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1. Artrite Gotosa (Gota): Fisiopatologia: A gota é uma forma de artrite que causa episódios súbitos e graves de dor, sensibilidade, rubor, calor e tumefação das articulações. Afeta em geral uma articulação em cada vez, com frequência a articulação maior do dedo grande do pé, quando então se chama podagra. Pode afetar também outras articulações, como as do joelho, tornozelo, pé, mão, punho e cotovelo. A dor e a tumefação da gota são causadas por cristais de ácido úrico depositados na articulação. O ácido úrico é uma substância que se forma normalmente quando o organismo decompõe produtos de excreção denominados purinas. O ácido úrico em geral dissolve-se no sangue e passa para a urina através dos rins. Na pessoa com gota, os níveis de ácido úrico no sangue ficam tão altos que se formam cristais de ácido úrico, que se depositam nas articulações e em outros tecidos, causando inflamação do revestimento da articulação (sinóvia). Sintomatologia: Dor e tumefação articulares súbitas e graves; pele lustrosa avermelhada ou violácea ao redor da articulação; extrema sensibilidade na área da articulação; rigidez persistente. Tratamento: O tratamento consiste principalmente em tomar medicamento(s) e controlar a dieta. A colchicina (Colchis) alivia a dor e a tumefação dos episódios agudos. Utilizam-se também para aliviar a dor e a tumefação do episódio agudo de gota, os antiinflamatórios não-esteróides (AINEs). Em determinados casos, os corticoesteróides podem ser injetados diretamente numa articulação inflamada para aliviar a dor e a tumefação de um episódio agudo de gota como por exemplo a triancinolona (Triancil). O alopurinol reduz a quantidade de ácido úrico no sangue e na urina diminuindo a velocidade com que o organismo produz ácido úrico. O probenecida, a sulfinpirazona e a benzobromarona, para reduzir os níveis de ácido úrico no sangue através do aumento da quantidade de ácido úrico que passa para a urina. Pode ser necessário reduzir as quantidades ingeridas dos seguintes alimentos: Sardinhas, anchovas e frutos do mar; Aves domésticas e carnes; Miúdos (rim, fígado); Legumes (feijão, soja, ervilha). O tratamento fisioterapêutico em indivíduos com gota resume-se a: crioterapia (o gelo é eficaz para diminuir a dor e a inflamação na fase aguda. No entanto, precisam ser realizados mais estudos com o objetivo de verificar os efeitos do mesmo sobre a solubilidade do líquido sinovial e a precipitação de cristais), iontoforese (pode ser aplicada através do uso de corrente galvânica. Repouso é recomendado nas situações em que a dor é muito intensa), Ultra-som (é útil para a facilitação da introdução de medicamentos antiinflamatórios (fonoforese). Já nas fases intercríticas tem o objetivo de facilitar a redução da rigidez articular e a reparação dos tecidos agredidos), TENS (propicia o alívio rápido do quadro álgico), mobilizações passivas (após crises sucessivas as articulações tendem a apresentar alterações de amplitude de movimento articular e de propriocepção, com isto os exercícios passivos servem de auxílio para superar as fases imediatas pós crise e permitir a regressão da dor e da rigidez tecidual e articular) e trações manuais (devem ser utilizadas, pois quanto maior o número de crises pelas quais o indivíduo passa maior o desgaste e a degeneração de estruturas intra-articulares, como as cartilagens e membrana sinovial. Os efeitos terapêuticos de tração ou pompagens, relacionam a melhora da nutrição articular por diminuição da coaptação articular e gradual diminuição da resistência tensil das estruturas conjuntivas periarticulares), além de repouso e prescrição de talas para posicionamento. 2. Artrite Reumatóide: Fisiopatologia: A Artrite Reumatóide (AR) é uma doença crônica, inflamatória, cuja principal característica é a inflamação das articulações (juntas), embora outros órgãos também possam estar comprometidos. A Artrite Reumatóide é uma doença autoimune, ou seja, é uma condição em que o sistema imunológico, que normalmente defende o nosso corpo de infecções (vírus e bactérias), passa a atacar o próprio organismo (no caso, o tecido que envolve as articulações, conhecido como sinóvia). A inflamação persistente das articulações, se não tratada de forma adequada, pode levar à destruição das juntas, o que ocasiona deformidades e limitações para o trabalho e para as atividades da vida diária. Sintomatologia: Articulações edemaciadas, quentes e dolorosas (artrite ou sinovite), geralmente acompanhada de rigidez para movimentá-las. Vermelhidão dificuldade de movimento, dor e cansaço (fadiga). As mãos são acometidas em praticamente todos os pacientes. A evolução é progressiva sem o tratamento adequado, e determinando desvios e deformidades decorrentes do afrouxamento ou da ruptura dos tendões e das erosões articulares. Inflamação dos vasos, olhos, pulmões, coração e sistema nervoso (manifestações extra articulares). Achados tardios da AR que levam à incapacidade física para as atividades do dia a dia: desvio ulnar dos dedos ou “dedos em ventania”: resultado de múltiplos fatores (ex. deslocamento dos tendões extensores dos dedos, subluxações das metacarpofalangeanas); deformidades em “pescoço de cisne”: hiperextensão das interfalangeanas proximais – IFPs - e flexão das distais - IFDs); deformidades em “botoeira”: flexão das IFPs e hiperextensão das IFDs); “mãos em dorso de camelo”: aumento de volume do punho e das articulações metacarpofalangeanas com atrofia intraóssea; joelhos valgos: desvio medial (“joelhos para dentro”); tornozelos valgos: eversão da articulação subtalar; hálux valgo: desvio lateral do hálux (“dedão do pé”); “dedos em martelo”: hiperextensão das metatarsofalangeanas e extensão das IFDs; dedos em “crista de galo”: deslocamento dorsal das falanges proximais com exposição da cabeça dos metatarsianos; pés planos: arco longitudinal achatado. Tratamento: Os medicamentos que controlam a doença são os que regulam essa autoimunidade exagerada, diminuindo a inflamação e suas consequências para as juntas e outros órgãos. São da classe dos imunossupressores que funcionam muito mais como reguladores do sistema imunitário. Outros medicamentos (os analgésicos ou antiinflamatórios), para controle sintomático das dores e inflamação, podem ser utilizados. Um estudo comprovou que as técnicas de cinesioterapia, como alongamento e fortalecimento da musculatura, exercício de expansibilidade pulmonar, exercício de motricidade fina, exercício de transferência de peso, exercícios de equilíbrio e propriocepção e relaxamento em bolas suíças foram benéficos na melhora da dor e da qualidade de vida. 3. Artrite Idiopática juvenil: Fisiopatologia: A Artrite Idiopática Juvenil (AIJ), previamente chamada de artrite reumatoide juvenil ou artrite crônica da infância, refere-se a um grupo de doenças caracterizadas por artrite crônica que ocorrem em crianças e adolescentes até os 16 anos. A causa da artrite idiopática juvenil permanece desconhecida. No entanto, fatores imunológicos, genéticos e infecciosos parecem estar envolvidos, já que estudos recentes mostram certa tendência familiar para a ocorrência da doença; ademais, fatores externos, como certas infecções virais e bacterianas, além de estresse emocional e traumatismos articulares, podem atuar como desencadeantes da doença. A partir daí, uma série de fenômenos imunológicos são desencadeados, com hiperativação de células T e B, além do recrutamento de polimorfonucleares para o sítio inflamatório, liberação de citocinas proinflamatórias como o TNF, hipertrofia sinovial com formação do pannus e consequente dano ósseo decorrente de atividades osteoclástica exacerbada. Sintomatologia: Pode ter início com sintomas e sinais constitucionais (anorexia, fadiga, perda de peso e diminuiçãono crescimento) e artrite (dor, calor, rubor, edema e perda funcional) em uma ou mais articulações – joelhos, tornozelos, punhos, cotovelos e quadril são as articulações mais acometidas; observam-se rigidez matinal e entesites. O rash (erupção cutânea macular fina e rósea) é comum em quadros sistêmicos, é raramente pruriginoso e localiza-se, preferencialmente, no tronco e nas porções proximais dos membros. Tratamento: Os medicamentos utilizados inicialmente são os antiinflamatórios não- hormonais, como o naproxeno e ibuprofeno, úteis no alívio da dor. Um remédio muito útil, mas que deve ser bem indicado é o corticosteróide. Em doses altas são utilizados nos pacientes com o tipo cuja febre ou pericardite não respondem ao anti-inflamatório não-hormonal. Podem ser utilizados também por via endovenosa (metilprednisolona). Quando a inflamação persiste, são empregadas as drogas antirreumáticas modificadoras da doença, ou de base. Os mais utilizados são a sulfassalazina, o metotrexato e a leflunomida. As novas terapias biológicas (infliximabe, etanercepte, adalimumabe, entre outros) são recomendadas para os pacientes com má resposta (ou resposta incompleta) às medicações acima citadas. Um estudo realizado em pacientes com AR submetidos a um treinamento resistido com baixa carga e alta repetição mostrou redução na intensidade da dor nas articulações, melhora da força, da funcionalidade e do tempo total de permanência no teste ergométrico, além de significativa melhora na força, funcionalidade e na qualidade de vida. Templeton et al., estudando os efeitos da terapia aquática na flexibilidade articular e capacidade funcional em pacientes com doenças reumáticas, observaram um decréscimo na percepção de dor e diminuição da dificuldade apresentada na realização das AVDs. Os pacientes que receberam massagem apresentaram diminuição da ansiedade, depressão, nível de cortisol salivar, dor e melhora na realização das atividades quando comparados com o grupo de relaxamento. 