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LINGUÍSTICA (1)

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SUMÁRIO 
1 O QUE É LINGUÍSTICA? ............................................................................ 3 
2 ANÁLISE LINGUÍSTICA E PRODUÇÃO DE TEXTOS ............................... 4 
2.1 A teoria da variação linguística ........................................................... 11 
2.2 Variação estável ou mudança em curso? ........................................... 15 
2.3 O estudo da mudança linguística em tempo aparente ....................... 16 
2.4 As variáveis sociais na caracterização dos processos de variação e 
mudança ........................................................................................................... 19 
3 RACISMO LINGUÍSTICO OU ENSINO DEMOCRÁTICO E PLURALISTA? 
 .................................................................................................................. 22 
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................... 51 
 
 
 
 
1 O QUE É LINGUÍSTICA? 
 
Fonte:www.cose.com 
A Linguística é o estudo científico da linguagem. Está voltada para a explicação 
de como a linguagem humana funciona e de como são as línguas em particular. 
Pode ser dividida em: 
FONÉTICA - Estuda os sons da fala, preocupando-se com o mecanismo de 
produção e audição. 
FONOLOGIA - Preocupa-se também com os sons da língua, mas do ponto de 
vista de sua função. 
MORFOLOGIA - Estuda o signo linguístico reduzido a sua expressão mais 
simples (morfemas), e a combinação entre esses morfemas formando unidades 
maiores, como a palavra e o sintagma. 
SINTAXE - Estuda tudo que se relaciona com a combinação linear dos 
morfemas. É a sintaxe que vai explicar que o português pode usar tipos de construção 
de frases. 
SEMÂNTICA - Preocupa-se com o significado. A Semântica é a parte da 
Linguística que se interessa pela natureza, função e usos desses significados. 
PRAGMÁTICA - Volta-se para o que se faz com a linguagem, em que 
circunstâncias e com que finalidades. 
 
ANÁLISE DO DISCURSO - Nos estudos linguísticos da Análise do discurso, 
entram não apenas aspectos semânticos e literários, mas tudo o que um linguista 
pode utilizar em termos de som, significado e estrutura para analisar um texto. 
PSICOLINGUÍSTICA - Se interessa pelos processos mentais relacionados com 
a produção da linguagem, estudando as relações entre pensamento e linguagem. 
SOCIOLINGUÍSTICA - Vai mostrar os problemas da variação linguística e da 
norma culta. 1 
2 ANÁLISE LINGUÍSTICA E PRODUÇÃO DE TEXTOS 
 
Fonte:formaoprofes2011.blogspot.com.br 
O processo de elaboração de qualquer texto, seja ele escrito, seja oral ou 
multimodal, envolve mais que criação, mais que inspiração. Envolve essencialmente 
trabalho sobre e com a linguagem. Esse trabalho se traduz em atividade analítica e 
reflexiva dos sujeitos, nas múltiplas reações do texto. Do ponto de vista da mediação 
pedagógica, tal trabalho se materializa nas práticas de análise linguística. 
Diferentemente do trabalho das aulas convencionais de gramática, que privilegiam as 
classificações e a correção linguística, a análise linguística se preocupa em auxiliar os 
alunos a dominar recursos linguísticos e a refletir sobre em que medida certas 
 
1 Texto extraído do link: http://crescendocomaspalavras.blogspot.com.br 
 
palavras, expressões, construções e estratégias discursivas podem ser mais ou 
menos adequadas ao seu projeto de dizer, auxiliando na ampliação das capacidades 
de leitura e na produção textual dos alunos. 
Assim, a reflexão sobre a linguagem tomando como objeto o próprio texto que 
se está elaborando exige que o aluno analise possíveis (in)adequações das escolhas 
linguísticas – ao gênero, ao tema em foco, à formalidade esperada etc., sua força 
expressiva ou eficácia argumentativa. Trata-se, portanto, de uma atividade linguageira 
essencial nas diversas etapas da produção. 
 
Fonte:sites.google.com 
A prática de análise linguística pode se converter numa ferramenta importante 
para auxiliar os alunos na percepção dos pontos Análise linguística e produção de 
textos: reflexão em busca de autoria Márcia Mendonça em que podem melhorar seu 
texto e na mobilização dos conhecimentos que lhes permitam fazer as mudanças 
devidas. Muito comumente, a ação dos alunos se dirige para os aspectos mais 
“visíveis” dos textos escritos, para os ajustes mais salientes a serem feitos, quanto a 
convenções da escrita e atendimento à norma linguística de prestígio, por exemplo, 
ortografia, indicação gráfica de parágrafos, uso de letras maiúsculas, concordância e 
regência. Sem esquecer a importância desses cuidados formais, é necessário 
também que os alunos saibam observar questões de outra natureza, mais complexas, 
 
seja porque se estendem para unidades maiores – parágrafo ou texto –, seja porque 
envolvem aspectos do discurso, ultrapassando o domínio daquele texto em especial. 
 
Fonte:brasilescola.uol.com.br 
Uma das capacidades necessárias a quem produz um texto é avaliar a 
pertinência dos registros de linguagem para determinado gênero. Por exemplo, o uso 
do verbo ordenar para fazer uma solicitação em uma carta formal, dirigida a uma 
autoridade, parece inadequado. Embora a reflexão se dirija a uma palavra (ordenar), 
a avaliação quanto ao seu uso remete à situação comunicativa como um todo: o 
gênero Carta de solicitação formal, o interlocutor a quem se dirige, a finalidade dessa 
carta. 
O investimento na ampliação das capacidades reflexivas dos alunos pode se 
dar antes do momento de produção, durante ou depois dele, de forma mais ou menos 
integrada aos momentos de escrita/elaboração de textos. 
 
 
Fonte:shawtycorrea.blogspot.com.br 
Antes da produção, em aulas dedicadas à leitura ou aos conhecimentos 
linguísticos, ainda que o alvo imediato não sejam os textos dos alunos, estes ganham 
ao se apropriarem de recursos e estratégias discursivas que passam a compor o seu 
rol de conhecimentos linguísticos e habilidades. Quando o professor explora, na aula 
de leitura, os efeitos da ironia para a construção da argumentação, com análise de 
exemplos, comparação de ocorrências, pesquisa de outros exemplos em fontes 
diversas, criação de paráfrases irônicas, entre outras possíveis atividades, permite 
aos alunos perceber a eficácia e os limites desse recurso, os diversos modos como 
se constroem enunciados irônicos, conhecimentos que poderão ser estrategicamente 
usados nas suas produções. Investe-se em atividades metalinguísticas – sobre a 
linguagem e seu funcionamento – para auxiliar as atividades epilinguísticas, aquelas 
nas quais o aluno reflete sobre os usos que fez ou pretende fazer no texto que está 
elaborando. 
Benefício semelhante pode trazer um trabalho reflexivo com a constituição 
morfológica de palavras – radical e afixos – que saliente a semelhança ortográfica e 
semântica de palavras, de acordo com a permanência do radical (as denominadas 
“palavras da mesma família”, como lesão, lesionar, lesionado) ou dos afixos (prefixos, 
sufixos e infixos). Por exemplo, os substantivos abstratos chatice, meninice e velhice 
trazem o sufixo ICE, que se escreve com C. 
 
Na produção, caso tenha dúvida sobre a escrita de gulodice, por exemplo, 
poderá lembrar do que estudou nas outras aulas (claro, desde que tenha sido uma 
abordagem que privilegie o percurso de percepção da regularidade até a construção 
mediada da regra). No caso, a regularidade morfológica é a grafia do sufixo ICE, 
usado em substantivos abstratos que designam qualidade ou estado de algo. 
 
 
Fonte: brasilescola.uol.com.br 
Durante a produção, espera-se que o aluno seja positivamente tensionado, 
pondo em xeque possíveis (in) adequações dos recursos linguísticos e estratégias 
discursivas que pretende mobilizar, diante do quadro mais geral da situação 
comunicativa. Isso significa avaliar se determinado uso linguístico é mais ou menosadequado e estratégico e que efeitos de sentido pode produzir, tendo em vista um 
conjunto de fatores interligados: 
1. Aquilo que pretende dizer; 
2. Gênero escolhido/solicitado; 
3. Os interlocutores, seus papéis sociais e a rede de relações de poder aí 
envolvidas; 
4. As finalidades dessa interação verbal específica; 
5. Tom que deseja imprimir ao seu discurso (enfático, conciliador, irônico etc.); 
 
6. O investimento estético com a linguagem, entre outros aspectos da produção 
discursiva. 
 
Fonte: ejemplosde.com.mx 
Para produzir um artigo de divulgação científica, podemos nos deparar com 
dúvidas do tipo qual o grau de aprofundamento do tema a ser tratado? Como “traduzir” 
os conceitos mais complexos? Que estratégias de envolvimento do leitor usar? E isso 
envolve escolhas linguísticas bem específicas. Um exemplo é o uso das explicações 
de conceitos. O que explicaria melhor na situação comunicativa específica: 
paráfrases, analogias, exemplos, desenhos esquemáticos etc.? 
E como inserir essas explicações no texto: entre parênteses, após dois pontos, 
em boxes, em citações de falas de especialistas, quando for o caso? Decidir a respeito 
de o que explicar, o quanto explicar, como explicar, quando explicar e como textualizar 
essa explicação no texto envolve pôr na balança os ganhos e perdas de tais escolhas, 
tendo em vista os fatores já mencionados. 
A análise linguística pode ter ainda um papel muito importante nas devolutivas 
dos textos, já lidos e comentados pelo professor ou por outros avaliadores/revisores 
(alunos, grupos de alunos, outras pessoas). Nesse momento, chegam aos estudantes 
indicações de aspectos para aprimorar seu texto que lhe escaparam anteriormente 
por serem, provavelmente, mais opacos, menos perceptíveis a esses autores. 
 
