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Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 0 Tecnologias da Biomassa 2019/2020 Albina Maria de Sá Ribeiro MESTRADO EM ENGENHARIA QUÍMICA Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 1 O que é a torrefação? A torrefação é um processo térmico de transformação da biomassa, em que esta é aquecida lentamente, em ambiente inerte ou na presença de uma pequena quantidade de oxigénio, até uma gama de temperatura entre 200 – 300 ºC. Fica neste patamar o tempo necessário para que sofra uma degradação quase completa do seu conteúdo em hemicelulose, maximizando os rendimentos energético e mássico do sólido final. Usa-se uma rampa de aquecimento lenta, para favorecer a formação do sólido (menor do que 50 ºC.min-1). Torrefação Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 2 Torrefação Gamas de temperatura de torrefação sugeridas por diferentes autores (Basu, 2018). Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 3 Variações na massa e na energia de uma biomassa que é sujeita a torrefação (Basu, 2018). Torrefação Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 4 A biomassa passa por vários estágios de aquecimento até atingir a temperatura de torrefação. Os estágios que se podem identificar num processo de torrefação num reator batch são os seguintes: • Pré-secagem – a biomassa é aquecida até ao ponto em que a sua humidade começa a evaporar (⁓ 100 ºC); • Secagem – a biomassa perde a sua humidade (processo a temperatura constante); • Pós-secagem – a biomassa precisa de ser aquecida até à temperatura de torrefação (200 ºC); • Torrefação – a biomassa sofre alterações na sua estrutura e é aquecida até 250 – 300 ºC; • Arrefecimento - o sólido torrificado tem de ser arrefecido até temperaturas mais baixas. Torrefação Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 5 Torrefação de um ramo de “maple tree” ao qual foi retirado a casca (intervalos de 1 h) (Basu, 2018) Torrefação Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 6 Variações na temperatura e na massa da biomassa quando sujeita a torrefação (Basu, 2018). Torrefação Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 7 Variação da energia consumida quando a biomassa é sujeita a torrefação (Basu, 2018). Torrefação Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 8 Pré-secagem A biomassa é aquecida desde a temperatura ambiente até à temperatura de secagem (~100 ºC). A potência térmica necessária é Qpd: Cpw – calor específico da biomassa numa base total (J.kg-1.K-1) Mf – massa da biomassa numa base total (kg) To – temperatura da alimentação (ºC) hupd – fator de utilização energético (-) Torrefação Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 9 Secagem É a etapa que necessita de maior potência térmica durante a torrefação (Qd): L – calor latente de vaporização da água a 100 ºC Mf – massa de biomassa numa base total (kg) M – humidade da biomassa numa base total (-) hud – fator de utilização energético (-) Torrefação f d ud L M M Q h = Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 10 Pós-secagem Após secagem, a biomassa precisa de ser aquecida até à temperatura de torrefação (acima dos 200 ºC). A potência térmica requerida neste estágio é: Cpd – calor específico da biomassa seca (J.kg-1.K-1) hu,pdh – fator de utilização energética (-) Tt – temperatura de torrefação (ºC) Torrefação Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 11 Torrefação O estágio da torrefação é o mais importante, porque é onde se dá a despolimerização da biomassa. O grau de torrefação depende da temperatura de reação e do tempo que a biomassa é sujeita ao processo (tempo de residência no reator ou tempo de torrefação). O tempo de torrefação começa quando a biomassa atinge 200ºC. A torrefação é um processo ligeiramente exotérmico na gama de 250-300ºC, mas requere fornecimento de calor para compensar as perdas térmicas que ocorrem no reator. Torrefação Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 12 A potência térmica necessária na zona da torrefação é: Hloss – potência térmica perdida para o exterior (W) Xt – parâmetro que determina a potência térmica absorvida durante a torrefação (J/kg de produto) * * É positivo para reações de torrefação endotérmicas e negativo quando as reações são exotérmicas Torrefação Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 13 Arrefecimento Antes de deixar o processo, a biomassa deve ser arrefecida até temperaturas que tornem seguro o seu manuseamento. A potência