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Projeto de Extensão 2020 Corrigido

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Curso de Serviço Social
PROJETO DE EXTENSÃO 
"Reação!"
Elias Macedo
 Fernando Eraque
 Gabriela Batista
 Jeferson Alves
 Manoel Victor
Tiene Lima
BELO HORIZONTE 
 2020
 Elias Macedo
 Fernando Eraque
 Gabriela Batista
 Jeferson Alves
 Manoel Victor
Tiene Lima 
Trabalho acadêmico apresentado ao Curso de Serviço Social do Instituto.
PROJETO “Reação!" 
Relatório final do projeto de Extensão apresentado como requisito de aprovação do 7º Período do Curso de Serviço Social do Centro Universitário Unihorizontes.
Orientador: Prof. Juliano Almeida.
BELO HORIZONTE 
2020
RESUMO
Diariamente na cidade de Belo Horizonte pode-se observar prédios altos e a correria dos habitantes que cruzam o caminho de pessoas que não tem lar e ficam abrigadas nas beiradas desses grandes edifícios. Diante deste cenário de confusão e agitação a presença de moradores de rua gera sentimentos ambivalentes, que variam entre ignorá-los para negar a própria impotência diante de situação tão degradante, ou de fato apenas notá-los para se desviar deles ao caminhar pelas ruas. Assim, as pessoas se deparam com milhares de moradores de rua vivendo em situações dramáticas nas ruas da cidade, em que a indiferença beira a colaboração para a sustentação de tal quadro social. Desta forma, olhares indiferentes silenciam sua dor e história, marginalizando-os e os transformando em precursores da violência. Esta pesquisa teve como objetivo fazer um levantamento que propiciou analisar as estratégias de sobrevivência de pessoas em situação de rua, verificando os elementos sociais, como o trabalho, que gerariam possibilidades de sustentação e sobrevivência, utilizadas pela amostra para manter suas necessidades básicas como alimentação, saúde, segurança, entre outros. Também possibilitou compreender como a população de rua lida com seu cotidiano, suas necessidades básicas, bem como outras necessidades, incluindo lazer, trabalho, relações afetivas e o contato dessa população com a rua, seus sentimentos, sonhos e perspectivas. Foi utilizado o método materialista histórico, que permitiu, de forma dialética, situar os discursos entre seu nível individual e universal, levando em conta a totalidade de determinações presentes no âmbito da vida material, concreta, que é base de produção do universo simbólico em geral e, portanto, desses discursos e narrativas. Dessa forma, pode-se verificar que cada morador de rua cria suas próprias estratégias de sobrevivência, permitindo que eles possam viver na rua, enfrentando diariamente dificuldades em todos os aspectos que envolvam sua subjetividade. Tal quadro ilustra a realidade da população de rua, em que o reflexo da violência retrata a exclusão e contradição social na frequente violação dos direitos humanos.
Palavras -chave: População em situação de rua; estratégias de sobrevivência; direitos; exclusão social.
SUMÁRIO
1.INTRODUÇÃO	10
1.1. Objetivo geral	10
1.2. Objetivo específico 13
2. REFERENCIAL TEÒRICO 14
3.METODOLOGIA 18
4. CONCLUSÃO 19 
5.REFERÊNCIA BIBLIOGRAFICA 20		
1 INTRODUÇÃO
O Projeto de Extensão tem como método apresentar e debater uma proposta metodológica, sendo disponibilizado ao público externo conhecimentos adquiridos com o ensino e pesquisas desenvolvidas dentro das universidades. Dessa forma, desenvolveu-se uma série de dimensões metodológicas a extensão é uma delas, nela são expostos os seguintes pontos quais atividades a materializam; que tipo de conhecimento é estendido e quais os objetivos deste processo; porque se faz a extensão; quais impactos são causados; como as atividades são legitimadas; inserção contextual e histórica; e o debate acerca do compromisso social da universidade. (RODRIGUES, 2013)
A extensão foi a última a surgir das três dimensões constitutivas da universidade, mas é de suma importância pois ela vai além dos muros das instituições de ensino, o que resulta em um forte contato dos educandos com sua área de atuação. (RODRIGUES, 2013)
O presente trabalho pretende analisar e discutir o cenário em que estão inseridas as pessoas em situação de rua em Belo Horizonte- MG. O trabalho tem como intuito promover informações referentes aos direitos e garantias da população em situação de rua e ao mesmo tempo discutir com a sociedade através das redes sociais informações sobre a causa.
