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lei de mediação comentada

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Comentários à Lei 13.140/2015 (Lei da Mediação)
dizerodireito.com.br/2015/06/comentarios-lei-131402015-lei-da.html
terça-feira, 30 de junho de 2015
Olá amigos do Dizer o Direito,
Foi publicada esta semana mais uma importante novidade legislativa.
Trata-se da Lei n.° 13.140/2015, que dispõe sobre a MEDIAÇÃO.
Vamos conhecer um pouco mais sobre o assunto, abordando tanto a Lei
n.° 13.140/2015 como os dispositivos do CPC 2015 que versam sobre a
mediação.
I – NOÇÕES INTRODUTÓRIAS
Quando surge um conflito, as pessoas envolvidas poderão resolvê-lo pelos
seguintes meios:
1) Jurisdição estatal: resolução do conflito mediante uma ação que será
julgada pelo Poder Judiciário.
2) Arbitragem (“jurisdição privada”) : é uma técnica de solução de
conflitos por meio da qual os conflitantes aceitam que a solução de seu
litígio seja decidida por uma terceira pessoa, de sua confiança.
Há intensa discussão na doutrina se a arbitragem pode ser considerada
como jurisdição ou se seria apenas um equivalente jurisdicional. Fredie
Didier afirma que a arbitragem é jurisdição; Luiz Guilherme Marinoni
sustenta o contrário.
A arbitragem é regulada pela Lei n.° 9.307/96, recentemente reformada
pela Lei 13.129/2015, sendo cada vez mais valorizada.
3) Autotutela: é a solução imposta, por meio da força (física, moral,
econômica, política etc.), por um dos litigantes contra o outro. Na
linguagem popular, significa “fazer justiça com as próprias mãos”.
Em regra, a autotutela é proibida, podendo até mesmo ser considerada
1/25
https://www.dizerodireito.com.br/2015/06/comentarios-lei-131402015-lei-da.html
crime, a depender da situação. No entanto, existem algumas exceções em
que a autotutela é permitida. Exs: desforço incontinenti do possuidor
turbado ou esbulhado (art. 1.210, § 1º do CC), legítima defesa, direito de
retenção etc.
4) Conciliação: ocorre quando um terceiro (conciliador) atua como
intermediário entre as partes tentando facilitar o diálogo a fim de que os
litigantes cheguem a um acordo (autocomposição).
A conciliação é regulada pelos arts. 165 a 175 do CPC 2015.
5) Mediação: tambémocorre quando um terceiro (mediador) se coloca
entre os litigantes e tenta conduzi-los a um acordo (autocomposição).
Ponto de destaque
Qual é, então, a diferença entre a conciliação e a mediação?
São institutos muito semelhantes. A diferença está apenas na técnica que é
empregada. O CPC 2015, em seu art. 165, §§ 2º e 3º prevê as sutis
diferenças entre eles:
CONCILIADOR:
• Tem uma participação mais ativa no processo de negociação.
• Atua preferencialmente nos casos em que não houver vínculo anterior
entre as partes.
• Pode sugerir soluções para o litígio.
MEDIADOR:
• Auxilia as partes a compreender as questões e os interesses em conflito,
de modo que eles possam, pelo restabelecimento da comunicação,
identificar, por si próprios, soluções consensuais que gerem benefícios
mútuos.
• Atua preferencialmente nos casos em que houver vínculo anterior entre
as partes
• Não propõe soluções para os litigantes.
Conciliação Mediação Arbitragem
2/25
Forma de autocomposição do
conflito.
Forma de autocomposição
do conflito.
Forma de
heterocomposição
do conflito.
O terceiro não decide o
conflito. Ele facilita que as
partes cheguem ao acordo.
O terceiro não decide o
conflito. Ele facilita que as
partes cheguem ao acordo.
O terceiro é quem
decide o conflito.
Atua preferencialmente nos
casos em que não houver
vínculo anterior entre as
partes.
Atua preferencialmente nos
casos em que houver vínculo
anterior entre as partes
Atua tanto em um
caso como no
outro.
Propõe soluções para os
litigantes.
Não propõe soluções para os
litigantes.
Decide o conflito.
Conceito legal de mediação
A Lei n.° 13.140/2015 forneceu um conceito para mediação:
Art. 1º (...)
Parágrafo único. Considera-se mediação a atividade técnica exercida por
terceiro imparcial sem poder decisório, que, escolhido ou aceito pelas
partes, as auxilia e estimula a identificar ou desenvolver soluções
consensuais para a controvérsia. 
Objeto da mediação
É correto afirmar que a mediação só se aplica para direitos disponíveis?
NÃO. Pode ser objeto de mediação os conflitos que versem sobre:
• direitos disponíveis; ou
• direitos indisponíveis que admitam transação.
Vale ressaltar, no entanto, que o consenso das partes envolvendo direitos
indisponíveis, mas transigíveis, deve ser homologado em juízo, exigida a
oitiva do Ministério Público (§ 2º do art. 3º da Lei). Em outras palavras, se
envolver direitos indisponíveis, o acordo celebrado entre as partes deve ser
homologado em juízo, com parecer do MP.
É possível que haja mais de um mediador para atuar em um caso?
3/25
SIM. Poderá ser admitido mais de um mediador para funcionar no mesmo
procedimento, quando isso for recomendável em razão da natureza e da
complexidade do conflito e desde que as partes concordem (art. 15 da Lei).
Câmaras privadas de mediação e conciliação
Nos países em que a conciliação e a mediação são mais frequentes,
existem “empresas” que se dedicam unicamente para desempenhar tais
atividades em caráter privado, oferecendo isso como um serviço à
população. É o caso, por exemplo, dos EUA. No Brasil tal atividade está no
início, mas já é possível identificá-las em alguns lugares.
