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1 Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 0 Tecnologias da Biomassa Albina Maria de Sá Ribeiro MESTRADO EM ENGENHARIA QUÍMICA Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 1 Gasificação Um processo de gasificação inclui os seguintes passos: Secagem Pirólise (decomposição térmica) Combustão parcial de alguns gases, vapores e carbonizado Gasificação dos produtos da decomposição 0 1 2 Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 2 Os agentes de gasificação reagem com o carbonizado e com hidrocarbonetos pesados para produzir gases de baixo peso molecular, como o CO e o H2. Os principais agentes de gasificação são: Oxigénio Air Vapor de água Dióxido de carbono Gasificação Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 3 O poder calorífico e a composição do gás produzido no gasificador são função do tipo e da quantidade de agente gasificante utilizado. O oxigénio é essencialmente usado para a combustão ou gasificação parcial no gasificador. Se a quantidade de O2 fornecida for baixa há produção de CO, enquanto que se este for alimentado a um caudal superior, favorece a formação de CO2. Se a quantidade de oxigénio exceder a quantidade estequiométrica, o processo reverte de gasificação para combustão. Quando se usa vapor de água, os gases produzidos apresentam uma razão H/C mais elevada. Gasificação 2 3 3 Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 4 O tipo de agente gasificante também afeta o poder calorífico do gás produzido. Gasificação Quando se usa o O2 como agente gasificante obtém-se um gás com um poder calorífico mais elevado. Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 5 O processo de gasificação Gasificação 4 5 4 Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 6 Num processo típico de gasificação, a biomassa depois de seca, sofre degradação térmica (pirólise). Os produtos da pirólise (fases sólida, líquida e gasosa) reagem entre si e também com o agente de gasificação para formar os produtos finais da gasificação. Na maioria dos gasificadores comerciais, a energia térmica requerida pelo processo (secagem, pirólise e reações endotérmicas) é proveniente de algumas reações exotérmicas de combustão, que ocorrem dentro do reator. Gasificação Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 7 Gasificação 6 7 5 Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 8 Secagem Gasificação Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 9 Por cada quilograma de humidade presente na biomassa consomem-se cerca de 2242 kJ da energia fornecida ao reator, para evaporação da água. Esta energia não é recuperada. Convém secar a biomassa antes de entrar no reator até apresentar valores de humidade entre 10 – 20%. Gasificação Pirólise Os alcatrões, provenientes da condensação dos volatéis formados, causam problemas na operação dos gasificadores industriais. 8 9 6 Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 10 Gasificação Reações de gasificação do carbonizado O processo de gasificação envolve reações químicas entre os hidrocarbonetos presentes na biomassa, o vapor de água, o dióxido de carbono, o oxigénio e o hidrogénio no reator, assim como reações entre os gases produzidos. Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 11 Gasificação Reações do carbonizado com vários meios de gasificação: As reações de gasificação são geralmente endotérmicas (“char” com o CO2 e o H2O), mas algumas são exotérmicas (“char” com O2 e H2) 10 11 7 Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 12 Gasificação As reações anteriores têm velocidades de reação diferentes: Reação de Boudouard: Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 13 Gasificação “Water-gas reaction”: A presença do hidrogénio inibe a gasificação do “char” em vapor de água. Por exemplo, se a atmosfera onde se dá a gasificação tiver 30% de H2, a velocidade da reação de gasificação pode ser reduzida por um fator de 15. Para acelerar esta reação, deve haver a remoção contínua do H2 da zona de reação. 12 13 8 Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 14 Gasificação “Water-gas shift reaction” Esta reação ocorre entre o vapor de água e um dos produtos da gasificação (reação em fase gasosa). Esta reação enriquece o produto da gasificação em hidrogénio à custa do CO. Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 15 Gasificação “Hydrogasification reaction” Esta reação envolve a gasificação do “char” num meio rico em hidrogénio, provendo a formação do metano. É importante se se pretender a produção de gás natural sintético. 