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Profª Drª Maria Teresa de Souza Barboza MÉTODOS ALTERNATIVOS DE RESOLUÇÃO DE CONFLITOS: NEGOCIAÇÃO E MEDIAÇÃO Centros Judiciários de Solução de Conflitos e Cidadania Conciliação e Mediação Conciliação e mediação: instrumentos de pacificação social, solução e prevenção de litígios, por meio da solução amigável dos conflitos pelas próprias partes conflitantes (autocompositivo), disciplinada em programas implementados no país, com o objetivo de reduzir a excessiva judicialização dos conflitos de interesses, a quantidade de recursos e de execução de sentenças. Resolução nº 125/2010 da CNJ dispõe sobre a política judiciária de tratamento adequado dos conflitos de interesses no âmbito do Poder Judiciário, por meio de mecanismos de solução consensual de controvérsias, como a mediação e a conciliação, e da prestação de atendimento e orientação ao cidadão. Fundamentada princípios constitucionais: Princípio do acesso à Justiça e pacificação social, e Princípio da dignidade da pessoa humana. Conciliação e Mediação Conciliação: “um processo técnico (não intuitivo), desenvolvido pelo método consensual, na forma autocompositiva, destinado a casos em que não houver relacionamento anterior entre as partes, em que terceiro imparcial, após ouvir seus argumentos, as orienta, auxilia, com perguntas, propostas e sugestões a encontrar soluções (a partir da lide) que possam atender aos seus interesses e as materializa em um acordo que conduz à extinção do processo judicial” (BACELLAR, BACELLAR, Roberto Portugal. Mediação e Arbitragem. 2ª edição. São Paulo: Saraiva, 2016, p. 84-85.). Exemplos de casos em que ocorre a conciliação: o Acidente de trânsito, em que as partes envolvidas não se conheciam, inexistia vínculo anterior e após a sessão conciliatória deixará de existir o vínculo quando solucionado o conflito. o Caso de litígio decorrente de descumprimento de contrato. Mediação: “um mecanismo para a obtenção da autocomposição caracterizado pela participação de um terceiro imparcial que auxilia, facilita e incentiva os envolvidos à realização de um acordo” (CALMON, Petronio. Fundamentos da Mediação e da Conciliação. 3ª edição. Brasília: Gazeta Jurídica, 2015, p. 111). Exemplos de casos em que ocorre a mediação: o Caso de família, que envolvem pessoas que já tinham vínculo anterior, como cônjuges, companheiros e parentes, e após solucionado o conflito, o vínculo persiste. o Caso de litígio entre vizinhos. Conceitos de conciliação e mediação Diferença entre mediação e conciliação: “a mediação é adequada para vínculos de caráter mais permanente ou ao menos mais prolongado, e a conciliação para vínculos que decorrem do litígio propriamente, e não tem caráter de permanência” (GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Direito Processual Civil Esquematizado. 8ª edição. São Paulo: Saraiva, 2017, p 304). Diferença na atuação do conciliador e mediador (CPC, art. 165, §§ 2º e 3º): “O conciliador, que atuará preferencialmente nos casos em que não houver vínculo anterior entre as partes, poderá sugerir soluções para o litígio, sendo vedada a utilização de qualquer tipo de constrangimento ou intimidação para que as partes conciliem” (§ 2º). “O mediador, que atuará preferencialmente nos casos em que houver vínculo anterior entre as partes, auxiliará aos interessados a compreender as questões e os interesses em conflito, de modo que eles possam, pelo restabelecimento da comunicação, identificar, por si próprios, soluções consensuais que gerem benefícios mútuos” (§ 3º). Diferença entre conciliação e mediação Pessoa física, maior e capaz. Graduação há mais de 2 anos em curso de ensino superior (Lei 13.140/2015, art. 11). Certificado de capacitação de curso autorizado pelo CNJ e Ministério da Justiça. O curso de capacitação básica dos terceiros facilitadores (conciliadores e mediadores) está dividido em 2 (duas) etapas (teórica e prática), tem