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1 Seminário Interdisciplinar I Profª Mª Mayra C. Frâncica dos Santos TA 4 Drogadição na adolescência e as políticas públicas Aprender sobre o processo de drogadição e sua relação com a adolescência. Compreender as especificações sobre o consumo e o impacto social do uso de drogas de abuso. Entender sobre as Políticas Púbicas acerca das drogas. Objetivos da aula Relação HOMEM x DROGA: Algo que existe desde que o homem é homem. O uso de drogas é uma prática desde tempos pré-históricos. O consumo de drogas na sociedade ANTIGAMENTE: Droga usada como remédio, buscando a cura das doenças e a minimização da dor; Já foi usada como fator de distração; Foi utilizada como meio de comunicação com os deuses; Até mesmo como moeda de troca no período dos impérios coloniais. Nesta época, o termo droga não apresentava valor pejorativo, sendo aplicada a qualquer substância capaz de modificar e corrigir alterações fisiológicas ou comportamentais de um organismo, que levavam ao aparecimento de doenças (SIEGEL, 2005; WEIL, 2004). Drogas :Primeiras drogas a fazer parte da vida das pessoas Cannabis – Ásia – período das grande migrações; Coca – Bolívia e Peru – 5000 anos atrás – aliviar os efeitos da altitude no corpo; Ópio – Espanha – 4000 aos a.C. – planta da alegria no Oriente Médio; CRACK – Surgiu nos EUA na década de 1980 – no Brasil, surge por volta da década de 1990. Drogas 2 Lei nº 11.343/06, Art. 1º, parágrafo único: “Substâncias ou produtos capazes de causar dependências, assim especificados em lei ou relacionados em listas atualizadas periodicamente pelo Poder Executivo da União”. OMS, 1981: “Droga é qualquer substância que, não sendo produzida pelo organismo, tem a propriedade de atuar sobre um ou mais de seus sistemas, produzindo alterações em seu funcionamento”. Conceituando o termo drogas OMS (1981) – Drogas Psicotrópicas: “aquelas que agem no sistema nervoso central produzindo alterações de comportamento, humor e cognição, possuindo grande propriedade reforçadora, sendo passível de autoadministração” – ou seja, são capazes de causar DEPENDÊNCIA. Chaloult, pesquisador francês, dividiu as substâncias psicotrópicas em: Drogas depressoras; Drogas estimulantes; Drogas perturbadoras. Conceituando o termo drogas Deprimem o Sistema Nervoso Central Pessoa fica desligada, desinteressada; Ex.: álcool, soníferos, ansiolíticos (como diazepam), opiáceos (como morfina e heroína) e os inalantes (como cola, removedores, tintas). Drogas depressoras Fontes das imagens: https://goo.gl/ckVFBo, https://goo.gl/ZwQGat e https://goo.gl/Z2fD1q. Acessado em: 10/03/2018. Estimulam o funcionamento do Sistema Nervoso Central, podendo causar delírios Usuário fica elétrico e não tem sono; Ex.: cocaína, crack e os anorexígenos (como o femproporex). Drogas estimulantes Fontes das imagens: https://goo.gl/KQ5dh5 e https://goo.gl/PkJ3T2. Acessado em: 10/03/2018. Causam mudança no Sistema Nervoso Central, podendo provocar estados psicóticos Ex.: LSD, ecstasy, maconha. Drogas perturbadoras Fontes das imagens: https://goo.gl/7x5Teo, https://goo.gl/E2CHCv e https://goo.gl/ZU4FVN. Acessado em: 10/03/2018. A substância psicoativa é transformada em “droga” a partir da simbolização que assume para determinados sujeitos ou grupos. Atualmente, a medicina define droga como sendo qualquer substância capaz de modificar o funcionamento do organismo vivo, agindo principalmente a nível do Sistema Nervoso Central, alterando temporariamente a percepção, o humor, o comportamento e a consciência, como fonte de prazer ou vantagem (NICASTRI, 2011; CARVALHO, 2010). Enfim... 3 Vídeo CURIOSIDADE – COMO FUNCIONAM AS DROGAS “DISCOVERY” Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=qatkbKFPfvc Ad = para Olescer = crescer Normalmente corresponde ao período de transição da infância para a vida adulta, coincidindo com o período de maturação sexual, que é a puberdade; ECA – entre 12 anos completos e 18 anos; OMS – entre 10 anos e 21 anos; PROSAD – entre 10 e 19 anos. E a adolescência? Crescer para Refere-se a uma série de mudanças físicas que conduzirão à maturidade sexual e ao desenvolvimento da capacidade reprodutiva dos homens e das mulheres, impulsionadas pela produção de hormônios sexuais que resultam em mudanças