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1 ISQUEMIAS AGUDAS FACILITANDO ELETRO Eletrocardiograma de um jeito fácil 2 Facilitando Eletro Eletrocardiograma de um jeito fácil facilitandoeletro@gmail.com Instagram - @facilitandoeletro Telegram: t.me/facilitandoeletro ou ECG Facilitando Eletro por Matheus de Freitas Este material é componente do curso de eletrocardiograma Facilitando Eletro. Conheça mais em nossas redes sociais acima. RESUMO – ISQUEMIAS AGUDAS 1) SÍNDROME CORONARIANA AGUDA 2) ANATOMIA CORONARIANA 3) CONCEITOS GERAIS E DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL 4) DEFINIÇÃO DE INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO (IAM) 5) PAREDES 6) IAM DE VENTRÍCULO DIREITO 7) IAM DE PAREDE POSTERO DORSAL 1) SÍNDROME CORONARIANA AGUDA (SCA) Síndrome coronariana aguda se refere ao diagnóstico clínico que corresponde a dor torácica ou possível equivalente isquêmico, sendo que a provável origem é uma obstrução ou semi oclusão coronariana. Possui diagnóstico eminentemente clínico, sem depender de exames complementares. É composto por três grandes grupos: angina instável, infarto agudo do miocárdio (IAM) com supra do segmento ST (IAMCSST) e IAM sem supra de ST (IAMSSST). Para fazer essa diferenciação, agora, é necessário que seja realizado exames complementares como o eletrocardiograma e mailto:facilitandoeletro@gmail.com 3 marcadores de lesão miocárdica. O IAMCSST, por definição, possui seu diagnóstico dado quando o paciente possui clínica compatível e a presença de um SUPRA do segmento ST que seja atribuível ao infarto. Isso é importante pois existem inúmeras causas de supra de ST – fazer essa diferenciação é fundamental. O IAMSSST é diagnosticado no paciente com clínica compatível, que apresenta qualquer achado no ECG que não seja o supra de ST, sendo que há elevação das enzimas de lesão miocárdica, como a troponina. A angina instável é um diagnóstico, até certo ponto, retrospectivo pois é dado quando o paciente possui clínica compatível, mas o ECG não demonstrou supra do segmento ST e não foi vista elevação das enzimas de lesão miocárdica. Atenção: quando o paciente possui uma clínica compatível, ele recebe o diagnóstico de SCA. O ECG deve ser seriado para que “tente se provar que se trata de um IAMCSST”. Enquanto isso, as enzimas também são solicitadas de forma seriada. “Só se encaixa em angina instável quando tento provar a todo custo que é outra coisa solicitando os exames de forma seriada, mas não consigo dar outro diagnóstico”. Deve ser assim para que, em algum momento, possa ser flagrado uma entidade da SCA que possui maior gravidade, como IAMCSST, e, portanto, dar tratamento adequado o mais rápido possível. Como visto, o ECG assume principal importância no infarto agudo COM SUPRA DO SEGMENTO ST. O eletrocardiograma é fundamental para esse diagnóstico e, por isso, abordaremos com maior ênfase o IAM com supra de ST. 2) ANATOMIA CORONARIANA Uma breve revisão: O coração é irrigado por duas artérias coronarianas: artéria coronária direita (CD) e artérias coronária esquerda (CE). 4 Da CD saem as artérias que irrigam o nó sinusal e nó AV. Também, ramos que vascularizam o ventrículo direito. Da CE saem dois ramos principais: descendente anterior (DA) e circunflexa (Cx). A DA leva sangue para a parede anterior do VE e septo. A Cx, para a parte lateral do ventrículo esquerdo. A Região inferior do coração é vascularizada pela artéria descendente posterior. Em 70% das pessoas, essa artéria é uma continuação da artéria direita. Demais, ela é um ramo da Cx. Podemos estudar a vascularização do coração com maior nível de detalhes, no entanto, perderíamos o