14 15 9 Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 16 Gasificação Reações de combustão do carbonizado A maioria das reações de gasificação são endotérmicas. Para fornecer a energia necessária para as reações de gasificação, assim como para o aquecimento, a secagem e a pirólise, tem que haver energia suficiente que pode ser libertada numa combustão exotérmica dentro do reator. ( ) ( ) 2 2 2 C O CO 394 kJ / kmol C 0,5 O CO 111 kJ / kmol + → − + → − Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 17 Gasificação Uso de catalisadores em gasificação O uso de catalisadores em gasificação não é essencial, mas pode ajudar: Na remoção do alcatrão no gás produzido, especialmente se houver equipamento a jusante do reator que não possa tolerar a presença destes compostos; Na redução do teor em metano, quando se pretende gás de síntese (“syngas”) – mistura de CO e H2 16 17 10 Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 18 Gasificação O desenvolvimento da gasificação catalítica é impulsionado pela necessidade de “reforming” do alcatrão. Quando o gás produzido passa sobre as partículas do catalisador, o alcatrão ou o hidrocarboneto condensável pode sofrer reforma na superfície do catalisador com vapor de água ou dióxido de carbono, produzindo-se assim mais hidrogénio e monóxido de carbono. “Reforming” com vapor: Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 19 Gasificação “Reforming” com dióxido de carbono: Através do “reforming” catalítico consegue-se eliminar o alcatrão, obtendo-se uma quantidade adicional de gás produzido. Assim, tanto o rendimento do gás como o poder calorífico do gás produzido aumentam. Outra opção para a eliminação dos alcatrões é o uso do “cracking” térmico, mas requer temperaturas acima dos 1100 ºC e produz fuligem (“soot”). 18 19 11 Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 20 Gasificação Outra razão para o uso de catalisadores na gasificação é a remoção do metano no gás produzido. Para tal, pode usar-se o “reforming” catalítico com vapor de água ou dióxido de carbono. Este processo é importante na produção de gás de síntese, que necessita de ter uma razão exata entre as quantidades de CO e H2. No “reforming” com vapor, o metano reage com o vapor a uma temperatura entre 700 e 1100 ºC na presença de um catalisador metálico: (catalisadores à base de níquel são eficazes nesta reação) Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 21 Gasificação A nível comercial, o uso do “reforming” com dióxido de carbono não é tão habitual. No entanto, tem a potencialidade de reduzir dois gases de efeito estufa numa só reação (CH4 e CO2) e também é uma boa opção para retirar o CO2 do gás produzido: (catalisadores à base de níquel também são eficazes nesta reação) 20 21 12 Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 22 Gasificação Seleção dos catalisadores Os catalisadores usados nas reações de “reforming” devem ser escolhidos tendo em vista o seu objetivo e uso prático. A seleção de catalisadores para a remoção dos alcatrões deve obedecer aos seguintes critérios: Desempenho do catalisador Resistência à desativação por incrustação (“fouling”) e sinterização Ser facilmente regenerado Forte e resistente ao atrito Barato Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 23 Gasificação Na remoção do metano, para além dos critérios anteriores, também se deve ter em atenção os seguintes pontos: O catalisador deve ser capaz de promover o “reforming” do metano Proporcionar a razão CO/H2 requerida para o gás de sinteseOs catalisadores podem ser usados: in situ (no reator, misturados com a biomassa) após a gasificação (em reator secundário a jusante do gasificador) 22 23 13 Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 24 Tipos de catalisadores usados na gasificação da biomassa: Metais alcalinoterrosos: dolomite (CaCO3.MgCO3) Catalisadores de metais alcalinos: carbonato de potássio e carbonato de sódio Catalisadores com níquel Gasificação Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 25 Gasificação Tipos de gasificadores Reatores de leito fixo/móvel (“updraft”, “downdraft”, “crossdraft”) Reatores de leito fluidizado (leito fluidizado borbulhante (BFB) ou circulante (CFB)) Reatores de fluxo arrastado (“entrained bed”) 24 25 14 Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 26 