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Princípio da proteção

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1. PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO AO TRABALHADOR
“Podemos identificar duas categorias de princípios aplicáveis no Âmbito do direito do trabalho: os princípios constitucionais do direito do trabalho e os princípios infraconstitucionais do direito do trabalho”.[footnoteRef:1] [1: LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito do Trabalho.11º ed. São Paulo: Saraiva, 2019, p.128.] 
A primeira categoria são princípios previsto na constituição e que podem ser utilizado em qualquer ramo do direito, quanto os infraconstitucionais e não previstos na constituição, são princípios específicos ao direito do trabalho que poderão ser usados na falta de disposições legais ou contratuais.
Nos termos do artigo 8º da CLT:
Art. 8º - As autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na falta de disposições legais ou contratuais, decidirão, conforme o caso, pela jurisprudência, por analogia, por eqüidade e outros princípios e normas gerais de direito, principalmente do direito do trabalho, e, ainda, de acordo com os usos e costumes, o direito comparado, mas sempre de maneira que nenhum interesse de classe ou particular prevaleça sobre o interesse público[footnoteRef:2]. [2: BRASIL. Decreto-lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943. Aprova a Consolidação das Leis do Trabalho. Palácio do Planalto, Rio de Janeiro, RJ, 1 maio 1943. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm>. Acesso em: 28 set. 2020.] 
Nesse capítulo será dado maior importância a um dos principais princípios do direito do trabalhos: o princípio da proteção que constitui a origem desse direito com o objetivo de igualar juridicamente o empregado e empregador.[footnoteRef:3] [3: LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito do Trabalho.11º ed. São Paulo: Saraiva, 2019, p.138.] 
No entendimento de Maurício Godinho Delgado:
Princípio da Proteção — Informa este princípio que o Direito do Trabalho estrutura em seu interior, com suas regras, institutos, princípios e presunções próprias, uma teia de proteção à parte vulnerável e hipossuficiente na relação empregatícia — o obreiro —, visando retificar (ou atenuar), no plano jurídico, o desequilíbrio inerente ao plano fático do contrato de trabalho.[footnoteRef:4] [4: DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 18º ed. São Paulo: LTr, 2019, p. 233.] 
Depreende- se que conforme o nome, tal princípio tenta garantir a proteção do empregado na esfera material e processual, a fim de estabilizar a relação contratual para que ambas as partes sejam beneficiadas. Esse princípio se subdivide em três: in dubio pro operario, norma mais favorável e condição ou cláusula mais benéfica.
3.1. PRINCÍPIO IN DUBIO PRO OPERARIO
Refere- se a um princípio que auxilia a interpretação na norma trabalhista em favor do trabalhador. Quando existe uma única norma que tem intepretação diversa, deve- se adotar a intepretação a que mais favoreça a parte vulnerável, ou seja, o trabalhador. [footnoteRef:5] [5: LEITE, op. cit., p. 138.] 
Para o doutrinador Luciano Martinez.
O princípio da avaliação interpretativa in dubio pro operário baseia-se no mandamento nuclear potestivo, segundo o qual diante de uma única disposição suscetível interpretações diversas e ensejadora de dúvidas, há que aplicar aquela que seja mais favorável ao trabalhador.[footnoteRef:6] [6: MARTINEZ, Luciano. Curso de Direito do Trabalho. 11º ed. São Paulo: Saraiva, 2020, p. 111- 112.] 
Importa exemplificar com a vedação do art.10, II, “b”, do ADCT da dispensa sem motivo da gestante desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o parto, a dúvida que surge é de quando será a confirmação da gravidez, será: desde a comunicação para o empregador; desde a data provável da fecundação etc. Utilizando o princípio in dubio pro operário quando existir diversas interpretações, essa regra protege a empregada com a intepretação da data mais provável da fecundação.[footnoteRef:7] [7: LEITE, op. cit., p.138.] 
Quanto s aplicação do princípio no processo do trabalho na interpretação de provas não se tem um entendimento pacífico para doutrinadores. 
Na concepção de Martinez 
[...] o in dubio pro operário não foi criado para ser aplicado na interpretação da prova no processo do trabalho. Sustenta- se isso porque a prova deve ser avaliada segundo o princípio da persuasão racional e de acordo com a distribuição do ônus probatório. Rigorosamente, não há prova dividida; pode haver, sim, prova mal avaliada.[footnoteRef:8] [8: MARTINEZ, Luciano. Curso de Direito do Trabalho. 11º ed. São Paulo: Saraiva, 2020, p. 112.] 
	Leite também compartilha do pensamento que não se deve aplicar o princípio no processo na instrução probatória, pois art. 818, CLT e 373 do CPC já tem método próprio, atribuindo ao juiz o poder da inversão do ônus da prova.[footnoteRef:9] [9: LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito do Trabalho.11º ed. São Paulo: Saraiva, 2019, p.140.] 
3.2. PRINCÍPIO DA NORMA MAIS FAVORÁVEL
“Cuida-se de princípio que informa a aplicação da norma trabalhista. Vale dizer, existindo mais de uma norma no ordenamento jurídico versando sobre direitos trabalhistas, prevalecerá a que mais favoreça o empregado”. [footnoteRef:10] [10: LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito do Trabalho.11º ed. São Paulo: Saraiva, 2019, p.140.] 
Maurício Godinho Delgado explica o princípio como:
[...] informa esse princípio que, no processo de aplicação e interpretação do Direito, o operador jurídico, situado perante um quadro de conflito de regras ou de interpretações consistentes a seu respeito, deverá escolher aquela mais favorável ao trabalhador, a que melhor realize o sentido teleológico essencial do Direito do Trabalho.[footnoteRef:11] [11: DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 18º ed. São Paulo: LTr, 2019, p. 235.] 
	Cabe ressaltar que o Direito do Trabalho adota a teoria dinâmica da hierarquia, assim a norma superior será o princípio da norma mais favorável e não a constituição.[footnoteRef:12] [12: LEITE, op. cit., p. 140.] 
Assim, este princípio garante que, havendo duas ou mais regras aplicáveis, o legislador deve escolher a regra que mais beneficia a parte mais fraca da relação, ou seja, o trabalhador.
3.3. PRINCÍPIO DA CONDIÇÃO MAIS BENÉFICA
	
