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NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS: AVANÇO OU RETROCESSO? Prof.: Denise Matias NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS: AVANÇO OU RETROCESSO? Comumente as pessoas substituem deficiência por necessidades educacionais especiais. Todas as pessoas com deficiência apresentam necessidades especiais, isso não quer dizer que toda pessoa com necessidade especial é deficiente, ou seja, deficiência não é sinônimo de necessidade especial. Por outro lado, a expressão necessidades educativa especiais se popularizou após ser utilizada na Declaração de Salamanca que teve como como um de seus objetivos atenuar as terminologias negativas e os rótulos dados às pessoas com deficiência: deficientes, anormais, retardados, idiotas, excepcionais, incapazes entre outros. Contudo, ela acabou por incorporar outro grupo de alunos, aqueles que apresentavam dificuldades de aprendizagem, sem necessariamente apresentar algum tipo de deficiência. Um dos grandes problemas do Brasil refere-se a desigualdade social, a pobreza e as condições da escola em atender a toda essa demanda de forma a atingir a equidade. Não se atende na escola apenas a criança ou um jovem menos favorecido. A escola recebe junto com ele suas diferenças culturais, econômicas, étnicas, preconceitos e discriminações. Há de se refletir que quanto mais for homogênea e tradicional a proposta pedagógica da escola, mais se intensificam as dificuldades de aprendizagem, os processos de adaptação ou o surgimento fantasioso de necessidades especiais. Faz-se necessário pensar uma escola diferente, sem padrões, sem igualdades, mas que se paute nas diferenças. Uma escola que busque extrapolar as desigualdades sociais dentro de seus muros, que fortaleça os laços de afetividade. Uma ação que supere os possíveis e os problemas de aprendizagem, estruturando-se, organizando-se em torno de propostas que ofertem recursos adequados a cada caso: a escola da subjetividade e da singularidade. O conceito de necessidades educacionais especiais, que até os dias de hoje ainda é utilizado equivocadamente para substituir a deficiência. Ainda temos o problema de que a deficiência é do aluno e está “localizada apenas nele”. A deficiência é também da escola, do professor, dos recursos, e da sociedade. As crianças que fracassavam na escola devido a vários fatores, sociais, familiares, culturais e econômicos, e que ao longo do processo educativo necessitavam de um recurso especializado, apoio adicional, de uma adaptação curricular ou de materiais didáticos específicos que potencializassem ou estimulassem sua aprendizagem eram consideradas deficientes . Essa visão desloca “a ênfase do ‘aluno com defeito’ para buscar na escola uma resposta educativa diferenciada, pautada na singularidade de cada um. Uma resposta em que as adequações curriculares sejam pensadas, o currículo reformulado, nas intervenções com foco em cada dificuldade, considerando todo o histórico do aluno. Ao repensarmos esse conceito ou terminologia, percebemos um novo aspecto no âmbito da positividade: deixar de focar apenas na dificuldade e ampliar o olhar para os recursos e serviços educacionais necessários capaz de atender às dificuldades de aprendizagem. Pode-se perceber que a inclusão não se faz apenas por meio das leis, mas, pela mudança dos espaços, da proposta pedagógica e das pessoas no acolhimento da deficiência e da diferença, buscando sempre ações em que a equidade prevaleça.
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