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Análise Sensorial Prof. Msc. Vinicius Rodrigues “Ciência usada para evocar, medir, analisar e interpretar reações às características de alimentos e outros materiais da forma como são percebidas pelos sentidos da visão, olfato, gosto, tato e audição.” (Amerine; Pangborn; Roessler, 1965) • Evocar – preparar e servir amostras sob condições controladas • Medir – coletar dados numéricos para entender a relação entre as características do produto e a percepção humana • Analisar – utilizar métodos estatísticos para a análise dos dados • Interpretar – entender o contexto e conhecer as implicações para a tomada de decisões A análise sensorial caracteriza-se por: • Identificar as características ou propriedades de interesse na qualidade sensorial do alimento – identificar o que medir • Selecionar o método sensorial mais adequado para quantificar e/ou qualificar a sensação experimentada pelo homem em resposta ao estímulo provocado pelo alimento – identificar como medir • Selecionar e aplicar o método estatístico mais adequado para avaliar os resultados – analisar e interpretar os resultados Evolução em quatro fases: 1. Fase artesanal - até 1940 • Pouca preocupação com a base científica • Avaliação da qualidade pelo próprio dono ou encarregado Surgimento da análise sensorial Controle de qualidade Evolução em quatro fases: 2. Expansão da indústria - 1940 a 1950 • Introdução do conceito de controle de produção e processo – métodos químicos e instrumentais • Análise sem planejamento, codificação ou randomização • Caso que impulsionou: 2ª guerra mundial Evolução em quatro fases: 3. Fase de avanços – 1950 a 1970 • Grande desenvolvimento de métodos • Círculo de Kramer • Reconhecimento da habilidade humana de diferenciar os atributos sensoriais • Desenvolvimento de pesquisas (perfil de sabor e de textura) Evolução em quatro fases: 4. Fase de atualização – 1970 até hoje • Revisão do conceito de qualidade sensorial • Desenvolvimento do método “Análise descritiva qualitativa” • IFT (Institute of Food Technologists) definiu que todos os sentidos estão envolvidos na análise sensorial O que significa qualidade? O que significa qualidade do alimento? • Associação de excelentes características químicas, físicas, microbiológicas e sensoriais • Para o produtor: está associada à concepção e produção de um produto que vá ao encontro das necessidades do cliente • Para o cliente: está associada ao valor e à utilidade reconhecidas ao produto, estando em alguns casos ligada ao preço • Satisfação do cliente • Busca da excelência para todas as atividades de um processo O que significa qualidade sensorial do alimento? • Resultado da interação entre o alimento e o homem • É função do estímulo procedente do alimento, das condições fisiológicas e sociológicas dos indivíduos que o avaliam • Varia de pessoa pra pessoa • Características que influenciam: aparência, sabor, textura, forma, método de preparo, custo, sazonalidade, idade, sexo, educação, renda, habilidades na cozinha etc... O mesmo produto pode ser ofertado para essas duas classes de indivíduos de forma que agrade a ambos??? Quais as diferenças??? Polêmica!!! Então, se a análise sensorial é tão dependente de uma imensidão de fatores, ela pode ser de fato considerada uma ciência??? Os resultados são confiáveis??? Soluções!!! • Realizar a pesquisa em uma população a quem de fato o alimento se destina • Realizar a pesquisa com número de indivíduos que representem a população (amostragem) • Usar um método estatístico adequado e trabalhar com baixo erro Estes alimentos possuem qualidade sensorial? Estes alimentos possuem qualidade sensorial? Estes alimentos possuem qualidade sensorial? Cingapura Estes alimentos possuem qualidade sensorial? China Vietnã • Atitude ou personalidade do julgador: indivíduos analíticos, sintéticos e cautelosos; • Fisiológicos: redução da sensibilidade por excesso de exposição, intensificação, sinergia ou supressão causados pela interação de estímulos apresentados simultaneamente na composição do produto • Psicológicos: erro de expectativa erro de estímulo erro de hábito erro lógico erro de tendência central erro de contraste • Controlar as etapas de desenvolvimento de novos produtos; • Avaliar o efeito da alteração de matéria-prima ou do processamento no produto final; • Reduzir custos; • Selecionar novas fontes de suprimentos; • Controlar os efeitos das embalagens sobre os produtos acabados; • Controlar a qualidade do produto; • Controlar a estabilidade do produto durante armazenamento; • Testar o mercado para a introdução de novos produtos. Deve