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LIVRO TEXTO - Teoria Geral do Direito Empresarial e Cambiario UIII Diagramado

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TEORIA GERAL DO DIREITO 
EMPRESARIAL E CAMIBIÁRIO 
 
Prof. Me. Gustavo Aurélio Martins 
 
 
 
Prof. Guilherme Bernardes Filho 
Diretor Presidente 
Prof. Aderbal Alfredo Calderari Bernardes 
Diretor Tesoureiro 
Prof. Frederico Ribeiro Simões 
Reitor 
 
UNISEPE – EaD 
Prof. Me. Igor Gabriel Lima 
Prof. Dr. Jozeildo Kleberson Barbosa 
Prof. Me. Leonardo José Tenório Mourão Torres 
 
Material Didático – EaD 
Equipe editorial: 
Fernanda Pereira de Castro - CRB-8/10395 
Isis Gabriel Alves 
Laura Lemmi Di Natale 
Pedro Ken-Iti Torres Omuro 
Prof. Dr. Renato de Araújo Cruz 
Apoio técnico: 
Alexandre Meanda Neves 
Anderson Francisco de Oliveira 
Gustavo Batista Bardusco 
Matheus Eduardo Souza Pedroso 
Vinícius Capela de Souza 
Diagramação: 
Lianna Cavalcante Ribeiro 
Equipe de revisão: 
Ana Beatriz Torres Omuro, Prof.ª Camila Santos Seimaru, Prof.ª Fabíola Löwenthal, Marcela Gonçalves Ferreira Camillo. 
 
 
 
 
 
 
SOBRE O AUTOR: 
Graduado em Direito, mestre em Direitos Difusos e Coletivos, docente do curso de graduação em 
Direito da UNIFIA e autor de artigos científicos na área do Direito. 
 
SOBRE A DISCIPLINA: 
A disciplina de Teoria Geral do Direito Empresarial e Cambiário tem a iniciativa de introduzir o estudo 
da matéria voltado ao ramo empresarial. No início, como já visto, o Direito é dividido em vários ramos, 
Constitucional, Civil, Penal, Ambiental e, entre estes, se encontra do Direito Empresarial, ramo 
destacado para cuidar das relações de cunho comercial, onde somente as regras civis não seriam 
suficientes, em virtude das especificidades que permeiam os negócios de relações jurídicas 
empresariais. Assim, para aprofundar o estudo das citadas relações, como em todas as disciplinas, 
é necessário introduzir as bases, em cima das quais serão construídos todos os conceitos e 
ensinamentos do ramo ao qual se tem a finalidade de estudar, neste caso, o Empresarial e 
Cambiário. Portanto, a presente disciplina irá apresentar as informações conceituais e necessárias 
para compreender toda a disciplina deste ramo do Direito. 
 
 
 
 
 
Os ÍCONES são elementos gráficos utilizados para ampliar as formas de linguagem 
e facilitar a organização e a leitura hipertextual. 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
UNIDADE III ...........................................................................................05 
9º Propriedade industrial...............................................................05 
10º Patentes e registros..................................................................14 
11º Direito cambiário.......................................................................23 
12º Títulos de crédito em espécie...................................................32 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
UNIDADE III 
CAPÍTULO 9 – PROPRIEDADE INDUSTRIAL 
 
No término deste capítulo, você deverá saber: 
✓ Noções gerais da propriedade industrial; 
✓ Histórico de evolução; 
✓ Tratamento constitucional; 
✓ Bens protegidos pela legislação; 
✓ Instituto Nacional da Propriedade Industrial; 
✓ Patentes de invenção e modelos de utilidade; 
✓ Novidade e atividade inventiva; 
✓ Aplicação industrial e licitude do objeto. 
 
Introdução 
O sistema legilativo mundial adota uma postura de procurar proteger as invenções criadas pelos 
seres humanos, tendo em vista a sua aplicabilidade industrial e lucratividade. Dessa forma, foram 
criadas legislações e órgãos internacionais para proteção e discussão da atualização das mesmas 
medidas. 
A ivenção se tornou importante com a globalização possibilitada pela Revolução Industrial, 
se antes não possuíamos maiores alterações, dada a situação de produção artesanal, com o advento 
das industrias e a velocidade de produção dos produtos, o caminho da proteção de invenções dos 
seres humanos passou a ser trilhado. 
Assim, as inveções e os modelos de utilidade se tornaram importantes no mundo comercial, 
passando a integrar o estabelecimento empresarial e a ser enquadrados como bens passíves de 
patente e proteção. A propriedade industrial assume contornos de sub-ramo do Direito Empresarial, 
com legislação e requisitos próprios. 
Portanto, o estudo da propriedade industrial é necessário para compreender a proteção do 
mercado através da legislação que trata de forma específica sobre os inventos, bem como entender 
a atuação governamental na inserção de normas eficazes de estabilização do sistema e segurança 
na produção industrial globalizada. 
 