teor de resumo do texto. Observe o esquema abaixo para melhor compreensão: 3) CONCEITOS GERAIS E DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Existem vários achados no eletrocardiograma que se relacionam a isquemia aguda. Vale lembrar que durante um episódio isquêmico qualquer manifestação no ECG se torna possível, como taquiarritmias, bradiarritmias, bloqueios de ramo, bloqueios átrio ventriculares etc etc etc. Alguns achados são mais específicos de isquemias, como a simetria da onda T, inversão da onda T, infradesnivelamento do segmento ST e supradesnivelamento do segmento ST. A gênese de cada alteração está embasana em alguma variação da despolarização e repolarização normal do coração. Mais detalhes serão dados em aula. Para o momento é importante que saiba alguns conceitos básicos e seu significado: supra do segmento ST – também chamado de 5 corrente de lesão transmural ou epicádica; surge quando ocorre uma obstrução completa de uma coronária. Infra de ST – corrente de lesão subendocárdica; relaciona-se a isquemia, porém sem lesão completa da coronária (há uma excessão – abordaremos mais a frente). Onda T simétrica, positiva ou negativa – relaciona-se a dificuldade de repolarização devido a isquemia. Na história do IAMCSST normalmente se inicia com a presença de uma isquemia, sendo que pode não ser traduzido como supra do segmento ST num primeiro momento. Possivelmente, nos primeiros minutos ainda não houve obstrução completa da coronária ou ainda não deu tempo para surgir o padrão clássico. Caso haja uma obstrução total, ocorrerá a elevação do seguimento ST nas derivações que melhor registram a atividade elétrica daquela parede miocárdica. Caso o paciente não seja reperfundido, após certo tempo de hipóxia, tecido miocárdio começa a morrer, gerando uma área que não despolariza, representado no ECG como a presença de “onda q patológica” – estudaremos adiante. Dessa forma, podemos dividir o IAM em fases clínicas: hiperaguda – fase que se inicia com o começo da dor a poucas horas. Os achados mais comuns são: onda T simétrica, podendo ser concordante ou discordante do QRS (a depender da fase mais isquêmica), infra do segmento ST ou mesmo um supra de pequena amplitude. Caso se trate de um IAM com supra, o supra de ST surge, juntamente com a inversão da onda T – esses achados são mais encontrados na fase aguda do IAM. Após horas a poucos dias, os achados mais encontrados na fase subaguda à crônica são a diminuição do supra de ST, diminuição da onda R (menos tecido despolarizando), surgimento de onda q patológica, indicado morte tecidual. Após poucos dias, o segmento ST retorna ao normal, mas permanece com a onda T 6 invertida. Dias depois, a onda T retorna próximo ao normal, restando como uma marca, como uma cicatriz a presença da onda q patológica e diminuição da onda R. Vale lembrar que essa é a sequência comumente encontrada no IAM com supra ST. Mas não há como saber qual o paciente com dor torácica evoluirá com o supra de ST – por isso é fundamental que seja seriado o ECG de tempos em tempos para que o supra talvez possa ser flagrado em algum momento da evolução desse paciente. O ECG deve ser feito e interpretado em até 10min da apresentação do paciente no hospital. Existem protocolos que sugerem que o ECG seja seriado da seguinte maneira: 10min, 20min, 30min, 1h, 3h, 6h, 9h, 12h. Vale lembrar que ECG é um exame barato e de fácil execução! Faça ECG o quanto quiser. O que jamais pode ser feito é deixar de seriar o ECG. Possivelmente o paciente não apresentará supra de ST durante essa série, ficando como possível diagnóstico o IAM sem supra de ST ou angina instável. A diferenciação