como parte essencial os exercícios simulados e o estágio supervisionado de 60 (sessenta) e 100 (cem) horas. Inscrição de conciliadores e mediadores no cadastro nacional e no cadastro de tribunal de justiça ou de tribunal regional federal ou por concurso público. Cadastro Núcleo Permanente de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos (Nupemec) (Enun. 57 da Enfam). Se advogado ou sócio de sociedade de advogados, estão impedidos de exercer a advocacia nos juízos em que desempenhem conciliação ou mediação (CPC, art. 167, § 5º; Enun. 60 da Enfam). Remuneração prevista em tabela fixada pelo tribunal, conforme parâmetros estabelecidos pelo CNJ, exceto para aqueles que se engajaram por concurso público (CPC, art. 169, § 1º). Impedidos por 1 ano, contado do término da última sessão em que atuaram, de prestar serviços profissionais, de qualquer natureza, bem como assessorar, representar ou patrocinar qualquer das partes (CPC, art. 172). Requisitos para atuação como conciliador e mediador: CONCILIADOR MEDIADOR Atuação nos casos em que não houver vínculo anterior entre as partes. Atuação nos casos em que houver vínculo anterior entre as partes. Pode formular propostas, sugestões e tecer opinião para acordo às partes, para a solução do litígio. Não tem poderes para sugestionar sobre o melhor direito, mas sim de fazer tratativas e favorecer a convergência, sem dizer qual das partes está com a razão. Atuação mais ativa e direta quanto ao direito envolvido. Auxilia a compreensão das questões pelos interessados (conflitantes), para que eles próprios cheguem a solução consensual de benefícios mútuos. Atuação menos intensa, eis que se dá com intuito de facilitar a conciliação entre as partes. Normalmente, se restringe a uma reunião com as partes conflitantes. Atuação mais intensa, eis que necessária a participação de todos os envolvidos na construção da conciliação. Tem por objetivo o acordo. Tem por objetivo a satisfação harmônica dos interessados e necessidades de ambas as partes conflitantes. Procedimento mais rápido. Procedimento mais demorado. Quadro de diferenças entre a atuação do conciliador e do mediador É possível a instituição de Câmaras privadas de conciliação e mediação. As Câmaras Privadas de Conciliação e Mediação ou órgãos semelhantes, bem como seus mediadores e conciliadores, para que possam realizar sessões de mediação ou conciliação incidentes a processo judicial, devem ser cadastradas no Tribunal respectivo ou no Cadastro Nacional de Mediadores Judiciais e Conciliadores, nos termos do art. 167 do Código de Processo Civil de 2015, ficando sujeitas aos termos desta Resolução (Res. 125/2010, art. 12- C). O cadastramento é facultativo para realização de sessões de mediação ou conciliação pré- processuais (Res. 125/2010, art. 12-C, § único). O credenciamento das câmaras privativas de conciliação e mediação se dá por meio de avaliação de sua atuação pelo Tribunal. Os Tribunais determinarão o percentual de sessões não remuneradas que deverão ser suportadas pelas câmaras privadas de conciliação e mediação, para atender processos beneficiários da gratuidade da justiça, como contrapartida de seu credenciamento (CPC, art. 169, § 2º). Câmaras privadas de conciliação e mediação A solução consensual de conflitos tem como base a autonomia de vontade e a liberdade de decisão na celebração do acordo, a se realizar em um ambiente e processo informal e oral, sem regras formais ou cerimoniais, que possam gerar constrangimento ou intimidação das partes conflitantes. “Art. 166. A conciliação e a mediação são informadas pelos princípios da independência, da imparcialidade, da autonomia da vontade, da confidencialidade, da oralidade, da informalidade e da decisão informada. § 1º A confidencialidade estende-se a todas as informações produzidas no curso do procedimento, cujo teor não poderá ser utilizadopara fim diverso daquele previsto por expressa deliberação das