9.1 Noções Gerais 
Outrora, vimos o nascimento do empresário, a forma de exploração da atividade econômica voltada 
para a obtenção de lucros, sendo que para isso, deveria realizar a organização de todo um complexo 
de bens a serem utilizados na atividade empresarial, dentre estes, o ponto comercial, equipamentos, 
capital, entre outros, recebendo o nome de estabelecimento empresarial. 
 
6 
 
Contudo, dentro do estabelecimento empresarial, não temos somente os bens materiais, 
aqueles que podem ser visualizados pelo homem, possuímos ainda os bens imateriais, patrimônio 
que possibilita a exploração da atividade econômica e estes são protegidos por um modelo específico 
legislativo, o qual é chamado de direito de propriedade industrial, previsto na Lei 9.279/1996. 
Esse modelo legislativo irá proteger alguns pontos importantes na exploração da atividade 
econômica, como marcas, patentes, invenções, desenhos industriais, modelos de utilidade, entre 
outros, buscando reprimir falsas reproduções e a concorrência desleal. 
A propriedade industrial entra como sub-ramo específico do Direito Empresarial, pois existe 
legislação própria e regime jurídico de tratamento para seus institutos. No entanto, ainda podemos 
colocá-lo inserido no regime de proteção aos direitos intelectuais, o qual também está a proteção ao 
direito autoral. Assim tratamos o direito intelectual como gênero, o qual, teremos como espécies o 
direito daquele que inventa algo (propriedade industrial) e o do autor (direito autoral), sendo que este 
último é mais ligado ao Direito Civil. 
A ligação em comum dessas espécies está no fato de protegerem situações imateriais, que 
não podem ser visualizadas pelo homem, como o maquinário do estabelecimento empresarial, pois 
resultam da atividade criativa do homem. Nesse sentido, podemos citar André Santa Cruz (2019, p. 
162): 
Ressalta-se, todavia, que embora o direito do autor e o direito do inventor sejam 
ambos agrupados sob a rubrica genérica intitulada direito de propriedade intelectual, 
como visto, há relevantes diferenças entre eles, sobretudo no que se refere ao regime 
de proteção jurídica aplicável, e isso dá, sobretudo, porque o direito autoral protege 
a obra em si, enquanto o direito de propriedade industrial protege uma técnica. 
Portanto, o que iremos discutir neste capítulo é exatamente a proteção da técnica ligada à 
exploração da atividade empresarial, bem imaterial empregado pelo empresário para funcionamento 
de todo o estabelecimento empresarial e para obtenção da lucratividade, através da organização dos 
fatores de produção, conforme requer a legislação aplicável ao caso. 
 
 
O que o direito de propriedade industrial e o direito autoral têm em comum, pois, é o fato de protegerem bens 
imateriais, que resultam da atividade criativa do gênio humano, e não de forças físicas, razão pela qual são 
agrupados sob a denominação comum de direito de propriedade intelectual (SANTA CRUZ, 2019, p. 162). 
 
 
9.2 Breve Histórico da Propriedade Industrial 
Após a Revolução Industrial, quando as industriais passaram a efetivar a produção dos bens de 
consumo, o homem se preocupou em realizar legislações e disposições para proteção de seus 
inventos, pois passou a compreender que a parte da produção de riquezas residia dentro da criação 
dos inventos e estes precisavam ser protegidos de forma eficiente. 
 
7 
 
Aconteceram casos antes desse marco de intensificação,mas não como passou-se a 
produzir após a Revolução Industrial, pois antes era intrinsicamente ligado às situações de 
conveniência e política, após passaram a existir métodos de proteção sem distinção, visando à 
proteção da invenção e não da pessoa em si. 
Em seguida, tivemos o surgimento de codificações de patentes, em 1474, na cidade de 
Veneza e, em 1623/1624, na Inglaterra, estas acabavam com os privilégios concedidos na Idade 
Média e instalavam um novo sistema de proteção aos inventores. Nesse sentido, em 1883 foi firmada 
a Convenção da União de Paris, sendo o Brasil signatário e, posteriormente, em 1886, a Convenção 
de Berna para assuntos literários, artísticos e científicos. Em 1893, aconteceu a reunião de ambas 
as convenções que passou a ser administrada pelo Escritório Internacional Reunido para Proteção 
da Propriedade Intelectual. 
A Organização Mundial da Propriedade Intelectual surge em 1967, sendo que o tratado entra 
em vigor em 1970 e quatro depois, passou a integrar a Organização das Nações Unidas. Em 1994 
foi criada a Organização Mundial do Comércio, e em seu âmbito firmou o Acordo Trips, um acordo 
novo e amplo sobre propriedade intelectual. Os Estados Unidos sempre atuaram para regular uma 
norma mais eficaz para a proteção intelectual, sendo que após o acordo Trips, foram realizados 
outros com a intenção de elevação dos padrões adotados pelas comunidades internacionais. 
 
