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O que Faz do brasil , Brasil-Resenha

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UNESC-FACULDADE DE EDUCAÇÃO E CULTURA DE VILHENA
 Associação Educacional de Rondônia
 BACHARELADO EM DIREITO
HAYUME CAMILLY OLIVEIRA DE SOUZA
 O que faz do brasil, Brasil?
RESENHA CRÍTICA
VILHENA
2018
Hayume Camilly Oliveira de Souza
Disciplina: Antropologia
 Professora: Liduina Girão
RESENHA CRÌTICA- O QUE FAZ DO brasil, BRASIL?
1. DADOS SOBRE O AUTOR:
De acordo com dados expostos pela Agência Riff, Roberto Augusto Da Matta, nasceu em 29 de Julho de 1936, na cidade de Niterói, Rio de Janeiro. È um antropólogo, conferencista, consultor, colunista de jornal e produtor brasileiro de TV.
Descreve que o autor é bacharel em história, especializado em antropologia social, mestre e doutor pela Universidade de Harvard. Já foi professor e da Universidade Federal Fluminense e do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Atuou na UFF, dirigiu o Programa de pós-Graduação em antropologia social, e na Universidade de Notre Dame (EUA) chefiou o departamento de antropologia. Escreve regularmente para os mais importantes jornais do Brasil e dedica-se, sobretudo, à análise e interpretação da sociedade brasileira.
Assunção (2016) define como contribuições do autor:
Utiliza comparações (Estados Unidos) para analisar e interpretar o Brasil
 Sociologia de Dualidades
Casa e Rua Em casa estamos seguros (sabemos nosso lugar)
Na rua estamos inseguros e desconfiados (qual nosso lugar?)
Individuo x Pessoa
Individuo -> Sujeito das leis universais
Pessoa -> Sujeito das relações sociais e da hierarquia Jeitinho Brasileiro e “Carteirada”
Malandro -> Profissional do Jeitinho
Carteirada -> Colocar alguém em seu lugar (hierarquias)
Cidadania 
Em casa -> Supercidadão – Todos os direitos, nenhum dever
Na rua -> Subcidadão – Todos os deveres, “nenhum” direito
EUA -> Individuo como algo positivo / Brasil -> Individuo como algo negativo.
· Principais obras (ordem cronológica)
	Nome
	Ano
	Editora
	Um Mundo Dividido
	1976
	Vozes
	
Ensaios de Antropologia Estrutural
	1977
	Vozes
	Carnavais Malandros e Heróis (350 págs
	1979
	Rocco
	A Bola Corre Mais que os Homens – Duas Copas, Treze Crônicas e Três Ensaios sobre Futebol (210 págs.)
	1981
	Rocco
	O que faz o brasil, Brasil? (128 págs.)
	1984 
	Rocco
	De Ponta Cabeça - Ensaios sobre carnaval (inédito) - (no prelo), Rocco
Explorações (192 págs.)
	1986
	Rocco
	Explorações (192 págs.)
	1986
	Rocco
	Relativizando (246 págs.)
	1987
	Rocco
	Conta de mentiroso (212 págs.)
	1994
	Rocco
	Torre de babel (240 págs.)
	1996
	Rocco
	A Casa e a Rua (164 págs.) co-autoria de Elena S. Soares.
	1997
	Rocco
	Águias, Burros e Borboletas (200 págs.)
	1999
	Rocco
	O Que é o Brasil? (76 págs.) (edição paradidática – org Rosa Amanda Strausz
	2005
	Rocco
	Notícias da América (432 págs.)
	2005
	Rocco
	A Bola Corre Mais que os Homens – Duas Copas, Treze Crônicas e Três Ensaios sobre Futebol (210 págs.) 2ª edição
	2006
	Rocco
	Crônicas da Vida e da Morte (236 págs.)
	2009
	Rocco
	Fé em Deus e Pé na Tábua (192 págs
	2010
	Rocco
	De Ponta Cabeça - Ensaios sobre carnaval (inédito) - (no prelo), Rocco
Explorações (192 págs
	2011
	
	Explorações (192 págs.) 2ª edição
	2011
	Rocco
	Notícias da América (432 págs.)