térmica necessária no arrefecimento é: Cpt – calor específico da biomassa torrificada (J.kg-1.K) MYdb – rendimento em massa numa base seca (-) Torrefação Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 14 As variações que ocorrem na biomassa durante a torrefação podem ser divididas em várias etapas: Regime A (50 - 120ºC): perda de humidade na biomassa, sem variação da composição química. Regime B (120 – 150ºC): só se fala neste regime se existe lignina que sofre amolecimento. Regime C (150 – 200ºC): há alteração da estrutura da biomassa, que não pode ser recuperada, mesmo se houver hidratação. Inicia-se a quebra das ligações de hidrogénio e de carbono e a despolimerização da hemicelulose. Os polímeros curtos condensam dentro da estrutura sólida. Mecanismos da torrefação Torrefação Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 15 Regime D (200 -250 ºC): junto com o regime E, constitui a zona de torrefação para a hemicelulose. Há desvolatilização e carbonização limitada dos sólidos formados no regime C. Resulta na quebra da maioria das ligações inter e intramoleculares do hidrogénio e ligações C-C e C-O, havendo a formação de líquidos condensáveis e de gases não condensáveis. Regime E (250-300ºC): Decomposição extensa da hemicelulose em voláteis e produtos sólidos. A lignina e a celulose sofrem somente uma desvolatilização e uma carbonização limitada. A estrutura celular da biomassa fica completamente destruída, resultando um sólido quebradiço e não fibroso. Torrefação Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 16 Produtos que se formam na torrefação da biomassa (Basu, 2018). Torrefação Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 17 Produtos da torrefação incluem carbono, água, dióxido de carbono, monóxido de carbono, ácido acético, metanol e ácido fórmico. A formação do CO2 é devida às reações de descarboxilação. O ácido acético provém da decomposição dos grupos acetilo pendentes na celulose. O CO é, principalmente, o produto da reação entre o CO2 e o vapor de água contido nos poros da biomassa. Embora na torrefação seja a hemicelulose que sofre as maiores alterações, também se verificam degradações a nível da celulose e da lignina. Torrefação Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 18 Rendimento em massa Rendimento em massa da biomassa torrificada numa base seca e isenta de cinzas: Rendimento em massa da biomassa torrificada numa base seca: Torrefação Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 19 Rendimento em massa da biomassa torrificada numa base tal e qual: Torrefação Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 20 Densidade energética Densidade energética da biomassa torrificada – energia libertada quando uma massa unitária de produto torrificado é queimada e os seus produtos são arrefecidos (J.kg-1) (A densidade energética também pode ser definida com base no volume) Torrefação Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 21 Rendimento energético Torrefação Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 22 Parâmetros que influenciam o dimensionamento do equipamento de torrefação: Temperatura Tempo de residência Tipo de biomassa Tamanho das partículas da alimentação Torrefação Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 23 Temperatura O rendimento em massa do sólido obtido diminui com o aumento da temperatura (Basu, 2018). Torrefação Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 24 O rendimento energético do sólido diminui com o aumento da temperatura (Basu, 2018). TorrefaçãoTemperatura Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 25 O aumento da temperaturaconduz a um aumento da densidade energética, a um aumento do carbono fixo e a uma diminuição do teor em oxigénio e hidrogénio. TorrefaçãoTemperatura Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 26 Variações de temperatura num cilindro com 22 mm de diâmetro de madeira de álamo e respetiva perda de massa (Basu, 2013). TorrefaçãoTemperatura Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 27 Tempo de residência e rampa de aquecimento A torrefação é caracterizada por baixas rampas de aquecimento, inferiores a 50 ºC.min-1. O tempo de residência* é da ordem de múltiplos de 10 min. Tempos de residência mais longos conferem rendimentos em massa mais baixos e maior densidade energética. O efeito da temperatura é mais predominante do que o do tempo de residência. Torrefação (*tempo de residência = tempo que dura a torrefação, à temperatura de torrefação) Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 