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Agronegócio

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Agronegócio 
1 TROL 
Agronegócio 
Michel Rebelo 
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Agronegócio 
11 
1 Evolução do Agronegócio 
O Início do Agronegócio 
O Que é Agronegócio? 
A Estratégia que levou ao Agronegócio 
Entendendo Agronegócio 
Financiamento do Agronegócio 
Consolidação Territorial do Agronegócio 
Tecnologia 
Agronegócio 
12 
 
Caro Aluno, 
Bem–vindo à primeira unidade, nela você vai estudar a origem do 
Agronegócio, sua importância o seus componentes. 
 
Objetivos da Unidade: 
Compreender como iniciou o Agronegócio; 
Identificar a importância de seus componentes para o desenvolvimento 
sustentável da atividade. 
 
Plano da Unidade: 
 O Início do Agronegócio 
 O que é Agronegócio? 
 A Estratégia que levou ao Agronegócio 
 Entendendo Agronegócio 
 Financiamento do Agronegócio 
 Consolidação Territorial do Agronegócio 
 Tecnologia 
Bons Estudos! 
 
Agronegócio 
13 
 
O Início do Agronegócio 
 
Historicamente, a economia brasileira teve implicações sociais, políticas e 
culturais com fortes raízes junto ao agronegócio. Pode-se salientar que a 
exploração iniciou-se com a madeira, o Pau-brasil, que deu nome definitivo ao 
nosso país. 
O processo de colonização e crescimento do Brasil está ligado diretamente aos 
vários ciclos agroindustriais, como o da cana-de-açúcar, com grande 
desenvolvimento no Nordeste, o da borracha, que trouxe pujança à região 
amazônica no início do século, e mais recentemente o do café, que se tornou a 
mais importante fonte de poupança interna e o principal financiador do processo 
de industrialização. 
Na década de 30, o Brasil já era autossuficiente na forma de produzir 
alimentos, devido à maior mecanização e especialização da mão-de-obra na 
agricultura e à necessidade de uma visão sistêmica de produção e comercialização, 
buscando a eficácia, de forma a favorecer a relação custo/benefício do 
agronegócio. 
A melhoria das condições socioeconômicas da população brasileira, sobretudo 
com as novas tecnologias, diferenciou totalmente as propriedades rurais, 
principalmente nos últimos 50 anos. 
Assim, a produção brasileira de grãos vem batendo sucessivos recordes graças 
ao incremento das produtividades médias obtidas. Não houve um aumento 
considerável na área plantada, porém a tecnologia aplicada ao campo levou o 
Brasil a ter um aumento gradual nos índices de produtividade. 
 
Agronegócio 
14 
 
O que é Agronegócio? 
 
Segundo Toresan (2006) e Zylbersztajn (2000), a primeira definição de 
agronegócio partiu de dois professores de Harvard, que foram os pais do conceito 
(agribusiness): John H. Davis e Ray Goldberg. Usando as técnicas matriciais de 
insumo-produto, observaram que havia um 
novo sistema diferente do antigo, em gênero e 
espécie, o agribusiness, que seria o conjunto 
das operações de produção e distribuição de 
insumos e novas tecnologias agrícolas, da produção, do armazenamento, do 
transporte, do processamento e distribuição dos produtos agrícolas e seus 
derivados. 
Agronegócio é um conceito que se iniciou na década de 1980, e, para alguns 
autores, é um ponto de vista para a construção de uma ideologia de mudança do 
sistema latifundiário da agricultura capitalista. No Brasil, o sentido de latifúndio traz 
a imagem da exploração, do trabalho escravo e braçal, da extrema concentração da 
terra, do atraso político e econômico. É, portanto, um espaço que pode ser 
ocupado para o desenvolvimento do país com tecnologia e sustentabilidade 
(FERNANDES, 2005). 
A palavra agronegócio dá sentido à construção da imagem da agricultura, de 
forma moderna, agregando informação aos produtos e processos, ou, em outras 
palavras, agregando valor. 
Organizar-se é integrar informação. Informação é tecnologia. É a informação 
que permite agregar valor ao produto. O nosso agribusiness é considerado 
tipicamente um provedor de matérias primas para empresas que adicionam valor 
no âmbito internacional. 
Para que o sistema do agribusiness possa avançar como um todo, em meio a 
um mundo de mudanças, é preciso dispor de um sistema que possibilite obter 
informações em tempo real sobre todos os componentes do negócio e de sua 
integração. 
 
Agribusiness – Termo estrangeiro para o 
agronegócio. 
Agronegócio 
15 
 
A proposta do agronegócio é focada nos fornecedores de bens e serviços para 
a agricultura, os produtores rurais, os processadores, os transformadores e 
distribuidores e todos os envolvidos na 
geração e fluxo dos produtos de origem 
agrícola até o consumidor final. A ideia é que 
estes produtos possam ser apresentados ao 
agricultor de forma massificada, podendo ser 
em feiras ou stands (EMBRAPA). Projeto de 
implantação do desenvolvimento sustentável 
no plano plurianual (2000 a 2003). 
Outra característica do agronegócio é que ele proporcionará, a curto e médio 
prazo, grandes resultados, devido à troca de conhecimentos e teorias. Um evento 
desta natureza tem a intenção de juntar a prática secular com o estado da arte da 
agropecuária. 
Os órgãos públicos federais, estaduais e municipais têm a sua participação, 
questionando e sendo questionados, com o efetivo suporte dos futuros técnicos 
do agronegócio. 
Para Rufino (1999), o agronegócio se refere a produtos rurais com alta 
tecnologia que se utilizam das técnicas de produção intensiva, como a 
mecanização da terra e o uso de fertilizantes aumentando consideravelmente a 
produtividade. Por outro lado, os produtores que não utilizam estas técnicas 
modernas de produção obtêm uma baixa produtividade, porém, o resultado 
esperado é a produção em massa de produtos e serviços e a consequente 
diminuição de seu preço ao consumidor final. 
Contudo, não se deve pensar que o agronegócio é algo apenas para os 
grandes produtores rurais. Deve haver a participação dos agricultores altamente 
competitivos até os agricultores familiares. A principal diferença está na escala de 
produção, e os pequenos só sobreviverão caso participem ativamente do processo 
de cooperação entre diversos atores que formam a cadeia produtiva, 
principalmente entre os próprios agricultores familiares. 
É importante destacar que só resistirão os agricultores, pecuaristas e 
agroindustriais que se adequarem às novas exigências do mercado, o que significa 
incorporarem inovações tecnológicas e conhecimentos que os tornem mais 
competitivos. Desta forma, destaca-se a importância dos investimentos em Ciência 
& Tecnologia. 
EMBRAPA- Empresa Brasileira de Pesquisa 
Agropecuária - Empresa de inovação 
tecnológica focada na geração de 
conhecimento e tecnologia para 
agropecuária brasileira. 
Agronegócio 
16 
 
Segundo Araújo (2005, p. 15), na atualidade os conceitos de “setor primário ou 
de agricultura perderam o sentido, porque deixou de ser somente rural, ou 
somente agrícola, ou somente primário”. 
A agricultura, ou o setor primário, que antes não dependia de outros setores, 
na visão do agronegócio passa a depender de muitos serviços, máquinas e 
insumos. Portanto, destacamos a pós-produção, quando se necessitam de 
armazéns, mercado atacadista, mercado varejista, exportação e toda a 
infraestrutura, tais como estradas, portos etc. 
O agronegócio passa a ser encarado como um sistema de elos, abrangendo 
itens como pesquisa, insumos, tecnologia de produção, transporte, 
processamento, distribuição e preço. Com relações Inter setoriais a montante e a 
jusante à unidade produtiva agrícola, formando o sistema do agribusiness ou 
agronegócio (ARAÚJO, 2005). 
Ainda segundo Araújo (2005), o agronegócio divide-se em três partes dentro 
de uma concepção de visão sistêmica: Inicialmente, os negócios agropecuários 
propriamente ditos (ou de "dentro da porteira") que representam os produtores 
rurais, sejam eles pequenos, médios ou grandes, constituídos na forma de pessoas 
físicas (fazendeiros ou camponeses) ou de pessoas jurídicas (empresas). 
Em segundo lugar, os negócios a montante (ou "dapré-porteira") em relação à 
agropecuária, representados pela indústria e comércio que fornecem insumos para 
os negócios agropecuários. Por exemplo, os fabricantes de fertilizantes, defensivos 
químicos, equipamentos etc. 
E em terceiro lugar, estão os negócios a jusante dos negócios agropecuários. 
São os negócios "após-porteira", aqueles negócios que compram os produtos 
agropecuários, os beneficiam, os transportam e os vendem para os consumidores 
finais, por exemplo: os frigoríficos, as fábricas de fiação, tecelagem e de roupas, os 
curtumes e as fábricas de calçados, os supermercados e varejistas de alimentos etc. 
 