distintas no corpo dos meninos e das meninas. Puberdade Todas essas mudanças físicas decorrentes da puberdade refletem em transformações cognitivas e psicossociais no adolescente, como por exemplo: alteração na autoimagem, nos comportamentos, nos sentimentos e na forma de pensar, sentir e agir. Essa transição não é influenciada somente pelas mudanças físicas, mas também, pelo contexto histórico, social e familiar do adolescente. Puberdade Caracteriza-se como uma etapa da vida em que o ser humano apresenta significativas transformações, necessitando de apoio integral para que possa fortalecer sua construção cidadã e firmar-se como um ser capaz de integrar, interagir e intervir em seu contexto social de forma crítica e criativa. A adolescência... Nessa nova etapa da vida, o indivíduo passa a ter suas próprias opiniões (sendo estas orientadas, influenciadas ou não), identifica-se com grupos que tem pensamentos parecidos e busca perfis que sejam compatíveis com o seu. Daí a necessidade de pertencer a um grupo, conforme salienta Becker (1994, p. 43): “O ser humano nessa fase de vida fica meio marginalizado, tanto do mundo adulto como do mundo infantil [...] no grupo existe certa uniformidade de comportamentos, de pensamentos e hábitos, funcionando como protetor entre eles”. 4 Serro et al. (2008, p.22) afirmam que: “Mesmo havendo uma diversidade de concepções acerca da definição do que seria a adolescência, muitos psicólogos, pedagogos e educadores afirmam que, nessa fase, o desrespeito a regras e normas é relativamente comum. Entretanto, pesquisas apontam que, atualmente, há um exagero nessa conduta antissocial e na consequente prática de atos violentos pelos adolescentes”. Vídeo A ADOLESCÊNCIA E SEUS PROBLEMAS – FLÁVIO GIKOVATE Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=rESY7oVRpCM Entende-se por políticas públicas o conjunto de ações coletivas voltadas para a garantia dos direitos sociais, configurando um compromisso público que visa dar conta de determinada demanda, em diversas áreas. As políticas públicas são mecanismos de mudança social, orientado para promover o bem-estar, principalmente dos segmentos sociais mais destituídos, e nesse campo as políticas públicas que se destacam, estão ligadas a ̀ saúde, uma das maiores preocupações do país, estados e municípios (SOUZA, 2006). Mas e as políticas públicas? Envolve uma questão de ética Drogas tem um potencial para abuso e dependência; Políticas Públicas: a princípio, teve um posicionamento repressivo: o foco era a criminalização e medicalização – o usuário de drogas de abuso é responsabilidade do sistema judiciário ou é alvo de internações compulsórias, por meio da “psiquiatrização” do consumo. E o que dizem as políticas públicas brasileiras sobre o enfrentamento de drogas? Frente à influência internacional e frente à grande demanda social para o controle do consumo, em 1924 foi incluído no Código Penal Brasileiro o Decreto 4.294, que propõe a pena de prisão para as pessoas que vendessem ópio, seus derivados e cocaína. Legislação acerca das drogas no Brasil 1830: 1º Lei proibicionista no Brasil: Originária da Câmara Municipal do Rio de Janeiro; Aplicava penalidades aos “negros vadios que fossem pegos fumando maconha”. 1890: Código Penal Republicano, em seu artigo 159: Proibição de algumas substâncias tidas como “venenosas”. Legislação acerca das drogas no Brasil 5 Primeiras décadas do século XX: Consumo de bebidas alcoólicas já era frequente, mas tolerado pelos governantes e pela sociedade brasileira. Como os governantesnão se posicionaram sobre este aumento do consumo, começaram a surgir as sociedades de caráter privado, como a Liga Antialcoólica de São Paulo, a Liga Paulista de Profilaxia Moral e Sanitária, a Liga Brasileira de Higiene Mental, etc. Legislação acerca das drogas no Brasil 1953: Criação do Ministério da Saúde Seu foco foi sempre a vigilância sanitária no controle das epidemias – sem se preocupar com a questão das drogas. Final da 2ª Guerra Mundial: Ascensão dos ideais neoliberais difundidos por meio da globalização da economia – surge outra globalização do “mercado das drogas”, agora com caráter de exportação, com um viés político-criminoso. Legislação acerca das drogas no Brasil Diante disto, a ONU organizou 03 grandes convenções