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Descrição do quadro clínico na infância e adolescência Psicopatologia da Infância e Adolescência Out/2020 Janaína Lemos , Flavia Gonçalves, Silvene Almeida e Tamiris Motta. O que é o TDAH? O TDAH é um transtorno neurobiológico, com grande participação genética (isto é, existem chances maiores de ele ser herdado), que tem início na infância e que pode persistir na vida adulta, comprometendo o funcionamento da pessoa em vários setores de sua vida, e se caracteriza por três grupos de alterações: hiperatividade, impulsividade e desatenção. O que se entende por hiperatividade? Hiperatividade é o aumento da atividade motora. A pessoa hiperativa é inquieta e está quase constantemente em movimento. Quando se trata de criança, os professores descrevem que ela se levanta da carteira a todo instante, mexe com um ou com outro, fala muito. Parece que é elétrica, ou que está com um motorzinho ligado o tempo todo. Raramente consegue ficar sentada, mas se é obrigada a permanecer sentada, se revira, bate com os pés, mexe com as mãos, ou então acaba adormecendo. Dificilmente consegue se interessar por uma brincadeira em que tenha que ficar quieta, mas está sempre correndo, subindo em móveis, árvores, e frequentemente em locais perigosos. O que é impulsividade? Impulsividade é a deficiência no controle dos impulsos, é “agir antes de pensar”. Curiosamente, embora compreendam o significado da palavra impulsividade, muitas vezes os pais não reconhecem a sua ocorrência no filho com TDAH. Queixam-se de que a criança “responde antes que terminem a pergunta”, “age ou fala por impulso e só depois pensa o que fez”, “é atirado”, “agressivo”, “impaciente”, “irritado” e “explosivo”. Todas estas queixas referem-se diretamente à impulsividade, presente com muita frequência na criança, no adolescente e no adulto com TDAH. E a desatenção, como se apresenta? Considerado elemento principal para o diagnóstico, a desatenção pode ser menos evidente para os pais. A hiperatividade e a impulsividade são mais facilmente percebidas, muitas vezes já num primeiro olhar. A desatenção é muitas vezes sutil, se manifesta, por exemplo, na criança pequena que não consegue brincar, poucos minutos que seja, com um brinquedo só; no escolar que perde seus pertences com muita frequência; ou ainda no adolescente que se queixa dos “brancos” nas provas. Quando os pais identificam a desatenção se queixam de forma variada: “Doutor, o menino parece não ouvir”, “sonha acordado”, “vive no mundo da Lua”, “não termina tarefas ou demora uma eternidade”, “muda de uma atividade incompleta para outra”, perde suas coisas”, “esquece recados”, “não fixa conhecimentos”, “se distrai com muita facilidade”, “tem dificuldade para seguir instruções”, etc. Mas muitas vezes só os professores é que percebem a dificuldade de atenção da criança através da observação do seu comportamento em sala de aula. Por essa razão, os pais que suspeitam que a criança tenha TDAH devem obter mais informações com os professores, antes de procurar o especialista. O especialista, por sua vez, deve reportar-se também aos professores antes Prevalência do transtorno na infância e adolescência Existem diversas estatísticas, e a frequência com que se observa o transtorno entre as crianças varia de 3 a 10 % da população infantil. Nos adultos, estima-se que deve ser em torno de 4%. Pensa-se que em cada sala de aula deva-se existir pelo menos uma criança com esse problema. Antes se pensava que era mais comum nos meninos que nas meninas, na proporção de 3 para 1, mas esta proporção vale apenas para as situações de consultório ou ambulatório, pois na população em geral as diferenças entre meninos e meninas com TDAH são menores. Critérios diagnósticos na infância e adolescência O Diagnóstico do TDAH é clínico, devendo ser feito