Agronegócio 
17 
 
A Estratégia que levou ao Agronegócio 
 
Nos dias atuais há um vazio em termos de projetos nacionais, que realmente 
acenem com mudanças capazes de levar a uma aceleração de nosso crescimento 
econômico e a um salto significativo na qualidade de vida da população. Vale a 
pena, portanto, correr os olhos sobre um caso de sucesso resultante de visão 
estratégica, sacrifícios, talento e muita coragem. 
A saga do agronegócio brasileiro infla o orgulho nacional. Afinal, depois de 
muito tempo, nos damos conta de que não nos destacamos apenas pelo puro 
extrativismo (do ouro e pedras preciosas), pelo talento inato de nossa gente - no 
futebol, na música e no carnaval – ou dádivas da natureza - do sol e das praias 
maravilhosas. Somos imbatíveis também na produção de bens extremamente 
necessários para a população mundial: alimentos, madeiras, fibras e energia 
renovável. 
É verdade que nos ajudam, aqui também, o talento do brasileiro e a riqueza de 
nossos recursos naturais. Todavia, se dependêssemos apenas desses dois recursos 
estaríamos, a esta altura, importando até os alimentos de nosso cotidiano como o 
feijão e o arroz. Há muito tempo, esgotamos nossas terras férteis, nas quais 
Caminha constatou apressadamente que “em se plantando tudo dá”. 
Por volta de 1960, nossas melhores terras, localizadas no Sul, Sudeste e em 
lugares específicos de outras regiões já se mostravam incapazes de atender nossas 
necessidades básicas. Já havia quase trinta anos que se iniciara a grande marcha do 
campo para a cidade respondendo ao sinal dado primeiro por Getúlio Vargas e 
depois por Juscelino Kubitschek. Eram a urbanização e a industrialização que para 
se sustentar dependiam de crescentes quantidades de matérias-primas da 
agropecuária, que não podiam ser obtidas nas áreas tradicionais. A consequência 
foi a inflação e a carestia, que inviabilizavam o processo de desenvolvimento 
concebido por aqueles dois líderes e que se faziam sentir através de ininterruptos 
conflitos sociais. Além disso, era claro que a industrialização necessitava de divisas 
para viabilizar as importações de máquinas e componentes, que não se produziam 
internamente. Acontecia que os ramos comerciais da agropecuária – café, cacau, 
cana-de-açúcar, algodão e a soja mais tarde - estavam focados no mercado externo 
enquanto a produção de alimentos era apenas acessória. Havendo limitada 
disponibilidade de recursos – terra e capital – ou bem se exportava ou então se 
atendia à demanda interna. O setor agropecuário era estático dos pontos de vista 
tecnológico e empresarial. 
Agronegócio 
18 
 
Para romper essa inércia à estratégia concebida por Juscelino e assumida 
também pelos governos militares foi a partir dos anos 1960/70, um grande 
programa para modernizar a agropecuária e apoiar sua transmutação do Sul e do 
Sudeste para o Centro-Oeste e Norte do País. O principal símbolo foi a construção 
de Brasília lá perto do “fim do mundo”. Era novo chamamento ao povo para que 
marchasse para nova aventura, nova empreitada, repetindo a jornada dos 
Bandeirantes no século XVII. Desta feita não se tratava de extrair pedras preciosas 
ou capturar indígenas, mas criar raízes em terra inóspita e quase estéril. Foram 
paulistas, paranaenses, catarinenses e gaúchos, que deixavam para trás suas 
pequenas e médias propriedades na busca de progresso socioeconômico à custa 
de muito trabalho e sacrifício. Investimentos em infraestrutura, na formação de 
pesquisadores e em instituições geradoras de tecnologia foram realizados; 
financiamentos e preços subsidiados foram oferecidos para a agropecuária. Novas 
tecnologias foram criadas e outras já existentes em outros países foram adaptadas. 
Não há estimativas confiáveis de qual foi o montante desses investimentos. Mas foi 
muito dinheiro! Terá valido a pena tal sacrifício? Quais são os retornos econômicos 
e sociais que resultaram dessa mega transformação na economia e na sociedade 
brasileira? 
Em primeiro lugar, devemos ter em conta que a ajuda para o agronegócio e 
para outros setores praticamente encerrou-se em meados dos anos 1980, quando 
os recursos públicos se esgotaram e a onda de liberalização econômica atingiu 
com atraso a América Latina e o Brasil, em particular. Em 1980, as aplicações da 
União na agricultura correspondiam a 8% do orçamento, cifra que também vigorou 
em 1988. Já em 1989, a cifra caía para 2%, que se repete também em 2005. Trata-se 
de aplicação minúscula, tendo-se em conta que o setor agrícola corresponde a 
cerca de 10% do PIB nacional e o agronegócio a 30%. 
A pergunta que ficava era: será que o agronegócio vai parar em pé e avançar, 
agora que não contava mais com recursos públicos a ampará-lo? Para responder 
essa questão é necessário relembrar as razões pelas quais a sociedade havia 
investido tanto no agronegócio. Duas eram as razões básicas: alcançar um 
suprimento adequado de alimentos e matérias-primas para atender à crescente 
demanda da sociedade em pleno processo de industrialização e gerar as divisas 
que permitiriam as importações que esse processo demandava e que acumulara ao 
longo do tempo uma dívida externa que o país não tinha como quitar. Ainda no 
governo Sarney, o Brasil tivera de recorrer à moratória de sua dívida, que viria a ser 
renegociada apenas no governo de Itamar Franco. 
Agronegócio 
19 
 
Cabe então verificar como o agronegócio se saiu nesses dois quesitos a partir 
de 1989, quando se concretizou o fim da política de apoio ao agronegócio. 
Vejamos alguns dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A 
produção física de alimentos expandiu 68% enquanto a população cresceu 27%. 
Isso significa que a disponibilidade per capita de alimentos para os brasileiros 
cresceu 32%. 
O aumento médio de produtividade agrícola de cerca foi de 2,6% ao ano e 
para a pecuária em torno de 4% ao ano. Ao mesmo tempo, as exportações do 
agronegócio quase se quadruplicaram, acumulando mais de 360 bilhões de 
dólares, mais de 40% do total exportado pela economia brasileira como um todo. 
Isso permitiu pagar aproximadamente dois terços dos serviços da nossa dívida 
externa. 
Nos últimos 10 anos, a produção das nossas lavouras expandiu 45% enquanto 
os preços reais recebidos pelos produtores caíram 10% e aqueles aos 
consumidores 36%. 
 
Entendendo Agronegócio 
 
Pode-se dizer que o desempenho do agronegócio brasileiro está condicionado 
a fatores exógenos e endógenos ao setor. Os fatores exógenos têm origem tanto 
no exterior, frutos da evolução da economia internacional, como no próprio país, 
originando-se nas evoluções de caráter macroeconômico. Os fatores endógenos 
vinculam-se a iniciativas e eventos do próprio setor, muitas vezes em resposta aos 
fatores exógenos. 
 
Condicionantes macroeconômicos 
 
Entre os fatores exógenos, salientam-se as variáveis macroeconômicas 
brasileiras. O país optou por um controle forte do processo inflacionário através de 
taxas de juros tão altas quanto necessárias. Como consequência, a taxa de 
crescimento econômico tem sido baixa, em média. As taxas de juros altas têm 
também efeito sobre a taxa de câmbio, que, exceto em momentos de extrema 
Agronegócio 
20 
incerteza, tende a manter-se bastante valorizada. O dólar estável tem sido um 
instrumento importante para manter a inflação. Colaborapara que o câmbio 
mantenha-se valorizado o fechamento da economia brasileira às importações, com 
o que saldos comerciais cedo levam queda do valor das moedas estrangeiras no 
Brasil, gerando dificuldades ao seu exportador e à economia como um todo. As 
baixas taxas de crescimento e a moeda valorizada mantêm o mercado interno de 
produtos do agronegócio retraído, de sorte que esse setor tende a sofrer quedas 
substanciais de preços em períodos de crescimento mais acentuado. A tendência 
mais recente aponta para queda nos juros no Brasil, à medida que as metas de 
longo prazo de inflação sejam atendidas: não se pensa em buscar taxas abaixo de 
cerca de 4% daqui para frente. Com isso vai se viabilizando um crescimento, algo 
maior da economia. 
 
Economia internacional 
 
Na economia internacional, a marca tem sido um padrão bem mais elevado de 
crescimento e os juros bem mais baixos. Os países mais desenvolvidos, que 
controlam os juros, têm mantido suas taxas baixas diante de um comportamento 
modesto de crescimento do seu PIB. Nos países emergentes – exceto o Brasil, e 
mesmo nos países do terceiro mundo, o 
padrão de crescimento tem sido bem mais 
alto graças a grande liquidez proporcionada 
pelos países do primeiro bloco. Essa 
conjunção tem feito com que o mercado 
externo seja o motor do crescimento do 
agronegócio brasileiro. 
Na verdade o volume de comércio tem crescido substancialmente nos últimos 
cinco ou seis anos. Foi possível, inclusive, ao Brasil como um todo, recuperar suas 
contas externas, gerando superávits comerciais que há muito não se via. Essa 
tendência favorável do mercado externo deve permanecer nos próximos anos, se 
bem que mais atenuada. Vai ficando claro que o limite potencial de crescimento 
mundial vai sendo alcançado, pressionando os preços da energia, das matérias 
primas etc. Tendências inflacionárias começam a ser detectadas inclusive nos 
países do primeiro mundo que começam a aumentar suas taxas de juros de forma 
mais ou menos coordenada, fazendo com que os demais países ensaiem reação 
semelhante. 
PIB- Sigla para Produto Interno Bruto, e 
representa a soma, em valores monetários, 
de todos os bens e serviços finais 
produzidos em uma determinada região, 
durante um período determinado. 
Agronegócio 
21 
 
Papel do Estado 
 
Outra mudança exógena importante que teve lugar nos últimos 30 anos, 
relaciona-se ao papel do Estado na economia. No Brasil, na década de 1980 
esgotou-se a era de crescimento econômico liderado pelo Estado, característica 
que vinha desde a era Vargas. Recursos de origem fiscal, dívida pública e 
puramente inflacionários financiavam as iniciativas do governo que tanto poderia 
assumir diretamente funções empresariais ou induzir tais iniciativas no setor 
privado. Quando o setor público atingiu dimensões vultosas, a dívida passou a 
custar cada vez mais caro (juros altos). A carga tributária alcançou níveis muito 
altos. Déficits fiscais tiveram que ser sucessivamente reduzidos. A meta de 
controlar a inflação limitou o uso de recursos monetários. Assim, no tocante ao 
agronegócio, o Estado passa a ter as funções básicas de regulador - produzindo 
normas e fiscalizando seu cumprimento; provedor de tecnologia e negociador 
externo. Seu desempenho não tem sido satisfatório nessas três frentes, como se 
tem visto nos problemas surgidos na área sanitária, na instabilidade dos recursos 
alocado à ciência e tecnologia e no pouco que se conseguiu nas questões de 
integração econômica. 
Paralelamente o Estado tem sido instado a socorrer agricultores durante crises 
periódicas, mas sua ação tem tido limitada eficácia, entre outras razões, pela 
escassez de recursos. O Estado ainda se reserva a missão de cuidar dos programas 
específicos dirigidos ao pequeno agricultor (agricultura familiar) e à reforma 
agrária. Também nessas áreas os resultados não têm sido bem avaliados. A reforma 
agrária tornou-se um processo infindável, sempre polêmico e fonte de conflitos 
graves. Quanto à agricultura de pequeno porte questiona-se a eficácia da 
estratégia de tratamento administrativo diferenciado como se não fizesse parte do 
agronegócio, envolvendo até diferentes ministérios. 
 