9.3 Tratamento Constitucional no Brasil 
O Brasil, no âmbito constitucional, cuidou do assunto desde a sua Constituição de 1824 e seguiu até 
as disposições na Constituição vigente de 1988. O texto Constitucional, em seu artigo 5º, XXIX, traz 
a redação: 
a lei assegurará aos autores dos inventos industriais privilégio temporário para sua 
utilização, bem como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos 
nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e 
o desenvolvimento tecnológico e econômico do país. 
A lei que trata sobre o assunto é, conforme mandamento constitucional, a Lei 9.279 de 1996, 
esta tratará sobre os assuntos da propriedade industrial, como regras de proteção aos inventos, 
métodos a serem seguidos pelos empresários e clareza no regime jurídico criado no país para 
adequação dos regimes internacionais de propriedade industrial. 
 
9.4 Os Bens Protegidos pela Lei de Proteção Industrial 
Tendo realizado os breves apontamentos sobre a necessidade de proteção das invenções, resta-
nos agora estudar os tipos de bens que são protegidos pela legislação pátria, estes são apontados 
no artigo 2º da Lei 9.279/96, quais são: invenção, modelo de utilidade, marca e desenho industrial. 
Os primeiros são protegidos mediante concessão de patente, e os últimos mediante registro no órgão 
competente. 
A legislação da propriedade industrial ainda atua para estabilizar o mercado, pois contempla 
regras de proteção de concorrência desleal. Nesse sentido, precisamos destacar que os bens 
 
8 
 
citados, apesar de serem imateriais, integrando o estabelecimento comercial para exercício da 
atividade empresária, são considerados, conforme dispõe o artigo 5º da lei 9.279/96, como bens 
móveis, o que permite sua comercialização, como a licença de exploração de uma patente de 
invenção ou a cessão de um registro. 
 
 
A propriedade industrial não está separada da proteção da propriedade autoral, ambas são reunidas em um 
mesmo campo, o da propriedade intelectual. Procure saber mais sobre as proteções autorais, pois estas são 
mais ligadas ao Direito Civil. 
 
 
9.5 Instituto Nacional da Propriedade Industrial - INPI 
As regras da propriedade intelectual são aplicadas, no Brasil, pelo Instituo Nacional da Propriedade 
Industrial, autarquia federal vinculada ao Ministério da Economia. Sua função é executar em âmbito 
nacional, as normas que regulam a propriedade industrial, bem como analisar a conveniência de 
tratados, convênios e acordo na respectiva matéria de sua atuação. 
Obviamente, que o Instituto Nacional da Propriedade Industrial é ente que pertence à 
administração pública, não possuindo caráter da jurisdição, em virtude disso, suas decisões podem 
ser revistas pelo Poder Judiciário, de acordo com a aplicação do artigo 5º, XXXV, que traz o princípio 
da inafastabilidade da jurisdição. 
A justiça responsável por julgar os processos que terá como parte o Instituto Nacional da 
Propriedade Industrial é a Justiça Federal, como é uma autarquia federal, os processos devem ir 
para tal justiça. O domicílio a ser adotado é o da seção judiciário do Rio de Janeiro, salvo quando o 
processo contemplar mais de um réu, o Instituto e um particular, neste caso, segundo jurisprudência 
do Superior Tribunal de Justiça, caberia ao autor da demanda escolher, ou no Rio de Janeiro ou no 
foro de domicílio do outro réu. 
Em ações indenizatórias, a competência será da justiça comum, e não da Justiça Federal, 
pois a má utilização de patente ou registro não vincula o Instituto ao processo, este somente fará 
parte em caso de pedido de anulação de patente ou registro. Nesse sentido, é inviável falar em 
cumulação de pedidos com ação indenizatória e anulatória de ato praticado pelo Instituto, pois o 
Código de Processo Civil somente permite a cumulação de pedidos, entre outros requisitos, quando 
for o mesmo juízo competente, o que, como vimos, não serio o caso. 
 