Gasificação Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 27 Tecnologias de gasificação e os seus fornecedores comerciais. Gasificação 26 27 15 Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 28 Gama de aplicação dos vários tipos de gasificadores de biomassa. Gasificação Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 29 Gasificadores de leito fixo/móvel: Nos gasificadores de leito fixo o combustível fica apoiado numa grade. Também são chamados de leito móvel, porque o combustível se move em sentido descendente dentro do reator. Podem ser construídos em tamanhos pequenos, a preços bastante económicos. Tanto a mistura e como a transferência de calor dentro do leito móvel (fixo) são baixas, o que dificulta a obtenção de uma distribuição uniforme do combustível, da temperatura e da composição do gás através da secção transversal do reator. Gasificação 28 29 16 Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 30 Combustíveis que têm tendência a aglomerar podem formar aglomerados durante a gasificação. Por isso, os gasificadores de leito fixo não são muito eficazes quando se pretende tratar biomassa ou carvão com um elevado índice de aglomeração, em unidades de grande escala. Existem três variantes principais: contracorrente (“updraft”), cocorrente (“downdraft”) e correntes cruzadas (“crossdraft”). Gasificação Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 31 Gasificação 30 31 17 Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 32 Reatores “updraft” (contra corrente): O agente gasificante flui em sentido ascendente, enquanto o combustível é alimentado pelo topo e desce no reator. O gás produzido sai próximo do topo do gasificador. O agente gasificante entra através de um distribuidor, onde contacta com as cinzas quentes. As cinzas saem do gasificador através de uma grelha. Gasificação Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 33 Estes gasificadores são adequados quando o teor em cinzas é alto (até 25%) e a humidade da biomassa também (até 60%). A produção de alcatrão é muito alta (30-150 g/Nm3), o que os torna inadequados para combustíveis volatilidade elevada. Como a unidade opera em contracorrente, este gasificador utiliza o calor de combustão de modo eficaz e obtêm-se valores elevados da eficiência do gás frio (“cold gas efficiency”). O gás produzido pode ser queimado diretamente num forno ou numa caldeira, sem necessidade de ser previamente limpo ou de arrefecido. Gasificação 32 33 18 Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 34 Esquema de um gasificador de corrente ascendente(“updraft”). Gasificação Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 35 Gasificação Reatores “downdraft” (co-corrente): O ar entra a uma determinada altura abaixo do topo. O gás produzido escoa em sentido descendente e sai na parte inferior do gasificador. Como o gás produzido passa através da zona das cinzas que se encontra a a uma temperatura elevada, o alcatrão encontra condições favoráveis para sofrer “cracking”. Por esta razão, este gasificador apresenta uma menor taxa de produção de alcatrão. 34 35 19 Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 36 Gasificação Esquema de um gasificador “throated downdraft”. Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 37 Esquema de operação de um gasificador “downdraft” e variação da temperatura ao longo da altura do reator. Gasificação 36 37 20 Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 38 Gasificação Gasificadores de fluxo cruzado (“crossdraft”): É um reator de leito móvel em que o combustível é alimentado a partir do topo e o ar é injectado através de um “nozzle” lateral. É usado principalmente para a gasificação de carvão vegetal que tem um teor em cinzas muito baixo. Ao contrário dos tipos “downdraft” e “updraft”, o gás produzido sai na parede lateral, num ponto oposto à entrada do ar (agente de gasificação). Devido a esta configuração, também é designado como “sidedraft”. Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 39 Gasificação Ar a alta velocidade entra no gasificador através de um “nozzle” localizado a uma determinada altura acima da grelha. O excesso de oxigénio em frente ao “nozzle” de entrada facilita a combustão de parte do carbonizado, criando-se uma zona de alta temperatura (> 1500ºC). O resto do carbonizado é gasificado na zona seguinte. O gás produzido abandona o gasificador do lado oposto à entrada do agente gasificante. 