Agronegócio 
22 
 
Concentração e Verticalização no Agronegócio 
 
Entre os fatores endógenos, nascidos no próprio setor, que influenciam o 
desempenho do agronegócio, devem ser salientados os seguintes. O setor passa 
por forte concentração e verticalização a montante e a jusante da produção 
agropecuária. No varejo, os supermercados consolidaram-se, o mesmo 
acontecendo com a agroindústria, do que emergem mecanismos de transação que 
merecem ser destacados. Por um lado, os supermercados estabeleceram padrão de 
extrema concorrência pelos escassos recursos dos consumidores. Aumentos de 
preços têm sido evitados de todas as formas possíveis. Cria-se, assim, um 
mecanismo pelo qual aos produtores agropecuários resta a absorção dos impactos 
de custos de comercialização. 
Aumentos de produtividade são repassados aos consumidores na forma de 
menores preços, ficando os produtores – cujos preços tendem a decrescer à 
medida que a produtividade e a eficiência crescem – sem condições de capitalizar 
as reduções de custos que obtêm. É um sistema de transferência de renda dos 
produtores aos consumidores. Ao mesmo tempo, cresce em termos reais a renda 
da população mais pobre, abrindo novas oportunidades de consumo a serem 
exploradas pelo varejo em geral e pelo próprio sistema financeiro. Uma 
combinação de juros altos e prestações accessíveis é o instrumento para expandir 
o mercado em direção às camadas de menores rendas. 
Por outro lado, a concentração do agronegócio associa-se a ganhos de 
eficiência – graças à economia de escala – e à viabilização de nova tecnologia, com 
proveito tanto para o consumidor nacional como externamente no enfrentamento 
da extrema concorrência decorrente das forças da globalização. 
 
Agronegócio 
23 
 
Financiamento do Agronegócio 
 
Outro fator relaciona-se à questão do financiamento das atividades 
agropecuárias. Com a exaustão dos recursos públicos, essas atividades são de 
forma extensiva financiada pelos compradores de produtos e/ou fornecedores de 
insumos. A verticalização tem convertido tais atividades num mesmo modelo de 
negócio. Os custos desses financiamentos ligam-se aos juros da economia e 
crescem na proporção em que aumenta a procedência de recursos do setor 
privado. As crises que se sucedem sugerem que produtores agropecuários e 
grandes agroindústrias de processamento e de insumos e bens de capital não têm 
gerenciado adequadamente os riscos da atividade. Com isso, produtores voltam-se 
ao setor público para obter reescalonamento das dívidas como forma de amenizar 
os prejuízos daquelas agroindústrias e manter a normalidade no mercado de 
crédito, garantindo condições para que o agronegócio continue produzindo. Fica 
clara a necessidade de criação e adoção de procedimentos e mecanismos de 
gerenciamento de riscos e do fluxo de recursos financeiros do setor, inclusive da 
poupança do setor, reconhecidamente cíclica e o incentivo de novas linhas por 
parte do governo, principalmente via BNDES. 
 
Consolidação Territorial do Agronegócio 
 
A consolidação territorial do agronegócio – agricultores, pecuaristas, 
agroindústria de insumos e de processamento, ocupando a partir dos anos 1970 o 
Centro-Oeste e, a seguir, avançando para o Norte e o Nordeste do país. O modelo 
empresarial pressupõe escala maior – que o menor preço da terra viabiliza – uso 
intensivo de capital (máquinas e equipamentos) e tecnologia – que aumenta de 
forma cíclica, em geral marcada por sobre e sub investimentos, com os resultados 
conhecidos de alternância de euforia e depressão. A escala e a tecnologia elevadas 
são precondições para a sobrevivência na economia globalizada. Após o ciclo em 
que contava com forte apoio oficial, o agronegócio viu-seforçado a cuidar da 
eficiência como forma de competir num mercado internacional onde os 
concorrentes são protegidos por forte subsídio (como nos EUA) ou por 
Agronegócio 
24 
instrumentos que inibem o acesso (como na União Europeia). De certa forma é 
esse protecionismo que estabelece os limites de custos da produção nacional. 
Quanto maior o protecionismo, maiores as escalas produção, maiores os 
problemas de natureza social e ambiental (contaminação das águas, 
desmatamento etc.) tudo em nome de uma concorrência sem tréguas. 
 
Tecnologia 
 
O uso da tecnologia produziu acentuado aumento da produtividade da 
agropecuária nacional. Observou-se mudança marcante no padrão de crescimento: 
até o início dos anos 1980, a agricultura crescia predominantemente pelo aumento 
da área, mantendo quase constante a produtividade. Foi o período de ocupação de 
fronteiras tornada possível pelo domínio da tecnologia de produção em solos 
ácidos e pobres. O uso intensivo de insumos e mecanização financiados pelo 
crédito oficial abundante e barato – concentrados em poucas culturas e nos 
maiores produtores - permitiu uma expansão de 50% na área agrícola nos anos 
1970, sem que a produtividade média crescesse. Com a passagem dessa fase, a 
agricultura passa a ter na produtividade a fonte de seu crescimento. A produção 
por unidade de área cresce quase 90% ao longo dos anos 1980 e 1990. São várias 
as evidências de incremento de produtividade também na produção animal: a 
redução na idade de abate de bovinos de corte de quatro anos para menos de 30 
meses pelo melhoramento das pastagens e do manejo em geral; a produtividade 
na produção de leite cresceu 60% em litros por vaca em lactação; a idade de abate 
de frango caiu de sete para seis semanas com aumento de peso de 1/3. 
Entretanto, Preocupa observar uma aparente estagnação da produtividade 
das lavouras nos últimos anos: ainda não se sabe se é um fenômeno ocasional ou 
uma nova tendência que se forma. Teria se esgotado o estoque de tecnologia 
disponível? Ou teria havido uma conjunção desfavorável de eventos climáticos e 
de mercado? 
 
Agronegócio 
25 
 
 E assim terminamos a nossa primeira unidade de estudos, agora você já sabe 
como iniciou o Agronegócio e a importância de seus componentes para o 
desenvolvimento sustentável da atividade. 
 
Leitura Complementar: 
BIALOSKORSKI NETO, S. Agronegócio Cooperativo. In: BATALHA, M.O. Gestão 
Agroindustrial. 2. ed, São Paulo: Ed. Atlas, 2001 
GASQUES, J.G. et al. 2006. Gasto Público em Agricultura. Retrospectiva e 
Prioridades. MAPA, Assessoria de Gestão Estratégica. Brasília- DF. 
É HORA DE SE AVALIAR 
Não se esqueça de realizar as atividades desta unidade de estudo. Elas irão 
ajudá-lo a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo de 
ensino-aprendizagem. Caso prefira, redija as respostas no caderno e depois às 
envie através do nosso ambiente virtual de aprendizagem (AVA). Interaja conosco! 
Agronegócio 
26 
Exercícios da Unidade 1 
 
1. Como podemos definir o agrobusiness e como que ele pode avançar no cenário 
internacional? 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
 ___________________________________________________________________ 
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2. Quais são os custos e riscos do financiamento do Agronegócio? 
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3. Qual a principal missão do estado para o desenvolvimento do Agronegócio? 
 ___________________________________________________________________ 
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 ___________________________________________________________________ 
 
Agronegócio 
27 
 
 
Soja: Um dos Principais 
Componentes do Agronegócio
 
Início da produção de soja no Brasil 
Causas da Expansão da Soja 
A Utilização da soja 
Matéria prima da agroindústria 
O Complexo: Soja no Brasil e a produção de Biodiesel 
 
2
Agronegócio 
28 
 
A cultura de soja [Glycine max (L.) Merrill] teve origem no continente asiático, 
plantação rasteira que se desenvolvia na região do Rio Yangtse, ao longo do Rio 
Amarelo, na China. 
Ressalte-se que o plantio da soja teve inicio em 2838 anos a.C., fato que a 
história conta em seus pergaminhos escritos em língua arcaica. Neste período 
muitas plantas eram consideradas sagradas, juntamente com o trigo, o arroz, o 
centeio, o milheto e a soja, com cerimônia típica na época da semeadura e safra. 
Durante séculos e séculos a cultura só existiu na China, que a utilizava 
inicialmente como uma espécie selvagem. Já no século XV, a cultura foi introduzida 
na Europa, porém não com a finalidade de alimento, mas de ornamentação. 
As tentativas de produção da cultura na Europa fracassaram, devido ao clima 
extremamente frio da Europa, carência de informação e pouco conhecimento 
sobre a cultura e suas exigências. 
No final do século XIX, os Estados Unidos conseguiram desenvolver a 
plantação de soja comercialmente com a melhoria genética da cultura, e 
percebendo principalmente o valor do grão na alimentação e o grande valor de 
sua proteína. Assim, a cultura foi inserida no contexto agrícola norte americano. 
 
Objetivos da Unidade 
Compreender a importância da soja para o Agronegócio e identificar a seu 
desenvolvimento no Brasil. 
 
