Buscar

RELACIONAMENTO-INTERPESSOAL-E-ÉTICA-PROFISSIONAL

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 29 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 29 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 29 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1 
 
 
RELACIONAMENTO INTERPESSOAL E 
ÉTICA PROFISSIONAL 
2 
 
 
Sumário 
INTRODUÇÃO A RELAÇÃO INTERPESSOAL E ÉTICA PROFISSIONAL .... 4 
HUMANIZAÇÃO .............................................................................................. 5 
ÉTICA .............................................................................................................. 7 
MORAL .......................................................................................................... 10 
RELACIONAMENTO INTERPESSOAL ......................................................... 11 
 ....................................................................................................................... 13 
ÉTICA PROFISSIONAL ................................................................................. 13 
RELAÇÃO OBJETIVO/SUBJETIVO .............................................................. 15 
O SISTEMA DE SAÚDE ATUAL E A ÉTICA PROFISSIONAL ...................... 19 
O CONTEXTO DAS RELAÇÕES INTERPESSOAIS .................................... 21 
UMA PROPOSTA DE FORMAÇÃO INOVADORA ........................................ 22 
A FORMAÇÃO ÉTICA E PROFISSIONAL NA REALIDADE DA ATENÇÃO 
BÁSICA EM SAÚDE ................................................................................................ 24 
BIBLIOGRAFIA .............................................................................................. 28 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 
 
 
 
FACUMINAS 
 
A história do Instituto FACUMINAS, inicia com a realização do sonho de um 
grupo de empresários, em atender a crescente demanda de alunos para cursos de 
Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a FACUMINAS, como entidade 
oferecendo serviços educacionais em nível superior. 
A FACUMINAS tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de 
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação 
no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. 
Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que 
constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de 
publicação ou outras normas de comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma 
confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base 
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições 
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, 
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
 
 
INTRODUÇÃO A RELAÇÃO INTERPESSOAL E ÉTICA 
PROFISSIONAL 
 
 
 
 
 
Neste contexto será abordado a importância da Relação Interpessoal e da 
Ética Profissional, conceito de ética e moral, o que diz respeito a ética profissional, 
que momento inicial a ética profissional, o quão importante a ética é fundamental para 
a convivência no ambiente de trabalho, deve-se ser ético com o seu colega de 
profissão e no cargo que você ocupa dentro da empresa, para o Gestor em Saúde 
Pública é imprescindível a ética no ambiente de trabalho, seja na gestão de um grande 
hospital onde é responsável por vários setores e pessoas, seja em uma UBS (Unidade 
Básica de Saúde), onde o Gestor é fundamental. 
5 
 
 
Tem-se falado em humanização no ambiente de trabalho. Mas o que é 
humanização e para que serve? Humanizar significa respeitar o trabalhador enquanto 
pessoa, enquanto ser humano. Significa valorizá-lo em razão da dignidade que lhe é 
intrínseca. Isso apresenta vários desdobramentos. Por exemplo, o relacionamento 
interpessoal –necessidade social, conforme MASLOW (2000), ou fator higiênico, 
segundo a teoria herzbergiana – deve se pautar pelo diálogo, sem o qual as relações 
entre os indivíduos resvala para conflitos vários. A dignidade jamais deve ser 
esquecida ou colocada em segundo plano. A prática da humanização deve ser 
observada ininterruptamente. 
 O comportamento ético deve ser o princípio de vida da organização, uma vez 
que ser ético é preocupar-se com a felicidade pessoal e coletiva Numa sociedade em 
que, em geral, valores éticomorais são vilipendiados, é urgente a necessidade de se 
humanizarem as organizações. Estas não devem perder de vista a razão maior 
graças à qual se dá a sua criação: a promoção humana em todos e quaisquer 
aspectos (não somente os econômicofinanceiros e tecno-científicos), até mesmo, e 
principalmente, sob a ótica coletiva. 
 
HUMANIZAÇÃO 
 
O desenvolvimento científico-tecnológico tem levado muitas organizações a 
buscar de forma desenfreada o lucro econômico-financeiro à custa da necessária 
valorização real do homem, notadamente dos indivíduos que nelas trabalham. 
Paradoxalmente, até mesmo organizações cujo lucro visado não é econômico-
financeiro resvalam para isso. A cultura predominante nessas instituições caracteriza-
se por considerar as pessoas meros recursos que devem contribuir para o alcance 
dos objetivos organizacionais. Relegam a abordagem sistêmica, que estuda o homem 
como uma totalidade e não apenas como profissional cuja vida deveria se restringir 
ao ambiente de trabalho. 
O relacionamento interpessoal saudável, por exemplo, às vezes não encontra 
guarida no âmbito organizacional, gerando os mais diversos conflitos e, portanto, 
6 
 
