Buscar

CP2

Prévia do material em texto

Apostila de Ciência Política – Profa. Solange Varella 
 
Conceito de Estado 
 
 O Estado é um organismo criado e mantido 
pelas sociedades complexas, que visa através do 
poder político, do direito e do poder de polícia, 
resolver os conflitos internos e externos, 
procurando obter a paz social. (Fábio Paino). 
 O Estado é a ordem jurídica soberana que tem 
por fim o bem comum de um povo situado em 
determinado território (Dalmo Dallari) 
 
A questão da finalidade do Estado: 
A maioria dos estudiosos que discutem o 
problema da principal finalidade do estado se 
agrupam em dois blocos. Os que acreditam que 
a finalidade do Estado deve ser à busca do bem 
comum (Dalmo Dallari), que é tudo aquilo que a 
sociedade produz e por ela é utilizado ou 
usufruído, materialmente (como universidade, 
os hospitais, as praças) ou espiritualmente 
(como caridade, o auxílio) (Dalmo Dallari), e 
aqueles que sustentam que a finalidade do 
Estado deve ser a obtenção da paz social, que 
é a ordem, a segurança, é tudo aquilo que faz 
com que a sociedade possa produzir o bem 
comum. Para esta corrente, se não houver paz 
social não pode haver o bem comum. A paz 
social deve anteceder ao bem comum. 
 
 
Elementos Constitutivos do Estado 
 
Povo: é o conjunto de cidadão do Estado, de 
todos aqueles que podem participar da vida 
política do Estado. Não se deve confundir povo 
com população, já que população é o conjunto 
das pessoas que vivem no território do estado, 
mesmo que nele se achem temporariamente, é 
o conjunto dos habitantes do Estado. 
 
Território: o elemento material, espacial do 
Estado. 
 
Características do Território 
- Não existe Estado sem território 
- O território estabelece o limite da ação 
soberana do estado. 
- O território é objeto de direitos do Estado 
- O território é impenetrável 
 
Limites do território com relação ao solo, 
subsolo, mar e ar. 
 
Solo: se estabelece através de fronteiras. Estas 
podem ser de suas formas: 
Fronteiras naturais: estabelecidas por 
acidentes geográficos (rios, montanhas, vales). 
Fronteiras artificiais: estabelecidas através de 
tratados 
 As fronteiras naturais geralmente são 
irregulares, enquanto as fronteiras artificiais são 
em geral em linha reta. 
 
Subsolo: em geral, se admite a regra de que o 
que está no subsolo do território do Estado 
pertence ao mesmo. Entretanto, pode não 
pertencer necessariamente ao Estado, mas ao 
proprietário daquele solo. 
 
Mar: devido às imensas possibilidades de 
utilização econômica do mar, vários Estados 
celebraram tratados. Até o século XX delimitar 
o território marítimo era um problema de ordem 
de segurança do Estado que determinava a 
extensão do mar territorial, o critério utilizado do 
século XVII ao XX era o alcance do tiro de 
canhão (O poder da terra termina onde termina 
a força das armas). 
 
Espaço Aéreo: estabelece limites do território 
na coluna de ar acima do mesmo. No entanto, 
foram celebrados tratados para permitir a 
aviação civil internacional. Com o grande 
desenvolvimento das conquistas espaciais, a 
ONU, em 1963, aprovou declaração de 
princípios jurídicos aplicáveis às atividades dos 
Estados na exploração e uso do espaço 
exterior, pelo qual ficou estabelecido que 
nenhum Estado poderá se apossar, no todo ou 
em parte, do espaço exterior, da lua, de 
qualquer planeta ou satélite. 
 
 
Soberania 
 
 O conceito de soberania teoricamente 
definido a partir do século XVI. O conceito de 
soberania é uma das bases da idéia de estado 
Moderno, sendo um dos elementos 
fundamentais do Estado. 
 Na concepção de Ortega y Gasset, a 
soberania é a origem de todo o poder, de todo 
Estado, e nele de toda a lei. É o fundamento 
de todo poder. 
 Segundo Miguel Reale, a soberania é o 
poder de organizar-se juridicamente e de fazer 
valer dentro de seu território a universalidade 
de suas decisões nos limites dos fins éticos de 
convivência. 
 A soberania é o poder de decidir, é aquele 
que efetivamente dá as ordens. É o poder que 
não pode ser contestado. É o mais alto poder 
do Estado, porém depende de condições. 
 
