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REF TEORICO I

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Jornalismo Impresso
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Me. Antonio Lucio Rodrigues Assiz
Revisão Textual:
Prof. Me. Claudio Brites
O Papel do Jornal
• Introdução: Para Que Serve o jornal?;
• A Responsabilidade do Jornalista com a Verdade;
• Direito à Informação;
• Fases do Jornalismo;
• O Valor da Notícia;
• Gêneros do Jornalismo Impresso.
 · Compreender o conceito de jornalismo impresso e sua contribuição 
para a construção da identidade do jornalismo;
 · Dominar os fundamentos do jornalismo como a função do jornal, a 
relação com o público, a questão da verdade, critérios de noticiabili-
dade e os gêneros do jornalismo impresso.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
O Papel do Jornal
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas:
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como seu “momento do estudo”;
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos 
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você 
também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão 
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o 
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e 
de aprendizagem.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
Não se esqueça 
de se alimentar 
e de se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
UNIDADE O Papel do Jornal
Introdução: Para Que Serve o jornal?
Você já pensou nesta pergunta: “Para que serve o jornal?”. Um produto feito to-
dos os dias e impresso muitas cópias (alguns milhões de exemplares!), que mobiliza 
tanta gente para escrever, imprimir e distribuir deve ser algo de grande interesse, 
não acha?
O jornal impresso tem uma importância muito grande. Ler o jornal diariamente, 
ou apenas folhear algumas páginas, ou ainda olhar os destaques na banca de jor-
nal, vai formando nas pessoas um sentimento de conhecer o que está acontecendo 
à sua volta, saber tudo o que de mais relevante aconteceu na sua cidade, no seu 
estado, país, mundo e isso promove um sentimento de poder extraordinário. Mas 
não é apenas um “sentimento de poder”, é de fato uma consciência glocal (global 
+ local), uma visão ampla de coisas importantes que ocorreram e que de muitas 
formas influenciam o cotidiano de todos.
Figura 1
Fonte: iStock/Getty Images
Mesmo com as novas tecnologias, a importância desse “jornal impresso” con-
tinua a mesma, embora muitos veículos estejam saindo do papel e migrando para 
telas e displays de aparelhos celulares, monitores etc., eles continuam sendo pro-
duzidos com os mesmos critérios e processos e construindo a forma como as pes-
soas percebem os acontecimentos atuais na sociedade.
8
9
Figura 2
Fonte: iStock/Getty Images
Especialmente o jornal impresso, mas também suas adaptações às diversas pla-
taformas (rádio, TV, internet, impresso), registram diariamente acontecimentos, o 
que significa que estão escrevendo a história no momento em que ela acontece. 
Mesmo o leitor ocasional – que não acompanha com frequência as notícias do 
jornal – é impactado pela cobertura diária dos acontecimentos, pois as pessoas 
que leem o jornal impresso comentam, discutem, repercutem em ambientes onde 
outras pessoas circulam (inclusive as redes sociais) e isso acaba levando o não-leitor 
a ter contato com o noticiado no jornal impresso. Além do mais, ao perceber a 
presença de algum assunto de seu interesse nas discussões, o indivíduo procura o 
jornal do dia e encontra os esclarecimentos sobre a notícia, permitindo assim que 
o jornal cumpra mais um objetivo: o de explicar os acontecimentos com precisão 
e clareza.
Já lhe ocorreu uma situação de ouvir falar de um assunto interessante e você ir procurar no 
jornal (ou no site do jornal) a notícia completa?Ex
pl
or
Podemos compreender que o jornal impresso tem o papel principal de informar 
a sociedade, de selecionar os acontecimentos e explicá-los, relacioná-los, contextu-
alizá-los para que o leitor tenha o melhor entendimento sobre o que ocorreu e foi 
noticiado. Cumprir com eficiência esse papel não é tarefa fácil e é por isso que cen-
tenas de profissionais atuam nas redações dos grandes jornais e se esforçam dia-
riamente. Eles sabem que o desafio de informar está relacionado a entender bem a 
natureza do acontecimento – o que muitas vezes é bastante difícil – e também está 
ligado a saber com precisão quem vai consumir, ler a notícia, para escrevê-la com 
os elementos necessários para que o leitor a compreenda. Mesmo assim, o repór-
ter/redator vai escrever da melhor forma possível para que, tenha o leitor 70 anos 
9
UNIDADE O Papel do Jornal
e, portanto, vivenciado muitas experiências em sua vida, ou seja um jovem de 18 
ou 14 anos, a curiosidade extrema de querer conhecer o mundo seja despertada, e 
todos possam decifrá-la corretamente.
Figura 3
Fonte: pixabay.com
Produzir um jornal que possa ser consumido por públicos diversificados, tanto 
em faixa etária, classe social ou pertencente a qualquer região do Brasil (e até fora 
do país), é um desafio a superar com o uso de técnicas de redação jornalística, 
como o uso de frases simples, diretas e curtas, com substantivos fortes e verbos 
precisos para caracterizar a ação do sujeito. Com essas e outras técnicas, como o 
lead pirâmide invertida1, o texto jornalístico busca uma linguagem mais dinâmica 
e compreensível para os leitores. Mesmo com todo o esforço de escrever de forma 
simples, às vezes, o leitor se depara com textos difíceis de entender, o que alimenta 
a crítica dos teóricos e estudiosos sobre as dificuldades encontradas para se decifrar 
o texto dos jornais.
Importante!
Você entendeu porque o jornal – especialmente o jornal impresso – é o veículo que é 
responsável por construir em nós o sentido de como é a sociedade atual?
Atenção!