Plano da Unidade 
 Início da produção de soja no Brasil 
 Causas da Expansão da Soja 
 A Utilização da soja 
 Matéria prima da agroindústria 
 O Complexo: Soja no Brasil e a produção de Biodiesel 
 
Bons estudos! 
Agronegócio 
29 
 
Início da produção de soja no Brasil 
 
A cultura de soja no Brasil é um fenômeno comparado à cultura da cana de 
açúcar e do café na época do Brasil Colônia, Império e República, porém gerando 
benefícios a toda a cadeia produtiva do agronegócio. 
No ano de 1882, a soja foi introduzida no Brasil, sendo o responsável direto 
pelos primeiros estudos o professor Gustavo Dutra, da Escola de Agronomia da 
Bahia. Por volta de 1992, o Instituto Agronômico de Campinas (IAC), no Estado de 
São Paulo, iniciou uma série de estudos sobre a cultura. 
Nesta época, a soja era usada como forrageira e na rotação das culturas, onde 
os grãos colhidos destinavam-se à alimentação dos animais, não sendo ainda 
utilizado pelas indústrias oleaginosas. Segundo Bonato (1987), registra-se que a 
cultura de soja teve inicio no ano de 1914, no município de Santa Rosa, Rio Grande 
do Sul, onde a cultura encontrou condições ideais para o seu desenvolvimento. 
De acordo com Bonato (1987), somente a partir dos anos 40 que a cultura de 
soja adquiriu importância econômica, aparecendo os primeiros registros sobre a 
cultura de soja na estatística nacional em 1941, o Anuário Agrícola do Rio Grande 
do Sul informa que a área cultivada foi de 640 ha, com produção de 450 toneladas 
e rendimento de 700 kg/ha. No inicio da década de 1940, instalou-se a primeira 
indústria processadora de soja do Brasil, também na cidade de Santa Rosa, no 
estado do Rio Grande do Sul. 
Ainda de acordo com Bonato (1987), a cultura da soja encontrou condições 
ideais para o seu desenvolvimento,devido à similaridade das condições climáticas 
da região Sul do Brasil com as condições climáticas dos Estados Unidos, de onde 
vieram as primeiras sementes da soja. 
No ano de 1960, o governo brasileiro passou a subsidiar a produção do trigo, 
buscando autossuficiência do país nesta cultura. Porém, nesta mesma década, a 
soja se estabelece definitivamente como cultura no país, onde os estados da 
Região Sul eram os principais produtores, sendo o trigo plantado no inverno e soja 
no verão, com alta produtividade e novas tecnologias. 
 
Agronegócio 
30 
 
Apesar do significativo crescimento da produção no correr 
dos anos 60, foi na década seguinte que a soja consolidou-
se como a principal cultura do agronegócio brasileiro, 
passando de 1,5 milhões de toneladas (1970) para mais de 
15 milhões de toneladas (1979). Esse crescimento deveu-se, 
não apenas ao aumento da área cultivada (1,3 para 8,8 
milhões de hectares), mas, também, ao expressivo 
incremento da produtividade (1,14 para 1,73t/ha), graças às 
novas tecnologias disponibilizadas aos produtores pela 
pesquisa brasileira. Mais de 80% do volume produzido na 
época ainda se concentrava nos três estados da Região Sul 
do Brasil. (Fonte www.cisoja.com.br) 
 
Nas décadas de 1980 e 1990, repetiu-se na região centro-oeste do Brasil o 
explosivo crescimento da produção ocorrido nas duas décadas anteriores na 
Região Sul, pois a soja é a cultura que teve expressivo crescimento nas últimas três 
décadas, conforme dados da Figura 3, a seguir: 
FIGURA 3: Produção brasileira de soja no período de 1976/77 a 2006/2007. 
Fonte: CONAB 
 
Da Figura 3, anterior, percebe-se a evolução temporal que a produção de soja 
vem batendo recordes consecutivos de grãos ano a ano, desde a safra de 
1976/1977 até 2006/2007 há um aumento na produção de 485%. Atualmente o 
Brasil é o segundo maior exportador de soja do mundo. 
Agronegócio 
31 
 
A agroindústria de alimentos e a indústria química utilizam a soja dando 
origem a produtos e subprodutos. 
A proteína de soja dá origem a produtos comestíveis (ingredientes de padaria, 
massas, produtos de carne, cereais, misturas preparadas, bebidas, alimentação para 
bebês, confecções e alimentos dietéticos). É utilizado também pela indústria de 
adesivos e nutrientes, alimentação animal, adubos, formulador de espumas, 
fabricação de fibra, revestimento, papel emulsão de água para tintas. A soja 
integral é utilizada pela indústria de alimentos em geral, e o óleo cru se transforma 
em óleo refinado e lecitina, que dá origem a inúmeros outros subprodutos, e todos 
estes produtos e subprodutos são exportados para diversos países, conforme a 
Tabela 4, a seguir: 
 
TABELA 4: Exportação brasileira de soja para os principais países em toneladas. 
 
Item / destino / 
origem 2011 2012 2013 
Soja grãos 19.890.466 19.247.689 22.435.071 
China 6.101.943 5.678.005 7.157.546 
Holanda 3.669.291 3.569.138 5.049.511 
Espanha 1.569.663 1.542.159 2.089.359 
Itália 773.353 862.255 1.344.951 
Farinha de soja 390 172 1.437 
França - - 1.072 
Holanda - - 335 
Nova Zelândia 129 103 11 
Uruguai 14 14 11 
Óleos de soja 2.485.987 2.517.244 2.697.054 
Rep. Islâmica do 
Irã. 960.328 636.077 765.558 
Índia 256.169 270.622 433.529 
China 541.265 882.866 365.531 
Holanda 32.208 59.501 150.749 
Pellets de soja 13.602.158 14.485.621 14.421.679 
Holanda 3.962.254 4.068.020 3.513.642 
França 2.625.168 3.021.498 3.122.020 
Alemanha 902.158 1.062.345 1.044.899 
Tailândia 585.921 592.752 1.011.656 
Fonte: CONAB 
 
Agronegócio 
32 
 
Da tabela 4, percebe-se que China, Holanda e Espanha são os maiores 
importadores dos produtos e subprodutos da soja brasileira. Para a China, que é o 
principal contribuidor para o crescimento da economia mundial, os produtos 
importados do Brasil são de baixos valores agregados. A China representa o 
terceiro mercado importador dos produtos brasileiros, porém, percebe-se que isto 
é de pouca relevância no mercado chinês. 
 
 
FIGURA 4: Produção de soja por regiões brasileira, no período de 1976/77 a 2006/2007 . 
Fonte: CONAB 
 
Da Figura 4, observa-se que na safra de 1976/1977, menos de 2% da produção 
nacional de soja era colhida no centro-oeste. Na década de 80, esse percentual 
passou para 20%; em 1990, já era superior a 40%, e, em 2006/2007, próximo dos 
60%, com tendências a ocupar maior espaço a cada nova safra. Essa transformação 
promoveu o Estado do Mato Grosso, de produtor marginal à líder nacional de 
produção e de produtividade de soja. 
 
Agronegócio 
33 
 
Causas da Expansão da Soja 
 
 
No Brasil vários fatores contribuíram para a expansão da cultura da soja, como 
um dos principais componentes do agronegócio, para BONATO (1987) destaca-se: 
 
a. O ecossistema da região Sul do Brasil semelhante ao dos EUA, assim 
favoreceu a implantação da cultura de soja com melhoria na qualidade das 
sementes, com outras tecnologias na produção; 
b. O governo brasileiro incentivou a produção do trigo e soja nos anos 50, 60 e 
70, no inverno plantava o trigo e no verão a soja, utilizando-se da mesma 
mão de obra e máquinas; 
c. A quebra de safra de grãos na Rússia e China nos anos 70, e a diminuição da 
pesca da anchova no Peru, pois o peixe era usado como farinha na fabricação 
de rações para animais, sendo substituído pelo farelo de soja pelos 
fabricantes do produto; 
d. A gordura animal é substituída por óleo vegetal, sendo saudável ao ser 
humano; 
e. A soja se torna um dos componentes importantes do agronegócio, gerando 
parque industrial para o processamento de soja, introduzindo tecnologia de 
máquinas e de insumos agrícolas, e principalmente com incentivos fiscais do 
governo para a melhoria da produção e estabelecimento de agroindústrias; 
f. Cultura de fácil mecanização; 
g. Para a produção, industrialização e comercialização das safras, surgem uma 
forma dinâmica e eficiente de apoio ao agricultor, às cooperativas; 
h. Incentivo a pesquisa da melhoria da semente de soja pelo governo federal e 
estadual, e principalmente pela iniciativa privada; 
i. Melhoria na infraestrutura básica para agilizar e facilitar a exportação, tais 
como: portuário, viário e comunicação; 
 
Agronegócio 
34 
 
j. Crescimento explosivo da cultura de soja na região centro-oeste do Brasil; 
k. O governo brasileiro concede incentivos fiscais para o aumento da área de 
plantação, também para o agricultor adquirir máquinas, construir silos, 
armazéns e a implantar agroindústrias; 
l. O valor da terra na região centro-oeste em comparação ao sul. 
 
A Utilização da soja 
 
A soja é um produto extremamente versátil, podendo ser decomposto em 
vários subprodutos, para a alimentação humana e de animais, sendo um produto 
industrial e de matéria-prima na agroindústria, a saber: 
 
Alimentação humana 
A farinha de soja está sendo muito utilizados na fabricação de pães, doces e na 
composição de massas, em chocolates e temperos para saladas, produtos de carne, 
cereais, misturas preparadas, bebidas, alimentação para bebês e alimentos 
dietéticos. 
A soja esta presente na composição de embutidos tais como: na carne de soja, 
linguiça e em salsichas especiais. O óleo de soja é processado em três produtos 
básicos, que são: 
 
a) Óleo refinado comestível: matéria-prima de margarinas, óleo de cozinha, 
maionese e temperos, gordura vegetal e produtosfarmacêuticos, como os 
repositores hormonais; 
b) Óleo refinado para fins não alimentares: ingrediente de velas, sabões, tintas, 
plásticos, lubrificantes, desinfetantes e inseticidas, além de matéria-prima 
para produção de biodiesel; 
c) Lecitina: usada em produtos químicos, cosméticos e têxteis, alguns alimentos 
e sorvetes. 
Agronegócio 
35 
 
Alimentação animal 
Da moagem dos grãos de soja é obtido o farelo da soja, representando a 
matéria prima mais usada em rações animais. A nutrição visa adequar às 
necessidades nutricionais, expressando o potencial produtivo do animal. 
O farelo de soja é um dos ingredientes da composição da ração, devendo 
sempre ser analisada as suas características nutricionais, sendo importante a 
qualidade do processamento. No caso das rações, o farelo é importante tanto pelo 
alto valor proteico como também por ser veículo na administração de antibióticos 
e vitaminas aos animais. 
 