 
 
9 
 
 
 
O Instituto Nacional da Propriedade Intelectual é uma autarquia federal, desta forma eventuais processos que 
tenham o mesmo no polo passivo isoladamente devem correr pera a Justiça Federal na seção judiciária do Rio 
de Janeiro, sendo do instituto. Contudo, quando existirem mais réus no processo, é necessário realizar uma 
análise das regras de competência, podendo, por exemplo, o processo correr no domicílio de um dos 
requeridos, mas na Justiça Federal, tendo em vista o interesse da União. 
 
 
 
Para conhecer o site do Instituto Nacional da Propriedade Industrial, acesse o link: 
https://www.gov.br/inpi/pt-br 
 
 
9.6 Patentes de Invenção e Modelo de Utilidade 
A legislação não traz em seu texto o que seria uma invenção, pois estamos diante de um conceito 
difícil de ser definido, mas ao mesmo tempo capaz de ser entendido por qualquer pessoa. Assim, 
podemos trazer que invenção é algo novo, fruto da atividade criativa do ser humano. A legislação 
somente nos diz que a invenção é patenteável. 
Em contrapartida, o modelo de utilidade vem definido no artigo 9º da Lei de Proteção 
Industrial, “objeto de uso prático, ou parte deste, suscetível de aplicação industrial, que apresente 
nova forma de disposição, envolvendo ato inventivo, que resulte em melhoria funcional no seu uso 
ou em sua fabricação”, ou seja, trata-se de algo já existente, mas que foi melhorado pela atividade 
do ser humano e que precisa produzir uma melhora funcional em seu uso ou em sua fabricação. 
Assim, apesar de ambos serem objeto de patentes, não podemos entender que possuam o 
mesmo conceito, pois a invenção é necessariamente algo novo, e o modelo de utilidade é o 
melhoramento de algo que já estava desenvolvido, precisa necessariamente apresentar algo de 
diferente em sua utilização ou fabricação, e não meras mudanças ornamentais. 
No intuito de obter a proteção necessária para a sua invenção, o sujeito precisa demonstrar 
alguns requisitos que estão contidos na legislação, como a novidade, atividade inventiva, aplicação 
industrial e licitude, estes são os elementos necessários para que um pedido de patente seja deferido 
pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial, conhecidos como requisitos de patenteabilidade. 
 
 
https://www.gov.br/inpi/pt-br
 
10 
 
9.7 Novidade e Atividade Inventiva 
A legislação adotou a questão na novidade absoluta, ou seja, a matéria a ser patenteada não poderia 
ter sido conhecida anteriormente, a civilização não pode ter tido contato em nenhum país ou em 
tempos remotos, a de sercompletamente nova, demonstrar sua novidade. 
O estado da técnica vem definido na regra do artigo 11, §1º da Lei 9.279/96: “o estado da 
técnica é constituído por tudo aquilo tornado acessível ao público antes da data de depósito do 
pedido de patente, por descrição escrita ou oral, por uso de qualquer outro meio no Brasil ou no 
exterior, ressalvado o disposto nos artigos 12,16, e 17”. 
No entanto, para tratarmos algo como já de conhecimento público, precisamos seguir alguns 
caminhos, pois a questão do tornado acessível ao público não pode ser entendida de um prisma 
leviano, o que acarretaria em prejuízo ao mercado. Dessa forma, a doutrina nos aponta um caminho 
a ser seguido, temos quer ter certeza quanto à existência e à data, suficiência em relação ao 
entendimento de um técnico sobre o produto em questão, bem como a publicidade, o que tornaria o 
produto conhecido por terceiros. 
Assim, sem a presença da certeza, suficiência e publicidade, estaremos diante de algo 
inédito, considerado novo no estado da técnica. Importante destacar que, em alguns casos, o produto 
pode ser comercializado antes de ser patenteado, o que não traria nenhum prejuízo ao processo em 
questão, pois a análise dos requisitos deverá retornar ao momento de fabricação, não podemos 
adotar a engenharia reversa no âmbito mercantil, pois o produto não perderia a novidade por ter sido 
colocado antes de patenteado no mercado. 
A lei no artigo 12 contempla ainda o que chamamos de período de graça, pois se o inventor, 
nos 12 meses que antecedem o depósito do pedido de patente, acabou divulgando seu invento em 
algum lugar, como palestras, por exemplo, não terá o seu direito de patenteabilidade prejudicado, 
sendo que o mesmo princípio é aplicado se a divulgação é realizada por terceiro com informações 
obtidas do inventor. 
Ao falarmos da atividade inventiva, precisamos destacar no artigo 13 e 14 da Lei de Proteção 
Industrial, pois não serão consideradas invenções aquelas que se tratam de resultado óbvio do 
estado da técnica, nem o modelo de utilidade se for algo evidente a ser detectado. 
Ora, a legislação mira a proteção do inventor e não propriamente para o descobridor de algo 
evidente. Portanto, deve aquele que pede a patente de invenção ou de modelo de utilidade 
comprovar o seu ato de criação. Ademais, o técnico no assunto que irá estudar o invento não precisa 
ser o profissional mais qualificado, mas somente um profissional da área técnica em questão. 
 