	2013
	
	Fila e Democracia / co-autor: Alberto Junqueira (128 págs.)
	2017
	Rocco
 Fonte: Agência RIFF. Elaborado e adaptado pela autora.
A Editora Sulina afirma que entre as grandes influências de Da Matta podemos citar o antropólogo estadunidense David Maybury-Lewis (grande especialista na etnia Xavante), a quem auxiliou durante seus estudos na Universidade de Harvard, entre as décadas de 60 e 70. Desde 1971, reside nos Estados Unidos.
Menciona que em 1974, Oswaldo Caldeira realizou para o Ministério da Educação e Cultura, com finalidades didáticas, o documentário de média metragem Aukê. O filme é uma aula de Antropologia, baseada no estudo de Roberto Da Matta de 1970 chamado Mito e anti-mito entre os Timbira, que conta o surgimento do homem branco do ponto de vista indígena. 
Esclarecendo que o próprio Roberto apresenta e explica seu trabalho ao longo do filme, que foi selecionado e exibido no Festival de Brasília de 1975. Por conta de tal atuação, em 2001 recebeu a Ordem do Mérito do Rio Branco no grau de Comendador.
1. RESUMO DA OBRA:
Da Matta subdivide seu livro em 10 partes:
- A questão da identidade;
- A casa, a rua e o trabalho;
- A ilusão das relações sociais;
- Sobre comidas e mulheres;
- O carnaval, ou o mundo como teatro e prazer;
- As festas da ordem;
- O modo de navegação social: a malandragem e o “jeitinho”;
- Os caminhos para Deus;
- Palavras finais;
- A propósito do ilustrador.
O autor inicia seu primeiro tópico explicando a distinção da palavra Brasil com a letra b (minúscula e maiúscula), afirmando que é necessário estabelecer uma distinção radical entre estas. Baseados nisso, podemos entender que brasil relaciona-se ao inanimado (madeira, por exemplo) e Brasil esteja designado ao povo, algo mais complexo.
Compara o Brasil a um Deus, pela opção de estar em vários lugares e em nenhum lugar: [...] onde quer que haja um brasileiro adulto, será preciso produzir e provocar a sua manifestação para que se possa sentir sua concretude e seu poder” (DAMATTA, 1984, pg.12).
Garante que por meio da leitura poderemos examinar alguns aspectos da sociedade brasileira, por meio do uso de uma antropologia social que levará a uma visão aberta e comparativa. Descreve algumas peculiaridades do Brasil, ao responder o questionamento: o que faz do brasil, Brasil?
Explica que o estilo, modo de ser, e “jeito”, presentes em nosso país, podem ser exclusivamente brasileiros. Onde a identidade social possui o mesmo fundamento da constituição de uma sociedade: leis; casamentos; idéias relativas á família; poder político; entre outros.
Para ele a descrição do que é um brasileiro (como este se comporta), vem através do que a sociedade brasileira nos define. Sobre a construção desta identidade define que:
 [...] a identidade se constrói duplamente. Por meio dos dados quantitativos, onde somos uma coletividade que deixa a desejar; e por meio de dados sensíveis e qualitativos, onde nós podemos ver a nós mesmos como algo que vale a pena. Aqui, o que faz o brasil, Brasil não é mais a vergonha do regime ou inflação galopante e ‘sem vergonha”, mas a comida deliciosa, a música envolvente, a saudade que humaniza o tempo e a morte, e os amigos que permitem resistir a tudo” (DAMATTA, 1984, pg.13).
Termina este tópico mencionando que através da ajuda de Jimmy Scott, será demostrado que o que faz o brasil, Brasil é uma imensa, uma inesgotável criatividade acasaladora.Defendendo que é necessário discutir o Brasil como uma “moeda de dois lados”, discernindo sobre ambas as faces, presentes em uma só nação e sociedade.
