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A ODONTOLOGIA LEGAL E A IDENTIFICAÇÃO HUMANA POST-MORTEM FORENSIC DENTISTRY AND HUMAN IDENTIFICATION POST-MORTEM Alice Arruda Costa* Dhulia Denadai Luna* Fabiano Silva Junior* Gabriel Pedro Mourão Pena Barreto* Lívia Franklin dos Santos* Raíssa Ketlin Costa Queiroz* Romero Meireles Brandão** RESUMO O objetivo deste estudo foi realizar uma revisão da literatura sobre a identificação humana post-mortem, destacando a Odontologia Legal e os principais recursos odontológicos utilizados neste processo. A identificação humana determina a identidade de uma pessoa por meio das características que a diferenciam das demais e que são específicas apenas para si mesma. Os principais métodos utilizados para a identificação humana post-mortem, é papiloscopia, o exame de DNA e a Odontologia Legal. A análise odontológica se destaca por ser rápida, precisa e de baixo custo e as arcadas dentárias possuírem características capazes de individualizar uma pessoa. Os dentes são bastante resistentes à destruição, podendo se manter intactos mesmo após a morte, o que justifica o uso do método odontológico de identificação post-mortem, particularmente nos casos de corpos carbonizados, em estado de putrefação e esqueletizados. Na perícia post-mortem, o odontolegista realiza a interpretação das informações registradas no prontuário do indivíduo, em radiografias e fotografias, e faz a comparação de dados pregressos com os dados atuais, viabilizando o reconhecimento da suposta vítima. Conclui-se que é importante o cirurgião-dentista registrar em um prontuário as informações pertinentes à condição bucal e aos procedimentos realizados em seu paciente, pois a documentação odontológica, é um recurso primordial para identificação humana post-mortem. Palavras-chave: Odontologia legal. Identificação humana. Identificação post-mortem. * Acadêmicos do 8º Período do Curso de Odontologia da UNIVALE ** Especialista e Mestre em Endodontia/UFRJ/UERJ. Professor das disciplinas de Endodontia II e III do Curso de Odontologia da UNIVALE. Endereço para correspondência: Alice Arruda Costa Rua Sete de Setembro, 142, Centro Águas Vermelhas-MG CEP 39990 000 Tel.: (33)988911931 E-mail: alice.arruda1995@hotmail.com 2 ABSTRACT The aim of this study was to realized a review of the literature on human post-mortem identification, highlighting the Forensic Dentistry and the main dental resources used in this process. Human identification determines a person's identity through characteristics that differentiate them from others and are specific only to themselves. The main methods used for post-mortem human identification are papiloscopy, DNA testing and Legal Dentistry. The dental analysis stands out for being fast, accurate and low cost and the dental arches possess characteristics capable of individualizing a person. The teeth are quite resistant to destruction and can remain intact even after death, which justifies the use of the post-mortem dental method, particularly in cases of carbonized, putrefied and skeletonized bodies. In the post-mortem examination, the odontolegist performs the interpretation of the information recorded in the patient's medical record, in radiographs and photographs, and compares the previous data with the current data, making possible the recognition of the alleged victim. It is concluded that it is important to the dental surgeon to record in a medical record the information pertinent to the oral condition and the procedures performed in his patient, since dental documentation is a paramount resource for post-mortem human identification. Key-Words: Forensic dentistry. Human identification. Pos-mortem identification. INTRODUÇÃO A identidade é a reunião de caracteres físicos, funcionais e psíquicos, patológicos ou não, que atribuem ao indivíduo características únicas. É um conjunto de atributos que torna alguém ou alguma coisa igual apenas a si próprio. A Identificação humana baseia-se no uso de técnicas especiais para estabelecer a identidade de alguém. Os métodos de identificação humana post-mortem dividem-se em primários (Necropapiloscopia, Análise de DNA e Odontologia Legal) e secundários (reconhecimento facial, roupas, próteses e outros), podendo estes ser utilizados de forma combinada ou separadamente. Esse processo possui grande valor para a dinâmica de um serviço médico-legal, uma vez que é comum a chegada de cadáveres não-identificados, muitas vezes putrefeitos, mutilados, carbonizados ou esqueletizados (ANDRADE et al., 2017). Segundo Assis (2011), a Odontologia Legal tem como princípio fundamental a aplicação dos conhecimentos da ciência odontológica a serviço da justiça. É o odontolegista, a pessoa judicialmente capacitada para avaliação, exame ou vistoria de determinada área da região craniofacial. Um dos principais papéis da Odontologia Legal diz respeito à identificação de vítimas em desastres aéreos ou naturais, devido às vantagens que a análise dos elementos dentários apresenta em relação às demais técnicas de determinação da identidade. O método odontológico de identificação humana post-mortem pode ser aplicado em situações em que os corpos se apresentam não conservados, uma vez que, os elementos dentários são altamente resistentes à destruição, sendo muito comum encontrarem-se intactos ou bem preservados após a morte, mesmo quando esta se deu em elevadas temperaturas (ALMEIDA et al., 2015; SILVEIRA, 2013). 3 De acordo com Almeida et al. (2015), o processo de identificação humana por recursos odontológicos é realizado por meio de técnica comparativa, sendo esta de baixo custo, simples e confiável. Busca relacionar as informações e características bucais registradas no prontuário clínico, antes da morte de um indivíduo, com as particularidades encontradas no exame pericial após a morte. O objetivo deste estudo é realizar uma revisão da literatura sobre a identificação humana post-mortem, destacando a Odontologia Legal e os principais recursos odontológicos utilizados neste processo. REVISÃO DA LITERATURA Identificação humana post-mortem A identificação humana é o processo que determina a identidade de uma pessoa por meio de suas características ou qualidades que a diferenciam das demais e são inerentes apenas a si mesma. Na identificação post-mortem, dentre os métodos mais empregados estão o exame de DNA, a papiloscopia, análise da íris e a Odontologia Forense, sendo que a análise odontológica se destaca por ter alta resolutividade, celeridade e baixo custo. A condição em que o corpo da pessoa é encontrado determina a metodologia a ser empregada no processo de identificação (CARVALHO et al., 2009; COUTO et al., 2016; SILVEIRA, 2013). A identificação pessoal é indispensável na Ciência Forense, por razões legais ou humanitárias, sendo realizada com frequência antes mesmo da determinação da causa da morte, e constitui parte fundamental da autópsia forense. Muitos indivíduos sofrem homicídios ou são considerados desaparecidos, e a investigação desses casos depende de uma correta identificação. Os métodos rotineiros de identificação utilizam o reconhecimento visual de vestimentas, de objetos pessoais e de impressões digitais, cabelos e dentes. Ainda podem ser usados outros métodos, como as impressões labiais e análises específicas de particularidades morfológicas da dentição (SILVEIRA, 2013). Nas perícias de identificação humana post-mortem, a metodologia a ser utilizada em cada caso depende das condições em que o corpo se apresenta, devendo-se considerar a integridade de determinadas regiõescorporais e ainda, as circunstâncias em que o indivíduo veio a óbito. Existem diferentes métodos para esta identificação, como o exame de DNA, a papiloscopia e a Odontologia Legal, que sobressai entre as demais por sua precisão e pelo baixo custo (CEVALLOS; GALVÃO E SCORALICK, 2009; PARANHOS et al., 2009; SILVA et al. 2009). De acordo com Daruge; Daruge Júnior; Francesquini Júnior (2017), a Interpol classifica como métodos primários de identificação humana, a papiloscopia, a Odontologia Legal e a análise genética, pelo exame do DNA. Caso um indivíduo seja identificado positivamente por uma dessas três técnicas, a identificação humana está estabelecida sem a necessidade de realização