 
“desumanizando” as organizações. A desconsideração dos valores humanos e da 
ética também são exemplos de realidades “desumanizadoras”. 
 ROMÃO (2002) registra: Mas, o pior de tudo isso [o autor faz referência à 
reengenharia, à terceirização e à globalização como modismos, dentre outros que ele 
relaciona] foi o fruto gerado: a desvalorização do ser humano, que participou desses 
processos, tentando ajudar sua empresa, e hoje é descartado, como se somente 
números pudessem indicar lucros, e ótimos resultados fossem o melhor diagnóstico 
de um negócio. Hoje temos que nos preparar para viver a era emocional, onde a 
empresa tem de mostrar ao colaborador que ele é necessário como profissional, e 
antes de qualquer coisa que é um ser humano com capacidades que agregadas à 
produção da empresa, formarão uma equipe coesa em que o maior beneficiado será 
ele mesmo com melhoria em sua qualidade de vida, relacionamentos com os pares 
e, principalmente, o cliente que sentirá isso quando adquirir o produto ou serviço da 
empresa gerando a fidelização que tanto se busca. O melhor negócio de uma 
organização ainda se chama gente, e ver gente integrada na organização como 
matéria-prima principal também é lucro, além de ser um fator primordial na geração 
de resultados. MORGAN (1996: 142) diz que “a natureza verdadeiramente humana 
das organizações é a necessidade de construí-la em função das pessoas e não das 
técnicas”. 
O PAPA JOÃO PAULO II apud MASLOW (2000: 61) assevera que: O 
propósito da empresa não é simplesmente lucrar, mas ser vista em sua base como 
uma comunidade de pessoas que, de várias formas, estão se esforçando para 
satisfazer suas necessidades básicas e que formam um grupo particular no serviço 
de toda a sociedade. O lucro é um regulador da vida de um negócio, mas não é o 
único regulador; outros fatores, humanos e morais, também devem ser considerados, 
pois, a longo prazo, serão igualmente importantes para a vida do negócio. A empresa 
humanizada, consoante VERGARA e BRANCO (2001: 20), é: [...] aquela que [...] 
agrega outros valores que não somente a maximização do retorno para os acionistas. 
 Nesse sentido, são mencionadas empresas que, no âmbito interno, promovem 
a melhoria na qualidade de vida e de trabalho, visando à construção de relações mais 
democráticas e justas, mitigam as desigualdades e diferenças de raça, sexo ou credo 
[e não apenas em tais aspectos], além de contribuírem para o desenvolvimento e 
7 
 
 
crescimento das pessoas. Discutir a humanização no ambiente de trabalhoé 
impostergável, e a efetiva vivência num ambiente organizacional cujos valores 
maiores incluam a humanização trará grandes benefícios para os indivíduos, as 
organizações e a sociedade em geral. 
 
ÉTICA 
 
A abordagem sobre o tema da ética será voltada para uma conceituação 
aplicada à prática, contudo, acredito que é importante que saibamos um pouco sobre 
os antecedentes filosóficos que serviram de base para a construção do conceito que 
muitos autores utilizam atualmente. Sá (2009) em sua obra ensina que ética deve ser 
compreendida como “a ciência da conduta humana perante o ser e seus 
semelhantes”. Observe este primeiro conceito que se trata de um estudo científico, 
ou seja, embasado em normas e o devido rigor. Ainda analisando este conceito, você 
vê que a ética relaciona a conduta de uma pessoa à sua relação com outra pessoa. 
Podendo lembrar daquela frase que todos conhecemos: “a liberdade de uma pessoa 
termina quando começa a liberdade do outro”. Existe um limite para nosso 
convívio, existem regras que impomos e que desejamos que sejam respeitadas. 
(ARANTES, 2013) 
 
É bom sabermos que ética se trata de um termo trazido pelos trabalhos de 
Pitágoras no século VI a.C., ou seja, há mais de 2.600 anos atrás! Também 
Aristóteles, no século IV a.C., há mais de 2.400 anos, falou sobre a ética em sua 
obra “Ética a Nicômaco”. 
Figura 1: Relacionamento Interpessoal 
Fonte:https://blog.softwarerh.com.br/relacionamento-interpessoal/ 
8 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Então podemos dizer que a Ética é o estudo geral do que é bom ou mau, 
correto ou incorreto, justo ou injusto, adequado ou inadequado. Um dos objetivos da 
Ética é a busca de justificativas para as regras propostas pela Moral e pelo Direito. 
(GLOCK, 2003) 
E o estudo da ética conforme ensina Srour (2003) está vinculado “aos códigos 
e normas que regulam as relações e condutas entre os agentes sociais, os discursos 
das normas que identificam, em coletividade, o que é certo ou errado fazer”. Observe 
que neste conceito, temos presentes alguns componentes importantes para a 
compreensão da ética. São eles: as normas reguladoras; a distinção da ética segundo 
o grupo social; a escolha entre o certo e o errado. Ao normatizar a convivência entre 
os indivíduos, a ética examina a moral. 
Evidencia-se a necessidade de serem observados pelas organizações os 
atuais anseios da sociedade por uma atuação ética. Tal necessidade requer a 
conscientização de todos sobre a importância da ética na atualidade. Assim, o tema 
“ética” faz-se imprescindível na pauta das discussões, porque, dentre as 
necessidades do homem contemporâneo, a necessidade ética desponta como uma 
das mais prementes. 
Figura 3: Aristóteles 
Fonte: 
https://brasilescola.uol.com.br/fil
osofia/aristoteles.htm 
Figura 2: Pitágoras 
Fonte: 
https://www.escolasanti.com.br/pitag
oras-e-os-pitagoricos/ 
9 
 