 
A exigência da atividade inventiva ser absolutamente nova tem a finalidade de buscar maior segurança no 
sistema, impedindo que existam conflitos em diversos produtos patenteados. 
 
 
11 
 
9.8 Aplicação Industrial e Licitude do Objeto da Patente 
Na aplicação industrial, precisamos olhar para o artigo 15 da legislação, “a invenção e o modelo de 
utilidade são considerados suscetíveis de aplicação industrial quando possam ser utilizados ou 
produzidos em qualquer tipo de indústria”, o invento deve ser útil e também ser possível de produção. 
A aferição passa para a utilidade do invento, tendo em vista que um produto que não pode 
ser produzido em nenhum modelo de indústria existente, bem como um que não sirva para resolver 
nenhum problema técnico, não podendo ser patenteado, pois a legislação não protege invenções 
inúteis. 
O artigo 18 da legislação trata sobre a licitude do objeto a ser patenteado, este não poderá 
atentar contra a moral e os bons costumes, contra a ordem e saúde pública, entre outros. Ademais, 
neste caso específico, o objeto atende aos requisitos da novidade, mas por valores maiores, como a 
moral e bons costumes, não pode vir a ser patenteado. 
Não é possível confundir a previsão do artigo 18 com a previsão do artigo 10, pois neste 
segundo artigo, temos uma escolha do legislador em dizer que não há, naqueles casos, a invenção. 
Já no primeiro artigo, o 18 da lei, em uma primeira análise, o objeto poderia ser patenteado, mas por 
imposição de valores maiores não será e é exatamente este ponto de atuação que visa à ordem 
legislativa, impedir que novas invenções atentem contra as leis e valores, objetos ilícitos que seriam 
legalizados por intermédio do procedimento de patente. 
 
Considerações Finais 
O Direito tem se organizado para conferir maior proteção aos regimes adotados no mundo 
empresarial, buscando tratar, inclusive, da situação de bens imateriais que compõem o arcabouço 
dos patrimônios do estabelecimento empresarial, como os intelectuais, sendo que se encontram ali, 
os de propriedade industrial. 
Ora, o desenvolvimento do mundo globalizado levou a todo o planeta as invenções, atos 
criativos dos seres humanos e que possuem a finalidade de melhorar a vida das pessoas, sendo 
certo de que há a necessidade de comprovação de determinados requisitos para seu reconhecimento 
e proteção legal. 
Assim, principalmente após a Revolução Industrial, as normas jurídicas para tratar sobre o 
assunto se intensificaram com a criação de organismos mundiais de preservação da ordem de 
proteção da propriedade intelectual, visando a uma normatização mais uniforme em todo o globo, 
sendo o Brasil signatário de tais medidas. 
Portanto, não poderia ser diferente no sistema legislativo brasileiro, pois o legislador conferiu 
na Lei 9.279/96, diversos conceitos a serem aplicados a um sistema de proteção dos inventores. 
Ora, a necessidade de comprovação de certos requisitos é para maior segurança do sistema em si, 
pois nem todos merecem, obviamente, terem seus projetos aprovados em patentes, pois não 
contribuiriam em nada para o mercado ou poderiam ser meras repetições de técnicas já adotadas. 
 
12 
 
No momento em que adotados o modelo protetivo, o legislador precisa estar capacitado para 
renovar o âmbito de proteção, tendo em vista a velocidade do mercado, razão pela qual, em alguns 
assuntos, não traz conceitos fechados, como é o caso da invenção, esta fica a cargo do 
conhecimento normal, ato criativo do ser humano que resulta em algo inédito. 
A aplicação do projeto novo deve ser plausível, ou seja, deve sempre ter no mercado a 
capacidade de absorver o invento e produzir nas indústrias para chegar à comercialização. Não 
podemos pensar em patentear algo que não pode ser produzido, pois não se trataria de uma nova 
solução técnica para determinado assunto, mas somente uma visão do ser humano que não pode 
ser concretizada. 
 