38 39 21 Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 40 Gasificação O calor gerado durante a combustão é conduzido para a zona de pirólise, onde a nova biomassa que entra no sistema sofre pirólise. Uma das suas características mais importantes é possuir uma zona de reação relativamente pequena com capacidade térmica baixa, mas que tem um tempo de resposta mais rápido do que os outros tipos de reatores de leito móvel. O tempo de arranque (5-10 min) é muito mais curto do que em unidades do tipo “downdraft” ou “updraft”. Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 41 Como a produção de alcatrão é baixa (0,01 - 0,1 g/Nm3), um gasificador “crossdraft” requer um sistema de limpeza de gás relativamente simples. Estes gasificadores podem ser muito leves e pequenos (< 10 kWe). Como as camadas de combustível e cinzas isolam as paredes da zona de alta temperatura, o reator pode ser construído em aço comum com revestimentos refratários no “nozzle” e na zona de saída de gás. Gasificação 40 41 22 Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 42 São menos adequados para combustíveis com altos teores de cinzas ou alcatrão, mas podem pirolizar combustíveis que contêm altos teores de humidade, se o topo do reator for aberto para deixar a humidade escapar. O tamanho das partículas deve ser controlado. Os gasificadores de fluxo cruzado funcionam melhor com carvão vegetal ou com combustíveis pirolisados. Para os combustíveis não pirolisados, a altura do “nozzle” acima da grelha torna-se crítica. Gasificação Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 43 Esquema de um gasificador “crossdraft”. Gasificação 42 43 23 Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 44 Gasificadores de leito fluidizado Os gasificadores de leito fluidizado são conhecidos pela sua excelente capacidade de mistura e por apresentarem temperaturas uniformes. Um leito fluidizado é constituído por sólidos granulados (ex: areia) que são mantidos fluidizados (em suspensão no gás) pela passagem do agente de gasificação através do leito a velocidades apropriadas. São gasificadores relativamente insensíveis à qualidade do combustível, devido à excelente mistura de gás-sólido e a inércia térmica do leito. Gasificação Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 45 A uniformidade da temperatura reduz consideravelmente o risco de aglomeração do combustível. Os reatores de leito fluidizado são particularmente vantajosos para a gasificação de biomassa. A produção de alcatrão nos gasificadores de leito fluidizado situa-se entre a apresentada pelos reatores “updraft” (~50 g/Nm3) e os “downdraft” (~1 g/Nm3), tendo um valor médio de cerca de 10 g/Nm3. Existem dois tipos de gasificadores de leito fluidizado: leito fluidizado (BFB) e circulante (CFB).Gasificação 44 45 24 Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 46 Gasificação Gasificador de leito fluidizado borbulhante Os gasificadores de leito fluidizado borbulhante, embora desenvolvidos inicialmente para a gasificação do carvão, são apropriados para tratamento da biomassa. São adequados para unidades médias (25 MWth). Dependendo das condições de funcionamento, os reatores podem operar a temperaturas baixas ou altas, à pressão atmosférica ou a pressões elevadas. Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 47 Gasificação Nestes gasificadores a biomassa é triturada (tamanhos de partícula inferiores a 10 mm) e é depois introduzida diretamente no leito fluidizado. Os agentes de gasificação podem ser vapor de água, ar ou oxigénio, ou uma combinação entre eles. Normalmente, a temperatura do leito é mantida abaixo de 980ºC para o carvão e dos 900ºC para a biomassa, para evitar a fusão das cinzas e a sua consequente aglomeração. As cinzas que se geram no processo são retiradas na base da coluna. 46 47 25 Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 48 Gasificador de leito fluidizado borbulhante Gasificação Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 49 Reatores de leito fluidizado circulante (CFB): Os gasificadores CFB são apropriados para a gasificação da biomassa devido ao longo tempo de residência do gás que proporcionam. É especialmente adequado para combustíveis com teor em voláteis elevado. Um reactor CFB compreende tipicamente uma coluna onde há escoamento ascendente (“riser”), um ciclone e um dispositivo para recirculação dos sólidos. É no “riser” que se processa a gasificação. Gasificação 48 49 26 Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 50 Num