 
A intrincada teia de relacionamentos integra a vida do ser humano, tornando 
inafastável a necessidade da discussão sobre ética, porque “A dimensão ética 
começa quando entra em cena o outro. Toda lei, moral ou jurídica, regula relações 
interpessoais, inclusive aquelas com um Outro que a impõe.” (ECO, 2002: 9). 
Consoante ZOBOLI (2002: 8): “[...] uma vez que a empresa, enquanto uma 
organização social, deve dar conta de funções que a sociedade dela espera e exige 
assumindo suas responsabilidades neste âmbito, ela está obrigada a tomar decisões 
com implicações éticas”. 
Daí ser possível afirmar que “a empresa que busca somente os resultados ou 
as vantagens imediatas é suicida, a responsabilidade a largo prazo é uma 
necessidade de sobrevivência e neste aspecto a ética constitui um fator importante 
para os ganhos. Por si só, a ética não é condição para um bom negócio, mas o 
propicia.” (ZOBOLI, 2002: 8) A sociedade atual exige das empresas um 
comportamento ético – a esse propósito cita-se a conscientização dos consumidores 
sobre a necessidade de defesa de seus direitos. 
CARAVANTES (2002: 71) afirma: [...] a economia de mercado e o sistema 
econômico em que vivemos como que alijaram valores fundamentais ao convívio 
social: o bom cedeu lugar ao útil; o correto, ao funcional; o futuro, ao imediatismo; e 
o social, ao individualismo exacerbado. Nesse contexto, há uma verdadeira inversão 
valorativa [...]. Antes que alguma mudança venha a ocorrer, há que se repensar 
valores e atitudes hoje prevalentes, permitindo que o útil venha a se subordinar ao 
bom; a especulação desenfreada ao trabalho honesto e sério; o personalismo ao 
social; a racionalidade funcional à substantiva. Destaca-se a Carta de Princípios do 
Dirigente Cristão de Empresa CE/UNIAPAC BRASIL, da Associação de Dirigentes 
Cristãos de Empresa do Brasil, cujos seguintes princípios, entre outros, merecem ser 
transcritos: 
“ Embora o desejo de lucro permaneça o estímulo da atividade 
econômica, o dirigente de empresa não tem direito de sobrepô-lo ao dever de 
servir a sociedade a que pertence. [...] 33 - O homem é o centro da vida 
econômica; negligenciá-lo será ofender a dignidade humana e votar a empresa 
ao malogro. [...] 34 - Tal como as técnicas nela utilizadas estão ordenadas aos 
fins da empresa, assim os fins da empresa estão subordinados ao homem”. 
10 
 
 
(ASSOCIAÇÃO DE DIRIGENTES CRISTÃOS DE EMPRESA DO BRASIL, 
2002). 
 
 
MORAL 
 
É comum se dizer que ética e moral são a mesma coisa. Na verdade, são 
conceitos diferentes, conforme veremos a seguir. Enquanto a ética diz respeito à 
disciplina teórica e à sistematização por meio de regras a serem seguidas e que 
estabelecem o que é bom para a coletividade, já a moral direciona a prática cotidiana. 
O senso comum ainda apresenta alguma confusão entre o que é ética e o que é 
moral. (ARANTES, 2013) 
A Moral estabelece regras que são assumidas pela pessoa, como uma forma 
de garantir o seu bem-viver. A Moral independe das fronteiras geográficas e garante 
uma identidade entre pessoas que sequer se conhecem, mas utilizam este mesmo 
referencial moral comum, moral diz respeito ao indivíduo inserido no contexto social 
e que os padrões éticos estabelecem a norma a ser seguida pelas pessoas na busca 
pelo convívio para o bem. (GLOCK, 2003). 
 
 
 
 
 
 
11 
 
 
 
 
 
 
 
RELACIONAMENTO INTERPESSOAL 
O relacionamento interpessoal –necessidade social, conforme MASLOW 
(2000), deve ser pautado pelo diálogo, sem o qual as relações entre os indivíduos 
resvalam para conflitos vários. Jamais deve-se esquecer a dignidade ou coloca-la em 
segundo plano. A prática da humanização deve ser observada em todo momento. O 
comportamento ético deve ser o princípio de vida da organização, uma vez que ser 
ético é preocupar-se com a felicidade própria e todos a sua volta. (COSTA, 2004) 
Figura 4: ÉTICA x MORAL 
Fonte: 
https://versarpedagogia.blogspot.com/2018/
02/reflexao-etica-x-moral.html 
12 
 
 
Um dos primeiros pesquisadores das Relações interpessoais foi o psicólogo 
Kurt Lewin. MAILHIOT (1976), ao citar uma das pesquisas realizadas por esse 
psicólogo, afirma que ele chegou à constatação de que “A produtividade de um grupo 
e sua eficiência estão estreitamente relacionadas não somente com a competência 
de seus membros, mas sobretudo com a solidariedade de suas relações 
interpessoais”. 
Schutz, um outro psicólogo, trata de uma teoria das necessidades 
interpessoais: necessidade de ser aceito pelo grupo, necessidade de responsabilizar-
se pela existência e manutenção do grupo, necessidade de ser valorizado pelo grupo. 
Tais necessidades formam a tríade de que fala MAILHIOT (1976), quando este faz 
referência aos estudos de Schutz: necessidades de inclusão, controle e afeição, 
respectivamente. (COSTA, 2004) 
 Ao escrever acerca da humanização no ambiente de trabalho, COSTA (2002) 
aponta as relações interpessoais como um dos elementos que contribuem para a 
formação do relacionamento real naorganização: 
 
