Prévia do material em texto
Administração de Conflitos/ Unidade 1: Natureza, reações, tipos e níveis de conflitos 1 Administração de Conflitos Natureza, reações, tipos e níveis de conflitos Administração de Conflitos/ Unidade 1: Natureza, reações, tipos e níveis de conflitos 2 N enhum ser humano é igual ao outro. Cada um tem um modo de pensar e agir. Essa maneira distinta de ser é resultado de experiências diferentes, vivenciadas ao longo da vida. A diversidade humana resulta em formas igualmente distintas de enxergar situações, fato que, aliado à convivência entre duas ou mais pessoas, pode gerar conflitos. Entretanto, se o convívio entre os seres humanos pode originar conflitos, é ele também que proporciona aos indivíduos a troca de ideias e de conhecimento. Os conflitos são ocorrências cotidianas existentes desde o início da humanidade e fazem parte do processo de evolução da sociedade. Nesse sentido, podemos afirmar que a ausência de conflitos não significa, necessariamente, que não existem problemas. Na verdade, conflito não é problema se acarretar um resultado favorável às pessoas nele envolvidas! É nesse contexto que surge o conceito de mediação de conflitos, que veremos ao longo deste curso. Nesta unidade, entenderemos como surgem os conflitos, os diversos tipos e níveis de conflitos, além de estudarmos formas de lidar com eles de maneira a favorecer as relações interpessoais. Nosso objetivo é entender que o conflito não é um problema e que, administrando-o, obteremos resultados melhores do que se considerássemos que o conflito não existe, ou se tentássemos anulá-lo. Introdução Administração de Conflitos/ Unidade 1: Natureza, reações, tipos e níveis de conflitos 3 Conflito: o que é? M uito se tem estudado sobre o que caracteriza o conflito. E, com o passar do tempo, esse conhecimento foi se aperfeiçoando. Por isso, neste tópico do curso, começaremos analisando o conceito de conflito. Afinal, precisamos entender sobre o que estamos falando! Na sequência de nosso estudo, abordaremos o conflito sob uma perspectiva positiva, visando ampliar nossa capacidade de ação nas relações profissionais. Conflito: conceito e visões Conflito, em geral, é visto como um problema a ser evitado ou, caso ocorra, a ser banido do ambiente de convivência. Nos dicionários da língua portuguesa, o significado de conflito aponta para palavras como problema, atrito, luta, briga, embate, entre outras com similar conotação. A conceituação de conflito está comumente associada a algo negativo. Existem três visões distintas sobre conflito. Robbins, um especialista na área de Gestão, classifica conflito em abordagem tradicional, abordagem das relações humanas e abordagem interacionista. Vejamos mais sobre as visões de conflito: a) Tradicional: é a abordagem mais antiga sobre o conflito, tendo prevalecido durante as décadas de 1930 e 1940. A existência de conflito significava algo ruim e contraprodutivo; portanto, algo que deveria ser sempre evitado. b) Relações humanas: do fim de 1940 até meados de 1970, passou-se a entender que o conflito era natural nas organizações, e devia ser aceito. Começou-se a encarar o conflito como algo não necessariamente ruim, mas com alguns aspectos positivos. c) Interacionista: esta abordagem mais recente assume que conflitos são indispensáveis para a evolução do desempenho de uma equipe e que, assim, não são necessariamente negativos; ao contrário, podem ser benéficos. Administração de Conflitos/ Unidade 1: Natureza, reações, tipos e níveis de conflitos 4 Sobre a origem dos conflitos, podemos afirmar que: é preciso que haja duas ou mais pessoas envolvidas em uma situação para caracterizar um conflito; a denominação de conflito depende de como as partes envolvidas percebem a situação; a maioria dos conflitos está relacionada a posicionamentos divergentes das partes envolvidas em relação à situação. Podemos concluir, então, que os conflitos originam-se principalmente de relacionamentos entre duas ou mais pessoas. Podem ocorrer entre equipes, entre uma organização e uma equipe e de várias outras formas. A seguir, veremos os principais tipos de conflitos relacionados à vida profissional. Administração de Conflitos/ Unidade 1: Natureza, reações, tipos e níveis de conflitos 5 Visão positiva do conflito Para Robins, a abordagem interacionista, mais utilizada atualmente, indica que conflito não pode ser definido isoladamente como algo bom ou ruim; a natureza do conflito e a forma de lidar com ele é que determinarão se será benéfico ou não para as pessoas nele envolvidas e, no caso dos conflitos dentro de empresas, para a organização. O conflito foi, durante muito tempo, banido do ambiente organizacional em troca de uma suposta “ordem”. Se não havia conflito, tudo corria bem. O objetivo era tornar os pensamentos homogêneos, evitando quaisquer divergências entre as equipes. Com o tempo, percebeu-se que grupos que pensam da mesma forma podem não ter conflitos, mas também podem acabar não trocando conhecimento por terem ideias muito parecidas. O conflito pode ser fonte de ideias novas, levar a discussões que podem ser produtivas e ajudar a pensar sob novas perspectivas. Administração de Conflitos/ Unidade 1: Natureza, reações, tipos e níveis de conflitos 6 Perceba que a administração de conflitos consiste exatamente na escolha e na implementação das estratégias mais adequadas para lidar com cada tipo de situação. Vejamos um exemplo sobre as implicações da negação dos conflitos nas relações de trabalho. Eu não concordo! Eu não concordo! Eu não concord o! É a m elhor opção ! Isso não vaidar certo! Calma, pessoal! Vamos entrar num acordo... Eu não concord o! Eu não concordo! Tudo isso é muito desconfortável! Não vou mais organizar reuniões com os professores. É melhor não mudar nada. Nesse horário, a sala de musculação está sempre lotada! Os instrutores não dão conta. Você sempre tão avessa a qualquer divergência, acaba não dando abertura para os funcionários fazerem críticas... Opa! Aluno insatisfeito. Entendo. Podemos resolver! Só precisamos... blá, blá, blá, blá, blá blá, blá... Ouvi sua conversa com um aluno. Adorei suas ideias, Cláudio! A academia está cheia Cláudio. Obrigada por abrir meus olhos! Percebi que o meu comporta- mento estava sendo ruim para a evolução da equipe. Ao repelir qualquer possibilidade de conflito, acabei impe- dindo que houvesse melhorias a partir da troca de ideias. Por que nunca me falou? ...blá, blá blá, blá... vol 96.1 FM Andrea coordenava uma equipe de professores em uma academia de ginástica. Era uma pessoa tranquila e encarava conflitos como desperdício de tempo e de energia. Tentou, algumas vezes, promover reuniões com os professores, a fim de ouvir sugestões. Nessas ocasiões, não era raro que os funcionários divergissem em suas opiniões. Administração de Conflitos/ Unidade 1: Natureza, reações, tipos e níveis de conflitos 7 Agora que temos uma compreensão melhor do que estamos chamando de conflito, é importante identificar as diferenças existentes em cada situação de crise. Isso ajudará a elaborar estratégias adequadas em busca de uma boa mediação. No exemplo relatado é possível notar diferentes modos de organizar as relações interpessoais. Andrea percebeu que sua aversão a divergências impedia que os funcionários fizessem críticas ao negócio. O que ela considerava como possibilidade de conflitos era, na verdade, uma proveitosa troca de ideias que poderia colaborar com o trabalho de todos. Quando você estiver em uma situação de aparente conflito, não se aborreça. Reflita e analise se os resultados podem ser positivos! Muitas vezes, é a partir de um conflito que surgem novas ideias e as pessoas enxergam oportunidades para trocar conhecimento e opiniões. Não se limite a enxergar os fatos apenas ao seu modo. Importante Administração de Conflitos/ Unidade 1: Natureza, reações, tipos e níveisde conflitos 8 E xistem diferentes classificações de tipos de conflitos. Em nosso estudo, utilizaremos a classificação que organiza os conflitos em interpessoais, organizacionais e intrapessoais ou interno, de acordo com Schermerhorn, Hunt e Osborn, especialistas da área de Gestão. As situações de conflito se caracterizam pelo modo como a crise se manifesta, ou seja, como os participantes percebem o que está acontecendo. Identificar o tipo de conflito que se vive é a primeira tarefa no processo de administração de conflitos. São eles: Tipos de conflitos Não tome essas três definições como categorias absolutas. Elas apenas fornecem indicativos para pensar as situações vividas por você! Nem sempre é possível definir exatamente um tipo de situação de conflito. Vamos descrever três configurações de conflitos que servirão de parâmetros para analisar as situações que vivemos no cotidiano das relações de trabalho. conflito interpessoal; conflito organizacional; conflito intrapessoal. Administração de Conflitos/ Unidade 1: Natureza, reações, tipos e níveis de conflitos 9 Conflito interpessoal É o tipo mais comum e o que abordaremos com mais frequência neste módulo. É o conflito que ocorre entre dois ou mais indivíduos. Esse tipo de conflito geralmente surge de falhas na comunicação, divergência de opiniões ou estresse, entre outras situações. Ocorre principalmente quando uma necessidade não apresenta conformidade com o desejado. Vamos conhecer melhor as necessidades geradoras de conflito. Necessidade de valorização Demanda do indivíduo por ser reconhecido profissionalmente pelo seu trabalho. Quando o sentimento de ser valorizado não está presente, aumentam as chances de a pessoa entrar em conflito com as demais. Necessidade de controle Demanda do indivíduo de estar sempre no controle da situação. Quando não se sente assim, tende ao estresse. Necessidade de autoestima Se o indivíduo tem problemas com sua autoestima, facilmente tenderá