4. Artrite Psoríaca: Fisiopatologia: A Artrite Psoríaca é reconhecida como condição articular inflamatória associada à psoríase cutânea e negativa para fator reumatoide; portanto, pode ser distinguida dos outros tipos de artrite essencialmente graças à presença da doença de pele concomitante. Ainda que desconhecida e inexplicável, a etiopatogenia da APs parece sofrer influências de fatores ambientais, infecciosos e imunogenéticos, já que a ocorrência familiar e a presença de determinados antígenos HLA favorecem a manifestação da doença articular. Acredita-se que em um indivíduo geneticamente predisposto, a presença de um fator ambiental possa desencadear as alterações imunológicas que darão origem à doença. De fato, infecções por vírus ou bactérias Grampositivas, como o estreptococo, trauma articular e estresse emocional representam importantes papéis no surgimento tanto de psoríase cutânea quanto da doença articular. Porém, os possíveis mecanismos neuroimunoendócrinos envolvidos nesse processo ainda precisam ser esclarecidos. Do ponto de vista imunológico, são observadas alterações tanto da imunidade humoral quanto da imunidade celular – há relatos de imunocomplexos circulantes, anticorpos contra antígenos da derme e da membrana sinovial, além de infiltrados de subpopulações de linfócitos T ativados na pele e na membrana sinovial dos indivíduos afetados. Indiscutivelmente, a identificação de biomarcadores fornecerá informações relevantes quanto à suscetibilidade e à história natural da doença, podendo servir também como parâmetro para seguimento clínico e resposta ao tratamento empregado. Diferentes evidências sugerem predisposição genética, embora não exista um gene específico para a doença. Histórico familiar de psoríase é observado em 30%–50% dos pacientes. A investigação em gêmeos monozigóticos mostrou que, em 65%–70% dos casos, ambos os gêmeos estavam sujeitos à doença, enquanto apenas 30% em gêmeos dizigóticos, sugerindo também a necessidade de interação com outros fatores. Sintomatologia: Psoríase de pele ou unhas pode preceder ou seguir um envolvimento articular. Além disso, as lesões da pele podem estar ocultas no couro cabeludo, nas pregas glúteas ou no umbigo, e não serem percebidas pelo paciente. É comum o envolvimento assimétrico das grandes e pequenas articulações, incluindo a sacroilíaca e a coluna. Os sintomas articulares e cutâneos podem melhorar ou piorar simultaneamente. A inflamação dos dedos das mãos e/ou dos pés pode causar deformidades em forma de salsicha, que não estão presentes em pacientes com AR. Os nódulos reumatoides estão ausentes. Pode haver artrite mutilante (destruição de múltiplas articulações das mãos com afilamento dos dedos). Pode haver dor lombar. Costuma ser acompanhada de sindesmófitos assimétricos da coluna vertebral. Tratamento: Medidas físicas aliadas à reabilitação, fisioterapia e terapia ocupacional são coadjuvantes essenciais e, quando necessário, cirurgias corretivas devem ser recomendadas. Manutenção de programa de atividade física, orientação postural, exercícios de alongamento e fortalecimento muscular com a prática de exercícios isométricos devem ser estimulados e iniciados de forma gradativa, à medida que a inflamação é controlada com a terapêutica medicamentosa utilizada. Os pacientes apresentam alívio dos sintomas com uso dos diferentes grupos de anti-inflamatórios não esteroideos (AINEs). O uso sistêmico de corticosteroides melhora a psoríase cutânea, mas sua retirada desencadeia recidivas na forma de “efeito rebote”, produzindo recrudescimento do quadro cutâneo ou transformação para a forma pustulosa generalizada. Esteroides tópicos para tratamento das manifestações cutâneas estão sujeitos a absorção sistêmica, produzindo efeitos desejáveis e indesejáveis. Drogas remissivas de ação lenta (DARALs) são indicadas nos pacientes que não apresentam resposta rápida nem satisfatória aos AINEs, ou na vigência de progressão radiológica ou funcional. Para o controle da artrite periférica moderada a grave recomenda-se o uso de leflunomida ou sulfassalazina, conforme estudos com nível A de evidência. O metotrexato (MTX) em doses semanais adequadas permanece boa opção terapêutica tanto para o controle da doença cutânea como articular periférica. Ciclosporina, azatioprina, colchicina e micofenolato de mofetil representam outras possibilidades alternativas. Terapia física e reabilitação motora são importantes e devem ser estimuladas a cada etapa do tratamento. A abordagem cirúrgica permanece indicada para pacientes com sequelas e deformidades decorrentes do controle inadequado da APs. Por conseguinte, artroplastias e outras intervenções ortopédicas podem ser necessárias. Os cuidados pós- operatórios devem visar à rápida mobilização articular, visto que a APs é uma artropatia formadora de osso, e a fusão óssea em áreas submetidas a trauma pode ocorrer rapidamente.
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