partes. § 2º Em razão do dever de sigilo, inerente às suas funções, o conciliador e o mediador, assim como os membros de suas equipes, não poderão divulgar ou depor acerca de fatos ou elementos oriundos da conciliação ou da mediação. § 3º Admite-se a aplicação de técnicas negociais, com o objetivo de proporcionar ambiente favorável à autocomposição. § 4º A mediação e a conciliação serão regidas conforme a livre autonomia dos interessados, inclusive no que diz respeito à definição das regras procedimentais”. (grifei) No tocante à confidencialidade, a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados (ENFAM) aprovou o Enunciado nº 56 que dispõe: “Nas atas das sessões de conciliação e mediação, somente serão registradas as informações expressamente autorizadas por todas as partes”. Princípios que regulam a Conciliação e Mediação (CPC, art. 166 e §§) Código de Ética de Conciliadores e Mediadores Judiciais (Resolução nº 125/2010, Anexo III, art. 1º) – Princípios fundamentais que regulam a atuação dos Conciliadores e Mediadores judiciais: Confidencialidade: dever de manter sigilo sobre todas as informações obtidas na sessão, salvo autorização expressa das partes, violação à ordem pública ou às leis vigentes, não podendo ser testemunha do caso, nem atuar como advogado dos envolvidos, em qualquer hipótese Decisão informada: dever de manter o jurisdicionado plenamente informado quanto aos seus direitos e ao contexto fático no qual está inserido. Competência: dever de possuir qualificação que o habilite à atuação judicial, com capacitação na forma desta Resolução, observada a reciclagem periódica obrigatória para formação continuada. Imparcialidade: dever de agir com ausência de favoritismo, preferência ou preconceito, assegurando que valores e conceitos pessoais não interfiram no resultado do trabalho, compreendendo a realidade dos envolvidos no conflito e jamais aceitando qualquer espécie de favor ou presente. Princípios fundamentais que regulam a atuação dos Conciliadores e Mediadores judiciais (1/2) Independência e autonomia: dever de atuar com liberdade, sem sofrer qualquer pressão interna ou externa, sendo permitido recusar, suspender ou interromper a sessão se ausentes as condições necessárias para seu bom desenvolvimento, tampouco havendo dever de redigir acordo ilegal ou inexequível. Respeito à ordem pública e às leis vigentes: dever de velar para que eventual acordo entre os envolvidos não viole a ordem pública, nem contrarie as leis vigentes. Empoderamento: dever de estimular os interessados a aprenderem a melhor resolverem seus conflitos futuros em função da experiência de justiça vivenciada na autocomposição. Validação: dever de estimular os interessados perceberem-se reciprocamente como serem humanos merecedores de atenção e respeito. Princípios fundamentais que regulam a atuação dos Conciliadores e Mediadores judiciais (Resolução nº 125/2010, Anexo III, art. 1º) (2/2) As regras que regem o procedimento da conciliação e da mediação, nada mais são do que regras de conduta a serem observadas pelos conciliadores e mediadores, para o bom desenvolvimento do procedimento e engajamento dos envolvidos, objetivando a pacificação e o comprometimento com a obtenção de eventual acordo, a seguir transcrito: Informação: dever de esclarecer os envolvidos sobre o método de trabalho a ser empregado, apresentando-o de forma completa, clara e precisa, informando sobre os princípios deontológicos referidos no Capítulo I, as regras de conduta e as etapas do processo; Autonomia da vontade: dever de respeitar os diferentes pontos de vista dos envolvidos, assegurando-lhes que cheguem a uma decisão voluntária e não coercitiva, com liberdade para tomar as próprias decisões durante ou ao final do processo e de interrompê-lo a qualquer momento. Regras que regem o procedimento de Conciliação e a Mediação (Resolução nº 125/2010, Anexo III, art. 2º) (1/2) Ausência de obrigação de