de outra metodologia pericial para confirmar os resultados obtidos. Os métodos secundários são aqueles que não apresentam elementos confiáveis para individualizar uma pessoa, não podendo ser empregados como decisivos e únicos. Lima; Medeiros (2015) relataram que a identificação humana pela análise do DNA representa um avanço de suma importância para a genética moderna. O exame do DNA tornou-se um instrumento indispensável na investigação criminal, sendo aceito em 4 processos judiciais do mundo todo. A identificação por DNA pode ser aplicada em toda e qualquer fonte de material biológico, podendo ser utilizada pequenas quantidades de sangue, cabelos, saliva, sêmen, tecido, urina ou outro fluido biológico e possui sensibilidade e resistência aos fatores ambientais. Uma outra vantagem deste exame é seu potencial discriminatório, que o diferencia dos exames com o sistema sanguíneo ABO (grupo A, grupo B, grupo AB e grupo O), e também pode ser realizado com maior segurança em amostras antigas e que foram expostas à agressões ambientais. Para Montenegro et al. (2012), a identificação humana é obtida por meio de várias técnicas científicas, como a papiloscopia, o exame dos arcos dentários, a radiologia e o exame de DNA. A papiloscopia não deve ser considerada obsoleta em razão do exame de DNA, pois a impressão digital é extensivamente utilizada nas identificações civil e criminal. A impressão digital é suportada pelos princípios do conhecimento científico e fornece recursos apropriados para a identificação humana como universalidade, unicidade, imutabilidade, fácil coleta e classificabilidade, além da aceitação pública. Segundo Almeida et al. (2015) nos casos em não se consegue a identificação por métodos tradicionais, tais como reconhecimento visual e/ou análise de impressão rápida, os dentes são os únicos elementos possíveis para este fim, pois resistem melhor que qualquer tecido humano post-mortem à variações de pressão e temperatura permitindo a preservação da identidade genética individual. Os dentes e a saliva são fontes segura de obtenção de DNA. O autores ainda relataram que quanto ao teste de DNA usado para identificação humana, embora seja possível em várias situações e produzir resultados altamente confiáveis, apresenta algumas desvantagens, como o alto custo operacional e a tecnologia necessária para sua realização. Em situações em que o corpo encontra-se esqueletizado, carbonizado ou em avançado estado de putrefação, a análise das impressões digitais torna-se inviável. Em contrapartida, nesses casos, a Odontologia Legal ganha destaque, por ser comum a dentição permanecer intacta, visto que os dentes são os elementos mais duráveis entre os tecidos humanos e os materiais restauradores utilizados na clínica odontológica também apresentam alta resistência, viabilizando o exame pericial (SPADÁCIO et al., 2011; SILVEIRA, 2013; VERMA et al., 2014; FRANÇA, 2015). Odontologia Legal A Odontologia Legal, também conhecida como Odontologia Forense, Pericial e Juduciária, é a área da Odontologia que trabalha diretamente com a justiça, em diferentes âmbitos como trabalhistas, cíveis, criminais, além de processos éticos e administrativos. Por meio dos conhecimentos da Odontologia é possível o auxílio ou mesmo esclarecimento de questões judiciais. Essa especialidade busca unir o conhecimento técnico odontológico fundamental, com as leis que norteiam a relação paciente/odontologista, relacionando o direito e o dever de cada um deles (CAPUTO; MIELE; 2015, LIMA et al., 2018; MARTINS, 2018). Conforme a Resolução 185/93 do Conselho Federal de Odontologia (CFO), as áreas de competência para a atuação do especialista em Odontologia Legal incluem: A identificação humana; perícia em foro civil, criminal e trabalhista; perícia em área administrativa; perícia, avaliação e planejamento em infortunística; tanatologia 5 forense; elaboração de autos, laudos e pareceres, relatórios e atestados; traumatologia odontolegal; balística forense; perícia logística no vivo, no morto, íntegro ou em suas partes fragmentadas; perícias em vestígios correlatos, inclusive de manchas ou líquidos