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EA D 6 Gestão dos Processos Relativos ao Planejamento Educacional 1. ObjetivOs • Identificar o papel mobilizador do gestor no processo de planejamento. • Compreender e caracterizar o planejamento da educação tradicional e estratégica. • Identificar os limites e possibilidades do planejamento es- tratégico. • Identificar os níveis de planejamento na educação: PNE, PDI e PPP. • Reconhecer a metodologia dos diferentes tipos de plane- jamento: estratégico, dialógico e participativo. • Compreender e demonstrar o processo de elaboração do regimento escolar na perspectiva democrática. © Fundamentos e Métodos da Gestão Escolar246 2. COnteúdOs • A gestão dos processos de planejamento na educação. • Planejamento tradicional e planejamento estratégico na educação. • Planejamento dialógico e participativo na educação. • Níveis de planejamento educacionais para a gestão do sis- tema e das instituições. • Propostas metodológicas de planejamento estratégico, dialógico e participativo. • O regimento escolar: dispositivo legal norteador da ges- tão escolar – concepção e elaboração. 3. Orientações para O estudO da unidade Antes de iniciar o estudo desta unidade, leia as orientações a seguir: 1) Para enriquecer o estudo desta unidade, é importante que você assista ao vídeo "A gestão democrática do pro- jeto político-pedagógico", que se encontra disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/video/ me003685.mp4>. Acesso em: 6 maio 2012. 2) Para aprofundar seus conhecimentos sobre o plane- jamento na educação, assunto que abordaremos no decorrer desta unidade, é importante que você leia Planejamento e Trabalho Coletivo, que se encontra dis- ponível em: http://www.cinfop.ufpr.br/pdf/colecao_1/ caderno_2.pdf>. Acesso em: 6 maio 2012. Você poderá conhecer as relações entre os diferentes tipos de plane- jamento e a gestão democrática na escola. Claretiano - Centro Universitário 247© U6 - Gestão dos Processos Relativos ao Planejamento Educacional 4. intrOduçãO à unidade Na unidade anterior, você conheceu a correlação entre o funcionamento dos conselhos de educação e a gestão democráti- ca. Compreendeu as relações de poder nos conselhos escolares e os papéis dos atores que os compõem. Nesta unidade, trataremos do planejamento estratégico na educação, destacando sua concepção e seus princípios, bem como as diversas etapas e fases que o compõem. Utilizaremos para isso uma abordagem comparativa entre o planejamento tradicional e o planejamento estratégico. Também será abordada a questão do regimento escolar dentro da perspectiva do planejamento partici- pativo. 5. pLanejaMentO: COnCepções e siGniFiCadOs A gestão escolar tem um papel de grande importância na análise da realidade global em relação à realidade local. A escola vive dialeticamente essas duas realidades. A partir dessa análise, o gestor pode encaminhar o grupo que lidera para a busca de solu- ções. Inicia-se, assim, um processo de planejamento. Por outro lado, o planejamento educacional é um instru- mento essencial para que o gestor organize não somente as ações da equipe gestora, mas também as ações de todos os atores da sociedade ou da escola. O significado de planejamento é muito amplo, mas envolve comumente algumas etapas imprescindíveis: o conhecimento das condições existentes numa determinada situação, a previsão das possibilidades e ações para a alteração da situação constatada, o direcionamento dessas ações para um objetivo ou meta, as estra- tégias que podem favorecer a alteração diante do que se deseja e, ainda, a avaliação de todo o processo e dos resultados. © Fundamentos e Métodos da Gestão Escolar248 Nesse sentido mais trivial, qualquer indivíduo razoavelmen- te equilibrado é um planejador. No entanto, um planejamento com bases científicas se torna bem mais complexo, como expõe Azanha (1993, p. 74): Mas quando pressupomos que haja uma ciência do planejamento, então, de certo modo, os reparos que fizemos à idéia de que se tem uma metodologia científica de aplicação universal valem também para o campo do planejamento, nem mesmo há métodos de pla- nejamento gerais e abstratos que possam ser aplicados à variedade de situações sociais independentemente de considerações de na- tureza política, histórica, cultural, econômica etc. Dentro do contexto da gestão administrativa, é comum o planejamento ser considerado um instrumento de controle social, um processo racional de organização das ações de acordo com téc- nicas que herdamos do mundo industrial. Padilha (2001, p. 51-55) ressalta que Sander (1995), autor que estudamos na primeira unidade, faz uma análise do planeja- mento dentro das visões clássicas de administração – visão cien- tífica, visão burocrática e visão estruturalista –, identificando no planejamento das instituições escolares as influências dessas teo- rias administrativas. Padilha (2001) destaca que essas visões acarretam: 1) planejamentos e planos idealizados e distanciados das circunstâncias concretas; 2) atribuição do planejamento a técnicos e burocratas; 3) tendência a se estipular objetivos para todo o sistema educacional; 4) planos como documentos racionais de modernização administrativa. De acordo com Bryan (2005, p. 49-51), no que se refere à gestão, há duas vertentes de planejamento: a tecnocrática e a de- mocrático-participativa. O gestor que adota o planejamento dentro dessa primeira visão burocrática realiza simplesmente a gestão normativa, ou Claretiano - Centro Universitário 249© U6 - Gestão dos Processos Relativos ao Planejamento Educacional seja, entende que planejar é elaborar normas e fazer o controle do cumprimento das mesmas. Agrava-se o problema, pois não há atuação coletiva, cada segmento faz seu planejamento de forma estanque e preso aos seus hábitos e procedimentos tradicionais. Outro problema decorrente dessa visão é o entendimento de que somente os pares devem se comunicar: diretores com dire- tores, professores com professores, alunos com alunos etc. Dessa forma, os pares se tornam "impermeáveis" à realidade e aos sabe- res dos demais grupos. Os segmentos se tornam insensíveis uns aos outros, na medida em que conhecem apenas a parte que lhes cabe do problema. O autor entende que a gestão democrática é a que será ca- paz de articular as contribuições dos diferentes grupos, possibili- tando um processo de aprendizagem social e coletiva, aprendendo a cooperação e a superação dos conflitos. O diálogo é a constante de todos os protagonistas que, por meio dele, serão capazes de produzir novos conhecimentos, de agir conscientemente e assu- mir compromissos. Nessa visão de gestão educacional, consideramos que o pla- nejamento ganha novas dimensões, visto que não podemos des- cartar o processo de construção coletiva da escola e sua vincula- ção com o conhecimento e a constituição do sujeito com vista à superação dos limites impostos pelo contexto. O planejamento educacional deixa de ser algo neutro, com um fim em si mesmo. Também não podemos entendê-lo como a simples aplicação de técnicas e estratégias para obtenção de re- sultados. Como alerta Luckesi (s/a, p. 115): O ato de planejar, como todos os outros atos humanos, implica escolha e, por isso, está assentado numa opção axiológica. É uma "atividade-meio", que subsidia o ser humano no encaminhamento de suas ações e na obtenção de resultados desejados, e, portan- to, orientada por um fim. O ato de planejar se assenta em opções filosófico-políticas; são elas que estabelecem os fins de uma deter- © Fundamentos e Métodos da Gestão Escolar250 minada ação. E esses fins podem ocupar um lugar tanto no nível macro como no nível micro da sociedade. Situe-se onde se situar, ele é um ato axiologicamente comprometido. Logo, o planejamento no âmbito educacional nos leva a per- guntar não só em que sociedadeestá a escola pública, mas tam- bém qual sociedade almejamos. Em ambos os questionamentos, nos vemos envolvidos com valores sociais, éticos, políticos e, no caso do gestor, este posiciona-se como mediador e envolve-se num contexto de intencionalidades. O planejamento ganha uma perspectiva política. Política é aqui entendida como uma ação que implica o posicionamento diante de uma situação vivenciada. Segundo Padilha (2001, p. 22), em planejamento, fazer polí- tica significa: [...] conhecer profundamente educandos, sua realidade, seu con- texto, suas carências, necessidades, potencialidades e expecta- tivas, bem como estabelecer o justo equilíbrio de forças e repre- sentatividade dos diversos sujeitos coletivos da escola na gestão e definição das políticas que conduzem as questões administrativas, financeiras e pedagógicas da instituição escolar. Uma gestão democrática torna-se fundamental para o de- senvolvimento dessa perspectiva de planejamento, pois não é uma atividade que deva ser realizada por uma minoria ou somente por pedagogos ou intelectuais numa visão dicotômica entre o fazer e o pensar. Há que se repartir poder, dar autonomia, deixar que as pessoas se encontrem, dialoguem e assumam compromissos por suas decisões. Além do planejamento ser coletivo e político, ressaltamos seu aspecto de processo. Segundo Vasconcellos (2000, p. 43) "pla- nejamento é o processo de reflexão, de tomada de decisão [...] enquanto processo, ele é permanente". Nessa perspectiva, poderíamos nos perguntar qual é o me- lhor momento para executar tal atividade. Observemos os frag- mentos abaixo sobre o planejamento como processo. Claretiano - Centro Universitário 251© U6 - Gestão dos Processos Relativos ao Planejamento Educacional [...] o planejamento não ocorre em um momento do ano, mas a cada dia. A realidade educacional é dinâmica. Os problemas, as reivindicações não têm hora nem lugar para se manifestarem. Assim, decide a cada dia, a cada