. No entanto, poucas empresas percebem que cliente feliz, satisfeito e encantado depende de funcionários felizes e bem treinados. Por isso, entenderemos que quando falamos de marketing de serviços e endomarketing, estamos tratando da mesma coisa: pessoas. Sendo assim, esta disciplina tem como objetivos: 1. Entender como o marketing de serviços ganha relevância em um mundo em que o consumidor está cada vez mais “empoderado”, e em 6 que um momento de contato com a marca pode construir ou destruir a sua imagem. 2. Revisar as principais diferenças entre serviços e produtos, definindo os principais fundamentos do marketing de serviços; 3. Identificar as principais ferramentas do marketing de serviços, como gestão da qualidade, produtividade em serviços, relacionamento com clientes, monitoração da satisfação do cliente; 4. Estabelecer relação entre excelência na prestação de serviços e melhores práticas de endomarketing. 7 Introdução É possível que você pense que tudo o que estudou em marketing de produtos sirva como fundamento para o marketing e a gestão de serviços. No entanto, vamos ver que alguns princípios permanecem, outros são adicionados e alguns alterados. Isso ocorre porque há importantes diferenças entre produtos e serviços. Podemos afirmar que uma das principais diferenças é que produtos são tangíveis, ou seja, têm existência física, enquanto os serviços são intangíveis, são bens não materiais e consumidos por meio da experiência de consumidores com as empresas fornecedoras. Você será apresentado a situações e, a partir dessas reflexões, vamos poder revisar os principais conceitos do marketing de serviços. Objetivos 1. Revisar as principais diferenças entre serviços e produtos; 2. Reconhecer as características dos serviços e suas implicações para o marketing; 3. Examinar o marketing mix de serviços. 8 Conteúdo Gestão de serviços As primeiras razões para estudarmos a gestão de serviços são a globalização – potencializada pela digitalização do consumo e do nosso cotidiano –, a concorrência mais acirrada no mundo dos negócios e o crescimento constante do setor econômico dedicado a serviços, superando os demais setores. Mas o que tudo isso tem a ver com serviços? Importante saber que, quando falamos de serviços, segundo Kotler, falamos de atividades essencialmente intangíveis que não resultam em posse de bens. Dessa forma, quando todas as empresas competem pelo mesmo consumidor, globalmente, o consumidor passa a viver experiências de consumo em diversos segmentos, e passa a esperar a mesma excelência com todas as empresas com que se relaciona. Isso também é verdade para o e-commerce. Você se lembra, por exemplo, de pensar em como gostaria que o atendimento da empresa X fosse tão bom como da empresa Y? Isso quer dizer que, mesmo que pertençam a segmentos diferentes, para o cliente, as empresas têm a obrigação de atendê-lo com qualidade. Em um setor que apresenta crescimento constante, aumenta a probabilidade de haver mais oportunidades de negócios. E como profissional de marketing você deve estar atento a esses movimentos de mercado e saber aproveitá- los. 9 Hibridização Você pode perceber, em sua experiência de consumidor, que empresas produtoras de bens, produtos, passaram a integrar atividades e práticas típicas do setor de serviços às soluções que desenvolvem e comercializam para seus clientes. Podemos chamar esse fenômeno de hibridização, fenômeno que vem se intensificando desde os anos 1990. Quando há serviços associados a um bem, há a hibridização, ampliando o valor percebido do produto comercializado. Assim, entendemos que um serviço pode ser comercializado como mercadoria ou estar associado a um bem ou produto. A partir do conceito de hibridização, Theodore Levitt (1980) afirmou que “Commodities 1 não existem; todos os produtos e serviços são diferenciáveis. Tudo depende da gestão de marketing da empresa.” De acordo com Levitt (1980), empresas de bens industriais, de consumo ou de serviços estão sempre buscando se diferenciar das práticas de seus concorrentes; e essa diferenciação costuma ocorrer em aspectos intangíveis. Veja o exemplo da Kibon, que, recentemente, lançou um serviço de entrega de sorvete, com kits sugeridos para eventos e festas. Ou seja, uma fabricante de sorvete começou a “fabricar” serviços para seu consumidor. 1 Commodities Significa mercadoria, é um termo de referência de produtos de base em estado bruto, considerado matéria-prima. Além do nível de matéria-prima, é aquele produtoque apresenta grau mínimo de industrialização. [...] São produtos “in natura” provenientes de cultivo ou de extração. Por serem mercadorias de nível primário, propensas à transformação em etapas de produção, apresentam nível de negociação global. Disponível em: <http://www.infoescola.com/economia/commodities/> http://pos.estacio.webaula.com.br/Cursos/POS443/docs/Kibon_lança_delivery.pdf http://www.infoescola.com/economia/commodities/ http://www.infoescola.com/industria/materia-prima/ http://www.infoescola.com/economia/commodities/ 10 Podemos citar outro exemplo, de uma empresa responsável pela corretagem de grãos – que são commodities – mas que se diferencia dos concorrentes pelo atributo intangível de eficiência na execução de suas operações. O produto é o mesmo – negociar grãos – mas o serviço é o atributo intangível que a faz líder de mercado. Faz sentido até aqui? Então, vamos fazer uma atividade: Atividade proposta 1 Pense em combustível, uma commodity. Mas essa indústria há muito vem buscando maneiras de convencer você a abastecer nesse ou naquele posto, dessa ou daquela marca. Quais os atributos usados nesse processo? Conceito de produto Produto é tudo o que o cliente obtém quando realiza uma compra. Por exemplo, quando compramos um carro, não compramos apenas um veículo, mas a assistência técnica, a facilidade de ir e vir, a simpatia do vendedor, a qualidade das peças etc. Para alguns autores, como Theodore Levitt, produto pode ser um bem físico ou intangível, abstrato. Veja outros conceitos de produto: É o elemento mais visível da oferta – o que efetivamente compramos. A oferta seria composta por todos os Ps do mix de marketing e o produto seria a parte mais evidente desse mix. É a solução de um problema – esse é o conceito mais amplamente utilizado atualmente. Por exemplo, os aplicativos que nos auxiliam a 11 chamar um táxi representam uma solução para um problema de transporte. É um conjunto de benefícios. Por exemplo, quando assinamos um jornal temos, além da entrega das notícias, impressas ou digitais, os benefícios de um clube de assinantes. Pode ser a forma como as marcas embalam um benefício ou serviço. Por exemplo, o Infinity da TIM é o produto que embala o serviço de assinatura de serviços de telefonia. Vejamos, a seguir, alguns pontos que reforçam a ideia de que os clientes buscam os benefícios que o produto entrega e não apenas o produto em si. Produto Total Você conhece o mito em marketing que supõe que vence a oferta com menor preço? Segundo Levitt (1980), há outras considerações além do preço para as empresas se diferenciarem umas das outras. As pessoas não compram apenas o produto em si. As pessoas compram o produto total, que é composto por produto genérico, produto aumentado, produto esperado e produto potencial. Vamos entender o que é o produto total, começando com uma conceituação de produto: Levitt (1980) “Um produto é uma promessa cuja essência comercial reside tanto na reputação cuidadosamente construída do proponente e na cuidadosa apresentação do projeto como em seu conteúdo físico”. 12 Quando esse conteúdo não apresentar diferenças substanciais em relação aos concorrentes, a possibilidade de venda estará nas diferenças perceptíveis capazes de influenciar potenciais compradores. Em outras palavras, os clientes nunca compram apenas o produto genérico. Compram algo que o transcende, e esse algo ajuda a determinar de quem compram, o preço que pagam, e se são fiéis ou inconstantes. É esse algo que pode ser administrado em toda sua capacidade de conquistar e satisfazer o cliente. Para Levitt (1980), esse algo é o que ele chamou de produto total. E ele o divide em quatro camadas, como mostra a figura: Vamos entender o que cada uma dessas camadas representa: Produto genérico É o produto em si, sua essência. Por exemplo, para o produtor de aço, é a chapa de aço laminada; para o banco, são os recursos emprestados para fazer empréstimos. Nem todos os produtos genéricos são iguais em qualidade. Mas eles se igualam em relação às suas características esperadas: todo banco precisa ter 13 dinheiro para emprestar, e todo produtor de aço precisa ter lâminas em sua produção. Produto esperado São as condições mínimas de compra do cliente: entregas, termos do negócio, assistências e novas ideias. Podemos perceber que são itens que compõem o pós-venda. a) Entrega: refere-se a como a logística está estruturada para atender o consumidor da maneira mais adequada. Onde e quando – data e hora – será realizada a entrega? A forma de entregar muda de acordo com a quantidade? O