Características da Soberania: 
- Una porque não se admite no mesmo Estado 
a convivência de duas soberanias 
- Indivisível porque é inadmissível a existência 
de várias partes separadas da mesma 
soberania. Não se deve confundir com a teoria 
da divisão de poderes, que nada mais é do 
que distribuição de funções. 
-Inalienável porque o Estado que detém 
soberania desaparece se ficar sem ela. 
- Imprescritível porque soberania jamais seria 
o poder mais alto se tivesse prazo certo de 
duração. 
 
 
Estado Unitário e Estado Federal 
 
Sob o ponto de vista do direito público interno, 
mais precisamente do Direito Constitucional, 
os Estados dividem-se em unitários e federais. 
 
Estado Unitário – é aquele que apresenta uma 
organização política singular, com um governo 
único de plena jurisdição nacional, sem divisões 
internas que não sejam simplesmente de ordem 
administrativa. O Estado unitário é do tipo normal, 
o Estado padrão. A França é um Estado unitário, 
assim como Portugal, Bélgica, Holanda, Uruguai, 
Panamá, Peru são Estados unitários. Embora 
descentralizados em municípios, distritos ou 
departamentos, tais divisões são de direito 
administrativo. Não tem esses organismos 
menores uma autonomia política. 
 
Estado Federal – é aquele que se divide em 
províncias politicamente autônomas, possuindo 
duas fontes paralelas de direito público, uma 
nacional e outra provincial. Brasil, EUA, México, 
Argentina, Venezuela são Estados federais. O que 
caracteriza o Estado federal é justamente o fato de, 
sobre o mesmo território e sobre as mesmas 
pessoas, se exercer, harmônica e 
simultaneamente, a ação pública de dois governos 
distintos: o federal e o estadual. O Estado federal é 
um Estado formado pela união de vários Estados. 
 
Características do Estado Federal 
a) A união faz nascer um novo Estado e, 
concomitantemente, aqueles Estados que 
aderiram à Federação perdem a condição de 
Estado. 
- O Brasil não possui esta característica, pois 
provém de capitanias e províncias, não tendo 
sido originado por nenhuma união. No caso dos 
EUA, em 1776, existiam 13 colônias que se 
tornaram independentes. Sua união fez nascer 
um novo Estado: os EUA 
 
b) A base jurídica do Estado Federal é uma 
constituição e não um tratado. 
- O Brasil tem essa característica, pois sua base 
jurídica é a Constituição. 
c) Na Federação não existe o direito de secessão 
(separação) 
- Quando um Estado entra para a Federação já 
não pode separar-se. 
d) Só no Estado Federal há soberania; as 
Unidades Federadas não a possuem. 
e) No Estado Federal as atribuições da União e 
as atribuições das Unidades Federadas são 
fixadas na Constituição por meio de uma 
distribuição de competências. 
- No Brasil, teoricamente, esta característica 
aparece. Porém, a distribuição de 
competências é desigual em favor da União, o 
que não ocorre nos EUA, cujas competências 
de Federação são mínimas, sendo todas as 
restantes competências dos Estados 
Federados. 
f) O poder político é compartilhado pela União e 
pelas Unidades Federadas. 
g) Os cidadãos do Estado que aderem à 
Federação adquirem a cidadania do Estado 
Federal e perdem a anterior. 
Desde a independência do Brasil os cidadãos 
eram brasileiros e continuaram a sê-lo na 
República. Nos EUA, diversamente, a partir da 
independência, eles adquirem a cidadania dos 
Estados independentes, e depois a da União, a 
do Estado Federal. 
 
 A forma federativa moderna não se estruturou 
sobre bases teóricas. Ela é produto de uma 
experiência bem sucedida – a experiência norte 
americana. 
 As federações na antiguidade foram instáveis e 
efêmeras. Extinguiram-se antes que pudessem 
comprovar resultados positivos em função dos 
problemas que a inspiraram. Foram experiências 
de descentralização administrativa, não de 
descentralização política, que é característica 
primacial do sistema federativo. Apenas a Suíça 
manteve-se até agora, conservando,em linhas 
gerais, os princípios básicos da antiga 
Confederação Helvética*(atual Suíça), natureza 
federativa. 
A forma federativa consiste essencialmente na 
descentralização política: as unidades elegem 
seus próprios governantes e elaboram as leis 
relativas ao seu peculiar interesse, agindo com 
autonomia predefinida, ou seja, dentro dos limites 
que elas mesmas estipularam no pacto federativo. 
 