O princípio da condição mais benéfica concerne à aplicação da norma Trabalhista.[footnoteRef:13] Desse modo, caso tenha uma condição ou cláusula contratual preexistente que seja mais benéfica, essa [13: LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito do Trabalho.11º ed. São Paulo: Saraiva, 2019, p.149.] 
triunfará frente a que sobrevier.
	Para Delgado “Este princípio importa na garantia de preservação, ao longo do contrato, da cláusula contratual mais vantajosa ao trabalhador, que se reveste do caráter de direito adquirido (art. 5º, XXXVI, CF/88)”.[footnoteRef:14] [14: DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 18º ed. São Paulo: LTr, 2019, p. 238.] 
	“As Súmulas 51 e 288 do TST reconhecem a aplicação do princípio da condição mais benéfica nos sítios do direito do trabalho”.[footnoteRef:15] [15: LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito do Trabalho.11º ed. São Paulo: Saraiva, 2019, p.150.] 
	As súmulas 51 e 288 do TST declararam:
Súmula nº 51 do TST
NORMA REGULAMENTAR. VANTAGENS E OPÇÃO PELO NOVO REGULAMENTO. ART. 468 DA CLT (incorporada a Orientação Jurisprudencial nº 163 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005
I - As cláusulas regulamentares, que revoguem ou alterem vantagens deferidas anteriormente, só atingirão os trabalhadores admitidos após a revogação ou alteração do regulamento. (ex-Súmula nº 51 - RA 41/1973, DJ 14.06.1973)
II - Havendo a coexistência de dois regulamentos da empresa, a opção do empregado por um deles tem efeito jurídico de renúncia às regras do sistema do outro. (ex-OJ nº 163 da SBDI-1 - inserida em 26.03.1999). [footnoteRef:16] [16: BRASIL. Tribunal Superior do trabalho. Súmula n.51. Norma regulamentar. Vantagens e opção pelo novo regulamento. In ______. Súmulas. Súmulas da jurisprudência uniforme
do Tribunal Regional do Trabalho, Brasília, DF,20,22,25 abr. 2003. Disponível em:< http://www3.tst.jus.br/jurisprudencia/Sumulas_com_indice/Sumulas_Ind_51_100.html#SUM-51>. Acesso em: 28 set.2020.] 
Súmula nº 288 do TST 
COMPLEMENTAÇÃO DOS PROVENTOS DA APOSENTADORIA (nova redação para o item I e acrescidos os itens III e IV em decorrência do julgamento do processo TST-E-ED-RR-235-20.2010.5.20.0006 pelo Tribunal Pleno em 12.04.2016) - Res. 207/2016, DEJT divulgado em 18, 19 e 20.04.2016
I - A complementação dos proventos de aposentadoria, instituída, regulamentada e paga diretamente pelo empregador, sem vínculo com as entidades de previdência privada fechada, é regida pelas normas em vigor na data de admissão do empregado, ressalvadas as alterações que forem mais benéficas (art. 468 da CLT).[footnoteRef:17] [17: BRASIL. Tribunal Superior do trabalho. Súmula n.288. Complementação dos proventos da aposentadoria. In ______. Súmulas. Súmulas da jurisprudência uniforme do Tribunal Regional do Trabalho, Brasília, DF,19-20 abr.2016. Disponível em: http://www3.tst.jus.br/jurisprudencia/Sumulas_com_indice/Sumulas_Ind_251_300.html#SUM-288. Acesso em: 28 set. 2020.] 
Conclui- se, que “em face de qualquer subsequente alteração menos vantajosa do contrato ou regulamento de empresa (evidentemente que a alteração implementada por norma jurídica submeter-se-ia a critério analítico distinto)”.[footnoteRef:18] [18: DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 18º ed. São Paulo: LTr, 2019, p. 238.] 
Desse modo, verifica-se que a importância desses princípios pode corrigir inúmeras injustiças cometidas nas relações de trabalho, com vistas à igualdade na justiça social e à melhoria das relações de trabalho para um futuro harmonioso.

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