Com isso será elaborado o Projeto de Extensão que leva o nome de “Reação!”, que segundo o dicionário é o ato ou efeito de reagir, pois sabemos que levar informações e compartilhá-las é uma das grandes formas de acabar com preconceitos, efetivar políticas e mudar realidades e pensamentos.
1.1 JUSTIFICATIVA
A justificativa está relacionada a três esferas, sendo elas: o interesse do grupo pelo tema, acadêmica e social. A do grupo é devido à preocupação dos pesquisadores em virtude de observação e indagações sobre o tema; O acadêmico devida a necessidade de se realizar discussões sobre o assunto de forma fundamentada em artigos e livros técnicos; já no âmbito social, possibilitar uma discussão para além do senso comum preexistente na sociedade e uma possível maior visibilidade e alcance do conhecimento acerca dos direitos da população em situação de rua.
Pessoas nesta situação, Segundo Machado (2014), sofrem constantes ataques advindo da sociedade que as discriminam. Essa intolerância por parte da sociedade para com a população em situação de rua é reforçada pela desinformação e estigmas que que são divulgados pela mídia. Quando a mídia passa a imagem de que a população em situação de rua está na situação que está por que escolheu ou por que não querem trabalhar, e outras justificativas tendo como base os estigmas e preconceitos, os leitores que tiveram essa reportagem como meio de se informar irá considerar tais afirmações como verídicas. 
Segundo o Rodrigues (2015), quando o pesquisador vai a campo com a ideia de que a população em situação de rua é perigosa, por exemplo, trata unilateralmente o seu medo em relação a ela, quando na verdade, existe uma via oposta, que é o medo dele para com estranho. Rodrigues explica que a própria pessoa em situação de rua também faz uso dessa crença para conseguir intimidar ou persuadir alguém a lhe ajudar, mas quando questionado se é perigoso, a resposta é não. É interessante quando essa atribuição de representar perigo é aceita, pois isso é um problema, porque essa pessoa incorpora a forma perversa que a sociedade a trata.
Dentre os estigmas que a população de rua carrega, está entre eles o de que indivíduos nessa situação não trabalham, o que não é verdade, Rodrigues ainda afirma que, em muitos casos, a rotina de trabalho da pessoa em situação de rua não tem descanso ou divisão de dias úteis, há exemplo, o serviço de catador de produtos recicláveis. Muitas empresas têm setores dedicados a reciclagem e lucram muito, mas os catadores não possuem vínculo formal com elas, mesmo sendo a sua base de produção. Observa se uma desvinculação entre trabalho e emprego, o que é um problema, o mercado da informalidade. Aos catadores de materiais recicláveis em situação de rua não servem para o emprego porque são consideradas indisciplinadas, sujas demais, e o mercado não as aceitam. Ou seja, é uma mão de obra muito barata, quase escrava, sem garantia constitucionais e trabalhistas. (RODRIGUES, 2015). 