Se o jornal informa o público sobre os principais acontecimentos da atualidade, 
suas escolhas sobre o conteúdo – por exemplo, o que é notícia, o que é mais impor-
tante entre os acontecimentos que serão destacados na capa (ou primeira página 
do jornal) e até o que tem pouca importância e não será veiculado – é de se supor 
que a visão sobre os fatos ocorridos longe dos olhos do leitor sejam interpretados a 
partir do conteúdo do jornal, isso faz do jornal um veículo respeitado e poderoso. 
Você concorda?
1. Técnica desenvolvida durante a I Guerra Mundial que consiste em estruturar a notícia a partir do mais importante para 
o menos, permitindo assim que o leitor tenha contato com as informações mais relevantes logo no início da matéria.
10
11
O leitor quase sempre acredita no jornal e só percebe que a notícia não é con-
tada de forma tão fiel pelo jornal em duas condições: 1) Quando recebe a visita de 
um morador de outra região do país que é conhecida como “muito violenta” ou 
“muito tumultuada”, eo visitante fala que sua realidade não é como está no jor-
nal; ou 2) Quando o fato noticiado está bem próximo do leitor ou ele fez parte do 
acontecimento e, ao ver a notícia no jornal, percebe inconsistências e distorções, 
às vezes bastante graves. Exceto nesses dois casos, o leitor quase sempre recebe a 
notícia como verdade absoluta.
Em toda a sua história, o jornal impresso procurou caminhos para cumprir sua 
honrosa missão de ajudar a sociedade a caminhar para o progresso, com informa-
ção e reflexão sobre os acontecimentos. Pode ter se afastado dos seus compromis-
sos, mas, apesar dos erros e desvios, esse veículo conquistou a confiança do leitor, 
isso porque ele tem conseguido ser a melhor forma de narrar as histórias, conflitos, 
angústias e desejos da sociedade. 
Figura 4
Fonte: iStock/Getty Images
Quando começou a ter circulação em escala maior, no período pós-Gutenberg2, 
e mais intensamente no século XIX com as grandes tiragens, o jornal impresso 
impôs uma forma de comunicação extraordinária que desafiou o público a com-
preender os referenciais de tempo e espaço para decifrar a mensagem. Por sua 
natureza física, ou seja, estar impresso em papel (ou no pergaminho, couro etc.), 
o jornal narra conteúdos originários do local onde se lê a publicação (pelo menos 
no início do jornal, ele circulava apenas na província onde era produzido), portan-
to, está vinculado ao referencial de espaço (à região onde circulava), mas como 
no dia seguinte, ou na próxima semana, ele (o jornal) estaria fisicamente íntegro, 
entendemos que ele rompe a referência do tempo – preso ao espaço, mas livre da 
relação temporal. Essa condição obrigará o editor do jornal a citar textualmente e 
2. Johannes Gutenberg (1398-1468), inventor dos tipos móveis e da prensa (1439), a qual permitiu a duplicação de 
forma mecanizada dos originais.
11
UNIDADE O Papel do Jornal
com bastante destaque a data de circulação do jornal impresso, para que nenhum 
leitor leia as notícias do mês passado pensando que são de hoje. 
Essa questão do tempo e espaço nos veículos de comunicação deve ser observada 
com muita atenção para a construção da mensagem de forma correta e que possa 
ser interpretada adequadamente. Para uma melhor ilustração do assunto, veja que 
o rádio e a televisão são veículos que rompem o referencial do espaço, mas estão 
presos ao tempo, ou seja, para assistir a um telejornal ou ouvir a um radiojornal, é 
preciso ter o aparelho ligado no momento exato da transmissão, sob pena de perder 
parte ou todo o conteúdo transmitido. Em relação ao espaço, não é necessário que 
o telespectador (ou ouvinte) esteja na região onde ocorre a transmissão, pois as 
ondas caminham pelo ar a longas distâncias, portanto, entendemos que rompem o 
referencial do espaço e por isso o apresentador precisa falar de onde vem a notícia 
para que o público não se confunda associando erroneamente a informação ao 
local em que está recebendo a notícia.
Figura 5
Fonte: iStock/Getty Images
O jornal impresso precisa ser produzido por profissionais que compreendam 
todas as suas dimensões e o seu papel em um mundo em meio a tantas transforma-
ções tecnológicas. Ainda há espaço para um jornal que saiba publicar assuntos que 
são de interesse público e não se percam em temas cujo único critério seja o que 
“interessa ao público”, o que pode debandar para uma cobertura sensacionalista e 
superficial dos assuntos e perder a dimensão de veicular notícias úteis para o leitor. 
O jornalista Ricardo Noblat destaca:
O que interessa ao público nem sempre é de interesse público. Infelizmen-
te, estimular os baixos instintos do ser humano, por exemplo, interessa a 
uma expressiva fatia do público. Aumenta as vendas do jornal. E amplia 
a audiência de uma emissora de televisão. Mas proceder assim é conde-
nável porque em vez de contribuir para a elevação dos padrões morais da 
sociedade, o jornalismo os rebaixa. (NOBLAT, 2002, p. 24)
12
13
Muitas pessoas falam que o jornal impresso está morrendo, mas ele ainda tem 
muita força, ajuda a construir o sentido de realidade na sociedade em que vivemos, 
alimenta discussões públicas e até antecipa as notícias que saem no rádio e na TV, 
que sempre “puxam” os assuntos publicados no jornal impresso. Você está vendo 
quanta força ainda tem esse veículo?
Há muitas outras questões que explicam a sua relação íntima com o público. 
Existem estudos no campo da Psicologia relacionando o jornal impresso à neces-
sidade que o público tem no seu inconsciente de vencer a morte, porque, através 
do jornal impresso, o que ocorreu ontem (portanto, o que já passou) é a notícia de 
hoje, contada no tempo presente como um momento que ainda pode ser desfruta-
do. Essa explicação faz bastante sentido, não acha?