 É mister observar a operação real da organização, aqui incluídas as relações 
interpessoais, que constituem a sua seiva vital. Os elementos formais (estrutura 
administrativa) e informais (relacionamento humano, que emerge das experiências do 
dia-a-dia) integram-se para produzir o padrão real de relacionamento humano na 
organização: como o trabalho é verdadeiramente executado e quais as regras 
comportamentais implícitas que governam os contatos entre as pessoas – esta é a 
estrutura de contatos e comunicações humanas a partir da qual os problemas de 
política de pessoal e de tomada de decisões podem ser compreendidos e tratados 
pelos administradore. 
Os autores concordam veementemente em reconhecer a grande importância 
do tema “relações interpessoais” tanto para os indivíduos quanto para as 
organizações, relativamente à produtividade, qualidade de vida no trabalho e efeito 
sistêmico. 
 
13 
 
 
 
 
 
ÉTICA PROFISSIONAL 
 
A ética profissional inicia muito antes do profissional entrar no mercado de 
trabalho, ela começa na fase da escolha profissional, ainda durante a adolescência 
muitas vezes, já deve ser permeado por esta reflexão. A escolha por uma profissão é 
optativa, mas ao escolhê-la, o conjunto de deveres profissionais passa a ser 
obrigatório. Geralmente, quando você é jovem, escolhe sua carreira sem conhecer o 
conjunto de deveres que está prestes ao assumir tornando-se parte daquela categoria 
que escolheu. 
A partir do momento que você escolheu determinada profissão você tem o 
dever de cumprir o código de ética imposto por essa área escolhida, o código de ética 
da empresa que você for trabalhar e o código de ética do conselho que venha 
regulamentar a sua profissão, por isso o profissional deve sempre estar antenado e 
Figura 5: Pilares do Relacionamento Interpessoal 
Fonte:https://expertisegp.com.br/blog/5-pilares-da-relacao-
interpessoal/ 
14 
 
 
bem informado do seu código de ética, para que o mesmo possa em momento 
oportuno agir legitima e imparcialmente nas decisões venha a tomar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 6: Bases da 
ética Profissional 
Fonte: 
http://professorvila
ni.blogspot.com/2
012/02/etica-e-
compromisso-
profissional.html 
15 
 
 
RELAÇÃO OBJETIVO/SUBJETIVO 
 
 
 
 
 
Sem pretensões de criar uma periodização ou uma taxonomia, é possível 
verificar que a relação objetivo/subjetivo no campo da saúde pública sofreu 
alterações ao longo do tempo, podendo ser identificados pelo menos três padrões 
principais que, em linhas gerais, se sucederam cronologicamente, mas que até hoje 
convivem. O primeiro corresponde à saúde pública tradicional, constituída à 
imagem e semelhança da tecno-ciência e do modelo biomédico. O segundo resulta 
da influência do pensamento social, principalmente em sua vertente estruturalista 
histórica, sobre o pensamento biomédico, constituindo propriamente o campo da 
saúde coletiva. O terceiro representa o esforço das ciências sociais em disputar com 
as ciências naturais a primazia do conhecimento sobre o objeto saúde. 
16 
 
 
A saúde pública moderna, hoje considerada tradicional, nasce sob a égide do 
pensamento positivo, lidando com a "objetividade" dos modelos de explicação do 
processo saúde-doença. Desde a medicina social anglo-saxônica, em luta contra os 
miasmas, até a saúde pública francesa pasteuriana, às voltas com os micróbios, as 
práticas sanitárias fundaram-se na objetividade do saber científico. No início deste 
século, sob a inspiração da obsessão anti-microbiana, políticas e práticas de saúde 
pública disseminaram-se através do paradigma "campanhista" de organização 
sanitária. 
 Sob a lógica do modelo biológico/ecológico que estabelecia nexos causais na 
cadeia agente/hospedeiro/meio, tratava-se de implementar políticas e ações voltadas 
para a interrupção do ciclo material de transmissão, agindo sobre qualquer um de 
seus estágios, inclusive o homem, seja como doente, seja como hospedeiro. O 
homem era o objeto de uma ação sanitária que não tinha sujeitos, mas agentes 
técnicos portadores de um conhecimento técnico positivo, tornado norma sanitária a 
ser seguida por todos. Soberana na sua positividade e na sua autoridade técnica, a 
saúde pública submetia tudo e todos às suas prescrições. 
É curioso observar que neste paradigma de organização sanitária a saúde 
pública terminou tendo de lidar com subjetividades de oposição, explicitadas na 
resistência popular às medidas sanitárias compulsórias, como as vacinas, borrifações 
etc. 
O segundo padrão, o da saúde coletiva, representa o primeiro momento de 
incorporação do social aos cânones do pensamento sanitário, o que ocorreu a partir 
dos anos 60. Primeiro como "variável" influente na distribuição de riscos e agravos 
entre as pessoas, depois incorporando-se ao modelo de explicação do processo 
saúde-enfermidade. É quando se desnaturaliza o conceito de "história natural das 
doenças", introduzindo-se o social como poderoso diferencial de riscos sanitários, 
associando-os à fragilidade e aos riscos sociais. 
No plano das práticas, é dessa época e com base nessa concepção mais complexa 
do processo saúde-enfermidade, que a saúde pública, rebatizada como saúde 
coletiva, consagra sua inserção definitiva no plano das políticas sociais. Aproxima-se 
das ideias de cidadania e de democracia, consolidando seus compromissos com a 
17 
 