Outro mito é o de que a sociedade julga o fenômeno de situação de rua como questão de escolha, transformando a necessidade em opção. Costuma se pensar que para deixar as ruas basta querer, depende de vontade própria. Porém, há vários fatores para que a situação de rua acontecesse, tais como, rompimentode vínculo familiar, problemas com drogas, violência entre outros. Rodrigues afirma, inclusive, que a própria pessoa em situação de rua se culpa, sendo eles mais uma vez conformado com a desinformação e estigmas da sociedade que lhe é atribuído. Muitas das vezes, pessoa em situação de rua não se enxerga como vítima, mas como culpado da própria situação. (RODRIGUES, 2015)
Uma Pesquisa nacional sobre população de rua foi realizada pelo Ministério do Desenvolvimento Social entre os anos de 2007 e 2008 com o objetivo de quantificar e qualificar todos esses fatores. Quanto aos motivos que levam as pessoas a morar nas ruas, os maiores são: alcoolismo e/ou uso de drogas (35,5%), perda de emprego (29,8%) e conflitos familiares (29,1%). Das pessoas entrevistadas, 71,3% citaram ao menos um dos três motivos e muitas vezes os relatos citam motivos que se relacionam dentro da perda de emprego, uso de drogas e conflitos familiares. (MERELES, 2017)
Uma das formas de inclusão e emancipação da população em situação de rua é possível através das políticas públicas, são elas que irão garantir os direitos e viabilizar uma vida digna a população em situação de rua. As políticas públicas são de responsabilidade do governo federal, dos estados e dos municípios brasileiros quanto à assistência social para a população em situação de rua no país. As garantias constitucionais de dignidade da pessoa humana e do direito à moradia já colocariam essa responsabilidade ao Estado, mas também foram feitas leis específicas para essa população. (MERELES, 2017)
A principal delas foi a Política Nacional para População em Situação de Rua, implementada em 2008, em que há uma série de determinações, como a capacitação de profissionais do direito, a oferta de serviços de assistência social, na inclusão da população na intermediação de empregos, na criação de alternativas de moradia, entre muitas outras. Salienta-se que o Governo Federal ajudará a financiar os projetos e serviços apenas em municípios com população superior a 100 mil habitantes ou municípios com mais 50 mil habitantes que integrem regiões metropolitanas. (MERELES, 2017)
É de muita importância que a sociedade se informe mais e tenha conhecimento acerca da realidade da população em situação de rua, para que assim, o senso comum e o discurso de segregação, preconceito, intolerância não se faça tão forte como nos dias de hoje. Isso porque só através da informação que se quebra preconceitos, a população em situação de rua merece respeito, dignidade, são cidadãos de direitos como todos.
1.2 Objetivo Geral
· Promover ação de informação e conscientização do sujeito de direito em situação de rua, tendo em vista que a falta de conhecimento e de conscientização da sociedade é um dos principais motivos da população em situação de rua ser invisibilizada, deste modo, se apropriando de instrumentos que promovam a educação como meio de inclusão.
1.2.1 Objetivos específicos
· Incentivar a busca por informação sobre os direitos da população em situação de rua, de modo a promover a inclusão e a quebra de estigmas dessa população.
· Utilizar de meio de comunicação, como rede social, como instrumento de instrução da sociedade em relação aos direitos dos cidadãos (ãs) em situação de rua.
· Conscientizar a sociedade de que todas as pessoas são sujeito de direitos, independentemente da cor, raça, gênero e classe social.
· Incentivar e promover cidadãos conscientes no exercício democrático da cidadania.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Pesquisa detalhadas sobre a condição da população em situação de rua no Brasil são recentes. Somente entre os anos de 2007 e 2008 foi realizada uma pesquisa de âmbito nacional abrangendo um conjunto de 71 cidades brasileiras (São Paulo, Belo Horizonte, Recife e Porto Alegre não participaram da pesquisa) visando a realização de estudos que pudessem permitir a caracterização socioeconômica e a quantificação de dados sobre essa população, de modo a permitir a implementação de políticas públicas direcionadas a tal público.
Foram identificadas 1.827 pessoas em situação de rua no município de Belo Horizonte, vivendo em calçadas, praças, baixios de viadutos, terrenos baldios, ou pernoitando em instituições – albergues, abrigos, casas de passagem e de apoio. Esse contingente equivale a 0,074% da população do município. A taxa de recusa dos entrevistados em responder o questionário foi de 15,8%, índice considerado baixo para este tipo de pesquisa. Esse resultado foi atribuído, principalmente, a iniciativa de se envolver algumas pessoas em situação de rua, representantes do movimento nacional dessa população no processo de elaboração e validação dos instrumentos de coleta de dados, além da estratégia de divulgação e sensibilização prévia dos entrevistados sobre a coleta de dados. A pesquisa apontou que a população abordada era formada, predominantemente, por homens (86,8%) e a idade média da amostra foi de 39,6 ± 11 anos. Mais da metade dessa população (67%) situava-se na faixa etária compreendida entre 31 e 50 anos, indicando um envelhecimento da população em situação de rua, quando comparada aos censos anteriores. Nas extremidades da distribuição etária, as proporções encontradas foram relativamente menores (11,3% na faixa de 18 a 25 anos; e 9,9% na faixa de mais de 55 anos).