Em seu segundo ponto: a casa, a rua e o trabalho, define a casa como um espaço que vai além de mera edificação predial (física), para ele é neste local que podemos “ser família”. Já a rua é o lugar para onde vamos á procura do que precisamos, compara-a com um espaço social ou de lazer. O trabalho é descrito como forma de sustento, apesar da diferença do ganho de cada um.
Explica que assim como somos classificados (sexo, idade, etc.) em casa, da mesma maneira somos classificados na sociedade. Por meio de exemplos simples pertencentes á nossa rotina, como por exemplo, animais de estimação e plantas de casa, explica a maneira de o brasileiro agir perante aos outros. Define aquilo que nos pertence como “criados para diferenciar e não para cumprir uma função prática”.
Classifica a casa também como espaço emocional, diferenciando casa de lar. Sendo a casa o local o qual podemos exprimir a nossa identidade social. Lugar onde temos aquilo que somos. Espaço supremo de reconhecimento pessoa onde pertencemos a uma corporação (família). Afirma que “temos que nos dar conta de que vivemos numa sociedade onde casa e rua são mais que meros espaços geográficos. São modosde ler, explicar e falar do mundo”.
A rua é o lugar onde o tempo voa, corre e passa. Onde somos equiparados á coisas, sem face, sem nome. Defende que no Brasil, casa e rua são como dois lados de uma mesma moeda. Onde aquilo que perdemos de um lado, ganhemos do outro.
Por isso a rua seria um local de guerra, por conta do anonimato e insegurança pessoal presente ali. Espaço que permite mediação pelo trabalho, que no Brasil ao ser considerado “duro”, possua embasamento bíblico e histórico, assim nós o temos como uma honra.
Explica que possuímos esta visão devido ao nosso sistema, inteiramente marcado pelo trabalho escravo e relações trabalhistas, confundidas, por não serem apenas relações econômicas, chegando a uma relação moral. Percebemos o trabalho também como castigo, por conta da posição que ocupávamos anteriormente, onde patrões eram donos, formando todas nossas concepções de trabalho e suas relações.
Para ele, rua e casa não podem ser confundidos por serem complexos, já que não são apenas locais físicos e geográficos. Define-os como espaços onde se pode: medir; julgar; avaliar; classificar e decidir sobre as relações, ações e moral.
No tópico três (3): a ilusão das relações raciais utiliza pensamentos de Antonil diante da divisão da sociedade brasileira (mulatos, brancos e negros), e defende que para compreender as relações raciais existentes no Brasil é necessário tomar de expressar de Antonil por meio por meio de sentidos velados, considerados, considerando todas as explicações morais e políticas.
Relata as teorias racistas propostas pelos nortes- americanos e europeus que não eram contrarias ao negro ou amarelo (o índio, discriminado como inferior). Acredita que o problema destas doutrinas era a honra declarada a não mistura de raças. Descreve como o exemplo mais famoso dessas idéias o conde de Gobineau, cujos pensamentos são considerados racistas por Da Mata. 
Afirma que onde Gobineau se excedeu, ousou com confiança por sua ideologia autoritária referente á sua superioridade, onde o mesmo define a miscigenação como processo de “fim” biológico.
Considera Gobineau como “pai”, genitor de um dos valores mais casos ao preconceito racial, com base contraria principalmente a relação social intima entre as raças. Tanto que a palavra “mulato” provém de mulo (animal ambíguo e libido) que é incapaz de reproduzir-se por ser um cruzamento genético altamente diferenciado.
Cita também como teóricos importantes em relação ao “mulatismo”, os autores Buckle, Agassis e Couty. Descreve Antonil como o primeiro á construir uma associação social ao estabelecer “um triangulo para o entendimento da sociedade brasileira” (brancos, negros, amarelos).
Para o autor na nossa sociedade a maior dificuldade em reconhecer esse processo de raças consiste na aplicação dualista de caráter exclusivo, onde ao incluir-se determinado termo aconteça á exclusão de outro.