a entrar em conflito com outras pessoas. Está naturalmente mais propenso a essa situação. Administração de Conflitos/ Unidade 1: Natureza, reações, tipos e níveis de conflitos 10 Necessidade de coerência Quando um chefe, por exemplo, erra e não admite seu erro, esse fato tende a causar em seu funcionário um sentimento de injustiça, pois não houve coerência. A pessoa sabe que errou, mas tem dificuldade em admitir, o que pode gerar conflitos. Quando uma das necessidades apresentadas não é respeitada, o indivíduo fica propenso a entrar em conflito com outro. Conflito organizacional É o tipo de conflito que ocorre nas organizações, em geral em razão de estresses decorrentes de mudanças no ambiente, prazos, limitação de recursos, entre outros. Do mesmo modo, é frequente a ocorrência desse tipo de conflito em virtude de falhas na comunicação, assim como nos conflitos interpessoais. Por causa da relação desse tema com a gestão de pessoas, dedicaremos um capítulo inteiro deste curso ao assunto. Entre os conflitos organizacionais, destacamos os conflitos entre equipes. Esses podem ocorrer por causa de metas não alinhadas entre vários departamentos, quando o trabalho de um depende do de outro. Administração de Conflitos/ Unidade 1: Natureza, reações, tipos e níveis de conflitos 11 Conflito intrapessoal ou interno Há também o conflito chamado de intrapessoal ou interno, que na verdade é aquele originado por questões pessoais, de família, de valores. Nesse sentido, percebemos que é um equívoco desconsiderar as relações com as pessoas: todo conflito intrapessoal é também relacional. A diferença é que muitas vezes nos sentimos divididos, em dúvida, e não reconhecemos nossos próprios desejos e necessidades em meio a tudo o que a vida nos impõe. Nessas circunstâncias, o conflito que cada indivíduo não consegue resolver por si mesmo acaba transbordando para aquelas pessoas que estão próximas, sejam familiares, colegas de trabalho ou até desconhecidos. Identificar o conflito intrapessoal costuma possibilitar um olhar mais pragmático para as dificuldades que se manifestam em conflitos interpessoais e organizacionais. Conhecer os tipos de conflito nos ajuda a esclarecer com o que estamos lidando a cada situação de crise. Experimente se lembrar dos conflitos que você viveu ou presenciou em sua história e tente articular a sua experiência com os três tipos de conflito estudados. Que tipo de conflito você esta vivendo? Refletindo A seguir, abordaremos as formas como cada conflito se estrutura. A esse estudo denominamos Ciclo do conflito. Conflitos organizacionais precisam ser encaminhados com ações gerenciais, estratégicas, e não apenas com pequenas mudanças paliativas. Importante Administração de Conflitos/ Unidade 1: Natureza, reações, tipos e níveis de conflitos 12 P or mais que se desenvolvam esforços no sentido de eliminar o conflito, nem sempre isso é possível. Portanto, o que se faz necessário é conhecer o conflito, saber qual é sua amplitude e como estamos preparados para trabalhar com ele. Podemos encarar o conflito como um processo que funciona como um ciclo: ocorre a partir de uma sequência de fatos e, se não for solucionado, pode voltar a se repetir. Embora seja complexo definir o estágio exato em que um conflito se encontra, vale a pena conhecê-lo para entender de que forma um conflito evolui. Nem sempre, entretanto, será possível definir com clareza em que estágio está o conflito. Mais importante do que isso é ser capaz de entendê-lo como processo composto por cinco estágios. Leia o exemplo de uma situação de crise entre dois sócios. Com base no exemplo Estágios de Conflitos, as situações que identificam cada estágio ficarão mais evidentes. Vamos a esse estudo. O Ciclo do conflito Exemplo – Estágios de conflitos Tiago e Lucas são sócios em uma rede de lojas. O irmão de Lucas acabou de voltar ao Brasil, após um ano morando nos Estados Unidos, e deseja entrar na sociedade. Tiago não está sendo muito receptivo à ideia, apesar de nem ter total consciência disso e de não se opor claramente. Lucas acha que Tiago não confia em seu irmão e está começando a ficar desconfortável com a situação iminente. Contudo, nenhum dos dois tomou, ainda, a iniciativa de conversar sobre o assunto. Administração de Conflitos/ Unidade 1: Natureza, reações, tipos e níveis de conflitos 13 Conflito latente Não há um conflito declarado. As partes envolvidas ainda não têm consciência exata de que pode haver um conflito. Nesse momento, existem as causas, mas o conflito ainda não ocorreu. Esse é justamente o estágio em que se encontram Lucas e Tiago, no exemplo anterior. As partes envolvidas percebem que as causas anteriores, os “incômodos”, resultaram em uma situação onde há clara divergência de opiniões. Existe a percepção de que há um conflito, mas não houve uma “declaração” de sua existência até o momento. Aqui, ainda não está confirmado se ambas as partes enxergam que ele existe, de fato. No exemplo, o conflito passaria de latente para percebido no momento em que, por hipótese, Lucas indagasse Tiago sobre o real motivo de ele não ser simpático à entrada do irmão na sociedade. Deixaria de existir a causa do conflito para haver uma percepção real sobre ele. Conflito percebido 1 2 Administração de Conflitos/ Unidade 1: Natureza, reações, tipos e níveis de conflitos 14 Conflito sentido A tensão passa a ser percebida e começa a haver tentativas para reduzir a sensação de desconforto. As duas partes precisam chegar a um acordo: decidir se vão tentar ou não resolver o conflito. Considerando a situação mencionada, passaria ao estágio de conflito sentido se, por exemplo, Lucas inquirisse Tiago e este tentasse minimizar suas críticas no que diz respeito à entrada de um terceiro sócio. Trata-se do conflito declarado e, eventualmente, percebido por terceiros. Existe a tendência de que ele vá interferir na dinâmica da organização. No exemplo, oconflito manifesto poderia prejudicar a motivação da equipe de Lucas e Tiago. Como decorrência dos encaminhamentos dados, a situação sempre se desdobra. Voltemos ao exemplo: após explicitarem o conflito e as discordâncias, Lucas pressionou Tiago, e o sócio disse não querer o irmão de Lucas na sociedade, pois o acha inexperiente e um pouco preguiçoso. Lucas está irritado com o sócio por causa dessa reação e ambos têm discutido frequentemente, provocando nos funcionários da rede uma sensação de insegurança quanto ao futuro do negócio. Conflito manifesto 3 4 Administração de Conflitos/ Unidade 1: Natureza, reações, tipos e níveis de conflitos 15 Resolução ou supressão do conflito O conflito é administrado a fim de ser solucionado; ou, então, é suprimido, podendo voltar a ocorrer. Tiago poderia, para suprimir o conflito, aceitar a entrada do irmão de Lucas na sociedade. Esse incômodo poderia ser diluído, ou não, voltando a ocorrer o conflito. Causas do Conflito J á vimos que o conflito, por si só, não é necessariamente prejudicial a um ambiente de trabalho; tudo depende das razões que levam à divergência e da forma como o conflito será administrado. Saber identificar as causas do conflito é crucial para aprender, posteriormente, a lidar com ele. Vários autores classificam as causas dos conflitos, cada um ao seu modo. A maioria remete a situações no ambiente de trabalho que têm potencial para resultar em conflitos, seja por divergências de opinião, insatisfações e/ou falhas na comunicação. Na maioria das vezes, o conflito surge da percepção de desvantagem de uma das partes. 5 Agora que conhecermos o ciclo de conflitos, abordaremos, no próximo item de estudo, as causas dos conflitos. Administração de Conflitos/ Unidade 1: Natureza, reações, tipos e níveis de conflitos 16 As origens mais frequentes dos conflitos são: a) Conflito de fatos: tem origem na diferença de informações que duas pessoas possuem, ou na percepção de quem possui de uma realidade. Vejamos um exemplo. Exemplo – Conflito de fatos Situações em que as pessoas trabalham em uma mesma atividade, dependendo umas das outras; ou quando trabalham em uma mesma atividade, e uma das partes acredita que a outra tem mais con- dições de obter melhor resultado. Saber enxergar a causa que origina o conflito é o primeiro passo para aprender a lidar com ele. Lembre-se Administração de Conflitos/ Unidade 1: Natureza, reações, tipos e níveis de conflitos 17 d) Conflito de valores: remete às diferenças entre as pessoas e àquilo em que elas acreditam, seus princípios básicos. Exemplo: dilemas éticos. Exemplo – Conflito de objetivos Marcos e Gustavo trabalham juntos. Suas funções e atividades são interdependentes, ou seja, a tarefa de um depende da tarefa do outro. Marcos pretende desempenhar muito bem uma tarefa porque tem como objetivo ser promovido. Gustavo, porém, não se empenha da mesma forma, pois, em vez da promoção, está buscando outro emprego e se sente desmotivado no atual. Uma vez que não se empenha em suas tarefas, Gustavo compromete o trabalho de Marcos, pois, para executar algumas de suas tarefas, Marcos depende do trabalho do colega. As diferentes causas de conflitos implicam diferentes modos de lidar com a situação. Conflitos de valores, por exemplo, tendem a ser menos fáceis de administrar do que conflitos de fatos, que estão mais relacionados a pontos de vista, a formas de perceber a mesma situação. Reconhecer a origem, a natureza do conflito, é decisivo para aprender a administrá-lo. A seguir, veremos os níveis em que podemos viver os conflitos, em razão do modo como cada sujeito reage a eles. b) Conflito de comunicação: tem origem no processo de comunicação entre as pessoas. O potencial de conflito aumenta significativamente se há falhas na comunicação. Veremos um capítulo inteiro sobre esse assunto. c) Conflito de objetivos: diz respeito às diferenças entre duas ou mais pessoas