internacionais: 1961: Nova York 1971: Viena 1988: Viena Legislação acerca das drogas no Brasil Reafirmando aquela concepção repressiva de combate ao uso e tráfico de drogas, utilizando a expressão “war of drug”. Brasil: signatário dessas convenções 1971: Lei 5.726 • Dispõe sobre medidas preventivas e repressivas ao tráfico e ao uso de substâncias entorpecentes ou que determinem dependência física ou psíquica. Legislação acerca das drogas no Brasil Foi substituída pela Lei 6.368/1976 Dispõe sobre medidas de prevenção e repressão ao tráfico ilícito e uso indevido de substâncias entorpecentes ou que determinem dependência física ou psíquica. Esta nova Lei apresentou avanços, principalmente por ampliar o leque de ações preventivas, destinando ações para os dependentes de entorpecentes e não apenas para os infratores viciados. Legislação acerca das drogas no Brasil A partir de 1980: COFEN (Conselho Federal de Entorpecentes) • Responsável pela formulação de políticas públicas para o enfrentamento das drogas. Ações do COFEN: • Repressão à produção, tráfico e consumo de drogas; • Iniciativas de apoio aos centros de referência para tratamento, às pesquisas em prevenção na área de álcool e outras drogas, às comunidades terapêuticas e aos programas de redução de danos voltados para a prevenção da Aids entre usuários de drogas injetáveis. Legislação acerca das drogas no Brasil 6 1998: COFEN é substituído pelo CONAD (Conselho Nacional Antidrogas) Torna-se um órgão normativo e deliberativo da Secretaria Nacional Antidrogas (SENAD) – dedicada ao enfrentamento mundial das drogas. Primeira grande ação do CONAD: • Formulação da Política Nacional Antidrogas, instituída pelo Decreto 4.345,2002. Legislação acerca das drogas no Brasil Essa Política Nacional Antidrogas inicia uma “guerra”, deixando evidente que as drogas são uma ameaça à humanidade e à vida em sociedade Queria atingir o ideal de construção de uma sociedade livre do uso de drogas ilícitas e do uso indevido de drogas lícitas. Decreto 4.345/2002 Preconiza o tratamento do dependente ou usuário de forma multiprofissional e, sempre que possível, com a assistência de sua família visando, com isso, a redução de danos, sob a regulação do Ministério da Saúde. Lei 10.409/2002 2005: CONAD aprova a Política Nacional sobre Drogas Inclui a questão do uso abusivo de drogas como um problema de saúde pública; Admite a necessidade do tratamento, recuperação e reinserção social do usuário de álcool e outras drogas. Principais Diretrizes: Atingir o ideal de construção de uma sociedade protegida do uso de drogas; Reconhecer o direito de toda pessoa receber tratamento para drogadição; Reconhecer as diferenças entre o usuário, a pessoa em uso indevido, o dependente e o traficante; Priorizar ações de prevenção; Incentivar ações integradas aos setores de educação, saúde e segurança pública. Promover ações de redução de danos; Garantir ações para reduzir a oferta de drogas no país; Outras orientações. Política nacional sobre drogas É a mais recente legislação brasileira sobre drogas. Revogou as leis 10.409/2002 e a 6.368/1976. Apresenta um posicionamento político mais moderado em relação às drogas Distingue a condição de áusu rios e dependentes de drogas; Aborda as atividades de ãprevenç o ao uso indevido, ã àatenç o úsa de e ãreinserç o social; Estabelece penas alternativas ao crime definido como porte de drogas para consumo pessoal. Lei 11.343/2006 7 Momento de perguntas Fonte: https://goo.gl/43ex6B. Acessado em: 03/04/2018. Década de 1980: Debate sobre os direitos humanos fez surgir a Constituição Federal de 1988 • Destacou a saúde como uma das condições essenciais à vida digna, sendo um direito fundamental; • Políticas de Saúde Brasileiras foram formuladas a fim de viabilizar a garantia normativa máxima à saúde. Políticas públicas de saúde e o consumo de drogas como problema de saúde pública São um conjunto de ações sociais dirigidas à garantia do direito à saúde em todas as suas dimensões: promoção, proteção e recuperação, e visam garantir às populações vulneráveis a melhoria das condições de saúde Acontece através do SUS. Políticas públicas de saúde 2003: Ministério da Saúde publicou o documento íA Pol tica é ú ã ádo Minist rio da Sa de para Atenç o Integral a Usu rios Áde lcool e Outras