oriundos da cavidade bucal ou nela presentes; exames por imagem para fins periciais; deontologia odontológica; orientação odontolegal para o exercício profissional e exames (COUTINHO et al., 2013). De acordo com Almeida Júnior et al. (2012), a Odontologia Legal passou a ser valorizada após a atuação decisiva que teve em alguns momentos da história mundial, quando foi fundamental a identificação de corpos por meio do exame dentário. A identificação de cadáveres faz parte de dispositivos legais nas sociedades civilizadas, e os dentes são órgãos perfeitos e confiáveis para se obter uma correta identificação, fornecendo ao odontolegista informações necessárias para se concluir uma investigação de identidade. O cirurgião-dentista forense é um profissional com uma carga de responsabilidades considerável, já que sua opinião científica será necessária quando todos os outros recursos de identificação se esgotaram. Em várias situações, os dentes são os únicos restos humanos preservados, e a identificação da vítima, vai depender da correspondência especifica dos dados dentários ante e post-mortem. A Odontologia Legal ainda é subutilizada pela dificuldade de obtenção de dados ante-mortem para comparação com os dados post-mortem de uma vítima. É importante a conscientização dos cirurgiões-dentistas para a elaboração e arquivamento mais adequado dos prontuários, contribuindo para a resolução de demandas cíveis e penais (ANDRADE et al., 2017). Segundo Dário et al. (2016), a Odontologia Legal é uma parte importante das ciências forenses e envolve desde a perícia em foro administrativo, criminal, cível até a identificação humana ante e post-mortem. Sua ação é eficaz e ela é muito utilizada na identificação de vítimas de grandes desastres, crimes de guerra, identificação de cadáveres em estado adiantado de decomposição, esquartejados, carbonizados, fragmentados, uma vez que o arco dentário é mais resistente que outras partes do corpo, tendo preservação indefinida post-mortem. O odontolegista em um Instituto de Medicina Legal (IML), atua na perícia no vivo, em casos de lesões corporais, além das perícias em cadáveres. A principal ação da Odontologia Forense é a identificação do ser humano com base nas características individuais presentes nos dentes das pessoas. Nos casos de corpos carbonizados, em decomposição, feridos por explosão, principalmente em desastres de massa, as impressões digitais, o reconhecimento facial e até mesmo o exame de DNA, se tornam difíceis ou impossíveis de serem efetuados. Assim, a comparação dos registros odontológicos por meio da Odontologia Legal é um dos métodos científicos mais eficientes para reconhecimento dos indivíduos post-mortem (CONCEIÇÃO et al., 2018). De acordo com Biancalana et al. (2015), desastres em massa são acontecimentos repentinos e catastróficos que exigem uma intervenção rápida e eficiente por parte dos órgãos competentes da sociedade, principalmente em relação aos parentes das vítimas.Nestas situações, a Odontologia Legal representa um método de identificação humana mais viável e prático para a determinação da identidade dos corpos. Normalmente os profissionais da Odontologia Legal se utilizam do Protocolo de Identificação de Vítimas de Desastre (DVI) preconizado pela INTERPOL como guia de orientação ou preparatório de ações para uma identificação correta e rápida dos 6 corpos das vítimas. Para Carvalho et al. (2008), em casos de identificação humana a principal vantagem das evidências dentárias é que normalmente são preservadas após a morte. Apesar das características dos dentes de um indivíduo mudarem, por conta dos tratamentos realizados ao longo da vida, a combinação dos dentes hígidos, cariados, ausentes e restaurados é reproduzível e pode ser comparada em qualquer tempo. Os autores afirmaram que a presença e a posição individual dos dentes e suas respectivas características anatômicas, restaurações e componentes patológicos proporcionam dados para comparação ante-mortem e post-mortem. Recursos odontológicos para idenficação humana post-mortem A identificação odontológica tem como premissa principal o fato de