Estado Federal nos Estados Unidos da América 
 
 O princípio constitucional sobre o qual se 
fundam os EUA é um pacto entre 50 Estados que 
delegam ao governo federal, competente pelo 
território inteiro, uma quantidade mínima de 
poderes indispensáveis para garantir a unidade 
política e econômica. Todos os poderes restantes 
são reservados aos contraentes do pacto (Estados 
membros). Fundamentalmente, o governo federal 
se ocupa da política externa, defesa, moeda, 
obstáculos de natureza alfandegária e dos rumos 
gerais da política econômica, enquanto aos 
Estados federados ficam as outras competências. 
Em caso de conflito entre um Estado federado e o 
Governo federal, o poder de resolver a controvérsia 
é reservado à Suprema Corte, isto é, a uma 
autoridade neutra, a mesma à qual é confiado 
também o poder de revisão constitucional das leis. 
A estabilidade da federação é assegurada por um 
presidente, que reúne os poderes de chefe de 
estado e chefe de governo. O congresso tem 
somente funções legislativas nas matérias de 
competência do Estado Federal. 
 
 
Formas de qualificar a unidade federada: Estado-
Membro ou Estado Federado (Brasil, EUA, 
México); Laender (Alemanha); Cantões 
(Confederação Helvética); Província (Argentina). 
 
*Origem da palavra federal: A palavra “federal” se 
originou do latim foedus, que significa pacto ou 
aliança. A primeira federação que a história 
conheceu foi a Confederação Helvética, em 1291, 
que contava apenas com quatro cantões. Em 1815 
esta já contava com 25 cantões. Em 1848 foi 
promulgada sua constituição, e em 1979 ganhou 
mais um cantão, totalizando 26 cantões, ou seja, a 
atual Confederação Suíça, é esse o nome utilizado 
hoje, conta com 26 cantões, nome dado a unidade 
federada na Suíça 
 
 
Distinção entre formas de Estado e formas de 
Governo 
 
Governo – são as pessoas que se instalam na 
máquina estatal e a dirigem; é o componente 
humano da direção do Estado. 
 
Formas de Estado – são aquelas que levam em 
consideração o sistema de poder e suas relações 
com a sociedade, a nação, a história, a economia, 
a religião, as ideologias, etc. Quando afirmamos 
que o Estado é medieval, consideramos o Sistema 
de Poder e a História. Já nos Estados teocráticos, 
consideramos o Sistema de poder e a religião, por 
exemplo. 
 
Em ciência política, chama-se forma de 
governo (ou sistema político) o conjunto 
de instituições políticas por meio das quais 
um Estado se organiza a fim de exercer o 
seu poder sobre a sociedade. 
Tais instituições têm por objetivo regular a 
disputa pelo poder político e o seu respectivo 
exercício, inclusive o relacionamento entre 
aqueles que o detêm (a autoridade) com os 
demais membros da sociedade (os 
administrados). 
A forma de governo adotada por 
um Estado não deve ser confundida com a 
forma de Estado (unitária ou federal) nem com 
seu sistema de governo 
(Monarquismo, presidencialismo, parlamentaris
mo, dentre outros). 
• Repúblicas presidencialistas – Brasil, EUA, 
Argentina... 
• Repúblicas semipresidencialistas – Rússia, 
França, Portugal... 
• Repúblicas parlamentaristas – Alemanha, 
Itália, Índia... 
• Estados unipartidários –China.. 
• Monarquias constitucionais parlamentares 
– Espanha, Canadá... 
 
 
Tipos Clássicos das Formas de Governo 
 
 O primeiro pensador que se propôs a estudar 
as formas de governo foi Aristóteles. Este utilizou 
para distinguir as formas de governo basicamente 
os seguintes critérios: 
- o número de governantes 
- a renda dos governantes 
- forma de escolha dos governantes 
 
As formas de governo em Aristóteles, 
resumidamente, são: 
- Monarquia ou governo de um só; 
- Aristocracia ou governo de poucos; 
- Democracia ou governo do povo 
- Politeia ou governo de muitos 
É importante salientar que Aristóteles teria 
encontrado 18 formas de governo. 
 
As formas de governo em Maquiavel são: 
- Monarquia Absoluta ou limitada 
- República – esta se subdivide em aristocrática 
(governo de poucos) e democrática (governo de 
muitos) 
 
As formas de governo em Montesquieu são: 
- Monarquia 
- República 
- Despotismo (governo do déspota, daquele que 
governa para si mesmo, arbitrário, tirano). 
 
Principais Formas de Governo 
 
I – Monarquia 
 
 O vocábulo monarquia vem do Grego mono 
arken e do latim monarchia, que significava a forma 
de governo em que o poder supremo está nas 
mãos de um monarca. 
 
Monarquia Absoluta – é aquela em que todo o 
poder se concentra na pessoa do monarca. Exerce, 
por direito próprio, as funções de legislador, 
administrador e supremo aplicador da justiça. Age 
por seu próprio e exclusivo arbítrio, não tendo que 
prestar contas dos seus atos senão a Deus. 
 
