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1 Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 0 Tecnologias da Biomassa Albina Maria de Sá Ribeiro MESTRADO EM ENGENHARIA QUÍMICA Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 1 Pirólise Produtos da conversão térmica da biomassa (Bridgwater, 2012). 0 1 2 Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 2 Pirólise - refere-se à decomposição termoquímica de resíduos orgânicos ou outras matérias orgânicas a altas temperaturas e na ausência de oxigênio. Os produtos resultantes da pirólise podem ser classificados em três tipos principais: uma fase sólida (carbonizado), uma fase líquida (alcatrão, hidrocarbonetos pesados e água) e uma fase gasosa composta basicamente de CO2, H2O, CO, H2, CH4, C2H2 , C2H4, C2H6 e C6H6. Pirólise Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 3 Pirólise de uma partícula de biomassa (Neves et al. (2011). Pirólise 2 3 3 Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 4 Pirólise Etapas de um processo de pirólise (Neves et al. (2011). Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 5 Esquema simplificado de uma instalação de pirólise (Basu, 2018). Pirólise 4 5 4 Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 66 O processo de pirólise pode ser representado através da equação genérica: Fase líquida: (alcatrões, hidrocarbonetos pesados e água) Fase sólida: (carbonizado – “char”) Fase gasosa: (e.g. CO2, CO, H2, H2O, CH4, C2H4, C2H6, C6H6) A quantidade produzida de cada fase depende de vários fatores, como a temperatura e o tempo de residência. Pirólise Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 7 Pirólise Características de alguns processos de decomposição térmica (Basu, 2018). 6 7 5 Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 8 Pirólise Rendimentos das várias fases obtidos por degradação térmica (Bridgwater, 2012). Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 9 Pirólise Produtos da pirólise Fase sólida (“biochar”) - composta essencialmente por C, mas também contém H e O e cinzas. 8 9 6 Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 10 Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 11 Pirólise Fase gasosa • A primeira decomposição da biomassa produz gases condensáveis (vapores) e não condensáveis - (primary gases) • Os vapores, constituídos por moléculas pesadas, condensam por arrefecimento. • Os gases não condensáveis incluem compostos com massa molar baixa como CO2, CO, H2, CH4, C2H4, C2H6, etc. • Gases não condensáveis também são produzidos a partir da decomposição dos vapores não condensáveis (secondary gases). 10 11 7 Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 12 Pirólise Fase líquida Fase conhecida como bio-óleo, é uma mistura complexa de hidrocarbonetos contendo um elevado teor de oxigénio e água. O bio-óleo é uma microemulsão, na qual a fase contínua é uma solução aquosa dos produtos resultantes da decomposição da celulose e hemicelulose e pequenas moléculas provenientes da decomposição da lignina. A fase descontínua é composta por macromolélucas da pirólise da lignina. Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 13 O bio-óleo também contém fragmentos de celulose, hemicelulose e lignina. Análise do bio-óleo mostra que os compostos encontrados estão dentro das seguintes categorias: hidroxialdeídos (hydroxyaldehydes) hidroxicetonas (hydroxyketones) açúcares e anidroaçúcares (sugars and dehydrosugars) ácidos carboxílicos (carboxylic acids) compostos fenólicos (phenolic compounds) 12 13 8 Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 14 Pirólise Bio-óleo Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 15 Pirólise Tipos de pirólise Com base na rampa de aquecimento (heating rate - ºC/min), a pirólise pode ser considerada como lenta ou rápida (slow ou fast pyrolysis). É considerada como lenta, se o tempo necessário para aquecer a biomassa (theating) até à temperatura de pirólise (Tpyr) é mais longo do que o tempo de reação característico da pirólise (tr). 14 15 9 Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 16 Pirólise As pirólises lenta e rápida são realizadas em atmosfera inerte e a sua classificação baseia-se no valor da rampa de aquecimento. Na pirólise lenta, o tempo de residência do vapor na zona da pirólise é da ordem dos minutos ou mais. Tradicionalmente é usada para produção de carbonizados. Na pirólise rápida, o tempo de residência do vapor é da ordem dos segundos ou milisegundos. É usada na produção de bio-óleo e pode ser flash ou ultra-rápida. Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 17 Pirólise A pirólise também pode ser conduzida em meios não oxidantes como o hidrogénio (hydropyrolysis) ou a água (hydrous pyrolysis). 