Drogas – diretriz principal na área da saúde pública. Principais orientações: Estabelecimento e fortalecimento de um trabalho em rede para proporcionar atenção integral, acesso facilitado aos serviços, participação do usuário no tratamento e a criação de serviços de atenção diária como alternativa ao hospital psiquiátrico – os CAPS e os CAPSad. Álcool e outras drogas como assunto de saúde pública Foi influenciada pelo programa de redução de danos e pelo processo de reestruturação da atenção em saúde mental. A política do ministério da saúde para atenção integral a usuários de álcool e outras drogas Foi instituído em 2009 pelo Ministério da Saúde. Esta nova diretriz política objetivou aumentar o leque de ação das diretrizes anteriores. Plano emergencial de ampliação do acesso ao tratamento e prevenção em álcool e outras drogas no SUS 8 Finalidades: Ampliar o acesso ao tratamento e à prevenção em álcool e outras drogas no SUS; Diversificar as ações orientadas para a prevenção, promoção da saúde, tratamento e redução dos riscos e danos associados ao consumo prejudicial de substâncias psicoativas; Construir respostas intersetoriais efetivas, sensíveis ao ambiente cultural, aos direitos humanos e às peculiaridades da clínica do álcool e outras drogas, e capazes de enfrentar, de modo sustentável, a situação de vulnerabilidade e exclusão social dos usuários. Plano emergencial de ampliação do acesso ao tratamento e prevenção em álcool e outras drogas no SUS Com o propósito de prevenir o uso, tratar e reinserir o sujeito na sociedade. Além disso, visa o enfrentamento do tráfico de crack e outras drogas ilícitas. Plano integrado de enfrentamento ao crack e outras drogas Observa-se que foram muitos os avanços referentes ao manejo do uso de álcool e outras drogas, porém ainda muito precisa ser feito. Apesar da assimilação do uso/abuso de drogas como um problema de saúde pública e não exclusivamente pertencente ao âmbito da segurança pública e justiça, ainda prevalece na sociedade brasileira um espécie de “narcoterrorismo”. Enfim... Para se obter sucesso no combate ao uso e ao tráfico de drogas, é imprescindível saber quem é causa e quem é consequência: é preciso compreender as influências dos fatores sociais, como miséria, desemprego, corrupção, que são retratos vivos do nosso dia a dia, tantas vezes desorientadores das nossas próprias ações. Neste sentido, as políticas públicas atuais, estão voltadas para programas de prevenção e promoção da saúde, cujo propósito fundamental é fortalecer os fatores de proteção e diminuir os riscos para o uso, pois entende-se que tão importante como tratar os indivíduos já em uso é preciso proteger os que ainda não entraram em contato. Momento de perguntasFonte: https://goo.gl/43ex6B. Acessado em: 03/04/2018. Siegel RK. Intoxication: The Universal Drive for Mind-Altering Substances. Rochester; Vermont: Park Street Press; 2005. Weil A. The Natural Mind: A Revolutionary Approach to the Drug Problem (Revised edition). Boston: Houghton Mifflin; 2004. Referências 9 Nicastri S. :Drogas classifi cac ̧ão e efeitos no organismo. In: Ministério da Justiça (BR). Secretaria Nacional de Políticas Sobre Drogas – SENAD. ãPrevenç o ao uso indevido de : ãdrogas capacitaç o para conselheiros e lideranças ácomunit rias. 4a ed. Brasília; 2011. p. 17-40. Carvalho J. Brasil tem 870 mil usuários de cocaína; relatório da ONU indica aumento no número de usuários de drogas [homepage na internet]. Rio de Janeiro: O Globo Online [atualizada em 2010 Dez 14; Acesso em 2011 Jan 15]. Disponível em: http://oglobo.globo.com/pais/mat/ Referências BECKER, Daniel. é êO que adolesc ncia. 13° Ed., São Paulo, Brasiliense, 1994. (Coleção primeiros passos). SERRO, Dalilian Luiz; MORAES, Dulce Teresinha Barros Mendes de; et al. íA aplicabilidade dos princ pios e das garantias do processo penal ao direito processual penal juvenil. Revista Processos de Estudos de Gestão, Jurídicos e Financeiros – Ano 3 – Edição No 07 ISSN 2178. 2008. Souza C. Políticas Públicas: uma revisão da literatura. Sociologias. 2006; 16(6):20-45. Santos JAT, Oliveira MLF. í ú áPol ticas p blicas sobre lcool e :outras drogas breve resgate óhist rico. J Nurs Health, Pelotas (RS) 2012 jan/jun;1(2):82-93.
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