 São limitadas as monarquias onde o poder 
central se reparte admitindo órgãos autônomos de 
função paralela, ou se submete esse poder às 
manifestações da soberania nacional. 
 Destacam-se três tipos de Monarquias 
Limitadas: a) Tradicional ou de Estamentos; b) 
Constitucional; c) Parlamentar. 
 
Monarquia Tradicional: é aquela onde o Rei 
descentraliza certas funções que são delegadas a 
elementos da nobreza reunidos em Cortes, ou 
órgãos semelhantes que funcionam como 
desdobramentos do poder real. É forma típica do 
regime feudal, na Idade Média. 
 
Monarquia Constitucional é aquela em que o Rei 
só exerce o poder executivo, ao lado dos poderes 
legislativo e judiciário, nos termos de uma 
Constituição escrita. 
 
Monarquia Parlamentar: é aquela em que o Rei 
não exerce função no governo – o Rei reina, mas 
não governa, segundo a fórmula dos ingleses. O 
poder executivo é exercido por um Conselho de 
Ministros (Gabinete) responsável perante o 
parlamento. 
Ao Rei se atribui um quarto poder – Poder 
Moderador – com ascendência moral sobre o povo 
e sobre os próprios órgãos governamentais, um 
“símbolo vivo da nação”, porém sem participação 
ativa no funcionamento da máquina estatal. É 
exatamente a forma decorrente da adoção do 
sistema parlamentarista do Estado monárquico. O 
Rei preside a Nação; não propriamente o Governo. 
 
Características da Monarquia: 
a) Vitaliciedade: o monarca governa por tempo 
indeterminado, enquanto tiver condições para 
governar (é vitalício). 
b) Hereditariedade: a escolha do monarca é 
feita pela linha de sucessão hereditária. 
Morrendo este, ou deixando o governo por 
qualquer razão, será substituído pelo herdeiro 
da coroa. 
c) Irresponsabilidade: o rei ou monarca não 
tem responsabilidade política, não responde 
pelos atos do seu governo, já que é uma figura 
sagrada, porém governa através de ministros, 
que respondem perante o parlamento ou povo 
pelos atos do governo. O governo é 
responsável. 
 
II – República 
 
 A origem do vocábulo vem do latim res 
pubblica, que significa coisa pública. 
É uma forma de governo que se diferencia da 
monarquia por diversos aspectos. Um deles é o 
número de governantes, que pode ser o governo 
de poucos (República Aristocrática) ou de muitos 
(República Democrática). República é o governo 
temporário e eletivo 
 
República Aristocrática: é o governo de uma 
classe privilegiada por direitos de nascimento ou de 
conquista. É o governo dos melhores, no exato 
sentido do termo, pois a palavra aristoi não 
corresponde, especificamente, a nobreza, mas a 
escol social, isto é, os melhores da sociedade. 
Atenas foi uma República aristocrática. Pode ser 
direta ou indireta, conforme seja o poder do 
governo exercido diretamente pela classe 
dominante, em assembleias gerais, ou por 
delegados eleitos, em assembleias 
representativas. 
 
República Democrática: é aquela em que todo 
poder emana do povo.Pode ser direta, indireta ou 
semidireta. 
 
Estado Moderno e Democracia 
 
 O Estado Democrático moderno nasceu das 
lutas contra o absolutismo, sobretudo através da 
afirmação dos direitos naturais da pessoa humana. 
É através de três grandes movimentos político-
sociais que se transpõe do plano teórico para o 
prático os princípios que iriam conduzir ao Estado 
Democrático: o primeiro desses movimentos foi o 
que muitos denominam de Revolução Inglesa, 
representou a primeira manifestação de crise do 
sistema da época moderna, identificado com o 
absolutismo. O poder monárquico, severamente 
limitado, cedeu a maior parte de suas prerrogativas 
ao Parlamento e instaurou-se o regime 
parlamentarista que permanece até hoje; o 
segundo foi a Revolução Americana, cujos 
princípios foram expressos na Declaração de 
Independência das treze colônias americanas, em 
1776; e o terceiro foi a Revolução Francesa, que 
teve sobre os demais a virtude de dar 
universalidade aos seus princípios, os quais foram 
expressos na Declaração dos Direitos do Homem 
e do Cidadão, em 1789. 
 Os princípios que passaram a nortear os 
Estados, como exigências da democracia, são: a 
supremacia da vontade popular, que colocou o 
problema da participação popular no governo, a 
preservação da liberdade e a igualdade de direitos. 
 Portanto, o Estado Democrático leva em 
consideração a vontade popular, direta ou 
indiretamente, para decisões políticas. 
 