Fazer um bom jornal e ser útil para os leitores é manter-se firme em busca da 
verdade, utilizar critérios transparentes de seleção das notícias publicadas, entrar na 
luta interminável para manter o público bem informado. Noblat (2002) relata uma 
visita a Luanda (Angola), em que ele viu a placa “Dá-se explicação” revelando, no 
dialeto da nossa Língua Portuguesa, a disponibilidade de um professor em ensinar 
as disciplinas básicas. Para Noblat (2002), essa frase nunca mais saiu de sua lem-
brança e deveria ser a grande inspiração dos jornais impressos: “dar explicações”.
O que você acha de fazer um jornal de amanhã? Esse é um convite que Noblat 
coloca para o jornal impresso:
Por favor, não me contem o que eu já sei. Topo ler o que já sei se vocês 
acrescentarem informações que desconheço ou se me explicarem o que não 
entendi direito. Até topo ler sobre o que já sei se vocês tentarem antecipar o 
que está por vir. Mas só nestes casos. (NOBLAT, 2002, p. 114)
O jornalista destaca que não se trata de fazer do jornalismo exercício de adivi-
nhação. Segundo ele, ao constituir uma equipe qualificada e experiente de jorna-
listas, o veículo passa a ter domínio dos cenários que envolvem os acontecimentos 
mais relevantes da região e, com “certa dose de ousadia”, é possível cumprir o 
importante papel de antecipar certos acontecimentos. Noblat prossegue:
O medo de errar impede muitos acertos.
A Revista The Economist não tem medo de investir no jornalismo de ante-
cipação. Ela acerta mais do que erra. Mas em suas edições de fim de ano 
faz questão de listar com bom humor os erros de previsão que cometeu.
No Brasil, mas não só aqui, os jornalistas sabem bem mais coisas do 
que publicam. Ousamos pouco. E os donos da mídia, por conservadores,
temem que ousemos. (NOBLAT, 2002, p. 114)
O jornal imprime em suas páginas fotos e relatos de acontecimentos importantes 
para o público, e isso o transforma em um documento histórico que a qualquer 
momento poderá ser consultado para pesquisas de toda natureza. As notícias são 
registros de casos que podem ser verificados através das referências citadas nas 
13
UNIDADE O Papel do Jornal
matérias. A capacidade jornalística de ser permeável aos acontecimentos da área 
de cobertura do jornal deve tornar o veículo 
[...] um espelho da consciência crítica de uma comunidade em determinado 
espaço e tempo.
[...] 
um jornal pode estar até mesmo adiante do sentimento da média das 
pessoas que o leem. E feri-lo por causa disso. Mas se for crível, e outra 
coisa não lhe cabe ser, e se lhe reconhecerem a honestidade, poderá 
operar a mudança do sentimento (NOBLAT, 2002, p. 21).
A Responsabilidade do 
Jornalista com a Verdade
O Jornalismo moderno nasce com um claro compromisso social de conduzir 
a sociedade a caminho do bem, do progresso, da liberdade. Fruto de um longo 
processo revolucionário vivido na França, a Revolução Francesa (século XVIII, 
com um marco em 1789), o Jornalismo herda uma responsabilidade de vigiar a 
sociedade e jogar luzes em tudo o que esteja sendo ocultado. É a imagem do “cão 
de guarda” que deveria impedir que o poder fosse novamente tomado por tiranos 
como os que comandavam a França antes da revolução. 
A conquista desse nobre papel na novasociedade que inspirou o Ocidente não 
foi por acaso. O historiador Robert Darnton (2007), em sua obra Boemia Literária 
e Revolução, narra a atuação corajosa de escritores e publicistas que lutaram 
contra as proibições de circulação de qualquer publicação impressa na França no 
antigo regime. Esses escritores faziam entrar por fronteiras de países vizinhos, 
clandestinamente, jornais e livros que denunciavam os abusos da Corte e ajudaram 
a construir e consolidar os ideais da revolução burguesa. Após a revolução, eles, os 
escritores dos periódicos (os jornalistas), recebem a tarefa de continuar vigiando o 
poder para o bem da sociedade.
Com o passar dos tempos, o Jornalismo explicita seus fundamentos baseados 
na ética para cumprir o papel de bem informar buscando incessantemente se apro-
ximar da verdade. Um movimento que exige uma reflexão filosófica sobre o que é 
“verdade”, das possíveis e divergentes “verdades” de um mesmo fato, de acordo 
com as fontes e a interpretação do repórter. Ao mesmo tempo, a ética impõe um 
comportamento de honestidade, transparência, coerência, em busca do bem, e 
isso são parâmetros mais do que claros em termos de conduta, sabe-se que a ver-
dade única não pode ser atingida; não pode ser atingida, mas, ao mesmo tempo, 
pode ser praticada pelo jornalista, como explica o jornalista Caio Tulio Costa. 
Costa (2009) reúne reflexões de autores, como o pensador polonês Adam Schaff, 
14
15
Karl Marx, os filósofos Mário Sérgio Cortella e Marilena Chauí, entre outros, para 
enriquecer a reflexão. Aproximando-se da visão histórica, Schaff lembra que o 
conhecimento histórico é um processo sem fim, e que a verdade histórica também 
estará sujeita a ser compreendida diferentemente da anterior, por isso, para ele: “A 
verdade atingida no conhecimento histórico é uma verdade objetiva relativa” 
(SCHAFF, 1995, p. 300 apud COSTA, 2009, p. 23). 