Assim, tais “empresas” possuem em seu corpo conciliadores e mediadores
profissionais, ou seja, pessoas que fizeram cursos e dominam as técnicas
adequadas para ter êxito em uma conciliação ou mediação. O CPC 2015
previu a existência dessa atividade e denominou tais “empresas” de
“câmaras privadas de mediação e conciliação”.
Câmaras de mediação dentro de órgãos e entidades públicas
Os órgãos e entidades da administração pública poderão criar câmaras
para a resolução de conflitos entre particulares, que versem sobre
atividades por eles reguladas ou supervisionadas (art. 43). É o caso, por
exemplo, do PROCON que pode criar uma câmara de mediação para
intermediar a solução dos conflitos entre consumidores e fornecedores.
Mediação pela internet
A mediação poderá ser feita pela internet ou por outro meio de
comunicação que permita a transação à distância, desde que as partes
estejam de acordo (art. 46 da Lei).
É facultado à parte domiciliada no exterior submeter-se à mediação
segundo as regras estabelecidas na Lei n 13.140/2015.
II – PRINCÍPIOS
A mediação será orientada pelos seguintes princípios:
1) independência do mediador;
2) imparcialidade do mediador;
3) isonomia entre as partes;
4) oralidade;
5) informalidade;
4/25
6) autonomia da vontade das partes;
7) busca do consenso;
8) confidencialidade;
9) boa-fé;
10) decisão informada.
Autonomia da vontade
Ninguém será obrigado a permanecer em procedimento de mediação (§ 2º
do art. 2º da Lei). A mediação, para funcionar, deve ser algo querido,
desejado pelas partes. Não se esqueça que a mediação é baseada nos
princípios da autonomia da vontade e na busca do consenso.
No entanto, se no contrato firmado entre as partes houver uma cláusula
prevendo a mediação como solução das controvérsias (cláusula de
mediação), as partes deverão comparecer pelo menos à primeira reunião
de mediação (§ 1º do art. 2º da Lei). Depois dessa, ninguém será obrigado a
permanecer no procedimento de mediação.
Liberdade na definição do procedimento
A mediação e a conciliação serão regidas conforme a livre autonomia dos
interessados, inclusive no que diz respeito à definição das regras
procedimentais (§ 4º do art. 166 do CPC 2015).
Técnicas negociais
Admite-se a aplicação de técnicas negociais, com o objetivo de
proporcionar ambiente favorável à autocomposição (§ 3º do art. 166 do
CPC 2015).
Confidencialidade
Regra: toda e qualquer informação relativa ao procedimento de mediação
será confidencial em relação a terceiros, não podendo ser revelada nem
sequer em processo arbitral ou judicial.
A confidencialidade estende-se a todas as informações produzidas no
curso do procedimento, cujo teor não poderá ser utilizado para fim diverso
daquele previsto por expressa deliberaçãodas partes (§ 1º do art. 166 do
CPC 2015).
Exemplos de informações da mediação que não podem ser reveladas:
5/25
- declarações, opiniões, propostas formuladas por uma parte à outra;
- reconhecimento ou confissão de algum fato por qualquer das partes;
- documento preparado unicamente para os fins do procedimento de
mediação.
O mediador deverá alertar as partes acerca das regras de
confidencialidade aplicáveis ao procedimento.
Exceções:
As informações relacionadas com a mediação poderão ser reveladas se:
1) as partes expressamente concordarem;
2) a lei exigir sua divulgação;
3) a sua divulgação for necessária para cumprimento de acordo obtido pela
mediação;
4) for uma informação relacionada com a ocorrência de um crime de ação
pública.
Obs: mesmo havendo a regra da confidencialidade as partes têm o dever
de comunicar à administração tributária (Fisco) as informações necessárias
ao pagamento de tributos. Ex: se em uma mediação a parte “A” concordou
em pagar a “B” R$ 100 mil a título de danos materiais, esse rendimento
deverá ser informado à Receita Federal, não estando abrangido pelo dever
de confidencialidade.
A quem se aplica o dever de confidencialidade :
O dever de confidencialidade aplica-se ao mediador, às partes, a seus
prepostos, advogados, assessores técnicos e a outras pessoas de sua
confiança que tenham, direta ou indiretamente, participado do
procedimento de mediação.
Em suma, aplica-se a todos os que participaram, de algum modo, da
mediação.
Sessão privada
Algumas reuniões ocorrerão com o mediador e as duas partes e, em outras
oportunidades, o mediador se reunirá apenas com uma das partes. Estas
últimas são chamadas de “sessões privadas”.
6/25
A Lei determina que é confidencial a informação prestada por uma parte
em sessão privada, não podendo o mediador revelá-la à outra parte,
exceto se expressamente autorizado (art. 31).
Prova inadmissível:
Se algum documento ou informação da mediação for apresentado em
processo arbitral ou judicial fora das exceções legais em que era permitida
a sua exibição, o árbitro ou juiz não deverá aceitá-lo, determinando o seu
desentranhamento do processo.
Proibição de testemunhar
Em razão do dever de sigilo, o conciliador e o mediador, assim como os
membros de suas equipes, não poderão divulgar ou depor sobre fatos ou
elementos relacionados com a conciliação ou a mediação (§ 2º do art. 166
do CPC 2015).
III – MEDIADORES EXTRAJUDICIAIS
Âmbito
A mediação pode ocorrer tanto no âmbito judicial como também
extrajudicialmente.
• Mediação extrajudicial: ocorre quando as partes optam por tentar
resolver o conflito por meio da mediação antes de ingressarem na via
judicial.
• Mediação judicial: é a que se dá após a ação já ter sido proposta, quando,
então, as partes tentam um acordo facilitado pelo mediador.
Quem pode ser mediador na mediação extrajudicial?
Poderá funcionar como mediador extrajudicial qualquer pessoa capaz que
tenha a confiança das partes e seja capacitada para fazer mediação (art. 9º
da Lei).
Essa pessoa escolhida como mediador não precisa estar vinculada a
qualquer tipo de conselho, entidade de classe ou associação de
mediadores.