será feita com marcadores de lesão: a angina instável não cursa com elevação substancial dos marcadores. Diagnóstico diferencial: Durante as aulas do curso, várias causas de supra do seguimento ST são elencadas. É importante citar algumas delas, de modo que você possa relembrar; na aula “ISQUEMIAS 1” é mostrado várias causas de supra de ST e como diferenciá-las do IAMCSST.Algumas delas: pericardite, repolarização precoce, bloqueio de ramo esquerdo, hipertrofia ventricular esquerda, hipercalemia, aneurisma ventricular, angina de prinzmetal, Síndrome de Takotsubo, pré excitação ventricular e muitas mais outras possíveis causas. É importante que saiba fazer essa diferenciação. 7 4) DEFINIÇÃO DE INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO (IAM) Defini-se como infarto, conforme a Quarta Definição Universal do Infarto: 4º Definição Universal de Infarto do Miocárdio 1 – (CSST) - Elevação do segmento ST no ponto J ( ≥ 1mm – salvo V2 e V3) em duas derivações relacionadas. Em V2 e V3 H < 40 anos - ≥ 2,5 mm H ≥ 40 anos - ≥ 2,0 mm M (qualquer idade) - ≥ 1,5 mm 2 – Depressão do ST horizontal ou descendente ≥ 0,5mm em duas derivações relacionadas e/ou inversão de T ≥ 1mm em complexo com onda R ampla ou R/S > 1. Defini-se como ponto J o ponto imediatamente ao final do QRS. A elevação do ponto J em V2 e V3 necessita que seja um pouco maior para que seja considerado IAMCSST conforme sexo e idade. Isso ocorre pois é comum encontrar supra de ST nessas derivações de forma benigna. O item “2” descreve possíveis alterações encontradas em momentos de isquemia. Lembre que o que define infarto é o supra de ST ou elevação de marcadores, juntamente com clínica compatível. Logo, o achado eletrocardiográfico do IAM sem supra de ST é: qualquer achado que não seja um supra de ST. O que define IAM sem supra é a elevação dos marcadores de necrose na ausência de supra de ST, não importanto se há ou não infra de ST ou se a onda T está invertida ou não. 5) PAREDES Parede se refere a uma topografia específica que normalmente é vascularizada por uma determinada artéria e que pode analisada por um conjunto de derivações, cujos eletrodos exporadores ficam estrategicamente posicionados. 8 É de FUNDAMENTAL importância conhecer as paredes e as derivações que a compõe. Vamos a elas: Observe os esquemas acima para melhor compreensão. A definição de infarto considera a presença do supra, entre outros critérios, quando presente em no mínimo duas derivações relacionadas, logo, duas derivações da mesma parede, como o supra em D2 e D3 – parede inferior, ou D1 e aVL – parede lateral alta etc PAREDE DERIVAÇÕES Septal V1 a V2 Anterior V3 a V4 Anteroseptal V1 a V4 Anterior extenso V1 a V6 e D1 a aVL Anterolateral V4 a V6 e D1 a aVL Lateral D1, aVL, V5 e V6 Posterolateral V7 a V9 (imagem em V1 e V2) Inferior D2, D3 e aVF Inferoposterior D2, D3 e aVF + imagem em V1 e V2 Ventrículo direito (VD) V3R e V4R 9 IMAGEM EM ESPELHO ou ALTERAÇÃO RECÍPROCA O supra de ST pode ter inúmeras causas. Uma das possíveis formas de aumentar a acurácia do supra para infarto, é encontrar uma imagem em espelho. O que seria isso: quando existe supra de ST numa parede, é comum e esperado que haja infra de ST em uma parede em topografia oposta a primeira. Quando o supra de ST é em parede inferior, é comum ser encontrado infra de ST em parede lateral alta ou anterior. Quando anterior ou lateral, é esperado um infra de ST em parede inferior. Observe o esquema simplificado abaixo: Derivações em topografias opostas registram atividades opostas. 