CFB, os sólidos são dispersos ao longo de todo o “riser”, permitindo um tempo de residência elevado tanto para o gás como para as partículas finas. A velocidade de fluidização num CFB é muito maior (3,5-5,5 m/s) do que num BFB (0,5 - 1,0 m/s). Há uma migração em grande escala dos sólidos para fora do “riser”. Estes são capturados e retornam continuamente para a base da coluna. Gasificação Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 51 A recirculação dos sólidos e a velocidade de fluidificação na coluna são suficicientes para manter os sólidos no “riser” numa condição hidrodinâmica conhecida como “fast fluidized bed”. A temperatura no “riser” pode variar entre 800-1000ºC. O gás produzido no gasificador passa através de um ciclone, que o separa das partículas que retornam ao leito. Gasificação 50 51 27 Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 52 Gasificador de leito fluidizado circulante. Gasificação Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 53 Gasificadores de fluxo arrastado (“entrained flow gasifiers”): São o tipo de reatores muito usado na gasificação do carvão, coque de petróleo e resíduos de refinaria. Nos gasificadores de fluxo arrastado, o carvão (granulometria fina) e o oxidante (ar ou oxigénio) e/ou vapor são alimentados em co-corrente. Estes gasificadores funcionam a temperatura e a pressão elevadas e o escoamento é extremamente turbulento, o que permite uma rápida conversão da alimentação e uma alta produtividade. Gasificação 52 53 28 Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 54 As reações de gasificação ocorrem a uma taxa muito elevada (o tempo de residência típico é da ordem de alguns segundos), com eficiências de conversão de carbono elevadas (98 - 99,5%). O alcatrão, o óleo, os fenóis e outros líquidos produzidos durante a desvolatização do carvão no interior do gasificador são decompostos em hidrogénio, monóxido de carbono e pequenas quantidades de outros hidrocarbonetos. Têm a capacidade de tratar praticamente qualquer tipo de carvão e produzem um gás limpo e sem alcatrão. Gasificação Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 55 O uso de reatores fluxo arrastado na gasificação da biomassa não é muito comum devido a uma série de razões: Como o tempo de residência das partículas é curto (da ordem dos segundos), este precisa de ter uma granulometria muito fina, o que para certos tipos de biomassa (materiais fibrosos), pode ser difícil de obter. Nestes reatores as cinzas têm de fundir. Para biomassa que contém um alto teor de CaO e baixa concentração em metais alcalinos baixos (Na, K), o ponto de fusão da cinza é alto. Para atingir as temperaturas elevadas que são necessárias, o consumo de oxigénio aumenta significativamente. Gasificação 54 55 29 Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 56 Por outro lado, para a biomassa com elevado teor de metais alcalinos, o ponto de fusão da cinza é muito mais baixo. Isto reduz a quantidade de oxigénio necessário para elevar a temperatura das cinzas acima do seu ponto de fusão. No entanto, as cinzas de biomassa fundida são altamente agressivas, o que reduz o tempo de vida do material refratário do gasificador. Gasificação Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 57 Reator de fluxo arrastado para gasificação de carvão. Gasificação 56 57 30 Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 58 Gasificação Dimensionamento de um gasificador O processo de dimensionamento de um gasificador envolve: Tipo e rendimento do produto Condições de operação Dimensões básicas do reator Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 59 Gasificação Especificações Inclui as especificações do combustível, agente gasificante e gás produzido. A especificação típica de um combustível inclui a análise próxima e a análise última, temperaturas de operação e propriedades das cinzas. A especificação do agente gasificante baseia-se na seleção de vapor de água, oxigénio e/ou ar e as respetivas proporções. 58 59 31 Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 60 Gasificação Estes parâmetros podem influenciar o dimensionamento do gasificador do seguinte modo: 1. A escolha do agente de gasificação é baseada no valor do poder calorífico do gás produzido. Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 61 2. A quantidade de H2 presente no gás produzido pode ser maximizada se se usar vapor. No entanto, se não for uma prioridade, o O2 ou o ar são melhores opções, visto que se reduz a energia necessária à produção do vapor e a energia perdida no vapor que não é utilizado. 