Na mediação extrajudicial, as partes é quem escolhem livremente o
mediador.
Para ser mediador extrajudicial, a pessoa precisa ter feito algum curso?
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NÃO. Poderá funcionar como mediador extrajudicial qualquer pessoa
capaz que tenha a confiança das partes e seja capacitada para fazer
mediação (art. 9º da Lei).
IV – MEDIADORES JUDICIAIS
Cadastro nacional e cadastros de cada Tribunal com nomes de
mediadores
Os conciliadores, os mediadores e as câmaras privadas de conciliação e
mediação serão inscritos em cadastro nacional e em cadastros dos
Tribunais de Justiça ou dos Tribunais Regionais Federais, que manterão
registro de profissionais habilitados, com indicação de sua área
profissional (art. 167 do CPC 2015).
Em outras palavras, os TJs e TRFs terão nomes de conciliadores e
mediadores em uma espécie de cadastro.
Dados de cada conciliador ficarão disponíveis para a população
No cadastro do Tribunal constarão todos os dados relevantes para a
atuação dos conciliadores e mediadores, tais como o número de processos
de que participaram, o sucesso ou insucesso da atividade, a matéria sobre
a qual versou a controvérsia, bem como outros dados que o tribunal julgar
relevantes.
Tais dados serão classificados sistematicamente pelo tribunal, que os
publicará, ao menos anualmente, para conhecimento da população e para
fins estatísticos e de avaliação da conciliação, da mediação, das câmaras
privadas de conciliação e de mediação, dos conciliadores e dos
mediadores.
Quais são os requisitos para ser mediador judicial?
a) Ser civilmente capaz;
b) Possuir graduação há pelo menos 2 anos em curso de ensino superior
de instituição reconhecida pelo MEC;
c) Ter feito curso de capacitação em escola ou instituição de formação de
mediadores, reconhecida pela Escola Nacional de Formação e
Aperfeiçoamento de Magistrados - ENFAM ou pelos Tribunais, observados
os requisitos mínimos estabelecidos pelo CNJ em conjunto com o
Ministério da Justiça.
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Cumpridos esses requisitos, o conciliador ou o mediador poderá requerer
sua inscrição no cadastro nacional e no cadastro do TJ ou TRF.
Ponto polêmico
As partes poderão escolher o mediador no caso de mediação judicial?
CPC 2015: SIM
Veja o que diz o art. 165, § 1º do novo CPC, que só entrará em vigor em
março de 2016:
Art. 168. As partes podem escolher, de comum acordo, o conciliador, o
mediador ou a câmara privada de conciliação e de mediação.
§ 1º O conciliador ou mediador escolhido pelas partes poderá ou não estar
cadastrado no tribunal.
Lei 13.140/2015: NÃO
Confira agora a regra da Lei da Mediação, que entra em vigor no dia
26/12/2015:
Art. 25. Na mediação judicial, os mediadores não estarão sujeitos à prévia
aceitação das partes, observado o disposto no art. 5º desta Lei.
Pela redação dos dois dispositivos, percebe-se que o CPC 2015 permite
que as partes escolham livremente o mediador judicial, dispensando até
mesmo que ele esteja previamente cadastrado no Tribunal. A Lei da
Mediação, ao contrário, na redação do seu art. 25, impõe o mediador
judicial às partes, sendo este designado pelo Tribunal mediante
distribuição.
A doutrina deverá, portanto, resolver esse impasse. Particularmente,
apesar de a regra do CPC 2015 ser melhor e mais consentânea com os
princípios da mediação, penso que, tecnicamente, deve prevalecer a Lei n.°
13.140/2015 considerando que se trata de lei específica em detrimento ao
CPC (que é norma geral), além do fato de que o art. 25 da Lei n.°
13.140/2015 derrogou o § 1º do art. 168 do CPC 2015 ainda durante a
vacatio legis. Sobre este ponto, vale ressaltar que é perfeitamente possível
que uma lei revogue outra que nem entrou em vigor, ou seja, que ainda
está em vacatio legis.
Existe algum critério para a escolha dos mediadores que irão atuar nos
processos judiciais?
9/25
SIM. Será feita uma lista com os nomes dos conciliadores e mediadores
que atuam naquela comarca/seção judiciária e, sempre que for necessário
algum profissional, será selecionado um nome dessa lista, sendo que essa
escolha deverá ser feita de forma alternada e aleatória, respeitado o
princípio da igualdade dentro da mesma área de atuação profissional (§ 2º
do art. 167 do CPC 2015).
Essa parte final em cinza revela que a designação do mediador que irá
atuar no processo deverá respeitar a área de atuação do profissional.
Assim, por exemplo, em um processo que trate sobre disputa societário
entre duas empresas, não irá ser designado um mediador que tenha
atuação profissional em direito de família (psicólogo, assistente social etc.).
Deverá ser escolhido um dos mediadores que atue na área de direito
societário.
Auxiliar da justiça
Se a mediação ocorre judicialmente, o mediador é considerado um auxiliar
da justiça.
Em vez de cadastrar conciliadores e mediadores externos, o Tribunal
poderá ter um corpo próprio desses profissionais?
SIM. O Tribunalpoderá optar pela criação de quadro próprio de
conciliadores e mediadores, a ser preenchido por concurso público de
provas e títulos (§ 6º do art. 167 do CPC 2015).
O trabalho do mediador judicial é remunerado?
REGRA: SIM.
• Se o conciliador ou mediador for servidor concursado do Tribunal (§ 6º do
art. 167 do CPC 2015), ele receberá remuneração mensal pelo exercício do
cargo.
• Se o conciliador ou mediador for profissional externo, cadastrado no
banco de dados do Tribunal: deverá receber por cada trabalho que
realizar, com remuneração prevista em tabela fixada pelo Tribunal,
conforme parâmetros estabelecidos pelo CNJ (art. 169 do CPC 2015).