10 Vamos a alguns traçados: IAM com supra de ST em parede ânterosseptal (V1 a V4), já com presença de onda q patológica – o que indica presença de morte tecidual. Também, um infra de ST em parede inferior – imagem em espelho. Presença de fibrilação atrial, bloqueio de ramo direito e IAMCSST de parede inferior, com imagem em espelho em parede anterior e lateral. (Ainda estudaremos mais sobre o infra ST V1 – V2 e seu possível significado). 11 Bloqueio átrio-ventricular total, com escape ventricular baixo, FC 30bpm, associado a um IAMCSST em parede inferior (D2, D3 e aVF) e imagem em espelho de parede lateral e anterior. IAMCSST de parede lateral alta (D1 e aVL) e imagem em espelho em derivações inferiores. 12 6) IAM DE VD Cerca de 30% dos IAMCSST de parede inferior também cursam com acometimento do ventrículo direito. Quando ocorre esse acometimento, é comum que seja encontrado algumas peculiaridades como choque cardiogênico sem que o pulmão esteja congesto. É necessário que se saiba que, quando ocorre acometimento do ventrículo direito, pouco sangue é bombeado ao pulmão e ventrículo esquerdo. A gênese desse choque está na pré carga diminuída, assim, qualquer droga que possa diminuir ainda mais a pré carga deve ser evitada ou substituída, como vasodilatadores, nitratos, opioides etc. A conduta adjacente a reperfusão é a administração de fluidos cristaloides. Portanto, é necessário que seja investigado se houve acometimento do VD em caso de IAMCSST de parede inferior. Isso é feito solicitando-se as derivações V3R e V4R (veja a aula sobre derivações). O supra de 0,5mm nessas derivações já caracteriza acometimento do VD e a contuda deve ser direcionada para esse caso. Traçado de V3R e V4R com supra de ST, demonstrando acomentimento do ventrículo direito. 7) ACOMETIMENTO DORSAL É possível que o paciente tenha um IAM com supra ST na região dorsal do coração. Esse IAM irá se manifestar como um infra do 13 segmento ST em V1 e V2, que são derivações que se localizam no tórax anterior. Sempre que é visto um infra de ST em V1 e V2 é necessário que se faça as derivações V7 – V9 (veja a aula sobre derivações) afim de se procurar possível supra de ST nestas. Quando encontrado supra ST 0,5mm, esse acometimento é confirmado, de modo que a conduta deve ser rapidamente estabelecida. Esse achado é comumente acompanhado de IAMCSST de parede inferior, mas pode vir isolado. Assim, o paciente pode ter um infra ST em parede septal e não receber tratamento adequado para um possível supra, uma vez que ainda não foi feita as derivações V7 – V9 – ao se encontrar infra em V1 - V2, V7 a V9 devem ser soliditadas. ➔ O tema isquemias agudas é muito grande, sendo que essa apostila se reserva a oferecer um resumo sobre os principais tópicos do assunto, de forma mais objetiva para o INTENTIVÃO de ECG. Recomendo que compreenda bem os assuntos expostos pela sua imensa importância e, caso queira complementar o assunto, deixarei listado aqui abaixo alguns tópicos a serem estudados. Vale lembrar que todos eles são abordados de forma detalhada no curso completo ECG Fundamental – Facilitando Eletro. a) ISQUEMIA GLOBAL b) SÍNDROME DE WELLES c) COMPLEXO ST-T DE WINTER d) DIAGNÓSTICO DE IAM COM SUPRA ST NA PRESENÇA DE BLOQUEIO DE RAMO ESQUERDO e) CRITÉRIOS DE REPERFUSÃO f) ZONA ELÉTRICA INATIVA 14 Este resumo é vinculado ao curso ECG Fundamental – Facilitando Eletro (contatos na pág 2). Idealizado por Matheus de Freitas, interno do 6ºano do curso de medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Supervisão e referência: Dr Nestor Rodrigues – ECG Ciência e Aplicação Clínica, 2016. Referência recomendada: NETO O. N. R. ECG - Ciência e aplicação clínica. 1. ed. São Paulo: Sarvier, 2016 15
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