Assim, indicações qualificadas dos pontos a serem ajustados podem detonar 
processos reflexivos poderosos e fundamentais na ampliação das capacidades 
discursivas dos alunos, desde que contem com a mediação docente adequada. 
 
Fonte: www.imaginie.com 
O ato de tornar saliente um problema textual é muito distinto de apenas indicar 
que há um problema em determinado trecho. Em se tratando de coesão, por exemplo, 
mais que destacar um período e escrever “problema de coesão” na margem da folha 
(ou da tela), é preciso delimitar especificamente a sua natureza – por exemplo, uso 
indevido de pontuação, conjunção, modo/ tempo verbal, ou falta de paralelismo. 
Dessa forma, a revisão e a reação do texto podem ser preciosas oportunidades para 
aprender, não apenas para higienizar o que foi escrito. 
As atividades de análise linguística, seja em caráter prospectivo, quando 
ocorrem antes da produção; seja em caráter retrospectivo, após o texto ter sido 
elaborado e avaliado ou durante a produção, podem ser de grande importância para 
ampliar a apropriação, por parte dos alunos, das habilidades e dos conhecimentos 
necessários para rever e aprimorar as suas produções, movimento que mesmo os 
mais proficientes autores fazem ao longo de toda a vida. Os impactos das práticas de 
análise linguística sobre a qualidade dos textos produzidos na escola são 
proporcionais à natureza reflexiva de tais atividades: ao induzir os alunos a 
 
perceberem os efeitos e/ou as regularidades dos usos linguísticos, contribui-se para 
que sintam a sua língua, cada vez mais sua.2 
2.1 A teoria da variação linguística 
 
Fonte: mundoeducacao.bol.uol.com.br 
A Sociolinguística tem por objeto de estudo os padrões de comportamento 
linguístico observáveis dentro de uma comunidade de fala e os formaliza 
analiticamente através de um sistema heterogêneo, constituído por unidades e regras 
variáveis. Esse modelo visa a responder a questão central da mudança linguística a 
partir de dois princípios teóricos fundamentais: 
I- O sistema linguístico que serve a uma comunidade heterogênea e 
plural deve ser também heterogêneo e plural para desempenhar 
plenamente as suas funções; rompendo-se assim a tradicional 
identificação entre funcionalidade e homogeneidade; 
II- Os processos de mudança que se verificam em uma comunidade de 
fala se atualizam na variação observada em cada momento nos 
padrões de comportamento linguístico observados nessa comunidade, 
sendo que, se a mudança implica necessariamente variação, a 
 
2 Texto extraído do link: www.escrevendoofuturo.org.br 
 
variação não implica necessariamente mudança em curso (cf. LABOV, 
1972, 1974 e 1982 e 1994; e WEINREICH, LABOV e HERZOG, 1968). 
 
Fonte: verbumeduc.blogspot.com.br 
Assim, os processos de mudanças contemporâneas que ocorrem na 
comunidade de fala são primordiais na Sociolinguística. 
Comunidade de fala para esse modelo teórico-metodológico não é entendida 
como um grupo de pessoas que falam exatamente igual, mas que compartilham 
traços linguísticos que distinguem seu grupo de outros; comunicam relativamente 
mais entre si do que com os outros e, principalmente compartilham normas e atitudes 
diante do uso da linguagem. (Cf. LABOV, 1972; GUY, 2000). 
Dessa forma, para os sociolinguistas, nas comunidades de fala, 
frequentemente, existirão formas linguísticas em variação, isto é, formas que estão 
em concorrência (quando duas formas são usadas ao mesmo tempo) e em 
concorrência (quando duas formas concorrem). Daí ser a Sociolinguística 
Variacionista também denominada de Teoria da Variação. 
Toda a análise sociolinguística passa então a ser orientada para as variações 
sistemáticas, inerentes ao seu objeto de estudo, a comunidade de fala, concebidas 
como uma heterogeneidade estruturada. Não existe, portanto, um caos linguístico, 
cujo processamento, análise e sistematização sejam impossíveis de serem 
 
processados. Há, pelo contrário, um sistema (uma organização) por trás da 
heterogeneidade da língua falada. 
 
 
Fonte: luciarvalho-sociofonematica.blogspot.com.br 
As formas em variação recebem o nome de "variantes linguísticas". Tarallo 
(1986, p. 08) afirma que: "variantes linguísticas são diversas maneiras de se dizer a 
mesma coisa em um mesmo contexto e com o mesmo valor de verdade. A um 
conjunto de variantes dá-se o nome de variável linguística". Essas variáveis 
subdividem-se em variáveis linguísticas dependentes e independentes. 
A variável dependente é o fenômeno que se objetiva estudar; por exemplo, a 
aplicação da regra de concordância nominal, as variantes seriam então as formas 
que estão em competição: a presença ou a ausência da regra de concordância 
nominal. O uso de uma ou outra variante é influenciado por fatores linguísticos 
(estruturais) ou sociais (extralinguísticos). Tais fatores constituem as variáveis 
explanatórias ou independentes. 
Nesse sentido, a Teoria da Variação considera a língua em seu contexto 
sociocultural, uma vez que parte da explicação para a heterogeneidade que emerge 
nos usos linguísticos concretos pode ser encontrada em fatores externos ao sistema 
linguístico e não só nos fatores internos à língua. Portanto, como observou Mollica 
(2003, p. 10), "ela parte do pressuposto de que toda variação é motivada, isto é, 
 
controlada por fatores de maneira tal que a heterogeneidade se delineia sistemática 
e previsível". 
 
 
Fonte:www.editoracontexto.com.br 
Desse modo, um estudo sociolinguístico visa à descrição estatisticamente 
fundamentada de um fenômeno variável, tendo como objetivo analisar, apreender e 
sistematizar variantes linguísticas usadas por uma mesma comunidade de fala. Para 
tanto, calcula-se a influência que cada fator, interno ou externo ao sistema linguístico, 
possui na realização de uma ou de outra variante. 
Ao formalizar esse cenário, a análise sociolinguística busca estabelecer a 
relação entre o processo de variação que se observa na língua em um determinado 
momento (isto é, sincronicamente) com os processos de mudança que estão 
acontecendo na estrutura da línguaao longo do tempo (isto é, diacronicamente). 
 
2.2 Variação estável ou mudança em curso? 
 
Fonte:blogdanielrodrigues.com 
Através da análise das variáveis sociais, busca-se definir o quadro de variação 
observado na comunidade de fala nos termos da dicotomia entre variação 
estável e mudança em progresso. No primeiro caso, conclui-se que o quadro de 
variação tende a se manter ainda por um longo período, já que não se verifica uma 
tendência de predominância de uma variante linguística sobre a(s) outra(s). Já o 
diagnóstico de mudança em progresso implica que o processo de variação caminha 
para a sua resolução em favor de uma das variantes identificadas, que deve se 
generalizar, tornando-se o seu uso praticamente categórico dentro da comunidade 
de fala. Nesse quadro, a(s) outra(s) variante(s) tenderia(m) a cair em desuso. 
Assim, correlacionando a estrutura linguística variável com fatores da estrutura 
social, poder-se-ia observar como uma determinada variante estaria se difundindo 
entre os diversos segmentos sociais, no que se definiu como uma das faces 
do problema da transição – ing. transition problem. Por outro lado, através de testes 
de julgamento subjetivo, poder-se-ia aferir a reação dos falantes diante dos valores 
da variável observada, de modo a se definir a tendência de mudança que essa 
avaliação social favoreceria, no que foi denominado problema da avaliação – 
ing. evaluation problem. Tais informações, juntamente com as informações relativas 
ao encaixamento da variável na estrutura linguística da comunidade de fala, teriam 
um papel capital para o esclarecimento acerca de como a postulada mudança 
 
chegaria a sua consecução, no que foi denominado de problema da 
implementação – actuationproblem (cf. WEINREICH, LABOV e HERZOG, 1968; e 
LABOV, 1972 e 1982). Nesse sentido, a grande questão é avaliar se um determinado 
cenário de variação tende a se resolver em função de uma determinada variante, 
efetivando-se a mudança linguística, ou se as variantes identificadas tendem a se 
manter no uso linguístico da comunidade, dentro de uma estratificação específica, o 
que caracterizaria a variação estável. 
2.3 O estudo da mudança linguística em tempo aparente 
 