resultado: dever de não forçar um acordo e de não tomar decisões pelos envolvidos, podendo, quando muito, no caso da conciliação, criar opções, que podem ou não ser acolhidas por eles. Desvinculação da profissão de origem: dever de esclarecer aos envolvidos que atuam desvinculados de sua profissão de origem, informando que, caso seja necessária orientação ou aconselhamento afetos a qualquer área do conhecimento poderá ser convocado para a sessão o profissional respectivo, desde que com o consentimento de todos. Compreensão quanto à conciliação e à mediação: dever de assegurar que os envolvidos, ao chegarem a um acordo, compreendam perfeitamente suas disposições, que devem ser exequíveis, gerando o comprometimento com seu cumprimento. Regras que regem o procedimento de Conciliação e a Mediação (Resolução nº 125/2010, Anexo III, art. 2º) (2/2) Incumbe aos tribunais criar os CEJUSCs, com composição e organização, observadas as normas do CNJ, sem exclusão de outras formas de conciliação e mediação extrajudiciais vinculadas a órgãos institucionais ou realizadas por intermédio de profissionais independentes, que poderão ser regulamentadas por lei específica. Serão criados CEJUSCs, obrigatoriamente, onde houver a partir de duas unidades jurisdicionais, e facultativamente, nos locais onde exista mais de uma unidade jurisdicional. CEJUSCs têm a função de realizar sessões e audiências de conciliação e mediação, e de desenvolver programas de auxílio, orientação e estimular a autocomposição de conflitos de interesses (CPC, art. 165). Cabe ao Conciliador: Atuar em casos que não houver vínculo anterior entre as partes; Sugerir soluções para o litígio; Impedir qualquer tipo de constrangimento ou intimidação na conciliação das partes. Cabe ao Mediador: Atuar preferencialmente nos casos em que houver vínculo anterior entre as partes; Auxiliar a compreensão de questões pelos conflitantes, para que eles próprios cheguem a solução consensual de benefícios mútuos. Centros Judiciários de Solução de Conflitos e Cidadania (Centros ou Cejuscs) Administração e supervisão dos serviços de conciliadores e mediadores: Um juiz coordenador. Um juiz adjunto, se necessário. Servidores. Conciliação e mediação: Conciliadores. Mediadores. Outros órgãos e instituições: Defensoria Pública, OAB e Ministério Público. Acordos firmados no CEJUSCs devem ser submetidos à homologação judicial do Juiz Coordenador. Acordo com homologação judicial tem natureza de título executivo judicial, podendo ser execução em caso de descumprimento. Centros Judiciários de Solução de Conflitos e Cidadania (CEJUSCs) – Estrutura e Atuação (1/2): Setor de solução de conflitos pré-processual Solução de conflito antes do ajuizamento do processo judicial, sobre direitos disponíveis em matéria cível, família, previdenciária. Provocado pelo interessado por meio da reclamação, e emitida a carta convite à parte contrária, para comparecer a sessão designada. Setor de solução de conflitos processual Solução de conflito com processo judicial em andamento, em qualquer grau de jurisdição, que versam sobre matéria cível em geral e família. Distribuída a ação judicial, juiz recebe a inicial, encaminha o processo ao CEJUSC, designa audiência de tentativa de conciliação ou mediação, com antecedência mínima de 30 dias, e procede à citação do réu. Após a realização da sessão, o processo retorna à Vara. Setor de serviços de cidadania Serviços oferecidos por servidores e funcionários do CEJUSC de orientação jurídica, emissão de documentos, assistência social e psicológica, etc. Centros Judiciários de Solução de Conflitos e Cidadania (CEJUSCs) – Estrutura e Atuação (2/2): O Setor de solução de conflitos pré-processualpode recepcionar casos ainda não ajuizados perante o Poder Judiciário, que versem sobre direitos disponíveis em matéria: Causas cíveis em geral: acidentes de trânsito, cobranças, dívidas bancárias, conflitos de vizinhança. Causa de