No que tange à distribuição da população em situação de rua, por raça/cor, destaca-se que 79,5% dos entrevistados se declaram pardos (45,7%) ou negros (33,8%) e apenas 18,1% brancos. Esses dados, quando contrastados com os apresentados pelo Censo Demográfico de 2010, indicam que, entre as pessoas em situação de rua, a proporção de negros (pardos somados a pretos) é substancialmente maior do que a proporção encontrada na população geral (52%) de Belo Horizonte (pardos 41,9% e negros 10,1%).
A reprodução e o aumento da desigualdade social e falta de garantias sociais para uma parte da população aparecem como consequência da globalização e avanço tecnológico na sociedade atual. Assim, a civilização, com o passar do tempo, não pôde criar projetos que colaborassem com melhorias sociais, de modo que a distribuição de bens, desrespeito às diferenças, preconceito e valores opostos não aparecem como pensamentos e ações absurdas, mas como fazendo parte do processo econômico e de globalização (COSTA, 2005).
Para Bauman (1997 apud COSTA, 2005), as últimas três décadas ajudaram significativamente na mudança das características da sociedade ocidental. Antes disso, o desemprego era visto como exceção e designação dos sem trabalho; hoje, diante das melhorias na economia, não há real aumento dos empregos, mas a diminuição da força e relações de trabalho, que é comum e visto como parte do progresso. O processo que desestabiliza a condição social, além da fragilidade da população de forma aguda, resulta na exclusão social e falta de proteção relacionada ao mundo do trabalho (CASTEL, 1997 apud COSTA, 2005). Vê-se a diminuição do estado social como processo mundial, que encontra maior incidência em países com maior desigualdade social e forte diferença nas condições de vida das pessoas. No Brasil, não há constituição do estado de bem-estar social. 
No Brasil, políticas sociais implantadas por governos diferentes mostravam a tendência de enfrentar os problemas sociais como um fator isolado, o que não trouxe resultado na condição de vida da população. Segundo Bauman (1997 apud COSTA, 2005), a sociedade em que estamos inseridos é centrada no consumo, e nela existem os “jogadores aspirantes”, “jogadores” e os “jogadores incapacitados”, que são os que não podem contar e acessar a moeda legal. Esse grupo, o dos “incapacitados”, deve desistir do que tem de recursos ou abandonar o jogo definitivamente
Castel (1997) denomina tal grupo como “sobrantes”, que são pessoais normais, porém descartadas das novas exigências da concorrência pela reduzida oportunidade de empregos, o que constitui a situação atual em que não há lugar para todos na sociedade. Para que possam sobreviver, dependem do mercado como todos na sociedade de consumo, emboraeste mesmo mercado já não precise de sua força de trabalho que é a única coisa (valor) que teriam para fazer parte do processo de troca. Não participando do processo de circulação de mercadoria e estando de fora, sobram (COSTA, 2005). Assim é a lógica do capital.
O Capital não conhece nem pátria, nem fronteira, nem cor, nem raça, nem idades, nem sexos; é o Deus internacional, o Deus universal, sob a sua lei curvará todos os filhos dos homens (...). Apaguemos as religiões do passado; esqueçamos os nossos ódios nacionais e 10 querelas religiosas, unamo-nos de corpo e alma para formular os dogmas da nova fé, da Religião do Capital (LAFARGUE, 1996, p.24)
Este contexto traz a questão da marginalização que apesar de não ser um fenômeno recente no modo de produção capitalista, a exclusão dos indivíduos tomou características específicas sob sua lógica, na qual o trabalhador não só se tornou produtor de mercadorias que não lhe dizem respeito, como também se tornou uma mercadoria com a propriedade de ser descartada quando necessária e, portanto, marginalizada. No livro “O Capital” (1971), Karl Marx mostra que no processo de acumulação e reprodução do capital, é inevitável a produção de miséria e pobreza, ou seja, trata-se de uma lógica imanente e essencial do próprio sistema. Os indivíduos pauperizados fariam parte de uma categoria que Marx chamou de “exército industrial de reserva”, ou seja, daqueles “excedentes” de trabalhadores não necessários ao processo expansivo do capital, que varia de tamanho de acordo com as flutuações da produção e da economia em tempos de crise ou estabilidade.
