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Arboviroses - Dengue, Chikungunya e Zika

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Arboviroses
A maior parte dos patógenos responsáveis por doenças infecciosas humanas tem origem zoonótica, ou seja, são mantidos na natureza em ciclos que envolvem um vetor e um animal silvestre (por exemplo, macaco ou pássaro). Entretanto, com a modificação do ambiente causada por ações antrópicas associadas principalmente às atividades econômicas, muitos insetos vetores, como os mosquitos, tornaram-se sinantrópicos, favorecendo a transmissão dos patógenos ao homem.
Além da interferência e da modificação dos ecossistemas pela ação humana, outros fatores também estão relacionados à emergência de arboviroses nesses países, tais como o crescimento populacional urbano desordenado, o processo de globalização e ampliação do intercâmbio internacional e as mudanças climáticas. A população desloca-se de maneira voluntária, por razões de trabalho, estudo e lazer, ou de maneira forçada, para refúgio, após um desastre natural ou durante uma guerra em seu país. Esses movimentos populacionais aumentam o risco de viajantes transportarem consigo patógenos ainda não detectados em outras áreas, ou mesmo novos sorotipos ou cepas mais resistentes de um determinado vírus já conhecido no local, causando a emergência ou reemergência de uma doença.
Arbovírus são vírus transmitidos por artrópodes (Arthropod-borne virus) e são assim designados não somente pela sua veiculação através de artrópodes, mas, principalmente, pelo fato de parte de seu ciclo replicativo ocorrer nos insetos. São transmitidos aos seres humanos e outros animais pela picada de artrópodes hematófagos.
· Dengue
O vírus Dengue (DENV) é representado por quatro sorotipos, a saber, DENV-1 a DENV-4 e sua transmissão é feita pelo mosquito Aedes aegypti. O principal vetor é o A. aegypti, mas A. albopictus e A. polynesiensis são incluídos como vetores secundários. A dengue atinge, predominantemente, regiões tropicais da Ásia, Oceania, Austrália, África e as Américas. Áreas subtropicais e temperadas são suscetíveis à introdução e propagação do vírus na época do verão. A existência de mais de um sorotipo, DENV-1 e DENV-2, ocorreu por volta de 1940, e o DENV-3 e o DENV-4 foram primeiramente isolados durante epidemias nas Filipinas em 1956. 
Este vírus pode afetar pessoas de todas as idades, incluindo recém-nascidos, crianças, adultos e idosos, causando um espectro de doenças que vai desde a febre da dengue até as formas mais graves de dengue hemorrágica e síndrome do choque da dengue. Os sinais e sintomas incluem febre, dor retro-orbital, dor de cabeça intensa, mialgia, artralgia e manifestações hemorrágicas menores, como petéquias (pequenas manchadas causadas por hemorragias), epistaxe (sangramento nasal) e sangramento gengival.
As primeiras células infectadas após a inoculação viral pela picada do mosquito são, provavelmente, as células dendríticas da pele. Após a replicação inicial e migração para os linfonodos, os vírus aparecem na corrente sanguínea (viremia) durante a fase febril aguda, geralmente por três a cinco dias. A gênese dos sintomas da dengue ainda não é bem esclarecida, porém considera-se que a liberação de citocinas, como resultado da infecção das células dendríticas, macrófagos e a ativação de linfócitos TCD4+ e TCD8+, desempenha um papel importante. Além disso, a liberação de interferon pelos linfócitos T pode estar intimamente relacionada à queda na contagem de plaquetas, pela supressão da atividade da medula óssea, o que gera sintomas como as petéquias espalhadas pelo corpo. Da corrente sanguínea, os vírus são disseminados a órgãos como fígado, baço, nódulos linfáticos, medula óssea, podendo atingir o pulmão, coração e trato gastrointestinal.
Quanto aos sintomas da Febre Hemorrágica da Dengue (FHD) percebe-se que são semelhantes aos da dengue clássica, no entanto, evoluem rapidamente para manifestações hemorrágicas, derrames cavitários, e choque. Os casos típicos da FHD são caracterizados por febre alta, fenômenos hemorrágicos, hepatomegalia e insuficiência circulatória. Um achado laboratorial importante é a trombocitopenia – número reduzido de plaquetas - com hemoconcentração – aumento da viscosidade e densidade sanguíneas. Nos casos graves de FHD, o choque geralmente ocorre entre o 3º e 7º dia de doença, precedido por um ou mais sinais de alerta. O choque é decorrente do aumento da permeabilidade vascular seguido de hemoconcentração e falência circulatória. É de curta duração e pode levar ao óbito em 12 a 24 horas.
Não há tratamento específico para a dengue, a medicação é apenas sintomática, com analgésicos e antitérmicos (paracetamol e dipirona). Devem ser evitados os salicilatos e os antiinflamatórios não hormonais, já que seu uso pode favorecer o aparecimento de manifestações hemorrágicas.
Por ser uma doença de notificação compulsória, todo caso suspeito deve ser comunicado, pela via mais rápida, ao Serviço de Vigilância Epidemiológica mais próximo.