que desempenham a mesma atividade, mas têm objetivos diferentes a alcançar. Nesse caso, o desempenho de uma impacta diretamente no trabalho da outra. Vejamos um exemplo. Administração de Conflitos/ Unidade 1: Natureza, reações, tipos e níveis de conflitos 18 Níveis do Conflito J á vimos que a gravidade do conflito está relacionada à forma de lidar com a situação. Para interferir, é fundamental atentar para o nível em que o conflito se encontra. Os conflitos podem surgir de uma pequena divergência e, se forem administrados, ser resolvidos facilmente. Em contrapartida, também podem atingir seu nível mais grave, tornando-se um conflito destrutivo. Agora você está convidado a participar de uma atividade referente a esse estudo. Para isso, acesse essa unidade de estudo do curso no ambiente virtual de aprendizagem. Agora é com você! Administração de Conflitos/ Unidade 1: Natureza, reações, tipos e níveis de conflitos 19 Discussão: estágio inicial do conflito, no qual a divergência é expressa de forma racional e objetiva. Nesse nível, o conflito tende a resultados positivos, a partir da exposição clara de ideias. Debate: estágio em que começam as generalizações. O grau de objetividade começa a diminuir. Façanhas: as partes envolvidas no conflito começam a mostrar grande falta de confiança no caminho ou alternativa escolhida pela outra parte. Imagens fixas: são estabelecidas imagens preconcebidas com relação à outra parte, resultado de experiências anteriores. Loss of face: a tradução dessa expressão (“ficar com a cara no chão”) significa ter uma postura de “continuo nesse conflito, custe o que custar”. Gera dificuldades para que uma das partes envolvidas se retire. Estratégias: começam a surgir ameaças e as punições ficam mais evidentes. A comunicação fica mais difícil. Falta de humanidade: aparecem comportamentos destrutivos; a ausência de sentimentos plausíveis é cada vez maior. Ataque de nervos: nessa fase, a necessidade de se autopreservar e se proteger passa a ser a única preocupação. A principal motivação é a preparação para atacar e ser atacado. Ataques generalizados: nesse nível, chega-se ao ataque físico. Uma das partes precisa se retirar, como se um ganhasse e o outro perdesse. Aqui, sim, o conflito assume o significado de “embate, luta, briga” que alguns dicionários lhe atribuem. 1 2 3 Vejamos cada um dos níveis de conflito: 4 5 6 7 8 9 Administração de Conflitos/ Unidade 1: Natureza, reações, tipos e níveis de conflitos 20 Todos os tipos de conflitos podem passar pelos vários níveis. Dependendo da forma com que se lida com eles, podem crescer e chegar até os níveis mais elevados, ou ser administrados e resultar em consequências benéficas. No próximo item de estudo, abordaremos as consequências dos conflitos. Consequências do conflito A pós analisar as causas do conflito e o nível em que ele se encontra, faz parte da administração de conflitos avaliar as consequências por ele provocadas. Ou seja, cabe identificar se as consequências foram positivas ou negativas. Consequências negativas As consequências negativas mais comuns, resultantes de conflitos, são: bloqueio da comunicação (para que não haja novos conflitos); desvio da atenção dos reais objetivos, colocando em perspectiva os objetivos dos grupos envolvidos no conflito e mobilizando os recursos e os esforços para a sua solução; contribuição para uma percepção estereotipada a respeito dos envolvidos no conflito. Administração de Conflitos/ Unidade 1: Natureza, reações, tipos e níveis de conflitos 21 Exemplo - A imagem de Daniel Daniel era um funcionário bem esforçado, mas tinha fama de “explosivo” na empresa. Houve uma época em que não era raro vê-lo se exaltando e sendo reprimido pelo chefe, mas, com o tempo, aprendeu a se controlar e melhorou bastante seu temperamento. Quando o chefe reuniu Daniel e a equipe para avisar que teria de demitir um terço do pessoal por causa de um corte degastos, Daniel argumentou, de forma equilibrada, que o corte poderia se dar em outras áreas da empresa que não no pessoal. Percebendo a resistência do patrão, ofereceu-se para fazer uma planilha e mostrar à diretoria onde havia desperdício de recursos, evitando, assim, as demissões. Daniel foi firme em seus argumentos, mas não perdeu o controle nem se exaltou. Apesar disso, o chefe não recebeu bem a proposta e pediu que se retirasse antes que a conversa terminasse em discussão. Mesmo estando bem mais calmo, Daniel acabou estereotipado (marcado, caracterizado) como brigão na empresa, e a iminência de um novo conflito colocou isso em evidência. Consequências Positivas As consequências positivas mais comuns resultantes de conflitos são: atenção redobrada aos problemas-chave; maior chance de inovação; maior abertura para ideias; socialização para as pessoas envolvidas no conflito; equilíbrio nas relações de poder dentro da organização; formação de alianças. Agora, vejamos um exemplo das consequências negativas do conflito. Observe, na situação descrita a seguir, como a imagem de Daniel estava prejudicada em virtude da participação dele em conflitos anteriores. Administração de Conflitos/ Unidade 1: Natureza, reações, tipos e níveis de conflitos 22 Exemplo – Solução e Inovação Dois funcionários de uma loja de artigos para casa mal se conheciam, apesar de trabalharem há anos na mesma empresa. Um deles era gerente da loja; o outro coordenava a equipe de entrega e montagem dos móveis. Um dia, o gerente recebeu uma reclamação de um cliente que não havia recebido seu móvel na data combinada. Ligou para a equipe de entrega e descobriu que eles não tinham incluído o referido cliente na rota do dia, mas que a entrega estava programada no sistema, como era o procedimento. Irritado, solicitou ao coordenador que o encontrasse na loja no fim do dia. Depois de esclarecerem o mal entendido, começaram a conversar sobre o sistema utilizado na loja, trocaram ideias sobre as falhas e sobre como poderiam tornar o sistema mais eficaz. O conflito inicial se dissipou e resultou em um novo procedimento de entrega de móveis, bem mais simples e eficaz para todos. Tenham efeitos positivos ou negativos, os conflitos podem ser considerados úteis pelo papel que desempenham na vida das pessoas. Lidar com o conflito implica trabalhar com grupos e tentar romper alguns dos estereótipos vigentes nas organizações. Veja um exemplo das consequências positivas do conflito. Observe, na situação descrita a seguir, como a evidência do conflito e a busca por soluções podem gerar crescimento significativo no ambiente de trabalho. Agora você está convidado a participar de uma atividade referente a esse estudo. Para isso, acesse essa unidade de estudo do curso no ambiente virtual de aprendizagem. Agora é com você! Administração de Conflitos/ Unidade 1: Natureza, reações, tipos e níveis de conflitos 23 Se cada ser humano é fruto das experiências pelas quais passa ao longo da vida, obviamente duas pessoas raramente têm a mesma visão acerca de um mesmo assunto e/ou situação. Tais divergências, frequentemente, levam a conflitos. No entanto, a existência de conflitos não está mais vinculada a problemas, e sim a uma necessidade de não acomodação. Dessa nova forma de entender conflitos, surge a chamada visão positiva do conflito. O conflito adquiriu novo status na sociedade: entende-se hoje que é por meio de visões distintas que novas ideias podem surgir. Com isso, a ausência total de conflito é que passou a ser enxergada de forma negativa, uma vez que não promover debates pode ser nocivo ao ambiente de trabalho. O que determina se um conflito terá resultados positivos ou não é a forma de lidar com ele. Na Unidade 2, que apresentará as formas de lidar com o conflito, veremos como isso se dá. Re su min do! Administração de Conflitos/ Unidade 2: Formas de lidar com o conflito 1 Administração de Conflitos Formas de lidar com o conflito Administração de Conflitos/ Unidade 2: Formas de lidar com o conflito 2 A dministrar conflitos não é evitá-los, acabar com eles ou simplesmente impedir que ocorram novamente. Administrar conflitos é aprender a lidar com as divergências, de modo a conseguir obter o que de melhor um conflito entre duas ou mais pessoas pode produzir. Entender quais são as formas de lidar com o conflito é essencial para aquele que percebe que a divergência de opiniões e percepções pode ser positiva. Somente assim será possível gerenciar conflitos e deles obter resultados positivos. Nesta unidade, discutiremos como gerenciar conflitos com base em técnicas que nos auxiliarão nessa tarefa. Bom estudo! Introdução Administração de Conflitos/ Unidade 2: Formas de lidar com o conflito 3 Administração do conflito: diferentes estilos C ada indivíduo tem um modo muito particular de agir, pensar e perceber as situações em que está inserido. A diversidade de experiências de vida faz com que cada um tenha, com base em sua história, aspirações e desejos próprios. Essa diversidade muitas vezes nos surpreende e abre variadas possibilidades de relação – seja em situações de amizade e afeto, de trabalho, de lazer e também de conflitos. Em virtude dessa diversidade, as formas de lidar com os conflitos também diferem de uma pessoa para a outra. Se o conflito terá consequências positivas ou negativas, depende justamente da maneira como se lida com ele, ou seja, de como o administramos. Existem cinco estilos de administração de conflitos nos ambientes organizacionais: competição, colaboração, evitação, acomodação e compromisso ou negociação. Vamos conhecê-los e entender como se manifestam, por meio de alguns exemplos que abordam a relação entre colegas de trabalho e a maneira como se comportam diante dos conflitos. Administração de Conflitos/ Unidade 2: Formas de lidar com o conflito 4 Anderson e Raquel trabalham juntos em um salão de beleza. Ela é gerente e ele, o