16 17 10 Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 18 Pirólise Características de processos de decomposição térmica (Basu, 2018) Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 19 Pirólise Pirólise lenta – a biomassa é aquecida lentamente numa atmosfera inerte, até se atingir a temperatura pretendida (∼ 400 ºC) durante um período de tempo prolongado. 18 19 11 Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 20 Pirólise rápida (fast pyrolysis) – o principal objetivo deste tipo de pirólise é maximizar a produção da fase líquida (bio-óleo). O aquecimento da biomassa deve ser de tal modo rápido, para que se atinja a temperatura de pirólise antes da biomassa se decompor. A rampa de aquecimento deve variar entre 1000 – 10 000 ºC/s, mas a temperatura não deve exceder os 650 ºC, se o bio-óleo for o produto pretendido. A temperatura pode ir até aos 1000ºC se a produção de gás for o objetivo. Os reatores de leito fluidizado podem ser usados para este tipo de pirólise. Pirólise Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 21 Pirólise Para aumentar o rendimento do bio-óleo deve-se: Usar rampas de aquecimento elevadas Temperaturas de reação entre 425 – 600 ºC Tempos de residência curtos do vapor no reator (< 3 s) Arrefecimento rápido dos voláteis. 20 21 12 Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 22 Pirólise Pirólise flash – a biomassa é aquecida rapidamente, na ausência de oxigénio, a temperaturas na gama dos 450 a 600 ºC. Os gases condensáveis e não condensáveis devem deixar o reator num tempo de residência que ronda os 30-1500 ms. Depois do arrefecimento, os gases condensáveis formam um combustível líquido denominado de bio-óleo. Este tipo de processo aumenta o rendimento do líquido, reduzindo a produção de carbonizado. Um rendimento típico de bio-óleo atingido neste tipo de pirólise é de 70 – 75%. Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 23 Pirólise Pirólise ultra rápida – as taxas de aquecimento são muito elevadas e atingem-se temperaturas superiores às da pirólise rápida. O tempo de residência no reator é muito curto. Para maximizar a produção de gases usam-se temperaturas da ordem dos 1000 ºC, enquanto se se pretender a fase líquida, a temperatura de pirólise deverá ser de 650 ºC. 22 23 13 Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 24 Pirólise Por vezes a pirólise pode ser conduzida na presença de um meio, como água ou hidrogénio. Na hidropirólise (hidropyrolysis) a decomposição térmica ocorre na presença de hidrogénio a pressão elevada. Pode aumentar a quantidade de voláteis produzidos e a proporção de hidrocarbonetos com massa molar baixa. Na hydrous pyrolysis a decomposição da biomassa ocorre na presença de água e a temperaturas elevadas. Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 25 Rendimento dos produtos da pirólise Pirólise Parâmetros que influenciam o rendimento dos produtos da pirólise: Tipo de reator Características físicas e químicas da biomassa Temperatura Rampa de aquecimento Tempo de residência na zona de reação Caudal do gás de arraste Presença de um catalisador Tamanho das partículas de biomassa 24 25 14 Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 26 Pirólise Efeito da composição da biomassa Os três constituintes principais da biomassa lignocelulósica iniciam a pirólise em gamas de temperatura diferentes: Hemicelulose: 150 – 350ºC Celulose: 275 – 350ºC lignina: 250 – 500ºC AlbinaRibeiro Tecnologias da Biomassa 27 Pirólise Os constituintes individuais comportam-se de modo diferente durante a pirólise: A celulose e a hemicelulose são as principais fontes dos volatéis A celulose é a fonte principal dos vapores condensáveis A hemicelulose dá origem a mais gases não condensáveis e a menos alcatrões do que a celulose Devido ao seu conteúdo em aromáticos, a lignina degrada-se lentamente, dando uma grande contribuição na formação do carbonizado 26 27 15 Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 28 Pirólise Efeito da temperatura Efeito da temperatura no rendimento dos produtos de pirólise (pirólise lenta) (Morah and Sensoz, 2015) Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 29 Pirólise Efeito da rampa de aquecimento Em pirólise lenta, o tempo de residência dos voláteis na zona de pirólise também é importante. A remoção gradual dos voláteis dá origem à ocorrência de reações secundárias entre os voláteis e o carbonizado, favorecendo a formação do carbonizado. 