Fonte: anidabar.wordpress.com 
A possibilidade de se fazer inferências acerca do desenvolvimento diacrônico 
da língua a partir de análises sincrônicas ganhou corpo na pesquisa linguística com 
os estudos desenvolvidos por William Labov na década de 1960, primeiramente na 
ilha de Martha’sVineyard, em 1963, e depois na cidade de Nova York, em 1966. Como 
afirmaria o próprio Labov (1972), concebendo a variação linguística como um 
fenômeno sistemático, e não aleatório, através da correlação entre fatores 
linguísticos e fatores sociais, poder-se-ia superar a barreira erguida pelos 
estruturalistas americanos de que a mudança linguística não poderia ser observada 
em seu processo de implementação, mas apenas em seus resultados finais. 
Fundamentalmente, postula-se que a variação observada sincronicamente em um 
 
determinado ponto da estrutura da gramática de uma comunidade de fala pode refletir 
um processo de mudança em curso na língua, no plano diacrônico. Desse modo, 
busca-se apreender o tempo real, onde se dá desenvolvimento diacrônico da língua, 
no chamado tempo aparente. O tempo aparente constitui, assim, uma espécie de 
projeção. 
O pressuposto central do tempo aparente é o de que as diferenças no 
comportamento linguístico de gerações diferentes de falantes num determinado 
momento refletiriam diferentes estágios do desenvolvimento histórico da língua. 
 
 
Fonte:pt.wikipedia.org 
A validade do [tempo aparente] depende crucialmente da hipótese de que a 
fala das pessoas de 40 anos hoje reflete diretamente a fala das pessoas de 20 anos 
há 20 anos atrás e pode, portanto, ser comparada com a fala das pessoas de 20 anos 
de hoje, para uma pesquisa da difusão da mudança linguística. As discrepâncias 
entre a fala das pessoas de 40 e 20 anos são atribuídas ao progresso da inovação 
linguística nos vinte anos que separam os dois grupos. (CHAMBERS e TRUDGILL, 
1980, p. 165) 
Mas, como reconhecem os próprios Chambers e Trudgill (idem, ibidem), "a 
relação entre tempo aparente e tempo real pode ser de fato mais complexa do que a 
simples equiparação dos dois sugere". Realmente, a projeção (ou equivalência) do 
 
que se observa no tempo aparente para o que teria se passado no tempo real apoia-
se no pressuposto de uma estabilidade do sistema, o que significa dizer que o padrão 
linguístico fixado por um indivíduo na adolescência ou pré-adolescência se conserva 
mais ou menos intacto pelo resto de sua vida; só assim podemos imaginar que o 
padrão depreendido do comportamento linguístico dos falantes de 60 anos de hoje 
corresponderia a padrão fixado na comunidade há 40 anos (LABOV, 1981, 180-1; e 
NARO, 2003, p. 43-50). Porém, não se pode ter absoluta segurança a respeito disso, 
e, pelo menos até o início da década de 1990, esse pressuposto básico do conceito 
de tempo aparente ainda não havia sido plenamente testado (LUCCHESI, 2001). 
 
 
Fonte:fgrurbanismo.blogspot.com.br 
Por outro lado, nada pode assegurar que uma tendência de mudança 
identificada pelo linguista num determinado momento não será revertida num futuro 
próximo em decorrência de novos fatos que não estavam presentes no momento em 
que o linguista fez o seu diagnóstico. Em função desse caráter contingencial dos 
processos históricos, "qualquer afirmação sobre a mudança [em progresso] é 
evidentemente uma inferência" (LABOV, 1981, p. 177). Esse prognóstico entre 
mudança em curso e variação estável baseia-se na combinação dos resultados 
obtidos através da correlação da variável linguística estudada com as variáveis 
sociais. 
 
2.4 As variáveis sociais na caracterização dos processos de variação e 
mudança 
As pesquisas sociolinguísticas tem buscado traçar um perfil da mudança em 
progresso e um perfil da variação estável através da combinação dos resultados das 
variáveis idade, sexo, classe social e nível de escolaridade, a partir da noção 
de prestígio. No que concerne à faixa etária, a variação estável se caracterizaria por 
um padrão curvilinear, no qual as faixas intermediárias apresentariam a maior 
frequência de uso das formas de prestígio; já na mudança em progresso, a distribuição 
seria inclinada, com os mais jovens apresentando a maior frequência de uso das 
formas inovadoras (cf. CHAMBERS e TRUDGILL, 1980, p. 91-3). Mas a tendência 
aferida pelos resultados da faixa etária deve ser confirmada pelos resultados das 
outras variáveis sociais. 
Assim, um cenário em que os falantes das classes mais altas e de maior nível 
de escolaridade exibem proporcionalmente uma maior frequência de uso das formas 
de prestígio do que o falantes da classe média (e estes, por sua vez, uma maior 
frequência do que os da classe baixa) apontaria para uma situação de variação 
estável; enquanto que os processos de mudança tendem a ser liderados pelos 
indivíduos mais integrados da classe média baixa e/ou das seções mais elevadas da 
classe operária (cf. LABOV, 1982, p. 77-8). 
No que concerne à variável sexo, nas situações de variação estável, as 
mulheres tendem a ser mais sensíveis ao uso das formas de prestígio, o que pode ser 
aferido numa escala de níveis de formalidade da fala. Por outro lado, nas mudanças 
em que se abandona o uso de uma forma padrão, o processo tende a ser liderado 
pelos homens, enquanto que as mulheres lideram as mudanças em direção às formas 
de prestígio (cf. CHAMBERS e TRUDGILL, 1980, p. 97-8). Já Labov (1982, p. 78) 
afirma genericamente que "na maioria das mudanças linguísticas, as mulheres estão 
à frente dos homens na proporção de uma geração". Porém, como bem notou Scherre 
(1988, p. 429), "a respeito da variável sexo, pode-se ver na literatura linguística que o 
seu papel, especialmente do sexo feminino,na questão da mudança não é muito 
claro". 
 
 
Fonte: www.eadstrong.com.br 
E, como reconhece o próprio Labov (1981, p. 184): 
Mas é importante ter em mente que essa propensão das mulheres para as 
formas de maior prestígio (no sentido do padrão normativo) é limitada àquelas 
sociedades em que as mulheres desempenham um papel na vida pública. Um 
tendência contrária foi encontrada em Teerã por Modaressi (1977) e Jain, na Índia 
(1975). 
Nesse sentido, é bom destacar que a maioria das conclusões apresentadas 
acima se referem a processos de variação/mudança ocorridos nos grandes centros 
urbanos de países com alta grau de industrialização, como o Canadá, os Estados 
Unidos e a Inglaterra. É preciso que se faça uma análise crítica desses parâmetros, 
evitando a sua aplicação mecânica a realidades socioculturais totalmente distintas, 
como a de comunidades rurais, em um país com um desenvolvimento industrial tardio 
e dependente como o Brasil. 
No caso da variável sexo, por exemplo, os resultados das análises 
sociolinguísticas realizadas sobre comunidades rurais e da periferia das grandes 
cidades exibem resultados totalmente distintos daqueles observados nas sociedades 
urbanas industrializadas. No caso das comunidades rurais brasileiras, os homens 
tendem a liderar os processos de mudança em direção às formas de prestígio. Isso 
porque são eles que têm mais contato com o mundo exterior dos grandes centros 
urbanos por estarem mais integrados no mercado de trabalho. Já as mulheres, na 
 
maioria das vezes circunscritas ao universo doméstico e de trabalho na roça, tendem 
a conservar mais as formas da fala rural, bem distantes do padrão urbano culto. 
 
 
Fonte:planetaenem.com 
É sempre bom repetir que a caracterização de um processo de variação 
estável ou de mudança em curso independe dos resultados isolados de cada variável 
social, ela deve apoiar-se fundamentalmente na coerência argumentativa da 
representação que o linguista constrói do processo como um todo, a partir das 
evidências empíricas fornecidas pelos resultados de cada variável (cf. LUCCHESI, 
2004, p. 189-193). É esse o entendimento que orienta as análises sociolinguísticas 
desenvolvidas no âmbito do Projeto Vertentes.3 
 
3 Texto extraído do link: http://www.vertentes.ufba.br 
 
3 RACISMO LINGUÍSTICO OU ENSINO DEMOCRÁTICO E PLURALISTA? 
 
Fonte:opreconceitolinguistico2.blogspot.com.br 
Em 1901, o Jornal de Notícias, de Salvador, publicava o seguinte: 
Começaram, infelizmente, desde ontem, a se exibir em algazarra infernal, sem 
espírito nem gosto, os célebres grupos africanizados de canzás e búzios, longe de 
contribuírem para o brilhantismo das festas carnavalescas, deprimem o nome da 
Bahia, com esses espetáculos incômodos e sensaborões. Apesar de, nesse 
sentido, já se haver reclamado da polícia providências, é bom, ainda uma vez, 
lembrarmos que não seria má a proibição desses candomblés nas festas 
carnavalescas. 
Dois anos depois, o Jornal voltava à carga: 
O carnaval deste ano, não obstante o pedido patriótico e civilizador, [feito por 
este jornal, foi ainda a exibição pública do candomblé, salvo raríssimas exceções. 
Se alguém de fora julgar a Bahia pelo seu Carnaval, não pode deixar de colocá-
la a par da África e note-se, para nossa vergonha, que aqui se acha hospedada uma 
comissão de sábios austríacos que, naturalmente, de pena engatilhada, 
vai registrando estes fatos para registrar nos jornais da culta Europa, em suas 
impressões de viagem. 
 