Matéria prima da agroindústria 
 
Adesivos, espumas, conglomerados e caixas, fibras, alimento de abelhas e até 
para fabricação de cerveja e adubo, é utilizado o granulado da soja. 
A procura recente para substituir o diesel de petróleo, levou o Brasil a ser o 
pioneiro de uma fonte alternativa de combustível, o biodiesel de soja que foi 
pesquisado e testado pela EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisas 
Agropecuária), representa vantagens econômicas e ambientais, viabilizando 
aumento da oferta de emprego e de renda. 
 
O Complexo Soja no Brasil e a Produção de Biodisel 
 
O complexo soja brasileiro se consolidou em momentos de fortes mudanças do 
setor agrícola do país. Sua origem encontra-se nos primórdios da industrialização 
dos produtos agrícolas nacionais, mas enquanto setor estruturado, o complexo soja 
passa a ter esse perfil quando as atividades da sojicultura tornam-se totalmente 
integradas, a jusante e a montante, aos outros setores da economia. Por mais que 
os aspectos conjunturais tenham influenciado para que pudesse ter havido a 
expansão da soja em 1973, foi o tipo de produção, tanto em seus aspectos 
tecnológicos, quanto comerciais, que permitiu a continuação da expansão dessa 
atividade. Para Bertrand et al (1983:48), “um complexo é o resultado da 
convergência de interesses, ele ‘cria e reproduz um novo modelo de produção e de 
consumo”. 
Agronegócio 
36 
 
Cabe ressaltar, no caso brasileiro, a forte presença do Estado para levar a cabo 
a expansão da produção dessa oleaginosa, que em seu primeiro momento contava 
com políticas para favorecer a modernização da agricultura; em um segundo 
momento foram criadas medidas para que se pudesse agregar cada vez mais valor 
ao setor, tais como a taxação de exportação de grãos, com o objetivo de estimular 
cada vez mais a exportação de derivados. Em 1990, a participação dos produtos do 
complexo soja nas exportações (32%) foi superior à soma da participação dos 
demais produtos básicos (28,4%) (Roessing e Stolf,1997). 
Para explicar a evolução da cultura da soja no Brasil é necessário entender suas 
causas e racionalidade, a partir daí pode-se compreender como se deu o seu 
deslocamento em direção ao centro-norte. Dos primeiros anos de cultivo de soja 
em escala comercial, até a forte participação da produção brasileira no mercado 
internacional, a produção brasileira de soja concentrava-se na região 
tradicionalmente produtora, composta pelos estados de São Paulo, Paraná, Santa 
Catarina e Rio Grande do Sul. Em 1995, pela primeira vez a produção da Região 
Tradicional foi inferior a 70% do total colhido no País; em 2004 essa cifra foi de 
36,0% - apenas a produção do estado de Mato Grosso é quase do mesmo tamanho 
da produção de toda Região Sul (www.conab.org.br). 
Outro elemento significativo da expansão da sojicultura, e dos setores a ela 
ligados, é o modo como esses agricultores se comportam com relação às suas 
atividades. Pode-se afirmar que existe uma racionalidade e uma dinâmica que lhes 
são próprias. Os sojicultores foram atores dinâmicos no processo de crescimento 
da produção dessa cultura no Brasil. Eles foram bastante responsivos às Políticas 
Públicas e ao mercado internacional. Com relação às políticas eles se 
modernizaram e se adequaram à demanda interna de produção de alimentos e 
matérias-primas para a indústria; com relação ao mercado internacional, eles 
passaram a fornecer produtos primários em forma de commodities. O sucesso 
dessa atividade tem como base maior o padrão tecnológico adotado. De acordo 
com Wehrmann (2000), os sojicultores apresentam um “comportamento-padrão”, 
“uma ‘racionalidade’ que faz com que não existam variações significativas no modo 
como essa atividade (tecnologia) é conduzida”. 
 
Agronegócio 
37 
 
À eficiência tecnológica pode-se acrescentar a propriedade dos meios de 
produção, a eficiência na gestão das atividades, que é baseada em “um cálculo de 
probabilidades que suponham a transformação do efeito passado em futuro 
esperado” (Bourdieu, 1983) e a propensão a migrar. No que tange a migração, 
pode-se afirmar que existiram, na história da sojicultura brasileira, dois momentos, 
e movimentos, de uma forte corrente de migração interna. A primeira saiu do Rio 
Grande do Sul em direção, principalmente, ao Paraná, segunda em direção a 
Região dos Cerrados do Centro-Oeste e a terceira em direção à Amazônia Legal 
(Duarte e Wehrmann, 2004 e Wehrmann e Duarte 2004). Essa migração interna, 
apesar de ter sido “organizada e encorajada pelo Estado, com vistas a explorar uma 
parte deserdada do território nacional” (Dollot, 1949), ela foi uma busca de 
oportunidade, por parte dos agricultores, para aumentar as superfícies cultivadas. O 
incremento da área cultivada com soja foi significativo no Brasil: em 1970 foram 
plantados 1.319 mil ha e, em 2004, 21.244 mil; o rendimento médio saltou de 1.211 
Kg/ha para 2.340, no mesmo período. 
O parque de esmagamento de soja no Brasil também se consolidou 
rapidamente. De acordo com a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos 
Vegetais (ABIOVE) em 1996, a capacidade de esmagadora do País era de 111.475 
t/dia, sendo que em 2002 ela foi de 110.560 t/dia. Nota-se que em 1996 esse 
parque estava consolidado e no período seguinte, houve deslocamento das 
plantas industriais para regiões mais próximas da produção dos grãos, com 
fechamento das unidades pouco eficientes. O deslocamento do esmagamento 
para o centro-sul do País está dentro da racionalidade desses agentes, visto que ele 
está acompanhando o deslocamento da produção de grãos. 
Considerando-se as dimensões continentais do Brasil, a produção de biodiesel 
será fortemente favorecida por uma regionalização de sua produção, equilibrada 
com o consumo de diesel, ao longo do país. 
Após todos esses anos, o Brasil está preparado para ter o Biodiesel? O projeto 
do álcool será sustentável? (Vamos refletir sobre essas perguntas antes da próxima 
Unidade) 
 
 
Agronegócio 
38 
 
Leitura Complementar: 
PORTER, Michael E. Competição- Estratégias Competitivas Essenciais. Rio de 
Janeiro: Campus, 1999. 
PORTER, Michael. A estratégia Competitiva. Rio de Janeiro: Campus, 2006. 
É HORA DE SE AVALIAR! 
Lembre-se de realizar as atividades desta unidade de estudo, presentes no 
caderno de exercício! Elas irão ajudá-lo a fixar o conteúdo, além de proporcionar 
sua autonomia no processo de ensino-aprendizagem. Caso prefira, redija as 
respostas no caderno e depois as envie através do nosso ambiente virtual de 
aprendizagem (AVA). Interaja conosco! 
Agronegócio 
39 
 
Exercícios – Unidade 2 
 
1 - Como foi o inicio da soja no Brasil? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 - Como podemos utilizar a soja? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 - A soja pode ser utilizada como matéria prima da agroindústria? Justifique. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Agronegócio 
40 
 
Analise de Viabilidade 
Técnica e Econômica do 
Biodiesel no Brasil 
Biodiversidade brasileira como elemento diferencial 
Energia 
Oportunidadespara o uso dos óleos vegetais e o agronegócio 
Potencialidades da cultura do dendê 
Tópicos relevantes para proposta de um programa estratégico 
 
3
Agronegócio 
41 
 
O petróleo foi uma das principais fontes de energia, em escala mundial, 
durante o século passado. Ainda hoje o é, dado que grande parte da base de 
expansão econômica (principalmente o desenvolvimento de novas tecnologias e 
as transações comerciais) em nível global é dependente de seus derivados. Essa 
dependência é evidente nos combustíveis obtidos a partir do petróleo, como o 
diesel, crucial para o transporte de cargas, a gasolina, de utilização preponderante 
no transporte individual, o óleo combustível, indispensável nas atividades 
industriais, e o GLP (gás liquefeito de petróleo), largamente utilizado na cocção de 
alimentos. 
Entretanto, como decorrência inevitável da utilização de um recurso natural 
não renovável – e, portanto, da perspectiva de seu esgotamento futuro –, 
aconteceram repentinas elevações dos preços do petróleo, que se traduziram em 
choques econômicos que afetaram todo o mundo, como os ocorridos em 1973 e 
1979. Essa realidade afetou fortemente as contas externas brasileiras, pois cerca de 
80% do petróleo utilizado era proveniente de importações. A busca por 
alternativas para a substituição do petróleo foi uma consequência desses fatos. 
Entre diversas alternativas (das quais a introdução do álcool combustível na 
matriz energética brasileira foi uma delas), encontra-se uma tentativa fracassada de 
substituição da alimentação de motores movidos a petrodiesel por óleos vegetais, 
cujos experimentos nacionais iniciaram-se no começo da década de 1980, com o 
lançamento, pelo Governo Federal, do Programa de Óleos Vegetais, conhecido 
como OVEG. No plano técnico, a substituição do óleo diesel tradicional por óleos 
vegetais “in natura”, mostrou-se inviável, porque testes aplicados aos motores 
demonstraram que esses óleos possuíam características desfavoráveis à sua 
utilização como combustível que se traduziam em prejuízos ao seu funcionamento. 
Isso ocorre principalmente porque o óleo vegetal puro tem composição molecular 
diversa do óleo diesel. Uma das alternativas para a solução desse problema foi a 
transesterificação, que consiste em reagir o óleo vegetal puro com um álcool 
(metanol ou etanol), na presença de um catalisador, de forma a se obter um 
composto denominado éster (metílico ou etílico). Esse composto, por ter cerca de 
85% de sua composição química idêntica à do óleo diesel, teria maiores chances de 
substituí-lo. 
 