hora (SOBRINHO apud PADILHA, 2001, p. 30). Planejamento é um processo de tomada de decisões sobre a ação. Processo que, em um planejamento coletivo (que é nossa meta), envolve busca de informações, elaboração de propostas, encontros de discussão, reunião de decisão, avaliação permanente... (MST, 1995, p. 5 apud PADILHA, 2001, p. 30). [Planejamento] é um processo contínuo e sistematizado de projetar e decidir ações em relação ao futuro, em função de objetivos políticos, sociais e administrativos claramente definidos. Envolve tomada de decisões e avaliação de cada decisão inter-relacionada. Planeja-se quando se acredita que, a menos que se faça alguma coisa, um estado futuro desejado não ocorrerá e que, se as atitudes apropriadas forem tomadas, aumenta-se a probabilidade do resultado favorável. Os princípios que caracterizam o processo de planejamento são: inerência, globalidade, viabilidade, pertinência e participação. Planejamento: instrumento de mobilização popular (SME, 1992, p. 9 apud PADILHA, 2001, p. 30). Podemos ver claramente que todas as citações falam em "processo", em "dinamismo", em "continuidade", o que implica refletir constantemente sobre as ações realizadas cotidianamente ou frequentemente, propondo outras ações necessárias ao cami- nhar da educação e da escola. Ainda que em determinado período possamos focar mais o planejamento e sua organização em um plano, o processo de reflexão não pode parar. Apresentamos a seguir um trecho do texto de Fonseca, Nas- cimento e Silva sobre o planejamento educacional participativo, escrito em 1995, mas bastante atual e pertinente ao considerar- mos o planejamento como um processo flexível, um ato coletivo, democrático, instrumento permeado pelo compromisso com as finalidades da educação. Nesse texto, os autores reafirmam o planejamento como um ato dinâmico de ação e reflexão. O planejamento é uma atividade essencial e exclusivamente hu- mana. Somente o homem, como animal racional e temporal que © Fundamentos e Métodos da Gestão Escolar252 é, realiza a complexa atividade de planejamento. [...] Pensar antes de agir. Organização da ação. Adequar meios a fins e valores. Estas expressões sintetizam o conceito de planejamento, considerando-o uma técnica, uma ferramenta para a ação. Coloca-se esta questão dentro do que se convencionou chamar de visão instrumental do planejamento, destacando-se seu aspecto utilitário. [...] Global, in- tegrado, contínuo, realista, flexível, interdisciplinar e multiprofissio- nal, participativo: estas são condições, entre outras, para um bom planejamento, e representam apenas e tão-somente a primeira fase do planejamento (FONSECA; NASCIMENTO & SILVA, 1995 apud PADILHA, 2001, p. 31-32). Assim, reafirmamos o planejamento como um ato coletivo, democrático e processual. Um dos pontos mais determinantes é o que trata da questão do caráter coletivo do planejamento. Isso porque nele está embutido o princípio de que as tomadas de deci- são não dependem só de parâmetros técnico-administrativos, mas também, e, principalmente, da participação e da clareza social que os sujeitos envolvidos têm das finalidades da educação. Se o planejamento pressupõe fundamentalmente a questão social, ele também não pode ser uma junção sem critérios das deci- sões que cada um tomou por conta própria. Podemos nos pergun- tar: por que planejar coletivamente, definir, em comum, metas pe- dagógicas, organizar os conteúdos e os procedimentos de ensino? O educador e todos na escola devem ter clareza de que é preciso separar o principal do secundário, de que é preciso que as decisões sejam orientadas por princípios. Um dos questionamen- tos básicos é: se estamos dispostos a democratizar o ensino, e não o contrário, que medidas devem ser eliminadas por nos empurra- rem para o contrário? Outro aspecto a ser considerado pela gestão é que não se pode planejar a escola desconhecendo-se as diretrizes que nor- teiam o plano de trabalho da Secretaria da Educação como um todo, desconhecendo-se a distribuição dos recursos materiais e fi- nanceiros por meio dos órgãos e instâncias da estrutura. Cada um desses dados interfere no que pode e deve acontecer ao longo de um ano letivo. Claretiano - Centro Universitário 253© U6 - Gestão dos Processos Relativos ao Planejamento Educacional O gestor não pode perder de vista o usuário da escola e isso vale para todos, dos órgãos centrais às escolas. Não podemos nos esquecer de que o nosso compromisso é, cada vez mais, melhorar a escola pública. Há metas inegociáveis, como se vê no texto de Saviani (1982, p. 63-64) transcrito a seguir: Entendo, pois, que o processo educativo é passagem da desigual- dade à igualdade. Portanto, só é possível considerar o processo educativo em seu conjunto como democrático, sob a condição de se destingir a democracia como possibilidade no ponto de partida e a democracia como realidade no ponto de chegada. Conseqüente- mente, aqui também vale o aforismo: democracia é uma conquista, não um dado. Este ponto, porém, é de fundamental importância. Com efeito, assim como a afirmação das condições de igualdade como uma realidade no ponto de partida torna inútil o processo educativo, também a negação dessas condições como uma possi- bilidade no ponto de partida inviabiliza o trabalho pedagógico. Isso porque, se eu não admito que a desigualdade real é igualmente possível, isto é, se não acredito que a desigualdade pode ser con- vertida em igualdade, pode ser convertida em igualdade pela me- dição da educação (obviamente, não em termos isolados mas, arti- culadas com as demais modalidades que configuram prática social global), então, não vale a pena desencadear a ação pedagógica. E neste ponto vale lembrar que, se para os alunos a percepção des- sa possibilidade é sincrética, o professor deve compreendê-la em termossintéticos. Isso porque o professor deve antever, com uma certa clareza, a diferença entre o ponto de partida e o ponto de chegada, sem o que não será possível organizar e implementar os procedimentos necessários para se transformar a possibilidade em realidade. Diga-se de passagem que esta capacidade de antecipar mentalmente os resultados da ação é a nota distinta da atividade especificamente humana. Não sendo preenchida essa exigência, cai-se no espontaneísmo. E, a especificidade da ação educativa se esboroa. O que Saviani (1982) afirma para o professor também é váli- do para o gestor. Não partimos sempre de um ponto democrático, precisamos conquistar a democracia, aprender a construí-la junto com os outros atores. Também não partimos da igualdade. Ela é vivenciada pela ação mediadora da gestão. © Fundamentos e Métodos da Gestão Escolar254 O gestor deve conhecer a maturidade de seu grupo em rela- ção a esses valores e tê-los como pontos de chegada, pontos a se- rem conquistados e dos quais não se pode abrir mão. No entanto, o processo de conquista é o da negociação e do diálogo. Nos próximos itens, veremos de forma simplificada os princi- pais tipos de planejamento. 6. pLanejaMentO tradiCiOnaL e pLanejaMentO estratÉGiCO Para começar este tópico, veremos as diferenças entre pla- nejamento tradicional e planejamento estratégico. planejamento tradicional O planejamento educacional tradicional constitui um pro- cesso de formulação e avaliação de políticas públicas em resposta a perguntais como: o que ensinar, para quem, como, onde, quan- do, por quem, com que objetivo e a que custo (PARENTE, 2001). Na expressão de José Parente (2001), dois modelos clássicos de planejamento emergiram a partir das décadas de 1960 e 1970, o planejamento imperativo e o indicativo. O primeiro predominaria nos países de governos autoritá- rios, militares ou do antigo bloco socialista. Sua característica mar- cante é a rigidez diante da possibilidade de mudanças. Esse plane- jamento é elaborado pelas instâncias superiores sem contar com a participação da sociedade e dos atores e executores. planejamento indicativo O planejamento indicativo se caracteriza por uma participa- ção – embora limitada – da sociedade como um todo nos projetos dos governos. Tem caráter mais propositivo e indicativo. Ainda é limitada a participação da comunidade e dos atores educativos na Claretiano - Centro Universitário 255© U6 - Gestão dos Processos Relativos ao Planejamento Educacional concepção do planejamento educacional; este restringe-se mais à alçada das instâncias governamentais e dos especialistas. Chauí (1995) considera que esses modelos de planejamento técnico-racional buscam simplificar ao máximo o processo de pla- nejamento, deixando de considerar os aspectos políticos, aspectos que bem caracterizam o processo de planejamento educacional tradicional. planejamento estratégico O planejamento estratégico é um instrumento de gestão que auxilia o administrador educacional em seu processo de decisão na busca de reformas, inovações e mudanças ou na busca de resul- tados efetivos e competitivos para a instituição. É importante para a compreensão desse tipo de planejamen- to que conceituemos bem o que é uma estratégia. Para Colombo (2004, p. 18), é "o caminho escolhido ou a maneira considerada adequada para alcançar, de forma diferenciada, os desafios esta- belecidos". Em seu sentido etimológico, strategos significa "general", visto este ser aquele que conduzia as ações em uma guerra. De- preende-se dessas considerações que a estratégia implica criar um caminho original, difícil de imitar. No contexto escolar, devemos entendê-la como a força que orienta e conduz as ações da escola em função de uma análise fei- ta previamente das possibilidades e dificuldades internas e exter- nas do ambiente, que visam alcançar os objetivos da instituição. Esse planejamento permite aos dirigentes modificar suas decisões, de acordo com as necessidades do