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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL 
CRIMINAL DA COMARCA DE _________, ESTADO _____. 
Processo nº:_____. 
 
 (10 Linhas) 
 Gisele, já qualificada nos autos às folhas ( ), por meio de seu advogado e 
procurador que a este subscreve, conforme procuração em anexo, vem 
respeitosamente, a Vossa Excelência, com fundamento no artigo 403, § 3º do 
Código de Processo Penal, apresentar 
MEMORIAIS 
Pelos motivos de fato e de direitos aduzidos a seguir aduzido. 
 
I. DOS FATOS 
 
 Segundo a denúncia, a acusada, no dia 01/04/2009, na época com 19 
anos, supostamente, teria acertado um chute nas costas de Carolina, após 
confundi-la com Amanda. Em decorrência do chute, a vítima, então gravida, 
teria caído de joelhos no chão e sofrido escoriações leves. 
 
 Convencida por Amanda, no dia 18/10/2009, a vítima procurou a delegacia 
prestou queixa e representou a acusada. Em razão disso, o órgão ministerial 
denunciou Gisele pela prática do crime de lesões corporais de natureza leve, 
previsto no artigo 129, caput, do Código Penal. 
 
 Na fase de inquérito, não foi realizado exame de corpo de delito, para 
comprovação da materialidade, em razão do lapso temporal decorrido entre a 
data dos fatos e a do comparecimento a unidade policial. 
 
 Recebida a denúncia, e apresentada, dentro do prazo legal, resposta à 
acusação, foi designada e realizada audiência de instrução e julgamento. 
 
 Naquela oportunidade, Amanda, desafeta de Gisele, foi ouvida como 
única testemunha, tendo afirmado em depoimento que não viu a acusada bater 
em Carolina e nem viu os ferimentos, alegando apenas que viu a vítima 
chorando em razão do ocorrido. 
 
II. DO MÉRITO 
 
 Entretanto, como veremos a seguir, o entendimento do Parquet não 
encontra respaldo legal, não sendo possível, portanto, a condenação do 
acusado nos termos da denúncia. 
 
a) Prescrição da pretensão punitiva 
 
 Preliminarmente, cabe ressaltar que a pretensão punitiva está prescrita 
com fulcro no artigo 109, inciso VI cumulado com artigo 115, ambos do Código 
Penal, devendo ser declarada assim, a extinção da punibilidade do acusado, 
com base no artigo 107, inciso IV, do Código Penal, e consequente, ser 
decretada a absolvição da acusada, com fundamento no artigo 386, inciso VI, 
do Código de Processo Penal. 
 
 Gisele foi denunciada pela suposta prática de crime previsto no artigo 
129, caput, do Código Penal, cuja a pena máxima cominada é de um ano. 
Assim, nos termos do artigo 109, inciso V do Código Penal, o crime tem 
prescrição em três anos. Ocorre que na data do fato a acusada constava com 
dezenove anos de idade, condições que reduzem o prazo prescricional a 
metade, nos termos do artigo 115 do Código Penal. 
 
 Desta forma, a pretensão punitiva está prescrita, uma vez que o fato 
ocorreu no dia 01/04/2009 e a denúncia foi recebida no dia 31/10/2010, tendo 
transcorrido mais de um e seis meses. Devendo ser declarada extinta a 
punibilidade da acusada nos termos do artigo 107, inciso IV, do Código Penal, 
e consequentemente ser a mesma absolvida com fundamento no artigo 386, 
inciso VI do Código de Processo Penal. 
 
b) Da decadência do direito de representação 
 
 Não entendo pela absolvição, preliminarmente, cabe pugnar pela 
extinção da punibilidade da acusada nos termos do artigo 107, inciso IV, do 
Código Penal, em razão da decadência do direito de representação da vítima, o 
que enseja na absolvição da acusada nos termos do artigo 386 inciso IV do 
Código de Processo Penal. 
 
 Conforme dispõe o artigo 88 da Lei 9.099/95, o crime de lesão corporal 
de natureza leve, previsto no artigo 129, caput do Código Penal, é ação pública 
condicionada a representação. Assim, nos termos do artigo 103 do Código 
Penal e 38 do Código de Processo Penal, deve ser exercido no prazo de seis 
meses a contar da data do fato ou da ciência do fato, sob pena de decadência 
do direito de representação. Ocorre que os fatos ocorreram no dia 01 de abril 
de 2009, tendo a vítima exercido seu direito a representação no dia 31 de 
outubro de 2009, ou seja, o direito da vítima de representar a suposta lesão 
sofrida, decaiu, o que enseja a extinção da punibilidade da acusada, nos 
termos do artigo 107, inciso IV do Código Penal. 
 
 
c) Ausência de prova da existência do fato 
 
 Cabe ainda, elucidar que a acusação não obteve exito em provar que o 
fato realmente ocorreu, devendo a acusada ser absolvida nos termos do artigo 
386, inciso II do Código de Processo Penal, havendo ausência de justa causa 
para pretensão punitiva. 
 
 Segunda a peça acusatória, Gisele teria agredido a vítima com um 
chute nas costas, ocasionando-lhe lesões corporais de natureza leve, todavia, 
o conjunto probatório por si só, demonstra-se frágil e incapaz de sustentar uma 
sentença condenatória. 
 