não existirem duas pessoas com a mesma dentição, nem mesmo os gêmeos idênticos, que possuem o mesmo DNA. O processo pericial é composto de diversos tipos de exames envolvendo a cavidade bucal, desde a análise de um arco dentário até a investigação de DNA das amostras colhidas nessa cavidade. Até mesmo as marcas de mordida, ocorridas em áreas da superfície corpórea, mostram detalhes dos arcos que a provoca- ram, auxiliando no processo de identificação humana (FIGUEIRA JÚNIOR; MOURA, 2014; VELHO; GEISER; ESPINDULA, 2013). Para Carvalho et al. (2008); Silveira (2013), Figueira Júnior; Moura (2014), as arcadas dentárias possuem várias características capazes de individualizar uma pessoa. O conjunto de dentes hígidos, fraturados, cariados, restaurados, ausentes, com variação fisiológica, patológica ou de posicionamento é medido e comparável em qualquer época da vida e também post-mortem. Segundo Scoralick et al. (2013); Terada et al. (2011); Velho; Geiser; Espíndola (2013), o processo de identificação por meio da Odontologia Legal é prático, simples, rápido e de baixo custo. Consiste em uma técnica classificada como comparativa, pois busca correlacionar e confrontar informações odontológicas obtidas em documentações produzidas ante-mortem com dados coletados no exame post-mortem. O êxito dessa técnica depende, primordialmente, das informações ante-mortem fornecidas e de registros post-mortem adequados. O exame odontolegal é dividido em três etapas diferentes. A primeira consiste na análise dos arcos dentários e nas demais estruturas do complexo bucomaxilofacial do cadáver, avaliando a presença ou ausência de dentes, restaurações, cáries e etc. A segunda etapa consiste na coleta, estudo e observação dos dados encontrados no prontuário odontológico da vítima, que foram registrados pelo cirurgião-dentista clínico durante o tratamento do paciente, associando-as aos dados verificados nos exames complementares, tais como radiografias e fotografias. Já na terceira, e última fase, faz- se o confronto detalhado dos dados verificados nas duas etapas anteriores analisando todas as coincidências e divergências possíveis, tendo como base uma análise qualitativa e quantitativa (SCORALICK et al., 2013; TERADA et al., 2011; VELHO; GEISER; ESPÍNDULA, 2013). Lages et al. (2017) descreveram que o processo de identificação humana na Odontologia é prático, rápido e pode ser executado em qualquer estado do cadáver, mas depende de uma amostra padrão em condições apropriadas para análise. Para que a 7 identificação odontolegal possa ser realizada, é preciso que o cirurgião-dentista responsável pelo atendimento do indivíduo tenha organizado e armazenado de forma adequada o prontuário odontológico da vítima, pois este é importante não somente para registrar o planejamento e histórico do paciente, mas também para uma eventual identificação humana. Os profissionais devem estar alertas para uma confecção correta do prontuário, já que falhas nesta documentação pode acarretar transtornos graves como perícias imprecisas, atrasos nos processos de identificação e aumento dos custos judiciais. O prontuário odontológico é um conjunto de documentos padronizados, ordenados e precisos, utilizados para registro dos procedimentos realizados no paciente. É formado por toda documentação produzida durante o tratamento odontológico, tais como ficha clínica, anamnese, radiografias, fotografias, modelos em gesso, plano de tratamento, odontograma, encaminhamentos, etc. Além da organização da clínica, esta documentação também se destina à finalidade jurídica, pericial e de identificação odontolegal. Para tanto, é relevante que a classe odontológica registre e lance corretamente as informações e os dados obtidos durante o atendimento clínico de rotina (ABREU et al., 2016; DÁRIO et al., 2016). Na Odontologia Forense, a documentação clínica, em especial as radiografias dentárias, é fundamental para a identificação humana. É muito importante a comparação dos dados pregressos do indivíduo com a situação post-mortem para um laudo conclusivo, pois se a identificação não for concluída com sucesso, o Instituto Médico