 
universalidade e a equidade, e ganha em dimensão política, incorporando a sen 
arsenal de práticas terapêuticas a ação social ou política. 
No que diz respeito à questão objetivo/ subjetivo, a entrada do social, a 
despeito de enriquecer o modelo explicativo, altera pouco sua positividade, já que a 
realidade, embora constituída e conformada com a interveniência do social, uma vez 
estabelecida, permanece como um molde objetivo, em um modelo onde as pessoas 
e coletividades estariam submetidas a riscos externos a elas. Ou seja, no que diz 
respeito à gênese das doenças, as realidades permaneciam, embora socialmente 
determinadas, redutíveis à objetividade de fatores de risco à saúde. 
A subjetividade, neste modelo, é assumida ao nível dos sujeitos que se 
constituem na ação social dirigida a remover ou neutralizar os fatores sociais 
geradores do fato sanitário "objetivo". É conhecido aqui o predomínio da tradição 
marxista ou estruturalista histórica, cuja vertente italiana cunhou a noção de 
"consciência sanitária", para designar a apropriação do conhecimento técnico 
acerca da história "social" da doenças e da seletividade social dos riscos sanitários, 
como requisito para a constituição de sujeitos sociais e políticos e, portanto, de 
agentes de transformação. 
A subjetividade aqui admitida é aquela que brota da necessidade coletiva e 
que se organiza em sujeitos coletivos — no Estado, no partido, nas organizações 
classistas e comunitárias — portadores de projetos políticos de intervenção/interação 
nas estruturas que moldam socialmente as realidades sanitárias. 
Essa matriz de pensamento social, filiada ás correntes estruturalistas e 
deterministas, estaria referida á vertente das ciências sociais "mais diretamente 
vinculada à epistemologia e à metodologia positivistas das ciências naturais", 
segundo a classificação proposta por Santos (1994). 
A outra vertente, segundo o autor, "de vocação anti-positivista, caldeada numa 
tradição filosófica complexa, fenomenológica, interacionista, mito-simbólica, 
hermenêutica, existencialista, pragmática", teria desempenhado um papel matricial 
na marca pós-moderna do paradigma emergente, aportando, só posteriormente, sua 
18 
 
 
contribuição ao campo sanitário, quando então fixa o já mencionado terceiro padrão 
de relação objetivo/ subjetivo. 
Situam-se, neste terceiro padrão, as críticas aos efeitos mórbidos da 
modernidade e da medicina tecnológica feita já desde os anos 60. Denunciando a 
morbidade autoprovocada pela sociedadehumana através da tecnociência, os assim 
denominados "movimentos contraculturais" de então atribuíam esses efeitos a um 
excesso de intervenção humana no natural, a uma espécie de excesso de 
ciência. Illich (1975) foi um dos expoentes do movimento de denúncia da iatrogenia 
do modelo biomédico, chegando a cunhar o conceito de "contra-produtividade social", 
para designar o fenômeno de que "quanto mais ação medicalizada pela saúde, menos 
saúde". 
Analogamente aos movimentos operários que se voltaram contra as máquinas 
para resistir à tecnificação do trabalho, tal postura termina por reificar a ciência e 
reduzi-la a seus efeitos indesejáveis, num certo "naturismo" que implica em abrir mão 
da autoria humana da ciência. Embora expressiva de um estado de espírito próprio 
de toda uma época e testemunha da perda progressiva de prestígio da ciência como 
caminho retilíneo e irreversível para o progresso, tal corrente não logrou um porte 
conceitual suficiente para se firmar. Permaneceu marginal, às vezes folclórica, 
alimentando um discurso extremado e defensivo em relação à ciência como 
instrumento da competência humana de reformar a vida. 
Entretanto, em relação ao padrão anterior, representa um avanço, ao criticar a 
essência do modelo biomédico e suas conexões com o complexo urbano-industrial. 
Ou seja, ataca a tecno-ciência, não porque seus frutos seriam socialmente mal 
distribuídos ou inacessíveis, mas por serem ineficazes, enganadores e 
morbogênicos. 
O seu amadurecimento leva ao aparecimento do "construcionismo", corrente 
da antropologia social que se desenvolve no campo da saúde e da medicina, e 
expressa o descontentamento e a decepção com as prerrogativas de objetividade e 
de universalidade reivindicadas pelo pensamento científico e, assim, pelo modelo 
sanitário biomédico. Aparece assim como "guardiã de um tesouro de saberes 
19 
 
 
desprezado ou destruído por uma modernidade arrogante que se julgava detentora 
da verdade" (Carrara, 1994). 
Aqui, a subjetividade é francamente dominante. A doença é destituída de 
objetividade e reduzida a mera invenção social, mera ideologia. Procura "mostrar de 
que maneira a medicina se origina do social e produz o social" (Herzlich apudCarrara, 
1994). Declara que a medicina "não realiza a decodificação do orgânico ou da doença, 
mas sim a sua construção a partir de categorias cognitivas socialmente dadas que 
manipula". 
 