 
A atividade empresarial, a qual se encontra o estabelecimento empresarial, possui diversos tipos de bens, 
sobretudo na questão material, como maquinário, estoque, entre outros, mas possui ainda bens que não podem 
ser tratados como meros objetos, considerados intelectuais e, incluídos nestes, estão os relacionados à 
propriedade industrial. 
 
As discussões sobre um patrimônio que preserve a propriedade industrial têm uma intensificação na época da 
Revolução Industrial, com a passagem de uma produção artesanal para uma produção metodologicamente em 
massa. Os inventos precisavam ser protegidos não por conveniência ou interesse, mas por preservação da 
atividade em si. A evolução levou à criação de organismos internacionais para tratar sobre o assunto, estes 
contribuíram com a elaboração de tratados e uniformização de um modelo de proteção. 
 
O Direito brasileiro tem, no texto constitucional, adotado um perfil de tratar sobre o assunto desde a 
Constituição de 1824, entretanto, no texto atual da Constituição de 1988, mais precisamente no artigo 5º, XXIX, 
garante os direitos dos inventores na legislação máxima do ordenamento jurídico brasileiro. 
 
O legislador possuiu um cuidado ao elencar os bens que poderiam ser protegidos pelo sistema para que não 
fossem quaisquer situações patenteadas e protegidas. Assim, temos as invenções, modelos de utilidade, 
marcas e desenhos industriais, todos serão protegidos desde que comprovados os requisitos para tanto. 
 
O pedido será efetivado perante o Instituto Nacional da Propriedade Industrial,autarquia federal, que tem como 
finalidade analisar os pedidos e determinar proteção àqueles que cumprirem os requisitos. A competência para 
julgar processos acerca do Instituto é da Justiça Federal, mas somente se tratar de anulação de registro, 
enquanto para indenizações, como o particular será alvo, o processo correrá na justiça comum. 
 
A invenção é reservada para determinados tipos de produtos que comprovem uma absoluta novidade, não há 
no sistema qualquer produto igual a este, o estado da técnica é comprovado, houve um surgimento de inovação 
tecnológica. O modelo de utilidade parte de um produto já existente, mas temos um melhoramento funcional, 
não podendo ser meramente estético, mas sim estar ligado ao modo de produção e que tenha capacidade de 
melhorar a utilização do invento. 
 
Os requisitos de proteção são importantes para deferir o ponto de atuação da legislação, assim a novidade 
deve estar comprovada por meio de parecer técnico, não necessitando ser o mais qualificado, mas sim da 
área. 
 
A necessidade de aplicação industrial é para o produto ter plausibilidade de produção, não podemos imaginar 
uma situação de invento que não pode ser produzida recebendo proteção do sistema legislativo, não deve 
ainda atentar contra os bons costumes e valores morais, se assim for, violará o artigo 18 da Lei 9.279/96. 
 
 
13 
 
 
 
 
Direito Empresarial, de André Santa Cruz Ramos, é excelente doutrina para o aprofundamento do Direito 
Empresarial, desde a origem até os institutos específicos, sendo muito utilizada por acadêmicos na graduação 
e por profissionais que prestam concurso público. 
 
 
 
SANTA CRUZ, André. Direito Empresarial. 9ª Ed. São Paulo, Método. 2019. 
 
 
14 
 
UNIDADE III 
CAPÍTULO 10 – PATENTES E REGISTROS 
No término deste capítulo, você deverá saber: 
✓ Desenho industrial; 
✓ Requisitos do desenho industrial; 
✓ Procedimento de solicitação do registro; 
✓ Concessão e prazo de deferimento; 
✓ Marca; 
✓ Sinais não registráveis; 
✓ Marca e nome empresarial; 
✓ Espécies de marca. 
 
Introdução 
O regime de proteção adotado pela legislação não é somente para patentes de invenção e modelos 
de utilidade, tendo em vista que os comerciantes desenvolvem diversos tipos de produtos e serviços 
e, para a manutenção da estabilidade e coibir a existência de concorrência desleal, são colocadas 
diversas medidas, como o procedimento de registro. 
Ao olharmos para o desenho industrial, estamos diante de um momento de desenvolvimento 
de algo que será comercializado, para tanto, é necessário protegê-lo, impedindo que terceiros 
obtenham vantagem sobre o trabalho desenvolvido por outro. Não podemos confundir o desenho 
industrial com os desenhos de obra de arte, pois estes recebem tipo de proteção diversa. 
A marca, modalidade de proteção, é conferida para outros tipos de sinais característicos, que 
estão ligados à exploração mercantil, como os desenhos industriais, mas que assumem papel 
diferente, visando à distinção dos produtos e serviços introduzidos pelos empresários no mercado, 
assim, a sistemática de proteção fica completa e o legislador consegue efetivar métodos que possam 
trazer maior tranquilidade ao mercado. 
Portanto, o estudo do regime de proteção passa pelas patentes de invenção e modelos de 
utilidade, mas também pelo estudo das questões ligadas ao desenho industrial e à marca, que são 
registrados em procedimentos diferentes e específicos, com prazo de concessão diverso daquele 
concedido à patente. 
 