seguir um conjunto de especificações básicas para manter uniformidade dos experimentos Busca de uma avaliação reprodutível, com precisão e exatidão Principais condições: • Local do teste • Horário e duração dos testes • Condução do teste • Motivação • Preparo das amostras • Julgadores O laboratório de análise sensorial deve: • Possuir um ambiente tranquilo • Prover conforto físico • Ser de fácil acesso aos julgadores • Ser longe do local de processamento de alimentos • Ser dividido em duas áreas: preparo das amostras e condução de testes • Mobília ser de cores neutras, livre de odores que se propaguem no meio, fácil limpeza e de superfície não-porosa como aço inoxidável, fórmica e teflon A área de preparo deve: • Ser independente da área de teste • Ser equipada com utensílios adequados (recipientes descartáveis, de vidro, de aço inoxidável ou porcelana, talheres, etc) • Possuir equipamentos necessários ao preparo (forno-fogão, microondas, etc.) e manutenção da temperatura ideal para conservar e/ou servir as amostras (freezer, geladeira, banho- maria, etc). • Evitar uso de plástico e de madeira. • Utilizar produtos de limpeza neutros e sem cheiro A área de condução de testes deve: • Possuir cabines individuais próximas à área de preparo das amostras • Utilizar luz branca ou colorida (vermelha, verde ou azul) • Possuir bancada ampla • Possuir cuspideiras (recipiente apropriado) • Possuir escotilhas ou janelas • Possuir sinal luminoso (lâmpada externa) • Possuir mesa para discussão • Evitar horários muito próximos às principais refeições Manhã: 10 e 11 horas Tarde: 15 e 16 horas • Melhor horário é função do tipo de amostra • Sabor forte ou bebidas alcoólicas: tarde • Café ou suco de frutas: manhã cedo ou meia hora após almoço • Carnes e pescados: 1 a 1:30h após almoço • Tipo de provador: treinado x não treinado (consumidor) • Duração dos testes: não deve exceder 20 minutos • Instruir o julgador em relação aos procedimentos do teste • Avaliação da amostra: Bandeja com as amostras Remoção de sabores: água, biscoito água (ou água e sal), água morna, pão, maçã, etc. Questionário ou ficha de avaliação: simples e clara Usar lápis Copo para rejeição das amostras já avaliadas • Um julgador motivado é mais minucioso Explicar o objetivo das análises Mostrar resultados Elogiar performance Pagamentos Conceder intervalos de trabalho Recompensas: brindes, refeições, etc. • Apresentação das amostras: rigorosamente igual • Recipientes uniformes (mesmo tamanho, cor e forma) e adequados, limpos, livre de odores estranhos • Quando necessário eliminar diferenças entre as amostras: utilizar recipientes opacos, de fundo preto, luz colorida • Alimento suporte ou veículo de apresentação das amostras mais utilizados: Biscoitos água e sal - geléia, manteiga ou margarina Batata - óleo de soja Arroz - caldo de carne Pão branco ou torrada - maionese Macarrão - molho de tomate • Quantidade de amostra: Padronizada : mesmo tamanho, corte, formato, peso, volume Geralmente 15 a 30g ou mL: Sólidos- arroz , verduras e feijão25g Líquidos- sopas, cremes 15mL Bebidas- até 50mL Balas, bombons, doce em barra- 1 unidade A quantidade da amostra deve ser suficiente para que o provador avalie e tire as suas conclusões e depende também do tipo de teste adotado. • Temperatura da amostra: Constante ao longo do teste e varia com a amostra: normalmente naquela em que as amostras são consumidas Frutas, doces, pães: temp. ambiente Verduras cozidas e carnes (assadas, cozidas ou fritas): 57oC Leite, refrescos e sucos: entre 4oC e 10oC Gelados comestíveis: -1oC Cerveja: 4oC a 5oC Refrigerantes: 4oC a 6oC Maionese: 22oC Chá e café: 68oC a 71oC • Apresentação das amostras Codificação da amostra: Número de três dígitos aleatórios (345, 768, 896, ...) Ordem de apresentação das amostras Sorteio Aleatória (randomizada) e balanceada: mesmo número de vezes em todas as posições. Exemplo: 3 amostras A, B e C A B C; A C B; B A C; B C A; C A B; C B A • Número de amostras depende: Natureza do alimento Sabor forte: no de amostras pequeno pra não fadigar o julgador Condimentados ou gordurosos: 1 par de amostra Máximo de 5 amostras por sessão Tipo de teste: Visão > Odor > Sabor Experiência e capacidade do provador Tempo disponível para a realização do teste • Treinados x Não treinados: não podem ter aversão ao produto Sexo e idade Fumante ou não fumante Tipo de apetite (normal ou alterado) Saúde Doenças ou acidentes Odores corporais Interesse, empenho e motivação Responsabilidade e perseverança, honestidade Consistência/reprodutibilidade e objetividade nos julgamentos Memória para odor, gosto, sabor e textura Habilidade