Legal (IML), não libera o corpo da vítima para os familiares e este permanece como desconhecido ( NADAL; POLETTO e FOSQUEIRA, 2015; PARANHOS; 2009). Conforme Oliveira; Yarid (2014), a correta confecção do prontuário odontológico, com exatidão nas informações é um requisito primordial para que ele sirva de alicerce em um processo de identificação humana. Por recomendação do Conselho Federal de Odontologia (CFO), o prontuário odontológico deve conter documentos fundamentais e suplementares. Entende-se por documentos fundamentais aqueles que devem ser preenchidos e atualizados em qualquer atendimento, sendo composto da ficha clínica e seus anexos. Os documentos denominados suplementares, são aqueles que são elaborados no atendimento do paciente em situações especiais que o caso exigir, e correspondem às receitas, atestados, radiografias, tomografias, fotografias, etc. A situação da boca do paciente, antes do início do tratamento, o planejamento que vai ser executado, devem ser registrados no odontograma da ficha clínica. A história odontológica atual e pregressa do indivíduo, constituem peça fundamental nas perícias de identificação humana. Todas as informações devem ser escritas de forma clara, especificando o tipo de trabalho a ser efetuado, os elementos dentários (inclusive com o assinalamento da face dentária comprometida), as regiões bucais envolvidas e o tipo de material utilizado. O cirurgião-dentista não deve usar códigos que dificultem a interpretação das informações por outros profissionais. Este tipo de registro facilita a troca de dados entre países em casos de consulta para identificação humana, principalmente em casos de cadáveres irreconhecíveis (COUTINHO et al., 2013; TSUCHIYA et al., 2013). De acordo com Carvalho et al. (2009); Scoralick et al. (2013), as radiografias odontológicas são amplamente utilizadas no processo de identificação de vítimas, pois permitem a observação de informações singulares dos arcos dentários do indivíduo, como por exemplo: presença ou ausência dos dentes, dentes supranumerários, fraturas 8 dentais e ósseas, cárie, anatomia dentária, tratamento endodôntico e próteses, além de outras várias características resultantes dos tratamentos realizados. Os exames radiográficos são de baixo custo e quando produzidos e armazenados com cuidado, possibilitam a individualização de qualquer pessoa. Para Abreu et al. (2016), na Odontologia Forense, a identificação humana por comparação de radiografias, é uma técnica destinada particularmente para identificarcadáveres em diferentes fases de putrefação, esqueletização ou carbonização, e também, quando somente restos mortais estiverem disponíveis. Nestas situações, diferentes técnicas radiográficas podem ser indicadas: periapicais, interproximais, panorâmicas e do seio da face. O uso de fotografias de sorriso no processo de identificação humana tem encontrado grande aceitação em todo mundo, como uma ferramenta significativa na identificação positiva, por representar uma fonte de informação capaz de fornecer características e peculiaridades anatômicas e posicionais dos elementos dentários (TERADA et al., 2011). De acordo com Fernandes et al. (2017), devido às limitações encontradas para definir a identidade humana em casos complexos e com a grande popularização das fotografias digitais, especialmente com o uso dos smartphones, a análise do sorriso como método principal ou auxiliar de identificação humana, é de suma importância para a rotina pericial. As Ciências Forenses utilizam imagens fotográficas ante-mortem do sorriso em comparação direta com imagens post-mortem, ou realizam a sobreposição computadorizada das imagens obtidas antes e depois da morte para a identificação humana. A fotografia é um instrumento importante na Odontologia e é de fundamental valia para o diagnóstico, planejamento, acompanhamento e prova pericial. O uso da fotografia do sorriso para a identificação humana é um método que tem sido amplamente utilizado no mundo todo. A partir da análise comparativa das imagens ante e post-mortem, é possível avaliar características dentais particulares de um indivíduo