cabeleireiro mais badalado do local. Hierarquicamente, Raquel está acima de Anderson e gosta de reafirmar isso adotando uma postura competitiva sempre que surge algum conflito. Certa vez, Anderson sugeriu que o salão deveria cobrar mais barato pelo serviço de corte de cabelos, pois estava muito acima do preço praticado pela concorrência e sua clientela se queixava. Pediu à Raquel que reportasse sua observação aos donos do negócio, mas ouviu da gerente que isso poderia resultar em um salário menor para ela. Disse ao rapaz que “se virasse sozinho”, pois ela “tinha mais o que fazer”, adotando claramente um estilo de competição. a) Estilo de competição: o indivíduo que adota uma postura competitiva em relação ao conflito é autoritário, está em busca da satisfação apenas de seus interesses e não se importa com o impacto que suas atitudes podem provocar na outra parte. Entende que sua visão é a correta e tenta desvalorizar a percepção do outro no que diz respeito ao conflito, criando claras situações em que fica evidente que um ganhará e o outro perderá. Vejamos um exemplo. b) Estilo de colaboração: ao contrário do estilo competitivo, a pessoa com estilo colaborativo percebe e considera os interesses da outra parte envolvida no conflito. Seu objetivo é alcançar um resultado que seja bom para todas as partes. Por isso, age de forma a reunir os interesses de todos para que sejam discutidos. Vejamos um exemplo. Administração de Conflitos/ Unidade 2: Formas de lidar com o conflito 5 Camila também é gerente do salão de beleza e, quando surge um problema, tem como foco principal resolvê-lo. Para ela, não importa apontar culpados: sempre ouve todas as opiniões sobre o conflito, a fim de trocar ideias na busca por uma solução integradora. Quando Anderson comentou sobre a necessidade de adequar o valor do corte ao que estava sendo praticado pela concorrência, Camila procurou Raquel para falar sobre oassunto, afinal, ela era a outra gerente. Ao ouvir da colega que sua preocupação era uma redução de salário caso o corte tivesse um valor inferior, foi Camila quem se dispôs a conversar com todas as partes envolvidas para analisar e buscar uma solução benéfica para todos. c) Estilo de evitação: esse estilo cabe ao indivíduo que ainda enxerga o conflito como algo necessariamente negativo e que, portanto, deveria ser evitado. É comum ver essas pessoas negarem a existência do conflito para que não precisem se envolver. Elas adotam um comportamento de fuga, têm dificuldade em serem assertivas, preferindo apenas estar de fora de todo e qualquer sinal de conflito. Sua contribuição se dá somente nos casos em que o surgimento do conflito será mesmo desvantajoso e que o melhor a fazer é evitá-lo. Vejamos um exemplo. Heitor é outro funcionário do salão, e se sente inseguro quando percebe um conflito iminente. Em situações em que Raquel e Anderson discutem, por exemplo, Heitor não se mete e finge nem perceber o que está havendo, apenas para não precisar ser assertivo e pontuar o que acha estar certo e errado. Quando se vê diante de um conflito, prefere ignorá-lo até que ele simplesmente “desapareça”. Ele concordava com os argumentos de Anderson sobre o custo do corte de cabelos, mas não se pronunciou, preferindo “fingir que não era com ele”. Administração de Conflitos/ Unidade 2: Formas de lidar com o conflito 6 e) Estilo de compromisso ou negociação: o indivíduo com esse estilo não se acomoda, mas também não quer ganhar a qualquer custo em uma situação conflitante. Consegue ser assertivo, mas, ao mesmo tempo, colabora defendendo seus interesses enquanto enxerga e valoriza os interesses das demais partes do conflito. Vejamos um exemplo. Ao contrário de Heitor, a manicure Dagmar não evita os conflitos, mas, em compensação, cede para que eles sejam encerrados rapidamente. Ficou acertado que o salão forneceria os kits básicos para fazer unha, com acetona, algodão, espátulas e esmaltes nacionais. Dagmar ganhava muitos esmaltes importados de suas clientes e não tinha nada contra emprestá-los para as outras manicures. No entanto, começou a perceber que as colegas usavam somente os seus produtos importados, ignorando os nacionais de que o salão dispunha. Dagmar não era egoísta, mas sabia que se a situação continuasse daquela forma, em breve, ela não teria mais os esmaltes para suas próprias clientes. Ainda assim, Dagmar preferiu continuar emprestando, correndo o risco de esgotar seus produtos, em vez de se indispor com as demais manicures. d) Estilo de acomodação: pessoas com esse estilo entendem que apaziguar a situação é sempre a melhor solução e, se necessário, abrem mão de seus interesses para não terem de encarar o conflito. Preferem se omitir a terem de deixar a acomodação de lado. Vejamos um exemplo. Administração de Conflitos/ Unidade 2: Formas de lidar com o conflito 7 Agora que conhecemos os diferentes estilos de conflitos, vejamos como administrá-los por meio da inteligência emocional. Alvarez e Lucita são os donos do salão de beleza. Começaram como funcionários em outro salão, onde se conheceram, e conseguiram montar o próprio negócio com competência e honestidade. Alvarez, especialmente, é conhecido por procurar sempre ser justo diante dos conflitos mais desafiadores e das questões do dia a dia do seu negócio. Busca sempre entender qual é o compromisso de cada um da equipe e encontrar soluções que sejam satisfatórias ou, no mínimo, aceitáveis para a maioria. Ao ouvir de Raquel que Anderson queria levar o salão à falência com suas ideias sobre baixar a tabela de cortes de cabelo, Alvarez lhe pediu que explicasse melhor a situação e, em seguida, fez o mesmo com o cabeleireiro, que pôde se defender. Com tal postura, Alvarez conseguiu minimizar o conflito. A inteligência emocional O s conflitos acontecem entre pessoas e constituem uma forma por vezes essencial para a evolução dos indivíduos, no que se refere à troca de ideias e de conhecimento. Mais do que apenas estudar técnicas específicas para lidar com conflitos, é relevante entendermos a variável humana no que concerne às situações conflitantes. Como vimos na Unidade 1, quando falamos sobre conflitos internos ou intrapessoais, aprender a lidar com os sentimentos é o primeiro passo para aprender a administrar todo tipo de conflito. Nesse contexto, é fundamental falar sobre inteligência emocional. Administração de Conflitos/ Unidade 2: Formas de lidar com o conflito 8 Apesar de alguns autores já abordarem o assunto do autocontrole emocional como fator para o sucesso, foi o psicólogo e PhD Daniel Goleman que abordou o conceito com o nome de inteligência emocional, em 1995, com o lançamento do livro de mesmo nome. Goleman, define inteligência emocional como: “[...] capacidade de identificar os nossos próprios sentimentos e os dos outros, de nos motivarmos e de gerir bem as emoções dentro de nós e nos nossos relacionamentos.” A tese de Goleman, adotada amplamente por profissionais da área da educação e das relações humanas desde sua formulação, revela que a incapacidade de lidar com as próprias emoções dificulta toda a vida, e que o controle das emoções contribui de forma essencial para o desenvolvimento da inteligência do indivíduo, na vida pessoal e profissional. Segundo Goleman, a capacidade de controlar os próprios sentimentos (habilidades intrapessoais) e de relacionar-se com outras pessoas (habilidades interpessoais) está associada aos aspectos comportamentais de qualquer indivíduo e é determinante para administrar conflitos. Goleman defende, ainda, que a inteligência emocional é a maior responsável pelo sucesso ou insucesso das pessoas. Além disso, o psicólogo organiza as habilidades em intrapessoais e interpessoais. Vamos conhecer mais sobre essas habilidades. Administração de Conflitos/ Unidade 2: Formas de lidar com o conflito 9 Habilidades intrapessoais (do indivíduo): autoconhecimento emocional: habilidade de reconhecer as próprias emoções e sentimentos quando ocorrem; controle emocional: habilidade de lidar com os próprios sentimentos, adequando-os a cada situação vivida; automotivação: habilidade de dirigir as emoções a serviço de um objetivo ou realização pessoal. Habilidades interpessoais (nas relações entre os indivíduos): habilidade de reconhecer as emoções em outras pessoas; habilidade em relacionamentos interpessoais: capacidade de interação com outros indivíduos, determinante para a adminis- tração de conflitos. Antes de aprender as técnicas para administrar conflitos, que tal aplicar a inteligência emocional? Coloque-se no lugar do outro, saiba ouvir, aprenda a reconhecer as emoções da parte com quem você vivencia um conflito. Exercite o controle das suas emoções. Refletindo Administração de Conflitos/ Unidade 2: Formas de lidar com o conflito 10 O conhecimento sobre a inteligência emocional reforça uma questão fundamental: todas as relações, mesmo as profissionais, estão permeadas pela afetividade e pelas emoções. Pensar sobre como intervir em situações de conflito envolve buscar alternativas que contemplem o fator afetivo. Na sequência, vamos estudar técnicas para administrar situações de crise em seus aspectos práticos e emocionais. Técnicas de administração de conflitos t odo profissional competente precisa compreender que administrar conflitos não se trata apenas da maneira como encaramos as divergências. Existem técnicas específicas que nos ajudam a lidar com tais situações. Vamos conhecer mais sobre essas técnicas. Administração de Conflitos/ Unidade 2: Formas de lidar com o conflito 11 Dorival tinha uma padaria com oito funcionários. Nos últimos tempos, a equipe parecia não se entender. Quando algo dava errado, um colocava a culpa no outro, sem assumir a própria responsabilidade. As frequentes brigas estavam desmotivando todaa equipe, até os que raramente se envolviam nas