Esclarece que a invenção e a percepção da positividade do mulato, e das categorias intermediarias foi um jesuíta. Baseado em Nogueira define que preconceito social no Brasil esta relacionado às nossas origens, não somente por nossa cor de pele. Onde temos um “preconceito de ter preconceito”, o que fomenta a existência de uma legislação dura em torno da temática.
Cita como teórico das questões de individualismo radical o cientista político Macpherson que negou as relações sociais e sustentou a moral tradicional, onde o que importaria seria o indivíduo. Menciona alguns aspectos da escravidão e de questões raciais dos estados unidos e afirma que no Brasil temos um “triangulo racial”.
Por conta de nossa formação como sociedade, seriamos conduzidos ao mito da democracia racial, mais fácil de ser disseminada do que admitirmos o pensamento da crença de que os brancos sejam superiores aos negros, onde selecionam as pessoas pela cor da sua pele ou posses. Para a sociedade brasileira não se enxerga como uma sociedade de hierarquizada, onde a posição dos índios, negros e brancos estariam de acordo com a hierarquia das raças.
Defende a possibilidade da existência de uma democracia racial no Brasil. Onde para isso seria necessário a fundamentação de uma positividade Jurídica que assegure a todos de fato, sem distinção, o direito básico de igualdade. Pois se isso não for descoberto [...]” ficaremos sempre usando a nossa “mulataria” e nossos mestiços como modo de falar de um processo social marcado pela desigualdade, como se tudo pudesse ser transcrito no plano biológico e do racial “(DA MATTA, 1984. pg28).
Encerra esse ponto com a afirmação de que este mito criado pelos brasileiros (sobre a não existência do preconceito) seja apenas uma maneira sutil de esconder numa sociedade que é dividida entre as múltiplas classificações e que ainda não seja hierarquizada. De maneira que o “nosso racismo” tome a injustiça como algo que deva ser tolerado e a diferença como uma questão de amor e tempo, por não compreender a fabula das três raças.
No tópico 4º: sobre comidas e mulheres, inicia sua fundamentação baseada no antropólogo francês Levi Strauss que voltou sua atenção para dois processos naturais, o cru e o cozido. Explica que equacionamos a mulher de forma simbólica com a comida e o feminino com doce, onde a vida, a rua e o trabalho sejam universos masculinos.
O autor faz uma reflexão mais profunda da comida como ato de se alimentar e sua definição como satisfação ao ser humano, não apenas científica como a utilizada na Inglaterra e Estados Unidos (adotado recentemente no Brasil).
Menciona a nossa consciência de superioridade. [...] “aqui, afirmamos ente sorrisos, somos os melhores do mundo”. Mescla seu entendimento sobre nossa visão do que seja cru e cozido, distinção entre comida e alimento, esclarecendo que Da Matta (1984, pg32) para nós “nem tudo que alimenta é sempre bom ou socialmente aceitável”.
Define o alimento como algo universal e comida como algo que defina um domínio. Descreve nossa comida como básica (arroz e feijão) e define-a como comida e alimento. Cita alguns de nossos ditos populares e explica como baseados nisso podemos compreender a sociedade brasileira.
Explica que de certa forma a maneira de nos alimentarmos, nos define, bem como as relações que mantemos. Onde a mulher brasileira disponível a família é diferente daquela que se coloca ás ruas. Desta forma a esposa possui uma imagem sagrada (ou deveria ter). Utiliza uma linguagem pejorativa para descrever a relação da mulher e sua sexualidade e a maneira que esta á utiliza frente ao homem.
Acredita que a comida se associa ao sexo, tanto que o “ato sexual pode ser traduzido como um ato de comer, arbacar, englobar, aquilo que é (ou foi) comido”. Defende que ainda hoje é o englobador da rua e do mundo, ato trabalho, mercado, leis. Cabe ao mundo da família e casa as regras e costumes a mesa e hospitalidade. Onde esses assuntos não são individuais, mas sim coletivos e a mistura brasileira se entende a maneira de comer e torna-se um gesto tipicamente brasileiro.