O SISTEMA DE SAÚDE ATUAL E A ÉTICA PROFISSIONAL 
 
 
 
 
20 
 
 
Inúmeras mudanças sociais, éticas, econômicas e políticas vêm sendo 
observadas em âmbito mundial, que, de forma incisiva, têm atingido os sistemas de 
saúde. Gerou-se, então, um enorme desafio na condução destes, tanto para os 
responsáveis envolvidos com o planejamento e a atenção em saúde, como para os 
órgãos formadores de recursos humanos para o setor da saúde. O acesso à saúde 
de qualidade não é um direito real da maioria dos brasileiros e este acesso não 
depende somente de uma transformação das condições de vida, mas também de 
mudanças no modelo de atenção à saúde a fim de se assumir uma concepção ampla 
da mesma, cerceada de preceitos éticos e morais que transformem a qualidade dos 
serviços de saúde. 
Entre outros problemas na saúde, está a questão dos recursos humanos nesta 
área, sendo que há muitas críticas na formação de seus profissionais, algumas delas 
relacionadas às atitudes éticas ou às relações profissionais. Vive-se um esgotamento 
do modelo tradicional de sua formação e esta não está sendo adequada às 
necessidades atuais. 
 
 
Para tanto, são necessárias estratégias que sensibilizem e mobilizem todos 
que precisam se envolver na construção de mudanças, a fim de se atingir a reflexão 
crítica das relações em saúde. E, neste contexto de mudanças, é inerente formar 
profissionais com perfil social e ético capaz de aprender a aprender, trabalhar em 
equipe, comunicar-se, relacionar-se com o outro e ter percepções ágeis de ações. 
Assim, os órgãos formadores têm uma enorme responsabilidade na 
profissionalização, para que esta seja condizente com soluções aos novos 
paradigmas sociais, éticos e econômicos que surgem no processo de construção do 
sistema de saúde. Necessita-se, então, de uma formação diferenciada da que ocorre 
atualmente. 
 
 
 
21 
 
 
 
O CONTEXTO DAS RELAÇÕES INTERPESSOAIS 
 
 
Acerca das relações humanas, estas se dão cada vez mais no âmbito da razão 
instrumental, uma razão de domínio, despótica, tornando o homem insensível à 
realidade, que só conhece o que faz, deseja uma realidade de certezas e segurança, 
e que não deixa nada à “improvisação da natureza”. Para o autor, a plenitude da 
relação, entretanto, é alcançada quando se tem um caráter recíproco dos homens, 
em que se abrem âmbitos de correlação que potencializem as duas pessoas em uma 
relação que o homem manifesta-se em sua plenitude, com reciprocidade e mútua 
responsabilidade para com o outro, produzindo e manifestando o conhecimento do 
próprio ser, da própria condição pessoal, do crescimento de humanidade. 
Contudo, com o desenvolvimento tecnológico na saúde, com a descoberta de 
medicamentos e o uso de aparelhagens modernas, surgiram novos valores no campo 
das relações interpessoais. Afloraram-se novos conhecimentos científicos e 
colocaram-se em questão conflitos nunca antes gerados. Tornaram-se necessárias, 
22 
 
 
assim, reflexões éticas sobre o impacto que os avanços tecnológicos propiciaram nas 
relações dos seres humanos. E sobre o comportamento ético que se estabeleceu nas 
relações interpessoais, visam-se reflexões acerca dos valores impressos nas 
relações humanas, repletas de valores e anti-valores que se chocam a partir de então. 
Desta forma a Famema pretende, em seu currículo inovador, proporcionar a 
seus estudantes de medicina, o desenvolvimento de suas relações interpessoais 
acopladas ao desenvolvimento de atitudes e reflexões éticas na sua formação. 
 
 UMA PROPOSTA DE FORMAÇÃO INOVADORA 
 
 
 
 Na Famema, a Unidade de Prática Profissional (UPP) passou, a partir de 2003, 
a contribuir para a formação diferenciada do profissional de saúde, estabelecendo, 
23 
 
 
para tanto, desempenhos e atitudes de acordo com o profissional de saúde que a 
sociedade necessita. 
 Nesta formação, o estudante é motivado a se comunicar claramente e a 
desenvolver capacidades para um adequado trabalho em equipe, de modo a 
satisfazer as necessidades de saúde de pacientes, famílias, da comunidade. Participa 
da exploração de problemas e situações, em que traz consigo capacidades prévias 
(conhecimento, valores, representações e experiências), para a construção de 
objetivos de aprendizagem e sua formação ético-profissional. Busca, então, 
informações e faz a análise crítica, discussão, articulação, integração e aplicação 
destas em sua formação profissional. 
Dessa forma, surge o currículo inovador em que a aprendizagem é 
individualizada e tem como objetivo estimular o estudante a desenvolver a capacidade 
de aprender a aprender na realidade na qual se insere. Com isso, coloca-se em 
prática a pedagogia crítica, em que se incorpora a experiência do acadêmico ao 
currículo, e o entendimento e resolução das contradições sociais e éticas que se vive 
E, nesta perspectiva, a UPP objetiva no plano curricular da Famema enfrentar esses 
desafios da formação dos profissionais de saúde, utilizandose, para tanto, cenários 
de prática - aprendizagem diversificada e condizente com as situações reais 
vivenciadas pela comunidade mariliense, utilizando-se, para tanto, a situação serviço 
- Unidade de Saúde da Família (USF). 
Portanto, a UPP propicia, na formação dos estudantes de medicina já na 
primeira série da Famema, a instrumentação necessária para a integralidade de sua 
aprendizagem. Nesta unidade educacional, há interdisciplinaridade quando estes 
trabalham juntos e com uma equipe de USF - estudantes de enfermagem,agentes 
comunitários, médico e enfermeiro do serviço e ou docentes médicos e enfermeiros, 
dentista, assistente social, psicóloga, auxiliares de enfermagem - na resolução de 
problemas e necessidades de saúde da comunidade abrangente da área da USF. 
Elaboram planos de ação conjuntos, o que propicia pesquisa-ação e diálogo 
de saberes com os diversos sujeitos - tutores, consultores, profissionais de saúde, 
colegas -, vivenciam situações reais dos princípios éticos e morais, abordam 
24 
 
 
diferenças históricas, culturais e sociais na construção da integralidade da atenção à 
saúde. 
 