discussões. Dorival, que era muito estimado pelos funcionários, propôs- se a atuar como mediador de uma conversa entre o grupo, na qual todos juntos exporiam suas insatisfações e tentariam chegar a um acordo. Assim foi feito. Quando os ânimos se exaltavam, Dorival agia prontamente de modo a conciliar os interesses de cada um. Dessa forma, fez com que toda a equipe se sentisse compreendida, pois todos puderam desabafar sobre seus incômodos uns com os outros: um achava que trabalhava demais enquanto o outro era percebido como folgado; um era tido como descomprometido porque chegava mais tarde que os demais, mas ninguém sabia até então que ele também saía mais tarde do que os outros, etc. Assim, cada funcionário se expressou e, tendo Dorival como mediador, todos tiveram a oportunidade de esclarecer e resolver os problemas. b) Metas ordenadas: o objetivo dessa técnica é criar uma situação em que ambas as partes precisem cooperar para atingir uma meta comum. Dessa forma, se não houver diálogo, a meta não pode ser alcançada. As partes envolvidas no conflito acabam tendo de fazer um esforço adicional para se compreenderem. Vejamos um exemplo. a) Resolução de problemas: essa técnica consiste em reunir as partes que estão em conflito para uma discussão aberta, com o objetivo de resolver o problema. Em muitos casos, o prolongamento do conflito se dá porque as partes envolvidas não conseguem dialogar. Nessas situações, aplica-se a técnica de resolução de problemas, com o auxílio de uma terceira pessoa que pode ser denominada mediador. Vejamos um exemplo. Administração de Conflitos/ Unidade 2: Formas de lidar com o conflito 12 c) Expansão de recursos: técnica utilizada quando o conflito resulta de escassez de um recurso, como espaço físico de trabalho insuficiente, falta de oportunidades de crescimento profissional, orçamento limitado para um projeto, dentre outros. A falta de determinado recurso pode gerar desconforto na equipe, resultando em conflitos. Vejamos um exemplo. Um dos problemas na padaria de Dorival era a queda no faturamento. Nos últimos tempos, alguns produtos foram cortados, como os sorvetes importados que lá eram vendidos, e alguns pães artesanais deixaram de ser fabricados. Os funcionários que lidavam diretamente com o público começaram a ouvir reclamações e, muitas vezes, grosserias dos clientes. Até que um dos colaboradores, insatisfeito, procurou Dorival e expôs que não poderia continuar trabalhando daquela maneira. Inicialmente, o patrão se incomodou com a abordagem, mas ouviu atentamente as justificativas do funcionário e acabou lhe dando razão. Dorival, então, decidiu renegociar com seus fornecedores a fim de voltar a adquirir produtos com mais qualidade. A decisão de reinvestir no negócio possibilitou a redução do conflito. Após a conversa em grupo entre os fun- cionários da padaria, Dorival propôs um “prêmio” para motivar a equipe a traba- lhar em conjunto: estavam quase no mês de novembro, o Natal estava chegando, e, se a padaria tivesse um faturamento 20% maior do que o de dezembro do ano anterior, todos poderiam tirar um dia de folga para passar com a família; alguns folgariam no dia 24 de dezembro e ou- tros no dia 31, para aproveitarem todo o dia da virada do ano. Além disso, to- dos teriam participação no lucro daque- le mês, como um bônus de fim de ano. Os oito funcionários precisaram se unir para trabalhar de forma mais eficiente, de modo a alcançar a meta proposta pelo patrão. Administração de Conflitos/ Unidade 2: Formas de lidar com o conflito 13 e) Suavização: técnica que consiste em minimizar as diferen- ças entre as partes que estão em conflito, a fim de suavizar a questão. Os interesses que ambas as partes possam ter em co- mum são enfatizados com o objetivo de conscientizá-las sobre ser possível resolver a situação de maneira que todos saiam ganhando. Quando isso de fato acontece, o conflito pode ter consequências positivas, com grande aprendizado para os en- volvidos. Vejamos um exemplo. Ao perceber o conflito entre os membros de sua equipe de funcionários, Dorival, o dono da padaria, decidiu conversar primeiro com os funcionários mais antigos. Chamou os dois que trabalhavam com ele desde o início e começou a relembrar as dificuldades do começo do negócio. O papo fez a dupla se lembrar das receitas que inventaram juntos, dos novos sabores de salgados que propuseram e do sucesso que as invenções fizeram. Dorival lembrou- lhes de que tinham muito potencial juntos e que, se aproveitassem o tempo que passavam juntos para criar novas receitas, em vez de brigar, todos sairiam ganhando. Mesmo sabendo que sua equipe estava desmotivada, Dorival decidiu não tomar nenhuma providência para enfrentar o conflito. Permitiu que seus funcionários continuassem se desrespeitando, porque achou que os problemas iam se dissi- par sozinhos. Assumiu um grande risco, pois, em vez de administrar o conflito e fazê-lo ter consequências positivas para todos, como a folga no Natal ou no Ano Novo e o bônus no fim do ano, preferiu não lidar com a situação. d) Não enfrentamento: o não enfrentamento do conflito é, na verdade, a fuga do conflito. Nenhuma técnica é de fato empregada; apenas se espera que o conflito se dissipe naturalmente, o que pode nunca ocorrer. É um risco, pois um conflito que poderia ser positivo pode se tornar negativo por não haver uma tentativa de lidar com ele. Vejamos um exemplo. Administração de Conflitos/ Unidade 2: Formas de lidar com o conflito 14 Márcia trabalha em uma loja de eletroeletrônicos junto com Edgard. Ela trabalha de 8h às 17h e ele, de 12h às 20h. Edgard, que é casado e tem dois filhos, planejou viajar em um fim de semana com a família, aproveitando um feriado que cairia na segunda-feira. Para isso, Edgard teria de faltar ao trabalho no sábado, dia em que a loja também abre. A pessoa que o substituiria é Márcia, que nesse mesmo sábado teria sua folga semanal e também queria viajar com as amigas. Edgard conversou com seu gerente sobre a possibilidade de ser substituído por Márcia, na condição de poder ser descontado por esse dia. O gerente disse que concordava e perguntou à Márcia se ela poderia substituir Edgard, dizendo que ganharia como hora extra por trabalhar no dia de folga. Mas Márcia não pretendia ceder sua folga, pois também queria viajar. Além disso, ela não fazia questão do dinheiro, pois já trabalhava tanto que preferia ter um dia de folga a ter de ganhar hora extra. Edgard insistiu, dizendo que seria muito importante para ele ter esse momento com a família. Sabendo que Márcia teria outra folga no sábado do mês seguinte, o gerente propôs que Edgard a substituísse na última sexta-feira do mês, que antecederia outro feriado de segunda-feira. Mesmo tendo seu futebol sagrado das últimas sextas de cada mês, Edgard concordou. Estava abrindo mão de seu futebol e ainda iria dobrar, mas poderia viajar com a família. Assim, Márcia cedeu e adiou sua viagem, mas ganhou mais um dia de folga e pôde planejar melhor seu passeio. f) Concessão: as partes envolvidas no conflito abrem mão, ou seja, fazem uma concessão sobre algo que seja importante para cada uma delas, a fim de chegarem a um meio termo. Essa técnica enfatiza que cada parte precisa perder algo para que o bem comum seja alcançado. Administração de Conflitos/ Unidade 2: Formas de lidar com o conflito 15 h) Alteração de variáveis humanas: técnica que busca al- terar o comportamento dos indivíduos por intermédio de trei- namentos específicos na área de relações humanas. O objetivo é oferecer às partes que estão em conflito ferramentas neces- sárias para que entendam como minimizá-lo e contorná-lo, ou seja, como lidar com ele. Vejamos um exemplo. Pense no exemplo de Márcia e Edgard, funcionários da loja de eletroeletrônicos. O dono do estabelecimento empregaria um comandoautoritário se, em vez de chamar ambos para conversar, decidisse arbitrariamente que Edgard poderia fazer sua viagem em família sem conversar com Márcia. A conclusão seria aumentar exponencialmente o conflito, com maior insatisfação por parte da Márcia. g) Comando autoritário: são os casos em que a gerência de uma organização faz uso de sua autoridade para “solucionar” o conflito. Na verdade, não se trata de uma solução: o que o gerente faz é definir, de acordo com sua percepção, como o conflito deve ser resolvido, e comunicar sua decisão às partes envolvidas. Vejamos um exemplo. Percebendo a falta de motivação de sua equipe, Dorival decidiu administrar o conflito contratando uma empresa espe- cializada em treinamento com foco em gestão de pessoas. Ele acreditava que essa seria a medida ideal para que seus funcionários se entendessem. Administração de Conflitos/ Unidade 2: Formas de lidar com o conflito 16 i) Alteração de variáveis estruturais: aqui, a estrutura organizacional e a relação entre as partes envolvidas no conflito podem ser modificadas por meio de transferências de setores, mudanças na hierarquia e no organograma etc. Vejamos um exemplo. No exemplo envolvendo Márcia e Edgard, alterar uma variável estrutural poderia significar transferir Márcia da função de vendedora para a de caixa. Ocupando cargos diferentes, não haveria mais situações em que um precisasse substituir o outro, uma vez que as funções seriam diferentes. Toda técnica é uma indicação sobre como proceder. Ela ajuda muito a mediar as situações de crise, mas é importante não ficar preso a ela, nem tratar de forma extremamente racional cada situação. Preste atenção a como você e os outros se sentem, e você será capaz de administrar os conflitos da maneira mais adequada. Agora você está convidado a participar de uma atividade referente a esse estudo. Para isso, acesse essa unidade de estudo do curso no ambiente virtual de aprendizagem. Agora é com você! Administração de Conflitos/ Unidade 2: Formas de lidar com