10.1 Desenho Industrial 
A primeira diferenciação que temos que fazer é sobre a questão da solicitação da proteção, enquanto 
na invenção e modelo de utilidade aplica-se a patente, no caso do desenho industrial e marca, o 
procedimento adotado é o de registro, mas conferindo a mesma proteção do sistema da propriedade 
intelectual. 
 
15 
 
O artigo 95 da Lei de Propriedade Industrial (Lei 9.279/96) traz o conceito de desenho 
industrial, qual seja: 
considera-se desenho industrial a forma plástica ornamental de um objeto ou o 
conjunto ornamental de linhas e cores que possa ser aplicado a um produto, 
proporcionando resultado visual novo e original na sua configuração externa e que 
possa servir de tipo de fabricação industrial. 
Contudo, há de se fazer uma diferenciação, o desenho industrial não possui a mesma 
proteção das obras de artes, apesar de pertencer ao mesmo gênero, o da propriedade intelectual, 
no caso do desenho industrial, a proteção está referida no âmbito da propriedade industrial, enquanto 
as obras de arte, a proteção está inserida no rol dos direitos autorais. 
Ademais, somente o desenho industrial é suscetível de aplicação em um determinado 
produto, pois as obras de arte são peças meramente decorativas, já o desenho tem um futuro de 
utilidade, pois será transformado em um produto fabricado pela indústria e comercializado. Portanto, 
desenho industrial seria um desenho estético, mas aplicável a um determinado produto industrial. 
O registro do desenho industrial deve, assim como no modelo adotado pelas patentes, seguir 
determinados tipos de requisitos, como a novidade, originalidade, aplicação industrial e licitude. 
Portanto, estando presentes tais requisitos, o titular do desenho industrial poderá pleitear o seu 
registro e sua respectiva proteção. 
 
10.2 Requisitos do Desenho Industrial 
O requisito da novidade recebe a mesma aplicabilidade quando tratamos das patentes, pois não 
pode o desenho industrial já estar concebido no estado da técnica, entendido como todas as 
informações já disponíveis ao público, antes da data do depósito do pedido de proteção, exatamente 
o que afirma o artigo 96 da legislação, “o desenho industrial é considerado novo quando não 
compreendido no estado da técnica”. 
Importante destacar que ao falarmos de originalidade, vamos nos portar ao artigo 97 da 
legislação, que impõe a necessidade de “uma configuração visual distintiva, em relação a outros 
objetos anteriores”, dessa forma, o resultado original poderá ser obtido através de uma combinação 
de elementos conhecidos, mas acabará sendo diferente na reunião desses elementos. 
Portanto, para estarmos diante de um desenho industrial original, temos que analisar como 
ele estará visualizado em relação a todos os outros já existentes e se estivermos perante uma 
significativa modificação, algo diferente dos outros já existentes no mercado, o requisito da 
originalidade estará cumprido. 
A aplicação industrial, conforme vimos anteriormente, serve para fazermos uma distinção dos 
desenhos industriais das obras de arte, tendo em vista que estas não são aptas para industrialização, 
pois são peças meramente decorativas. Portanto, para falarmos em desenho industrial, este deve ter 
aplicação industrial, ter sido idealizado para ser industrializado e comercializado, excluindo as obras 
de arte, conforme faz o artigo 98 da Lei de Propriedade Industrial. 
 
16 
 
O artigo 100 da referida legislação trata dos desenhos industriais que não podem ser 
registráveis, como havia feito o legislador no artigo 18, ao tratar sobre aqueles que não podem ser 
patenteados, aqui a aplicação também é vedada aos que contrariam a boa ordem, a moral, os 
costumes, que ofenda a honra ou imagem de pessoas, entre outras situações. 
 