desconhecido e realizar sua identificação. A fotografia odontológica é importante tanto para a área civil como para a área criminal, mas ainda observa-se, certa dificuldade por parte dos profissionais em organizar e categorizar as fotografias para posterior uso no laudo pericial (GONÇALVES; SORIANI e SILVA, 2018). Segundo Lima; Medeiros (2015), a cavidade pulpar se constitui em um arcabouço formado pelas paredes do esmalte, dentina e cemento, e propicia o meio estável para o DNA; ou seja, seus componentes celulares são providos de eficiente proteção contra agressões do meio ambiente. A polpa dentária protegida por este arcabouço pode ser recuperada para extração do DNA. O uso de testes de perfil de DNA em Odontologia Legal oferece uma nova perspectiva na identificação humana, especialmente quando os métodos de identificação habituais falham, em razão de efeitos deletérios do calor, trauma ou processos autolíticos que acometem os corpos. DISCUSSÃO A identidade foi definida por Andrade et al. (2017) como uma reunião de caracteres físicos, funcionais e psíquicos, patológicos ou não. Couto et al. (2016) relataram que a identificação humana determina a identidade de uma pessoa por meio 9 das características que a diferenciam das demais. Ambos os autores destacaram a essência da identidade, onde as pessoas possuem características singulares, que as tornam únicas. A identificação humana post-mortem vai utilizar técnicas especiais para reconhecer as características individuais das pessoas, determinando a identidade de uma suposta vítima de homícidio, crimes de guerra, ou grandes desastres. Como demonstrado por Andrade et al. (2017); Daruge; Daruge Júnior; Francesquini Júnior (2017); Silveira (2013), os prinicipais métodos de identificação humana seriam o exame de DNA, a papiloscopia, e a Odontologia Legal. Como reforçado por Daruge; Daruge Júnior; Francesquini Júnior (2017), a identificação por uma dessas três técnicas, denominadas primárias pela INTERPOL, confirma o reconhecimento e torna desnecessária outra avaliação dos resultados obtidos. Todavia, a metodologia a ser empregada em cada caso investigado, dependerá das condições em que o corpo se encontra, da integridade de suas partes e das circunstâncias que o indivíduo veio à óbito (COUTO et al., 2016; PARANHOS et al, 2009). Em relação ao método empregado, Silveira (2013) considerou a papiloscopia de uso rotineiro na identificação humana, corroborando com o relato de Montenegro et al. (2012), que destacaram o uso extensivo das impressões digitais nas identificações civil e criminal, por sua universalidade, fácil coleta, e aceitação pública. Já o exame de DNA, foi considerado por Lima; Medeiros (2015), um avanço para a genética moderna e indispensável na investigação criminal, pois apresenta potencial discriminatório e pode ser realizado em amostras antigas expostas à agressões ambientais. Entretanto Almeida et al. (2015) observaram que mesmo com resultados altamente confiáveis, este tipo de exame apresenta alto custo operacional e exige tecnologia especializada para sua realização. .Conceição et al. (2018); Dário et al. (2016); França (2015) ressaltaram que nos casos de corpos carbonizados, em decomposição, esqueletizados, feridos por explosão, principalmente em desastres de massa, as impressões digitais, o reconhecimento facial e até mesmo o exame de DNA, se tornam dificeis ou impossíveis de serem efetuados. Em contrapartida, nestas situações, a Odontologia Legal ganha destaque, por ser a comparação dos registros odontológicos, um dos métodos científicos mais eficientes para reconhecimento dos indivíduos post-mortem. Como descrito por Assis (2011); Lima et al. (2018); Martins (2018), a Odontologia Legal ou Forense reflete os conhecimentos da Odontologia à serviço da justiça, elucidando causas cíveis, criminais, trabalhistas e éticas. O odontologista, é a pessoa judicialmente capacitada para avaliação, exame ou vistoria da região crâniofacial. Autores como Couto et al. (2016); Silva et al. (2009); Silveira (2013); Scoralick et al. (2013) de forma comum, destacaram que o processo de identificação post-mortem por meio da Odontologia Legal, é preciso, confiável, rápido, prático, simples, de baixo custo e apresenta resolutividade. A identificação humana por meio dos elementos dentários é assegurada pela evidência que os dentes são altamente resistentes à destruição, à temperaturas elevadas, à variações de pressões, sendo em muitas situações o único órgão intacto após a morte. Além disso, os materiais restauradores utilizados na clínica odontológica também apresentam alta resistência, viabilizando o exame pericial (ALMEIDA et al., 2015; SILVEIRA , 2013; VERMA et al., 2014). 