 
Fonte:novaescola.org.br 
Essas passagens ilustram claramente características essenciais das 
elites neste país: o desprezo pelo povo brasileiro e sua cultura (particularmente 
no tocante à matriz africana) e a subserviência às potências estrangeiras, culminando 
com a componente autoritária, que vê como ação civilizadora a repressão policial a 
legítimas manifestações populares. 
O fato de os blocos afros serem hoje um dos ícones do Carnaval da Bahia, que 
encanta o mundo inteiro, só vem a confirmar o equívoco histórico da visão da classe 
dominante sobre as coisas deste país. O mesmo se pode dizer da capoeira, antes 
arma de perigosos marginais, hoje luta nacional, e da perseguição aos candomblés, 
para onde os caciques políticos da atualidade vão buscar a benção das mães-de-
santo. 
Não se trata de uma evolução do pensamento da elite dominante, que segue 
acantonada em seus nichos de exclusão (como os camarotes e as cordas que isolam 
os blocos puxados por cantoras louras no Carnaval da Bahia), e sim de avanços 
democráticos alcançados, sobretudo pela ação dos movimentos populares, que 
reduziram em muito o preconceito e conservadorismo discricionário das elites 
brasileiras em vários planos da cultura. Mas, se até o racismo, que surge 
historicamente para legitimar o abjeto instrumento da escravidão, hoje é crime 
tipificado no Código Penal Brasileiro, a classe dominante não baixa sua guarda, 
 
sempre a postos, acionando os seus rottweilers na grande imprensa, para tentar 
criminalizar as manifestações e os movimentos populares. 
 
 
Fonte:preconceito-linguistico.blogspot.com.br 
No entanto, em um plano essencial da cultura, o preconceito da elite dominante 
segue célere e impune: a língua, velha companheira do Império. Nada mais revelador 
a esse respeito do que toda a grita promovida nos últimos dias, na grande imprensa, 
contra o livro didático de língua portuguesa “Por uma vida melhor”, distribuído pelo 
Programa Nacional do Livro Didático, do Ministério da Educação (MEC), para a 
educação de jovens e adultos. A obra, da autoria da professora Heloísa Ramos, 
baseia-se em princípios racionais e imprescindíveis para um ensino eficaz da língua 
materna, que são expostos logo em sua introdução, tais como o de que “falar é 
diferente de escrever” e que, se a língua materna se aprende “espontaneamente” na 
oralidade, “o aprendizado da língua escrita” é diferente, “pois exige um aprendizado 
formal” (p. 11). E, como se espera de uma obra dedicada ao conhecimento da língua, 
o livro reconhece que o português, como qualquer língua humana viva, admite formas 
diferentes de dizer a mesma coisa (“não há um único jeito de falar e escrever. 
A língua portuguesa apresenta muitas variantes, ou seja, pode se manifestar 
de diferentes formas” – p. 12), o que há muito tempo é reconhecido pelos cientistas 
 
da linguagem como variação linguística. Informa ainda que a variação na língua reflete 
a estrutura da sociedade e sua formação histórica. 
No caso brasileiro, o cenário da variação social da língua apresenta uma 
divisão entre uma norma culta e uma norma popular (o que o autor deste 
artigo denomina “polarização sociolinguística do Brasil”, em artigos científicos que tem 
publicado em revistas especializadas da área há mais de quinze anos). O livro ainda 
alerta que, apesar de serem “eficientes como meios de comunicação”, as duas 
normas recebem uma avaliação social diferenciada, existindo “um preconceito social 
em relação à variante popular, usada pela maioria dos brasileiros”, mas que “esse 
preconceito não é de razão linguística, mas social” (p. 12). Tudo isso é consensual 
entre os linguistas e do conhecimento de algumas pessoas mais esclarecidas sobre a 
língua, como o recentemente falecido escritor português José Saramago, Prêmio 
Nobel de Literatura, que advertiu que não se deveria falar em língua portuguesa, 
no singular, mas em “línguas portuguesas”, no plural. Então, o que justifica tamanha 
comoção social? 
Na passagem que despertou toda a polêmica, a autora do livro afirma que o 
aluno poderia falar “os livro”, sem aplicar a regra de concordância nominal, como é 
recorrente na norma popular, mas que ele deveria ficar “atento”, porque, “dependendo 
da situação”, poderia “ser vítima de preconceito linguístico” (p. 15); e, alertando-o para 
a adoção de um padrão único de correção social dasformas linguísticas, conclui que 
“o falante, portanto, tem de ser capaz de usar a variante adequada da língua para 
cada ocasião”. 
 
Fonte:aularagon.catedu.es 
 
Em princípio, não há nada demais nessa passagem. Até 
gramáticos normativistas (os mais esclarecidos, obviamente) reconhecem que o 
padrão da correção absoluta deve ser substituído pelo parâmetro da adequação 
relativa às diversas situações de uso da língua. 
 É tão inadequado dizer “me dá menas tarefa” numa reunião formal de trabalho, 
quanto perguntar “poder-me-ia informar o preço desse vegetal?” em uma feira livre. 
Como afirma a professora Heloísa Ramos, “um falante deve dominar as diversas 
variantes porque cada uma tem seu lugar na comunicação cotidiana”. 
Informar ao aluno que a língua é plural e admite formas variantes de expressão, 
cada uma legítima em seu universo cultural específico, sendo, portanto, dignas de 
respeito, não é apenas a forma mais adequada de fazer com que o aluno conheça a 
realidade da sua língua, mas um preceito essencial de uma educação cidadã, fundada 
nos princípios democráticos, do reconhecimento da diferença como parte integrante 
do respeito à dignidade da pessoa humana. 
A pluralidade é o principal pilar de uma sociedade democrática, garantindo 
a diversidade de crenças, de opiniões, de comportamentos, de opções sexuais 
etc. Contudo, a diversidade linguística é vista sempre como uma ameaça, sem que as 
pessoas se deem conta do autoritarismo que tal visão dissemina. 
 
 
Fonte:professoraerikamonteiro.blogspot.com.br 
 
E, observando a maioria das contestações feitas ao livro, tem-se a impressão 
de que o mais importante não é esclarecer, ou informar melhor a sociedade sobre a 
realidade da língua, e sim estabelecer a confusão, tirando proveito da ignorância para 
exacerbar o preconceito e manter a língua como um poderoso instrumento de 
exclusão social. A principal contestação é a de que a admissão do “erro” prejudica o 
ensino da “forma correta”. Nada mais infundado. 
A aceitação da diversidade linguística não entra em contradição com a 
necessidade da aquisição de uma norma padrão para uma melhor inserção em uma 
sociedade de classes, dominada pelo letramento. Além disso, o livro em questão, não 
apenas admite que “a escola deve se preocupar em apresentar a norma culta aos 
estudantes, para que eles tenham mais uma variedade à sua disposição, a fim de 
empregá-la quando for necessário” (p. 12), como ele próprio se apresenta como um 
instrumento adequado desse ensino, com seus exercícios de pontuação, do uso 
canônico dos pronomes e até do emprego das sacrossantas regras de concordância, 
que ousou desafiar, tocando em um aspecto nevrálgico da visão discricionária de 
língua que predomina na sociedade brasileira. 
O reconhecimento da diversidade linguística, longe de ser prejudicial, é uma 
condição sine qua non para uma escola democrática e inclusiva, que amplia o 
conhecimento do aluno sem menosprezar sua bagagem cultural. 
 
 
Fonte:rodadecidadania.wordpress.com 
 
A imposição de uma única forma de usar a língua, rechaçando as demais 
variedades como manifestações de inferioridade mental, é um ato de violência 
simbólica inaceitável. E antes que se diga que a distribuição de um livro que 
reconhece a legitimidade da diversidade linguística é mais um ato de populismo 
do governo do PT, deve-se informar que os avanços nas políticas linguísticas do MEC 
remontam ao governo FHC, quando, em 1998, os Parâmetros Curriculares Nacionais 
(PCNs) já proclamavam que: 
A imagem de uma língua única, mais próxima da modalidade escrita da 
linguagem, subjacente às prescrições normativas da gramática escolar, dos 
manuais e mesmo dos programas de difusão da mídia sobre ‘o que se deve e o que 
não se deve falar e escrever’, não se sustenta na análise empírica dos usos da língua. 
(…) há muitos preconceitos decorrentes do valor social relativo que é atribuído 
aos diferentes modos de falar: é muito comum se considerarem as variedades 
linguísticas de menor prestígio como inferiores ou erradas. O problema do preconceito 
disseminado na sociedade em relação às falas dialetais deve ser enfrentado, na 
escola, como parte do objetivo educacional mais amplo de educação para o respeito 
à diferença. 
 