família: divórcio, pedido de pensão alimentícia, guarda de filhos, regulamentação de visitas, união estável, averiguação de paternidade, etc. Inicia pela provocação do interessado por meio da Reclamação. Não há recolhimento de custas (gratuito). O interessado, chamado de Reclamando, deverá comparecer pessoalmente no CEJUSC para a apresentação de sua reclamação no setor e solicitar o agendamento de audiência para tentativa de acordo. É emitida a carta convite à parte contrária, chamada de Reclamado, informando a data, hora e local da audiência de conciliação ou mediação. O Reclamado poderá receber a carta convite das mãos do Reclamando ou ser enviada pelo correio. Obtido acordo na audiência, este será homologado judicialmente por sentença. Em casos de família em que haja menor ou incapaz, antes de expedir a sentença, a reclamação será encaminhada ao Ministério Público. O termo de acordo será arquivado em meio digital e os documentos devolvidos aos interessados. Não obtido acordo, os interessados serão orientados para buscar a solução do conflito nos Juizados Especiais ou na Justiça Comum. Descumprido o acordo, o interessado munido com o termo de conciliação (acordo), poderá ajuizar ação de execução de título judicial. Centros Judiciários de Solução de Conflitos e Cidadania (CEJUSCs) – Procedimento do setor pré-processual (1/2) Celebrado acordo na audiência será reduzido a termo e homologado judicialmente por sentença. O termo de acordo será arquivado em meio digital e os documentos devolvidos aos interessados. Em casos de direito de família em que haja menor ou incapaz, antes de expedir a sentença, a reclamação será encaminhada ao Ministério Público. Não celebrado acordo, os interessados serão orientados para buscar a solução do conflito nos Juizados Especiais ou na Justiça Comum. Descumprido o acordo, o interessado munido com o termo de conciliação (acordo), poderá ajuizar ação de execução de título judicial. Centros Judiciários de Solução de Conflitos e Cidadania (CEJUSCs) – Procedimento do setor pré-processual (2/2) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO. Núcleo de Permanente de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos. Centros Judiciários de Solução de Conflitos. Apostila de Procedimentos e Sistema SAJ. Disponível em <http://www.tjsp.jus.br/Download/Conciliacao/Nucleo/ApostilaCEJUSC-NPMCSC.pdf>. Acesso em: 5 mar. 2019) Fluxograma de tramitação da reclamação no setor pré-processual no Cejusc As partes podem escolher, de comum acordo, o conciliador, o mediador ou a câmara privada de conciliação e de mediação (CPC, art. 168). O conciliador ou o mediador poderá ou não estar cadastrado no Tribunal (CPC, art. 168, § 1º). Inexistindo acordo quanto à escolha do conciliador ou mediador, haverá distribuição entre aqueles cadastrados no registro do tribunal. Sempre que recomendável, haverá a designação de mais de um mediador ou conciliador. Conciliador e mediador poderão estar impedidos ou suspeitos, que são os mesmos enumerados aos juízes (CPC, arts. 170, 144 e 145). No caso de impedimento, o conciliador ou mediador deve comunicar, por meio eletrônico, e devolver os autos ao juiz do processo ou ao coordenador do Centro, devendo ser realizada nova distribuição (CPC, art. 170). Se o impedimento for apurado quando já iniciado o procedimento, a atividade será interrompida, lavrando-se ata com relatório do ocorrido e solicitação de distribuição para novo conciliador ou mediador (CPC, art. 170, § único). No caso de impossibilidade temporária do exercício da função, o conciliador ou mediador deve informar o fato por meio eletrônico, para que durante o período haja novas distribuições (CPC, art. 171). Centros Judiciários de Solução de Conflitos e Cidadania (CEJUSCs) – Procedimento do setor processual (CPC, art. 168 e parágrafos): O Setor de solução de conflitos processual atende conflitos que já foram ajuizados na forma de processos perante o Poder