Tipos de Democracia 
 
Democracia Direta 
 
É aquela em que o povo, entendido como 
conjunto de cidadãos daqueles que podem 
tomar decisões políticas, decide diretamente, 
nas assembléias, os rumos e as diretrizes da 
política. Nas próprias assembléias são 
recrutados os governantes. Como exemplo os 
atenienses. 
 
Democracia Representativa 
 
Por uma série de fatores, dentre eles o aumento 
populacional e a centralização do poder, surge 
a democracia representativa, que significa o 
Governo do Povo, exercido através de 
representantes. Nas eleições, o povo na 
condição de eleitor elege seus representantes 
que por um “mandato político” devem tomar as 
decisões, no lugar dos eleitores, nas Câmaras 
ou Parlamentos. A Democracia Representativa 
passou a ser adotada nos Estados Modernos 
Europeus e posteriormente nas mais diversas 
nações. 
 
Democracia Semidireta ou mista 
 
É o conjunto dos modelos acima apresentados. São 
institutos da democracia direta que existem nas 
democracias representativas. Consiste em restringir 
o poder da assembléia representativa, reservando-
se ao pronunciamento direto das assembleias dos 
cidadãos os assuntos de maior importância, 
particularmente de ordem constitucional. 
 
O Referendum – Consiste na consulta popular 
para a introdução de uma Emenda 
Constitucional ou de uma Lei Ordinária de 
interesse público relevante. Na prática consiste 
em se dizer sim ou não a uma norma vigente ou 
a uma que venha a ser proposta ao eleitor. 
 
O Plebiscito – Consiste numa consulta prévia 
à opinião pública e conforme o resultado é que 
se adotam medidas legislativas. Na prática 
consiste na escolha entre algumas opções, 
como, por exemplo, escolher entre Monarquia e 
República, Parlamentarismo ou 
Presidencialismo. 
 
A Iniciativa Popular – Confere a um certo 
número de eleitores, através da coleta de 
assinaturas, o direito de propor um projeto de lei 
ou uma emenda constitucional. 
 
O Veto Popular – Seria o contrário da iniciativa 
popular. Pelo veto dá-se aos eleitores, após a 
aprovação de um projeto de lei e, antes de sua 
entrada em vigor, um prazo para o leitor 
manifestar –se pela sua aprovação ou não. No 
caso negativo, a lei não entraria em vigor e no 
caso positivo, ela seria referendada. 
 
Sistemas de Governo 
 
Em ciência política, o sistema de governo é a 
maneira pela qual o poder político é dividido e 
exercido no âmbito de um Estado. O sistema 
de governo varia de acordo com o grau 
de separação dos poderes, indo desde a 
separação estrita entre os 
poderes legislativo e executivo (presidencialis
mo), de que é exemplo o sistema de governo 
dos Estados Unidos, até a dependência 
completa do governo junto ao legislativo 
(parlamentarismo), caso do sistema de 
governo do Reino Unido. 
O sistema de governo adotado por um Estado 
não deve ser confundido com a sua forma de 
Estado (Estado unitário ou federal) ou com a 
sua forma de 
governo (monarquia, república etc.). 
 
1) Sistema parlamentarista de governo ou do 
tipo inglês 
 
 É o sistema em que o poder Executivo, além 
do Legislativo, está com o Parlamento. Este 
governa através do Primeiro-Ministro e nomeia 
o Presidente, nas repúblicas. É conhecido como 
sistema do Tipo Inglês porque foi criado na 
Inglaterra com as Câmaras dos Lords e dos 
Comuns. O surgimento dessas câmaras e sua 
consolidação como órgão de poder foi um 
processo lento que começa com reuniões entre 
nobres ingleses e no ano de 1295 o rei Eduardo 
I oficializa essas reuniões, criando o 
parlamento. Houve depois a distinção entre 
nobres e comuns e estes formaram sua própria 
assembleia, chamada Câmara dos Comuns e 
os primeiros a sua chamada Câmara dos Lords. 
 Principais características: 
a) Distinção entre chefe de Estado e chefe 
de governo, sendo que o presidente, no 
caso da república, e o rei, no caso da 
monarquia, são chefes de Estado, e o 
primeiro-ministro é o chefe de governo. 
b) O governo é exercido pelo primeiro-
ministro e outros ministros, recebendo o 
nome de gabinete. 
c) O governo não tem prazo determinado 
de duração, havendo apenas um limite 
máximo, que é estabelecido pelos mandatos 
dos parlamentares. 
d) O primeiro-ministro governa com a 
maioria parlamentar e, em caso de perda da 
maioria, cai o governo. 
e) Presença do chamado voto de 
desconfiança. Dependendo da Constituição 
pode haver a dissolução do parlamento e a 
marcação de novas eleições. 
 