É apoiado nas reflexões de Chauí que Costa tece um coerente caminho para a 
atuação do jornalista:
Como ensina Marilena Chauí, existem ao menos quatro concepções de 
verdade das quais a filosofia é herdeira. [...] Para a primeira, alicerçada nos 
gregos, a verdade era a aletheia e significava não oculto, não escondido, 
não dissimulado. Dessa forma, o verdadeiro estaria nas próprias coisas [...]. 
A segunda viria do latim veritas, verdade. Refere-se à precisão, ao rigor e 
à exatidão do relato. A terceira vem do hebraico emunah, confiança. Ali 
são as pessoas e Deus que são verdadeiros. [...] A quarta concepção é a 
pragmática e difere das anteriores por definir o conhecimento verdadeiro 
pelo seu critério prático e não teórico. Nela, “um conhecimento é 
verdadeiro por seus resultados e suas aplicações prática, sendo verificado 
pela experimentação e pela experiência”. A marca do verdadeiro seria a 
verificabilidade dos resultados (COSTA, 2009 p. 21).
Nesse raciocínio de Chauí apresentado por Costa, ele retoma a condição de 
praticar a verdade à medida em que o que escreve está documentado (nome da 
fonte entrevistada, cópias dos documentos que comprovam a notícia) e pode 
ser verificável.
Para que você entenda melhor essa discussão filosófica, pense o seguinte: a 
verdade absoluta (única, que não se altera) não existe, porque a própria história se 
encarrega de dar outras interpretações. Mas isso não quer dizer que os jornalistas 
vão fazer o trabalho sem estar com a verdade, pois a verdade do jornalista será 
atingida se os métodos que ele utilizou para descobrir e checar a informação forem 
corretos e puderem ser checados no futuro. Aí está a verdade, na atuação séria e 
honesta, que reuniu documentos e os guardou – caso seja necessário comprovar as 
informações que divulgou.
Se a busca pela aproximação máxima à verdade absoluta ainda continua 
incessante, os métodos de apuração e o relato contextualizado e carregado de 
comprovações documentais torna a verdade do relato jornalístico.
15
UNIDADE O Papel do Jornal
O Código de Ética dos Jornalistas brasileiros, aprovado no congresso nacional da 
Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), em 2007, cita em pelos dois momentos 
a responsabilidade do jornalista com a verdade:
Capítulo I – Do direito à informação
Art. 2º 
I – [...]
II – a produção e a divulgação da informação devem se pautar pela 
veracidade dos fatos e ter por finalidade o interesse público;
III – [...]
Capítulo II – Da conduta profissional do jornalista
Art. 3º [...]
Art. 4º O compromisso fundamental do jornalista é com a verdade 
no relato dos fatos, razão pela qual ele deve pautar seu trabalho pela 
precisa apuração e pela sua correta divulgação. (CÓDIGO DE ÉTICA DO 
JORNALISTA, 2007)
Visite o Código de Ética dos Jornalistas Profissionais no site da Federação Nacional dos 
Jornalistas (Fenaj): https://goo.gl/cxv1AJEx
pl
or
Realizar um mau jornalismo significa trair a confiança depositada pelo público 
no trabalho de contar as histórias do cotidiano. Contá-las de forma deturpada, 
distorcida, sem os lados envolvidos, ou simplesmente sonegá-las, ou seja, deixá-las 
engavetadas na redação, pode levar a prejuízos sérios a quem justamente confia 
e se apoia na imprensa. Lage (2001) lembra de um caso clássico ocorrido nos 
Estados Unidos, em 1930, meses depois da quebra de 1929 na Bolsa de Nova 
York, em que o editor de um jornal em Massachusetts, William Dwight, ficara 
sabendo que um banco local estava à beira da falência. Lage conta:
Os diretores do banco lhe pediram que não noticiasse, para evitar uma 
corrida de depositantes, agravando a situação das pessoas, já atingi-
das pela crise econômica. Disseram que poderiam reerguer o banco e, 
diante dos apelos, Dwight nada noticiou. Quinze dias depois, o banco 
falia. Os grandes depositantes haviam retirado seu dinheiro; os peque-
nos clientes, leitores do jornal de Dwight, não. “Nunca pude me per-
doar inteiramente por não ter publicado o que sabia a tempo de impe-
dir que alguns privilegiados se aproveitassem da situação”, escreveu ele. 
(LAGE, 2001, p. 99)
16
17
Direito à Informação
Houve um tempo obscuro em que só uns poucos achavam que tinham direito 
à informação e eles tentaram explicar o domínio de uns poucos como uma 
capacidade em desenvolver a inteligência mais do que outros, como se essas 
mentes privilegiadas devessem controlar os outros, pois esses tinham a chave do 
conhecimento. Cremilda Medina (1988) cita como o Jornalismo descendente do 
processo revolucionário, no século XVII e XVIII, materializou uma nova condição 
de liberalismo contra “as mentes privilegiadas”.
[...] Naturalmente, a ascensão da burguesia em seu esquema revolucio-
nário, do século XVII em diante, vai romper essa posição teórica: o li-
beralismo luta contra as “mentes privilegiadas”; o método exclusivo de 
chegar a verdade resulta da livre concorrência de opinião num merca-
do aberto. A teoria libertária vai amadurecer gradativamente e chega a 
nossos dias em campanhas políticas fundamentadas em extensa biblio-
grafia que clama por liberdade de informação. O jornalismo romântico 
das revoluções nacionais acreditava indiscutivelmente nessa liberdade
(MEDINA, 1988, p. 18).
A informação como condição para a interação social de todos, para a participação 
no debate sobre os destinos dos cidadãos, continuará presente no contexto da 
imprensa e isso levará a uma teorização da questão e consolidação do pensamento 
atual de “Direito à Informação”, expresso na Constituição da República Federativa 
do Brasil: “Artigo 5o Item XIV – é assegurado a todos o acesso à informação e 
resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional.”
