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Bianca Lauschner Fisiologia humana Transporte Através Da Membrana 1. RELEMBRANDO... Os íons e nutrientes (oxigênio, glicose, íons, AA, lipídios e outros nutrientes) precisam estar em concentrações adequadas para que as células consigam viver, crescer e realizar as suas funções; As diferenças de concentrações iônicas entre os líquidos intra e extracelular são mantidas por mecanismos de transporte através da membrana; É a estrutura que delimita todas as células vivas; Ela estabelece a fronteira entre o meio intracelular e o extracelular; A membrana é composta por uma bicamada lipídica, contendo também um grande número de proteínas entre esses lipídios, muitas delas penetrando por toda a espessura da membrana; A membrana plasmática atua como uma barreira seletiva, permitindo apenas que algumas substâncias passem através dela; Há dois tipos de substância que atravessam a membrana plasmática: as hidrossolúveis e as lipossolúveis; A água e as substâncias hidrossolúveis precisam da ajuda das proteínas presentes na membrana para conseguir atravessá-la; Já as lipossolúveis atravessam com mais facilidade, pois a maior parte da membrana é formada por lipídios; Existem 2 tipos de proteínas principais de membrana: (1) proteínas de canais e (2) proteínas transportadoras; (1) as proteínas de canais aquosos permitem o livre movimento da água e de íons ou moléculas específicas (elas não entram em contato com essas substâncias); (2) as proteínas transportadoras se ligam às moléculas ou aos íons a serem transportados; As alterações estruturais nas proteínas que movem a substância até o outro lado da membrana; As 2 proteínas são extremamente seletivas para os tipos de moléculas ou de íons que será permitido atravessar a membrana; 1. TIPOS DE TRANSPORTE: O transporte através da membrana, tanto diretamente, através da bicamada lipídica, como por meio de proteínas, pode ser de passivo ou ativo; O transporte passivo é o tipo de transporte que ocorre sem gasto de ATP; A energia causadora desse transporte é a energia da movimentação cinética normal da matéria; Portanto, há gasto sim de energia, só que energia cinética e não ATP (sem energia não há movimento); Não há gasto ADICIONAL de energia porque as substâncias deslocam-se naturalmente do meio mais concentrado para o menos concentrado, ou seja, a favor do gradiente de concentração; O transporte de substâncias ocorre até que as concentrações dentro e fora da célula sejam igualadas; Podemos classificar o transporte passivo em 3 tipos: difusão simples, difusão facilitada e osmose; 2. DIFUSÃO SIMPLES: Definição: é o movimento cinético de substâncias através dos interstícios (espaços/abertura) da membrana ou através das proteínas de canais, sem que ocorra qualquer interação com essas proteínas; Ou seja, a difusão simples pode ocorrer através da membrana por 2 vias: pelos interstícios da membrana ou pelas proteínas de canais; As substâncias lipossolúveis (apolares) passam pelos interstícios da membrana sem precisar da ajuda de alguma proteína. Exemplos: O2, CO2, N, OH (maioria dos gases); Bianca Lauschner Um dos fatores mais importantes que determinam quão rapidamente a substância se difunde pela membrana é a lipossolubilidade dessa substância. As lipossolubilidades do O2, do N, do CO2 e do álcool são altas, então elas se dissolvem com muita facilidade; As substâncias polares (hidrossolúveis) e pequenas atravessam a membrana por meio das proteínas de canais. Exemplo: H2O2, água, íons (sódio, cálcio, etc), ureia; Como já foi dito, as proteínas de canais não interagem com as moléculas que vão atravessá- la, elas atuam apenas como um túnel; As substâncias atravessam livremente por esses túneis sem entrar em contato com as proteínas de canais; Os canais proteicos apresentam 2 características muito importantes: (1) elas, em geral, são seletivamente permeáveis a certas substâncias, e (2) muitos dos canais podem ser abertos ou fechados por comportas; Muitas dos canais proteicos são altamente seletivos para o transporte de uma ou mais substâncias específicas; Essa permeabilidade seletiva depende de características do canal, como: diâmetro (tamanho), forma, natureza das cargas elétricas e das ligações químicas ao longo de suas superfícies internas; As comportas podem ser reguladas de 2 formas: ou por sinais elétricos (variações de voltagem), que chamamos de canais dependentes