Finalmente, o mais profundo sedimento da superpopulação relativa vegeta no inferno da indigência, do pauperismo. Pondo de lado os vagabundos, os criminosos, as prostitutas, o rebotalho do proletariado em suma, essa camada social consiste de três categorias. Primeiro, os aptos para o trabalho. Basta olhar as estatísticas inglesas, referentes ao pauperismo, para se verificar que seu número aumenta em todas as crises e diminui quando os negócios se reanimam. Segundo, os órfãos e filhos de indigentes. Irão engrossar o exército industrial de reserva, e são recrutados rapidamente e em massa para o exército ativo dos trabalhadores em tempos de grande prosperidade, como em 1860, por exemplo. Terceiro, os degradados, desmoralizados, incapazes de trabalhar. São notadamente os indivíduos que sucumbem em virtude de sua incapacidade de adaptação, decorrente da divisão do trabalho; os que ultrapassam a idade normal de um trabalhador, e as vítimas da indústria, os mutilados, enfermos, viúvas, etc., cujo número aumenta com as máquinas perigosas, as minas, as fábricas de produtos químicos etc. O pauperismo constitui o asilo dos inválidos do exército ativo dos trabalhadores e o peso morto do exército industrial de reserva. Sua produção e sua necessidade se compreendem na produção e na necessidade da superpopulação relativa, e ambos constituem condição de existência da produção capitalista e do desenvolvimento da riqueza. O pauperismo faz parte das despesas extras da produção capitalista, mas o capital arranja sempre um meio de transferi-las para a classe trabalhadora e para a classe média inferior (MARX, 1971, p.746-747)
Desta forma, dentro do “exército de reserva” estão tanto os trabalhadores “economicamente ativos”, aqueles “aptos para trabalhar”, o que inclui os “órfãos” ´´filhos de indigentes”, como também aqueles “invalidados” pela produção. Como citado por Marx, válida ou não para o trabalho, tal população tem sua necessidade e produção como “condição de existência da produção capitalista e do desenvolvimento da riqueza”, portanto, do processo de acumulação do capital (MARX, 1971)
De acordo com Silva (2006) a sociedade capitalista e sua relação entre capital com a cumulação de bens e seus modos de produção fazem com que a cada dia mais se tornem mais frequentes as cenas de pessoas em situação de rua, já que o cenário de empobrecimento da população mais pobre coopera para essa situação nos grandes centros urbanos. 
3. METODOLOGIA
O projeto de extensão foi desenvolvido através de uma abordagem a população de Rua, onde foram informados sobres seu direitos, discutir com a sociedade através das redes sociais informações sobre a causa.	
A pesquisa utilizou o método qualitativo, ou seja, propôs-se “trabalhar com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos a operacionalizações de variáveis" (MINAYO, 1994). Além disso, a presente pesquisa contou com a escolha da técnica de entrevista semiestruturada, que segundo Minayo (1994), faz com que a apreensão fidedigna das práticas dos sujeitos seja pouco provável, devendo-se trabalhar com as narrativas de suas práticas, segundo a visão do próprio narrador. Deste modo, a qualidade da entrevista semiestruturada consiste em avaliar de forma ampla o que o pesquisador quer estudar, segundo suas próprias hipóteses (MINAYO, 1999).
Foram desenvolvidos informações para a sociedade através do Instagram, mostrando os direitos dessa população em situação de rua, informações dada pelo CENTRO POP DE BELO HORIZONTE. De acordo com Medeiros (2020), O “Centro POP”, se trata De um centro de referência destinado aos moradores de rua, nesse centro socioassistencial, oferecido pelo município, estas pessoas convivem, se desenvolvem e recebem proteção social, como apoio na reinserção na comunidade e resgate da integridade provocada pelas diversas violações sofridas.