processo logístico é flexível para atender às necessidades do consumidor? Essas e outras perguntas devem fazer parte do planejamento e controle desse importante tópico. b) Termos do negócio: preços específicos para quantidades distintas em períodos determinados. São mais conhecidas como condições comerciais. c) Assistência: dependendo dos usos do produto, o consumidor pode esperar consultoria ou suporte. E a empresa precisa estar estruturada para isso. d) Novas ideias: é normal que o cliente espere da empresa ideias e sugestões sobre formas eficientes e baratas de usar o produto genérico em suas várias formas. e) É importante que a empresa surpreenda o cliente, explique as formas de uso do produto e como ele poderá atender às necessidades. Isso quer dizer potencializar a experiência de consumo. Por exemplo: quando você compra um celular novo, tanto o vendedor quanto o manual de instruções do aparelho orientam sobre o procedimento para 14 a primeira carga. Levitt (1980) chama isso de “novas ideias”, pois, com a informação, o fabricante e a operadora estão ajudando o consumidor a ampliar a vida útil da bateria do celular. Produto aumentado ou ampliado É o que excede as expectativas normais dos compradores, que amplia os aspectos sobre os quais o consumidor nunca tinha parado para pensar. Por exemplo, na indústria de aço, o produto aumentado estaria na redução da espessura da lâmina. No entanto, nem todos os clientes sentem-se atraídos por produtos que ofereçam um pacote diferenciado. Há clientes que preferem pagar mais por esse produto ampliado; e há outros que preferem um preço mais baixo e abrem mão do que excede às expectativas. É recomendado adotar um programa sistemático de ampliação do produto que beneficie e fidelize o cliente. Quando a concorrência por preço se intensifica, essa costuma ser a melhor saída para as empresas se diferenciarem: com um produto ampliado posso cobrar mais. Importante observar que o produto aumentado ou ampliado é uma característica de mercados maduros ou de um grupo de clientes relativamente experientes e sofisticados. Produto potencial É tudo aquilo que pode ser feito para atrair e reter clientes. As possibilidades de oferta são limitadas apenas pelo orçamento e pela imaginação e criatividade. 15 Mas lembre-se: o orçamento é e deve ser sempre uma função daquilo que é necessário para ser competitivo, em todas as dimensões do produto potencial. Se voltarmos ao exemplo do aço, o produto potencial poderia incluir: Sugestões de mudanças técnicas; Pesquisas de mercado que apontem a opinião dos clientes sobre o aço e outros tipos de material; Sistemas de montagem mais fáceis, rápidos e baratos; Combinação de materiais. Agora que vimos os conceitos de produto e suas camadas, segundo Levitt, vamos entender como isso impacta na gestão de marketing. Gestão de marca Você já estudou que os clientes não buscam bens e serviços, eles buscam soluções para suas necessidades. E como podemos associar isso ao conceito construído por Levitt? É corretoafirmar que o produto total seria a solução procurada pelo consumidor. Se produto total é a solução que o consumidor espera receber das empresas, a gestão de marketing não pode se restringir ao tradicional mix de marketing composto por seus 4Ps – produto, preço, praça e promoção. Em um mundo em que os consumidores buscam por soluções oferecidas por marcas, não faz sentido continuar acreditando que a diferenciação está na embalagem e na publicidade do produto. 16 Pense por um momento: qual é a vantagem de ter uma embalagem linda e um comercial moderno se o processo de atendimento ao cliente daquela empresa for péssimo e não realizar a troca de um produto defeituoso? Por isso, a gestão de marca e de produto é a ferramenta mais vantajosa na gestão de marketing, quando se preocupa em realizar e cumprir promessas, gerenciando as expectativas e desenvolvendo soluções adequadas às necessidades dos consumidores. Nesse sentido, disciplinas como branding2, design e inovação vêm ganhando tanta relevância no mundo do marketing. Não basta ter uma boa gestão de comunicação de marketing – o P de promoção – sem pensar o processo de gestão, antes, durante e depois do produto ser comercializado. Além disso, só temos uma boa gestão de marketing se a empresa pensa a questão do cliente não apenas com um target3 a ser alcançado, mas como uma pessoa que precisa ser plenamente atendida em suas necessidades. O importante aqui é perceber que apenas a comunicação não é mais suficiente se a empresa não entregar o que prometeu. Em outras palavras, boa publicidade não salva produto ruim. 2 Branding Gestão de marca 3 Target Público-alvo 17 Gestão de serviços Você já reparou que para termos uma gestão de serviços bem sucedida é fundamental a integração de marketing, operações e gestão de pessoas. O papel do marketing nesse sistema é de gerar a expectativa do serviço a ser prestado. As áreas de operações e gestão de pessoas geram a percepção do serviço prestado. No conjunto, o sistema de gestão de serviços impacta na avaliação que o cliente faz do serviço prestado. Ou seja, serviço é um conjunto de atividades realizadas para atender às necessidades dos clientes, por meio de processos e experiências. Philip Kotler define serviços da seguinte forma: “É toda atividade ou benefício, essencialmente intangível, que uma parte pode oferecer à outra e que não resulte na posse de algum bem.” O serviço não é algo físico. Podemos entender que serviço se traduz por um ato ou ação oferecido de uma parte a outra. E a performance ou desempenho desse ato é o que irá resultar na satisfação ou insatisfação do cliente. Vamos ver um exemplo de como a experiência dos seus clientes tem sido gerenciada? Assista ao vídeo com a paródia do grupo Porta dos Fundos sobre a experiência de consumo na rede Spoleto e depois assista ao segundo vídeo, produzido pelo mesmo grupo, com a resposta da empresa à crítica anterior. A partir dessas e de muitas outras situações de experiência do cliente em serviços, podemos trabalhar as características dos serviços, comparando com a lógica de produto. http://www.youtube.com/watch?v=Un4r52t-cuk http://www.youtube.com/watch?v=ebe-3s4TLfQ 18 Características dos serviços Você estudou a diferença entre serviços e produtos e agora vai identificar as quatro principais características dos serviços. Simultaneidade No caso dos serviços, produção e consumo ocorrem simultaneamente. Além de produzidos e consumidos, também são vendidos e entregues simultaneamente. No vídeo do Spoleto podemos comprovar isso. Produção, venda, entrega e consumo ocorrem na hora do atendimento. Os desafios gerenciais provenientes dessa característica são: Controlar a qualidade enquanto ocorre a produção; Administrar a participação do cliente no processo; Treinar pessoas para que possam atuar na prevenção de falhas. No vídeo, por exemplo, há uma importante participação do cliente na qualidade da prestação do serviço. Há certa etiqueta, orientações, um modo de atuar da empresa que o cliente precisa conhecer e aceitar para usufruir dos serviços. Perecibilidade Serviços não podem ser estocados. Produtos podem ser vendidos e consumidos em um momento futuro, serviços não podem. Para que fique mais claro, pense em uma peça de teatro ou um jogo de futebol em que não foram vendidos todos os ingressos. Esses lugares não serão mais ocupados. E a empresa não poderá comercializar isso futuramente. 19 Por conta dessa característica, o gestor de serviço precisa saber administrar o dilema entre demanda e oferta, e lançar mão de mecanismos de ajuste dessa relação. Um exemplo bem sucedido disso é a venda de ingressos antecipados a preços mais baratos que visam garantir caixa para empresa e administrar a demanda de maneira mais eficaz. Intangibilidade Os serviços são mais intangíveis do que tangíveis. Mais uma vez, em contraste com o produto, que é palpável, é um objeto, o serviço é fruto de uma ação. Diferente do produto, a experiência com o serviço tem menos elementos físicos envolvidos, e não gera propriedade. É abstrata e efêmera. A intangibilidade exige que o aspecto confiança seja construído entre cliente e empresa. O desafio gerencial gerado por essa característica é a definição e mensuração da qualidade, a criação da identidade da marca e a inovação contínua. É sobre essa característica que reside a diferenciação estratégica em serviços, o que faz você ser diferente do seu concorrente, já que não há patentes em serviços. E há mais um desafio gerencial que se coloca por causa dessa característica: definir o preço é algo complicado. A lógica dessa definição ocorre por fatores subjetivos de quem produz o serviço e pelo valor que o serviço é percebido pelo consumidor. Como aquele serviço atende, não atende ou surpreende como solução às necessidades do consumidor. Heterogeneidade Serviços são mais difíceis de padronizar porque dependem de pessoas, processos e tecnologia. 