Explica a relação do sólido e líquido e garante que preferimos o intermediário. Por isso temos uma culinária relacional, cujos resultados de ações são mais que relações. Onde não privilegiamos nenhum prato separado (como a China e Japão) ou a culminação de comidas fortes como a Inglaterra e França. Estabelecemos misturas (gradações) que nos permite a escolha: o que juntar; o que separar; o que misturar.
No seu tópico: carnaval, ou o mundo teatro e prazer, o autor fala de alguns aspectos culturais brasileiros, citando que “para nós, brasileiros, a festa é sinônimo de alegria, o trabalho é eufemismo de castigo, dureza e suor” (DA MATTA, 1984, pg.69).
Em relação a definição do que seja carnaval, o autor afirma que é um momento extraordinário, porque cria uma situação e, que certas coisas devem ser evitadas e que outras são possíveis.Para ele a receita do carnaval brasileiro é a liberdade, onde deixamos o castigo e os fardos, fazendo tudo ao contrário, fugindo da nossa realidade caótica.
Para ele o carnaval é uma inversão do mundo de catástrofe, mas é muito positivoe ansiado. Algo necessário ao nosso mundo social, onde não existem diferenças, podemos mudar de posição na estrutura social, algo oposto ao nosso mundo real.
No sexto ponto: As festas da ordem define atos religiosos e cívicos como festa da ordem,formalidades sociais onde as diferenças são mantidas, contrárias ao carnaval, exige formalidade.Defende que nestas festas não existem liberdade como no carnaval, por isso nosso corpo permanece rígido e nossas ações parecem mecânicas (repetidas da mesma forma) o que remete obediência.
Defende que sejamos verdadeiros como no carnaval, onde não podemos ir se de fato não desejarmos; [...] “eu posso estar ajoelhado numa igreja, mas ter meu espírito longe dali (DA MATTA, 1984. Pg.52).
Para a ele as festas da ordem assemelham-se com a nossa realidade. Não são meramente comemorativas, pois possuem um ritual, trata-se de um rito social que demonstram percas (funerais) e ganhos (casamento, aniversário, etc).
No 7° ponto: O modo de navegação social – a malandragem e o “Jeitinho”, fala sobre o desejo de tirar vantagem e proveito de situações. Para ele o jeitinho é a quebra de normas. Da Matta (1984, pg.62) Define que somos “um país sem lei sempre significa o “não pode!”, capaz de trair todos os prazeres e demanda todos os projetos e iniciativas”.
O autor descreve alguns fatos corriqueiros que demonstram tal atitude e nos leva a compreender que o “não pode” pode ser relativo e nem sempre significa de fato não poder realizar ou ter algo. Para ele malandragem semelhante ao jeitinho onde o malandro seja profissional no uso do segundo, usando o jeitinho como arte de sobreviver. Cita o despachante como uma figura sociológica que possui grande importância pela dificuldade de juntar a lei com a realidade social diária.
Acredita que não existe no Brasil quem não conheça a malandragem, mesmo aquele que não conheça a malandragem e aquele que não participe dela. Pensa que todo lugar proporciona a oportunidade de agir como malandro, por conta do desejo de auto-satisfação sem necessidade de realizar esforço ou ter trabalho. Descreve a malandragem e jeitinho como um estilo de vida, que promovem esperança de algo concreto e harmonioso, possível de ser.
No 8º ponto: os caminhos para Deus ele fala da religiosidade presente em nós brasileiros, onde a religião é um modo de permitir uma relação generalizada não só com deuses, mas também com os humanos e os seres que os formam.
Acredita que a religião ajuda marcar momentos importantes na vida social do homem e assimilam uma passagem de nossa existência social e até mesmo crise de vida. Define o catolicismo romano como uma religião dominante, mas menciona outras religiões: espiritismo; afro-brasileiras; etc. Defende que nossa relação com a religião é muito pessoal e a utilizamos diversas vezes como sinal de proteção.
Descreve as relações como complementares e que as religiões sejam interações. Cita nosso costume de ir à missa de natal e pular ondas vestido de branco na praia no dia da virada como demonstração de tamanha diversidade religiosa. Os Brasileiros crêem em outro mundo (espiritual) e para chegar a este mundo utilizamos muitos caminhos.