o conflito 17 O que torna o conflito mais ou menos produtivo é exatamente a forma como se lida com ele. Não existe uma única fórmula, mas alguns conhecimentos são relevantes para quem deseja dominar as formas de lidar com essa situação. Por isso, conhecemos os estilos de administração de conflito para aprender a reconhecê-los, em nós mesmos e nos outros. Paralelamente, vimos que aplicar a inteligência emocional aos conflitos é essencial: aprender a lidar com nossos sentimentos, controlá-los e saber lidar com as emoções do outro são passos que formam a base da administração de conflitos. Com esse aprendizado, você estará no caminho certo para entender que os conflitos podem trazer resultados muito positivos. O próximo passo é compreender como solucioná-los quando eles ocorrem em equipes de trabalho. Re su min do! Administração de Conflitos/ Unidade 3: Solução de conflitos em equipes 1 Administração de Conflitos Solução de conflitos em equipes Administração de Conflitos/ Unidade 3: Solução de conflitos em equipes 2 N a unidade anterior, estudamos algumas formas e técnicas para lidar com conflitos. Nesta unidade, abordaremos formas de administrar conflitos especificamente voltadas para equipes de trabalho. Em ambientes profissionais, as situações de crise apresentam características bastante peculiares, nem sempre pertinentes aos conflitos em geral. Uma equipe eficiente deve poder aproveitar as consequências positivas dos conflitos, promovendo o crescimento individual e o aumento da produtividade da organização. Durante o estudo desta unidade, tenha sempre em mente o que já aprendemos até aqui, e pense nas situações de trabalho que você já vivenciou. Isso auxiliará na compreensão dos conceitos e ampliará sua capacidade de agir em situações de crise. Bom estudo! Introdução Administração de Conflitos/ Unidade 3: Solução de conflitos em equipes 3 Administrando conflitos em equipes A simples interação entre indivíduos, como vimos no estudo das unidades anteriores, pode ser suficiente para gerar conflitos. Pontos de vistas diferentes em conjunto com situações habituais de estresse, comuns às organizações, são combustíveis para a geração de conflitos. O segredo está em, mais uma vez, aprender a administrar as situações de modo a tornar os conflitos positivos e benéficos para o crescimento da equipe. A abordagem interacionista, estudada na Unidade 1, defende que o conflito não é apenas útil para o crescimento da equipe, mas é indispensável para o grupo que almeja um desempenho eficaz. Segundo essa mesma visão, o conflito em equipe pode ser dividido entre conflito de tarefas, de relacionamento e de processo. Vejamos mais informações sobre essas divisões de conflito. a) Conflito de tarefas: ocorrem em função do trabalho a ser realizado pela equipe. Vejamos um exemplo. Uma equipe de uma loja de computadores e acessórios para informática precisa elaborar um relatório sobre o comportamento das vendas nos últimos seis meses. Os dados já existem, mas precisam ser compilados. Os membros da equipe não colaboram entre si, pois cada um enxerga a sua tarefa como a mais importante, esquecendo-se do objetivo comum que o grupo possui. Administração de Conflitos/ Unidade 3: Solução de conflitos em equipes 4 b) Conflito de relacionamento: surge em função de divergências no relacionamento entre as pessoas. Vejamos um exemplo. Os membros da equipe mencionada sentem profunda antipatia uns pelos outros. Embora todos sejam competentes, os conflitos surgem, pois as pessoas não se toleram como indivíduos. c) Conflito de processo: Resulta da divergência das pessoas em relação à forma de lidar com os processos. Vejamos um exemplo. Os membros da equipe mencionada nos exemplos acima têm percepções diferentes em relação à elaboração do relatório sobre as vendas. Cada um enxerga um modo diferente de realizar o trabalho, e essa divergência em relação aos processos tem causado conflitos. Administração de Conflitos/ Unidade 3: Solução de conflitos em equipes 5 Na Unidade 1, já estudamos as principais causas dos conflitos. Nos conflitos em equipes de trabalho, destacamos como mais relevantes as causas relacionadas aos seguintes aspectos: diferenças de estilos interpessoais: diferentes formas de lidar com o outro; metas competitivas em vez de cooperativas: as metas não são estabelecidas de forma a propiciar um trabalho em equipe, e sim o brilhantismo individual; comportamento inadequado do líder da equipe em relação ao conflito. É importante ter o maior cuidado com o modo de administrar o conflito enquanto ele ainda não se alastrou por toda a empresa. O conflito em equipes pode trazer resultados positivos, como ocorre quando novas ideias surgem a partir de discussões em que novos pontos de vista são expressos. Nesse sentido, sabemos que a ausência de conflitos pode ser nociva para a empresa, acarretando estagnação. Administração de Conflitos/ Unidade 3: Solução de conflitos em equipes 6 Importante A frequência considerada “ideal” de ocorrência de conflitos depende de inúmeras variáveis: o tamanho da equipe pode influenciar (equipes menores podem ter mais diálogo, mas isso não é necessariamente uma regra), assim como o nível de diálogo estabelecido entre os mem- bros, o nível de estresse de cada um e da equipe como um todo, o tipo de trabalho desenvolvido. Por isso, o nível ideal de ocorrência de conflitos em uma empresa é aquele que potencializa a capacidade da equipe de conseguir melhores resultados, ou seja, é a frequência que permite a troca suficiente de conhecimentos a ponto de resultar em melhores performances. Entretanto, o extremo oposto, ou seja, a frequência exagerada de conflitos acende o sinal vermelho e demonstra que algo não caminha bem. Vejamos uma dica que permite avaliar se a ocorrência dos conflitos está sendo nociva à instituição de trabalho. Administraçãode Conflitos/ Unidade 3: Solução de conflitos em equipes 7 No exemplo “Colaborando com ideias”, apresentamos uma reflexão importante sobre a interação dos colaboradores em uma equipe de trabalho, usando a técnica do brainstorming . Normalmente traduzida como tempestade de ideias, é uma técnica em que todos os membros da equipe participam colocando ideias que possam contribuir com a situação em debate, espontaneamente. Essas ideias serão avaliadas posteriormente, para verificar sua validade e implementação, quando for o caso. Vejamos o exemplo. No exemplo acima, falamos de empresas que decidiram promover reuniões “oficiais” para que surgissem conflitos benéficos, resultando em trocas de ideias. Administração de Conflitos/ Unidade 3: Solução de conflitos em equipes 8 Perceba que o que funciona para uma equipe pode não funcionar para outra. O que importa é não engessar a frequência de ocorrência do conflito, pois cada equipe tem a sua frequência ideal. Cabe a cada empresa identificar o que funciona para si, a fim de evitar os dois extremos: desperdiçar ideias por deixar de aproveitar os possíveis conflitos; acabar promovendo conflitos em frequência exagerada, a fim de obter mais ideias. O exemplo mostra que não há uma regra ou “receita” exata a ser seguida. É fundamental analisar as características da equipe e a necessidade da empresa, para que a interação entre os colaboradores seja rica e produtiva. Em uma mesma equipe, encontramos profissionais com perfis e atitudes muito distintos. Essas diferenças podem contribuir muito para a mediação de situações difíceis. Administração de Conflitos/ Unidade 3: Solução de conflitos em equipes 9 Agora, analise as características dos diferentes perfis nas equipes. c) Realizador Costuma ser o líder da equipe, mesmo que isso não seja definido como um “cargo”. Sua liderança é natural, e é ele quem executa, quem faz acontecer. b) Organizador Organiza e coordena as atividades. Em geral, é o responsável por elaborar cronogramas, listas e tudo o que se refere à organização das atividades propostas para a equipe. a) Pensador Aquele que enxerga o conjunto do que vai ser realizado, traz ideias e sugestões para o grupo. d) “Veste a camisa” É aquela pessoa que se dispõe a fazer o que for necessário pela equipe, dá suporte aos demais e busca manter a união do grupo. “Vestir a camisa” significa se sentir parte daquela equipe de verdade. Administração de Conflitos/ Unidade 3: Solução de conflitos em equipes 10 e) Controlador Quer sempre ter o domínio do que acontece na equipe. É quem costuma controlar os prazos. f) Analisador Seu perfil minucioso faz com que acabe sendo, naturalmente, aquele que analisa as ideias e ações de forma cuidadosa. Os comportamentos e as atitudes, que percebemos como perfis individuais, influenciam a interação e a mediação dos conflitos nas relações profissionais. Assim, podemos perceber que as equipes também apresentam comportamentos próprios, coletivos. Na administração do conflito, é necessário que se avalie tanto o comportamento individual quanto o da equipe como um todo. A seguir, estudaremos o comportamento contextualizado no funcionamento da equipe. Administração de Conflitos/ Unidade 3: Solução de conflitos em equipes 11 Comportamento da equipe t ão importante quanto conhecer os perfis comuns à maioria das equipes é identificar os tipos de comportamento de cada um dos membros. Na Unidade 2, estudamos os estilos de administração de conflitos e as estratégias de mediação mais adequadas a cada estilo. Agora, estudaremos como olhar para a individualidade dos colaboradores em situações de grupo. Conheça as características individuais dos membros das equipes em relação ao tom de voz e à postura corporal: a) Comportamento passivo É o indivíduo da equipe que procura evitar o conflito, mesmo que sofra com isso. Tem dificuldade em tomar decisões e procura satisfazer a todos, algumas vezes em detrimento de beneficiar a si mesmo. Seu tom de voz é de volume baixo, fala