Fonte:papodehomem.com.br 
Para isso, e também para poder ensinar Língua Portuguesa, a escola 
precisa livrar-se de alguns mitos: o de que existe uma única forma ‘certa’ de falar — a 
 
que se parece com a escrita — e o deque a escrita é o espelho da fala — e, sendo 
assim, seria preciso ‘consertar’ a fala do aluno para evitar que ele escreva errado. 
Essas duas crenças produziram uma prática de mutilação cultural que, além de 
desvalorizar a forma de falar do aluno, tratando sua comunidade como se fosse 
formada por incapazes, denota desconhecimento de que a escrita de uma língua não 
corresponde inteiramente a nenhum de seus dialetos, por mais prestígio que um deles 
tenha em um dado momento histórico. 
Portanto, só a ignorância ou a má-fé podem explicar as manifestações 
de indignação e revolta que beiram a histeria, diante da distribuição de um livro tão 
pertinente, através do sistema democrático e republicano do Programa Nacional do 
Livro Didático do MEC. Houve até o caso de uma procuradora da República que, no 
melhor estilo udenista da Marcha com Deus pela Família, ameaçou com processo os 
responsáveis pela edição e pela distribuição do livro. 
Chama a atenção também a leviandade dos pronunciamentos, até 
de intelectuais convidados para se pronunciar em programas televisivos, e 
dos próprios jornalistas que dirigem os programas, que sequer se dão ao trabalho de 
ler as poucas páginas do livro que geraram tanta polêmica. 
 
 
Fonte: linguisticaemfoco.wordpress.com 
É sintomático também que raramente um linguista seja chamado a se 
pronunciar. Coloca-se, então, a questão de saber por que os meios de comunicação 
 
de massa, ao invés de esclarecer e informar a opinião pública, têm-se dedicado mais 
a estabelecer a confusão e disseminar o preconceito, seja por má-fé, ou mesmo 
pela incapacidade de dar um enfoque minimamente adequado ao tema. Em 
suma: Por que o desconhecimento sobre a realidade linguística é desproporcional, 
se comparado ao de outros aspectos da cultura? 
Uma análise aprofundada da questão, sobretudo de suas 
motivações históricas, revelará que a língua nas sociedades de classe tem constituído 
um poderoso instrumento de dominação e de construção da hegemonia do segmento 
dominante. 
A construção dos estados nacionais encontrou na uniformização e 
homogeneização linguística um dos seus apoios mais eficazes, sobretudo em regimes 
autoritários e absolutistas. E o preconceito contra as formas de expressão das classes 
populares constitui um poderoso instrumento de legitimação ideológica da exploração 
desses segmentos pelas classes abastadas, que sempre impuseram o seu modelo de 
língua como o mais perfeito e universal. Na medida em que o preconceito viceja na 
ignorância, pode-se entender por que é tão importante impedir que uma visão isenta 
e cientificamente fundamentada da língua tenha uma grande circulação na 
sociedade. 
Não se trata, porém, de matéria simples, e sim de uma complexidade eivada 
de contradições. Além do que, não é fácil abordar a questão sem recorrer a 
conhecimentos básicos que são zelosamente confinados nos ambientes científicos, o 
que torna dificílima a tarefa de falar cientificamente da linguagem humana para um 
público mais amplo. 
 
 
Fonte:estudesemfronteiras.com 
Mas vamos enfrentar o tema da língua no âmbito da sociedade brasileira 
focalizando os seguintes aspectos: a polarização sociolinguística do Brasil como 
reflexo de uma sociedade marcada pela absurda concentração de renda e pela 
violenta exploração da força de trabalho; a adoção de uma norma linguística 
adventícia (o português de Portugal), como parte de um projetonacional elitista e 
excludente da classe dominante brasileira; e os fundamentos racistas do preconceito 
linguístico, particularmente do estigma sobre o não emprego das regras de 
concordância nominal e verbal. Mas antes é necessário falar da condição especial da 
língua vis-à-vis os outros aspectos do comportamento social e ilustrar um pouco o 
grau de desconhecimento que reina na sociedade sobre a língua, o que dá azo 
reprodução de uma série de mitos. 
A língua ocupa uma posição sui generis na estrutura social. Em outras áreas 
do comportamento, as leis se seguem às práticas sociais. A famosa Lei do Divórcio 
foi promulgada em 1977, quando a renovação dos casais já era uma prática corrente. 
Na língua, ao contrário, as disposições governamentais, como no caso dos PCNs 
citados acima, estão muito à frente da visão dominante na sociedade, que é no geral 
dogmática e cheia de mitificações. 
O linguista norte-americano William Labov fala do mito da Idade do Ouro. As 
pessoas tendem a acreditar que a língua atingiu sua perfeição no passado e desde 
então entrou em um processo irreversível de deterioração e se afligem com as 
 
inovações que a cada dia ameaçam mais e mais a integridade do idioma, sendo as 
mais perigosas as violações perpetradas pela “gente inculta”. Mas não se 
conhece uma língua sequer cujo funcionamento tenha sido comprometido 
pelas mudanças que sofreu ao longo de seu devir histórico. 
 
 
Fonte:estudesemfronteiras.com 
As mudanças que afetaram o chamado latim vulgar da plebe romana deram 
origem ao português de Camões, ao espanhol de Cervantes e ao francês de Flaubert. 
E as “deteriorações” sofridas pela língua portuguesa desde o tempo de Camões 
não impediram que Pessoa escrevesse sua magistral obra poética. Além do 
que, muitos males que afligem hoje a língua, para a decepção de muitos, 
não constituem grande novidade. Os puristas ficam horrorizados com a 
linguagem desleixada da Internet, impregnada de abreviaturas. Pois as 
abreviaturas abundam nas inscrições romanas e nos manuscritos medievais. 
Costuma-se correlacionar também complexidade gramatical com grau 
de civilização. 
As declinações nominais do grego e do latim clássicos são vistas como índice 
de uma cultura superior, e a perda dessas declinações na passagem do latim às 
línguas românicas é tratada como um empobrecimento. Já o alemão, com suas 
declinações e possibilidades de composição, é considerado uma língua mais 
apropriada ao pensamento filosófico. 
 
 
Fonte:radios.ebc.com.br 
Contudo, muitas línguas indígenas brasileiras exibem uma morfologia muito 
mais complexa, inclusive marcando certas categorias gramaticais, como a 
evidencialidade (que informa a fonte de conhecimento do evento verbalizado), 
absolutamente ausente na gramática das línguas europeias. 
E muitas línguas africanas, em sua maioria ágrafas (sem escrita), exibem um 
sistema morfológico de classificação nominal extremamente complexo. 
 Se o grego clássico tinha três valores para categoria de número (singular, dual 
e plural), algumas línguas da Melanésia, de comunidades tribais, têm até cinco, que 
são marcadas nos pronomes, fazendo com que possuam mais de cem formas 
pronominais, contra algumas poucas dezenas das principais línguas europeias, que 
têm mais de mil anos de tradição escrita. 
Ou seja, complexidade gramatical não tem qualquer correlação com grau de 
civilização. Nem se pode pensar que complexidade gramatical implica maior poder de 
expressão da língua, pois o que não é dito gramaticalmente pode ser dito 
lexicalmente. Em português, por exemplo, não há um morfema de dual, mas se pode 
empregar o numeral e dizer dois meninos, o que dá no mesmo. 
Outro grande mito é o da ameaça à unidade linguística: se não houver uma 
rígida uniformização, a unidade da língua se perde; se o caos da variação linguística 
não for detido, a comunicação verbal ficará irremediavelmente comprometida. Ao 
 
contrário, a heterogeneidade da língua é que garante a sua unidade em uma 
comunidade socialmente estratificada e culturalmente diversa. 
 
Fonte:www.supersecretariaexecutiva.com.br 
É a flexibilidade conferida pela variação linguística que permite a uma língua 
funcionar tanto na feira livre quanto nos tribunais de justiça. Se fosse um código 
monolítico e inflexível, como sugerem os puristas, a mesma língua não poderia 
funcionar em ambientes tão diversos, o que levaria inexoravelmente à sua 
fragmentação. 
Impressiona o nível de ignorância que se observa em pleno século XXI em 
relação à língua. Qualquer pessoa medianamente informada já ouviu falar de Freud, 
Lévi-Strauss e Max Weber, tem alguma ideia sobre o que seja o Complexo de Édipo 
e o Tabu do Incesto e não ousa falar em raças superiores e inferiores, ou que um 
criminoso possa ser reconhecido pelo formato do seu crânio, mas fala com 
naturalidade de línguas simples e complexas e se refere a formas linguísticas 
correntes como aberrações. 
Aliás, a visão de que a forma superior da língua é aquela dos escritores 
clássicos é contemporânea do sistema de Ptolomeu, de que a Terra era o centro do 
Universo e, em torno dela, giravam o sol, os planetas e as estrelas. Ou seja, a 
Revolução de Copérnico não chegou ainda à língua. 
 