Esse outro mundo é um plano dos impossíveis, onde colocamos nossa fé, e tudo faça sentido, até mesmo as dificuldades. Um lugar sem miséria, dor, onde somos reconhecidos individualmente, todos com “mesmo peso e valor”.
Em suas palavras finais descreve sobre a motivação que o levou á escrever o livro, defende que sua resposta indica que o Brasil seja uma sociedade interessante. Defende a importância de explicar que somos “pessoas diferentes” em casa, na rua e no mundo. Isso desenha nosso jeito de ser.
Expressa a sua reflexão sobre as desigualdades existentes e acredita que “carnavalizar um pouco mais a sociedade” seria uma maneira de superarmos tamanhas diferenças: [...] “com isso, poderíamos finalmente aprofundar as possibilidades de mediação de que, estou seguro, o mundo contemporâneo tanto precisa” (DA MATTA, 1984. pg.78).
Depois fala sobre sua biografia e termina sua obra falando sobre o ilustrador Jimmy Scott, que contribuiu com imagens para este livro , onde suas ilustrações remeteram diversas vezes o que Da Matta expressou por meio de palavras.
1. CRÌTICA DA RESENHISTA:
Da Mata possui um conhecimento muito pautado nas questões sociológicas, talvez por ser antropólogo social. Visualizamos em seu texto algumas colocações que tratam desta visão sobre o ser e o lugar que vive e age.
O ponto em que fala da casa, rua e o trabalho ele traz algumas colocações e reflexões que levam o leitor a compreensão da maneira que o “ser social” interage em cada um desses lugares. Podemos vislumbrar isso nos seguintes trechos: 
[...] “De fato, na casa ou em casa, somos membros de ume família e de um grupo fechado com fronteiras e limites bem definidos”;
 [...] “como “rua” –, é o lugar do movimento”.
Remete a maneira de organização familiar com as dimensões sociais, e acredita que estas são as primeiras que aprendemos na sociedade brasileira. Traz uma crítica em relação as nossas relações raciais, tanto que em sua chamada escreve “a ilusão das relações sociais”. Faz percepções baseados em autores como Antonil, firmando que tudo isso nos conduz a algumas correlações interessantes que permitem elucidar o caso do “racismo à brasileira” e do nosso famoso triângulo racial.
Descreve que podemos ser definidos por conta de nossa maneira de nos alimentar e salienta a diferenciação do cru e cozido. Onde cru “é tudo aquilo que está fora do controle da casa” e cozido “é algo social por definição Não é somente o nome de um processo físico” (DA MATTA, 1984. pg. 32).
Traz ao leitor nesse ponto a questão da sexualidade com as questões alimentícias. Para ele a comida vale tanto para indicar uma operação universal quanto para definir e marcar identidades pessoais e grupais, estilos regionais e nacionais de ser, fazer, estar e viver. Revela tão visão no seguinte trecho:
O fato é que as comidas se associam à sexualidade, de tal modo que o ato sexual pode ser traduzido como um ato do “comer”, abarcar, englobar, ingerir ou circunscrever totalmente aquilo que é (ou foi) comido. A comida, como a mulher (ou o homem, em certas situações), desaparece dentro do comedor – ou do comilão. Essa é a base da metáfora para o sexo, indicando que o comido é totalmente abraçado pelo comedor. A relação sexual e o ato da comer, portanto, aproximam-se num sentido tal que indica de que modo nós, brasileiros, concebemos a sexualidade e a vemos, não como um encontro de opostos e iguais (o homem e a mulher que seriam indivíduos donos de si mesmos), mas como um modo de resolver essa igualdade pela absorção, simbolicamente consentida em termos sociais, de um pelo outro (DA MATTA. 1984. pg.36).