Ainda segundo Medina (1988), autores como José Ortega Costalles (1966) 
desenvolveram teorias colocando o direito à informação e consequentemente 
as notícias como “a preciosa oportunidade de participar muito mais intensa e 
extensamente na História” (COSTALLES, 1966 apud MEDINA, 1988, p. 19).
Outros tratados internacionais, como a Declaração Universal dos Direitos 
Humanos (10/12/1948), da ONU, surgiram dandomais força ao direito à 
informação como uma garantia essencial para a vida na sociedade atual. Veja 
algumas citações: 
Declaração Universal dos Direitos Humanos (10/12/1948) (artigo 19): 
Todo ser humano tem direito à liberdade de opinião e expressão; este 
direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, 
receber e transmitir informações e ideias por quaisquer meios e indepen-
dentemente de fronteiras.
17
UNIDADE O Papel do Jornal
Declaração Interamericana de Princípios de Liberdade de Expressão 
2000 (item 4):
O acesso à informação mantida pelo Estado constitui um direito funda-
mental de todo indivíduo. Os Estados têm obrigações de garantir o pleno 
exercício desse direito.
Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos (artigo 19):
Toda pessoa terá direito à liberdade de expressão; esse direito incluirá a 
liberdade de procurar, receber e difundir informações e ideias de qualquer 
natureza [...].
Fases do Jornalismo
Muitos autores, como Ciro Marcondes Filho (2000), citam os impressos anterio-
res à Revolução Francesa (1789) como pertencentes à pré-história do Jornalismo. 
Também Nilson Lage (2001) refere-se aos editores de publicações no século XVI 
(pós-Gutenberg) como publicistas, motivados principalmente em divulgar opiniões, 
alimentar o debate político e comunicar acontecimentos da Corte. Lage ilustra:
Por muitas décadas, o jornalista foi essencialmente um publicista, de 
quem se esperavam orientações e interpretação política. Os jornalistas 
publicavam, então, fatos de interesse comercial e político, como chegada 
e partida de navios, tempestade, atos de pirataria, de guerra ou revolução; 
mas isso era visto como atração secundária, já que o que importava mesmo 
era o artigo de fundo, geralmente editorial, isto é, escrito pelo editor – 
homem que fazia o jornal praticamente sozinho (LAGE, 2001, p. 10).
Para entender às transformações vividas no Jornalismo atual, Marcondes Filho 
(2001) sistematiza quatro fases além do período considerado pré-história. Para 
esse autor, o período de 1630 a 1789 (pré-história do Jornalismo) era caracte-
rizado por uma prática de produção artesanal de folhetos e jornais. O dono do 
jornal cuidava de todo o processo, da redação, a duplicação dos originais até a 
distribuição, e isso era praticado como a defesa de uma causa. Tinha como valores 
de importância os acontecimentos espetaculares e singularmente novos – como 
desastres, mortes, seres deformados e as coisas que aconteciam na órbita do Rei, 
inclusive boatos difamatórios, em alguns casos. Era um jornal sem uma identidade, 
apenas uma evolução do livro.
Os ideais da Revolução Francesa acolhem o jornalismo como um serviço neces-
sário à sociedade liberal que estava se constituindo. Esse período, que vai de 1789 
a 1830, Marcondes Filho (2001) chama de “Primeiro Jornalismo”, caracterizado 
por uma prática político-literária em que a razão, a verdade, transparência, ques-
tionamento da autoridade, a crítica política e a confiança no progresso serão os 
valores marcantes do fazer jornalístico. Do ponto de vista técnico, a prática autoral 
18
19
(o dono “faz tudo”) cede espaço para a contratação de funcionários e a criação da 
redação, separando-se funções de chefia e subordinados.
A fase seguinte, chamada de “Jornalismo de Massa”, compreende o período 
de 1830 a 1900, e é caracterizada pelo crescimento explosivo dos jornais como 
estrutura de produção e tiragens-monstro. Eles passam a disputar o “furo” e criam-
-se técnicas de produção e formatos de textos como a entrevista, a reportagem e 
a criação de capas impactantes para vencer a concorrência. Novas tecnologias, 
como a linotipo, a impressão com rotativas e, no campo das comunicações, o telé-
grafo e o telefone, passam a fazer parte dos recursos usados pelos jornais. Nascem 
as primeiras agências internacionais que vendem notícias aos jornais. A revolução 
industrial atraia populações rurais para os centros urbanos e os jornais integravam 
esses novos leitores – que estavam aprendendo a ler – a essa nova realidade.
Figura 6 − A máquina Linotipo (1886) mecanizou a montagem dos textos a partir dos tipos
móveis de Gutemberg e tornou o processo de montagem da página mais ágil
Fonte: iStock/Getty Images
O terceiro Jornalismo, de 1900 a 1960, tem como característica um aperfeiço-
amento no uso de estratégias para chegar ao leitor, a busca por páginas e conteú-
dos mais atraentes, a criação de cadernos temáticos, movimento conhecido como 
cadernalização dos jornais. Outros meios de comunicação de massa, como o cine-
ma, o rádio e a TV surgem, e os jornais não conseguem manter as imensas tira-
gens anteriores. Nesse período, há uma aproximação das agências de publicidade 
e relações públicas influenciando algumas estratégias jornalísticas.
Segundo Marcondes Filho (2001), o quarto Jornalismo, período que abrange 
da década de 1970 até os dias atuais, é a era do visual, da velocidade, da transpa-
rência. O autor já visualizava bem os impactos da nova mídia quando, em 2000, 
sistematizou o quadro a seguir, apontando elementos como barateamento da pro-
dução, interação entre jornalistas e público também produtor, a produção colabo-
rativa, marcam as mudanças atuais.