Exemplos de sistema parlamentarista: 
Inglaterra, Itália, Espanha, Portugal, Alemanha 
(o nome dado ao chefe do governo é Chanceler 
e não 1º ministro), Holanda, Japão. 
 
2) Sistema presidencialista de governo 
 
 Tem origem americana e seu principal 
teórico foi Thomas Jefferson. A base doutrinária 
do presidencialismo é a teoria política de 
Montesquieu, abstraída de sua noção de 
constituição inglesa e a doutrina de separação 
dos poderes. Foi idealizado na convenção de 
Filadélfia, sendo o resultado da aplicação das 
ideias democráticas baseadas na liberdade, 
igualdade e na soberania popular. 
 
Principais características: 
a) O chefe de Estado é também o chefe de 
governo, que é o presidente da república; a 
chefia do executivo é unipessoal. 
b) O presidente é escolhido pelo voto, direta ou 
indiretamente. 
c) É escolhido por prazo determinado. 
d) O presidente tem poder de veto sobre as 
normas elaboradas pelo parlamento. 
e) Pode ser afastado do cargo antes do final do 
mandato, no caso de crimes de 
responsabilidade, através do processo de 
impeachment. 
 
Exemplos: os EUA e toda a América Latina, 
com exceção do Suriname e Canadá. 
 
Da duração dos mandatos: 
 
 No Brasil o mandato do presidente da 
república é quatro anos, podendo haver uma 
reeleição. Na maioria dos Estados que adotam 
o presidencialismo os mandatos são de quatro 
ou cinco anos. 
 A França adota um sistema misto, inclinado 
para o presidencialismo eleito pelo povo que 
permanece no cargo por sete anos, e um 
primeiro-ministro. 
 Com relação à eleição do presidente, esta 
pode ser direta, quando o eleitor vota 
diretamente nos candidatos, como ocorre no 
Brasil e na Argentina ou indireta, quando um 
colégio eleitoral, eleito pelo povo, é quem elege 
o presidente, como acontece nos EUA. 
 Não se pode afirmar a supremacia de um 
sistema em relação ao outro. O importante é 
verificar as características histórico-culturais de 
cada povo e suas inclinações para um ou outro 
sistema. Tanto pode “funcionar” bem o sistema 
parlamentarista como o presidencialista. São os 
casos da Inglaterra e dos Estados Unidos, cada 
qual adotando um sistemae ambos funcionam 
muito bem. 
 A adoção do melhor sistema depende das 
características de cada Estado e de sua cultura. 
 
 
 
O Sufrágio 
 
 O sufrágio (voto) é o meio pelo qual se 
manifesta à vontade do povo na formação do 
governo democrático. É o processo legal de 
escolha das pessoas que irão representar o 
povo no exercício das funções eletivas. 
 
Sufrágio universal: deve ser entendido como 
a participação ativa da totalidade dos habitantes 
do país nas eleições, sem distinção de raça, 
sexo, crença ou estado social. No entanto a 
ideias de sufrágio universal absoluto não 
ocorre, visto que o Estado restringe a 
capacidade eleitoral, requisitos mínimos para o 
exercício do direito de voto. No Brasil, por 
exemplo, estão excluídos os estrangeiros não 
naturalizados, os menores de 16 anos e os 
recrutas durante o período do serviço militar 
obrigatório. 
Até o século XIX, por "sufrágio universal" 
compreendia-se apenas o voto de homens 
adultos. Entretanto, a partir do início do século 
XX, com o movimento das sufragistas o direito 
ao voto foi estendido às mulheres na maioria 
dos países democráticos. 
Pode ser direto, no qual todos os eleitores 
votam, ou indireto, quando os eleitores elegem 
um colégio eleitoral o qual, por sua vez, elege 
um dos candidatos à magistratura em questão. 
Este método é usado, por exemplo, nos EUA 
para escolha do presidente e do vice-presidente 
da república. 
No Brasil os principais movimentos 
reivindicatórios sobre a matéria eleitoral, foram 
a luta pelo voto secreto e pelo voto feminino, 
que só vieram a ser adotados após a Revolução 
de 30. A junta militar que assumiu o poder 
estabeleceu uma comissão para reformar a 
legislação eleitoral, cujo trabalho resultou no 
Código Eleitoral constituído pelo Decreto nº 
21.076, de 24 de fevereiro de 1932. Além de 
criar a Justiça Eleitoral, que passou a ser 
responsável por todos os trabalhos eleitorais: 
alistamento, organização das mesas, apuração 
dos votos, reconhecimento e proclamação dos 
eleitos, o Decreto nº 21.076 regulou as eleições 
federais, estaduais e municipais além de 
instituir a representação proporcional. Sob a 
égide desse código foi também eleita a primeira 
parlamentar brasileira, a deputada constituinte 
Carlota Pereira Queiroz. O voto do analfabeto 
foi restabelecido por Emenda Constitucional em 
1985, (na época do Império era permitido), e 
mantido com o caráter de facultativo na 
Constituição de 1988. 
Sufrágio restrito: aquele que impõe restrições 
ao direito de voto, que podem ser em razão de 
sexo, da raça e da renda. 
 