de voltagem, ou por substâncias químicas (que se ligam a proteínas canal), que chamamos de canais dependentes de ligantes; A intensidade da difusão é determinada pela quantidade de substância disponível, pela velocidade do movimento cinético, e pelo número e tamanho das aberturas na membrana; Na difusão simples, a velocidade aumenta de maneira proporcional a diferença de concentração e não tem uma velocidade máxima de difusão; 3. DIFUSÃO FACILITADA: Conhecida também como difusão mediada por transportador, porque a substância precisa do auxílio de uma proteína transportadora para conseguir atravessar a membrana; Apesar da velocidade da difusão simples aumentar em proporção direta à concentração da substância difusora, na difusão facilitada a velocidade da difusão tende a um valor máximo à medida que a concentração da substância a ser difundida aumenta; Na difusão facilitada a velocidade não pode aumentar acima do valor da velocidade máxima; O mecanismo responsável por limitar a velocidade da difusão facilitada se embasa no fato da substância transportada ligar-se a uma parte específica (um sítio específico) da proteína transportadora; Quando a substância se liga, em fração de segundo, ocorre alteração conformacional ou química na proteína transportadora, de forma que o poro agora se abre para o lado oposto da membrana (ou seja, passa uma substância por vez, tem que esperar a proteína voltar a sua conformação normal para que outra substância se ligue a ela); Dessa forma, quando todos os sítios de todas as permeases estiverem "ocupados", não adianta aumentar a concentração da substância a ser transportada; É importante, para o aumento da velocidade, que tais sítios sejam antes desocupados, para que a proteína tenha atividade; Resumindo, quanto mais permeases (proteínas transportadoras) existirem, maior será a sua velocidade; mas se a concentração aumentar, a velocidade aumenta até chegar a um ponto em que estabiliza por não ser possível "inserir" mais permeases na membrana plasmática; Substâncias importantes que realizam difusão facilitada: glicose e aminoácidos; https://pt.wikipedia.org/wiki/Prote%C3%ADna_transportadora https://pt.wikipedia.org/wiki/Prote%C3%ADna_transportadora https://pt.wikipedia.org/wiki/Membrana_plasm%C3%A1tica Bianca Lauschner 3.1 FATORES QUE INFLUENCIAM NA VELOCIDADE NETA (MÉDIA) DA DIFUSÃO: Diferença de concentração; Diferença de Potencial Elétrico (como os íons apresentam cargas e cargas opostas se atraem, quanto maior a diferença de cargas entre os lados, maior será a atração); Diferença de pressão (Pressão: Força/Área, ou seja, quanto maior a força sobre a membrana, maior será a velocidade de difusão); Cada fator tende a mover as moléculas para uma direção diferente, então esses 3 fatores vão interagir para determinar uma direção de difusão; 4. OSMOSE: É a passagem de solvente (água), de uma região menos concentrada para uma região mais concentrada, através da membrana; Quase todas as membranas apresentam muitos canais de água e poucos canais de solutos. Portanto, quando um lado está mais concentrado que outro, em vez do soluto se mover para o lugar menos concentrado, a água vai se mover para o lugar mais concentradoe dissolver aquele soluto, equilibrando os dois lados; A água só move para o outro lado se não tem canais para um soluto específico; 4.1 PRESSÃO OSMÓTICA: É a quantidade de pressão necessária para interromper (evitar/impedir) a osmose; Para interromper a osmose, basta exercer sobre o sistema formado por duas soluções ou uma solução e um solvente, separados por uma membrana semipermeável, uma pressão no sentido inverso ao da osmose no mínimo com a mesma intensidade daquela que o solvente faz para atravessar a membrana semipermeável; 4.2 OSMOLALIDADE E OSMOLARIDADE: Ambas medem concentração; Para expressar a concentração da solução, a unidade chamada osmol é usada no lugar de gramas; 1 osmol é o peso de 1 molécula grama de soluto osmoticamente ativo; Ex: 1 molécula grama de glicose pesa 180g e isso equivale a 1 osmol de glicose porque a glicose não se dissocia em íons; Lembrando: dissociação iônica é a separação de íons que ocorre a partir de compostos iônicos dissolvidos em água; Caso um soluto se dissocie em 2 íons, 1 molécula grama desse soluto vai corresponder a 2 osmóis, porque o número de moléculas osmoticamente ativas é agora 2 vezes maior do que para o soluto não dissociado; OSMOLALIDADE: corresponde a quantidade de osmóis de soluto por quilograma de solvente (água); OSMOLARIDADE: corresponde a quantidade de osmóis de soluto por litro de solução (soluto + solvente); Apesar de serem os osmóis por quilograma de água (osmolalidade) que determinam a pressão osmótica para as soluções diluídas, a diferença quantitativa entre a osmolalidade e a osmolaridade é de menos de 1%. Como é mais prático medir a osmolaridade, ela é mais utilizada; 5. TRANSPORTE ATIVO: É o transporte de moléculas contra o gradiente de concentração (do menos concentrado para o mais concentrado); Isso ocorre porque, às vezes, é necessária grande concentração de uma substância de um lado da membrana e baixa do outro lado; https://pt.wikipedia.org/wiki/Osmose https://pt.wikipedia.org/wiki/Membrana https://pt.wikipedia.org/wiki/Press%C3%A3o https://pt.wikipedia.org/wiki/Membrana Bianca Lauschner Nesse processo, para que as substâncias sejam transportadas contra o gradiente de concentração, é necessário um gasto de energia; Resumindo: é o fenômeno que faz que as concentrações de certos íons se mantenham elevadas de um lado da membrana e baixas no outro lado. É dependente de uma fonte de energia para produzir o movimento de moléculas contra o gradiente de concentração; O transporte ativo depende de proteínas transportadoras, que penetram por toda membrana, como ocorre na difusão facilitada; No entanto, no transporte ativo, as proteínas funcionam de modo distinto das da difusão facilitada, pois são capazes de transferir energia para a substância transportada para movê-la contra o gradiente eletroquímico; Existem 2 tipos de transporte ativo, de acordo com a origem de energia usada para causar o transporte: o transporte ativo primário e o transporte ativo secundário; 5.1 TRANSPORTE ATIVO PRIMÁRIO: Nesse tipo de transporte, a energia é derivada da quebra do ATP ou de outro composto de fosfato com energia; Entre as substâncias que são transportadas por esse tipo de transporte estão o sódio, o potássio, o cálcio, o hidrogênio, o cloreto e alguns outros íons; O mecanismo de transporte ativo mais estudado é a bomba de sódio e potássio; A bomba de sódio e potássio é o processo que bombeia 3 íons sódio para fora da célula e 2 íons potássio de fora para dentro; Essa bomba é responsável pela manutenção das diferenças de concentração de sódio e o potássio entre os dois lados da membrana; Essa diferença de concentração forma um potencial elétrico (diferença de cargas) entre os lados da membrana, sendo o lado interno NEGATIVO. Pois, tem mais cargas positivas (Na) saindo, resultando em positividade do lado externo da célula e criando um déficit interno de íons positivos; A proteína transportadora que realiza a bomba de sódio e potássio apresenta 3 características principais: ela contém 3 locais para a ligação de íons sódio na porção interna da proteína; contém 2 locais de ligação para os íons potássio na sua porção externa; E na porção interna da proteína, também tem um sítio de ligação para o ATP; A bomba de sódio e potássio também é importante para o controle do volume celular pois evita a osmose; Entra potássio e sai sódio para não ficar muito concentrado o interior da célula e acabar atraindo a água (senão a célula ia inchar até estourar); 5.2 TRANSPORTE ATIVO SECUNDÁRIO: Depende indiretamente do gasto de ATP; Quando o sódio é transportado para fora da célula, por transporte ativo primário, concentra-se nesta região. Assim, o sódio estará sempre se deslocando para dentro da célula por transporte passivo, pois seguirá a favor do gradiente de concentração (do mais concentrado para o menos concentrado); Se o sódio volta por transporte passivo porque então é considerado transporte ativo secundário? Porque a energia para a realização desse tipo de transporte depende da energia gasta pela bomba de sódio e potássio, ou seja, esse transporte depende indiretamente do gasto de energia da bomba; Outras substâncias podem se aproveitar desse gradiente de concentração e serem transportadas juntamente com o sódio; Quando forem transportadas na mesma direção, chama-se co-transporte ou simporte. Exemplo: sódio e glicose (a glicose precisa ficar mais concentrada dentro da célula). Quando o sódio entra, a glicose entra junto ( “pega carona”); Quando ocorre na direção oposta, denomina- se contra-transporte ou antitransporte. Exemplo: sódio e cálcio. Quando o sódio entra, o cálcio sai; Bianca Lauschner