28 29 16 Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 30 Pirólise As condições de operação num reator devem ser ajustadas de modo a permitir a formação do produto com mais interesse. Assim: Para maximizar a produção de carbonizado, usar rampas de aquecimento lentas (< 0,01 – 2,0ºC/s), temperaturas baixas e tempos de residência longos para os voláteis Para maximizar o rendimento do líquido, usar rampas de aquecimento elevadas, temperaturas finais moderadas (450 – 600ºC) e tempos de residência curtos para os voláteis Para maximizar a produção de gás, usar rampas de aquecimento moderadas, temperaturas de aquecimento altas (700 – 900ºC) e tempos de residência elevados para os voláteis. Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 31 Pirólise Influência do gás de arraste Efeito do gás de arraste no rendimento dos produtos de pirólise (pirólise lenta) (Morah and Sensoz, 2015) 30 31 17 Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 32 Pirólise Efeito do tamanho das partículas A composição, tamanho, forma e estrutura física da biomassa podem ter alguma influência no rendimento dos produtos de pirólise, devido ao efeito que podem ter na taxa de aquecimento. Partículas de biomassa mais pequenas oferecem uma menor resistência à passagem dos gases condensáveis, que podem escapar com relativa facilidade antes de sofrerem pirólise secundária, havendo um maior rendimento da fase líquida. Partículas maiores promovem a pirólise secundária, porque oferecem maior resistência à passagem dos produtos da pirólise primária. Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 33 Pirólise Tipos de reatores de pirólise: Leito fixo ou leito móvel Leito fluidizado borbulhante Leito fluidizado circulante Reator ultra rápido Reator de cone rotativo Reator ablativo Reator de vácuo Reator de parafuso (auger/screw pyrolysis reactor) 32 33 18 Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 34 Pirólise Reator de leito fixo (González et al., 2003) Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 35 Reator de leito fluidizado borbulhante (Bridgwater, 2012). Pirólise 34 35 19 Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 36 Leito fluidizado circulante (CFB) (Bridgwater, 2012). Pirólise Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 37 Pirólise O caudal de gás utilizado num leito fluidizado circulante é muito superior ao necessário para operar um leito fluidizado borbulhante. Em leitos fluidizados circulantes, o escoamento do gás é estabelecido de forma a transportar as partículas para fora do leito, as quais são recuperadas em ciclones e depois retornam ao leito. Embora o processo permita a implementação de aquecimento direto dos meios de fluidização, o sistema é mais complicado de conceber e de operar do que um reator de leito fluidizado borbulhante. A biomassa pode ser convertida em bio-óleo com rendimentos de cerca de 70% . 36 37 20 Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 38 Pirólise A biomassa é alimentada ao reator através de um alimentador do tipo de parafuso. Em seguida, ocorre a mistura rápida do material do leito (areia) e da biomassa. Tanto o carbonizado como a areia são arrastados pela corrente de gás, ocorrendo a pirólise na corrente gasosa ascendente devido à transferência de calor entre o gás e as particulas. Na saída da coluna ascendente, ciclones separam o carbonizado produzido e a areia da corrente de gás. Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 39 A matéria particulada entra numa câmara de combustão, onde o carbonizado é queimado com ar, aquecendo as partículas, as quais retornam ao fundo da coluna. A corrente volátil produzida passa para um sistema de recuperação de bio-óleo, que utiliza uma combinação de dispositivos para remover vapores de pirólise e aerossóis dos gases não condensáveis. Pirólise 38 39 21 Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 40 Uma grande vantagem deste sistema é que o carbonizado que sai da primeira coluna é facilmente separado e queimado num leito fluidizado externo. O calor de combustão é transferido para os sólidos inertes (areia) que são reciclados para o reator. Uma das principais desvantagens deste tipo de reator é a erosão no seu interior e a operação relativamente complicada, especialmente no movimento dos sólidos quentes de um reator para o outro. Pirólise Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 41 Pirólise Reator ultra rápido (Basu, 2018) 40 41 22 Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 42 Pirólise Rampas de aquecimento muito elevadas e tempos de residência curtos na zona de pirólise são requisitos para um rendimento da fase líquida elevado. Neste reator, os tempos de mistura são extremamente curtos (10 - 20 ms), o tempo