ambiente. Portanto, planejamento estratégico é um processo orientado em relação ao futuro, no qual uma organização especifica o que de- seja se tornar e como se propõe a atingir esse objetivo. Assim, con- forme Mendonça (2005, p. 5), o gestor deve, conjuntamente com os demais segmentos, © Fundamentos e Métodos da Gestão Escolar256 [...] fazer um diagnóstico interno, estabelecer metas e objetivos, conhecer o ambiente externo, avaliar sua capacidade adaptativa, a flexibilidade de estruturas e as habilidades em conviver com am- bigüidades e mudanças rápidas, agregar e processar os interesses preferenciais de seus clientes. Segundo Colombo (2004, p. 17), o planejamento estratégico consiste "na identificação, na análise e na estruturação de propó- sitos da instituição rumo ao que se pretende alcançar, levando em consideração suas políticas e recursos disponíveis". Essa autora considera que o planejamento estratégico não é uma previsão nem um plano, pois prever é analisar situações que poderão acontecer futuramente, e planificar é registrar em um documento oficial os dados desenvolvidos no processo de pla- nejamento. Segundo Fischmann e Almeida (1990), o planejamento es- tratégico se configura como uma técnica administrativa que, pela análise do ambiente de uma instituição, descobre as oportunida- des e ameaças, os pontos fortes e fracos que podem interferir no cumprimento da missão. Esse planejamento permite ao adminis- trador direcionar a instituição, evitando os riscos e aproveitando as oportunidades favoráveis. São muitas as abordagens sobre o planejamento estratégico, cada uma sob determinado ângulo. No entanto, podemos desta- car que quase todas preveem o estabelecimento de objetivos e metas, a análise da situação para o reconhecimento das variáveis que podem interferir na consecução dessas metas, a avaliação das condições atuais e futuras e, é claro, uma estratégia. Lück (2000, p. 5) define o planejamento estratégico e levanta seus aspectos fundamentais. Vejamos: Consideramos como planejamento estratégico o esforço discipli- nado e consistente, destinado a produzir decisões fundamentais e ações que guiem a organização escolar, em seu modo de ser e de fazer, orientado para resultados, com forte visão de futuro. É importante evidenciar os aspectos fundamentais expressos neste conceito: Claretiano - Centro Universitário 257© U6 - Gestão dos Processos Relativos ao Planejamento Educacional – a disciplina e a consistência, que se contrapõem ao trabalho re- ativo, aleatório e baseado em impressões vagas e dispersas da realidade; – a tomada de decisões, que depende de um julgamento avaliativo de dados e informações objetivos, completos e corretos sobre a realidade interna e externa da escola; – a orientação para resultados, com forte visão de futuro, que pres- supõe o enfoque na transformação da organização escolar, para que não apenas acompanhe a dinâmica social, mas se antecipe a ela, como condição para que se ofereça aos alunos um processo educacional significativo. Como se pode ver, o planejamento estratégico enfatiza em especial o conteúdo, a orientação e os resultados da organização, sem focar sua atenção para o processo envolvido nessas elabora- ções, ainda que alguns autores ressaltem que este deva ser um processo político e participativo. Observe no Quadro 1 a diferença entre o planejamento tra- dicional e o planejamento estratégico. Quadro 1 Comparativo entre o planejamento tradicional e o pla- nejamento estratégico aspeCtOs pLanejaMentO tradiCiOnaL pLanejaMentO estratÉGiCO Amplitude Curto prazo Setorial Plano Longo prazo Global Missão Condução Centralizado Rígido Impositivo Participativo Ajustável Negociável Dinâmica Harmonia social Manutenção Processo técnico Conflito social Mudança Processo técnico e político © Fundamentos e Métodos da Gestão Escolar258 aspeCtOs pLanejaMentO tradiCiOnaL pLanejaMentO estratÉGiCOAtores Observadores Executores Especialistas Participantes Coexecutores Facilitadores Fonte: Parente (2001, p. 12). Modelos de planejamento Modelo de cima para baixo: a partir de uma perspectiva de longo alcance, de acordo com este modelo, a importância de cada elemento envolvido aumenta à medida que o poder diminui. Entendendo-se "importância" como aquilo que é essencial para a função do planejamento da organização, e "poder" como a habili- dade para causar mudanças. 1) Direção. 2) Supervisores. 3) Professores. 4) Administrativos. 5) Estudantes. Modelo de baixo para cima: é adequado aos processos de planejamento voltados para o mercado, pois garantem que em- pregadores e a comunidade sejam consultados e que suas necessi- dades sejam identificadas. 1) Empregadores e comunidade. 2) Estudantes. 3) Administrativos. 4) Professores. 5) Supervisores. 6) Direção. Planejamento estratégico: trata-se de um processo discipli- nado, por meio do qual a organização pode visualizar o que deseja e determinar as ações necessárias para atingir seu objetivo. Claretiano - Centro Universitário 259© U6 - Gestão dos Processos Relativos ao Planejamento Educacional Um plano estratégico requer: • acúmulo de informações em escala ampla; • exploração das alternativas; • ênfase nas implicações futuras das decisões atuais. O planejamento estratégico é importante porque: 1) Amplia a capacidade da organização de prever de forma proativa as mudanças (forças externas ou tendências). 2) Mede o impacto dessas mudanças. 3) Responde eficazmente com novos sistemas e/ou ofertas de produtos revisados. 4) Segue um modelo "de baixo para cima" e assegura a par- ticipação de todos os stakeholders no processo de plane- jamento. 5) Possibilita que a organização possa otimizar seus recur- sos de forma que maximize sua atuação e influência. 6) Adapta-se continuamente à realidade. Benefícios do planejamento estratégico: 1) Concentra-se no pensamento estratégico. 2) Auxilia a desenvolver estratégias mais eficazes. 3) Torna claras futuras decisões para a organização. 4) Permite que decisões atuais sejam tomadas à luz de con- sequências futuras. 5) Desenvolve uma base coerente e defensável para a to- mada de decisões. 6) Resolve os principais problemas da organização. Benefícios do planejamento continuado: 1) Fornece subsídios para iniciativas de trabalho que re- quer discrição máxima sobre o controle da organização. 2) Lida de forma eficaz com as situações e circunstâncias que mudam rapidamente. 3) Auxilia o trabalho em equipe e as competências de lide- rança e expertise dentro da organização. 4) Melhora a atuação organizacional. © Fundamentos e Métodos da Gestão Escolar260 O ponto-chave do planejamento estratégico é a habilidade da organização para pensar e agir estrategicamente – isso é pri- mordial, e não o exercício do planejamento estratégico em si. Ve- jamos o Quadro 2: Quadro 2 Planejamento estratégico x Planejamento de grande al- cance. pLanejaMentO estratÉGiCO pLanejaMentO de Grande aLCanCe Concentra-se em especificar as metas, os objetivos e os orçamentos e depois trata de traduzi-los em orçamentos atuais e planos de trabalho. Concentra-se em identificar e resolver questões e políticas. Planejamento focado em uma análise do ambiente interno e externo. Foco do planejamento baseado no ambiente interno da organização. Envolve todos os empregados e clientes do modelo de baixo para cima. Envolve presidentes e gerentes seniores, de cima pra baixo. Pressupõe e projeta tendências correntes para continuar indefinidamente em direção ao futuro. Cria uma visão idealizada de sucesso e um plano designado para atingi-la. Pressupõe um futuro provável e "olha para trás" para dar sequência às decisões e ações. Fonte: Parente (2001, p. 15). A seguir, estão relacionados os dez mandamentos do pla- nejador estratégico, que vão ao encontro das características que devem compor o perfil de um diretor cuja maneira de dirigir a ins- tituição escolar privilegie a participação dos atores educativos nos processos decisórios. Veja quais são: 1) Disseminar o pensamento estratégico. 2) Ser agente catalisador do processo de planejamento. 3) Identificar variáveis críticas. 4) Descobrir alternativas promissoras. 5) Analisar as implicações ao longo das ações presentes. 6) Ampliar meios. 7) Buscar parceiros. 8) Articular atores. 9) Agir de forma dinâmica. 10) Assessorar dirigentes. Claretiano - Centro Universitário 261© U6 - Gestão dos Processos Relativos ao Planejamento Educacional Vistos todos esses aspectos, podemos nos perguntar: Quais são as limitações do planejamento estratégico? Se este se originou no setor empresarial com os objetivos voltados para o lucro, em que medida atende aos objetivos educacionais de formação? Por que adotá-lo na educação? Lück (2000) alerta-nos que, dependendo do tom das per- guntas, pode-se rejeitar de início o planejamento estratégico, sem analisar as suas contribuições ao setor educacional. A autora pon- dera que uma escola não pode viver de apagar incêndios, sem pla- nejamento, desenvolvendo uma gestão de crises na base da ten- tativa e erro. No entanto, ela ressalta que não basta planejar, destacando a ineficácia de muitos planejamentos funcionais, ou seja, planeja- mentos que não levam em conta a dinâmica social, desconsideran- do as pessoas envolvidas na organização escolar. Lück (2000, p. 3) entende que se pode resolver esses problemas: [...] mediante a aplicação da metodologia do planejamento estraté- gico, que adota uma forma de pensar ampla, dinâmica, interativa, comprometida socialmente com a realidade, o que corresponde a uma visão estratégica, isto é a uma forma de apreensão inteligente e sagaz das situações que permeiam todos os diferentes aspectos e segmentos internos e externos de uma realidade. Lück (2000) também pondera que não se pode desconhe- cer nenhuma das contribuições, na medida em que cada uma das abordagens foca