Judiciário. Causas cíveis em geral e causas de família. Distribuída a ação judicial, o juiz verifica se a inicial preenche os requisitos essenciais e, se não for caso de improcedência liminar do pedido, designa audiência de tentativa de conciliação ou mediação, com antecedência mínima de 30 dias, devendo o réu ser citado com pelo menos 20 dias de antecedência da audiência (CPC, art. 334). Processo é encaminhado ao CEJUSC, com a indicarão do método de solução de conflitos a ser seguido, sendo o Setor o responsável pelo agendamento da audiência e sua realização. As partes são intimadas da data, hora e local da audiência de conciliação ou mediação pelo DJE, providência esta do Cartório da Vara de origem do processo judicial. Na audiência de conciliação ou de mediação realizada na CEJUSC, setor processual, as partes devem estar acompanhadas de seus advogados ou defensores públicos. Poderá ocorrer mais de uma sessão destinada à conciliação e à mediação, não podendo exceder a 2 meses da data de realização da primeira sessão, exceto se houver desinteresse das partes na composição amigável ou não se o objeto do conflito não admitir a autocomposição (CPC, art. 334, §§ 2º e 4º). Centros Judiciários de Solução de Conflitos e Cidadania (CEJUSCs) – Procedimento do setor processual (1/3) A audiência de conciliação ou mediação não será realizada (CPC, art. 334, §ª 4º e 6º): se ambas as partes manifestarem, expressamente, desinteresse na composição consensual. o Autor deve manifestar o desinteresse na petição inicial. o Réu deve fazê-lo por petição, apresentada com 10 dias de antecedência, contados da data da audiência. quando não se admitir a autocomposição. havendo litisconsórcio, o desinteresse na realização da audiência deve ser manifestado por todos os litisconsortes. O não comparecimento injustificado das partes (autor ou réu) à audiência de conciliação é considerado ato atentatório à dignidade da justiça e será sancionado com multa de até 2% da vantagem econômica pretendida ou do valor da causa, revertida em favor da União ou do Estado (CPC, art. 334, § 8º). Após a realização da audiência, seja qual for seu resultado, obtido ou não o acordo, o processo deve retornar à Vara de origem para deliberações. Centros Judiciários de Solução de Conflitos e Cidadania (CEJUSCs) – Procedimento do setor processual (2/3) Celebrado acordo, este será reduzido a termo e homologado por sentença pelo Juiz Coordenador e terá eficácia de título executivo judicial. Aguarda-se o seu cumprimento integral do acordo para a extinção do processo. Poderão ocorrer mais de uma sessão destinada à conciliação e à mediação, não podendo exceder a 2 meses da data de realização da primeira sessão, exceto se houver desinteresse das partes na composição amigável ou não se o objeto do conflito não admitir a autocomposição (CPC, art. 334, . Os §§ 2º e 4º do dispõem que Se não tiver ocorrido o acordo, dá-se o prosseguimento dos trâmites processuais normais. Exemplo: ajuizada uma ação pelo procedimento comum pleiteando uma obrigação de fazer consistente na recolocação de carpete de madeira em apartamento, que apresentou descolamento e irregularidade no piso, dias após a realização do serviço. Em petição inicial, o autor manifesta o seu interesse na autocomposição, qual seja, na conciliação. É designada audiência de conciliação no Cejusc dentro de 60 dias e o réu é devidamente citado com 30 dias de antecedência, para comparecer à referida audiência. O autor da ação deixa de comparecer injustificadamente à audiência de conciliação, tal ausência é considerada ato atentatórioà dignidade da justiça, e imposta multa de até 2% da vantagem econômica pretendida ou do valor da causa constante na petição inicial, em favor do Estado. Centros Judiciários de Solução de Conflitos e Cidadania (CEJUSCs) – Procedimento do setor processual (3/3) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO. Núcleo de Permanente