de residência no reator é da ordem dos 70 – 200 ms e o tempo de arrefecimento é de cerca de 20 ms. A temperatura de operação é baixa (~650ºC). Permite um rendimento de líquido até 90%. Reator ultra rápido Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 43 Pirólise O azoto é aquecido 100 ºC acima da temperatura do reator e injetado a alta velocidade, atingindo a corrente de biomassa. Também se pode usar uma corrente de sólidos particulados quentes (areia) para aquecimento da biomassa. A biomassa é aquecida até à temperatura de pirólise no espaço de alguns milissegundos. Os produtos de pirólise deixam o reator pela base e são imediatamente arrefecidos, para evitar a ocorrência de reações secundárias ou “cracking” dos vapores que dão origem ao óleo. 42 43 23 Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 44 Reator de cone rotativo (Basu, 2018) Pirólise Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 45 Pirólise Reator de cone rotativo e equipamentos associados (Bridgwater, 2012) 44 45 24 Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 46 No reator de cone rotativo, as partículas de biomassa são alimentadas no fundo de um cone rotativo (360-960 rotações/minuto) juntamente com um excesso de partículas sólidas (areia) que transportam de calor. A força centrífuga empurra as partículas contra a parede quente; estas são transportadas em espiral para cima ao longo da parede. Pirólise Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 47 Devido à excelente mistura, a biomassa sofre aquecimento rápido e é pirolisada dentro do pequeno volume anular. O gás, que contém os voláteis, sai através de um tubo, enquanto que o carbonizado sólido e a areia sobem a parede do cone, caindo num leito fluidizado. O carbonizado queima no leito fluidizado, e esta combustão ajuda a aquecer o cone, bem como os sólidos que são reciclados para fornecer calor para a pirólise. Pirólise 46 47 25 Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 48 As características especiais deste reator incluem um tempo de residência dos sólidos muito curto e um pequeno tempo de residência da fase gasosa. Estes reatores proporcionam um rendimento da fase líquida de 60-70% (alimentação em base seca). A ausência de um gás de arraste é uma vantagem deste processo, mas a geometria complexa do sistemapode levar a alguns problemas de scale-up. Pirólise Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 49 Reator ablativo (Basu, 2018) Pirólise 48 49 26 Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 50 Pirólise Este processo envolve a criação de uma pressão elevada entre a partícula de biomassa e a parede quente do reator. Há transferência de calor da parede para a biomassa, causando a formação de um líquido. A biomassa que desliza contra a parede deixa para trás um filme líquido que evapora e sai da zona de pirólise, que é a interface entre a biomassa e a parede. Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 51 Como resultado da elevada transferência de calor e do curto tempo de permanência do gás, pode obter-se um rendimento de fase líquida até 80%. A pressão entre a biomassa e a parede é criada por meios mecânicos ou pela força centrífuga. Num sistema mecânico, um pedaço de biomassa é pressionado contra uma placa de aquecimento rotativa. Pirólise 50 51 27 Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 52 Reator de vácuo (Basu, 2018) Pirólise Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 53 Pirólise O reator de pirólise a vácuo é formado por um conjunto de placas circulares aquecidas e empilhadas. A placa superior está a cerca de 200 °C, enquanto que a inferior está a cerca de 400 ºC. A biomassa é alimentada para a placa superior e cai, sucessivamente, para as placas inferiores por meio de raspadores. A biomassa sofre secagem e pirólise enquanto se move sobre as placas. Neste tipo de reator não se utiliza um gás transportador. Só existe biochar quando a biomassa alcança a placa inferior. 52 53 28 Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 54 Pirólise Embora a taxa de aquecimento da biomassa seja relativamente lenta, o tempo de residência do vapor na zona de pirólise é curto. Como resultado, o rendimento do líquido neste processo é na gama de 35 - 50% (base seca), mas com um elevado rendimento de carbonizado. Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 55 Pirólise Reator de parafuso (Auger/screw pyrolysis reator) (Verma et al., 2011) 54 55 29 Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 56 Pirólise Biochar Biochar (carbonizado) – obtido através da pirólise lenta da biomassa a temperaturas moderadas (cerca de 400 ºC). O seu rendimento, em geral, não excede os 35%. Assumindo que a celulose representa a biomassa, a equação que representa a formação do carbonizado é: Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 57 Pirólise Do ponto de vista térmico, o processo de pirólise pode ser dividido em quatro fases: 1. Secagem (~100 ºC) – a humidade livre é libertada, evapora, e o calor fornecido é conduzido para o interior das partículas. 2. Fase inicial (100 – 300 ºC) acontece a desidratação exotérmica da biomassa, com libertação de água e de gases com massa molar baixa como o CO2 e CO (torrefação). Aspetos físicos 56 57 30 Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 58 3. Fase intermédia (> 200 ºC) – pirólise primária, ocorre a temperaturas entre 200 – 600 ºC. A maior parte do vapor ou precursores do bio-óleo produzem-se nesta fase. Moléculas de cadeia longa da biomassa decompõem-se em carbonizado (primary char), gases condensáveis (vapores e precursores da fase fluida) e gases não condensáveis. 4. Fase final (~300 – 900 ºC) – a fase final da pirólise envolve uma quebra secundária (secondary cracking) dos volatéis para formar carbonizado e gases não condensáveis. Se o tempo de residência em contacto com a biomassa for suficiente, moléculas de cadeia longa dos gases condensáveis podem sofrer cracking, resultando em carbonizado adicional (secondary char) e gases. Pirólise Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 59 Pirólise Transferência de calor num reator de pirólise Durante a pirólise, energia térmica é transportada para o exterior das partículas por convecção e por radiação. Depois é transferida para o seu interior por condução e por convecção nos poros. As formas de transferência de calor que estão presentes são as seguintes: Condução dentro da partícula Convecção dentro dos poros da partícula Convecção e radiação para o exterior da partícula 58 59 31 Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 60 Pirólise Num reator comercial, o sistema aquece primeiro um meio, que depois transfere o calor para a biomassa. O meio de aquecimento pode ser: A parede do reator (para um reator de vácuo) Um gás (para reatores do tipo entrained bed ou entrained flow) Sólidos granulados (ex: areia - para leitos fluidizados) Nos reatores de leito fluidizado do tipo leito borbulhante (bubbling bed) ocorre principalmente transferência de calor sólido-sólido. Nos reatores do tipo leito fluidizado circulante (CFB) há transferência de calor gás- sólido e sólido-sólido. Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 61 Pirólise 60 61 32 Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 62 Pirólise O biochar tem interesse especial na redução de gases de efeito estufa, porque a sua produção pode aumentar significativamente a quantidade de carbono retido no solo de forma estável. O carbono existente nos resíduos agrícolas e florestais, quando estes são deixados no solo, é libertado para a atmosfera ao longo do tempo, na forma de CO2 ou CH4. Por outro lado, se a biomassa for convertida em biochar, até 50% do carbono contido na biomassa pode permanecer no solo como um resíduo estável. Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 63 Pirólise Potenciais benefícios do biochar: Sequestra o carbono e assim minimiza as alterações climáticas Emissão negativa de carbono Substitui combustíveis fósseis carbon positive Reduz as perdas de nutrientes nos solos Reduz o uso de fertilizantes Aumenta a produtividade de solos marginais Aumenta a produção sustentável de alimentos Melhora a retenção da água, o arejamento e o cultivo da terra Maior capacidade de troca catiónica 62 63 33 Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 64 Pirólise Melhora a qualidade da água, através da redução do escoamento de águas contaminadas e da perda de nutrientes Remediação de solos Inversão do processo de desertificação em grande escala e pode ocorrer em conjunto com reflorestamento Uma melhor alternativa à queima de resíduos agrícolas Diminui as emissões de óxido nitroso e metano dos sólidos Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 65 Pirólise Produção de bio-óleo por pirólise Bio-óleo – fração líquida produzida por pirólise da biomassa. Num reator de pirólise rápida pode obter-se: 75% de bio-óleo,12% de carbonizado e 13% de gás. O bio-óleo contém uma grande percentagem de produtos oxigenados na sua composição e também cerca de 25% de água (água proveniente da humidade da biomassa e de reações químicas). A composição de um bio-óleo depende do tipo de biomassa assim como do processo usado. O que é o bio-óleo? 64 65 34 Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 