A FORMAÇÃO ÉTICA E PROFISSIONAL NA REALIDADE DA 
ATENÇÃO BÁSICA EM SAÚDE 
 
Nesta categoria, os estudantes de ambas as séries do curso de medicina 
demonstram a importância que o cuidado à saúde da comunidade, na ABS, traz para 
uma construção de postura profissional diferenciada, notadamente na formação de 
profissionais que saibam respeitar a cultura das pessoas, seus costumes e valores, e 
que se empenhem na melhora na qualidade de vida da comunidade, estabelecendo, 
para tanto, vínculos de forma ética e respeitosa. 
 Elliot Turiel, que propõe a teoria dos domínios de conhecimento social, 
construídos como estruturas sociocognitivas que se organizam, destaca-se nesta 
categoria ao elucidar a importância dos seres humanos organizarem e desenvolverem 
seus conhecimentos a partir de suas interações sociais com a comunidade. Esta 
25 
 
 
importância é expressa em uma perspectiva construtivista complexa e não-linear, na 
qual os estudantes constroem o conhecimento moral e social através do envolvimento 
com o ambiente e a cultura de seus pacientes, sem é claro desconsiderarem suas 
prerrogativas pessoais de moral. 
“É um desafio lidar com essas questões, como a cultura e a vida das 
pessoas, suas vivências. Temos que tentar melhorar a qualidade de vida das 
pessoas, esse que é o desafio”. (E2M1) 
Os pacientes da minha área eles são bastante carentes. Se preocupam se não 
vamos lá, gostam da preocupação que temos com a saúde deles. (E2M2) Destaca-
se neste momento um processo de sintonia com a teoria piagetiana, de sólida base 
cognitivista e interacionista, em que se amplia a discussão do desenvolvimento moral 
no ensino da ética na formação médica, agora não mais como conteúdo a ser 
“depositado” no conhecimento estudantil, mas como uma formação ética e 
profissional construída cognitivamente através de interações com os pacientes em 
suas distintas dimensões, que oportunizam a aquisição de novos referenciais e 
conceitos. 
Há, então, um equilíbrio progressivo, no qual o estudante, ao lidar com as 
diversas situações, tenta compreendê-las, dentro de uma passagem constante do 
estado de equilíbrio para o de desequilíbrio, mas que resulta num equilíbrio superior 
e que contribui para a eficiência de uma ação no ambiente social. Para Piaget, o 
contexto social constrói o conhecimento e o juízo moral, e estar junto às pessoas 
interagindo com as mesmas exige organização cognitiva de si e do mundo, movendo 
o sujeito em sua evolução, e nesta inclui-se sua formação profissional. 
Para tanto, estes estudantes se colocam na condição alheia das outras 
pessoas, aprendendo a valorizar cada situação pessoal, a fim de estabelecerem 
melhor a relação médico-paciente em seu aprendizado profissional. Observa-se que 
os estudantes demonstram grandes respeito à pessoa humana, aprofundando suas 
relações com o outro, ouvindo-o para tentar entender suas razões. Aprendem a 
escutar seu paciente sem transferir expectativas e ansiedades, e esta escuta não 
significa necessariamente realizar o pedido que lhe está sendo feito, mas exercitam 
o compartilhamento da angústia de seu paciente na impossibilidade da realização de 
26 
 
 
determinados pedidos, aliviando sofrimentos e dividindo impotências, que é diferente 
de abandonar o paciente à própria sorte. 
“O mais importante desse primeiro contato com a população foi me 
colocar um pouco no lugar dos pacientes. E isso ajuda-nos a entender como 
são as outras pessoas do nosso mundo e aprender com o paciente a se colocar 
no lugar dele.” (E1M1) 
Os estudantes, na construção de suas posturas ética e profissional, dentro da 
UPP, optam por respeitar a dignidade humana, não passando por cima de toda 
experiência de vida e formação de uma história pessoal, entendendo e 
compreendendo o outro sem impor seus valores, diferentemente do que fazem os 
profissionais que sozinhos decidem a “melhor” conduta a se tomar para o paciente, 
justificada em seu conhecimento científico e na sua autoridade moral. 
O mais importante é chegar e conversar com o paciente, procurando ser 
ético, sabendo se colocar no lugar do outro. Em primeiro lugar, você esta 
precisando dele porque se ele não se dispuser a te ajudar, você não vai 
aprender. Ele está fazendo um favor para gente e não a gente está fazendo um 
favor para ele. E sempre procurar respeitar o paciente, sua cultura. Porque às 
vezes é um choque de costumes e conhecimentos, tem que respeitar suas 
vontades. (E3M1) 
Demonstram, então, maturidade ao lidarem com informações dos pacientes, 
assim como atitudes profissionais condizentes com o que se espera de futuros 
profissionais médicos que serão. Com isso, coloca-se em prática a pedagogia crítica, 
em que se incorpora a experiência do acadêmico ao currículo, e o entendimento e 
resolução das contradições sociais e éticas que se vive. 
Entretanto Esta estratégia educacional mobiliza a construção de mudanças, 
notadamente ao se pretender atingir a reflexão crítica e ética das relações em saúde, 
trazendo para a formação a capacidade de aprender a aprender, trabalhar em equipe, 
comunicar-se, relacionar-se com o outro e construir uma prática ética e reflexiva nas 
relações com o outro. Uma realidade se forma então, crítica e inovadora dos sujeitos, 
em que se pretende uma nova forma de estar e viver a formação médica, 
27 
 