Agronegócio 
42 
 
As pesquisas técnicas à época constataram que o éster também causava 
problemas nos motores, se utilizado em forma pura como combustível. Chegou-se 
a apontar a possibilidade de utilizá-lo como aditivo ao diesel, em uma proporção 
máxima de 30%. Porém, além desses problemas, no plano econômico observou-se 
que o seu custo de produção era elevado demais, o que tornava proibitivo seu uso 
como forma de substituição ao diesel. Esse fato contribuiu para que esse projeto 
fosse abandonado. 
Na atualidade, o fator ambiental adquiriu importância não desprezível nas 
discussões sobre a obtenção e utilização de combustíveis. Além disso, os preços do 
petróleo, recentemente, apresentaram fortes altas. Isso ocorreu, em parte, pela sua 
escassez relativa, mas também por fatores intrínsecos a ele, envolvendo o modo 
como seus ofertantes e demandantes interagem no mercado mundial, bem como 
as suas elasticidades preço. Como exemplo, pode-se citar a situação em que se 
encontravam os preços em fins de 1998, quando o petróleo era negociado a US$10 
o barril. Naquele momento, o consumo mundial era de 1,5 milhões de barris/dia 
menor que a produção (73,9MBD contra 75,4MBD). Em fins de 2002, os preços 
situavam-se aproximadamente em US$30 o barril, e a relação entre consumo e 
produção estava invertida em comparação ao quadro anterior, com o consumo 
superando em 1,6 milhões de barris/dia a produção (78,4 MBD contra 76,8MBD). 
Isso aconteceu por resultado do controle da oferta por parte da OPEP. 
 No caso do petróleo, o que ocorre é que, no curto prazo, tanto a sua oferta 
como a sua demanda são inelásticas a preço. Em outras palavras, a quantidade 
demandada não sofre alterações significativas no curto prazo, como reação a um 
aumento brusco de preços, porque não é possível substituir, de imediato, 
equipamentos e motores que utilizem derivados de petróleo como combustíveis. 
Do lado da oferta, alterações na quantidade ofertada também não são imediatas 
porque o tempo de prospecção e operação de novos poços de petróleo varia entre 
2 a 3 anos em terra e entre 5 a 8 anos na plataforma marítima. 
Contudo, outros fatores também exercem influência no comportamento dos 
preços do petróleo no mercado internacional. Impasses políticos, guerras ou 
mesmo ameaças de guerras, especulações, sazonalidades de consumo 
(principalmente pela utilização, no hemisfério norte, do petróleo com fins de 
aquecimento durante os meses de inverno) e, até mesmo, fatores psicológicos, 
envolvendo as expectativas de suprimento da demanda no médio e longo prazo. 
Agronegócio 
43 
 
O resultado final foi a escalada dos preços do petróleo, o que fez reaparecer a 
ideia da substituição de seus derivados. 
Ressurge, assim, a proposta da utilização de substitutos ao petrodiesel; mais 
especificamente, dos ésteres metílicos ou etílicos mencionados anteriormente, 
agora sob a denominação “biodiesel”. 
 
Objetivos da Unidade 
Compreender a importância da diversificação no uso de produtos 
agropecuários e a agregação de valor para um agronegócio competitivo, tratando 
em particular das oportunidades para o Brasil no uso sustentável de oleaginosas 
produzidas no País, com ênfase na cadeia produtiva do dendê como diferencial 
para um programa de produção de diesel biodegradável. 
 
Plano da Unidade 
 Biodiversidade brasileira como elemento diferencial 
 Energia 
 Oportunidades para o uso dos óleos vegetais e o agronegócio 
 Potencialidades da cultura do dendê 
 Tópicos relevantes para proposta de um programa estratégico 
 
 
 
 
 
Bons estudos! 
 
Agronegócio 
44 
 
Biodiversidade brasileira como elemento diferencial 
 
O Brasil como País em desenvolvimento necessita organizar e otimizar 
recursos humanos, financeiros e materiais, buscando no desenvolvimento 
interdisciplinar o seu lugar na sociedade do século XXI. 
Um dos grandes desafios para o Brasil, voltados à área agrícola e pecuária, está 
centrado no aumento da produção considerando estratégias que envolvam o 
conceito dos territórios rurais, as diversidades edafo-climáticas regionais, sua 
biodiversidade e também as trocas globais no planeta para o consequente reflexo 
na geração de emprego e renda com garantia do equilíbrio entre oferta e demanda 
interna de produtos, bem como dos sistemas cooperativos para distribuição, 
aumento das exportações de produtos gerados no setor, além do uso diversificado 
dos produtos oriundos do campo. 
A biodiversidade brasileira é um fator diferencial no planeta e observa-se que a 
tendência atual é a do uso de alimentos que atuem não apenas como fonte de 
energia, mas que proporcionem também agregação de valor e diversificação 
quanto ao uso. Neste particular o Brasil tem uma enorme potencialidade e 
apresenta características regionais próprias com relação a sua biodiversidade, 
associadas a diferenças culturais e produtivas, o que projeta um quadro magnífico 
para o desenvolvimento de estudos nesse sentido. 
Aproveitando a variabilidade alimentar já existente e a enorme biodiversidade 
ainda não explorada, novos alimentos e produtos poderão ser desenvolvidos. O 
Brasil exporta atualmente grande quantidade de matéria-prima para outros países, 
que por sua vez as desenvolvem e comercializam com um valor bem superior. Esta 
vulnerabilidade pode ser equacionada com a introdução de um modelo sistêmicoque considere este desenvolvimento, ou parte dele, no próprio País. 
Aliado a essas vantagens derivadas da biodiversidade brasileira, a agricultura 
em escala familiar encontra diferenciais de sustentabilidade, ampliando seus 
horizontes com interfaces multifacetadas com outros setores da sociedade. 
Pequenas empresas geradas, com capacidade de industrializar produtos cuja 
matéria-prima possa ser suprida por pequenas propriedades, podem potencializar 
não somente o suprimento do mercado doméstico, como também mercados 
externos. 
Agronegócio 
45 
 
Energia 
 
Depois da própria força humana, a primeira fonte de energia que o homem 
utilizou foi o fogo. A técnica de utilização do fogo deve ter sido inventada por volta 
de 50000 a.C., com o uso de pedra e madeira. Entre 10000 e 5000 a.C. ocorreu a 
chamada Revolução Neolítica: o homem domesticou certos animais, que passaram 
a servir como fonte de energia; domesticou também certos vegetais, surgindo a 
agricultura e a possibilidade de uso da biomassa como fonte de energia (embora 
só com a Revolução Industrial tenha sido possível aproveitar com maior eficiência a 
energia dos vegetais). A utilização da força do vento, principalmente para a 
navegação, deve ter começado em torno do ano 2000 a.C. 
O aproveitamento da água, da força hidráulica para mover moinhos, iniciou-se 
em torno do século II a.C. A partir do ano 1000 d.C., ocorre a exploração mais 
intensa do carvão mineral. A partir de 1700 surgem importantes inovações, ligadas 
à Revolução Industrial: a invenção da máquina a vapor foi seu acontecimento mais 
importante no que se refere às fontes de energia. 
Por volta do final do século XIX, verifica-se o aparecimento da eletricidade, o 
desenvolvimento dos motores a gasolina ou demais derivados do petróleo e, dessa 
forma, um notável desenvolvimento nas explorações petrolíferas. Em meados do 
século anterior, surge a energia nuclear, sendo que a fissão nuclear (princípio de 
obtenção da energia nuclear) foi utilizada inicialmente para fins militares, durante a 
Segunda Guerra Mundial. 
Já do final do século XX, despontaram novas fontes de energia que poderão no 
futuro desempenhar o papel que o petróleo desempenhou até o momento: a 
energia solar? A energia das marés? A geotérmica? O hidrogênio? A eólica, ou a 
energia proveniente dos minerais? A biomassa? O desenvolvimento industrial está 
intimamente ligado ao desenvolvimento das fontes de energia. Pode-se dizer que 
há uma interdependência entre ambos, onde o progresso industrial é resultado da 
descoberta de novas fontes energéticas, que, por sua vez, ocorreram em 
consequência das necessidades da indústria e da sustentabilidade no planeta. 
Com efeito, as necessidades energéticas de um país são diretamente 
proporcionais ao seu grau de industrialização e cultura. Assim, as economias 
altamente industrializadas são grandes consumidoras de energia e precisam 
importar recursos energéticos frequentemente para suprir suas necessidades. 
Agronegócio 
46 
 
A enorme participação das fontes não renováveis na oferta mundial de energia 
coloca a sociedade diante de um desafio que foca a busca por fontes alternativas 
de energia. Ademais, isso não pode demorar a ocorrer, sob o risco de o mundo, 
literalmente, entrar em colapso, pelo menos se for mantido o atual modelo de vida, 
em que o petróleo tem uma importância vital. Há diversas fontes alternativas 
disponíveis, havendo a necessidade de um maior desenvolvimento tecnológico 
para que possam ser economicamente rentáveis e, consequentemente, utilizadas 
em maior escala. 
 Provavelmente neste século XXI não se terá uma única fonte de energia 
predominante, como ocorreu no século XIX com o carvão e no século XX com o 
petróleo, embora muito ainda há para ser feito. Deverão coexistir várias fontes de 
energia, principalmente as renováveis e pouco poluidoras, e aquelas de origem 
biológica deverão conhecer uma maior expansão nas próximas décadas. 
 