20 Mesmo com técnicas e práticas de padronização em serviços, como roteiros de telemarketing, manuais de treinamentos, e outras providências, uniformidade em serviços não ocorre como na esteira de uma fábrica de autopeças, que consegue descartar a maior parte das peças defeituosas, antes do contato com o consumidor. Há fatores externos e internos à empresa que afetam a qualidade e padronização do serviço. As melhores práticas de contorno dessa característica na gestão de serviços são: normas e procedimentos, além de investimento em seleção e treinamento de pessoal, concedendo empowerment (autonomia) à linha de frente. Você pode concluir que o desafio da gestão de serviços é manter um padrão de qualidade, monitorando sistematicamente a satisfação do cliente. Mix de marketing de serviços O mix de serviços compreende os 4Ps do marketing de produto – produto, praça, preço e promoção, mais dois: pessoas e processos, por causa da complexidade e das particularidades da gestão de serviços. Além disso, há o contexto do qual já falamos: o mercado mudou e elevou a complexidade de gestão em marketing, porque, dificilmente, hoje, há empresas de produtos puros. As soluções para as necessidades dos consumidores, em sua maioria, passam pela associação de produtos e serviços. De acordo com Spiller et al. (2011), “[...] o mais desafiador no marketing de serviços é que ele só consegue acontecer com um profundo amor pelas pessoas. Parece piegas, mas é verdade. Durante a prestação de um serviço estamos falando de interação entre funcionário e cliente, em tempo real, com todos os componentes comportamentais e psicológicos envolvidos: confiança, 21atitude, proatividade, interesse, acolhimento, troca, cooperação e compreensão.” Você pode perceber que o gestor de marketing de serviços precisa entender de gente. Não é à toa que um dos Ps que compõem o mix de marketing de serviços é Pessoas. Porque, em serviços, estamos sempre tratando de pessoas que prestam serviço e que consomem o serviço. Pessoas que precisam ser administradas e pessoas que precisam gerenciadas pelo responsável pelo marketing de serviços. Os dois tipos são clientes: um é interno – o funcionário –, e outro é externo – o consumidor. O outro P que completa o marketing mix de serviços ou composto de serviços é o Processo. Vimos a definição de serviço e entendemos que é um conjunto de atividades que gera experiências por meio de processos. Esses serviços são realizados por e para pessoas. De acordo com Teboul (2008), “o papel do marketing não é apenas atrair novos clientes, mas, também, transformar os clientes existentes em compradores frequentes e, se possível, em apoiadores entusiasmados da marca. Nos serviços, o marketing transacional está sendo rapidamente substituído pelo marketing relacional.” Teboul defende a ideia de que quem trabalha com gestão de marketing de serviços vende experiências e relações, não se fixando apenas em uma transação financeira que não se preocupa com a frequência daquela compra, e com vínculo estabelecido entre cliente e empresa. E como a construção de um relacionamento, desse vínculo, pode ser vantajosa para todos os envolvidos no processo. 22 Atividade proposta 2 Para fixar os conceitos que discutimos até aqui, e amplicar seu conhecimento, pesquise e compare os fluxos dos processos de marketing quando falamos de “marketing de produtos” e “marketing de serviços”. Quais são as etapas e o que acontece em cada etapa? Quais as semelhanças e quais as diferencias? Referências LEVITT, T. O sucesso de marketing pela diferenciação – de qualquer coisa. Harvard Business School, 1980. RIBEIRO, A. Marketing e Serviços que ainda fazem a diferença. São Paulo: Saraiva, 2006. SPILLER, E. S.; PLÁ, D. R. H.; LUZ, J. F.; SÁ P. G. Gestão de Serviços e marketing interno. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2011. TEBOUL, J. Serviços em cena: o diferencial que agrega valor ao seu negócio. Brasília: Campus IEL/NC, 2008. 23 Exercícios de fixação Questão 1 Assinale verdadeiro (V) ou falso (F): Podemos afirmar que produtos podem ter em si os conceitos e as práticas do marketing de serviços, e diferenciar-se através deles da concorrência. ( ) A afirmativa está correta se levarmos em consideração a forma como o conceito de produto é desenvolvido por Theodore Levitt. ( ) A afirmativa está correta, mas não se aplica a todos os negócios. ( ) A afirmativa está correta e está fundamentada na teoria desenvolvida por Philip Kotler. Questão 2 As dimensões que compõem o produto, segundo Theodore Levitt são: a) Genérico, esperado, ampliado e potencial. b) Total, esperado, ampliado e potencial. c) Tangível, intangível, material e potencial. 24 Questão 3 Theodore Levitt afirma que “a diferença entre marketing e vendas é mais do que semântica. Vendas tem seu foco nas necessidades do vendedor; marketing, nas do comprador. Vendas preocupam-se com a necessidade do vendedor de converter seu produto em dinheiro; marketing preocupa-se com a ideia de satisfazer as necessidades do consumidor com o produto.” A partir dessa citação, podemos afirmar que a gestão eficaz de marketing preocupa-se atualmente com as seguintes questões, à exceção de: a) Clientes não compram produtos, compram benefícios e soluções. b) É essencial priorizar, no processo de marketing, apenas as atividades de venda para gerar valor aos seus clientes. c) Gestão de comunicação de marketing gera promessa da marca e a gestão de marketing de serviços administra a entrega da promessa, buscando corrigir lacunas. Só prometer não adianta mais diante do novo consumidor, mais crítico e exigente. 25 Questão 4 Imagine a seguinte situação: você precisa pegar um táxi, mas não tem nenhum telefone de cooperativa com você, nem há nenhum ponto de táxi por perto. Os táxis que passam por você estão cheios. E você está quase se atrasando para pegar um voo no aeroporto. Quando você ia começar a procurar na internet de seu smartphone, um amigo passa por você e, entendendo sua situação, solicita um táxi para por meio de um aplicativo em seu smartphone. O táxi chega rapidamente, aceita pagamento em cartão, e o leva ao seu destino com segurança e pontualidade. Nessa situação, podemos dizer que estão presentes dois conceitos importantes quando falamos de gestão de serviços, que são (assinale as duas opções corretas): a) Serviços como soluções completas para os clientes. b) Inovação em serviços. c) Gestão de pessoas em serviços. Questão 5 Observe a imagem abaixo, pense na marca Nespresso e relacione as colunas: A. Máquina e cápsulas de café ( ) Esperado B. Delivery de cápsulas de café ( ) Potencial C. Curso de barista ( ) Genérico D. Edições especiais de sabores e lojas próprias ( ) Aumentado 26 Questão 6 Leia a afirmativa a seguir e assinale a opção correta: Duas das características dos serviços são a intangibilidade e a simultaneidade. Essa última pressupõe uma consequência: a participação do cliente na produção do serviço. a) Simultaneidade não é uma característica dos serviços. b) Quando dizemos que há simultaneidade em serviços isso ocorre porque produção e consumo acontecem ao mesmo tempo. c) Serviços e produtos apresentam as mesmas características e por isso podem ser geridos da mesma forma. Questão 7 Assinale a opção correta: a) Quando falamos em gestão de serviços pensamos em gerir processos uniformes e padronizados. b) A heterogeneidade é uma das características dos serviços que os torna mais padronizados e uniformes do que os produtos tangíveis. c) A perecibilidade diferencia produtos e serviços porque em serviços não podem ser estocados como produtos normalmente são. 27 Questão 8 Assinale abaixo a afirmativa incorreta quando analisamos quais são fatores fundamentais para excelência na gestão de serviços: a) É necessário definir e gerir processos que suportem um desempenho de excelência em serviços. b) Gestores de serviços precisam de pessoas adequadas para interagir com os clientes e assegurar a entrega da promessa da marca, garantindo a satisfação dos clientes. c) Construir uma relação de confiança com o cliente é importante, mas não impacta na percepção de qualidade, nem permite que a empresa pratique um preço premium. Questão 9 Quando falamos de serviços, falamos de pessoas. Em relação a essa essência da gestão de serviços, podemos afirmar (assinale a opção incorreta): a) Torna os serviços heterogêneos, porque dependem das pessoas. b) A gestão de serviços precisa lançar mão das melhores práticas em gestão de pessoas. c) Se há processos bem organizados e geridos, há possiblidade de superar a extrema dependência das pessoas, eliminando a heterogeneidade em serviços. 28 Questão 10 Imagine a seguinte situação: uma companhia aérea acaba de lançar um saldão de passagens. Há trechos com preços reduzidos em até 70%. Marque a alternativa que indica qual característica intrínseca aos serviços. a) Simultaneidade b) Perecibilidade c) Intangibilidade Questão 11 Leia a afirmativa a seguir e assinale a resposta correta: Os profissionais de marketing podem gerir serviços ou produtos lançando mão do mesmo mix de marketing ou composto de marketing, formado pelos conhecidos 4Ps: produto, praça, preço, promoção. a) Sim, parcialmente correto. Mashá novos elementos que compõem o mix de serviços. b) Sim, bastam os mesmos elementos do mix de marketing de produtos para que se faça uma boa gestão de serviços. c) Não. Os elementos do mix de marketing de serviços são completamente diferentes do mix de marketing de produtos. 