 
Sistemas eleitorais: 
 
1) Sistema de representação majoritária: é 
aquele em que é eleito o candidato que obtiver 
a maioria dos votos, sendo que, do segundo 
colocado em diante, desprezam-se os votos 
dados. É utilizado nas eleições para os cargos 
do Executivo (presidente, governador, prefeito) 
e para o Senado. 
Nas eleições majoritárias pode ocorrer o 
processo de dois turnos, onde os dois 
candidatos mais votados no primeiro turno 
disputam a vaga no segundo turno. 
Exemplo: Brasil, EUA, França, Argentina, 
etc. 
 
2) Sistema de representação proporcional: 
é aquele que elege os candidatos na proporção 
de votos dados a eles e ao partido. É utilizado 
para os cargos do Legislativo (deputados 
federais, estaduais e vereadores). É um 
sistema que vem sendo abandonado na maioria 
dos Estados. 
 Exemplo; Brasil e Alemanha. 
 
Quociente eleitoral – é a soma dos votos válidos 
dados aos partidos, divididos pelo número de 
cadeiras. 
 
Quociente partidário – é a divisão entre o 
número de votos dados ao partido e o quociente 
eleitoral 
 
- Para recalcular o quociente partidário no 
caso de sobras, divide-se o número de votos 
deste partido pelo número de vagas que ele 
elegeu, mais um. O partido que obtiver o 
quociente mais alto fica com a primeira 
cadeira que sobrar, e assim por diante. 
- Toda vez que um partido ganhar uma 
cadeira deve-se recalcular o QP. 
 
3) Sistema de distritos eleitorais ou distrital: 
é aquele em que se divide um determinado 
território em distritos eleitorais e faz-se uma 
eleição majoritária dentro de cada distrito, para 
cargos no legislativo. 
Exemplo: França, Inglaterra e EUA. 
- Divide-se o número de cadeiras pelo 
número de distritos e faz-se eleição 
majoritária. 
 
4) Sistema distrital misto: é aquele que 
procura conjugar o sistema proporcional com o 
sistema majoritário. Pega-se o número de 
cadeiras disponíveis no Parlamento e divide-se: 
uma parte elege-se pelo voto proporcional e a 
outra pelo voto majoritário dentro do distrito. É 
um sistema utilizado para os cargos do 
legislativo. 
 Exemplo: Itália 
 
Partidos Políticos 
 
 A origem dos partidos políticos teve seu 
berço na Inglaterra, nação precursora do 
constitucionalismo, quando no ano de 1680 
apareceram em formações mais definidamente 
políticas os dois grandes grupos que, por tanto 
tempo, disputariam o poder: os “Tories”, 
representantes dos interesses remanescentes 
do feudalismo agrário...e os “Whigs”, expressão 
das novas forças urbanas e capitalistas, que, 
embora também monarquistas, esposavam os 
princípios mais liberais sem os quais não se 
poderiam desenvolver os interesses novos que 
representavam. Desses dois grupos 
adversários, surgiram mais tarde, em 
lineamentos definidos, os dois grandes e 
tradicionais partidos políticos, Conservador e 
Liberal. 
Os primeiros partidos políticos, na história 
do constitucionalismo, representaram as 
tendências conservadoras e liberais da 
sociedade. 
 No Brasil, os dois primeiros partidos, 
também sob a denominação clássica de 
Conservador e Liberal, surgiram na fase final da 
Regência Trina, durante a legislatura de 1838. 
Ainda durante o Império, foi constituído o 
Partido Republicano (1870), desdobrou-se em 
agremiações políticas provinciais, destacando-
se as duas correntes de maior pujança, que 
foram os famosos Partidos Republicano 
Paulista (PRP) e Partido Republicano Mineiro 
(PRM). 
 A Constituição de 1988 consagrou 
definitivamente o sistema democrático do 
pluripartidarismo, assegurando a liberdade de 
criação, fusão, incorporação e extinção de 
partidos políticos. 
Partido político é o meio pelo qual elege-se os 
governantes. Quanto maior o número de 
partidos, mais dividida é a sociedade. 
 