28 Influência do tempo de residência no rendimento energético e no rendimento da fase sólida (Basu, 2018). Torrefação Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 29 Tipo de biomassa Torrefação (Basu, 2013) Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 30 Torrefação de madeira dura conduz um rendimento em massa mais baixo do que o da madeira macia. Isto porque as xilanas (componente ativo da hemicelulose), constituem cerca de 80-90% na madeira dura, enquanto na madeira macia é de apenas 15-30 %. As xilanas da hemicelulose são o componente mais reativo na gama de temperatura da torrefação, e degradam mais rapidamente do que os outros constituintes da biomassa. Torrefação Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 31 Tamanho das partículas na alimentação A torrefação envolve transferência de calor por convecção do reator para a superfície da partícula, condução para o interior da partícula e a reação dentro da partícula. Número de Biot da partícula: h – coeficiente de transferência de calor (W.m-2.K-1) rp – dimensão característica da partícula (m) S – área da superfície exterior da partícula (m2) V – volume da partícula (m3) λ – condutibilidade térmica da biomassa (W.m-1.K-1) Torrefação Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 32 Número de pirólise da partícula: Cp – calor específico da partícula (J.kg-1.K-1) K – constante de velocidade da reação da torrefação (s-1) ρ – massa volúmica da partícula (kg.m-3) Se o Bi for suficientemente pequeno, a resistência interna à condução é desprezável, o Py é muito alto, e a reação é controlada pela cinética. Para partículas grandes, o Bi é elevado e o Py baixo. Assim, a torrefação é controlada pela transferência de calor por condução, e atinge-se uma maior temperatura no interior da partícula. Torrefação Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 33 Grau de torrefação O grau do processo de torrefação pode ser classificado como: Torrefação leve: temperaturas entre 200 a 240ºC ou 230ºC, só a hemicelulose se degrada, não há alterações a nível da lignina e da celulose Torrefação média: temperaturas de 240 a 260ºC, ou cerca de 250ºC e a celulose é ligeiramente afetada. Torrefação severa: temperaturas na gama 260 - 300ºC ou 275ºC, caracterizada por despolimerização da lignina, celulose e hemicelulose Torrefação Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 34 Na torrefação severa produz-se um sólido com elevada densidade energética e há as maiores perdas de massa e energia. Na torrefação leve, o resíduo sólido retém o máximo da massa e da energia, mas a densidade energética é baixa. A escolha do grau de torrefação depende das especificações do produto final e é influenciado pela temperatura e pelo tempo de residência. Torrefação Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 35 Propriedades físicas da biomassa torrificada Massa volúmica real: Massa volúmica aparente das partículas: Torrefação Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 36 Massa volúmica aparente do leito: Torrefação • Depois da torrefação, os sólidos tornam-se mais porosos, a massa volúmica baixa, dependendo da massa volúmica da biomassa inicial e das condições de torrefação. • A densidade energética da biomassa torrificada aumenta em relação à biomassa. Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 37 Torrefação Massa volúmica aparente de amostras de eucalípto sujeitas a temperaturas diferentes (Basu, 2018). Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 38 Humidade da biomassa torrificada: 1 – 3%, dependendo das condições de torrefação. Vantagens: • Um teor de humidade baixo beneficia um posterior processamento; • Redução dos custos de transporte; • Previne a decomposição da biomassa a a absorção de humidade durante o armazenamento e o transporte. Torrefação Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 39 Hidrofobicidade da biomassa torrificada A presença de humidade num combustível tem vários inconvenientes: Aumenta a possibilidade do desenvolvimento de fungos Reduz o seu poder calorífico Aumenta o custo do transporte e manuseamento da matéria prima A biomassa é higroscópica por natureza e, mesmo depois de ser seca, absorve humidade. Do ponto de vista energético torna-se caro evaporar a humidade durante um processo de combustão ou de gasificação. Torrefação Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 40 A torrefação pode resolver estes problemas: a etapa de secagem pode reduzir o teor de humidade de 10 – 