29 Questão 12 Assinale a resposta correta: O composto de serviços de marketing é formado pelos seguintes itens: a) Produto, praça, promoção, preço e processos. b) Processos, pessoas, produto, praça, promoção e preço. c) Pessoas, momento da verdade, praça, promoção e preço. Questão 13 Assinale abaixo a afirmativa incorreta: a) A excelência na prestação de serviços depende muito da gestão do fator humano. Os resultados dependem fortemente do desempenho das pessoas, que podem destruir ou construir a sua marca na interação com os clientes. b) Para garantir a satisfação do cliente basta investir em boa comunicação de marketing, assegurando que o cliente vai se entender e se interessar pela promessa da marca. Funcionários só precisariam de treinamento para atender bem os clientes. c) Evoluções tecnológicas e constantes mudanças nas necessidades e expectativas do consumidor fazem com que a hibridização seja uma tendência na busca de diferencial competitivo das empresas. Por isso é tão essencial estudar a gestão de serviços e dominar o seu composto de marketing. 30 Questão 14 Suponha a seguinte situação: você acabou de assinar uma revista e lhe informaram o prazo de entrega do seu primeiro exemplar para dentro de um mês. Passado o prazo acordado, nada de a revista chegar. Você liga para central de atendimento e é surpreendido pela seguinte afirmação: “mas a revista foi entregue, senhor”. Só que, ao confirmar o seu endereço, a atendente descobre que foi entregue no endereço errado. Essa falha na prestação de serviços pode ser atribuída a que fator: a) Apenas erro humano. b) Erro humano somado a erro nos processos. c) Apenas erro de processos. Questão 15 Uma concessionária que, junto com a venda de carro, que é o seu core business, ou seja, seu negócio principal oferece também serviços e seguros automotivos, está praticando_____________, para obter_____________ em relação aos concorrentes de mercado. Quando toma essa decisão, os Ps do mix de marketing de serviços impactados pela decisão serão, principalmente, __________, __________, e ____________. Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas: a) Hibridização, diferenciação, preço, pessoas e processos. b) Hibridização, commoditização, pessoas, produto e processos. c) Fidelização, diferenciação, promoção, pessoas e processos. 31 Introdução A satisfação dos clientes com os serviços prestados depende da experiência que eles têm com as marcas. Você aprendeu que pessoas e processos fazem parte do composto de marketing de serviços e, por isso, para um profissional de marketing ser bem sucedido no contexto atual do mercado precisa dominar, entre outras disciplinas, a gestão de serviços. A importância da relação entre gestão de marketing, gestão de pessoas e gestão de processos pode ser demonstrada quando analisamos o conceito de momento da verdade. É aqui que as empresas demonstram ter ou não uma gestão de serviços de excelência, equilibrando marketing, pessoas e operações. Todos os serviços demandam essas três competências. No entanto, nem todos os serviços são iguais. Por isso, aprenderemos a classificar os serviços segundo seus atributos e sua avaliação e discutiremos o comportamento do consumidor de serviços, cada vez mais empoderado e com expectativas superiores. Objetivos 1. Entender como ocorre a integração entre marketing, operações e recursos humanos na gestão de serviços, a partir do conceito momento da verdade; 2. Classificar os serviços quanto aos atributos e à avaliação; 3. Analisar o comportamento do consumidor de serviços. 32 Conteúdo Atividade proposta 1 Observe a charge de Dennis Casarine. Qual a incoerência do fato ocorrido no restaurante? Integração entre marketing, operações e RH Você já aprendeu que os consumidores buscam soluções para suas necessidades e, além do produto, compram o benefício intrínseco a ele. Agora, estudaremos a integração entre as disciplinas de marketing, recursos humanos e operações quando falamos de excelência na prestação de serviços. 33 É importante lembrar que as empresas que prestam os melhores serviços para os seus consumidores têm seus esforços reconhecidos, por meio da manutenção de sua carteira de clientes e também por intermédio de premiações como os prêmios Consumidor Moderno, Empresas que mais respeitam o cliente, Reclame Aqui, entre outros, o que consolida a imagem de empresa que preza por um serviço de excelência. Nesse sentido, você pode entender que cuidar da gestão de serviços é cuidar da imagem de marca de sua empresa, como em um ciclo virtuoso: o marketing constrói a promessa da marca por meio de suas práticas mais tradicionais, faz a entrega na prestação de serviços, consolida a sua imagem de marca quando essa entrega é cumprida da forma prometida e, como consequência, gera a satisfação do consumidor. Dessa forma, os fatores mais relevantes para a gestão de serviços são: A proposta de valor a ser entregue ao mercado: seu posicionamento. Em outras palavras, o benefício a ser entregue ao público-alvo definido. Esse fator relaciona-se com o marketing. A gestão de processos. Esse fator relaciona-se com as operações da empresa. 34 A gestão de recursos humanos. Esse fator relaciona-se à gestão das pessoas envolvidas na prestação dos serviços. Vamos ver um exemplo? A estratégia de marketing da Disney, seu posicionamento, tem a ver com sonho, fantasia e magia. Para que seu posicionamento de marketing, sua promessa de marca, seja efetivamente entregue, alguns fatores são essenciais: Pessoas – seleção do talento certo. Há uma declaração famosa que diz que a Disney contrata sorrisos, e o resto é ensinado. O que isso quer dizer? Que a Disney contrata atitudes, comportamentos, valores, e treina as competências técnicas. Operações – nesse item há uma fantástica atenção aos detalhes. A limpeza do parque precisa estar integrada ao ambiente, não pode ser um elemento estranho, que destoe; há manutenção constante dos equipamentos e ambientes; as informações são fornecidas por todos e há uma excelente administração do tempo percebido de espera. Práticas de empresas bem sucedidas na prestação de serviços Com o exemplo da Disney ficou mais clara como a integração entre marketing, recursos humanos e operação é essencial à conquista da excelência na gestão de serviços? Então, veja, a seguir, uma lista com as práticas das empresas bem-sucedidas na prestação de serviços: 1. Baseiam as suas decisões no que o cliente deseja e espera, que são os motivadores-chave da satisfação do cliente; 35 2. Pensam e agem em termos da experiência inteira do cliente, buscando aprimorá-la constantemente; 3. Contratam e recompensam pessoas capazes e adequadas aos valores da marca; 4. Treinam frequentemente os seus funcionários; 5. Criam na empresa uma cultura de serviços; 6. Evitam desapontar seu cliente pela segunda vez, e aprendem com o erro para aperfeiçoar os seus processos; 7. Habilitam os clientes a coproduzirem parte do serviço; 8. Fazem os gerentes liderarem de frente. Caso Starbucks Leia o caso sugerido para esta aula – Starbucks: melhorando o serviço ao cliente. Nele você poderá ver, na prática, como o sucesso dessa marca – e alguns recentes deslizes – podem ser atribuídos à forma como gere e presta os seus serviços. Como você pôde perceber no estudo de caso, a Starbucks sempre procuraouvir o cliente, por meio de pesquisas, para entender, por exemplo, o que faria com que ele se sentisse valorizado. Você já estudou que, entre as melhores práticas das empresas de excelência em serviços, está a tomada de decisão com base nos fatores-chave para a satisfação do cliente. A Starbucks, um excelente exemplo de empresa que preza pela excelência na prestação de serviços, realiza esse acompanhamento e, por causa disso, descobriu que os três fatores-chave para o sucesso de seu negócio, na perspectiva do cliente são: Loja limpa; Conveniência; 36 Valorização do cliente. Note que curioso: o café, que é o produto da Starbucks, é o quinto fator de importância citado na pesquisa. Nesse caso, o café é o produto genérico, trata-se de apenas uma das camadas que compõem o produto total oferecido pela Starbucks. Aspectos transacionais, com recompra 4 e ticket médio 5 também são monitorados. Bem como as atitudes que os clientes têm em relação à marca, de maneira comparativa entre os clientes que experimentaram a Starbucks pela primeira vez no último ano, e os clientes tradicionais, que conhecem a Starbucks há cinco anos ou mais. Com exemplos como esses comprovamos que a integração entre marketing, processos e recursos humanos é essencial para a entrega da promessa de marca, e da solução que o cliente busca para atendimento às suas necessidades. No entanto, há, em serviços, algo que demonstra ainda mais claramente a conexão entre pessoas, operações – ou processos – e marketing. É o momento da verdade, que veremos a seguir. A agência DDBO de Hong Kong fez para a Starbucks um incrível vídeo que conta a trajetória reversa dos grãos de café até chegarem ao seu destino final, o consumidor. 