Sistemas Partidários 
 
Classificam-se quanto: 
 
1. À organização interna 
Existem três tipos de partido: 
• Partidos de quadros: são aqueles que têm 
uma preocupação especial com a qualidade 
de seus membros, não havendo 
preocupação com o número deles. 
É o partido que busca a qualidade e não a 
quantidade. 
Esse tipo de partido não modifica sua linha 
política para ganhar votos. Alguns autores 
entendem que no Brasil esse tipo de partido não 
existe. 
 
• Partidos de massas: são aqueles cuja maior 
preocupação é com a quantidade de seus 
membros, pouco se importando com a 
qualidade. São os partidos que se propõe 
“populares”. 
Exemplos.: PSDB, PFL, PPB, PMDB, PT, 
PDT. 
 
• Partidos cartoriais: são aqueles que não têm 
nenhuma vida orgânica, não se reúnem, não 
têm jornal próprio (imprensa), não 
participam de nenhum movimento, não têm 
sede própria. São aqueles que só existem 
em época de eleição. No Brasil são 
abundantes. 
 
2. À organização externa 
 
Há uma subdivisão com relação ao número de 
partidos e com relação ao âmbito de atuação 
dos partidos. 
 
2.1. Com relação ao número de partidos 
existem três divisões: 
 
• Sistema de partido único ou monopartidário: 
é aquele em que a legislação só permite a 
existência de um partido político. É 
característico dos Estados Totalitários. 
Exemplos: Cuba, Itália fascista, Alemanha 
nazista e União Soviética. 
 
• Sistema bipartidário: é aquele em que a lei 
só permite a existência de dois partidos 
políticos, como ocorreu no Brasil na época 
do governo militar, com a Arena e o MDB; ou 
quando a legislação cria uma série de 
restrições aos partidos políticos, fazendo 
com que apenas dois partidos consigamalcançar o poder, como no caso dos EUA 
(Partido Republicano e Partido Democrata) 
e o Reino Unido (Partido Conservador e 
Partido Trabalhista). É o sistema mais 
estável. 
 
• Sistema pluripartidário ou pluripartidarismo: 
é aquele em que a legislação permite a livre 
organização dos partidos, sem estabelecer 
o seu número exato, competindo a cada 
legislação favorecer ou não o surgimento de 
um grande número de partidos. 
Exemplos: Brasil atual, Japão, França, Itália, 
Argentina. 
 
 
2.2. Com relação ao âmbito de atuação dos 
partidos existem quatro divisões: 
 
• Partido de âmbito universal: são aqueles 
cujo âmbito de atuação é mundial. São 
conhecidos também como partidos 
ideológicos ou supranacionais. 
Exemplos: os partidos comunistas, os 
partidos socialistas, os partidos social-
democratas, os partidos liberais, os 
partidos trabalhistas, os partidos 
republicanos, os partidos conservadores. 
- Estabelece o art. 17, I. da Constituição, 
que só são permitidos os partidos que 
forem organizados nacionalmente. 
 
• Partidos de âmbito nacional: são aqueles 
que limitam o seu âmbito de atuação a uma 
determinada nação. 
Exemplos: Partido Nacional Socialista ou 
Nazista, na Alemanha; o Partido Fascista, que 
atualmente se chama Aliança Nacional, na Itália; o 
PMDB no Brasil; o Partido Revolucionário 
Institucional (PRI), no México; o Partido 
Justicialista (Peronista), na Argentina, Forza 
Italiana, na Itália. 
 
• Partidos de âmbito regional: são aqueles 
cujo âmbito de atuação se restringe a uma 
determinada região dentro de uma nação. 
São freqüentes na Europa Ocidental. A 
legislação brasileira atual proíbe este tipo 
de partido. 
Exemplos: o Partido Republicano Paulista e 
o Partido Republicano Mineiro, na 
República Velha; o Partido da Catalúnia, na 
Espanha; a Lega da Lombardia (Aliança 
Norte), na Itália; o Partido do Estado do 
Quebec, no Canadá. 
 
• Partidos de âmbito local: são aqueles 
cujo âmbito de atuação se restringe a um 
local ou municípios, ou a uma pequena 
fração dentro de uma região. São 
freqüentes na Europa Ocidental. 
Exemplos: SVP (Partidos do Povo do Sul do 
Tirol), no Alto Adige Italiano.

Continue navegando