um ângulo da problemática do planejamento. Devemos cotejar as diferentes orientações. Se na empresa esse planejamento enfatiza a dimensão téc- nica e analítica da realidade e se descuida da dimensão política numa visão mais limitada das relações sociais, podemos associá-lo ao planejamento participativo. Logo, na educação, o planejamento estratégico deve prever, além das etapas, da visão estratégica e do compromisso com a transformação da realidade, uma metodologia participativa. Ve- remos a seguir alguns aspectos da metodologia de planejamento participativo. © Fundamentos e Métodos da Gestão Escolar262 7. O pLanejaMentO partiCipativO e O diaLóGiCO Com o avanço das políticas educacionais de gestão democrá- tica, cujo desenvolvimento prevê a descentralização e a participa- ção para a construção da autonomia escolar, não se pode deixar de considerar os processos participativos no planejamento. É preciso que o planejamento incorpore os diferentes seg- mentos da escola: professores, pais, alunos, especialistas, direção, funcionários e, como ressaltamos anteriormente, convidados que possam contribuir com conhecimentos específicos ou saberes da comunidade. Nos processos de tomada de decisão, definição de metas e estratégias de ação, a participação de todos é fundamental, pois agrega ao planejamento o compromisso e a corresponsabilidade em relação aos objetivos e metas. Ganzeli (1999, p. 1) cita alguns aspectos do pensamento do sociólogo Antônio Cândido que mostram a importância de se en- tender a escola em seu complexo contexto de relações sociais. A escola é influenciada por forças "externas" e "internas" a seus muros. Enquanto uma unidade social os "elementos que integram a vida escolar são, em parte, transpostos de fora; em parte, rede- finidos na passagem, para ajustar-se às condições grupais; em par- te, desenvolvidos internamente e devido a estas condições. Longe de seremum reflexo da vida da comunidade, as escolas têm uma atividade criadora própria, que faz de cada uma delas um grupo diferente dos demais" (CÂNDIDO, 1987, p. 12-13, grifo do autor). Dessa forma, o planejamento não pode desconhecer as es- pecificidades de cada escola, apesar das relações com os sistemas ao qual se vincula, pois a autonomia acontece de forma relacional (BARROSO, 1998). Devemos também estudar cada problema de acordo com o contexto da escola. Ganzeli (1999) cita o exemplo de um problema escolar: a vio- lência. O autor ressalta que esse problema pode assumir nuances diferentes em cada escola: em uma, pode ser decorrente da su- Claretiano - Centro Universitário 263© U6 - Gestão dos Processos Relativos ao Planejamento Educacional perlotação; em outra, pode ser causado por disputas entre grupos de bairros diferentes; em uma terceira, pode ser gerada por uma administração autoritária. Assim, a participação permite discutir os diferentes olhares para um mesmo problema. O planejamento participativo consti- tui um processo contínuo de conhecimento e análise da realidade concreta da escola, a fim de descobrir e de tomar medidas para a solução dos problemas detectados. Ganzeli (1999) apresenta algumas fichas que mostram o flu- xo de discussão e ação coletivas num planejamento participativo. Observe as figuras 1, 2, 3 e 4. 1) Identificação do problema Fonte: Ganzeli (1999, p. 5). Figura 1 Ficha 1. 2) Indicadores que conferem clareza ao problema Fonte: Ganzeli (1999, p. 6). Figura 2 Ficha 2. 3) Levantamento das causas do problema © Fundamentos e Métodos da Gestão Escolar264 Fonte: Ganzeli (1999, p. 6). Figura 3 Ficha 3. 4) Organização de uma ação para cada causa Fonte: Ganzeli (1999, p. 7). Figura 4 Ficha 4. Outras fichas viriam propondo soluções para cada problema detectado, mas pensamos que os exemplos mostram a clareza do Claretiano - Centro Universitário 265© U6 - Gestão dos Processos Relativos ao Planejamento Educacional fluxo que busca sempre a modificação de uma realidade. Os pro- cessos participativos de planejamento podem contribuir para a su- peração do imobilismo por meio de compromisso e ação coletiva. Vejamos agora um pouco do planejamento dialógico na visão freireana. Embora Paulo Freire não tenha escrito especial- mente sobre planejamento, o instituto que leva seu nome fez uma compilação de suas ideias. É importante compreender o planejamento na perspectiva da escola cidadã, proposta por Freire dentro do princípio dialógi- co. Para esse educador, não se trata de uma simples conversa, mas de uma relação dialética entre sujeitos, extrapolando a técnica e incorporando a amorosidade pelo outro. O diálogo, segundo Paulo Freire,"é o encontro amoroso dos homens que, mediatizados pelo mundo, o 'pronunciam’, isto é, o transformam, e, transformando-o, o humanizam para a humaniza- ção de todos"(FREIRE, 1982, p. 43 apud PADILHA, 2001, p. 25). O educador alerta para o verdadeiro na relação dialógica, que não pode ser utilizada para manipular os participantes num processo que resulta em passividade. Padilha (2001, p. 27) define o planejamento dialógico como "uma prática que contribui para a reorganização democrática dos diversos tempos e espaços escolares". O planejamento dialógico é alternativa porque, com a ampliação da comunicação pelo diálogo coletivo e interativo desde a formula- ção das questões relacionadas, por exemplo, às questões orçamen- tárias, pedagógicas ou administrativas das escolas e das políticas públicas educacionais, vai acontecendo um processo de partici- pação, de envolvimento, de troca de idéias, de resgate da cultura e de troca de experiências, de ações e de propostas concretas ou concretizáveis, que estimulam o enfrentamento dos problemas e dos desafios apresentados pelo cotidiano, o que está muito distan- te dos técnicos ou especialistas em planejamento. É essa a vanta- gem do planejamento dialógico, organizado, democraticamente sistematizado e voltado para o respeito à autonomia dos sujeitos partícipes desse processo (PADILHA, 2001, p. 26). © Fundamentos e Métodos da Gestão Escolar266 O fragmento mostra a importância da participação ativa de todos no processo de planejamento dentro de princípios de res- peito à história dos sujeitos e à sua cultura. Concluindo, podemos perceber que todas as modalidades são dimensões do processo de planejamento e que podemos em- pregá-las conjuntamente. Precisamos nos apropriar da metodo- logia do planejamento estratégico porque ela nos apresenta uma visão aprofundada da realidade e do trabalho da escola voltada para uma perspectiva de futuro. No entanto, precisamos superar suas limitações, desenvol- vendo-o dentro de um processo participativo que implica não so- mente autorizar a presença, mas incluir dialogicamente e amoro- samente outros olhares sobre a realidade da escola. A gestão precisa mediar os processos de planejamento em uma perspectiva horizontal que permita a todos "desvelar a rea- lidade", "revelar a sua voz", "escrever a história", e "respeitar a diversidade cultural e o multiculturalismo" presentes na escola e na sociedade (PADILHA, 2001, p. 25). Agora vamos abordar os níveis de planejamento aos quais a gestão se integra mais de perto. 8. a GestãO dO sisteMa: pLanO naCiOnaL de EDUCAÇão (PNE) A LDBN 9.394/96 determina, nos Artigos 9º e 87, que cabe à União a elaboração do Plano Nacional de Educação (PNE), em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. Estabelece, ainda, que a União encaminhe o Plano ao Congresso Nacional, um ano após a publicação da citada lei, com diretrizes e metas para os dez anos posteriores. Essa exigência constitucional de elaboração de planos plu- rianuais, entendidos como imprescindíveis para a transformação social em direção à democratização, fez com se repensasse sobre Claretiano - Centro Universitário 267© U6 - Gestão dos Processos Relativos ao Planejamento Educacional algumas limitações do sistema, como a descontinuidade adminis- trativa e a desarticulação dos órgãos públicos (MEC, Secretarias Federais, Estaduais e Municipais), que têm como consequência uma pulverização dos recursos (KUENZER, 1993, p. 73-74). Dentro do processo de democratização, há ainda a necessi- dade de se superar a forma autoritária de elaboração dos planos, pois surge a necessidade da instauração de um processo participa- tivo que envolva os profissionais da educação e as formas organi- zadas da sociedade, como, por exemplo, o movimento de sindica- tos e associações de professores, diretores e supervisores. Não podemos ignorar que a gestão educacional envolve também a gestão do sistema, que implica a elaboração de políticas públicas a fim de concretizar metas previstas no PNE. Portanto, o PNE é o guia das políticas públicas para um perí- odo de dez anos, traçando diretrizes e metas para a educação no Brasil. As medidas tomadas nesse âmbito repercutem nas escolas e em sua gestão. Por exemplo, o fato de uma das metas que estão sendo discutidas atualmente prever a nomeação de diretores de escola e o descarte do concurso público tem feito algumas entida- des paulistas se movimentarem e participarem das discussões em Brasília. O PNE anterior vigorou de 2001 a 2010, tendo sido aprova- do no fim do segundo mandato do presidente Fernando Henrique Cardoso. Uma das críticas feitas a esse plano é que apresentava 295 metas e um diagnóstico complexo da educação, o que acarre- tou dificuldades em acompanhá-lo e executá-lo. Outra crítica é que muitas das metas não eram mensuráveis e, portanto, de difícil controle. O problema mais grave foi o veto para o aumento do investimento em educação de 4% para 7% do PIB, em decorrência da meta não prever de onde viria o dinheiro. Muitas das metas não foram cumpridas. © Fundamentos e Métodos da Gestão Escolar268 O novo PNE (2011-2020), encaminhado ao Congressocomo projeto de lei, ainda não foi aprovado. Deveria ter sido aprovado até o final de 2011, mas isso ainda não ocorreu e alega-se o exces- sivo número de emendas. Espera-se a aprovação do mesmo até o primeiro semestre de 2012. Constam no projeto de lei dez diretrizes e vinte metas. Cada meta é explicitada em estratégias para sua concretização. Você pode acessar o plano enviado ao Congresso que se encontra no site disponível em: <http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_ content&view=article&id=16478&itemid=1107>. Acesso em: 14 jun. 2012. É interessante destacar que o PNE prevê mecanismos de controle social com consulta à sociedade que também devem con- tribuir na fiscalização e na cobrança para que os objetivos e metas sejam cumpridos. Penso que os gestores devem conhecer o plano, pois mui- tas das metas referem-se a problemas que afetam diretamente os educadores e as escolas. Por outro lado, também devemos partici- par da aprovação desse projeto por intermédio de nossas entida- des representativas. A democracia se conquista pela participação consciente e organizada. 