A remuneração devida aos mediadores judiciais será custeada pelas partes.
Obs: deverá ser assegurada a gratuidade da mediação para os litigantes
que forem economicamente necessitados (§ 2º do art. 4º da Lei).
10/25
EXCEÇÃO: a mediação e a conciliação podem ser realizadas como trabalho
voluntário, observada a legislação pertinente e a regulamentação do
Tribunal (§ 1º do art. 169 do CPC 2015).
V – IMPEDIMENTOS E SUSPEIÇÕES
Mesmos impedimentos e suspeições aplicáveis ao magistrado
Os conciliadores e mediadores deverão atuar com imparcialidade.
Assim, aplicam-se a eles as mesmas hipóteses legais de impedimento e
suspeição do juiz.
A pessoa designada para atuar como conciliador ou mediador tem o dever
de revelar às partes, antes da aceitação da função, qualquer fato ou
circunstância que possa suscitar dúvida justificada em relação à sua
imparcialidade para mediar o conflito, oportunidade em que poderá ser
recusado por qualquer delas.
Comunicação do impedimento
No caso de impedimento, o conciliador ou mediador comunicará este fato
imediatamente ao magistrado, de preferência por meio eletrônico, e
devolverá os autos ao juiz do processo ou ao coordenador do centro
judiciário de solução de conflitos, devendo este realizar nova distribuição
(art. 170 do CPC 2015).
Se a causa de impedimento for apurada quando já iniciado o
procedimento, a atividade será interrompida, lavrando-se ata com relatório
do ocorrido e solicitação de distribuição para novo conciliador ou mediador
(art. 170, parágrafo único, do CPC 2015).
Impedimento geral para a advocacia no juízo onde desempenha suas
funções
É comum que os conciliadores ou mediadores sejam advogados, apesar de
não haver uma exigência nesse sentido.
Se forem advogados, os conciliadores e mediadores judiciais cadastrados
no Tribunal estarão impedidos de exercer a advocacia nos juízos em que
desempenhem suas funções (§ 5º do art. 167 do CPC 2015). Ex: a pessoa é
cadastrada como mediadora no TJMG para exercer mediações em Juiz de
Fora. Isso significa que ela não poderá advogar em nenhum processo da
Justiça Estadual nesta comarca. Poderá, no entanto, advogar na Justiça
Federal (se lá não for cadastrada como mediadora).
11/25
Impedimento em relação aos litigantes
O conciliador e o mediador ficam impedidos, pelo prazo de 1 ano, contado
do término da última audiência em que atuarem, de assessorar,
representar ou patrocinar qualquer das partes (art. 6º da Lei / art. 172 do
CPC 2015).
Impedimento para ser árbitro ou testemunha em processos nos quais
atuou
O mediador não poderá atuar como árbitro nem funcionar como
testemunha em processos judiciais ou arbitrais pertinentes a conflito em
que tenha atuado como mediador (art. 7º da Lei).
Mediador é equiparado a servidor público para fins penais
O mediador e todos aqueles que o assessoram no procedimento de
mediação, quando no exercício de suas funções ou em razão delas, são
equiparados a servidor público, para os efeitos da legislação penal (art. 8º).
Assim, ele poderá praticar corrupção passiva (art. 317 do CP), por exemplo.
Vale lembrar que podem existir mediadores judiciais que são concursados.
Neste caso, eles serão servidores públicos para todos os fins (e não apenas
equiparados).
Exclusão do cadastro de conciliadores/mediadores
Será excluído do cadastro de conciliadores e mediadores aquele que:
I - agir com dolo ou culpa na condução da conciliação ou da mediação sob
sua responsabilidade ou violar os deveres de confidencialidade e sigilo;
II - atuar em procedimento de mediação ou conciliação, apesar de
impedido ou suspeito.
Ocorrendo uma situação acima descrita, ela será apurada em processo
administrativo.
Afastamento cautelar
O juiz do processo ou o juiz coordenador do centro de conciliação e
mediação, se houver, verificando atuação inadequada do mediador ou
conciliador, poderá afastá-lo de suas atividades por até 180 dias, por
decisão fundamentada, informando o fato imediatamente ao tribunal para
instauração do respectivo processo administrativo (art. 173, § 2º do CPC
2015).
12/25
VI – MEDIAÇÃO EXTRAJUDICIAL
Convite
Diante do surgimento de um conflito, a parte que deseja o acordo faz um
convite à outra para que elas iniciem o procedimento de mediação
extrajudicial.
Esse convite poderá ser feito por qualquer meio de comunicação e deverá
estipular o escopo (objetivo) proposto para a negociação, a data e o local
da primeira reunião.
Resposta
A parte que recebe o convite poderá:
a) Aceitar o início da mediação;
b) Recusar expressamente a mediação;
c) Não responder, o que significa que recusou o convite. Isso porque a Lei
prevê que o convite será considerado rejeitado se não for respondido em
até 30 dias da data de seu recebimento (art. 21, parágrafo único).
Cláusula de mediação
É possível que as partes prevejam no contrato que os litígios envolvendo
aquele pacto serão resolvidos por meio de mediação. Assim, as partes se
comprometem a tentar a mediação antes de buscarem o Poder Judiciário
ou a arbitragem para decidir o conflito. A isso se dá o nome de “cláusula de
mediação”.
Conteúdo da cláusula de mediação
O ideal é que a cláusula de mediação prevista no contrato contenha no
mínimo as seguintes informações:
I - prazo mínimo e máximo para a realização da primeira reunião de
mediação, contado a partir da data de recebimento do convite;
II - local da primeira reunião de mediação;
III - critérios de escolha do mediador ou equipe de mediação;
IV - penalidade em caso de não comparecimento da parte convidada à
primeira reunião de mediação.
13/25
Se havia cláusula de mediação e a parte recusou o convite, ela sofrerá
alguma penalidade?