por médicos especialistas no assunto, com ou sem auxilio de uma equipe interdisciplinar que pode ser composta por neurologista, neuropsicólogo, psicólogo, psicopedagogo, e/ou fonoaudiólogo. Mas todo diagnóstico deve seguir os seguintes passos: • Entrevistas com os pais (levantamento das queixas e sintomas sobre o comportamento da criança em casa e em atividades sociais); • Entrevistas com os professores (relato sobre o comportamento da criança escola, levantamento das queixas, sintomas, desempenho escolar, relacionamento com adultos e crianças); • Avaliação/observação da criança no consultório; • Avaliação neuropsicológica • Avaliação psicopedagógica • Avaliação fonoaudiológica. Indicação de possíveis tratamento na infância e adolescência O consenso atual é de que o tratamento do TDAH deve ser Multimodal. O tratamento multimodal compreende o uso de medicamentos específicos (psicoestimulantes), educação dos pais e do portador sobre o diagnóstico e tratamento do transtorno, além de uma série de orientações adicionais para serem aplicadas em casa e na escola. • Educação sobre diagnóstico e tratamento. A educação dos pais e do portador é um dos mais importantes princípios do tratamento do TDAH. • Tratamento Medicamentoso. O tratamento medicamentoso é fundamental no TDAH. • Terapias Complementares. Entre as terapias complementares do TDAH destacam-se: a psicopedagogia, a fonoaudiologia e a terapia cognitivo comportamental. Sugestão de leitura sobre o transtorno Os sintomas Os principais sintomas do TDAH são: dificuldade de atenção, hiperatividade e impulsividade. Estes sintomas ocorrem em intensidade e combinações variadas, por exemplo, uma criança com TDAH pode ser predominantemente desatenta (e menos hiperativa e impulsiva), enquanto outra apresenta a hiperatividade e impulsividade em maior expressão do que a desatenção. No passado considerava-se a hiperatividade o sintoma principal do TDAH, com o avanço no conhecimento e diagnóstico deste transtorno, passou-se a dar importância central à dificuldade de atenção, presente em algum grau em todos os casos. Um outro aspecto que nos ajuda a diferenciar o TDAH de outras condições é a incapacidade de modulação dos sintomas. Dada a natureza neurobiológica (orgânica) do transtorno, a criança não consegue controlar (modular) os sintomas e eles ocorrem em qualquer contexto. Para ser TDAH os sintomas de desatenção, hiperatividade e impulsividade se manifestarão em qualquer lugar (casa, escola, clube, etc.) e em qualquer companhia (pais, avós, colegas, professores, etc.).É pouco provável que uma criança com comportamento angelical em sua casa e que se transforma em um verdadeiro “capetinha” na escola apresente TDAH. Da mesma forma aquela outra criança que estando com os avós é muito bem comportada, mas com os pais fica irreconhecivelmente agitada e desatenta. Nestes casos outros fatores estariam atuando desencadeando o comportamento anômalo e modulado. BARKLEY, Russell A. Transtorno de déficit de Atenção/Hiperatividade. Manual para diagnóstico e Tratamento.Porto Alegre. Artmed. 2008.BENCZIK, E. P. B. Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade. Atualização Diagnóstica e terapêutica. Um guiade orientação para profissionais. TDAH: Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade.Rio deJaneiro: .DSM – V – Manual Diagnóstico e Estatístico de Doenças Mentais. 5° edição.. Porto Alegre: Artmed. 2001.FERREIRA, C. TDAH na infância: Transtorno do Déficit de Atenção/Hiperatividade, Orientações e técnicasfacilitadoras. Editora, 1994.KICARR, P. No Mundo da Lua. Perguntas e Respostas sobre o Transtorno do Déficit de Atenção comHiperatividade em Crianças, Adolescentes e Adultos. São Paulo: Lemos Editorial. 2004.MIRANDA, M. C.. Cabeça nas Nuvens. Revista Mente & Cérebro. Março 2008.PHELAN, T. W. TDA/TDAH. Referências bibliográficas