 
Fonte:eff.clee.utk.edu 
Esse estado de coisas faz aflorar contradições desconcertantes 
no comportamento de muitos intelectuais que são progressistas e críticos no geral dos 
seus posicionamentos, mas que acabam por reverberar afirmações francamente 
dogmáticas e reacionárias em relação à língua. 
No programa Espaço Aberto, da Globo News, de 18/05/2011, dedicado ao livro 
em questão, o Senador Cristóvam Buarque, que se coloca no campo democrático, 
defendeu que o MEC deveria glosar a passagem do livro que admite o uso de 
expressões como “os peixe”, porque cabe à “boa escola” impor a “forma correta” e 
extirpar a “forma errada”, crendo pia e ingenuamente que isso era compatível com 
o combate ao preconceito. 
No mesmo programa, o jornalista Alexandre Garcia inquiriu uma entrevistada, 
defendendo o ensino da concordância como meio de facilitar ao aluno o raciocínio 
lógico. E arrematou: como o aluno pode desenvolver um raciocínio lógico falando “nós 
pegou os peixe”? 
É muito provável que uma decorrência lógica dessa premissa surpreenda o 
jornalista. Se a concordância fosse importante para o desenvolvimento do raciocínio 
lógico, os norte-americanos e ingleses deveriam enfrentar dificuldades significativas 
nesse campo, porque o inglês é uma língua praticamente desprovida de concordância 
nominal e verbal. Entretanto, a grande maioria dos artigos científicos é escrita na 
 
atualidade nessa língua. E as universidades de países de língua inglesa predominam 
entre as melhores do mundo. Eminglês se diz: I work, you work, he works, we work, 
you work, they work. 
 
Fonte:brasilescola.uol.com.br 
Na linguagem popular do Brasil se diz: eu trabalho, tu trabalha, ele trabalha, 
nós trabalha, vocês trabalha, eles trabalha. Nas duas variedades linguísticas, só 
uma pessoa do discurso porta uma marca específica, mas o inglês é a língua da 
globalização e da modernidade, enquanto o português popular do Brasil é língua de 
gente ignorante, que não sabe votar…Se, por mero exercício, retirarmos de um ensaio 
filosófico ou de um artigo científico escrito em português todas as suas marcas de 
concordância nominal e verbal, constataremos na leitura de sua nova versão que esse 
texto não perde sua coerência interna, sua força argumentativa, nem seu 
conteúdo informacional. 
Ao contrário do que pensa o jornalista Alexandre Garcia, a concordância não é 
um requisito para o raciocínio lógico. Até porque as regras de concordância são 
mecanismos gramaticais que não interferem na comunicação verbal, tanto que é 
indiferente dizer “nós pegamos os peixes” ou “nós pegou os peixe”. A informação 
veiculada é a mesma. 
Em função disso, esses mecanismoscostumam ser muito afetados em 
determinados processos históricos como aqueles por que passaram o inglês, o 
 
português no Brasil e o francês, que, mesmo com a erosão na oralidade de suas 
marcas de concordância, não deixou de se tornar a língua de cultura do mundo 
ocidental no século XIX. E na belle époque a madame brasileira, que deplorava a falta 
de concordância de sua serviçal afrodescendente, se deleitava com os poemas 
de Paul Géraldy declamados nos saraus da alta sociedade. 
Com isso, podemos começar a entender por que as regras de concordância 
estão no panteão da alta cultural nacional, desempenhando um papel decisivo no 
projeto racista e de exclusão social das elites reacionárias do Brasil. 
Na recente história política deste país, a concordância teve uma posição de 
destaque, quando a imprensa conservadora questionava a capacidade do Presidente 
Lula, invocando, entre outras coisas os seus “erros de português”. O preconceito 
linguístico nada mais era do que a expressão de um preconceito mais profundo das 
elites econômicas que não podiam admitir que um torneiro mecânico ocupasse o 
cargo de maior mandatário da República. 
 O sucesso e as conquistas alcançadas pelo Governo Lula, tanto no plano 
interno quanto externo, só vieram a confirmar que, tanto um preconceito quanto o 
outro, não tinham o menor fundamento. 
Na sucessão do Presidente Lula, a sua candidata, Dilma Rousseff, oriunda da 
classe média, dominava a norma culta e empregava as regras de concordância. As 
baterias dos segmentos reacionários se voltaram, então, contra os seus eleitores. 
 
 
Fonte:alunosonline.uol.com.br 
 
Argumentavam que a sua vitória se devia ao voto das massas de analfabetos 
do nordeste, que “nem sequer sabiam falar o português”. Eram manipulados pelas 
migalhas dos programas sociais do Governo Lula (não ocorreu a esses “cientistas 
políticos” que isso nada mais era do que uma opção, mais ou menos consciente, por 
um projeto de distribuição de renda e inclusão social que os beneficiava). 
Já os eleitores das classes médias e altas do sul e sudeste do país, 
escolarizados e usuários da norma culta, votavam “conscientemente no candidato 
melhor preparado” (não votavam no projeto político comprometido com seus 
interesses e privilégios). 
E vale tudo para desqualificar a linguagem popular, até dizer o disparate de que 
ela “é caótica e sem regras”, como afirmou, há alguns anos, uma jornalista da 
imprensa conservadora. 
Desde 1957, com as publicações dos trabalhos do linguista norte-americano 
Noam Chomsky (que é muito mais conhecido como político, mesmo sendo um dos 
críticos mais contundentes da política beligerante e imperialista do seu país), é 
consensual entre os linguistas que a Faculdade da Linguagem é uma propriedade 
universal da espécie humana, de modo que qualquer frase produzida por um falante 
de qualquer língua natural, seja ele analfabeto ou erudito, é gerada por um sistema 
mental de regras tão sofisticado que mesmo o computador mais poderoso já 
produzido é incapaz de fazer o que qualquer indivíduo faz trivialmente: falar sua 
língua nativa. Até porque não se pode fazer a programação do computador, pois 
não se conhece suficientemente o sistema que transforma os nossos 
pensamentos em frases, ou seja, a Gramática Universal e suas inúmeras 
versões parametrizadas, que definem o desenho gramatical de todas as línguas 
humanas. 
 
 
 
Fonte:www.google.com.br 
Nesse contexto, é possível compreender o quanto é subversivo (ou 
seja, transformador) distribuir amplamente um livro didático que reconhece 
a diversidade linguística e a legitimidade da linguagem popular. E entender também a 
violenta reação que se seguiu. 
É sintomático o depoimento do eminente gramático Evanildo Bechara, 
divulgado no portal UOL, na Internet, em 18/05/2011. Numa crítica à orientação dos 
PCNs, que ele considera um “erro de visão”, afirma: “Há uma confusão entre o que se 
espera de um cientista e de um professor. 
 O cientista estuda a realidade de um objeto para entendê-lo como ele é. Essa 
atitude não cabe em sala de aula. O indivíduo vai para a escola em busca de ascensão 
social”. É impressionante que se diga que “não cabe em sala de aula” fornecer 
elementos para o aluno “compreender [a língua] como [ela] é”. É como dizer que o 
darwinismo não cabe em sala de aula, devendo o ensino da biologia ser orientado 
pelos princípios do criacionismo. 
Acenando com a cenoura da “ascensão social”, Bechara quer limpar o terreno 
do ensino para os normativistas legislarem arbitrariamente sobre a língua, como têm 
feito até então. A visão científica da língua, que reconhece a variação e a 
diversidade linguística como propriedades essenciais de qualquer língua viva, deve 
ficar hermeticamente confinada aos ambientes científicos. 
 
 
Fonte:campi2015.wordpress.com 
 Na escola e na sociedade, deve predominar a visão dogmática e obscurantista 
de que existe uma única forma de falar e escrever, enquanto as demais devem ser 
vistas como deteriorações produzidas por mentes inferiores. 
Pode-se entender, assim, por que o posicionamento dos linguistas no debate social 
sobre a língua desperta sempre reações furiosas por parte da imprensa conservadora. 
Na matéria de capa da Revista Veja, dedicada à língua portuguesa, em sua 
edição de 07/11/2001, pode-se ler uma referência à posição dos linguistas como “o 
pensamento de uma certa corrente relativista”, segundo a qual “o certo e o errado em 
português não são conceitos absolutos”. Prosseguindo, afirma que, segundo essa 
tendência, “quem aponta incorreções na fala popular estaria, na verdade, solapando 
a inventividade e a autoestima das classes menos abastadas. Isso configuraria uma 
postura elitista.” Diante disso, a revista sentencia: “trata-se de um raciocínio torto, 
baseado em um esquerdismo de meia pataca, que idealiza tudo o que é popular – 
inclusive a ignorância, como se ela fosse atributo, e não problema, do povo” (p. 112). 
O primarismo do raciocínio e a grosseria na linguagem são atributos bem 
conhecidos dessa publicação, mas acreditar que os juízos de correção idiomática são 
absolutos, e não determinados historicamente, constitui uma ignorância bastante real, 
nada idealizada. Um exemplo cabal. No passado recente, seria considerado um erro 
grave escrever o seguinte período “Diria-se que essa afirmação não tem fundamento”; 
 