A cláusula poderá prever uma penalidade em caso de não
comparecimento da parte convidada à primeira reunião de mediação.
Se a cláusula não trouxer a previsão dessa penalidade, mesmo assim a
parte que não comparecer será punida tendo que pagar 50% das custas e
honorários sucumbenciais caso venha a ser vencedora em procedimento
arbitral ou judicial posterior, que envolva o escopo da mediação para a
qual foi convidada (art. 22, § 2º, IV, da Lei).
Prazo para iniciar a ação judicial ou procedimento arbitral
A cláusula de mediação poderá prever que as partes só poderão ajuizar
ação ou iniciar procedimento arbitral para discutir o litígio após esperarem
determinado tempo em busca da mediação. Ex: em um contrato firmado
entre as empresas “A” e “B”, existe uma cláusula dizendo que as partes não
poderão interpor ação judicial para discutir o contrato, salvo se tiverem
tentado a mediação pelo prazo máximo de 6 meses.
Se houver uma previsão nesse sentido e uma das partes não respeitá-la
ajuizando a ação mesmo antes do prazo, o juiz deverá suspender o
processo e aguardar o término do interregno estipulado. Isso está previsto
expressamente na Lei n.° 13.140/2015:
Art. 23. Se, em previsão contratual de cláusula de mediação, as partes se
comprometerem a não iniciar procedimento arbitral ou processo judicial
durante certo prazo ou até o implemento de determinada condição, o
árbitro ou o juiz suspenderá o curso da arbitragem ou da ação pelo prazo
previamente acordado ou até o implemento dessa condição.
Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica às medidas de urgência
em que o acesso ao Poder Judiciário seja necessário para evitar o
perecimento de direito.
Partes podem ser acompanhadas por advogado ou DefensorPúblico na
mediação
As partes poderão ser assistidas por advogados ou Defensores Públicos na
reunião da mediação.
Se uma das partes comparecer acompanhada de advogado ou Defensor
Público e a outra estiver sem assistência jurídica, o mediador suspenderá o
procedimento até que todas estejam devidamente assistidas (art. 10,
parágrafo único da Lei).
14/25
Em outras palavras, ou as duas partes participam da reunião sem
advogado ou Defensor Público ou ambas deverão estar assistidas. Não
pode uma das partes estar acompanhada e a outra não.
VII – MEDIAÇÃO JUDICIAL
Centros judiciários de solução consensual de conflitos
Os tribunais criarão centros judiciários de solução consensual de conflitos,
responsáveis pela realização de sessões e audiências de conciliação e
mediação, pré-processuais e processuais, e pelo desenvolvimento de
programas destinados a auxiliar, orientar e estimular a autocomposição
(art. 24 da Lei / art. 165 do CPC 2015).
Mediação como fase obrigatória do processo judicial
Se a petição inicial preencher os requisitos essenciais e não for o caso de
improcedência liminar do pedido, o juiz designará audiência de conciliação
ou de mediação com antecedência mínima de 30 dias, devendo ser citado
o réu com pelo menos 20 dias de antecedência (art. 334 do CPC 2015 / art.
27 da Lei).
A intimação do autor para a audiência será feita na pessoa de seu
advogado.
Partes deverão ser acompanhadas por advogado ou Defensor Público na
mediação
Em regra, as partes deverão ser assistidas por advogados ou Defensores
Públicos no procedimento de mediação judicial. Isso porque se trata de um
processo judicial onde é indispensável a capacidade postulatória.
Exceção: não será necessário advogado nem Defensor Público se o
processo estiver tramitando no rito dos juizados especiais (Leis n.° 9.099/95
e Lei n.° 10.259/2001).
Prazo máximo do procedimento de mediação
O procedimento de mediação judicial deverá ser concluído em até 60 dias,
contados da primeira sessão, salvo quando as partes, de comum acordo,
requererem sua prorrogação.
Mais de uma sessão de conciliação/mediação
15/25
Poderá haver mais de uma sessão destinada à conciliação e à mediação,
não podendo exceder a 2 meses da data de realização da primeira sessão,
desde que necessárias à composição das partes (§ 2º do art. 334 do CPC
2015).
Dispensa da audiência
A audiência de mediação/conciliação não será realizada:
I - se ambas as partes manifestarem, expressamente, desinteresse na
composição consensual;
II - quando o direito versado na causa não admitir a autocomposição.
Como as partes manifestam seu desinteresse na conciliação/mediação?
O autor deverá indicar, na petição inicial, seu desinteresse na
autocomposição.
O réu deverá fazê-lo por petição apresentada com no mínimo 10 dias de
antecedência da data da audiência.
Ponto de destaque
Se as partes não manifestaram desinteresse, elas são obrigadas a
comparecer à audiência de conciliação/mediação?
SIM. O não comparecimento injustificado do autor ou do réu à audiência
de conciliação/mediação é considerado ato atentatório à dignidade da
justiça e será sancionado com multa de até 2% da vantagem econômica
pretendida ou do valor da causa, revertida em favor da União ou do Estado
(§ 8º do art. 334 do CPC 2015).
Procurador
A parte poderá enviar representante para participar da audiência de
conciliação/mediação, devendo, para isso, outorgar uma procuração
específica com poderes para negociar e transigir.
Meio eletrônico
A audiência de conciliação ou de mediação pode realizar-se por meio
eletrônico.
Se a mediação for bem sucedida
16/25
Se houver acordo, este será reduzido a termo e homologado pelo juiz por
meio de sentença, determinando o arquivamento do processo (art. 28 da
Lei / art. 334, § 11 do CPC 2015).
Se o conflito foi solucionado pela mediação antes da citação do réu, não
serão devidas custas judiciais finais (art. 29 da Lei).
Pauta de audiências de mediação/conciliação
A pauta das audiências de conciliação ou de mediação será organizada de
modo a respeitar o intervalo mínimo de 20 minutos entre o início de uma e
o início da seguinte (§ 12 do art. 334 do CPC 2015).