 Durante a fase de inquérito não foi possível fazer exame de corpo de 
delito, pois não havia mais vestígio das supostas escoriações sofridas pela 
vítima, em razão do decurso de tempo entre a data dos fatos e a representação 
criminal. 
 
 Corroborando ainda, o fato da única testemunha ouvida em juízo, não 
ter presenciado os fatos e nem ter visto qualquer lesão na vítima na época 
(fls.). Assim, sendo a absolvição por falta de prova da existência do fato, é 
medida de direito e de justiça. 
 
d) Ausência de prova suficiente para condenação 
 
 Apenas por cautela, caso o nobre magistrado não entenda pela 
absolvição em razão da falta de provas quanto a existência do fato, que seja 
decretada a absolvição da acusada, com fundamento no artigo 386, inciso VII, 
em razão da fragilidade do conjunto probatório, o qual demonstrou-se 
insuficiente para sustentar uma sentença condenatória. Já que, conforme 
manifestado acima, a instrução probatória contou com apenas um testemunho 
indireto da desafeta da acusada, a qual afirmou categoricamente que não 
presenciou os ocorrido e não chegou a ver as lesões na vítima, informadas na 
denúncia. Sem mencionar que a materialidade do delito não ficou devidamente 
comprovada, devido a falta de exame de corpo de delito, o que, inclusive é 
causa de nulidade, nos termos do artigo 564, inciso III, alínea b, do Código de 
Processo Penal. 
 
e) Ausência de Exame de Corpo de Delito – Nulidade 
 
 Não entendendo pela absolvição da acusada, cabe ainda elucidar nos 
termos do artigo 564, inciso III, alínea b, do Código de Processo Penal, a falta 
do exame de corpo de delito nos crimes que deixam vestígios, cuja a prova 
testemunhal não seja capaz de suprir, é causa de nulidade do processo. Assim, 
uma vez que a testemunha não confirmou a existência da lesão corporal 
narrada na denúncia e muito menos foi juntado aos autos exame de corpo de 
delito, não há outro meio de sanar a nulidade supramencionada, devendo ser 
decretada a nulidade do feito ab initio, com fundamento no artigo 564, inciso IV 
do Código de Processo Penal.. 
 
b) Da Inexistência das Causas de Aumento 
 
 Apenas para argumentar, no caso de entender pela condenação da 
acusada, que seja afastada o agravante previsto no artigo 61, inciso alínea h, 
do Código Penal, devido ao fato da vítima estar grávida no época os fatos. 
 
 É importante ressaltar que o ré desconhecia a situação, tendo agido em 
erro na execução pessoa (artigo 73 do Código Penal), devendo a acusada 
responder como se estivesse praticado o crime contra a Amanda, já que não 
tinha intensão de atingir Caroline, tendo agido e erro de execução. 
 
 Há que se ressaltar ainda, que a acusada é ré primária, devendo ser 
afastada o agravante da reincidência, mencionada pelo órgão ministerial, uma 
vez que o instituto da reincidência só atingeo réu após sentença condenatória 
penal transitada em julgado, pelo princípio da presunção da inocência . 
 
 
c) Da substituição de pena 
 
 E ainda, caso sobrevenha condenação requer seja então aplicada a pena 
mínimo do crime de lesão corporal que é de três meses, requerendo de 
imediato a aplicação da 1ª parte do §2º do artigo 44 do CP, substituindo e pena 
privativa por uma multa. 
 
III – DO PEDIDO 
 
 Diante do exposto, requer-se a Vossa Excelência: 
 
b) que seja decretada a absolvição sumária da acusada, com fundamento no 
artigo 386, inciso VI, do Código de Processo Penal, em razão de extinção da 
punibilidade, pela decadência do direito de representação; 
 
a) Não entendo pela decadência do direito de representação, que seja 
decretada a absolvição sumária da acusada, com base no artigo 386, 
inciso VI, do Código de Processo Penal, em razão da extinção da 
punibilidade, pela prescrição da pretensão punitiva; 
 
b) Apenas por cautela, caso não acolha a tese de absolvição sumária, 
requer a absolvição da acusada, com fundamento no artigo 386, inciso 
II, pela falta de provas quanto à ocorrência dos fatos; 
 
 
c) Não acolhida, requer que seja a acusada absolvida com fundamento no 
artigo 386, inciso VII, Código de Processo Penal, por não existir prova 
suficientes para a condenação; 
 
d) Apenas para argumentar, caso não seja acolhida as teses de 
absolvição, requer a anulação da instrução probatória e a consequente 
extinção do processo sem resolução do mérito, por ausência de exame 
de corpo de delito e por não está suprido por prova testemunhal, com 
fundamento no artigo 564, inciso III, alínea b, do Código de Processo 
Penal. 
 
 
e) Não sendo acolhida, a anulação da instrução probatória, que seja 
afastadas os agravantes de penas previstos no artigo 61 do Código 
Penal, em razão de erro na execução sobre pessoa, nos termos do 
artigo 73 do Código Penal; 
 
f) Ainda a titulo argumentativo, não entendo pela absolvição, que seja 
então aplicada a pena mínima de três meses, requerendo de imediato a 
aplicação da 1ª parte do §2º do artigo 44 do CP, substituindo e pena 
privativa por uma multa. 
 
 
Neste termos, pede deferimento. 
 
 Cidade /data 
 Advogado 
 OAB/UF

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