3. Se o gás produzido não puder conter N2, não se pode usar ar como agente gasificante. 4. Os custos de capital são mais baixos para o ar, seguido do vapor. Quando se usa oxigénio, o investimento necessário é mais elevado, porque se consome potência adicional em equipamentos auxiliares. 5. O ER (“equivalence ratio”) tem grande influência na eficiência de conversão do carbono. Gasificação 60 61 32 Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 62 As especificações do gás produzido incluem: Composição desejada Poder calorífico desejado Produção desejada (Nm3/s ou MWth) Rendimento do gás produzido por unidade de combustível consumido Potência de saída requerida, Q Gasificação Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 63 Os “outputs” do dimensionamento do gasificador incluem parâmetros geométricos, de operação e de desempenho. Os geométricos incluem a configuração do reator, área da secção transversal, altura (“hardware design”). Parâmetros de operação importantes: temperatura do reator, temperatura de entrada dos agentes de gasificação (ar, vapor ou oxigénio), razão agente de gasificação/biomassa e proporções entre os agentes gasificantes (ex: razão vapor/oxigénio). Parâmetros de desempenho: conversão do carbono e eficiência do gás frio. Gasificação 62 63 33 Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 64 Balanço de massa Caudal do gás produzido: Q – potência térmica de saída requerida (MWth) PCIg – poder calorífico inferior do gás produzido (MJ/Nm 3) Gasificação Um processo típico de dimensionamento começa por aplicação de balanços de massa e de energia. �� = ����� ( � �/s/s/s/s) Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 65 O PCIg é calculadoa partir da composição do gás produzido. A composição pode ser prevista a partir de cálculos de equilibrio ou a partir de dados experimentais. Para gasificadores de leito fluidizado que operam com ar e biomassa o PCIg está na gama de 3,5 – 6 MJ/Nm3 Para um gasificador cujo agente gasificante é o O2, o PCIg está na gama de 10 – 15 MJ/Nm3 Para um gasificador que opera com ar, o PCIg é da ordem dos 5 MJ/Nm3 Gasificação 64 65 34 Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 66 Caudal de combustível, Mf: PCIf – poder calorífico da biomassa ηηηηgas – eficiência do gasificador Gasificação �� = � �������� Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 67 Caudal do agente de gasificação O caudal do agente de gasificação tem influência no rendimento e na composição do gás produzido. Ar Para um gasificador que opera com ar, o caudal de ar necessário para gasificar uma unidade de massa de combustível (Ma) pode ser calculado pela relação: Gasificação mth – massa de ar necessário para a combustão completa de uma unidade de massa de combustível ER – razão de equivalência (“equivalent ratio”) 66 67 35 Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 68 Gasificação Para um caudal de combustível Mf, o caudal de ar a alimentar ao gasificador, Mfa, é: A razão de equivalência (ER) é o quociente entre a razão ar/combustível a usar e a razão ar/combustível que corresponde a uma reação de combustão completa. Para a gasificação da biomassa, ER está na gama de 0,2 a 0,3 Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 69 Gasificação Gasificadores do tipo “downdraft” dão melhor rendimento se ER = 0,25. Para valores de ER mais baixos, o carbonizado não se converte completamente em gás. Algumas unidades operam deliberadamente a valores de ER baixos, para maximizar a produção de carbonizado. Um valor de ER baixo também contribui para uma maior produção de alcatrões. Assim, gasificadores tipo “updraft” que operam tipicamente com ER < 0,25, apresentam maior produção de alcatrões. Para valores de ER > 0,25, alguns gases produzidos são queimados, aumentando a temperatura. 68 69 36 Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 70 Gasificação Influência do ER na eficiência de conversão do carbono num gasificador de leito fluidizado. Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 71 Gasificação Variação da temperatura do leito num gasificador de leito fluidizado CFB em função do ER. 70 71 37 Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 72 Gasificação Oxigénio O oxigénio é usado para fornecer a energia térmica necessária para as reações endotérmicas de gasificação, através das reações: Num gasificador, para além de se fornecer energia térmica para as reações endotérmicas, também é necessário aquecer a biomassa e o agente gasificante até à temperatura da reação, bem como compensar as perdas térmicas para o exterior. Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 73 Gasificação Num gasificador, a biomassa pode fornecer a energia necessária, que provém das reações de oxidação. Para determinar a razão oxigénio/carbono (O/C), deve recorrer-se a um balanço de energia ao gasificador. 72 73 38 Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 74 Gasificação Vapor de água O vapor de água sobreaquecido é usado como meio gasificante sozinho, com ar ou com oxigénio. Contribui para a geração de hidrogénio. O caudal de vapor, Mth, é determinado a partir da razão molar entre o vapor e o carbono (S/C): Mf – caudal de combustível; C – fração mássica de carbono no combustível Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 75 Gasificação Balanço de energia Ao contrário das reações de combustão, a maioria das reações de gasificação são endotérmicas. Assim, deve ser fornecido calor ao reator para que estas reações ocorram à temperatura desejada. 74 75 39 Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 76 Temperatura de gasificação Por causa da decomposição da lignina presente na biomassa, a temperatura mínima de gasificação anda à volta dos 800 – 900ºC. Os gasificadores de fluxo arrastado, trabalham com picos de temperatura entre os 1400 - 1700ºC, já que há necessidade de fundir as cinzas. A temperatura de saída dos gases é mais baixa. A temperatura máxima para os reatores de leito fluidizado está na gama dos 700 – 900ºC, para evitar o amolecimento do material do leito, e a temperatura dos gases à saída é praticamente a mesma. Gasificação Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 77 Num gasificador do tipo “crossdraft”, a temperatura média ronda os 1250ºC, enquanto a temperatura máxima é de 1500ºC. Para reatores “downdraft” a temperatura de saída dos gases é de 700ºC, mas a temperatura na entrada (“throat”) é de 1000ºC. Os gasificadores “updraft” apresentam temperaturas de gasificação de cerca de 900ºC, mas a temperatura de saída dos gases é da ordem dos 200 – 400ºC. Gasificação 76 77 40 Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 78 Calor de reação Para calcular o calor de reação, considera-se uma reação de gasificação global, em que uma mole de biomassa é gasificada com α moles de água e β moles de O2: αααα - definido pela razão S/B β - definido pela razão de equivalência A’, B’, C’, D’, E’, F’ – frações molares dos gases na mistura Q – calor de reação para a reação genérica de gasificação Gasificação Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 79 O calor de reação (∆����° ) pode ser calculado a partir do calor de formação dos produtos e dos reagentes: Gasificação 78 79 41 Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 80 Os calores de formação a 25ºC encontram-se tabelados. A potência térmica envolvida no processo pode ser calculada a partir da equação: Gasificação � = � �� − � �� + ∆�� !" HP – entalpia dos produtos HR – entalpia dos reagentes Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 81 Previsão da composição do gás de saída Gasificação Através de dois tipos de modelos de equilíbrio: Modelo estequiométrico Modelo não estequiométrico (no estado de equilíbrio a energia livre de Gibbs é mínima) 80 81 42 Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 82 Gasificação Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 83 Parâmetros que caracterizam a performance de um gasificador Eficiência do gás frio – relaciona a energia potencial à saída com a energia da matéria prima alimentada ao reator Mg – caudal mássico de gás produzido (kg) Mf – caudal mássico de biomassa alimentada (kg) PCSg – poder calorífico superior da corrente de gás produzido (MJ/kg) PCSf – poder calorífico superior da biomassa (MJ/kg) Gasificação �#� = ��$� · �� ��$� · �� 82 83 43 Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 84 Eficiência na conversão do carbono - razão entre a quantidade de carbono no gás produzido e a quantidade de carbono presente na biomassa. Gasificação Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 85 Gasificação Bibliografia Basu, P., (2013) “Biomass Gasification, Pyrolysis and Torrefaction – Practical Design and Theory”, 2nd ed., Academic Press, San Diego, CA. 84 85
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