 
confrontando valores e explorando problemas e situações na construção de uma 
notável formação profissional. 
Portanto, é primordial a inserção em cenários de práticas, como o da Atenção 
Básica em Saúde, desde o início do curso médico, para se construir saberes 
condizentes com as reais necessidades de saúde da população. Tem-se, então, como 
desafio, incentivar novas experiências, como a da Famema, e a constante 
(re)construção da UPP, a fim de torná-la ainda mais responsável por processos de 
mudanças sociais, culturais e educacionais na formação dos profissionais médicos. 
O ensino da ética nos cursos de medicina, ainda hoje, caracteriza-se quase 
que exclusivamente pela abordagem deontológica. Esse enfoque dos direitos e 
deveres profissionais gerou o modelo norte-americano de medicina defensiva, que 
ameaça instalar-se entre nós. O caminho da ética passa a ser pavimentado por leis e 
os médicos, orientados por advogados. 
 Há que se buscar novos modelos de ensino, pois a sociedade assim o pede. 
A rígida deontologia calcada nos antigos mandamentos hipocráticos encontra-se 
exaurida. A modernidade desconstruiu o médico semideus e o quer humano, sensível 
e não mais um pai autoritário e despótico. Logo, a Famema, através da UPP, propõe 
formar médicos que tenham a preocupação com a promoção de qualidade de vida 
dos pacientes, o respeito à autonomia destes pacientes, a construção de posturas 
éticas adequadas em seu processo de ensino-aprendizagem; afinal, o estudante 
passa a vivenciar as relações do dia a dia com as quais conviverá futuramente em 
sua profissão. 
 
 
 
 
 
 
 
28 
 
 
 
BIBLIOGRAFIA 
ARANTES, E. Ética e relações interpessoais. Rede e-tec Brasil, Instituto 
Federal Paraná, 2013. 
COSTA, W. S. Resgate da humanização no ambiente de trabalho. Caderno de 
Pesquisas em Administração, São Paulo: PPGA/FEA/USP, v. 09, n. 2, p. 13-23, abr.-
jun. 2002. 
COSTA, W. S. Humanização, relacionamento interpessoal e ética.Cadernos 
de Pesquisa em Administração, São Paulo, v. 11, nº 1, p. 17-21, jan/mar 2004. 
GLOCK, R. S, GOLDIN, J. R. Ética profissional é compromisso social. Andrade 
comunicação, Goiânia-GO, 2003. 
MAILHIOT, G. B. Dinâmica e gênese dos grupos. 3. ed. São Paulo: Livraria 
Duas Cidades, 1976. 
SÁ, A. L. de. Ética profissional. 8.Ed. São Paulo: Atlas, 2009. 
SROUR, R. H. Ética empresarial: a gestão da reputação. Rio de Janeiro: 
Elsevier, 2003. 
 
CARAVANTES, G. R. O ser total: talentos humanos para o novo milênio. 3. ed. 
Porto Alegre: AGE, 2002. 
CORREIA, A. de C. Um instante de reflexão sobre o homem e o trabalho. 
Caderno de Pesquisas em Administração, São Paulo: PPGA/FEA/USP, v. 1, n. 11, p. 
12-17, jan.-mar. 2000. 
ECO, U. Quando o outro entra em cena, nasce a ética. Reflexão: diálogo sobre 
a ética. São Paulo: Instituto Ethos, ano 3, n. 6, p. 8-13, fev. 2002. Disponível em: . 
Acesso em: 12 ago. 2002. 
MAILHIOT, G. B. Dinâmica e gênese dos grupos. 3. ed. São Paulo: Livraria 
Duas Cidades, 1976. 
29 
 
 
MASLOW, A. H. Maslow no gerenciamento. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2000. 
MORGAN, G. Imagens da organização. São Paulo: Atlas, 1996. ROMÃO, C. Empresa 
socialmente humanizada. Acadêmica – Revista Virtual de Administração e Negócios, 
[S.l.: s.n.], ano 2, jul.-set. 2001. Disponível em: . Acesso em: 25 jul. 2002 
VERGARA, S. C.; BRANCO, P. D. Empresa humanizada: a organização 
necessária e possível. Revista de Administração de Empresas, São Paulo: FGV, v. 
41, n. 2, p. 20-30, abr.-jun. 2001 
Eisele RL. O ensino da ética no curso de Medicina. In: Siqueira JE, Prota L, 
Zancanaro L, organizadores. Bioética: estudos e reflexões. Londrina: UEL; 2000. p. 
221-229

Outros materiais