66 Pirólise Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 67 Pirólise Outros termos usados para descrever o bio-óleo ou que lhe estão associados: Tar ou pyroligneous tar (alcatrão ou alcatrão pirolenhoso) Biocrude* Wood liquid ou liquid wood (madeira líquida) Liquid smoke (fumo líquido) Biofuel oil Wood distillates (destilados de madeira) Pyrolysis oil (óleo de pirólise) Pyroligneous acids (ácidos pirolenhosos) *o biocrude pode ser obtido por outros métodos, como a gasificação supercrítica 66 67 35 Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 68 Pirólise Propriedades físicas do bio-óleo O bio-óleo tem uma viscosidade relativamente baixa devido à percentagem de água que contém Tem um cheiro punjente (a fumo) Densidade relativa de ~ 1,2 Mais denso do que a água e de qualquer óleo derivado do petróleo Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 69 Pirólise 68 69 36 Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 70 Pirólise A viscosidade e a volatilidade do bio-óleo aumentam e diminuem, respetivamente, ao longo do tempo. Também, devidoa fenómenos de polimerização, condensação, esterificação e eterificação, pode ocorrer separação de fases e deposição de gomas (as propriedades dos óleos minerais não variam no tempo). O bio-óleo não é solúvel em água, embora contenha água na sua composição. É miscível em solventes polares como o metanol e a acetona, mas é imiscível em óleos derivados do petróleo. Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 71 Pirólise Aplicações do bio-óleo O bio-óleo é renovável e mais limpo do que o óleo mineral, um combustível fóssil que é extraído do petróleo. Em muitas aplicações pode substituir óleos derivados do petróleo (green alternative). Serve como fonte de energia ou como matéria-prima para a produção de produtos químicos. 70 71 37 Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 72 Pirólise O bio-óleo pode ser alimentado a caldeiras e fornos como substituto dos óleos convencionais. Isto pode permitir uma mudança rápida e fácil do uso de combustíveis fósseis para biocombustíveis, uma vez que não exige a substituição completa ou uma remodelação substancial do sistema de queima, como seria necessário se a biomassa em bruto fosse alimentada a uma caldeira dimensionada para óleo convencional. Produção de energia Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 73 O desempenho de um forno alimentado a bio-óleo deve ser cuidadosamente estudado antes de se fazer a mudança, uma vez que o fuel e o bio-óleo têm características de combustão diferentes (ponto de ignição, viscosidade, conteúdo energético, estabilidade, pH e nível de emissões). Em muitos casos, pode-se superar estas diferenças à custa de um dimensionamento adequado. Pirólise 72 73 38 Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 74 Produção de compostos químicos Pirólise O bio-óleo é um hidrocarboneto semelhante ao petróleo, exceto no seu teor em oxigénio. Assim, a maioria dos produtos químicos derivados do petróleo podem ser obtidos a partir do bio-óleo. Tais produtos são: Resinas Aromatizantes alimentares Agroquímicos Fertilizantes Levoglucosano Adesivos Conservantes Ácido acético e glicolaldeído (hydroxyacetaldehyde) Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 75 Pirólise O bio-óleo contém menos átomos hidrogénio por átomo de carbono (H/C) do que os combustíveis de transporte convencionais, como a gasolina e o gasóleo. No entanto, o bio-óleo pode ser hidrogenado (adição de hidrogénio) para dar origem a combustíveis de transporte com uma elevada razão H/C. Produção de combustíveis para transporte 74 75 39 Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa Pirólise • Basu, P., (2018) “Biomass Gasification, Pyrolysis and Torrefaction – Practical Design and Theory”, 3rd ed., Academic Press, San Diego, CA. • Bridgwater, A.V. (2012) “Review of fast pyrolysis of biomass and product upgrading”, Biomass and Bioenergy, Vol. 38, pp 68-94. • González J.F., Encinar J.M., Canito J.L., Sabio E., Chacón M., (2003) “Pyrolysis of cherry stones: energy uses of the different fractions and kinetic study”, J. Anal. Appl. Pyrol., Vol. 67, pp. 165-90. • Morali, U., Sensoz, S., (2015) “Pyrolysis of hornbeam shell (Carpintus betulus L.) in a fixed bed reactor: characterization of bio-oil and bio-char”, Fuel, Vol. 150, pp. 672 – 678. • Neves, D., Thunman, H., Matos, A., Tarelho, L., Gómez-Barea, A. (2011) ”Chracterization and prediction of biomass pyrolysis products”, Progress in Energy and Combustion, Vol. 37, pp 611-630. ASR2 76 Slide 77 ASR2 Albina Sa Ribeiro, 08/03/2020
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