9. a GestãO da instituiçãO: pLanO de desenvOL- VIMENTo INSTITUCIoNAL (PDI) O Plano de Desenvolvimento institucional (PDI) é o plano global da instituição que define o que ela pretende fazer em sua política de gestão e aonde pretende chegar. É importante que você fique atento para não confundir PDI com Projeto Político Pedagó- gico (PPP). O PPP é o grande componente do PDI. Ele tem caráter mais operacional, ou seja, refere-se a como realizar a função pedagógi- ca social da escola. Claretiano - Centro Universitário 269© U6 - Gestão dos Processos Relativos ao Planejamento Educacional O PDI diferencia-se do PPP pela riqueza de indicadores de avaliação por parte do primeiro. De maneira simplista, podemos considerar que o PPP é o maior componente do PDI. O que é o pdi? PDI é um elemento estratégico que serve como instrumento de planejamento das ações institucionais em uma perspectiva de curtos e médios prazos. Para o próprio poder central (MEC), como balizador de po- líticas públicas educacionais, é o plano de desenvolvimento da instituição que engloba os projetos e planos de ação, objetivos e metas, documentação regimental e indicadores de avaliação das diversas dimensões e esferas que estruturam a organização da es- cola. Analisar o PDI e o PPP de uma instituição de ensino supe- rior, devido a sua complexidade, favorece a posterior interferência do estudo realizado e sua aplicabilidade às instituições escolares menos complexas, que oferecem outros níveis de ensino que não sejam superior. A Lei nº 10.861, de 14 de abril de 2004, consolida a necessi- dade de elaboração do PDI pelas instituições de ensino superior no momento de requerer o credenciamento, o recredenciamento, a autorização, o reconhecimento e a renovação de reconhecimento de cursos superiores, o credenciamento de ensino a distância e autorização de cursos fora da sede para universidades. Como se constrói o plano de desenvolvimento institucional? De acordo com o Artigo 16 do Decreto nº 5.773, de 09 de maio de 2006, atualizado em 05 jun. 2007, do qual emanam ins- truções para elaboração do PDI, a construção do plano de desen- volvimento institucional deve ser feita de forma livre, para que a instituição exercite sua criatividade e liberdade no processo de elaboração, sem, no entanto, desconsiderar as orientações dos ei- © Fundamentos e Métodos da Gestão Escolar270 xos temáticos como referenciais de análises subsequentes da co- missão designada pelo MEC. O artigo orienta também para que: O texto do PDI seja conciso e claro, contendo dados e informações relevantes para a análise de mérito da proposta e que permitam também, tanto a instituições de ensino superior como ao MEC, identificar e monitorar o cumprimento das metas institucionais es- tabelecidas (BRASIL, 2012). Orientação Geral Dentro das orientações do decreto supracitado, consta que o PDI deve: 1) Ser elaborado para um período de cinco anos. 2) Expressar a identidade da instituição de ensino: a filoso- fia de trabalho, a função social, as diretrizes pedagógicas que orientam suas ações, a estrutura organizacional e as atividades acadêmicas que desenvolve e/ou que preten- de desenvolver. 3) Explicar o processo pelo qual o documento foi construí- do e a interferência que ele exerce sobre a dinâmica da instituição. 4) Considerar como princípios a clareza e a objetividade do texto, bem como a coerência. 5) Expressar a adequação entre todos os seus elementos e sua factibilidade, a fim de demonstrar a viabilidade do seu cumprimento integral. sugestão de formulário com os eixos temáticos Com o objetivo de apoiar as instituições no trabalho de ela- boração do PDI, observe um formulário contendo as dimensões que serão analisadas pelo MEC (MEC/Sapeens, 2007). Instrumento eixos temáticos essenciais do PDI ––––––––––– I. PERFIL INSTITUCIONAL • Breve Histórico da IES; • Missão; Claretiano - Centro Universitário 271© U6 - Gestão dos Processos Relativos ao Planejamento Educacional • Objetivos e Metas (Descrição dos objetivos e quantificação das metas com cronograma); • Área (s) de atuação acadêmica. II. PROJETO PEDAGÓGICO INSTITUCIONAL – PPI • Inserção regional; • Princípios filosóficos e técnico-metodológicos gerais que norteiam as prá- ticas acadêmicas da instituição; • Organização didático-pedagógica da instituição: Plano para atendimento às diretrizes pedagógicos, estabelecendo os critérios gerais para definição de: 1) Inovações consideradas significativas, especialmente quanto à flexibi- lidade dos componentes curriculares; 2) Oportunidades diferenciadas de integralização curricular; 3) Atividades práticas e estágio; 4) Desenvolvimento de materiais pedagógicos; 5) Incorporação de avanços tecnológicos. • Políticas de Ensino; • Políticas de Extensão; • Políticas de Pesquisa (para as IES que propõem desenvolver essas ativi- dades acadêmicas); • Políticas de Gestão; • Responsabilidade Social da IES (enfatizar a contribuição à inclusão social e ao desenvolvimento econômico e social da região). III. CRONOGRAMA DE IMPLANTAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DA INSTITUI- ÇÃO E DOS CURSOS (PRESENCIAL E A DISTÂNCIA) Oferta de Cursos As Instituições deverão apresentar dados relativos ao número de vagas, dimen- sões das turmas, turno de funcionamento e regime de matrícula de seus cursos. Informar ainda a situação atual dos cursos (em funcionamento, em fase de auto- rização ou de futura solicitação), incluindo o cronograma de expansão na vigên- cia do PDI conforme detalhamento a seguir: • Graduação (Bacharelado, Licenciatura e Tecnologia); • Seqüenciais (formação específica, complementação de estudos); • Programas Especiais de Formação Pedagógica; • Pós-Graduação (lato sensu); • Pós-Graduação (stricto sensu); • Pólos de EAD (atender Portaria Normativa nº 2 de 10 de janeiro de 2007); • Campi e cursos fora de sede. © Fundamentos e Métodos da Gestão Escolar272 IV. PERFIL DO CORPO DOCENTE • Composição (titulação, regime de trabalho, experiência acadêmica no magistério superior e experiência profissional não acadêmica); • Plano de Carreira; • Critérios de seleção e contratação; • Procedimentos para substituição (definitiva e eventual) dos professores do quadro;. • Cronograma e plano de expansão do corpo docente, com titulação e regi- me de trabalho, detalhando perfil do quadro existente e pretendido para o período de vigência do PDI. V. ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA DA IES • Estrutura Organizacional, Instâncias de Decisão e Organograma Institu- cional e Acadêmico. • Órgãos Colegiados: competências e composição. • Órgãos de apoio às atividades acadêmicas. VI. POLÍTICAS DE ATENDIMENTO AOS DISCENTES • Programas de apoio pedagógico e financeiro (bolsas). • Estímulos à permanência (programa de nivelamento, atendimento psico--pedagógico). • Organização estudantil (espaço para participação e convivência estudantil). • Acompanhamento dos egressos. VII. INFRA-ESTRUTURA • Infra-estrutura física (detalhar salas de aula, biblioteca, laboratórios, ins- talações administrativas, sala de docentes, coordenações, área de lazer e outros); • Biblioteca: • Quantificar acervo por área de conhecimento (livros e periódicos, as- sinatura de revistas e jornais, obras clássicas, dicionários, enciclopé- dias, vídeos, DVD, CD Rom’s e assinaturas eletrônicas); • Espaço físico para estudos; • Horário de funcionamento; • Pessoal técnico-administrativo; • Serviços oferecidos; • Formas de atualização e cronograma de expansão do acervo. • Laboratórios: • Instalações e equipamentos existentes e a serem adquiridos, indican- do sua correlação pedagógica com os cursos e programas previstos; • Recursos de informática disponíveis; • Relação equipamento/aluno; • Descrição de inovações tecnológicas significativas. Claretiano - Centro Universitário 273© U6 - Gestão dos Processos Relativos ao Planejamento Educacional • Recursos tecnológicos e de áudio visual. • Plano de promoção de acessibilidade e de atendimento diferenciado a portadores de necessidades especiais (Decreto nº 5.296/04 e Decreto nº 5.773/06). • Cronograma de expansão da infra-estrutura para o período de vigência do PDI. VIII. AVALIAÇÃO E ACOMPANHAMENTO DO DESENVOLVIMENTO INSTITU- CIONAL • Procedimentos de auto-avaliação institucional em conformidade com a Lei nº 10.861/2004 (SINAES). IX. ASPECTOS FINANCEIROS E ORÇAMENTÁRIOS • Demonstração da sustentabilidade financeira, incluindo os programas de expansão previstos no PDI: • Estratégia de gestão econômico-financeira; • Planos de investimentos; • Previsão orçamentária e cronograma de execução (5 anos). X. ANEXOS • Projeto pedagógico do (s) curso (s) solicitado (s) para primeiro ano de vigência do PDI. Nota: Os projetos dos cursos aqui elencados, para os quais está sendo solicita- da