VIII – REGRAS GERAIS SOBRE A AUTOCOMPOSIÇÃO DE CONFLITOS
SENDO UMA DAS PARTES PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO
Conflitos envolvendo a Administração Pública
Os órgãos e entidades da Administração Pública também podem se
envolver em conflitos.
Esses conflitos podem ser tanto com particulares (situação mais comum)
como também com outros órgãos ou entidades da própria Administração
Pública (ex: dois órgãos disputando a posse de um imóvel).
Pela visão tradicional do Direito Administrativo, em caso de conflitos
envolvendo em um dos polos uma pessoa jurídica de direito público, a
questão deveria ser, obrigatoriamente, resolvida por meio de sentença
judicial. Isso porque, segundo a posição clássica, o princípio da
indisponibilidade do interesse público impediria que a Administração
Pública se submetesse à conciliação, mediação ou arbitragem.
Essa visão tradicional está atualmente superada.
O art. 1º, § 1º da Lei n.° 9.307/96 (com redação dada pela Lei n. °
13.129/2015) prevê que a administração pública direta e indireta poderá
utilizar-se da ARBITRAGEM para dirimir conflitos relativos a direitos
patrimoniais disponíveis.
A Lei n.° 13.140/2015 autoriza e incentiva que a Administração Pública
preveja e resolva seus conflitos por meio da conciliação e mediação (art.
32).
Câmaras de prevenção e resolução administrativa de conflitos
A Lei n.° 13.140/2015 e o CPC 2015 afirmam que a União, os Estados, o
Distrito Federal e os Municípios poderão criar câmaras de prevenção e
resolução administrativa de conflitos.
17/25
Competência
Essas câmaras de mediação funcionarão dentro dos órgãos da Advocacia
Pública (AGU, PGE e PGM) e terão competência para:
I - dirimir conflitos entre órgãos e entidades da administração pública;
II - avaliar a admissibilidade dos pedidos de resolução de conflitos, por
meio de composição, no caso de controvérsia entre particular e pessoa
jurídica de direito público;
III - promover, quando couber, a celebração de termo de ajustamento de
conduta.
Não se incluem na competência das referidas câmaras as controvérsias
que somente possam ser resolvidas por atos ou concessão de direitos
sujeitos à autorização do Poder Legislativo. Em outras palavras, se a
providência necessária depender de autorização do Parlamento, não é
possível que a questão seja levada à câmara porque o sucesso do acordo
ainda precisaria da concordância de outro Poder independente.
Ponto de destaque
Discussão sobre equilíbrio econômico-financeiro de contratos
É possível que sejam resolvidas por meio de acordo (autocomposição) na
câmara os conflitos que envolvam a discussão sobre o equilíbrio
econômico-financeiro de contratos celebrados pela administração com
particulares. Ex: se uma empresa contratada pela Administração Pública
alega que está havendo um desequilíbrio do contrato, em vez de buscar
diretamente o Poder Judiciário, essa empresa poderá pedir que a câmara
decida o conflito por meio de autocomposição (acordo).
Ponto de destaque
Mediação coletiva de conflitos envolvendo prestação de serviços públicos
A Advocacia Pública da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios poderá instaurar, de ofício ou mediante provocação,
procedimento para mediação coletiva de conflitos relacionados à prestação
de serviços públicos.
Ex: foi constatado que centenas de moradores estão com problemas no
serviço municipal de coleta de lixo domiciliar; diante disso, a fim de evitar
que inúmeras ações judiciais sejam propostas contra o Município, a PGM
18/25
poderá instaurar, na câmara de mediação administrativa, uma mediação
coletiva para resolver os conflitos relacionados com a prestação desse
serviço.
Facultativa
A submissão do conflito às câmaras é facultativa.
As partes podem preferir ir direto ao Poder Judiciário.
Título executivo extrajudicial
Se as partes chegarem a um consenso, o acordo será reduzidoa termo e
constituirá título executivo extrajudicial.
Suspensão da prescrição
A instauração de procedimento administrativo para a resolução consensual
de conflito no âmbito da administração pública suspende a prescrição (art.
34 da Lei).
Considera-se instaurado o procedimento quando o órgão ou entidade
pública emitir juízo de admissibilidade, retroagindo a suspensão da
prescrição à data de formalização do pedido de resolução consensual do
conflito (art. 34, § 1º da Lei).
Em se tratando de matéria tributária, a suspensão da prescrição deverá
observar o disposto no CTN (art. 34, § 2º da Lei).
Enquanto não forem criadas as câmaras de mediação
Enquanto não forem criadas as câmaras de mediação, os conflitos poderão
ser dirimidos nos termos do procedimento de mediação previsto na Lei n.°
13.140/2015.
IX – REGRAS ESPECÍFICAS PARA OS CONFLITOS ENVOLVENDO A
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL
A Lei n.° 13.140/2015 fixou regras gerais sobre a câmara de mediação
administrativa e deixou para os que os Estados, DF e Municípios
complementassem as normas segundo suas realidades regionais e locais.
No entanto, quanto aos conflitos envolvendo a Administração Pública
Federal, a Lei n.° 13.140/2015 previu regras mais detalhadas, que serão
estudadas a seguir:
19/25
Transação por adesão
A Lei n.° 13.140/2015 previu a figura da “transação por adesão”. Isso
significa que, em determinados temas que estão gerando muitos conflitos
envolvendo a Administração Pública federal, poderá o órgão ou entidade
propor, de forma geral, ou seja, para todos os interessados que façam um
acordo com o Poder Público, nas condições por ele oferecidas. Em outras
palavras, é uma proposta de acordo com os parâmetros fechados. Daí ser
chamada de “transação por adesão” (a parte aceita ou não; não havendo
margem ampla para negociação).