19
UNIDADE O Papel do Jornal
Quadro 1 – As 4 fases do Jornalismo e a pré-história
ÉPOCA TIPO
Pré-história 1637 a 1789 Artesanal
Primeiro Jornalismo 1789 a 1830 Político-leterário
Segundo Jornalismo 1830 a cerca de 1900 Impresa de massa
Terceiro Jornalismo De cerca de 1900 a cerca de 1960 Impresa monopolista
Quarto Jornalismo De cerca de 1970 até o presente
Informação eletrônica 
e interativa
Quadro 2 – Valores predominantes em cada fase e os aspectos da atuação profissional
VALORES JORNALÍSTICOS 
DOMINANTES
ASPECTOS FUNCIONAIS E 
TECNOLÓGICOS
Pré-história
Espetacular, singularmente 
novo (desastres, mortes, seres 
deformados, 
reis, etc)
Jornal ainda semelhante ao 
livro, poucas páginas
Primeiro Jornalismo
Razão (verdade, tranparência); 
questionamento da autoridade; 
crítica da política; confiança 
no progresso
Profissionalização; surge a 
redação; diretor separa-se 
do editor; artigo de fundo; 
autonomia da redação
Segundo Jornalismo
O “furo”; a atualidade; a 
“neutralidade”; criam-se a 
reportagem, as enquetes, as 
entrevistas, as manchetes; 
investe-se nas capas, logo e 
chamadas de 1ª página
Rotativas e composição 
mecânica por linotipos (1890); 
telégrafo e telefone; cria-se a 
agência Havas; mais publicidade 
e menor peso de editores e 
redatores; títulos passam a ser 
feitos 
pelo editor
Terceiro Jornalismo
Grandes rubricas políticas ou 
literárias; páginas-magazines; 
esporte, cinema, rádio, teatro, 
turismso, infantil, feminina
Influência da indústria 
publicitária e das relações 
públicas; uso da fotografia
Quarto Jornalismo Impactos visuais; velocidade; tranparência
Implantações tecnológicas 
(barateamento da produção); 
alteração das funções do 
jornalista; toda 
a sociedade 
produz informação
20
21
O Valor da Notícia
Você concorda que o sucesso de um jornal se deve às notícias nele publicadas 
que constroem o sentido de realidade? E é o interesse sobre elas que leva o leitor a 
adquirir o jornal todos os dias? Nesse sentido, é possível deduzir que a escolha das 
notícias para a edição do dia seja feita com critérios tais que resultem em alguma 
aprovação do leitor, pois, se fosse o contrário, certamente o jornal deixaria de 
existir por desinteresse do público, certo?
Essa dependência do leitor sempre existiu, mas no início do Jornalismo essa 
relação era bastante diferente, pois o público entendia que o jornal tinha o papel 
de explicar os acontecimentos, uma clareza de um sentido de serviço público do 
jornal, e consequentemente o leitor esperava os comentários publicados para 
compreender o momento.
No final do século XIX, quando a sociedade passa a contar com meios de comu-
nicação de massa, o capital (dinheiro, investimentos) se apropria mais intensamen-
te das empresasjornalísticas e elas têm que disputar o público. Inicia-se uma outra 
forma de selecionar os assuntos publicados no jornal, considerando-se mais o que 
o público deverá se interessar e recuperando novamente o debate entre “interesse 
do público” e “interesse público”.
Pense: se os jornais se tornam grandes empresas que concorrem para ter mais 
leitores, eles terão que criar técnicas para escolher as notícias que publicam para 
agradar mais o leitor, certo? Mas o que é agradar o leitor? É escrever coisas úteis 
para o dia a dia ou escrever assuntos sensacionalistas, que quase sempre explo-
ram o horror, o sangue, o sofrimento? Veja a ilustração ao lado da capa do jornal 
Notícias Populares de 11 de maio de 1975, e observe a carga sensacionalista de 
uma notícia bem diferente da realidade dos fatos. É claro que o leitor do NP sabia 
que as manchetes e títulos das matérias sempre traziam um exagero e por isso suas 
notícias eram interpretadas mais ou menos corretamente. O NP circulou em São 
Paulo de 1963 a 2001.
Capa do jornal Noticias Populares de 1975: https://goo.gl/Vqz4Am 
Ex
pl
or
Voltando aos processos de escolha das notícias, vários estudos foram realizados 
sobre os critérios de noticiabilidade ou valores-notícia na tentativa de indicar instru-
mentos técnicos para escolher e dar mais importância a um acontecimento do que 
a outro – resultado chamado de hierarquização das notícias –, inclusive deixando 
de publicar o que fosse considerado de pouco ou nenhum interesse público. Crité-
rios como veracidade e objetividade permeiam praticamente todos os estudos por 
estarem associados ao principal valor, que é a verdade. “A verdade da notícia, ba-
luarte de um neoliberalismo (mercado livre de ideias) contemporâneo, se remete à 
fundamentação teórica da objetividade do acontecimento”, ressalta Medina (1988). 
21
UNIDADE O Papel do Jornal
Outros critérios mais ou menos comuns são os de atualidade, interesse por parte 
do público, facilidade de assimilação ou clareza, segundo a autora. Medina lembra 
que Gabriel Ortega Costalles cita que “o acontecimento é sempre substantivo”. 
Isso até poderia trazer conforto aos trabalhadores da notícia, entretanto, há todo 
um processo envolvendo subjetividades durante a captação do fato e a redação da 
narrativa, o que obriga o uso de procedimentos técnicos e, ainda assim, a aplicação 
de critérios de valoração que podem não resultar nas melhores escolhas.