autorização de funcionamento, embora integrando o PDI, deverão constituir arquivos específicos anexados em local apropriado, nas Pastas Eletrônicas da Instituição, no sistema SAPIEnS/MEC (BRASIL, 2012). –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Nestes formulários, você pôde ver as informações acerca do PDI, para assim ter uma visão globalizada do planejamento de uma instituição escolar. Passaremos, agora, a abordar nosso tema prin- cipal, que é o PPP. Você saberia responder o que é o PPP? O PPP é uma proposta de toda a comunidade escolar, que deve direcionar a vida interna da instituição, sua relação com a co- munidade e o mundo do trabalho. Vejamos mais detalhadamente sobre esse assunto no tópico a seguir. © Fundamentos e Métodos da Gestão Escolar274 10. a GestãO da esCOLa: reFLeXãO eM tOrnO dO ppp O PPP tem sua base legal nos Artigos 12, 13 e 14 da LDBN nº 9.394/96, que determinam a autonomia da escola na elaboração de sua proposta e que estabelecem a incumbência dos estabeleci- mentos de ensino e servidores e a forma de gestão democrática. A lei nº 5.692/68 (LDB anterior), revogada pela lei nº 9.394/96, solicitava apenas o cumprimento das orientações prove- nientes do poder central. Pela nova LDB (nº 9.394/96), é solicitado que seja um projeto elaborado de forma participativa e colaborati- va, originado no seio da coletividade docente, discente e adminis- trativa que dá uma identidade à instituição. A gestão escolar pode constituir em elemento essencial no processo de planejamento, auxiliando na observação da realidade de forma mais global e liderando os processos de busca de solu- ções conjuntas. O planejamento do PPP é uma grande oportunidade para que os profissionais da escola se transformem em sujeitos da ação que organizam com vistas à superação dos limites impostos ao seu trabalho no cotidiano da escola. A construção do PPP pode mobi- lizar a capacidade criadora dos educadores e dos segmentos da comunidade. Conceituação, pressupostos e princípios O projeto político-pedagógico não é somente um documen- to, mas a implantação de um processo de ação-reflexão-ação no qual a escola busca organizar seu trabalho, elaborando os obje- tivos que deseja alcançar, as metas a cumprir, os sonhos a con- quistar e os meios para concretizá-los. Se você prestar atenção, as próprias palavras que compõem o PPP indicam sua finalidade. projeto: Um fator a ser considerado é a intencionalidade, in- corporada no próprio termo "projeto", do verbo "projetar": "lan- Claretiano - Centro Universitário 275© U6 - Gestão dos Processos Relativos ao Planejamento Educacional çar-se, arremessar-se, projetar-se" para diante (FERREIRA, 1975, p. 1144). Trata-se de um movimento organizado e prospectivo que reorganiza o presente tendo como referência uma transformação, uma visão de futuro. Nesse sentido, usa o presente como "base de lançamento". Ao mesmo tempo, rompe-se com as condições vivenciadas para buscar uma condição melhor em um futuro, direcionando-se para metas e objetivos coletivos a serem atingidos. É o projeto que re- úne as pessoas, organiza esse processo e traça as perspectivas, fa- zendo uma relação do presente com o futuro. político: Elaborar o projeto educativo é uma decisão política, pois o grupo busca um rumo, uma direção na formação do cidadão para um determinado tipo de sociedade. Pode-se escolher, ou não, fazer da escola um espaço de formação de cidadãos conscientes, responsáveis, éticos e críticos, que atuarão na transformação da sociedade individual e coletivamente. pedagógico: é um processo de organização das possibilida- des de concretização da intencionalidade da escola por meio das atividades e os projetos educativos, ou seja, das ações educativas. Veiga (2007, p. 13) ao tratar das dimensões política e peda- gógica do projeto, esclarece que a dimensão pedagógica refere- -se à definição das ações e das características necessárias à escola para atingir seus propósitos educativos; a dimensão política ad- vém da função pedagógica e articula-se ao compromisso com a formação do cidadão para uma inserção ética na sociedade. São, portanto, indissociáveis. Para realizar o planejamento como um projeto político-pe- dagógico, não se pode entendê-lo como algo técnico e burocrático que se materializa em um bloco de planos a serem encadernados e guardados. É preciso acertar o passo da escola em uma deter- minada direção e a todo momento refletir sobre os percalços e os avanços. © Fundamentos e Métodos da Gestão Escolar276 Façamos uma reflexão sobre PPP, segundo Veiga (2008, p. 9): O projeto pedagógico exige profunda reflexão sobre as finalida- des da escola, assim como a explicação de seu papel social e cla- ra definição de caminhos, formas operacionais e ações a serem empreendidas por todos os envolvidos com o processo educativo. Seu processo de construção aglutinará crenças, convicções, conhe- cimentos da comunidade escolar, do contexto social e científico, constituindo-se em compromisso político e pedagógico coletivo. Como se pode depreender desta conceituação, o processo de construção deve ser uma resultante do envolvimento dos di- ferentes olhares dos diversos segmentos da comunidade interna e externa, alunos, professores, funcionários administrativos, pais e representantes da comunidade, sobre a escola em sua cultura, finalidade e papel social. A sua concepção dar-se-á a partir do respeito às diferenças, às crenças e à cultura organizacional. Porém, de maneira tal que todos se comprometam com o político, com o administrativo e o pedagógico. pressupostos É o projeto da instituição de ensino que expressa e orienta as ações da comunidade escolar, a prática pedagógica em todos os cursos, o relacionamento com a comunidade externa e o mundo do trabalho. Entre os vários pressupostos que fundamentam sua construção no estabelecimento de ensino,pode-se destacar que o ppp: 1) Promove uma profunda reflexão sobre o papel social da escola na construção do cenário atual e sobre o futuro de sua atuação. 2) Tem como ponto de partida a realidade em que se en- contra a escola. 3) Estabelece ações em uma perspectiva de curto, médio e longo prazo. 4) Tem sua construção pelo coletivo da escola, mediante a participação de alunos, funcionários administrativos e Claretiano - Centro Universitário 277© U6 - Gestão dos Processos Relativos ao Planejamento Educacional professores e dos parceiros externos (pais, empresários, lideranças políticas e representantes da sociedade civil etc.). 5) Estabelece papéis e funções das instâncias e setores de- finidos: "O quê", "para quê", "quando", "onde", "quem" e "como fazer". 6) Busca uma identidade clara para a escola, contextuali- zando-a, mesmo diante da diversidade de cursos ofere- cidos. 7) Apresenta critérios e procedimentos de avaliação pe- riódicos próprios e dos cursos, buscando subsídios para o ajuste dos objetivos, caminhos e acompanha- mento das mudanças que ocorrem constantemente no ambiente externo. 8) Trata-se de um processo em contínua construção, avalia- do e reelaborado. Assim, é a construção das diretrizes que orientará nossas ações, procedimentos e atitudes definidas pela própria comuni- dade. princípios No processo de construção do PPP, a palavra-chave é partici- pação. Trata-se de um momento de estudo, indagação, pesquisa e reflexão. Segundo Veiga (2008, p. 10): Nesse sentido, é mediante observação e análise, que se caracteri- zam por um contato direto do professor-pesquisador com a situa- ção pesquisada, é que vão ocorrendo ao longo de um tempo, no dia-a-dia da escola, os profissionais, do seu cotidiano, observam o que ocorrem, ouvem o que é dito, lêem o que é escrito, levantam questões, observam e registram tudo. Documentam o não docu- mentado, procurando entender como ocorrem no interior da esco- la e das salas de aula as relações pedagógicas, como é concebido, executado e avaliado o currículo escolar, quais as atitudes valores e crenças são perseguidos, quais as formas de organização de tra- balho pedagógico . Oliveira, Bahia, Souza (2005) consideram a necessidade de se assumir uma concepção dialética como pressuposto do PPP, © Fundamentos e Métodos da Gestão Escolar278 ou seja, de estabelecer as relações entre o sujeito aprendente e o contexto socioescolar, definindo como princípios orientadores da construção do projeto: autoridade, qualidade, participação, auto- nomia, democracia, igualdade. Vejamos resumidamente esses princípios, na visão das auto- ras supracitadas. 1) Autoridade Sobre a autoridade, as autoras ponderam que esta se distingue do autoritarismo, pois deve ser entendida como garantia da liberdade. Os professores e profissio- nais da educação, incluindo os gestores, devem assumir a responsabilidade de assegurar o cumprimento dos ob- jetivos e metas da instituição. 2) Qualidade A qualidade deve ser entendida em relação a valores so- ciais para assumir uma dimensão positiva de formação do indivíduo, sujeito da práxis social. 3) Participação O processo participativo deve aglutinar e envolver todos na análise dos problemas educacionais, a fim de enri- quecer-se com a "polifonia de vozes" e desenvolver a solidariedade. 4) Autonomia Ainda que a autonomia seja relativa por depender das deliberações e políticas públicas (federais, estaduais e municipais), a escola tem a possibilidade de desenvol- ver pelo PPP sua própria identidade, quando assegura a seus profissionais espaços de questionamentos e cresci- mento. 