4 Recompra Indicador de marketing que se refere à frequência com que a compra é realizada pelo mesmo cliente. O que as empresas buscam, além de novos clientes, é que o mesmo cliente repita a compra com eles em uma frequência adequada ao seu negócio. Em negócios mais transacionais como, por exemplo, uma pizzaria, espera-se que seus clientes encomendem pizzas com certa frequência, ou seja, que não compre apenas uma vez com ele ou em um intervalo de tempo muito extenso entre uma compra e outra. 5 Ticket médio Indicador de marketing que demonstra o valor médio de compra por cliente. http://vimeo.com/68115528 37 Momento da verdade É qualquer episódio no qual o cliente entra em contato com algum aspecto da organização – pessoas, instalações e equipamentos – e obtém uma impressão sobre a qualidade do serviço (Grönroos, 2009; Carlzon, 2005). Em outras palavras, são episódios que oferecem oportunidades efêmeras e que causam impressão de qualidade, como afirma Spiller (2011). Em complemento, Teboul (2008) afirma que o momento da verdade é composto por diversas interações com pessoas, com outros clientes e com o processo de entrega do serviço. Em outras palavras, momento da verdade são todos os momentos críticos do processo que formam na cabeça do cliente a sua percepção sobre a qualidade no serviço, comprometendo a sua avaliação em relação ao resultado final. E por que entender os momentos da verdade em serviços é essencial para uma gestão de excelência? Porque, segundo nos afirma Teboul (2008), serviço é um desempenho único na presença do cliente e, por isso, precisa sair certo da primeira vez, na hora da entrega. Mesmo que um funcionário atenda a mais de cem clientes por dia, por exemplo, para cada um desses clientes seu atendimento é único. Além disso, um único aspecto negativo ou defeito em um desses pontos de entrega pode tornar a experiência do cliente frustrante, destruindo a percepção do valor da marca. Por isso, a gestão de serviços baseada no mapeamento dos momentos da verdade pode proporcionar ao profissional de marketing a análise da 38 qualidade de entrega dos seus serviços, otimizando os que exigem melhoria, e aumentando ainda mais o valor percebido daqueles que já estão indo bem. Com isso, podemos afirmar que entender a importância do momento da verdade é a essência da gestão da excelência em serviços. É a menor unidade indivisível de valor entregue pelo cliente, como nos afirma Spiller (2011). Você entendeu a importância do momento da verdade? Agora é hora de começar a identificar e mapear quais são eles para cada tipo de negócio, e para sua empresa ou marca em particular. O ciclo de serviços ou conjunto de processos responsáveis pela entrega do serviço pode ter uma espécie de padrão para cada tipo de negócio, mas irá variar de acordo com o posicionamento, público-alvo, quais problemas busca resolver e quais as expectativas dos clientes. Vamos ver o exemplo de inventário dos momentos da verdade de uma loja física de locadora de filmes: 39 Perceba que todos os detalhes da trajetória do cliente, – da jornada como chamam alguns autores – todos os pontos que o cliente tem contato com a marca e com o serviço são mapeados, desde o momento em que chega, até o momento em que sai do estabelecimento. E, lembre-se: como gestor de serviço deve sempre mapear os momentos da verdade a partir da perspectiva do cliente, e não a partir de seus processos e áreas internas. Atividade proposta 2 Retome o exemplo do mapa dos momentos da verdade de uma locadora de filmes, e pense: como seria o inventário dos momentos da verdade de uma locadora virtual, como Netflix? Que novos momentos da verdade seriam inseridos? Quais seriam os momentos eliminados? Ciclo de serviços Podemos entender que o conjunto de momentos da verdade compõe o ciclo de serviços. No entanto, os momentos da verdade vão além da interação direta entre funcionário e empresa. De acordo com Spiller (2011), “o somatório de todos os momentos da verdade possíveis, experimentados pelos clientes, haja ou não contato humano, transforma-se na imagem da organização em termos de serviços”. Nesse sentido, ver a peça publicitária de uma marca, usar o estacionamento, solicitar um talão de cheques ou ligar para uma central de atendimento, em conjunto ou isoladamente, são pontos de contato com a marca que podem construir ou destruir a impressão que o cliente tem acerca de sua marca. E como podemos gerir os momentos da verdade e desenhar a proposta de valor dos nossos serviços? Por meio do ciclo de serviços que é uma cadeia de 40 eventos pela qual o cliente passa à medida que experimenta o serviço que lhe é prestado. Sob a ótica de quem produz, o ciclo de serviços é um processo fragmentado entre departamentos e áreas. Mas sob a ótica do consumidor, trata-se de um único processo que lhe proporciona a sua experiência. Spiller (2011) afirma que, no ciclo de serviços, cada momento da verdade representa um instante em que o cliente teve contato com a empresa, com algum aspecto da organização e obteve uma impressão da qualidade de serviço. É a forma como a empresa desenha e administra esse ciclo que gera uma experiência satisfatória ou não para o consumidor, podendo até mesmo surpreendê-lo positivamente, gerando encantamento. As empresas bem-sucedidas em serviços buscam mais que a mera satisfação do cliente; elas buscam encantar o cliente para assegurar sua fidelidade. Mas isso só é possível quando enxergamos o ciclo de serviços sob a perspectiva do cliente. Você sabe que o desenvolvimento de marcas fortes, seja de produtos ou de serviços, começa com uma clara definição do público-alvo e seus devidos segmentos. Em serviço isso é ainda mais primordial. Já que é fundamental enxergar o ponto de vista do cliente, é importante saber quem é esse cliente. No processo de definição do público-alvo do seu serviço, vamos estudar a segmentação6 para definirmos,de maneira mais detalhada, o cliente. 6 Segmentação 41 Ciclo de serviços da perspectiva do cliente Após ter definido o seu público e saber quem é o seu cliente, é importante pensar quais são os princípios que regem e orientam o desenvolvimento de marcas de peso em serviços. Isso para que, a partir desses princípios, você esteja apto a desenhar o seu ciclo de serviços a partir da perspectiva do cliente. Segundo Leonard Berry e Sandra Lampo (2005), esses três princípios são: Sincronia correta dos sinais emitidos ao cliente É a conexão de os diversos momentos da verdade que compõem o ciclo de serviços. Esses sinais emitidos são divididos em três: Funcionais: referem-se à qualidade técnica; Mecânicos: referem-se aos objetos envolvidos na prestação de serviço, e atributos como aparência, som, odor, gosto e textura; Humanos: referem-se a características como modo de falar, gestos e entusiasmo. Todos esses sinais reunidos compõem a personalidade da marca, construindo a forma como o cliente percebe a empresa. Uma empresa pode comunicar que é uma marca inovadora, mas se o cliente não percebe a inovação em suas práticas e entregas de serviço, na verdade, não é inovadora. Essa, por exemplo, seria apenas uma promessa de marca não concretizada. Conexão emocional Trata-se da confiança construída por meio do relacionamento com o cliente. Processo de identificação, dentro de um mercado, de subgrupos de clientes cujas necessidades, desejos e/ou recursos são específicos, de tal modo que os fazem responder de forma diferente a determinado composto de marketing. 42 Incorporação da marca pelos funcionários Pode ser traduzida no orgulho que um funcionário tem em trabalhar na empresa, e como a representa bem e constrói a imagem da marca a cada interação com o cliente, construindo ou destruindo valor. A mesma confiança construída com os clientes precisa também ser construída com os funcionários. Falaremos de como as empresas costumam fazer isso em nossa última aula. Esses princípios são os responsáveis pela criação de valor, tanto para a empresa e seus funcionários, quanto para os clientes. Vamos nos aprofundar nesse assunto. Ciclo de criação de valor Você aprendeu os princípios que orientam marcas e agora entenderemos como se administra o ciclo de serviços da sua empresa. Você pode encontrar outros nomes dados para esse mesmo ciclo. Para Sandra Vandermerwe, esse seria o ciclo de atividade do cliente. James Teboul prefere chamar de ciclo de criação de valor. Isso porque, segundo Teboul (2008), é a partir do desenho do ciclo de serviços que se monta a proposta de valor da empresa, sabendo o que o cliente valoriza em cada interação, permitindo que a empresa decida o que deve e o que pode oferecer a cada cliente, a depender do fôlego de investimento e das características de cada segmento de cliente. “Em cada momento da verdade, há muitas maneiras de ser diferente. [...] A escolha é ampla, porém felizmente restrita por hábitos culturais e expectativas. Toda decisão tem implicações sobre competências, recursos e sistemas e, finalmente, sobre o preço da proposta depois da integração de todos os elementos. [...] o bom equilíbrio deve ser 43 encontrado entre valor para o cliente, valor para o colaborador e valor para a empresa.” Serviços em Cena7 (TEBOUL, 2008, p. 73) Para ilustrar a conexão entre ciclo de serviços, valor e diferenciação, vamos conferir dois diagramas propostos por Teboul (2008). Ciclo de criação de valor do segmento hoteleiro 7 Serviços em Cena No livro Serviços em Cena, do especialista em serviços James Teboul, você pode encontrar outros exemplos de diferenciação no desenho de ciclo de serviços, como os dos hotéis Formule 1 e da Virgin Atlantic Airlines. 