Oportunidades para o uso dos óleos vegetais e o 
agronegócio 
 
Extraídos da mamona, do babaçu, do dendê, da soja, do algodão, do girassol e 
até mesmo do amendoim, os óleos vegetais constituem uma importante opção 
estratégica para a redução das importações de petróleo e óleo diesel do país. 
Com o efeito, suas características se prestam bem á utilização em motores do 
ciclo diesel, principalmente após sua transformação por craqueamento ou 
transesterificação. 
Hoje esta alternativa recebe suas primeiras sinalizações de viabilidade 
econômica, o que até recentemente tinha outra figura de mérito devido a seus 
custos elevados frente ao preço do petróleo, com uma produção nacional de escala 
reduzida, exigindo até mesmo importações sazonais de óleos vegetais para o 
atendimento de mercados domésticos mais rentáveis (usos industriais e 
alimentares). Porém, trata-se de uma opção de interesse estratégico, pois o óleo 
diesel, único derivado de petróleo sem substituto nacional adequado, é também 
omais consumido no país, constituindo-se no ponto de estrangulamento da 
estrutura de refino, além de ser importado diretamente do exterior. 
 
Agronegócio 
47 
 
No Brasil, em que pese à falta de investimentos em maior escala nas últimas 
décadas, a tecnologia do processo dos óleos vegetais ainda não está totalmente 
desenvolvida, mas as potencialidades são enormes, e algumas instituições como o 
CETEC - Centro Tecnológico de Minas Gerais, já efetuou com sucesso ensaios de 
emprego de óleos vegetais em motores (em mistura de até 30% com o óleo diesel, 
ou após transformação via craqueamento ou transesterificação, que é o processo 
para a transformação do óleo vegetal em biodiesel), como também a Embrapa - 
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, comprovando a viabilidade 
tecnológica de seu uso para fins energéticos. 
No biodiesel, a molécula de óleo vegetal é formada por três ésteres ligados a 
uma molécula de glicerina, o que faz dele um triglicídio. A transesterificação nada 
mais é do que a separação da glicerina do óleo vegetal. Cerca de 20% de uma 
molécula de óleo vegetal é formada por glicerina. A glicerina torna o óleo mais 
denso e viscoso. Durante o processo de transesterificação, a glicerina é removida 
do óleo vegetal, deixando o óleo mais fino e reduzindo a viscosidade. 
Para se produzir o biodiesel, os ésteres no óleo vegetal são separados da 
glicerina. Os ésteres são a base do biodiesel. Durante o processo, a glicerina é 
substituída pelo álcool, proveniente do etanol ou metanol. O etanol é menos 
agressivo que o metanol. 
Para se realizar a quebra da molécula, há necessidade de um catalisador, que 
pode ser o hidróxido de sódio ou hidróxido de potássio. Com a quebra, a glicerina 
se une a soda caustica (hidróxido de sódio) e decanta (por ser mais pesada que o 
biodiesel). O éster se liga ao álcool, formando o biodiesel. 
A reação do biodiesel ocorre entre um ácido (óleo vegetal) e duas bases 
(etanol e catalisador). A quantidade de catalisador usada no processo de fabricação 
do biodiesel irá depender do pH do óleo vegetal. O sucesso da reação depende da 
capacidade de medir o pH, ou mesmo, da acidez do óleo vegetal. Neste ponto 
reside as principais diferenças de parâmetros decorrentes da opção dos diferentes 
produtos disponíveis para o processo. 
 
 
Agronegócio 
48 
 
Potencialidades da cultura do dendê 
 
O dendê encontra significativa projeção frente às principais oleaginosas do 
mundo. Quando se fala em dendê, a primeira lembrança que nos vem é da cozinha 
baiana. Entretanto, o óleo de dendê é muito mais que isto, é a riqueza de algumas 
nações, como a Malásia e a Indonésia. 
O dendezeiro (Elaeis guineensis) é uma palmeira de origem africana, que 
apresenta melhor desenvolvimento em regiões tropicais, com clima quente e 
úmido, precipitação elevada e bem distribuída ao longo do ano. O fruto do dendê 
produz dois tipos de óleo: óleo de dendê ou de palma (palm oil,como é conhecido 
no mercado internacional), extraído da parte externa do fruto, o mesocarpo e o 
óleo de palmiste (palm kernel oil), extraído da semente, similar ao óleo de coco e de 
babaçu. 
O dendezeiro consta dos relatos dos primeiros navegadores, como parte 
integrante da paisagem e da cultura popular da África, desde o século XV. O uso do 
óleo de dendê data do tempo dos egípcios. O dendê foi introduzido no continente 
americano pelo comércio de escravos, tendo chegado ao Brasil no século XVII, na 
Bahia. 
Os primeiros plantios industriais de dendê datam do início do século passado. 
A África contava, em 1939, com apenas 14.000 hectares de plantações comerciais, 
enquanto que, desde 1935, os países do sudeste asiático (Malásia e Indonésia) já 
eram os primeiros exportadores mundiais de óleo de palma. No Brasil, as primeiras 
plantações industriais de dendê são do início dos anos 60, na Bahia, e logo após, no 
Pará e Amazônia. A expansão mundial da cultura do dendê foi apoiada por 
importante esforço de pesquisa agronômica, com um grande progresso sobre o 
aumento da produtividade. O aumento da produtividade do dendezeiro foi de 
315% entre 1951 e 1991, tomando por base as produções obtidas nas primeiras 
plantações (com variedades do tipo Dura). Esse aumento de produção vem tanto 
da melhor eficiência no uso de fertilizantes, quanto do espetacular progresso do 
potencial genético das sementes do dendezeiro, atualmente produzidas. Entre as 
oleaginosas cultivadas, o dendezeiro é a planta que apresenta a maior 
produtividade de óleo por área cultivada, produzindo, em média, 10 vezes mais 
óleo do que a soja. Em condições ecológicas mais favoráveis, chega a produzir 8 
toneladas de óleo por hectare no ano. 
Agronegócio 
49 
 
Sendo uma planta perene e de grande porte, o dendê, quando adulto, oferece 
perfeito recobrimento do solo, podendo ser considerado um sistema de aceitável 
estabilidade ecológica e de baixos impactos negativos ao ambiente. A produção da 
planta inicia 3 anos após o plantio e sua produção é distribuída ao longo do ano, 
por mais de 25 anos consecutivos, sendo considerada como excelente atividade 
para a geração de emprego permanente e de boa qualidade. 
O óleo de palma ou dendê ocupa hoje o 2° lugar em produção mundial de óleos e 
ácidos graxos, devendo ultrapassar a soja já nos próximos anos. Graças ao seu 
baixo custo de produção, boa qualidade e ampla utilização, o óleo de palma é um 
dos mais requeridos como matéria-prima para diferentes segmentos nas indústrias 
de óleo químico, farmacêuticas, de sabões e cosméticos. Seu uso principal é na 
alimentação humana, responsável pela absorção de 80% da produção mundial, na 
fabricação de margarinas, gorduras sólidas, óleo de cozinha, maionese, panificação, 
leite e chocolate artificiais e tantos outros produtos da indústria alimentícia e para 
fritura industrial. Entretanto, é o dendê que se destaca entre as opções de 
oleaginosas disponíveis no País, com enorme potencial para a indústria do 
biodiesel, o diesel biodegradável. 
 
 Tópicos relevantes para proposta de um programa 
estratégico 
 
Um programa sustentável economicamente deve considerar os aspectos do 
uso de tecnologia para reduzir custos, envolvendo desde a matéria prima até os 
processos de produção. A matéria prima é a responsável por 60% dos custos do 
processo. Assim, um plano estratégico para o segmento deve considerar aspectos 
como: 
 
 Melhoramento de oleaginosas (dendê), visando especificamente o óleo; 
 Melhorar a seleção de variedades; 
 Desenvolvimento do Processo de colheita, inclusive a mecanizada; 
 Desenvolvimento do processo de cultivo e extração; 
 Estabelecimento de um plano de negócios para os territórios rurais, 
regiões e País; 
Agronegócio 
50 
 
 Estabelecimento de um programa específico de transferência de tecnologia 
 Com foco nos territórios rurais e propriedades de economia familiar; 
 Estabelecimento de um programa de formação de recursos humanos e 
 Organização de equipes multi institucionais para a elaboração de um projeto 
 Estruturante para o País; 
 Análise de novos processos de transesterificação com vistas à redução nos 
 Subprodutos e custos de separação; 
 Apoio ao desenvolvimento da química do glicerol e uso dos sub-produtos; 
 Apoio ao desenvolvimento de processos baseados na conversão 
 Catalítica sem produção de subprodutos, principalmente para uso na escala 
 Da agricultura familiar; 
 Apoio ao desenvolvimento de rota etílica para maiores reduções do Dióxido 
de 
 Carbono, o que contribui no processo de redução do efeito estufa no planeta; 
 Organização de uma rede de novas empresas para a produção do biodiesel; 
 Adequar o biodiesel de dendê para uso comercial; 
 Fomentar políticas públicas para homologar o biodiesel de dendê no Brasil. 
 
Até que ponto você como administrador investiria no Biodiesel? O 
projeto é sustentável e viável? 
Agronegócio 
51 
 
Leitura Complementar: 
PORTER, Michael E. Competição- Estratégias Competitivas Essenciais. Rio de 
Janeiro: Ed. Campus, 1999. 
Desenvolvimento de processo para conversão catalítica de óleo vegetal 
em óleo diesel vegetal, José Roberto Rodrigues Peres, Embrapa e Universidade de 
Brasília, Relatório Interno e Catalogo, , 2002. 
É HORA DE SE AVALIAR! 
Lembre-se de realizar as atividades desta unidade de estudo, presentes no 
caderno de exercício! Elas irão ajudá-lo a fixar o conteúdo, além de proporcionar 
sua autonomia no processo de ensino-aprendizagem. Caso prefira, redija as 
respostas no caderno e depois às envie através do nosso ambiente virtual de 
aprendizagem (AVA). Interaja conosco! 
Agronegócio 
52 
 
Exercícios – Unidade 3 
 
1 - Qual a potencialidade da cultura do dendê? 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 - Qual a importância da utilização de energia alternativa? 
 