5) Democracia Consideram que esse é o princípio substantivo da gestão da educação, garantindo a participação de todos na ela- boração do PPP, transformando o "súdito em cidadão", reconhecendo-lhe a cidadania. Claretiano - Centro Universitário 279© U6 - Gestão dos Processos Relativos ao Planejamento Educacional 6) Igualdade A igualdade se concretiza com a inclusão, independen- temente de diferenças de "gênero, idade, condição so- cioeconômica, raça, deficiências/limitações sensoriais, físicas, mentais/neurológicas". Praticá-la exige não só tomar consciência, mas também agir para transformar e minimizar as situações discriminatórias. Veiga (2007, p. 19-20) destaca ainda como princípio de cons- trução do PPP a valorização do magistério, pois considera que o sucesso da escola e de sua proposta pedagógica está diretamente ligado à formação inicial e continuada dos profissionais da edu- cação, bem como às suas condições de trabalho, que vão desde os recursos físicos e materiais didáticos até a dedicação integral a uma só escola. A formação inicial de responsabilidade das instituições de ensino superior precisa articular-se às redes de ensino e às escolas. A formação continuada, direito de todos os profissionais que tra- balham na escola, deve fazer parte do projeto político-pedagógico. Destacamos também a importância de, durante todo o pro- cesso de construção do PPP, haver uma sintonia entre o conceber e o executar e de, constantemente, essa relação ser monitorada pela avaliação. Para que possam construir esse projeto, é necessário que as esco- las, reconhecendo sua história e a relevância de sua contribuição, façam uma autocrítica e busquem uma nova forma de organização do trabalho pedagógico que "reduza os efeitos da divisão do traba- lho, da fragmentação e do controle hierárquico" (VEIGA, 1996, p. 22, apud VEIGA, 2008, p. 10-11). Quanto à concepção, um projeto pedagógico de qualidade deve apresentar as seguintes características, segundo Veiga (2008, p. 11): • Ser um processo participativo de decisões. • Preocupar-se em instaurar uma forma de organização do traba- lho pedagógico que desvele os conflitos e as contradições. © Fundamentos e Métodos da Gestão Escolar280 • Explicitar princípios baseados na autonomia da escola, na soli- dariedade e seu agente educativo e nos estímulo à participação de todos no projeto comum e coletivo. • Conter opções explícitas na direção de superação de problemas no decorrer do trabalho educativo voltado para uma realidade específica. • Explicitar o compromisso com a formação do cidadão. No que tange à execução, para Veiga (2008, p. 11), um proje- to é de qualidade quando: • Nasce da própria realidade, tento como suporte a explicação das causas e dos problemas e das situações nas quais tais pro- blemas aparecem. • É exequível e prevê as condições necessárias ao um desenvolvi- mento à avaliação. • Implica a ação articulada de todos os envolvidos com a realida- de da escola. • É construído continuamente, pois, como produto, é também processo, incorporando ambos numa interação possível. A autora considera que o projeto político-pedagógico da es- cola não visa simplesmente um "rearranjo formal da escola, mas uma qualidade em todo o processo vivido" (VEIGA, 2008, p. 12). O projeto pedagógico é um documento que não se reduz a di- mensão pedagógica, nem muito menos ao conjunto de projetos e planos isolados de cada professor em sua sala de aula. O projeto pedagógico é, portanto, uns produtos específicos que refletem a realidade da escola, situada em um contexto mais amplo que a in- fluencia e que pode ser por ela influenciado. Em suma, é um ins- trumento clarificar da ação educativa da escola em sua totalidade (VEIGA, 2008, p. 11 - 12). Salientamos ainda que, para o PPP cumprir seu papel de transformar a realidade vivenciada pela articulação dos processos pedagógicos e políticos da escola, é preciso que ele seja entendido como um processo contínuo de construção e reconstrução, incor- porando a avaliação processual em seu desenvolvimento. Claretiano - Centro Universitário 281© U6 - Gestão dos Processos Relativos ao Planejamento Educacional a metodologia de construção do ppp pelométodo estratégico Para que possamos nos apropriar da metodologia de traba- lho do planejamento estratégico sem transformá-la numa simples técnica, é fundamental que a abordagem seja de caráter essencial- mente participativo e que suplante a natureza normativa e setorial do planejamento tradicional. Para que a metodologia utilizada alcance êxito, deve-se fa- zer uma análise geral da escola (estrutura, organização e funcio- namento), nas dimensões: institucional, de infraestrutura, social e educacional). Essas dimensões poderão ser trabalhadas por equipes, com a participação aberta. Cada equipe, com a articulação de um mem- bro do grupo de trabalho (GT), realizará a coleta dos dados (por meio de entrevistas, questionários, análise de documentos, con- forme a necessidade) e organizará reuniões de decisão para a ela- boração de diagnóstico, proposta de solução. Os pais deverão participar, levando sugestões para as equi- pes de trabalho, respondendo questionários a serem enviados pelos filhos e participando dos momentos de discussão com pro- fessores, funcionários administrativos e alunos e, também, com- pondo os grupos de trabalho. A estrutura do planejamento estratégico em fases e etapas não significa fragmentação e rigidez. Ao contrário, significa inter- dependência, com uma constância dinâmica sistêmica que supera a concepção de uma mera sequência de fases ou etapas. Vejamos o método do planejamento estratégico na elabora- ção do PPP no Quadro 3. © Fundamentos e Métodos da Gestão Escolar282 Quadro 3 Análise da missão organizacional. 1ª Fase: anÁLise da MissãO OrGaniZaCiOnaL 1ª etapa: definição da missão institucional. Nesta etapa, estabelecem-se as finalidades e os propósitos da Instituição. Definir a missão de uma Instituição significa deixar claro a razão de sua existência, qual função social exerce e que parte se delineia sua Identidade. "É a atribuição que lhe é dada, para qual ela existe, seus objetivos, finalidades e pra onde devem ser direcionados os recursos" (PARENTE, 2001, p. 84). 2ª etapa: análise das estratégias em prática. Esse é o momento de autoavaliação, autocrítica da qual participam todos os atores envolvidos. É uma análise dos resultados obtidos em relação a procedimentos administrativos, métodos de ensino e relações com a comunidade. 3ª etapa: análise do desempenho institucional. Trata-se da análise do desenvolvimento institucional por meio de verificação dos resultados dos estudos de acompanhamento do aluno, como aprovação, reprovação e evasão em relação aos índices locais e regionais. 4ª etapa: análise dos pontos fortes e fracos da instituição. Esse momento é de análise dos pontos fortes e fracos. Com base nesta analise se chega a um aprofundamento nas tomadas de decisões. 5ª etapa: análise das ameaças e possibilidades externas. Com essa análise, a Instituição pode identificar as limitações do meio, o contexto socioeconômico e cultural na qual está inserida. Permite a comparação da escola em relação às outras organizações. 2ª Fase: FOrMuLaçãO de pOLÍtiCas e estratÉGias 1ª etapa: estabelecimento de políticas e objetivos organizacionais. Nesta etapa, tendo como referência os resultados do diagnóstico dos pontos fortes e fracos, das ameaças e possibilidades externas e identificados os problemas, são tomadas decisões sobre os problemas da escola e os objetivos a serem alcançados. Momento de consensos e definição de prioridades. 2ª etapa: formulação de estratégias. Esta etapa define os detalhamentos de natureza prática, que são as implementações para superar os problemas identificados e assim atingir os objetivos determinados. Esta fase está registrada no detalhamento das "linhas de ação" e para cada necessidade identificada foram sendo apontadas recomendações (PARENTE, 2001, p. 90). Claretiano - Centro Universitário 283© U6 - Gestão dos Processos Relativos ao Planejamento Educacional 3ª etapa: estabelecimento de metas de curto e longo prazo. As metas são as referências para o planejamento e a execução das ações. Devem ser explicitadas por razões absolutas, em relações e percentuais como: cursos a serem ofertados, relação docente-aluno, relação entre aluno e servidores administrativos, custo aluno/ano, expansão da oferta em relação ao número de alunos a serem atingidos, número de publicações, número de teses e dissertações defendidas, número de projetos e pesquisas, bem como as estratégias. As metas devem ter como referência as políticas e os objetivos estabelecidos. 4ª etapa: distribuição de papéis e atribuições. Nesta etapa, definem-se e apontam-se as atribuições, responsabilidade de cada um dos segmentos, atos e atores envolvidos; alunos, servidores administrativos, professores, administração, pais, comunidade e representantes do setor produtivo, para que cada um dos envolvidos possa assumir seu compromisso como missão da escola. 3ª Fase: prOGraMaçãO, aCOMpanHaMentO e avaLiaçãO 1ª etapa: elaboração de um plano de ação ou, seja estratégico. Trata-se da elaboração de um plano de ação, ou seja, um plano estratégico. Esta etapa é de caráter prático-operacional. É o momento de elaboração de um plano detalhado das ações a serem realizadas. Deve conter custos, os setores envolvidos, cronograma de ações e execução, e ser de caráter gerencial operacional. 2ª etapa: estabelecimento de um sistema de monitoria e avaliação. Esta etapa diz respeito ao estabelecimento de um desenvolvimento de um sistema de monitoramento e avaliação. É fundamental a criação de um sistema de informações, de tratamento de análise de dados, visando dar suporte ao processo decisório. Por essa razão, ele é elaborado, com base em dados, para que seja acompanhado e presidido, e, para isso, pressupõe o registro permanente, sob forma de dados, dos resultados das ações idealizadas. Fonte: Adaptado de Parente (2001). Agora, vejamos um exemplo de análise e definição da mis- são de uma instituição de ensino. Talvez esse seja o ponto mais desconhecido em educação. 