44 Ciclo de criação de valor do segmento hoteleiro, de um hotel de classe econômica. Você pode perceber que tudo em gestão de serviços é uma questão de alinhamento de expectativas: o cliente não espera encontrar no hotel econômico o que vai encontrar em um hotel mais sofisticado. Portanto, sob a perspectiva do cliente, o ciclo de serviços desses dois tipos de empresas pode e deve ser diferente, para que o valor percebido por ele seja traduzido em um preço justo e em uma entrega de serviços que o deixe satisfeito. Nesse sentido, estratégia operacional em serviços é o mapeamento dos elementos críticos do composto de serviços, que maximizam o valor para o cliente, para o funcionário e para empresa. 45 A forma como as empresas desenham os seus ciclos de serviços deve contemplar vantagens competitivas sustentáveis, ou seja, que equilibrem investimento da empresa, expectativa e valor percebido pelo cliente. Os maiores investimentos devem ocorrer nos principais momentos da verdade que compõem o ciclo de criação de valor. Para que a entrega seja realizada em cada um desses pontos, é necessário analisar quais são os recursos, as competências e os sistemas necessários. Classificação de serviços Existem várias classificações adotadas por diversos autores especialistas em serviços. Uma não é mais correta que a outra, existe a mais adequada aos aspectos que você estiver avaliando em sua gestão de serviços. As classificações servem para apoiar algumas decisões de como planejar e gerir seu ciclo de serviços e saber em que lugar colocar mais ênfase e empreender mais esforços para gerar maior valor. Classificação quanto à forma como são acrescentados aos produtos básicos Os serviços classificados quanto à forma como são acrescentados aos serviços básicos ou produtos são chamados de serviços suplementares. De acordo com Ribeiro (2006), os serviços suplementares são tudo aquilo que tem o objetivo de aumentar o valor percebido pelo cliente e, consequentemente, sua satisfação. Além disso, eles diferenciam os serviços e produtos da empresa em relação aos concorrentes e podem ser divididos em: Serviços suplementares de facilitação: são os serviços suplementares que auxiliam o cliente a utilizar ou receber o produto ou serviço básico. Exemplos desse tipo de serviço são os relacionados ao fornecimento 46 das informações; solicitação de pedido; emissão de fatura; realização de pagamento. Serviços suplementares de ampliação: são os serviços suplementares que têm como principal objetivo agregar o valor, procurando diferenciação diante dos concorrentes. Exemplos desse tipo de serviço são os relacionados à consultoria; hospitalidade ou acolhida; proteção, atenção e cuidados especiais e tratamento de exceções. Classificação quanto à dimensão produto ou resultado De acordo com James Teboul (2008), os serviços devem passar por um redesenho de oferta, ou seja, é importante que estejam sempre em processo de reinvenção, fugindo do lugar comum, da solução genérica. Isso é importante para garantir a diferenciação das empresas em relação aos seus concorrentes. O que o autor apresenta é uma forma de classificar os serviços como: Mais commoditizados, padronizados, lançando mão de soluções simples. Por exemplo: empréstimo bancário tradicional. Serviços que lançam mão de soluções mais variadas, customizadas ou ampliadas. Por exemplo: transação financeira mais complexa. Classificação quanto à intensidade de interação Teboul (2008) afirma que quanto menor o contato humano e o conhecimento técnico exigido na produção do serviço, menor é a intensidade da interação. Serviços com essas características costumam demandar menor custo e maior produtividade. 47 Uma boa forma de reduzir custose aumentar a produtividade é lidar com a dimensão processo (ciclo, simplificação da interação) e dimensão pessoas (alavancagem do conhecimento técnico, coprodução). Mesmo serviços que têm, em sua origem, uma natureza de maior intensidade de interação pode ter parte de seu ciclo de serviços revista, em que uma etapa do processo é delegada a outro profissional mais barato. Por exemplo, o cabeleireiro que delega ao auxiliar, com menor conhecimento técnico, a lavagem dos cabelos dos clientes, melhorando a produtividade do ciclo de serviço como um todo. Vamos ver três exemplos: Em um hospital, a interação é mais intensa, já que o cliente interage com muitos especialistas, muitas vezes, cooperando mais com a produção do serviço, quando fornece os dados conversando com o médico para que se possa realizar o diagnóstico. Em uma rede fast-food, a intensidade da interação do funcionário com o cliente é baixa. O consumidor faz o pedido para que o serviço seja produzido, ou seja, há uma pequena cota do cliente na coprodução do serviço. Em um banco, o processo de saque de dinheiro pode ser feito junto ao caixa, mas, por demandar pouca interação, teve seu serviço automatizado pelos caixas eletrônicos. Os bancos mantiveram as duas opções, mas a experiência do usuário foi se tornando tão melhor para esse tipo de transação simples quando recorre ao atendimento automatizado, que ele prefere deixar a interação para questões mais complexas, em que a intensidade de interação deve ser elevada e quando o próprio cliente participa mais da produção do serviço. 48 Nesse sentido, o gestor de serviços deve cuidar para que serviços mais simples, que demandem menor intensidade de interação, sejam automatizados, para melhorar a gestão do ciclo de serviços e a produtividade. Veja como Teboul (2008) faz o cruzamento das variáveis de resultado e intensidade na Matriz de intensidade dos serviços. Classificação de acordo com os atributos Segundo Kotler, os serviços podem ser classificados de acordo com os seus atributos, o que impacta na decisão e avaliação do consumidor em relação aos serviços. Os grupos de serviços classificados por atributos estão distribuídos dos mais fáceis de avaliar até os mais difíceis de avaliar. Quanto mais atributos de confiança o serviço apresentar, mais difícil será de avaliar e, ao contrário, quanto mais rico em atributos de procura, mais fácil de avaliar. Vamos ver alguns exemplos de serviços e produtos ricos nos seguintes atributos: http://pos.estacio.webaula.com.br/Cursos/POS443/docs/Matriz_intensidade_servicos.pdf 49 Atributos de procura: carros ou alimentos; Atributos de experiência: ir ao cinema ou cortar o cabelo; Atributos de confiança: conserto de computador ou serviços ligados à educação. Classificação quanto ao ramo de atividade Lovelock e Wright (2001) classificam os serviços quanto ao ramo de atividade, divididos da seguinte forma: a) Grau de tangibilidade dos processos de serviços: classifica serviços que são mais ou menos tangíveis em seus processos. São exemplos: restaurante em que o serviço precisa de ações ou alguns elementos físicos para acontecer; efetuar um telefonema que é puramente intangível em seu processo. O mesmo acontece com o acesso a um aplicativo mobile ou site. E em que isso impacta o profissional de gestão de serviços? Tais características impactam a forma de entrega do serviço, o papel dos funcionários e a efetiva experiência do cliente. b) Destinatário direto do processo de serviços: analisa-se a quem está dirigido o serviço, se diretamente ao próprio cliente, como no caso de passagens aéreas, ou se a objetos e bens que esse cliente possui, como no caso dos serviços prestados por uma lavanderia, por exemplo. E que impacto isso tem? Por meio dessa classificação, é possível entender o quanto o cliente está envolvido no processo do serviço. c) Lugar e tempo de entrega do serviço: a classificação é baseada na questão de que é o cliente que precisa procurar o serviço, ir até um estabelecimento para usufruir o que precisa, ou se o serviço vai até o cliente, como no caso de qualquer entrega domiciliar, como pizza. Esse tipo de classificação considera por meio de que canal acontece a 50 interação do cliente com o serviço: se por um canal físico (loja), digital (site) ou eletrônico (caixa automático). Os impactos na gestão de serviços ocorrem na análise do serviço em si, do local onde estão os clientes, das preferências dos mesmos em seu momento de compra e uso, bem como dos custos envolvidos. d) Personalização x Padronização: avaliação se todos os clientes recebem o mesmo serviço ou se os serviços se adaptam para