Remete ao carnaval um sentido de muito valor, onde este seja a maneira que nós brasileiros utilizemos para sair da rotina, sendo o momento de verdade. Para ele o carnaval é uma ocasião em que a vida diária deixa de ser operativa e, por causa disso, um momento extraordinário é inventado. Define-o como liberdade, local onde somos iguais “onde se pode deixar de viver a vida como fardo e castigo”.
Assim são algumas outras manifestações culturais, como o teatro. Ele descreve tais atos como uma forma de fugirmos do Cotidiano e descreve cerimônias religiosas, casamentos, formaturas como festas da ordem. “Tais festas possuem normas a serem seguidas”. Para ele, são uma maneira de” sacrificar o corpo”.
Faz uma crítica em relação ao jeitinho brasileiro, e a figura do malandro. Onde buscam ganhar vantagens pessoais passando por valores morais. Descreve a malandragem como outro nome para a forma de navegação social nacional, pois para ele, faz precisamente o mesmo. Descreve esta maneira de agir como algo que possua regras e normas, sendo um modo possível de “ser”.
Retrata também sobre a religiosidade presente em nós brasileiros e fala da existência dos “vários caminhos para falar com Deus”. Afirma que a religião seja a algo que a sociedade utiliza legitimar ou justificar a sua organização,a sua maneira de ser e os seus estilos de fazer. Acredita que temos diversas expressões religiosas dentro de uma mesma sociedade e acredita que somos um povo que acredita profundamente num outro mundo.
Em algumas de suas palavras ele pode confundir o leitor sobre a sua real idéia. Por isso é necessário que o livro seja de fato minuciosamente lido. Nas suas concepções sobre a rua, a casa, o trabalho e sua apresentação em relação ao social o autor traz alguns aspectos cotidianos, porém se o leitor ler de forma apressada não entenderá sua reflexão.
O autor não utiliza palavras e termos técnicos em sua obra, por isso torna o texto acessível a diversos públicos. Para a compreensão de sua linguagem basta apenas que o leitor de fato esteja interessado naquilo que Da Matta expressa.Por conta do uso de algumas maneiras de descrição textual (á exemplo a sexualidade x comida), o livro deva ser indicado para uma faixa etária acima de 13 ou 14 anos, para não “chocar” o leitor.
As suas percepções sobre o carnaval podem não se assemelhar a do leitor, mas isso não impossibilita que ele entenda o que o autor tentou demonstrar. Assim como em relação ao jeitinho e malandragem, que não deve ser usado de maneira generalizada, já que cada pessoa possui a sua própria maneira de pensar e agir diante de situações semelhantes.
O uso de figuras enriquecem ainda mais sua obra e o tópico sobre o ilustrador faz com o que leitor compreenda a utilização destas. Em suas palavras finais ele consegue ser próximo do leitor, expressando porque ele escreveu sua obra e de que maneira chegou nela, podemos visualizar isso no seguinte trecho:
[...] Acho que é um pouco desse tipo de reflexão que nos falta. E, para que ela possa ser ampliada, discutida, corrigida e finalmente implementada como mecanismo social, precisamos realizar a crítica destemida de nós mesmos, por meio de instrumentos suficientemente agudos e capazes.
Ao descrever sua própria biografia ele trouxe algo inovador, não visto rotineiramente em outras obras. Isso demonstra um possível desejo de que seu leitor saiba quem ele é e o que ele pensa. Algo de muito valor que remete seu respeito aqueles que apreciam a sua obra.
1. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
ASSUNÇÃO, E.d.S. Roberto da Matta principais Obras.Disponível em: <http://slideplayer.com.br/slide/8806569/>.Acesso em Abril de 2018.
Brasil, Agência RIFF. Autores Brasileiros - Roberto DaMatta.Disponível em: <http://www.agenciariff.com.br/site/AutorCliente/Autor/32>.Acesso em Abril de 2018.
Brasil, editora Sulina. Bibliografia de Roberto DaMatta.Disponível em: <http://www.editorasulina.com.br/autor_det_2.php?id=289>.Acesso em Abril de 2018.
DA MATTA, R.O que faz do brasil, Brasil? Editora Rocco. 1984. 76 páginas.

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