10 Almeida et al. (2015); Carvalho et al. (2008); Figueira Júnior; Moura (2014); Velho; Geizer e Espindula (2013) salientaram que o processo de perícia odontológica é realizado pela comparação das informações e características bucais registradas no prontuário clínico, antes da morte de um indivíduo, com as particularidades encontradas no exame pericial após a morte. São avaliados marcas de mordidas na superfície do corpo, dentes hígidos, fraturados, cariados, restaurados, ausentes, com variação fisiológica, patológica ou de posicionamento, buscando características capazes de individualizar uma pessoa. O prontuário odontológico é um documento fundamental para o sucesso da identificação post-mortem na Odontologia Legal. O cirurgião-dentista clínico deve valorizar o registro da situação da saúde bucal do paciente e dos procedimentos executados, no odontograma e ficha clínica, bem como o arquivo de radiografias e fotografias, pois este material constitui o conjunto de recursos primordial para uma possível perícia judicial (ABREU et al., 2016; COUTINHO et al., 2013; DÁRIO et al., 2016). Andrade et al. (2017); Lages et al. (2017) em seus respectivos relatos reforçaram a responsabilidade do cirurgião-dentista para a confecção e arquivamento dos prontuários, já que este é um instrumento para resolução de demandas cíveis e penais, e sua imprecisão pode acarretar perícias errôneas, atrasos nos processos de identificação e aumento dos custos judiciais. Dentre os examescomplementares do prontuário odontológico, as radiografias e as fotografias foram destacadas por Abreu et al. (2016); Fernandes et al. (2017); Scoralick et al. (2013); Terada et al. (2011), pois possibilitam a individualização de qualquer pessoa e fornecem características peculiares dos elementos dentários. Entretanto, Gonçalves; Soriani e Silva (2018) relataram a dificuldade do cirurgião- dentista em organizar e categorizar as fotografias para posterior uso judicial. Ainda, relacionando os recursos odontológicos para identificação humana, Lima; Medeiros (2015) ressaltaram o exame de DNA a partir de tecido pulpar preservado, como uma nova perspectiva, quando os métodos habituais falham, em razão de efeitos deletérios do calor, trauma ou processos autolíticos que acometem os corpos. Devido à atualidade e importância do assunto investigado neste trabalho, e por metodologias de identificação humana serem renovadas e também pelo surgimento de novas tecnologias, o tema não se esgota, e novas pesquisas ainda são relevantes. CONCLUSÕES De acordo com a literatura consultada, conclui-se que: ● A identificação humana post-mortem, é parte fundamental da autópsia forense, e reconhece um indivíduo por suas características únicas, considerando a integridade do corpo e as circunstâncias do óbito; ● Os principais métodos de identificação humana são a Papiloscopia, o Exame de DNA e a Odontologia Legal; ● A Odontologia Legal é um método simples, rápido, confiável, de baixo custo e efetivo na identificação humana post-mortem; 11 ● A metodologia comparativa do exame odontolegal para identificação humana, depende diretamente de informações ante-mortem que viabilizem a individualização da vítima e registros post-mortem adequados; ● É importante o cirurgião-dentista registrar em um prontuário as informações pertinentes à condição bucal e aos procedimentos realizados em seus pacientes, pois a documentação odontológica, é um recurso primordial para identificação humana post- mortem. REFERÊNCIAS ABREU, T. Q. 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