Em Nelson Traquina (2004), é possível ter um bom quadro dos valores-notícia. 
Ao analisar diversos estudos, inclusive o amplo trabalho de Mauro Wolf (1999) a 
respeito, Traquina organiza o elenco em dois grandes grupos: os valores-notícia de 
seleção e os de construção. O primeiro grupo refere-se a critérios aplicados na 
escolha do acontecimento a ser noticiado, por isso chamado de valores-notícia de 
seleção. O segundo grupo trata da construção da notícia, a redação e edição, o 
chamado valores-notícia de construção.
Ao analisar os acontecimentos que poderão ser acompanhados pelos repórteres, 
o jornal aplica os critérios de valores-notícia de seleção que podem ser substantivos, 
ou seja: morte, notoriedade do agente principal, proximidade geográfica e cultural, 
relevância, novidade, tempo (capacidade de se relacionar com a atualidade), nota-
bilidade, conflito ou infração, ou contextuais; isso é, valores-notícia condicionados 
à estrutura do jornal, ou seja: disponibilidade, equilíbrio, visualidade, concorrência, 
exclusividade e dia noticioso.
Conquistando o atributo de ser notícia, o acontecimento terá a cobertura da 
equipe e passará por nova avaliação dos valores-notícia de construção, ou seja, se a 
história narrada será de fato publicada e com qual destaque. Nessa etapa final, são 
os valores-notícia de construção: simplificação, amplificação, relevância, persona-
lização, dramatização e consonância; esses definirão como e onde será publicada 
a notícia.
22
23
Quadro 3 – Resumo: valores-notícia segundo Traquina (2004)
SELEÇÃO
notoriedade do agente principal
CONSTRUÇÃO
simplificação
proximidade geográfica e cultural amplificação
relevância relevância
novidade personalização
tempo* dramatização
notabilidade consonância
conflito ou infração
morte
Contextuais
valores-notícia 
condicionados à 
estrutura do jornal
disponibilidade
equilíbrio
visualidade
concorrência
exclusividade
dia noticioso
*capacidade de se relacionar com a atualidade
A criação de critérios para a escolha das notícias é um procedimento técnico 
importante, já que a atividade jornalística deve ser transparente em todas as suas 
etapas e decisões. Editores que tomam a decisão de publicar ou não determinada 
notícia procuram se apoiar em alguns dos critérios acima. A dinâmica de fecha-
mento diário do jornal muitas vezes impede que os valores-notícia sejam mensu-
rados para cada informação, mas, sempre que decisões importantes são tomadas, 
pelo menos alguns desses critérios são considerados.
Gêneros do Jornalismo Impresso
O jornal Impresso é o meio em que melhor se desenvolveu os gêneros jorna-
lísticos. Ao escrever as matérias do jornal, os gêneros dão estruturas específicas 
para o texto, de modo que cada conteúdo redigido cumpra o objetivo para o qual 
foi pensado. Os gêneros são, antes de tudo, jeitos de escrever que expressam a 
intencionalidade, ou seja, estão a serviço da intenção do autor. Melo e Assis (2016) 
explicam que os gêneros suprem as necessidades sociais, pois refletem aquilo que 
os cidadãos querem e precisam saber. Os autores relacionam duas características 
básicas que definem um gênero: 
[...] um aspecto é a sua aptidão para agrupar diferentes formatos – todos 
com características comuns, embora diferentes entre si – e sua função 
social.
Quando nos referimos a essa última exigência, corroboramos, 
evidentemente, com a perspectiva funcionalista, mencionada 
anteriormente, segundo a qual os meios operam para atender as demandas 
originadas no contexto da sociedade. Considerando principalmente os 
23
UNIDADE O Papel do Jornal
pressupostos de Lasswell (1987) e de Wright (1968), temos o seguinte 
panorama dos gêneros jornalísticos e de suas respectivas funções:
Informativo: vigilância social;
Opinativo: fórum de ideias;
Interpretativo: papel educativo, esclarecedor;
Diversional: distração, lazer;
Utilitário: auxílio nas tomadas de decisões cotidianas. (MELO; ASSIS, 
2016, p. 49).
Criando uma simplificação para facilitar o raciocínio, podemos compreender 
que o autor de cada texto publicado no jornal teve uma intenção que poderia ser 
de informar ou de opinar (manifestar uma opinião), o que faz ele utilizar para tal o 
gênero informativo ou opinativo. 
A classificação dos principais gêneros e seus formatos não é unânime entre os 
teóricos do Jornalismo. Há, de fato, concordância na maioria das definições, mas alguns 
estudiosos criam nomenclaturas e agrupamentos que divergem de outros estudos.
Um dos principais gêneros do Jornalismo é o informativo. Esse gênero é 
citado por Melo e Assis (2016) com a função de vigilância social, pois informa 
os acontecimentos e automaticamente compromete o leitor a agir corretamente 
de posse da informação transmitida. Esse gênero é caracterizado por seu objetivo 
de informar, deixando o relato com a máxima imparcialidade. Para cumprir esse 
desejo, o texto evita o uso de adjetivos, escolhe os substantivos mais adequados 
para caracterizar o acontecimento e utiliza referências objetivas, como números ou 
comparações para descrever detalhes da notícia sem usar valores subjetivos como 
bom, ruim, muito, pouco etc. 
No gênero informativo, estão presentes os formatos: nota, notícia, reportagem e 
entrevista. A nota é um relato parcial de um acontecimento ainda em curso, ou que 
não se tem todas as informações. Notícia é um relato completo, circunstanciado 
de um acontecimento. Diferente da notícia, a reportagem é um relato ampliado, 
aprofundado, contextualizado de um acontecimento. Entrevista é ainda um relato 
que privilegia um oumais protagonistas do acontecer, ou seja, a notícia chega 
através do personagem.