de concentração Que não gerem respostas tendenciosas Disponibilidade de tempo e tranquilidade para realizar os testes Sensação – função das características inatas do objeto Percepção – quando o observador toma consciência da sensação Ex: olhar e ver, escutar e ouvir A mente armazena as percepções da memória, as quais são continuamente modificadas pelas novas percepções – impressões O conjunto de elementos responsáveis pelas percepções são: olfato, paladar, visão, audição e tato “Odor é a propriedade sensorial perceptível pelo órgão olfativo quando certas substâncias voláteis são aspiradas” (ABNT, 1993) Características do odor: • Intensidade: tem relação com a própria característica do odor (nota) e a concentração; • Persistência: está diretamente relacionada ao tempo de duração; • Saturação: está relacionada com a capacidade do sistema nervoso central em se acostumar ao odor e passar a não percebê- lo conscientemente. “O aroma é a propriedade de perceber as substâncias aromáticas de um alimento depois de colocá-lo na boca, via retronasal” (Teixeira, 2009) Características do aroma: • É essencial para compor o sabor dos alimentos, a qual podemos comprovar quando estamos resfriados e, então, não sentimos o sabor dos alimentos A quantidade de voláteis que são liberados de um produto está diretamente relacionada à temperatura e à natureza dos compostos Relação com a aceitação dos produtos: pode atrair ou repelir As substâncias voláteis dos alimentos são solúveis, total ou parcialmente, no muco aquoso que cobre os receptores O nariz é mais sensível que métodos químicos de análise - detecta alguns compostos em nível de ppb Propriedades funcionais incluem: • Sensibilidade – individuo, idade, estado de saúde, estado fisiológico • Discriminação da intensidade e qualidade • Tendência à adaptação/fadiga • Inibições por misturas Anosmia – não percepção de odores “O sabor é um atributo complexo, definido como experiência mista, mas unitária de sensações olfativas, gustativas e táteis percebidas durante a degustação” (ABNT, 1993) É uma das propriedades sensoriais da cavidade bucal relacionadas ao paladar, percebida. É a identificação, através das papilas gustativas, das características básicas (ou gostos primários) dos alimentos, ou seja, os gostos ácidos, amargos, doces, salgados e umami Quando um sabor não pode ser definido claramente é denominado suigeneris Características importantes: • Tempo de percepção • Sabor residual • Temperatura (10 e 35oC) Temperaturas aumento da sensibilidade para o gosto doce e Temperaturas diminuição da sensibilidade para os gostos salgado e amargo Ageusia – não percepção do gosto Flavor = sabor + aroma Nervo trigêmeo • Controla a musculatura da mastigação e a sensibilidade facial • Terminação na córnea, oral e cavidade nasal Irritação química • Estímulo das terminações do nervo trigêmeo • Irritantes: capsaicina (pimenta), mentol, isoalil-tiocianato (mostarda), taninos A sensibilidade para os gostos básicos é medida utilizando- se substâncias puras em soluções aquosas: • Sacarose: doce • Ácido cítrico: ácido • Cafeína: amargo • Cloreto de sódio: salgado . O primeiro contato do consumidor com um produto, geralmente, é com a apresentação visual, onde se destacam a cor e a aparência A cor de um objeto possui três características distintas: • Tom: determinado pelo comprimento de onda da luz refletida pelo objeto; • Intensidade: depende da concentração de substâncias corantes dentro do alimento • Brilho: quantidade da luz refletida pelo corpo em comparação com a quantidade de luz que incide sobre o mesmo Impacto visual – recurso da industria para tornar o alimento apetitoso, induzindo o consumidor a adquirir o produto Receptor: retina • Cones – detecção da cor • Bastões – visualização da forma e do brilho Os alimentos possuem sons característicos, que são reconhecidos pela experiência prévia do consumidor, sendo associado principalmente à textura do alimento O ruído ou som que é produzido por muitos alimentos ao serem mastigados tem importância fundamental na sua aceitação pois está diretamente relacionado com a sua qualidade Ex: Pode definir o grau de maturação: Também é associado com a preparação de alimentos: A textura é a principal característica percebida pelo tato É o conjunto de todas as propriedades reológicas e estruturais (geométricas e de superfície) de um alimento, perceptíveis pelos receptores mecânicos táteis e eventualmente pelos receptores visuais e auditivos A textura se manifesta quando o alimento sofre uma deformação (quando é mordido, prensado, cortado, etc)
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