50% para 1-5%; após a torrefação, a biomassa torna-se hidrofóbica, absorvendo muito pouca humidade (porquê?); a biomassa torrificada pode ser armazenada sem sofrer degradação biológica. Torrefação Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 41 A biomassa pode ser bastante fibrosa e também, devido à sua natureza plástica, pode ser difícil de triturar. A torrefação resulta na quebra completa da estrutura da biomassa, tornando as partículas frágeis e menos fibrosas. Parâmetros que influenciam a torrefação como temperatura, tempo de residência e tamanho original das partículas, desempenham um papel na redução da energia necessária para triturar as partículas até à dimensão pretendida. Possibilidade de trituração Torrefação Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 42 Torrefação Energia gasta na trituração de faia em função do tempo de torrefação e da temperatura (Retsch ZM1 ultracentrifugal mill) (Tumuluru et al, 2011). Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 43 Potencial de explosão de pó torrificado A explosão de pós é um grande problema no manuseanamento e transporte de pós finos, especialmente de materiais facilmente inflamáveis. A torrefação torna a biomassa frágil e pode resultar na formação de pó durante a sua manipulação, havendo o risco de explosão. Torrefação Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 44 Densificação ou formação de “pellets” Torrefação Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 45 Classificação dos reatores de torrefação: 1 – Classificação quanto ao modo de aquecimento Reatores de aquecimento direto reatores convectivos (leito móvel, leito fixo, leito arrastado) reatores de leito fluidizado reatores hidrotérmicos Reatores de aquecimento indireto tambor rotativo parafuso ou eixo estacionário (“screw ou stationary shaft”) microondas 2 – Classificação segundo o modo de mistura gás-sólido (“gas-solid mixing”) Torrefação Tecnologias da torrefação Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 46 A transferência de calor para as partículas da biomassa pode dar-se por um dos seguintes meios: • Convecção gás-partícula • Condução entre a parede e a partícula • Aquecimento eletromagnético da biomassa • Transferência de calor partícula-partícula • Transferência de calor líquido-partícula Classificação quanto ao modo de aquecimento Torrefação Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 47 Reatores de contacto direto: A biomassa é aquecida por contacto direto com um meio quente; O meio de aquecimento pode ser um gás inerte ou contendo uma quantidade limitada de oxigénio (2 a 3%) ou sólidos quentes não reativos. TorrefaçãoAlbina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 48 Reatores convectivos O meio de aquecimento é um gás quente que percola ou escoa através das partículas de biomassa, que se encontram estacionárias ou em movimento Reator de leito fixo - as partículas estão fixas relativamente às paredes do reator. Torrefação Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 49 Reator de leito móvel – as partículas movem-se relativamente às paredes do reator (a parede do reator pode ser horizontal, vertical ou inclinada). • As partículas podem mover-se por ação da gravidade, pela força de um dispositivo mecânico como um disco rotativo ou pelo movimento vibratório de uma correia. • A transferência de calor ocorre através de conveção gás-sólido e depende da velocidade relativa entre a biomassa e o fluido quente. Torrefação Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 50 Reator de leito móvel (Basu, 2018). Torrefação Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 51 Multiple hearth furnace (reator de leito móvel) (Basu, 2018). Torrefação Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 52 Reator de leito móvel (Basu, 2018). Torrefação Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 53 Reator de fluxo arrastado (entrainment flow type reactor) – a biomassa finamente moída é arrastada por gás quente inerte ou contendo uma pequena quantidade de oxigénio. • As partículas atingem rapidamente a temperatura de torrefação devido ao elevado coeficiente de transferência de calor entre as partículas finas de biomassa (como serrim) e o gás que as transporta. • O tempo de residência no reator é curto. Torrefação Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 54 Torrefação Reatores de leito fluidizado – um gás inerte, em escoamento ascendente, passa através de um leito de sólidos granulares que transportam calor (exemplo: areia), de modo que o leito se comporta como um fluido. Estas partículas estão em constante agitação e podem aquecer facilmente partículas de biomassa que caiam no leito. Secção de um reator de leito fluidizado (Basu, 2018). Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 55 Reatores de aquecimento indireto: • O meio que transporta o calor não contacta diretamente com a biomassa. • O calor é transferido através de uma parede ou por radiação eletromagnética. • O meio de aquecimento pode ser qualquer fluido. • É fácil evitar o contato com o oxigénio (não há combustão durante a torrefação). • Os voláteis provenientes da torrefação podem ser queimados separadamente e usados no aquecimento do reator. • Pode haver um aquecimento não uniforme da biomassa, resultante de gradientes térmicos que podem aparecer. Torrefação Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 56 Reator de tambor rotativo - usa um tambor rotativo onde a biomassa é indiretamente aquecida por um gás quente que passa na parede do tambor. • A atmosfera em contacto com a biomassa é inerte. • A transferência de calor das paredes do reator para as partículas é que controla o processo de torrefação. Torrefação Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 57 Reator de tambor rotativo (Basu, 2018). Torrefação Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 58 Reator de parafuso – o reator é estacionário, podendo ser vertical, horizontal ou inclinado, com uma secção transversal circular ou retangular. • O aquecimento está colocado na parede exterior do reator. • Um parafuso giratório mistura e move a biomassa através do reator para aumentar a transferência de calor entre a parede e a biomassa e, ao mesmo tempo, movimenta a biomassa ao longo do comprimento do reator. Torrefação Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 59 Reator de parafuso (Basu, 2018). Torrefação Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 60 Reator de micro-ondas - usam-se microondas na frequência de 2,45 GHz. A irradiação por microondas produz um aquecimento interno eficiente por interação direta de energia de radiação com as moléculas de biomassa. A componente elétrica da radiação eletromagnética provoca aquecimento por dois mecanismos principais: polarização dipolar e condução iónica. O aquecimento depende da capacidade que a biomassa tem de absorver as microondas e convertê-las em calor. Torrefação Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 61 Torrefação Reator de micro-ondas (Basu, 2018). Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 62 Classificação segundo o modo de mistura gás-sólido Torrefação • Escoamento pistão (plug flow): o gás percola através de sólidos estacionários; os sólidos e o gás movem-se numa direção. • Back-mixing parcial: leito fluidizado, onde o movimento do gás é unidirecional, mas os sólidos sofrem back-mixing. • Tumbling: os sólidos movem-se num tambor rotativo. • Entrained: os sólidos são arrastados pelo gás (por transporte pneumático). Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 63 Torrefação Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 64 Dimensionamento de uma instalação de torrefação Escolha do tipo de reator Tratamento da biomassa: corte, trituração, secagem Torrefação Arrefecimento Valores da energia envolvida: Corte de madeira: 180 – 2300 kJ/kg madeira Trituração: 270 – 450 kJ/kg de alimentação Secagem de madeira em bruto: 3000 – 9000 kJ/kg de água removida Torrefação de madeira seca: 130 – 350 kJ/kg de madeira torrificada Torrefação Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 65 Escolha do tipo de reator: ter em consideração qual o tipo de reator que oferece melhor rendimento e os custos de capital envolvidos. No dimensionamento da instalação, avaliar as seguintes fases: Secagem da matéria prima; Processo de torrefação; Arrefecimento do produto torrificado. Torrefação Para se obter um produto torrificado com as propriedades pretendidas (PCS, capacidade de ser triturado, hidrofobicidade) e depois da seleção do tipo de reator, há que escolher a temperatura de torrefação e o tempo de residência no reator adequados. Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 66 Esquema de um processo de torrefação em contínuo (Basu, 2018). Torrefação Albina Ribeiro Tecnologias da Biomassa 67 Torrefação P. Basu, Biomass Gasification, Pyrolysis and Torrefaction - Practical Design and Theory, 3rd ed, Academic Press, San Diego, CA, 2018. ISBN-13: 978-0128129920
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