Exemplo: diversos servidores públicos federais aposentados estão
ingressando com ações judiciais pedindo o pagamento de uma gratificação
que está sendo concedida aos servidores ativos. A jurisprudência é
amplamente favorável ao pleito dos servidores. A AGU poderá formular
uma proposta de acordo prevendo o pagamento imediato dessa
gratificação com deságio (desconto) de 20%. Os servidores que
concordarem aceitam a transação por adesão e recebem o valor sem
precisar recorrer ao Poder Judiciário.
Requisitos para que haja a transação por adesão
As controvérsias jurídicas que envolvam a administração pública federal
direta, suas autarquias e fundações poderão ser objeto de transação por
adesão, com fundamento em:
I - autorização do Advogado-Geral da União, com base na jurisprudência
pacífica do Supremo Tribunal Federal ou de tribunais superiores; ou
II - parecer do Advogado-Geral da União, aprovado pelo Presidente da
República.
Os demais requisitos e as condições da transação por adesão serão
definidos em resolução administrativa própria.
Ao fazer o pedido de adesão, o interessado deverá juntar prova de
atendimento aos requisitos e às condições estabelecidos na resolução
administrativa.
A resolução administrativa terá efeitos gerais e será aplicada aos casos
idênticos, tempestivamente habilitados mediante pedido de adesão, ainda
que solucione apenas parte da controvérsia.
Parte que aceita a transação renuncia ao direito
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A parte que aceita a transação por adesão, renuncia ao direito sobre o qual
se fundamenta a ação ou o recurso, eventualmente pendentes, de
natureza administrativa ou judicial.
Em outras palavras, a parte não poderá mais questionar, judicial ou
administrativamente, os pontos que foram objeto da resolução e do
acordo.
Se o interessado for parte em processo judicial inaugurado por ação
coletiva, a renúncia ao direito sobre o qual se fundamenta a ação deverá
ser expressa, mediante petição dirigida ao juiz da causa (§ 5º do art. 36).
Ponto de destaque
O fato de a Administração Pública propor a transação não interfere no
prazo prescricional, que continua correndo normalmente
O § 6º do art. 35 da Lei n.° 13.140/2015 é importantíssimo e preconiza o
seguinte:
§ 6º A formalização de resolução administrativa destinada à transação
por adesão não implica a renúncia tácita à prescrição nem sua
interrupção ou suspensão.
Vamos explicar esse dispositivo com um exemplo:
Imagine que a União tenha deixado de pagar, em fevereiro de 2012, uma
verba que seria devida a todos os servidores públicos do Ministério da
Saúde. Isso significa que, nesta data, surgiu o direito de os servidores
públicos cobrarem o pagamento da quantia pela Administração Pública
federal. A partir daqui começa a correr o prazo prescricional para que os
lesados ajuízem ação pleiteando a verba.
Vale ressaltar que o prazo prescricional contra a Administração Pública é
de 5 anos, nos termos do art. 1º do Decreto 20.910/32. Logo, a prescrição
se consumará em fevereiro de 2017.
Suponha, no entanto, que, em fevereiro de 2015, a AGU tenha formalizado
uma resolução administrativa propondo transação por adesão aos
servidores públicos para que eles recebam, sem precisar ingressar na
Justiça, a verba devida com desconto de 40%.
Segundo determinou o § 6º do art. 35 da Lei n.° 13.140/2015, essa
resolução administrativa não interfere no curso do prazo prescricional que
continua a correr normalmente. A Lei afirmou que o fato de a
Administração Pública ter proposto o acordo não significa que ela está
renunciando ao seu prazo prescricional nem que isso possa ser
caracterizado como interrupção ou suspensão desse prazo.
21/25
Logo, mesmo tendo havido a proposta de transação, o prazo prescricional
para aqueles que não aceitarem terminará em fevereiro de 2017.
Se não houvesse essa previsão do § 6º do art. 35, o ato da Administração
Pública poderia ser encarado como reconhecimento da procedência do
direito dos servidores e seria classificado pela jurisprudência como
renúncia ao direito à prescrição ou, no mínimo, como ato interruptivo do
prazo, nos termos do art. 202, VI, do Código Civil.
Ponto de destaque
Conflitos envolvendo dois órgãos ou entidades da administração pública
federal
No caso de conflitos que envolvam controvérsia jurídica entre órgãos ou
entidades de direito público que integram a administração pública federal,
a Advocacia-Geral da União deverá realizar composição extrajudicial do
conflito, observados os procedimentos previstos em ato do Advogado-
Geral da União.
Se não houver acordo quanto à controvérsia jurídica, caberá ao Advogado-
Geral da União dirimi-la, com fundamento na legislação.
Nos casos em que a resolução da controvérsia implicar o reconhecimento
da existência de créditos da União, de suas autarquias e fundações em face
de pessoas jurídicas de direito público federais, a Advocacia-Geral da União
poderá solicitar ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão a
adequação orçamentária para quitação das dívidas reconhecidas como
legítimas.
Se não houver acordo e o AGU não dirimir a questão, é possível imaginar
ação judicial envolvendo órgãos/entidades da Administração Pública
federal, um contra ou outro?
SIM. É possível, mas a propositura de ação judicial em que figurem
concomitantemente nos polos ativo e passivo órgãos ou entidades de
direito público que integrem a administração pública federal deverá ser
previamente autorizada pelo Advogado-Geral da União (art. 39 da Lei).
Apuração das responsabilidades do servidor responsável pelo dano
A composição extrajudicial do conflito não afasta a apuração de
responsabilidade do agente público que deu causa à dívida, sempre que se
verificar que sua ação ou omissão constitui, em tese, infração disciplinar.
22/25
Se o tema estiver sendo discutido em ação de improbidade ou em
processo no TCU
Nas hipóteses em que a matéria objeto do litígio estiver sendo discutida
em ação de improbidade administrativa ou sobre ela haja decisão do
Tribunal de Contas da União, a conciliação dependerá da anuência
expressa do juiz da causa ou do Ministro Relator.