1ª Fase/1ª etapa: exemplo da análise e da definição da missão de uma instituição de ensino Com o objetivo de facilitar sua compreensão dos passos a serem seguidos e dos procedimentos que devem ser adotados na elaboração do PPP de uma escola, especificamente em relação à © Fundamentos e Métodos da Gestão Escolar284 missão institucional, vamos criar um nome fictício para uma ins- tituição pública de ensino superior, que será Centro Universitário Federal Paulo Freire (CUFPF). Para se iniciar um trabalho dessa natureza, o primeiro pas- so é procurar sensibilizar e envolver toda a comunidade. Deve-se construir um GT, que, pela sua composição, deve ser representati- vo de todos os segmentos da instituição. A partir desse GT, pode- rão surgir quantas subcomissões se fizerem necessárias. O papel do diretor, professores e representantes da comunidade O diretor, como grande animador, integrador e líder da esco- la, transmite energia a toda sua equipe de administração, diligen- ciando para que o funcionamento da escola corresponda à missão para qual foi criada. Os professores, mediadores do processo de ensino-aprendi- zagem, definem os conteúdos, objetivos, competências e habilida- des a serem construídos pelos alunos, tendo em vista a formação para a cidadania e para o mundo do trabalho. Os setores produtivos devem oferecer subsídios para que a transição entre a escola e o mundo do trabalho se opere de forma socialmente relevante. Isso supõe o estreitamento das relações escola-empresa e escola-comunidade, comandadas pelo princípio da crescente aproximação entre escola e extraescola, consagrado na lei de diretrizes e bases da educação nacional. Missão organizacional: metodologia de trabalho Formação de grupo de trabalho: missão organizacional O grupo de trabalho para a elaboração da missão organiza- cional e dos objetivos do CuFpF, integrante dos trabalhos para a estruturação organizacional da entidade, apresenta os procedi-mentos e a proposta de missão para a entidade. Claretiano - Centro Universitário 285© U6 - Gestão dos Processos Relativos ao Planejamento Educacional Metodologia para o desenvolvimento dos trabalhos do grupo Para o levantamento das opiniões dos atores envolvidos, o grupo adotou como estratégia de pesquisa: 1) A realização de entrevistas em grupo, como forma de agilizar o processo, em face da urgência do prazo. 2) A pesquisa iniciou-se com os próprios grupos formados para a elaboração de proposta para a estrutura organi- zacional da entidade, abrangendo depois outros grupos, em virtude de não se atingirem todos os membros do grupo nas reuniões. 3) A utilização de um roteiro de perguntas para a entrevis- ta, de modo a captar o pensamento das pessoas sobre a entidade, seu papel pessoal, modelo de gestão, objeti- vos da entidade, pontos fortes e pontos fracos. 4) A partir das entrevistas, realizou-se a tabulação, com as respostas sendo agrupadas em palavras-chave, como forma de sintetizar as ideias e opiniões. Com base na tabulação e nos aspectos legais que regem o CUFPF, foram realizadas reuniões de GT para se chegar à redação da missão e dos objetivos, observando-se os aspectos relevantes. Grupo de trabalho: missão organizacional Vejamos, agora, um roteiro de perguntas para o levantamen- to da missão organizacional. 1) Qual a razão ou propósito de existir o CUFPF? Para que ele existe? 2) Atividades a serem compreendidas, necessidades da so- ciedade a serem atendidas, ensino, pesquisa e extensão. Níveis: básico, médio, superior e pós-graduação. 3) Quem é nosso público-alvo? 4) A quem nós devemos atender (área de atuação, de geoinfluência)? 5) Quais são os princípios/valores que devem orientar/ nortear as relações entre as pessoas na organização (CUFPF)? © Fundamentos e Métodos da Gestão Escolar286 6) Como deve ser nosso relacionamento com a comunida- de externa? 7) Grupos ou outras organizações que vamos atender/in- teragir. 8) Quais são nossos pontos fortes e pontos fracos (tec- nologia, formação, localização, infraestrutura, cursos)? Explicar que se trata de julgamento de juízo de valores, individualmente. 9) Em sua opinião, qual deve ser o modelo de gestão do CUFPF? Como o CUFPF deve ser administrado? 10) Como e qual deve ser seu papel e a sua contribuição para o êxito da organização? Após a tabulação dos dados resultantes da pesquisa, consi- derando o sentimento manifestado pela maioria da comunidade escolar, assim ficou constituída a missão do Centro Universitário Federal Paulo Freire: Promover a construção, divulgação e aplicação de conheci- mentos científicos, artísticos, culturais e tecnológicos sustentados em valores éticos, formando cidadãos comprometidos com o de- senvolvimento de uma sociedade mais justa e solidária. Outro exemplo de missão organizacional é o da Universidade de Brasília, que em seu planejamento estratégico foi assim defini- da: "Ser uma Universidade contemporânea, pública e autônoma, que garanta a formação do cidadão como ser intelectual e como ser social, voltada para a produção e a transmissão de conheci- mento com a qualidade que projeta a sociedade para o futuro". Muitas seriam as etapas a serem exemplificadas, mas enten- demos que, caso o gestor opte por essa metodologia, deverá bus- car mais parâmetros na bibliografia final. Em relação à atividade-fim, que corresponde à elaboração de um plano de ação estratégico, apresentamos uma matriz básica para o tratamento de cada dimensão da escola no que se refere à sua função de ensinar. Esclarecemos que: Claretiano - Centro Universitário 287© U6 - Gestão dos Processos Relativos ao Planejamento Educacional • Cada situação analisada deverá se fundamentar em indi- cadores objetivos. • Cada situação analisada deverá ser considerada em pro- fundidade, explorando-se todos os ângulos possíveis da questão. • Cada situação analisada deverá se referenciar pela função social da escola. Vejamos no Quadro 4 um exemplo de matriz analítica, segui- do de uma explicação e um exemplo. Quadro 4 Matriz analítica. MatriZ anaLÍtiCa: variÁveis Variável É o tema de determinada dimensão a ser analisada. Exemplo: Dimensão da infraestrutura (mobiliário escolar). Indicadores Tudo o que se pesquisar e que sejam informações objetivas, preferencialmente quantificadas; são os fatos; não envolve o posicionamento pessoal; é uma etapa informativa, descritiva e quantitativa da coleta de dados. Exemplo: • Há cerca de quarenta carteiras quebradas. • Cinco professores estão sem armário. • Faltam duas mesas de professores. Diagnósticos Analítica; transforma os dados em informações. É o resultado de discussão na equipe, podendo envolver posicionamentos individuais ou do grupo. Possíveis causas. Exemplo: Causas: O mobiliário é muito antigo e a escola funciona em três turnos, o que ocasiona um desgaste mais rápido do material. Há também o mau uso de carteiras, que se encontram pichadas com corretor de texto branco. © Fundamentos e Métodos da Gestão Escolar288 MatriZ anaLÍtiCa: variÁveis Prognósticos As tendências do quadro identificado casam os fatos, não sofram alterações. Não se trata de soluções; prospecção com base na 2ª e na 3ª colunas. Exemplo: Se a deterioração continuar e nenhuma medida for tomada, no prazo de dois meses não teremos carteiras para todos os alunos, o que prejudicará o andamento das aulas. Pontos fortes e fracos Quais são os pontos fortes e fracos da escola na variável analisada? Pontos fortes abrem possibilidades; pontos fracos abrem ameaças. Com base neles é que se pode chegar a um aprofundamento da tomada de consciência da realidade. Exemplo: Pontos fortes: A direção já comunicou aos órgãos superiores o problema, há seis meses, e ficaram de enviar oitenta carteiras ainda neste mês. Um pai da comunidade que é marceneiro se propôs a ajudar, fazendo um preço melhor para o conserto. Pontos fracos: O uso inadequado do mobiliário escolar. Os alunos balançam-se nas carteiras. Os professores no início do ano pedem para que o armário seja deslocado para outra sala sem retirar o material de seu interior. A equipe gestora não tem proposto ações para resolver esses problemas. Ameaças e possibilidades externas O que no ambiente externo representa restrições/ameaças à escola nessa variável; o que representa possibilidade. Qual é a comparação da escola nessa variável em relação a outras organizações? Concretização do aprofundamento da tomada de consciência da realidade. Exemplo: A realidade é que o envio de carteiras e armários pelos órgãos superiores não resolverá todo o problema. Será necessário o conserto do que estiver quebrado não só para resolver o problema de acomodação dos alunos, mas também para que a escola não fique com um aspecto desleixado, incentivando atos de vandalismo. Esperamos contar com a comunidade e com os órgãos do sistema. Claretiano - Centro Universitário 289© U6 - Gestão dos Processos Relativos ao Planejamento Educacional MatriZ anaLÍtiCa: variÁveis Propostas de solução Pelo menos três soluções para cada situação identificada; as propostas de solução serão fundadas nos resultados obtidos nas 5ª e 6ª colunas. Exemplo: 1ª CAUSA: Uso inadequado do mobiliário Conscientizar os alunos da importância de conservação do mobiliário. A professora de Educação Artística e o professor de Educação Física ficaram encarregados de organizar um projeto que inclua não somente limpeza das salas, mas a melhoria do ambiente como um todo (colocação de plantas e pintura de painéis para os corredores) As professoras de História e Ciências criarão um projeto sobre a importância da reciclagem e da conservação do mobiliário como forma de ter um desenvolvimento sustentável. A Professora Coordenadora também contribuirá: trabalhará com grupos de sessenta alunos na biblioteca, com o filme Lixo Extraordinário.
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