o certo seria “Dir-se-ia que…”. Pois bem, atualmente, a maioria dos manuais de 
redação dos principais jornais do país veta o uso da mesóclise (dir-se-ia). 
Isso coloca em questão a atualidade da norma de referência linguística, ou 
norma padrão, no Brasil. Na referida matéria, a revista Veja tece loas ao gramático 
midiático Pasquale Cipro Neto. 
O grande mérito do Professor Pasquale é dar uma roupagem nova ao velho 
discurso purista e conservador da tradição gramatical. Embora admita os “desvios” da 
linguagem coloquial, Pasquale prescreve as formas da norma culta, que devem ser 
empregadas nas situações de comunicação formal. Assim, uma estrutura como “o 
jogador custou a chutar”, de uso corrente na linguagem cotidiana, não deve ser usada 
em situações formais, porque na norma culta se diz “custou ao jogador chutar”. 
Porém, o linguista Marcos Bagno tem demonstrado que estruturas como 
“o jogador custou a chutar” e outras que Pasquale afirma não pertencer à norma culta 
são recorrentes nos textos de escritores consagrados, como Cecília Meirelles, Carlos 
Drummond de Andrade e Clarice Lispector, ou mesmo de clássicos, como Machado 
de Assis e José de Alencar. Isso demonstra que, no Brasil, existe um desacordo 
flagrante entre a norma padrão – modelo ideal de língua usado como critério para a 
correção linguística – e a norma culta – forma da língua concretamente usada pelas 
pessoas consideradas cultas, advogados, jornalistas, escritores etc. 
Ao empregar as duas expressões como sinônimas, Pasquale e osnormativistas buscam dar às suas prescrições uma legitimidade que elas não têm, 
porque se apoiam numa equivalência que está longe de existir. 
A tensão entre a norma padrão e a norma culta é normal em 
qualquer sociedade letrada, na medida em que a norma padrão constitui uma forma 
fixa e idealizada de língua a partir da tradição literária, enquanto a norma culta, 
constituída pelas formas linguísticas efetivamente em uso está sempre se renovando. 
Porém, no Brasil o desacordo entre as duas é grave desde as origens do estado 
brasileiro. 
A independência política do Brasil, ocorrida em 1822, desencadeou uma série 
de manifestações e movimentos nativistas, que tinham no índio tupi o grande símbolo 
da nacionalidade. Contudo, escritores que abraçaram a temática indigenista e 
nacionalista que tentaram adequar a linguagem portuguesa à nova realidade cultural 
do Brasil, como José de Alencar, foram alvo de virulentas críticas provenientes do 
purismo gramatical. 
 
Mais uma vez, a língua se descolou dos demais aspectos da cultura, nos quais 
todos os elementos representativos da brasilidade deveriam ser 
adotados, derrubando os símbolos da velha ordem colonial. Entretanto, a 
linguagem brasileira era vista como imprópria e corrompida, devendo continuar 
a prevalecer a língua da antiga Metrópole portuguesa. A vitória dos puristas 
na questão da língua no Brasil expressa a essência do projeto elitista e excludente da 
classe dominante brasileira. E a base racista desse projeto fica clara neste trecho do 
discurso de Joaquim Nabuco, na sessão de instalação da Academia Brasileira de 
Letras, em 1897: 
A raça portuguesa, entretanto, como raça pura, tem maior resistência e guarda 
assim melhor o seu idioma; para essa uniformidade de língua escrita devemos tender. 
Devemos opor um embaraço à deformação que é mais rápida entre nós; devemos 
reconhecer que eles são os donos das fontes, que as nossas empobrecem mais 
depressa e que é preciso renová-las indo a eles. (…) Nesse ponto tudo devemos 
empenhar para secundar o esforço e acompanhar os trabalhos dos que 
se consagrarem em Portugal à pureza do nosso idioma, a conservar as formas 
genuínas, características, lapidárias, da sua grande época (…) Nesse sentido nunca 
virá o dia em que Herculano ou Garrett e os seus sucessores deixem de ter toda a 
vassalagem brasileira. 
 
Fonte:xembae.blogspot.com.br 
 
Para além da contradição entre a vassalagem linguística e o 
espírito nacionalista ainda em vigor na época, essa adoção do modelo da língua 
de Portugal terá graves implicações para a normatização linguística no Brasil, sendo 
a mais evidente o generalizado sentimento de insegurança linguística que aflige todos 
segmentos da sociedade brasileira, mesmo os mais escolarizados. É comum ouvir no 
Brasil afirmações do tipo “o português é uma língua complexa”, ou “o brasileiro não 
sabe falar português”. E não poderia ser diferente porque, ao adotar os modelos da 
língua de Portugal, a tradição gramatical brasileira exige que os brasileiros escrevam, 
ou até mesmo falem, com a sintaxe portuguesa, o que é impraticável, porque a língua 
não parou de mudar, tanto em Portugal quanto no Brasil, em um processo que, por 
vezes, assume direções distintas, ou mesmo contrárias, em cada um dos lados 
do Oceano Atlântico. 
Uma das mais notáveis dessas mudanças foi a violenta redução das vogais 
átonas da língua em Portugal, fazendo com que os portugueses pronunciem telefone 
como telefone, o que confere ao português europeu contemporâneo uma sonoridade, 
que é menos românica do que germânica, ou mesmo eslava. Já no Brasil pronuncia-
se téléfoni ou têlêfoni (consoante a região), tendo ocorrido o inverso: o fortalecimento 
das vogais pretônicas. Essa mudança acabou por repercutir em outros níveis da 
estrutura da língua, de modo que em Portugal se generalizou o uso da ênclise, até 
nos casos em que, na língua clássica, era obrigatório o uso da próclise (e.g., O João 
disse que feriu-se; Não chegou-se a um acordo), enquanto no Brasil emprega-se 
normalmente a próclise até nos contextos vedados pela tradição (e.g., Me parece que 
ela não veio). 
Para além da insegurança linguística, a adoção de uma norma adventícia no 
Brasil produz também verdadeiros absurdos pedagógicos. Toda gramática normativa 
brasileira tem um capítulo dedicado à colocação pronominal, que se inicia 
invariavelmente com a afirmação “a colocação normal do pronome átono é a ênclise”; 
ao que se seguem mais de vinte regras indicando onde se deve usar a próclise (em 
orações subordinadas, depois de palavras negativas, após alguns advérbios etc). Tal 
gramática serve a um estudante português, que usa normalmente a ênclise e pode 
aprender quais são os contextos excepcionais onde a tradição recomenda o uso da 
próclise, mas não tem a menor serventia para um estudante brasileiro, que já usa 
normalmente a próclise. 
 
Para ter algum valor pedagógico, o texto da gramática brasileira deveria ter a 
seguinte feição: “a colocação normal do pronome átono no Brasil é a próclise; 
entretanto, para se adequar à tradição, deve-se evitar essa colocação em início de 
período e após uma pausa”. 
 
Fonte:educaradio.org 
Esses equívocos se exacerbam dentro da visão tradicional que restringe 
o ensino de língua portuguesa à prescrição do uso de formas anacrônicas, quando o 
ensino da língua deve ser muito mais amplo que isso, concentrando-se em práticas 
criativas que capacitem o aluno a produzir e interpretar textos, dominar os diversos 
gêneros textuais e identificar os mais variados sentidos e valores ideológicos que as 
produções verbais assumem em cada situação específica; ao que se deve somar uma 
informação propedêutica acerca da diversidade da língua. 
Pode-se entender, assim, porque uma entidade conservadora e anacrônica, 
como a Academia Brasileira de Letras (ABL), juntou-se às vozes recalcitrantes, 
criticando o livro de português do MEC em uma nota oficial, na qual afirma: “Todas as 
feições sociais do nosso idioma constituem objeto de disciplinas científicas, mas bem 
diferente é a tarefa do professor de língua portuguesa, que espera encontrar no livro 
didático o respaldo dos usos da língua padrão que ministra a seus discípulos”. 
Mais uma vez, a ladainha de que a escola e a sociedade devem ser privadas 
de uma visão científica (ou seja, realista) da língua, ficando à mercê de toda a 
arbitrariedade normativista, inclusive aquela que impõe uma norma de correção 
adventícia e absolutamente estranha à realidade linguística do país. 
Mas, a ABL apenas manteve-se fiel às suas origens, como se pode ver no extrato do 
discurso de Joaquim Nabuco reproduzido acima e que nos informa sobre outro 
aspecto crucial da ideologia linguística dominante no Brasil. 
 