pouco e demonstra hesitação quando fala. Costuma ser tímido e adotar uma postura defensiva. Sua insegurança se traduz, por exemplo, em evitar olhar nos olhos. Tem comportamento semelhante aos estilos de evitação e/ou acomodação vistos na unidade anterior. Administração de Conflitos/ Unidade 3: Solução de conflitos em equipes 12 b) Comportamento agressivo Seu ar de dominador demonstra que quer vencer e fazer valer a sua posição, ignorando outros membros da equipe. Identificamos esse comportamento facilmente pelo tom de voz alto e arrogante e pelos movimentos corporais agressivos, como socos em mesa, mãos na cintura e dedos em riste. Muito semelhante ao estilo de competição. c) Comportamento passivo-agressivo Apresenta um comportamento misto, e, por isso, é um dos tipos mais difíceis de identificar. Evita o confronto, como o passivo, ao mesmo tempo em que reúne informações que, em algum momento, poderão ser usadas em seu benefício e contra alguém, como o agressivo. d) Comportamento assertivo Tem postura muito semelhante ao estilo de compromisso/negociação visto na unidade anterior. É seguro e confiante e demonstra isso na sua postura — relaxada, mas bem posicionada. Não tem receio de dizer o que pensa, mas o faz preservando os relacionamentos. Tem espontaneidade e passa confiança no que diz e faz. É a postura em geral mais eficaz para lidar com todos os outros tipos de comportamentos de membros da equipe. Administração de Conflitos/ Unidade 3: Solução de conflitos em equipes 13 Uma loja de colchões tem um quadro de funcionários com perfis distintos. O combinado é que, ao entrar um cliente na loja, cada vendedor tenha a sua “vez” de atender. Isabel sempre passa na frente de Quitéria que, para não se indispor com a colega, se omite. Quitéria tem pavor de entrar em conflito com quem quer que seja. Fala sempre baixinho e demonstra insegurança com frequência; seu comportamento é passivo. Isabel tem o hábito de falar alto e querer sempre fazer valer a sua vontade. Jonas oscila entre os dois comportamentos e demonstra ser passivo-agressivo, pois apesar de preferir, na maioria das vezes, evitar qualquer tipo de conflito, em alguns momentos demonstra uma irritação que beira a agressividade. Já Patrícia é a funcionária mais equilibrada. Não é arrogante nem tenta impor a ninguém seu ponto de vista, mostra coerência entre o que diz e faz, e respeita os colegas de trabalho. Naturalmente, é a líder da equipe, embora, hierarquicamente, possua a mesma posição dos demais. Isso ocorre porque, com sua assertividade, demonstra respeito, ouvindo sempre a opinião dos colegas. É sempre ouvida também, pois sua postura autoconfiante passa segurança nas palavras. São essas diferenças que criam situações de crise e que permitem que a equipe reveja suas práticas, ampliando as possibilidades de crescimento. Por isso, avaliar o funcionamento da equipe deve ser uma atividade constante na administração de conflitos. A seguir, vejamos como essa avaliação pode ser feita. No exemplo “Diferenças”, vejamos como cada colaborador apresenta comportamentos diferentes em relação a um mesmo contexto. Vejamos esse exemplo. Administração de Conflitos/ Unidade 3: Solução de conflitos em equipes 14 Avaliando a equipe A gora que já conhecemos os tipos de pessoas que, em geral, formam uma equipe e os comportamentos mais comuns aos indivíduos, é importante avaliar a equipe para entender melhor o que gera o conflito. Somente assim poderemos lidar com as situações de crise da melhor forma possível. A avaliação de uma equipe pode ocorrer de diversas maneiras, sempre a partir de critérios claros e objetivos. Conheça os fatores que devem ser priorizados na avaliação das equipes: a) Produtividade: avaliar se a equipe está realizando o trabalho em quantidade e em tempo suficientes. b) Empatia: refere-se ao fato de os componentes da equipe apresentarem empatia pelosseus membros. A falta de empatia é um elemento significativo para gerar conflitos. c) Regras e objetivos: diz respeito ao fato de as pessoas seguirem princípios definidos pelos gestores, ou seja, cada um dos indivíduos da equipe sabe o que se espera dele e quais são suas atribuições. d) Flexibilidade: consiste no fato de os integrantes da equipe possuírem aptidão para variadas tarefas ou aplicações. e) Objetividade: refere-se ao fato de os membros da equipe dizerem aquilo que pensam sobre determinado assunto, sem rodeios. f) Reconhecimento: está relacionado à admiração dos membros da equipe uns pelos outros. g) Moral: as pessoas desejam integrar a equipe porque enxergam no grupo valores éticos e morais fundamentais para a sinergia entre todos. Administração de Conflitos/ Unidade 3: Solução de conflitos em equipes 15 Conhecer quem compõe a equipe que está em conflito e quais são os comportamentos presentes nesse grupo são os primeiros passos para a solução de conflitos em equipes. Em seguida, faz-se necessário avaliar essa equipe considerando as variáveis vistas nos capítulos anteriores, como em que nível está o conflito, suas causas etc. A partir daí, tem-se em mãos os dados necessários para lidar com o conflito. Tendo sido constatados os fatores implicados nessa situação, cabe à equipe como um todo iniciar o processo de negociação com vistas à administração do conflito. É disso que trataremos na sequência. A negociação como técnica fundamental O conceito de administração de conflitos está intimamente ligado à negociação. Primeiramente, porque o bom negociador tem características fundamentais para administrar o conflito; em segundo lugar, porque um conflito é sempre entre duas ou mais pessoas, de modo que a negociação se torna fundamental para equilibrar as percepções de todas as partes. Administração de Conflitos/ Unidade 3: Solução de conflitos em equipes 16 Ambos os conceitos estão diretamente ligados à tomada de decisões, à habilidade para se relacionar com o outro (habilidade interpessoal) e à busca de um objetivo que seja comum, para que as partes envolvidas cheguem a um acordo. Tanto no processo de negociação como no de administração de conflitos, utilizar a inteligência emocional é um fator decisivo para chegar a um acordo. Na administração de conflitos em equipes, a figura do negociador pode ser representada por alguém externo à empresa, por um chefe ou mesmo por alguém da própria equipe, desde que atenda a alguns requisitos básicos, como a imparcialidade. Veremos isso a seguir. Para utilizar princípios da negociação de forma eficaz na administração de um conflito, é fundamental entender primeiro a negociação como um processo. Administração de Conflitos/ Unidade 3: Solução de conflitos em equipes 17 Tipos de negociação Existem dois tipos básicos de negociação que podem ser aplicados às equipes. Vejamos: Negociação distributiva: os membros da equipe competem entre si e, se uma parte ganha, a outra certamente perde. Ocorre quando os interesses dos membros do grupo são opostos e cada um deles deseja obter a maior vantagem possível, ainda que isso implique em desvantagem para outros membros da equipe. Por isso, é também chamada de negociação ganha- perde. Negociação integrativa: as partes cooperam entre si, pois partem da premissa de que há um acordo possível que seja bom para todos. Ocorre em equipes que tenham interesses convergentes e que não se interessem por negociar ignorando as opiniões dos demais membros da equipe, já que o foco é no relacionamento de longo prazo. É também chamada de negociação ganha-ganha. Na administração de conflitos em equipes, em geral, a negociação integrativa é a mais adequada. Quando todos sentem que ganharam com a solução encontrada, podemos dizer que o conflito foi positivo, ou seja, foi possível extrair dele uma contribuição para o crescimento do grupo, algo que lhes acrescentou. Muitas vezes, a própria equipe não consegue administrar o conflito. É preciso que um gerente, alguém que seja visto como um líder no grupo, desempenhe esse papel. A essa pessoa caberá negociar com os membros da equipe, a fim de chegar a um acordo para que o conflito tenha efeitos positivos. Quem desempenhar esse papel deverá saber que, antes de tudo, precisa ser um bom negociador. Administração de Conflitos/ Unidade 3: Solução de conflitos em equipes 18 O negociador como administrador de conflitos Na administração de conflitos em equipes, o negociador poderá desempenhar diferentes papéis: conciliador, mediador e árbitro. Vamos conhecer mais sobre cada um desses papéis. Conciliador: entra em cena quando a equipe não consegue administrar o conflito sozinha. É alguém que possui a confiança da equipe e que vai, através de uma comunicação informal, acompanhar o processo, dando suporte e buscando a convergência das opiniões. Mediador: é uma pessoa neutra, que vai mediar o conflito por meio da razão e da persuasão. É, na verdade, um pacificador. Reúne as opiniões divergentes da equipe e facilita a comunicação para que elas sejam expostas de forma pacífica. Árbitro: age como um juiz perante o conflito. Seu papel é coletar as informações sobre o conflito, analisar as opções e decidir o que julga ser o correto. Em seguida, dá o veredito aos membros da equipe. Não é fácil negociar e ajudar os outros a negociarem. Por isso, veja a seguir algumas dicas que podem dar suporte ao processo de negociação em uma equipe. Administração de Conflitos/ Unidade 3: Solução de conflitos em equipes 19 Dicas que facilitam, para o negociador, a solução de conflitos 1 2 3 Esclarecer objetivamente qual é o conflito. Parece óbvio, mas às vezes a equipe simplesmente não se entende e nem sabe qual é a razão disso. Entender quais são as causas do conflito. 4 Examinar o grau de divergência entre as partes conflitantes para avaliar a dificuldade que terá para administrar o conflito. Ser capaz de analisar o ambiente e todo o contexto do conflito. 