atender às necessidades específicas de cada tipo de cliente. Por exemplo, o transporte público, como ônibus, e táxi. e) Natureza da relação com os clientes: avaliação se a relação com os clientes é formal, tendo todas as suas transações registradas e sendo conhecido pela empresa prestadora de serviço, como no caso de serviços de saúde ou bancos; ou se os clientes não são identificados pela empresa, por conta de suas transações passageiras, como compra de jornal em banca. Alguns autores classificam negócios como relacionais ou transacionais por esse aspecto aqui apresentado. f) Medida na qual a oferta e a demanda estão em equilíbrio: a análise desse item se refere à flutuação da demanda e como a empresa adapta a sua oferta a essa flutuação. g) Medida na qual instalações, equipamentos e pessoal participam da experiência de serviços: análise da intensidade dos elementos tangíveis na prestação de serviços. Semelhante à classificação pelo grau de tangibilidade dos processos de serviços. Classificação quanto à natureza dos atos dos serviços Lovelock e Wright (2001) consideram atos como processos ou processamento. Esta classificação considera o cruzamento entre ações 51 tangíveis e intangíveis x pessoas e bens, derivando daí quatro tipos de serviços. Os que demandam processamento com pessoas (tangível x pessoas). Por exemplo: transporte de passageiros e assistência médica; Os que demandam processamento com bens (tangível x bens). Por exemplo: paisagismo e transporte de cargas; Os que demandam processamento com estímulo mental (intangível x pessoas). Por exemplo: propaganda e consultoria; Os que demandam processamento com informações (intangível x bens). Por exemplo: contabilidade e seguros. Há ainda outros tipos de classificação, mas essas são suficientes para que você entenda a complexidade da gestão de serviços e quantos são diversos os aspectos envolvidos nesse processo. Comportamento do consumidor de serviços Desde a implantação do Código de Defesa do Consumidor e no contexto do mercado atual, com o surgimento da nova classe média, as relações de consumo vêm passando por uma reestruturação. Consumidores mais conscientes e exigentes, além de empresas que abusam da boa vontade dos clientes obrigaram que legisladores desenvolvessem leis, códigos de ética e portarias que protegem o consumidor, como lei do SAC. No entanto, não foi só aí que o comportamento do consumidor foi impactado. Outras tendências e novos hábitos mexeram na relação de consumo, nas suas práticas e representações. 52 Vamos enumerar alguns aspectos comportamentais que cercam os consumidores: Mobilidade: esse comportamento que se intensificou com a introdução das tecnologias móveis faz com que os consumidores estejam conectados em serviços e marcas durante muitas horas do dia. Como captar a atenção desse consumidor? Um tipo de serviço que foi muito afetado por esse fenômeno foi a publicidade dos serviços de táxi, com os aplicativos que conectam direto o consumidor ao taxista, prejudicando gravementeas contas de algumas cooperativas. Convergência: os consumidores tomam as suas decisões de compra no ambiente online, mesmo que não concretizem as compras por meio desse canal. Assistir à TV mudou. É cada vez mais comum estarmos diante da TV com, pelo menos, mais uma tela conosco, seja do computador, tablet ou celular. Como isso gera oportunidades – mas também ameaças à TV. Credibilidade: falamos das leis referentes ao consumidor. E a reputação das marcas nunca esteve tão exposta quanto nas redes sociais. É obrigatório que as empresas se preocupem em entender e melhorar a forma como os seus consumidores avaliam a marca. Saber se os consumidores acreditam que seus produtos e serviços são de qualidade. E se a promessa de marca é efetivamente cumprida no momento da verdade. Qualidade de vida: com uma vida cada vez mais urbana e conectada, os consumidores procuram economizar o tempo. Por isso, o gestor de serviço precisa pensar: minha marca está fazendo o quê para ajudar o cliente nessa tarefa? Ou será que estou piorando a 53 situação dele? Outro item referente à qualidade de vida se refere ao aumento de oportunidades em serviços voltados a vida saudável, como alimentação mais equilibrada e exercícios físicos. Aprendizado: falamos de redes sociais no item credibilidade, mas voltamos ao tema: o mundo é uma teia de relações entre consumidores, entre marcas e consumidores e entre marcas e outras marcas. Como o universo da gestão de serviços é afetado por isso? Serviços de excelência em determinado segmento são esperados pelo consumidor, na mesma proporção que esse mesmo consumidor tem em relação a outros segmentos. Por exemplo: Se a Amazon ou a Apple têm um atendimento pós-venda extraordinário, o que você vai esperar em sua próxima experiência com sua operadora de celular ou seu plano de saúde? Não importa mais qual segmento trabalhado. O que determina a qualidade em serviços tem a ver com as experiências vividas pelo consumidor, julgadas por ele como inesquecíveis e positivas. Por causa das mudanças no comportamento do consumidor, até mesmo a Disney precisou rever a maneira como continuaria entregando a sua promessa de marca. A magia de ontem não poderia mais ser mais a magia de hoje, para o consumidor atual. Não por acaso, a Disney se associou à Pixar e inseriu ou potencializou em suas operações – e até mesmo em suas unidades de negócios – itens como tecnologia, informação, empolgação e entusiasmo, interatividade e experiências virtuais. Isso tudo para acompanhar os novos comportamentos e atitudes de seus consumidores. O que você pode concluir? 54 Até mesmo as empresas reconhecidas por prestarem um serviço de excelência precisam se aperfeiçoar constantemente, monitorando o comportamento do consumidor, aprendendo o que é valor para ele e como ele prefere resolver os seus problemas e receber os seus benefícios. E quando os clientes mudam o seu comportamento, as empresas devem mudar a forma como os atendem. Atividade proposta3 Leia com atenção a matéria “Venda por vários canais, atendimento não”. Aponte quais são as principais causas e consequências dos resultados do levantamento publicado. Indique as mudanças que as empresas deveriam efetivar para demonstrar ser empresas com excelência na prestação de serviços. Referências GRÖNROOS, C. Marketing: gerenciamento e serviços. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. HSM Management. Marcas fortes nos serviços. Disponível em: <http://www.intermanagers.com.br/artigos/marcas-fortes-nos-servicos> Acesso em: 2 dez. 2013. LOVELOCK, Christopher. Marketing de serviços: pessoas, tecnologia e estratégia. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2011. RIBEIRO, A. Marketing e Serviços que ainda fazem a diferença. São Paulo: Saraiva, 2006. SPILLER, E. S. Gestão de Serviços e marketing interno. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2011. http://pos.estacio.webaula.com.br/Cursos/POS443/docs/Venda_por_varios_canais.pdf http://www.intermanagers.com.br/artigos/marcas-fortes-nos-servicos 55 TEBOUL, J. Serviços em cena: o diferencial que agrega valor ao seu negócio. Brasília: Campus IEL/NC, 2008. Exercícios de fixação Questão 1 Correlacione as colunas demonstrando o entendimento sobre como ocorre a integração entre as diversas disciplinas que compõem a gestão de serviços. A. Gestão de Marketing ( ) Gerir os funcionários da empresa B. Gestão de Recursos Humanos ( ) Relaciona-se com as operações da empresa C. Gestão de Processos ( ) 4Ps, Posicionamento e Público- Alvo Questão 2 Assinale TODAS as opções corretas sobre que indicam as características apresentadas pelas empresas referência na prestação de serviços. a) Planejam e monitoram todos os momentos da verdade que compõem o ciclo de serviços. b) Preocupam-se apenas com a primeira impressão causada no momento da venda. c) Entendem que a seleção de pessoas não é uma função do marketing de serviços. d) Ouvem o cliente e melhoram os seus serviços a partir do que escutam. e) Entendem as reclamações e o tratamento dado a elas como uma oportunidade de reverter a insatisfação do cliente e como uma forma de construir marca. 56 Questão 3 Momento da verdade é a essência da gestão de serviços. E a relação das empresas com os seus consumidores é rica em exemplos de como fazer e de como não fazer bem essa gestão. Assinale abaixo a opção incorreta quando pensamos em empresas que gerem bem o seu ciclo de serviços. a) “Mas isso o senhor pode resolver apenas com o meu pessoal de backoffice.” b) “O senhor tem toda razão. A partir de agora vamos fazer diferente porque aprendemos com a sua reclamação.” c) “Por ser um cliente muito importante para nossa empresa, gostaríamos que nos desse a sua opinião sobre nós.” d) “Na próxima compra o frete é grátis.” e) “Acesse o nosso site e escolha a forma de sua preferência para entrar em contato conosco.” Questão 4 Sabemos que a gestão da comunicação e marketing é essencial, assim como a gestão de pessoas e processos, e a gestão de serviços de excelência. Assinale abaixo a opção que mostra em que a gestão de comunicação não pode atuar: a) Imagem da marca. b) Divulgação da marca. c) Satisfação dos clientes. d) Imagem da empresa. e) Divulgação da empresa. 