de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos. Centros Judiciários de Solução de Conflitos. Apostila de Procedimentos e Sistema SAJ. Disponível em <http://www.tjsp.jus.br/Download/Conciliacao/Nucleo/ApostilaCEJUSC-NPMCSC.pdf>. Acesso em: 5 mar. 2019) Fluxograma de tramitação da reclamação no setor processual no Cejusc A União, Estados, o Distrito Federal e os Municípios criarão câmaras de mediação e conciliação, com atribuições relacionadas à solução consensual de conflitos no âmbito administrativo, como: Dirimir conflitos envolvendo órgãos e entidades da administração pública. Avaliar a admissibilidade dos pedidos de resolução de conflitos, por meio de conciliação, no âmbito da administração pública. Promover a celebração de termo de ajustamento de conduta, quando couber. A Lei nº 13.140/2015, no artigo 32 e seguintes, regulamentou sobre a mediação, como meio de solução de controvérsias, entre particulares e também sobre a autocomposição de conflitos no âmbito da administração pública. Câmaras de mediação e conciliação para a solução consensual de conflitos no âmbito administrativo Exercício da função com lisura e respeito aos princípios e regras, assinando o termo de compromisso e submetendo-se às orientações do juiz coordenador Cejusc a que estiver vinculado. Observar as hipóteses de impedimento e suspeição cabíveis aos juízes, devendo informar aos envolvidos tão logo constatados os motivos, com a interrupção da sessão e sua substituição (CPC, arts. 144, 145 e 170 e §§). Informar com antecedência o responsável em caso de impossibilidade temporária do exercício da função, para que seja substituído na condução da sessão. Se advogados, impedidos de advogar nos juízos em que desempenham suas funções, aplicando-se à sociedade de advogados da qual participa (CPC, art. 167, § 5º). Impedido de prestar serviços profissionais de qualquer natureza por 1 ano aos conflitantes em sessão em que atuou, contado do término da última sessão. Restrição se estende à sociedade de advogados (CPC, art. 172; Lei 13.140/2015, art. 6º). Não pode atuar como árbitro, nem testemunha em processos judiciais ou arbitrais pertinentes a conflito (Lei 13.140/2015, art. 7º). Responsabilidades e sanções do conciliador e do mediador (1/2) O descumprimento dos princípios e regras estabelecidos, bem como a condenação definitiva em processo criminal, resultará na exclusão do conciliador e mediador do respectivo cadastro e no impedimento para atuar nesta função em qualquer outro órgão do Poder Judiciário nacional. O mediador e conciliador são considerados auxiliares da justiça, todos que assessorarem no procedimento de mediação, quando no exercício de suas funções ou em razão delas, são equiparados a servidor público, para os efeitos da legislação penal (Lei 13.140/2015, art. 8º). Qualquer pessoa que venha a ter conhecimento de conduta inadequada por parte do conciliador e mediador poderá representar ao Juiz Coordenador a fim de que sejam adotadas as providências cabíveis. Casos de exclusão do cadastro de conciliadores e mediadores apurados em processo administrativo (CPC, art. 173 e ss): Agir com dolo ou culpa na condução da conciliação ou mediação sob sua responsabilidade ou violar qualquer dos deveres: independência, imparcialidade, autonomia da vontade (inclusive quanto à definição de regras procedimentais), confidencialidade (a todas as informações produzidas no procedimento), oralidade, informalidade e decisão informada. Atuar em procedimento de mediação ou conciliação, apesar de impedido ou suspeito. Em caso de atuação inadequada do mediador ou conciliador verificado pelo juiz coordenador do Centro, poderá afastá-lo de suas atividades por 180 dias, por decisão fundamentada, informando o tribunal para a instauração do respectivo processo administrativo. Responsabilidades e sanções do conciliador e do mediador (2/2) OBRIGADA E ATÉ A PRÓXIMA!
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