4 CONCLUSÃO
A partir da análise dos dados coletados, foi possível compreender as inúmeras estratégias criadas pelas pessoas em situação de rua para sobreviver. A vida nas ruas, sem a solidariedade da população, seria marcada por maior miséria e precariedade, já que a variável alimentação, por exemplo, mostrou que é por meio de assistencialismo que a maior parte dos moradores de rua consegue suprir a necessidade da fome. A higienização corporal foi investigada a fim de ilustrara possibilidade ou não de pessoas em situação de rua tomarem banho e contarem com roupas limpas. Pode-se notar que a sujeira do corpo dessa população tornou-se uma extensão da sujeira das ruas, impregnando e cobrindo rostos que expressam a realidade vivida quando negados os seus direitos. Nos dias da realização das ações, não foi possível encontrar mulheres moradoras de rua para participarem, ao passo que jovens perambulavam pelas ruas sem poderem, em virtude do estado de fissura ou abstinência, colaborarem com este estudo. A vulnerabilidade da única mulher que conversamos foi marcante diante de seu discurso, ao relatar desrespeito de homens que também vivem nas ruas, e se aproveitam de sua fraqueza física e emocional para lhe ofender ou roubar seus pertences. Pode-se notar que uma queixa recorrente em todas as conversas foi a violência, que atrapalha os moradores de rua na busca por sobreviver com dignidade e persistência. Dessa forma, pode-se verificar que cada morador de rua cria suas próprias estratégias de sobrevivência, permitindo que eles possam viver na rua, enfrentando diariamente dificuldades em todos os aspectos que envolvam sua subjetividade. As necessidades básicas são quase sempre supridas por estranhos ou instituições que oferecem serviços assistencialistas, e a violência é o fator de maior predominância na vida de quem mora nas ruas. Uma das grandes limitações deste trabalho encontra-se na sua reduzida amostra, que caracteriza apenas cinco moradores de rua. Assim, as conclusões deste estudo aplicam-se apenas a essa mesma população, de modo que não se pode generalizar os resultados obtidos. Espera-se, com a realização deste trabalho, a exposição de tal quadro que ilustra a realidade da população de rua, em que o reflexo da violência retrata a exclusão e contradição social na frequente violação dos direitos humanos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
RODRIGUES, Andréia Lilian Lima et.al.. CONTRIBUIÇÕES DA EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA NA SOCIEDADE. Cadernos de Graduação - Ciências Humanas e Sociais | Aracaju | v. 1 | n.16 | p. 141-148 | mar. 2013; disponível em: https://periodicos.set.edu.br/index.php/cadernohumanas/article/viewFile/494/254. Acesso em: 20de março de 2020.
RODRIGUES, Igor. Pesquisa confronta mitos e preconceitos sobre moradores de rua. UFJF Arquivos de notícias, Juiz de Fora, p. 1-1, 23 abr. 2015. Disponível em: https://www.ufjf.br/arquivodenoticias/2015/04/pesquisa-confronta-mitos-e-pre-conceitos-sobre-moradores-de-rua/. Acesso em: 22 set. 2020.
MACHADO, Thayse. População Em Situação De Rua E Sociedade: Uma Relação Marcada Por Preconceito E Estigma. TCC – Dpto de Graduação – UFSC. Florianópolis, 2014 
MEDEIROS, Juliana. O que é o Centro POP?. Gesuas. Vitória. 2020. Disponível em https://www.gesuas.com.br/blog/centro-pop/ Acesso em 30/10/2020.
MERELES, Carla. PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA: A COMPLEXIDADE DA VIDA NAS RUAS. Politize!, [S. l.], p. 1-1, 21 set. 2017. Disponível em: https://www.politize.com.br/pessoas-em-situacao-de-rua/. Acesso em: 22 set. 2020.
MARX, K. O Capital. Volume 2. São Paulo: Civilização Brasileira, 1971
MINAYO, M.C de S. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. São Paulo/Rio de Janeiro: Hucitec –Abrasco, 1999.
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