Se o conflito envolver, de um lado, órgão/entidade federal e de outro
órgão/entidade estadual ou municipal, elepoderá ser resolvido por meio
de mediação feita pela AGU?
SIM. É facultado aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, suas
autarquias e fundações públicas, bem como às empresas públicas e
sociedades de economia mista federais, submeter seus litígios com órgãos
ou entidades da administração pública federal à Advocacia-Geral da União,
para fins de composição extrajudicial do conflito (art. 37).
Restrições no caso de controvérsias envolvendo tributos federais
Nos casos em que a controvérsia jurídica seja relativa a tributos federais ou
a créditos inscritos em dívida ativa da União:
I - não se aplicam as disposições dos incisos II e III do caput do art. 32 da
Lei;
II - as empresas públicas, sociedades de economia mista e suas
subsidiárias que explorem atividade econômica de produção ou
comercialização de bens ou de prestação de serviços em regime de
concorrência não poderão exercer a faculdade prevista no art. 37 da Lei;
III - quando forem partes as pessoas a que alude o caput do art. 36 da Lei:
a) a submissão do conflito à composição extrajudicial pela Advocacia-Geral
da União implica renúncia do direito de recorrer ao Conselho
Administrativo de Recursos Fiscais;
b) a redução ou o cancelamento do crédito dependerá de manifestação
conjunta do Advogado-Geral da União e do Ministro de Estado da Fazenda. 
Parágrafo único. O disposto no inciso II e na alínea a do inciso III não afasta
a competência do Advogado-Geral da União prevista nos incisos X e XI do
art. 4º da Lei Complementar nº 73, de 10 de fevereiro de 1993.
Responsabilidade dos servidores e empregos que participarem do acordo
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Os servidores e empregados públicos que participarem do processo de
composição extrajudicial do conflito, somente poderão ser
responsabilizados civil, administrativa ou criminalmente quando, mediante
dolo ou fraude, receberem qualquer vantagem patrimonial indevida,
permitirem ou facilitarem sua recepção por terceiro, ou para tal
concorrerem (art. 40).
X – PROPOSTAS DE ACORDO FORMULADAS PELA ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICA FEDERAL
A Lei n.° 9.469/97 prevê, em seus arts. 1º e 2º, as hipóteses em que a
Administração Pública federal poderá realizar acordos ou transações. A Lei
n.° 13.140/2015 alterou tais dispositivos a fim de ampliar e facilitar essas
situações.
O tema é muito importante. Veja como ficarão os dois artigos quando a Lei
n.° 13.140/2015 entrar em vigor:
Art. 1º O Advogado-Geral da União, diretamente ou mediante delegação, e
os dirigentes máximos das empresas públicas federais, em conjunto com o
dirigente estatutário da área afeta ao assunto, poderão autorizar a
realização de acordos ou transações para prevenir ou terminar litígios,
inclusive os judiciais.
§ 1º Poderão ser criadas câmaras especializadas, compostas por servidores
públicos ou empregados públicos efetivos, com o objetivo de analisar e
formular propostas de acordos ou transações.
§ 2º (não existe)
§ 3º Regulamento disporá sobre a forma de composição das câmaras de
que trata o § 1o, que deverão ter como integrante pelo menos um
membro efetivo da Advocacia-Geral da União ou, no caso das empresas
públicas, um assistente jurídico ou ocupante de função equivalente.
§ 4º Quando o litígio envolver valores superiores aos fixados em
regulamento, o acordo ou a transação, sob pena de nulidade, dependerá
de prévia e expressa autorização do Advogado-Geral da União e do
Ministro de Estado a cuja área de competência estiver afeto o assunto, ou
ainda do Presidente da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, do
Tribunal de Contas da União, de Tribunal ou Conselho, ou do Procurador-
Geral da República, no caso de interesse dos órgãos dos Poderes
Legislativo e Judiciário ou do Ministério Público da União, excluídas as
empresas públicas federais não dependentes, que necessitarão apenas de
prévia e expressa autorização dos dirigentes de que trata o caput.
24/25
§ 5º Na transação ou acordo celebrado diretamente pela parte ou por
intermédio de procurador para extinguir ou encerrar processo judicial,
inclusive os casos de extensão administrativa de pagamentos postulados
em juízo, as partes poderão definir a responsabilidade de cada uma pelo
pagamento dos honorários dos respectivos advogados.
Art. 2º O Procurador-Geral da União, o Procurador-Geral Federal, o
Procurador-Geral do Banco Central do Brasil e os dirigentes das empresas
públicas federais mencionadas no caput do art. 1o poderão autorizar,
diretamente ou mediante delegação, a realização de acordos para prevenir
ou terminar, judicial ou extrajudicialmente, litígio que envolver valores
inferiores aos fixados em regulamento.
§ 1º No caso das empresas públicas federais, a delegação é restrita a órgão
colegiado formalmente constituído, composto por pelo menos um
dirigente estatutário.
§ 2º O acordo de que trata o caput poderá consistir no pagamento do
débito em parcelas mensais e sucessivas, até o limite máximo de sessenta.
§ 3º O valor de cada prestação mensal, por ocasião do pagamento, será
acrescido de juros equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de
Liquidação e de Custódia - SELIC para títulos federais, acumulada
mensalmente, calculados a partir do mês subsequente ao da consolidação
até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento relativamente ao
mês em que o pagamento estiver sendo efetuado. 
§ 4º Inadimplida qualquer parcela, após trinta dias, instaurar-se-á o
processo de execução ou nele prosseguir-se-á, pelo saldo.
Vacatio legis
A Lei n.° 13.140/2015 tem vacatio legis de 180 dias e só entrará em vigor no
dia 26/12/2015.
Os dispositivos do CPC 2015, por sua vez, só entram em vigor em março de
2016, havendo divergência na doutrina sobre o dia exato.
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	Comentários à Lei 13.140/2015 (Lei da Mediação)

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