· Chikungunya
A Febre do Chikungunya é causada por um vírus pertencente à família Togaviridae e ao gênero Alphavirus. O CHIKV foi primeiramente isolado em 1952/1953, durante uma epidemia no Leste da África. Com efeito, o termo “Chikungunya” provém do idioma makonde, falado em algumas áreas do norte de Moçambique e sul da Tanzânia, que quer dizer “aquele que se dobra”, em referência à postura adquirida pelo paciente devido às severas artralgias.
O primeiro registro em humanos em território brasileiro ocorreu em 2014, na cidade do Oiapoque, no Amapá, e atualmente este estado, Bahia e Pernambuco são os que mais notificam casos no país. Apesar de ainda não estar claro o principal vetor do CHIKV no Brasil, estudo recente comprovou que tanto as populações brasileiras de Ae. aegypti quanto as de Ae. albopictus apresentam elevada competência vetorial para esse vírus, o que torna essa arbovirose uma potencial ameaça para o país.
A Chikungunya se caracteriza por quadros de febre associados à dor articular intensa e debilitante, cefaleia e mialgia – dor muscular. Embora possua sintomas semelhantes ao da dengue, chama a atenção a poliartrite/artralgia simétrica (principalmente punhos, tornozelos e cotovelos), que, em geral, melhora após 10 dias, mas que pode durar meses após o quadro febril. Embora quadros severos não sejam comuns e não ocorram choque ou hemorragias importantes como na dengue, manifestações neurológicas (encefalite, meningoencefalite, mielite, síndrome Guillain Barré), cutâneas bolhosas e miocardite podem trazer gravidade aos casos.
Ao se comparar com a dengue, a Chikungunya apresenta características que amplificam a disseminação da doença e aumentam a possibilidade de grandes e explosivas epidemias. Entre estas características estão a maior proporção de casos sintomáticos (> 90%), menor tempo de incubação intrínseca (de 2 a 7 dias), maior período de viremia (2 antes e 10 depois da febre) e menor período de incubação extrínseca (no mosquito). A replicação viral no mosquito Aedes albopictus além do A. aegypti aumenta a extensão geográfica das regiões com potencial de circulação viral.
A ausência de vacina e de medicação específica deixa para as equipes de controle de vetores, a tarefa de prevenir a transmissão. O Ministério da Saúde aponta também para a identificação precoce de casos em área indene, ampliação da retaguarda diagnóstica e o treinamento de equipes de saúde.
· Zika
Pertencente à família Flaviviridae e ao gênero Flavivirus, o ZIKV foi isolado pela primeira vez em macaco Rhesus, em 1947, na Floresta Zika, em Uganda. Em 2015, o Brasil registrou os primeiros casos humanos autóctones de Zika, confirmando a recente entrada desse arbovírus no país.
A principal forma de infecção pelo ZIKV é pela picada de fêmeas infectadas do gênero Aedes, sendo Ae. aegypti o principal vetor no Brasil. Os sintomas dessa arbovirose aparecem alguns dias após a picada do mosquito, duram de três a 12 dias e incluem febre baixa, artralgia, mialgia, dor de cabeça, conjuntivite e exantema maculopapular.
Por outro lado, a infecção por ZIKV também pode levar o paciente a desenvolver uma síndrome de origemautoimune e de ordem neurológica, denominada Guillain-Barré, que causa fraqueza muscular generalizada e paralisia. Adicionalmente, há a suspeita de que a infecção por ZIKV em mulheres grávidas pode estar associada ao recente surto de microcefalia em bebês recém-nascidos no Brasil, o que aumenta a urgente necessidade de implementar a vigilância em saúde relacionada a essa infecção. Besnard et al. (2014) apontam que a outra forma de transmissão do vírus zika é perinatal, em que encontram evidências de que a mãe infectada com o vírus nos últimos dias da gestação, é capaz de transmitir o vírus ao recém-nascido durante o parto.
Hamel et al. (2015) explica que, até o momento existem informações escassas sobre a patogênese do vírus zika, todavia, os flavivírus são replicados de maneira inicial em células dendríticas e citoplasma dos fibroblastos e queratinócitos da epiderme e derme, disseminando-se, posteriormente aos nódulos linfáticos e corrente sanguínea.
O mosquito transmissor apresenta coloração preta e manchas e listras brancas por todo o corpo. O inseto é altamente adaptável a qualquer tipo de ambiente, especialmente antrópico. Possui uma atividade hematófaga diurna, ao passo que as fêmeas da espécie se utilizam de coleções preferencialmente artificiais de água para o depósito de seus ovos. Estes, por sua vez têm alta capacidade de sobrevivência, podendo resistir às elevadas temperaturas dos raios solares, sobrevivendo fora da água por aproximadamente 450 dias, bem como apresentam condições de adaptação aos mais diversos tipos de ambientes, tanto que alguns estudos comprovam a sobrevivência de mosquitos adultos em altitudes elevadas e larvas que sobreviveram em águas poluídas. (TAUIL et al, 2002).

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