5 Ter claramente definido qual é o objetivo da sua intervenção. 6 Entender o nível de conflito existente, que vimos na Unidade 1: 7 Manter a imparcialidade; não ser visto como aliado de nenhuma das partes envolvidas no conflito. 8 Focar no processo e no conteúdo, mantendo-se isento em relação às pes- soas. nível 1 - Discussão; nível 2 - Debate; nível 3 - Façanhas; nível 4 - Imagens fixas; nível 5 - Loss of face; nível 6 - Estratégias; nível 7 - Falta de humanidade; nível 8 - Ataque de nervos; nível 9 - Ataques generalizados. Administração de Conflitos/ Unidade 3: Solução de conflitos em equipes 20 Agora você está convidado a participar de uma ativi- dade referente a esse estudo. Para isso, acesse essa unidade de estudo do curso no ambiente virtual de aprendizagem. Agora é com você! 9 Ter cuidado para não ser interpretado como alguém que está julgando. Seu papel deve ser o de facilitador, a menos que esteja agindo de fato como árbitro. Uma característica imprescindível a todo bom negociador é a de bom comunicador. Essa necessidade fica ainda mais evidente no negociador que age como mediador ou conciliador de um conflito. Veremos mais sobre o papel da comunicação na administração de conflitos na Unidade 4. Administração de Conflitos/ Unidade 3: Solução de conflitos em equipes 21 Basta a convivência entre dois indivíduos para haver a possibilidade de existência de conflitos. Se estendermos a isso as características normalmente presentes em equipes de trabalho, como estresse, pressão por prazos e metas quase inalcançáveis, teremos um ambiente extremamente propício para a geração de conflitos. Muitas vezes, os próprios membros da equipe são estimulados a competir entre si, o que pode causar resultados desastrosos, em vez de positivos. No contexto dos conflitos em equipes, mais uma vez o problema não está no conflito em si, e sim na forma como o grupo lidará com ele. Desde que não aconteçam com frequência exagerada, esses impassespodem resultar em efeitos benéficos para a equipe. Podemos dizer que a frequência ideal de ocorrência de conflitos é aquela que possibilita que a equipe interaja de forma a melhorar seus conhecimentos e resultados, mas não chega a estressar o grupo. Conhecer quem compõe o grupo que está com problemas e quais são os comportamentos conflitantes em jogo são os primeiros passos para a solução de conflitos em equipes. Em seguida, faz-se necessário avaliar essa equipe considerando as variáveis vistas nas unidades anteriores, como em que nível está o conflito, suas causas etc. A partir daí, tem-se em mãos os dados necessários para lidar com a situação. Em equipes de trabalho, é fundamental utilizar a negociação como ferramenta para administrar conflitos dentro de um mesmo grupo. E para ser um bom negociador, é preciso também ser um bom comunicador. É o que veremos a seguir. Re su min do! Administração de Conflitos/ Unidade 4: A comunicação na administração de conflitos 1 Administração de Conflitos A comunicação na administração de conflitos Administração de Conflitos/ Unidade 4: A comunicação na administração de conflitos 2 N o estudo da Unidade 3, entendemos que saber se comunicar é uma característica imprescindível a todo bom negociador. Não seria diferente no que diz respeito a quem administra conflitos. Se para haver um conflito é necessário que haja divergência entre duas ou mais pessoas, a comunicação também será um fator decisivo no relacionamento interpessoal. Saber se comunicar é o modo mais eficaz de evitar mal-entendidos e, consequentemente, de administrar conflitos. Dessa forma, a comunicação eficaz pode contribuir para o crescimento das partes envolvidas no conflito. Todas as características que melhoram a qualidade da comunicação são fundamentais para administrar conflitos de maneira eficiente. Estudaremos essas características nesta unidade. Bom estudo! Introdução Administração de Conflitos/ Unidade 4: A comunicação na administração de conflitos 3 O processo da comunicação A convivência entre dois indivíduos, que obviamente não são seres humanos iguais, pode ser o suficiente para haver conflitos. Se a comunicação for falha, a possibilidade de o conflito ter resultados negativos aumenta consideravelmente. Quando há divergências, mas as partes envolvidas no conflito conseguem expor seus pontos de vista claramente e ouvem sinceramente o que o outro tem a dizer, a tendência é que o conflito seja minimizado e suas consequências sejam positivas. Por isso, saber se comunicar de forma eficaz é fundamental para administrar conflitos. O processo da comunicação pode ocorrer de três formas: comunicação oral; escrita; não verbal. Comunicação verbal Quando falamos de comunicação verbal, o código utilizado é a palavra. É a palavra que distingue o homem das outras espécies. O homem é a única espécie animal que usa palavras para registrar o que faz, o que vê, seja verbalmente, seja pela escrita. O homem, que representava as coisas com Administração de Conflitos/ Unidade 4: A comunicação na administração de conflitos 4 gestos, desenhos e imagens, atinge com a palavra o ponto mais alto da representação simbólica. A comunicação verbal se faz de forma oral ou escrita. Não há notícias de povos que não tenham desenvolvido a comunicação oral, porém há culturas que subsistem mesmo sem terem conhecido qualquer tipo de código escrito. São a fala e a escrita duas maneiras diferentes de manifestação da comunicação verbal, cada uma delas possuindo suas características, suas regras e seus recursos próprios. A fala é espontânea, sendo adquirida pelo indivíduo tão somente pelo contato com a sua comunidade linguística, enquanto a escrita é algo recente, que requer aprendizagem e não desabrocha espontaneamente. A fala é anterior à escrita e possui um caráter universal, isto é, todos os povos falam. Vejamos, no exemplo “Espere um pouco”, como o uso direto e espontâneo da comunicação oral, que é uma forma de comunicação verbal, precisa ser cuidadoso. Vejamos o exemplo. Administração de Conflitos/ Unidade 4: A comunicação na administração de conflitos 5 No caso em questão, o fato de a comunicação verbal permitir respostas imediatas e impensadas acabou dando um caráter negativo ao conflito, uma vez que, nesse tipo de comunicação, muitas vezes as pessoas não pensam nas respostas antes de dizê-las. Vamos refletir sobre a comunicação oral e a comunicação escrita. Comunicação oral A comunicação oral pode ser prejudicada também em situações em que a mensagem é transmitida para um grande número de pessoas. Quanto maior for o número de receptores, maior será a probabilidade de distorções. Pense na brincadeira de “telefone sem fio”: frequentemente a mensagem inicial não é a que chega ao receptor final. Em compensação, é utilizando a comunicação oral que costumamos ser mais assertivos. E já vimos que assertividade é fundamental para lidar bem com conflitos. Administração de Conflitos/ Unidade 4: A comunicação na administração de conflitos 6 Conheça algumas dicas para tornar a comunicação oral assertiva e contribuir para evitar conflitos. Saiba falar diga claramente o que você pensa sobre a situação; não encare a sua percepção como verdade absoluta. Saiba ouvir considere que prestar atenção em um ponto de vista diferente do seu pode ser extremamente enriquecedor; leve em conta a percepção de outra pessoa – saiba lidar com as emoções do outro (lembre-se das habilidades interpessoais); demonstre interesse genuíno sobre a fala do outro; evite interromper o outro enquanto ele fala. Administração de Conflitos/ Unidade 4: A comunicação na administração de conflitos 7 Saiba perguntar não se atenha a pontos que em nada vão colaborar para a solução do conflito. Comunicação escrita A comunicação escrita envolve cartas, e-mails, memorandos, transmissão de fax, jornais internos, informativos, boletins e qualquer outro meio que use linguagem escrita para transmitir informações. Esse tipo de comunicação exige mais tempo dos interlocutores, ao contrário da comunicação oral, que é mais imediata. Além disso, a demora em obter feedback também pode ser uma desvantagem e colabora para criar ou au- mentar a tensão no conflito. Administração de Conflitos/ Unidade 4: A comunicação na administração de conflitos 8 Veja a mesma situação abordada no exemplo “Espere um pouco”, mas usando como estratégia a comunicação escrita. Exemplo - Entendendo errado Suponha que no exemplo anterior, sobre os colegas de trabalho Valquíria e Joel, o rapaz tivesse enviado um e-mail à Val- quíria pedindo sua ajuda, em vez de falar diretamente com ela. Valquíria responde ao e-mail da seguinte forma: “Joel, no momento não posso, pois estou OCU- PADA!”. Ao ler a palavra “ocupada” em letra maiúscula e com exclamação, Joel entendeu que Valquíria estava gritando, sendo grosseira. No entanto, Valquíria gostaria de aju- dar o colega, mas realmente não podia. Quando escreveu “OCUPADA!” dessa forma, sua intenção era expressar inten- sidade, dizer que estava muito ocupada, e não gritar e ser grosseira. Se tivesse tido a oportunidade de dizer isso clara- mente para Joel, talvez o colega com- preendesse a situação. O conflito que poderia ter sido evitado instaurou-se por conta da interpretação errônea de Joel. No que diz respeito à comunicação oral e à comunicação escrita, podemos afirmar que a comunicação oral permite que o receptor se manifeste imediatamente quanto à mensagem. Administração de Conflitos/ Unidade 4: A comunicação na administração de conflitos 9 Por outro lado, a comunicação escrita não possui esse mecanismo. Um e-mail enviado não é garantia de que será recebido, lido ou até mesmo compreendido pelo receptor da forma como era pretendida, prejudicando o relacionamento e colaborando para o surgimento de um conflito. Comunicação não verbal Em situações de conflitos, preste atenção também aos gestos