Segundo Nabuco, a língua se corrompia mais rapidamente no Brasil, 
ao contrário do que acontecia em Portugal, porque lá a raça era “pura” [sic]. 
A conclusão é óbvia. O cânone português deveria ser adotado para eliminar os efeitos 
deletérios produzidos na língua portuguesa do Brasil, em função do contato com os 
índios que aqui viviam e com os mais de quatro milhões de africanos que o tráfico 
negreiro trouxe, ao longo de mais de trezentos anos. Mas, quais seriam esses efeitos? 
A formação da sociedade brasileira é marcada pelo que ficou conhecido como 
sociedade de plantação (em inglês, plantation). Trata-se de grandes 
empreendimentos agrícolas que empregavam maciçamente a mão-de-obra escrava 
importada da África para a produção em larga escala de commodities, tais como 
açúcar, fumo, algodão e café, para o mercado europeu. Esses empreendimentos, que 
predominaram no nordeste brasileiro (nos séculos XVI, XVII e XVIII) e no sudeste (no 
século XIX), também predominaram na região do Caribe, dando ensejo à formação 
de grande parte das línguas crioulas hoje conhecidas no mundo, tais como: o crioulo 
francês do Haiti, o crioulo inglês da Jamaica,o papiamento, em Curaçao, e o saranan 
e o saramacan, no Suriname, entre outras. Essas línguas crioulas resultam da 
aquisição precária das línguas coloniais europeias por parte de uma grande massa de 
escravos africanos e da nativização desse modelo defectivo de segunda língua entre 
os descendentes desses escravos (denominados crioulos, que significava ‘nativo do 
local’), tornando-se a língua da nova comunidade de fala que se formava 
nesse contexto colonial. 
Estruturalmente, essas línguas se caracterizam por uma profunda 
reestruturação gramatical combinada com a conservação do vocabulário da língua 
dominante, o que deu azo à antiga definição de língua crioula como uma língua de 
léxico europeu com gramática africana, que hoje em dia não é considerada muito 
adequada. De qualquer modo, uma das características mais gerais entre as línguas 
crioulas é a ausência de certos mecanismos gramaticais que não têm valor 
informacional, tais como as regras de concordância nominal e verbal e a flexão de 
caso. 
 
 
Fonte:www.pethl.unilab.edu.br 
Apesar das semelhanças históricas com essas sociedades do Caribe, 
na história do Brasil não ocorreram processos de crioulização do português de forma 
representativa e duradoura, em função da maior complexidade da sociedade brasileira 
e, sobretudo, da generalizada miscigenação, que possibilitava uma maior inserção 
social de índio e afrodescendentes. Porém, isso não quer dizer que o contato entre 
línguas não afetou o desenvolvimento histórico da língua portuguesa no Brasil. Pode-
se dizer que, particularmente na formação histórica das variedades populares do 
português brasileiro, teriam ocorrido processos de crioulização leve (ou semi-
crioulização), com maior ou menor intensidade, conforme o caso. 
As pesquisas que temos desenvolvido há quase vinte anos sobre a fala de 
comunidades rurais remanescentes de antigos quilombos, no Projeto Vertentes do 
Português Popular do Estado da Bahia, sediado na Universidade Federal da Bahia 
(cf. http://www.vertentes.ufba.br/), revelam que os reflexos mais notáveis do contato 
entre línguas na formação do português popular brasileiro são exatamente a ampla 
variação no emprego dos mecanismos de concordância nominal e verbal (e.g., meus 
amigo não chegou ainda, ao invés de meus amigos não chegaram ainda) e da flexão 
de caso dos pronomes pessoais (e.g., ele encontrou nós na feira, ao invés de ele nos 
encontrou na feira). 
O conhecimento da história sociolinguística do Brasil, baseado em evidências 
empíricas consistentes, revela a razão por que o preconceito linguístico que se abate 
http://www.vertentes.ufba.br/
 
sobre a fala popular tem como alvo principal a falta de concordância nominal e verbal 
– exatamente o reflexo linguístico mais notável do caráter pluriétnico da sociedade 
brasileira; usos que seriam os equivalentes linguísticos do candomblé, da capoeira e 
do acarajé. 
 
 
Fonte: www.brasil.com 
E, como se demonstrou acima, a falta de concordância não implica qualquer 
déficit na expressão verbal, portanto a condenação dessas formas não tem o menor 
fundamento linguístico. Mas, se nos outros planos da cultura o legado cultural africano 
e indígena já foi incorporado, a língua ainda se mantém como o terreno do preconceito 
e da intolerância. A violenta discriminação social que se abate sobre essas marcas 
da fala popular, usada por mais de dois terços da população brasileira de baixa renda 
(onde se concentram os índios e afrodescendentes), constitui um poderoso 
instrumento para a legitimação ideológica de um projeto de concentração de renda e 
exclusão social. Utilizando a língua para desqualificar esses segmentos como 
inferiores e incapazes, as classes dominantes justificam-no plano da ideologia a sua 
exploração. 
E, como se demonstrou aqui, a escolha da concordância como alvo principal 
do preconceito tem historicamente uma motivação racista. Se a discriminação racial e 
sexual não são mais toleradas, o racismo linguístico ainda segue impune como 
ideologia dominante na sociedade. 
 
 
Fonte: iilp.wordpress.com 
Pode-se compreender plenamente agora a violenta reação provocada pela 
distribuição de um livro didático que reconhece a legitimidade da falta de concordância 
na fala popular. E o argumento de que se quer com isso privar a população do acesso 
à norma culta não tem o menor fundamento. Até porque as análises sociolinguísticas 
do Projeto Vertentes revelam também que a aquisição da norma culta ocorre 
paralelamente à inserção desses segmentos na sociedade brasileira. Ou seja, nas 
comunidades rurais, os jovens, que têm alguma escolaridade, estão melhor inseridos 
no mercado de trabalho e têm um maior acesso aos meios de comunicação de massa, 
usam mais as regras de concordância nominal e verbal do que os mais idosos, que 
normalmente estão menos inseridos, em termos econômicos e culturais. 
Portanto, não é o racismo linguístico que vai levar à difusão da norma culta, 
mas a distribuição de renda, a inclusão social e a ampliação e melhoria da rede pública 
de ensino. 
A virulenta reação ao livro de português do MEC não se justifica também como 
defesa de um ensino mais eficaz da língua portuguesa, pois já está comprovado entre 
os experts da área (ou seja, entre pedagogos e linguistas) que um modelo antiquado, 
que privilegia a imposição de formas linguísticas adventícias e/ou anacrônicas, está 
longe de ser o mais eficaz. Não é a correção de “assistir o espetáculo” por “assistir ao 
espetáculo” que vai fazer o aluno escrever melhor. 
 
 Um ensino eficaz de língua materna incorpora a bagagem cultural do aluno, 
promovendo uma ampla prática de leitura e produção de textos nas mais variadas 
situações de comunicação, desenvolvendo também sua capacidade de reconhecer os 
sentidos e valores ideológicos que a língua veicula em cada situação. Nesse ensino, 
é imprescindível promover a consciência acerca da diversidade linguística como 
reflexo inexorável da variedade cultural. E esta formação cidadã para o respeito à 
diferença não entra em contradição com o ensino da norma culta, que deve 
permanecer. 
 
Fonte: clpbruxelas.blogspot.com.br 
O que está em jogo, na verdade, é a opção entre um ensino discriminatório e 
arbitrário, baseado no preconceito e no dogma, e um ensino crítico e pluralista, 
baseado no conhecimento científico acumulado até os dias de hoje, como ocorre na 
física, na matemática, na geografia, etc. 
Por que se deve privar os alunos do conhecimento científico da língua, 
reduzindo a disciplina língua portuguesa a um mero curso de etiqueta gramatical (é 
feio falar assim, é bonito falar assado), como preconizam os gramáticos (para 
defender o seu mercado de trabalho) e a ABL (para garantir a sua pompa)? 
Portanto, ao invés de recuar diante da pressão das forças reacionárias, 
o governo brasileiro deve fazer valer seus compromissos democráticos e de inclusão 
social, mantendo a atual distribuição republicana dos livros didáticos. Mais do que 
isso, uma conjunção de entidades democráticas, associações de educadores e a 
comunidade científica deve tomar este episódio como mote para desencadear um 
 
amplo debate na sociedade brasileira, aprofundando e consolidando a transformação 
já em curso no ensino de língua portuguesa no país, abandonando de vez o velho 
modelo que restringe o ensino da língua à imposição de formas anacrônicas e 
absolutamente estranhas à realidade da língua e que dissemina uma visão 
discricionária e preconceituosa acerca dos usos linguísticos. 
Numa sociedade democrática e progressista, o ensino de língua deve ser eficaz 
e pluralista; eficaz, porque se concentra no objetivo maior de tornar o indivíduo um 
proficiente leitor e produtor de textos nos mais variados contextos em que se dá a 
interação verbal; e pluralista, porque desenvolve no aluno a consciência para a 
diversidade linguística como parte integrante do princípio fundamentaldo respeito à 
diferença. 
Está mais do que na hora de os avanços obtidos pela sociedade brasileira em 
outros campos chegarem à língua. Dessa forma, é possível que o cenário de uma 
verdadeira revolução democrática nesse país seja o idioma nacional.4 
 
 
4 Texto extraído do link: anidabar.wordpress.com 
 
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ABRALIN, v.26, p.135-137 
LUCCHESI, Dante (2004). Sistema, Mudança e Linguagem. São Paulo: Parábola. 
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