57 Questão 5 Imagine a seguinte situação: Você contratou um fotógrafo para seu casamento. Ele foi extremamente atencioso durante a negociação, mostrou o portfólio e deixou você e sua noiva bem seguros. Vocês contrataram fotos e filmagem, e produtos adicionais, como foto-book e DVD. Ele foi pontual no dia agendado; esteve ao lado de vocês nos melhores momentos da festa e da cerimônia. Vários convidados pediram o cartão de visitas do fotógrafo por sua simpatia e profissionalismo. Acontece que, quando vocês voltaram da lua-de- mel, e foram pegar as fotos e vídeos com o fotógrafo tiveram uma surpresa: o equipamento de filmagem do fotógrafo havia dado defeito e as imagens haviam se perdido. Restavam apenas as fotos. Assinale abaixo a opção que preenche corretamente as lacunas: Quando descrevemos experiências como essa em serviços, relatamos etapas que compõem a experiência do cliente, às quais damos o nome de__________________. No caso relatado podemos afirmar que houve um problema na gestão de_____________. a) Processos; Pessoas. b) Momentos da verdade; Processos. c) Fases da experiência do cliente; Processos. d) Momentos da verdade; Pessoas. e) Fases da experiência do cliente; Pessoas; 58 Questão 6 Existem diversas formas de classificação em serviços. Analisando a importância de conhecer tais classificações, assinale a resposta correta: a) Não é relevante conhecer as mais diversas classificações em serviços porque independente do tipode serviço prestado a gestão segue as mesmas regras. b) A depender das características e segmento da sua empresa, a sua gestão de serviços deverá colocar mais ênfase em um ou outro aspecto. c) Saber se o meu serviço depende mais ou menos de interação não muda a forma como a minha empresa pratica a gestão de serviços. d) A gestão de serviços não é influenciada pela classificação de serviços. e) A gestão de serviços depende unicamente do gestor de serviços. Questão 7 Identifique abaixo a opção que apresenta exemplos de serviços relacionais e de maior interação humana: a) E-commerce, transporte público e livraria. b) Farmácia, clínica médica e veterinário. c) Pet shop, assinatura de jornal e universidade. d) TV por assinatura, cafeteria e telefonia celular. e) Consultoria, universidade e plano de saúde. 59 Questão 8 São diversas as classificações de serviços, mas alguns aspectos são recorrentes em todas elas, variando apenas em intensidade. Assinale a opção incorreta. a) Interação b) Customização c) Complexidade d) Preço e) Intangibilidade Questão 9 Quando falamos dos serviços prestados por uma TV por assinatura, podemos afirmar que se trata de um serviço classificado como: a) Transacional e de interação baixa. b) Relacional e de interação baixa. c) Relacional e de interação alta. d) Transacional e de interação alta. e) Relacional e de não interação. 60 Questão 10 O e-commerce de moda Camiseteria pode ser um serviço classificado como: a) Customizado, de baixa complexidade, mais tangível e com baixa interação humana. b) Commoditizado, de baixa complexidade, mais intangível e com alta interação humana. c) Customizado, de elevada complexidade, mais tangível e com baixa interação humana. d) Customizado, de alta complexidade, mais intangível e com alta interação humana. e) Commoditizado, de alta complexidade, mais tangível e com baixa interação humana. 61 Questão 11 Com a digitalização da nossa vida contemporânea, as empresas foram impactadas na forma como prestam os seus serviços. Assinale as opções que melhor demonstram essas consequências: a) Pressão pelo tempo de resposta. b) Oferta de múltiplos canais de atendimento. c) Maior atenção do consumidor às comunicações. d) Uso intensificado de smartphones e aplicativos. e) Baixa expectativa pelo tempo de resposta. Questão 12 Você é dono de uma empresa do segmento alimentício e precisa aprender algumas melhores práticas para aprimorar os seus serviços. Onde você procurará referências? Assinale a resposta correta: a) Apenas em outras empresas do meu setor de atuação. b) Em empresas do meu setor e de outros setores de atuação. c) Apenas em empresas de outros setores de atuação. d) Apenas dentro da própria empresa. e) Na própria empresa e em empresas similares. 62 Questão 13 Vários aspectos impactaram o comportamento do consumidor contemporâneo. Correlacione os elementos das duas colunas, demonstrando seu entendimento dos impactos dessas mudanças no comportamento do consumidor na gestão de serviços: A. Mobilidade ( ) Atenção compartilhada e dispersa B. Convergência ( ) Possibilidade de conexão constante com marcas C. Credibilidade ( ) Tempo passa a ser um valor para o cliente D. Qualidade de Vida ( ) Entrega da promessa de marca Questão 14 Analisando as imagens abaixo, você afirmaria que falamos de quais tendências do comportamento do consumidor? Assinale a opção correta: Figura 1 Figura 2 63 a) 1. Mobilidade e 2. Convergência. b) 1. Qualidade de Vida e 2. Credibilidade. c) 1. Credibilidade e 2. Qualidade de Vida. d) 1. Mobilidade e 2. Credibilidade. e) 1. Convergência e 2. Qualidade de vida. Questão 15 Os clientes aprendem a ser bem atendidos e exigem cada vez mais excelência de todo e qualquer prestador de serviços. Se alguma empresa é capaz de encantá-lo, todas são. Chamamos essa tendência de: a) Qualidade de Vida b) Credibilidade c) Aprendizado d) Mobilidade e) Convergência 64 Introdução Vimos os principais conceitos e características da gestão de serviços até agora. Alguns desafios foram apresentados e discutidos, assim como a necessidade da centralidade do processo nas pessoas, sejam elas clientes ou funcionários. Além da atenção extrema aos processos e operações, que serão parte integrante da entrega prometida pelo marketing. Nesta aula, vamos entender o que constrói valor para o cliente, como este entende e percebe o valor do serviço. Como qualquer negócio, as empresas que lidam com serviços devem construir e entregar valor para os seus acionistas, mas, em particular, no caso da prestação de serviços, há uma correlação intensa entre o que é valor para o seu cliente, e se este o percebe em sua marca, e a geração de lucro para empresa. Veremos que o valor para o cliente é composto pela relação entre custos incorridos X benefícios percebidos pelo cliente. Vamos também recordar o conceito de produto ampliado e soluções em serviços. Por fim, abordaremos, talvez, o maior desafio na gestão de serviços: a qualidade na prestação de serviços. Discutiremos o conceito, as principais métricas e como melhorar a performance da qualidade. Objetivos 1. Definir a criação de valor para o cliente por meio dos serviços; 2. Discutir a gestão da qualidade em serviços. 65 Conteúdo Valor em serviços Você já sabe que o objetivo do marketing é a criação, a comunicação e a entrega de valor para os clientes. Por isso, o gestor de marketing precisa compreender o que significa valor para os seus clientes. Além disso, precisa garantir a entrega desse valor para eles. Valor para o cliente é um conceito composto pela relação entre: Benefícios percebidos pelo cliente Resultados para o cliente: aquele serviço conseguiu realmente atender a sua necessidade ou problema? Qualidade percebida do processo de prestação de serviço: o problema ou necessidade podem ter sido resolvidos, mas foram com a qualidade que o cliente esperava? Custos incorridos pelo cliente O cliente avalia se o serviço é caro ou barato, analisando a equação de valor8, ou seja, os fatores econômicos e não econômicos. Preço pago pelo cliente: quanto efetivamente o cliente pagou pelo serviço, o valor de face, o preço do serviço. Para alguns autores esses seriam os custos econômicos para os clientes. 8 Equação de valor O cliente não analisa isoladamente o preço do serviço, mas todos os custos que teve durante a contratação e uso do serviço. Ele analisa os fatores econômicos e os fatores não econômicos. 66 Custo para obter o serviço: o cliente gastou outras coisas além de dinheiro, como tempo e esforço para usufruir daquele serviço. Desses outros custos, depreendem-se efeitos como incertezas, risco percebido, preocupação e dificuldade de acesso, durante o processo de contratação e uso do serviço. Para alguns autores esses seriam os custos não econômicos para os clientes. Esse processo de cálculo de valor pode ser feito de maneira consciente ou inconsciente pelo cliente, mas sempre é levado em consideração quando o cliente avalia o serviço prestado pelas mais diversas marcas que ele consome. A avaliação da satisfação do cliente, e se ele recomendaria a empresa para outras pessoas, sempre leva em consideração o valor percebido pelo cliente. Cálculo de valor Os atributos avaliados pelo cliente na atribuição de valor à marca são: Imagem da marca; Oferta – o produto ou serviço em si; A forma como os serviços são prestados; As pessoas envolvidas no processo de prestação de serviços; Custo financeiro; Tempo
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