Outro gênero muito presente é o opinativo. Com a função de ser um fórum 
de ideias, ainda segundo Melo e Assis (2016), é caracterizado pela expressão de 
um posicionamento do autor, uma certa opinião. Trata-se de uma opinião baseada 
no contexto do relado e apoiada em informação, e não uma pura manifestação 
do gosto particular do autor. Alguns formatos de textos opinativos são: editorial, 
crônica, artigo e comentário. O editorial é um texto em que o proprietário do jor-
nal declara a sua opinião sobre um assunto de sua escolha. A crônica permite um 
texto ilustrado, em que o autor tem liberdades para expressar seu olhar utilizando 
diversos recursos de estilo de texto – como criação de personagens, por exemplo. 
24
25
No artigo, o autor fala sobre um assunto, explicando-o, traduzindo-o para que 
possa ser compreendido melhor. Normalmente um especialista no assunto tratado 
é quem escreve o artigo, por isso a tendência à explicação e ao posicionamento 
pessoal diante do mesmo. O comentário segue o mesmo objetivo do artigo, mas 
quase sempre entra como um complemento de uma notícia.
O gênero interpretativo tem o objetivo de aprofundar o relato de um acon-
tecimento. Ele transita entre o informativo, porque tem motivação em informar, 
orientar e explicar, e o opinativo, porque, diante do conhecimento aprofundado do 
assunto, o repórter pode emitir um certo posicionamento sobre a história – e essa 
postura, às vezes, se aproxima do opinativo, mas é bem diferente, já que o autor 
tem como objetivo contar uma grande história ao leitor. Como um bom exemplo 
na história do gênero interpretativo podemos destacar reportagens produzidas pela 
revista Realidade (década de 1960) em que, para conhecer profundamente o as-
sunto, o(a) repórter vivenciava a condição do seu personagem – por exemplo, para 
falar da vida do trabalhador bancário, o repórter acompanhava o bancário durante 
muitos dias, podendo até trabalhar em um banco para experimentar todos os sen-
timentos do personagem.
No gênero interpretativo, podemos incluir a grande reportagem e, segundo 
Melo e Assis (2016), dossiê, cronologia, enquete, perfil e análise.
Existem ainda dois gêneros classificados pelos autores: o diversional e o utilitário. 
Diversional é o gênero marcado por conteúdos voltados ao entretenimento, de 
pouca densidade, abordagens emocionais e até boatos e fofocas sobre novelas, por 
exemplo. O gênero utilitário reúne dados sobre cotações, roteiros, guias e serviço.
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UNIDADE O Papel do Jornal
Quadro 4 - Gêneros Jornalísticos, segundo Melo (2014)
Gênero Formato
Gênero informativo
Nota
Notícia
Reportagem
Entrevista
Gênero opinativo
Editorial
Comentário
Artigo
Resenha
Coluna
Caricatura
Carta
Crônica
Gênero interpretativo
Análise
Perfil
Enquete
Cronologia
Dossiê
Gênero diversional
História de interesse humano
História colorida
Gênero utilitário
Indicador
Cotação
Roteiro
Serviço
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Sites
Centro Técnico Gráfico Folha completa 20 anos
https://goo.gl/Ap7JaP
 Livros
A Arte de fazer um Jornal Diário
NOBLAT. Ricardo. A Arte de fazer um Jornal Diário. São Paulo: Contexto, 2002.
 Vídeos
Documentário: Folha, 90 anos
https://goo.gl/gjScgg
 Leitura
Entrevista com Matías Martínez Molina, autor do livro Os maiores jornais do mundo
https://goo.gl/wQdkcQ
Gêneros e Formatos jornalísticos um modelo classificatório
MELO, José Marques; ASSIS, Francisco. Gêneros e Formatos jornalísticos um 
modelo classificatório. Paper apresentado ao Intercom em 2016.
https://goo.gl/wS5Nbw
Código de Ética dos Jornalistas Profissionais, site da Federação Nacional dos Jornalistas 
(Fenaj).
https://goo.gl/cxv1AJ
27
UNIDADE O Papel do Jornal
Referências
COSTA, Caio Tulio. Ética, Jornalismo e Nova Mídia. Rio de Janeiro: Jorge 
Zahar, 2009.
COSTALLES, José Ortega. Noticia, Actualidad, Información. Pamplona: 
Universidad de Navarra, 1966.
DARNTON, Robert. Boemia Literária e Revolução: o submundo das letras no 
antigo regime. São Paulo: Cia das Letras, 2007.
LAGE, Nilson. A reportagem: teoria e técnica de entrevista e pesquisa jornalística. 
Rio de Janeiro: Record, 2001.
MARCONDES FILHO, Ciro. A saga dos cães perdidos. São Paulo: Hacker, 2000.
MEDINA, Cremilda. Notícia um produto à venda: jornalismo na sociedade urbana 
e industrial. São Paulo: Summus, 1988.
MELO, José Marques; ASSIS, Francisco. Gêneros e Formatos jornalísticos um 
modelo classificatório. Paper apresentado ao Intercom em 2016. Disponível em: 
<http://www.scielo.br/pdf/interc/v39n1/1809-5844-interc-39-1-0039.pdf>. 
Acesso em: 5 /mar. 2018.
NOBLAT. Ricardo. A Arte de fazer um Jornal Diário. São Paulo: Contexto, 2002.
TRAQUINA, Nelson. Teorias do Jornalismo: porque as notícias são como são. 
Florianópolis: Insular, 2004.
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Outros materiais