 
 
 
 
 
 
3 - Quais os benefícios ambientais do Biodiesel? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Agronegócio 
53 
4 Complexo Agroindustrial 
Agronegócio 
54 
 
O conceito de complexo agroindustrial seja mais bem compreendido, convém 
oferecer alguns dados que expressam, entre outros, principalmente a evolução da 
produção e dos investimentos do complexo, em uma economia desenvolvida. A 
qualificação do complexo tem como único objetivo aprofundar a teoria sobre o 
mesmo, explicitando alguns aspectos estruturais que orientem a reflexão. Não 
mostra preocupação direta com a situação atual da economia, mas procura 
selecionar alguns dados quantitativos, úteis para a compreensão de conceito 
“complexo agroindustrial” e de seu significado dentro do setor rural e da 
economia. Recomenda-se a busca de dados sobre o complexo para uma análise 
somente intersetorial, baseado na matriz insumo-produto que detalha todas as 
compras e vendas do setor. 
 A revisão teórica do fenômeno agroindustrial não acompanhou a realidade 
em toda sua complexidade. O termo “agricultura” era aplicado indistintamente a 
uma agricultura de subsistência e a uma agricultura no contexto da economia 
desenvolvida, sem que a confusão de conceitos criasse problema especial para a 
teoria econômica. Foram profissionais da área administrativa que alertaram sobre a 
confusão de conceitos existentes, ao ser utilizado o termo “agricultura” e criaram o 
termo “agribusiness”, que é o mesmo conceito de agricultura em uma economia de 
subsistência aplicado a uma economia desenvolvida. “agribusiness” é, portanto, 
uma única “Unidade Ativa”, que expressa todo conjunto de operações de um 
agricultor de subsistência que hoje são realizados por diversos setores 
especializados. 
Segundo Araújo, Wedekin, Pinazza (1990), a propriedade agrícola mudou sua 
atividade de subsistência para uma operação comercial, em que os agricultores 
consomem ,cada vez menos, o que produzem. O moderno agricultor é um 
especialista, confinado às operações de cultivo e criação. Por outro lado, as funçõesde armazenar, processar e distribuir alimento e fibra vão se transferindo, em larga 
escala, para organizações além da fazenda. 
Essas organizações transformaram-se em operações altamente especializadas. 
Criou-se um novo arranjo de funções fora, e a montante, da fazenda: a produção de 
insumos agrícolas e fatores de produção, incluindo máquinas e implementos, 
tratores, combustíveis, fertilizantes, suplementos para ração, vacinas e 
Agronegócio 
55 
medicamentos, sementes melhoradas, inseticidas, herbicidas, fungicidas e muitos 
itens mais, além de serviços bancários, técnicos de pesquisa e informação. 
A jusante da fazenda formou-se complexas estruturas e armazenamento, 
transporte, processamento, industrialização e distribuição ainda mais formidáveis. 
Atualmente os complexos agroindustriais brasileiros desempenham uma 
significativa importância na economia do país, referindo-se a todas as instituições 
que desenvolvem atividades, no processo de produção, elaboração e distribuição 
dos produtos da agricultura e pecuária, 
Envolvendo desde a produção e fornecimento de recursos, até que o produto 
final chegue às mãos dos consumidores. Entre as instituições que constituem o CAI, 
incluem-se, além daquelas diretamente envolvidas no processo, aquelas de apoio 
indireto à realização das atividades na tomada de decisões, como o governo e suas 
políticas e o sistema financeiro e de crédito. 
Müller (1982) afirma que em face da massa de necessidades e interesses de 
corte industrial que perpassa todos os setores do complexo agroindustrial, pode-se 
asseverar que a industrialização dos mesmos é a tendência predominante. Esta 
evidencia que as características dessa industrialização regularão a expansão ou o 
bloqueio dos setores industriais e agrícolas. Szmrecsányi (1983) sugere um 
esquema de análise do setor agropecuário que permite melhor captar suas 
transformações estruturais e qualitativas. Nas palavras desse autor; o setor deixa de 
constituir um compartimento semiautônomo e fechado, para tornar-se um sistema 
aberto e integrado aos setores que lhes são complementares no contexto da 
encomia como um todo. 
 
Objetivos da Unidade 
Esta unidade se situa no âmbito dos estudos de estruturas econômicas 
baseados na ótica dos Complexos Agroindustriais (CAI’s). A definição de complexo 
agroindustrial pode ser feita considerando-o como “conjunto de todas as 
operações que englobam a produção e distribuição dos insumos rurais, as 
operações em nível de exploração rural; e o armazenamento, processamento e 
distribuição dos produtos agrícolas e de seus subprodutos”. 
 
Agronegócio 
56 
O objetivo desta unidade é contribuir na linha teórica, mostrando uma visão 
de conjunto, baseada em uma análise do desempenho da agricultura nas últimas 
décadas, tendo em vista, especialmente, uma avaliação do impacto da formação 
dos CAI’s. Procurou-se ao longo do texto trabalhar as análises mais atualizadas do 
processo de “caificação” da economia agrícola, fazendo um paralelo entre a sua 
ocorrência e o desempenho da agricultura no período analisado. 
 
Plano da Unidade 
 Complexo Agroindustrial ( Definição e seus setores). 
 Complexo agroindustrial no Brasil. 
 O setor de insumos e bens de produção para a agricultura. 
 Distribuição. 
 Cadeia de Produção. 
 Sistema agroindustrial. 
 Conclusões e Perspectivas. 
 
 
Bons estudos! 
 
Conceito de Serviços Conceito de Serviços 
Agronegócio 
57 
 
Setores do Complexo Agroindustrial 
 
Desse modo, o complexo agroindustrial é formado pelos seguintes setores 
(figura 1): 
 produção agropecuária: engloba os vários tipos de cultivo e 
criações. ¾ instituições: envolve os vários serviços prestados ao setor 
agropecuário (crédito, assistência técnica, extensão, pesquisa etc.). 
 indústria de insumos: abrange os ramos industriais e comerciais 
que se orientam para o atendimento das necessidades produtivas 
agropecuárias (corretivos, fertilizantes, defensivos, implementos, 
equipamentos etc.). 
 comercialização: diz respeito aos serviços de estocagem e 
comercialização dos produtos agropecuários (cooperativas, 
atacadistas, varejistas, redes de comercialização etc.). 
 indústria de processamento: inclui os ramos industriais com 
produção predominantemente baseada em matérias-primas de 
origem agropecuária. 
 
 
Figura 1: Esquema do Complexo Agroindustrial 
Fonte: SZMRECSÁNYI, 1983. 
 
Agronegócio 
58 
 
Cabe ressaltar que as articulações mostradas no esquema não se aplicam 
igualmente para os vários produtos agropecuários. No caso do feijão no Brasil, por 
exemplo, o produto não sofre nenhum processamento industrial, sendo 
encaminhado diretamente para os canais de comercialização. Por outro lado, é 
bom lembrar que a inserção de um particular produto dentro do complexo 
agroindustrial pode se alterar com o decorrer do tempo. 
Utilizando-se o mesmo produto como exemplo e ainda para o caso brasileiro, 
se o consumidor se habituar (ou for habituado) em algum momento a fazer uso de 
feijão enlatado, a inserção desse produto no complexo agroindustrial será outra. 
Ainda mais, um produto como tomate, que atualmente apresenta dois caminhos 
dentro do esquema, conforme seja processado ou não, talvez, no futuro, seja 
consumido fundamentalmente como produto transformado, deslocando a 
produção do tomate de mesa. Ao centrar-se à análise na relação entre a agricultura 
e a indústria de transformação ou agroindústria, nota-se que as formas de 
relacionamento podem adquirir diferentes conotações, conforme o produto 
considerado e o tipo de produtor agrícola envolvido. Guimarães (1979) enfatiza 
que os setores a jusante da agricultura impõe, à sua maneira, as quantidades e 
tipos de produtos mais conformes às exigências de transformação industrial. 
Sorj (1980) caracteriza essa necessidade da agroindústria de garantir o seu 
processo produtivo, quando afirma que a indústria de processamento apoia a 
modernização da agricultura pela necessidade de assegurar uma oferta estável e 
crescente de produtos com qualidade homogênea. Aponta dois fatores básicos 
para o funcionamento do processo produtivo na agroindústria: regularidade e 
qualidade adequada da matéria-prima de origem agropecuária. Contudo, não 
qualifica as condições em que se dá ou não a modernização. Não é a partir do 
simples apoio ou imposição que se pode inferir uma casualidade linear entre a 
existência de relação com indústria de processamento e a modernização 
tecnológica do produtor agropecuário. 
 
Agronegócio 
59 
 
Complexo agroindustrial no Brasil 
 
Segundo Araújo, Wedekin e Pinazza (1990), nas últimas décadas, houve 
profundas mudanças estruturais na agricultura brasileira. As mais significativas se 
operaram na produção. O chamado “setor de subsistência” perdeu muito em 
grandeza e significado; a agricultura de mercado se expandiu. Integrou-se 
progressivamente com os demais setores da economia. Da indústria passou a 
demandar fertilizantes químicos, máquinas e implementos e os serviços daí 
decorrentes. Também a sua produção orientou-se cada vez mais, ao mercado além 
da fronteira da fazenda. Os produtos da agropecuária passaram a ter uma 
demanda crescente por parte dos demais setores da economia, principalmente da 
agroindústria, antes de atingir o consumidor final. Excluídas algumas regiões ainda 
de extrema pobreza em que se pratica uma agricultura de subsistência, a 
agropecuária brasileira está hoje integrada com os demais setores da economia 
brasileira. Os setores da agropecuária e da agroindústria têm grande importância 
na geração de emprego no país. O emprego do CAI está dividido nas atividades 
“antes da agricultura” (nas indústrias mecânicas, químicas, de transporte, etc.), no 
setor rural e nos setores de processamento e distribuição de produtos 
agropecuários e seus derivados. 
O país ocupa posições importantes no “ranking” mundial de

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