10.3 Procedimento de Registro do Desenho Industrial 
Em um primeiro momento, precisamos trazer o artigo 94 da legislação, “ao autor será assegurado o 
direito de obter registro de desenho industrial que lhe confira a propriedade, nas condições 
estabelecidas nesta lei”, ou seja, o pedido de registro passa a ser um direito daquele que 
desenvolveu o projeto, sendo que o pedido pode ser realizado pelo próprio autor, pelos herdeiros, 
pelo cessionário ou por aquele que a lei ou contrato definir a titularidade para tanto. 
O artigo 121 da legislação impõe a aplicação analógica das regras previstas para a 
titularidade de patentes quando o invento é realizadopor funcionários do empresário, regras 
colacionadas nos artigos 88 a 93 da legislação. 
Os documentos devem ser apresentados em língua portuguesa, conforme artigo 101, 
parágrafo único. O pedido será submetido a uma análise preliminar, podendo ser recepcionado com 
pequenos erros, momento em que será dado ao solicitante o prazo de cinco dias para consertar os 
vícios, o modelo é o mesmo adotado para as patentes, com a diferença de que o prazo lá é maior, 
definido pelo legislador em 30 dias. 
A documentação apresentada deve ser capaz de permitir a reprodução do desenho industrial 
por técnicos da área, a medida é colocada na legislação, sobretudo no artigo 104, parágrafo único, 
para permitir que os funcionários do Instituto Nacional da Propriedade Industrial possam aferir a 
capacidade da industrialização, requisito necessário para deferir o registro do desenho industrial. 
 
 
O procedimento de proteção para desenho industrial é diferente de invenção e modelo de utilidade, aqui 
falamos em registro, enquanto os primeiros se referiam às patentes. 
 
 
10.4 Concessão e Prazo de Vigência 
O exame do mérito de concessão é eventual e diferido, pois o Instituto não irá, já em um primeiro 
momento, analisar o objeto em si, tendo em vista que o artigo 106 da legislação traz que “depositado 
o pedido de registro de desenho industrial e observado o disposto nos artigos 100, 101 e 104, será 
automaticamente publicado e simultaneamente concedido o registro, expedindo-se o respectivo 
certificado”, isto é, não haveria uma prévia análise, mas somente se algum terceiro ou o próprio 
 
17 
 
interessado solicitasse que o Instituto analisasse o objeto em questão nos aspectos da novidade e 
originalidade. 
O autor do pedido poderá solicitar o sigilo pelo período de 180 dias, mas a aplicação não é 
obrigatória, devendo ser solicitada, sendo certo que após 90 dias contados da data do depósito, o 
pedido poderá ser retirado, dando preferência para o pedido imediatamente posterior. 
Uma vez concedido o registro do desenho industrial, o titular passar a ser portador de um 
certificado, conforme o artigo 107 da legislação, que diz: “do certificado deverão constar o número e 
o título, nome do autor – observado o disposto no § 4° do artigo 6°, o nome a nacionalidade e o 
domicílio do titular, o prazo de vigência, os desenhos, os dados relativos à prioridade estrangeira, e, 
quando houver, relatório descritivo e reinvindicações”. 
O prazo assinalado para vigência do registro de desenho industrial é de dez anos a serem 
contados da data do depósito efetuado pelo interessado, sendo permitida a prorrogação deste prazo 
por três períodos sucessivos de cinco anos cada, conforme previsão do artigo 108da Lei de 
Propriedade Industrial. 
O pedido de prorrogação deve ser realizado no último ano de validade do registro, devendo 
o solicitante comprovar o pagamento da taxa de retribuição, ressaltado no artigo 108, § 2º, “se o 
pedido de prorrogação não tiver sido formulado até o termo final da vigência do registro, o titular 
poderá fazê-lo nos 180 (cento e oitenta) dias subsequentes mediante o pagamento de retribuição 
adicional”. 
Após a obtenção do certificado, o titular deste terá, como no caso da patente, o direito 
exclusivo de exploração econômica do objeto registrado, ressalvando o direito do terceiro de boa-fé, 
que já, antes do referido registro, exercia a exploração econômica, e assim poderá continuar fazendo 
em conformidade com os limites já anteriormente definidos. 
A decretação de nulidade do registro retroage à data da efetiva solicitação, tendo, portanto, 
efeitos ex tunc, caso o registro seja infração do direito de outrem, este poderá solicitar ao Instituto 
que realize a transferência para o verdadeiro responsável pelo desenho industrial. O pagamento da 
retribuição é quinquenal, diferente das patentes que é anual. Outrossim, ao final do prazo assinalado, 
diferente do que ocorre nas patentes, não há caducidade do registro, não sendo extinto quando 
ocorrer a caducidade dos períodos sucessivos de renovação. 
 
 
Compare os procedimentos de registro e de concessão de patente, apesar de iguais em determinados pontos, 
possuem caracteres diferenciadores. 
 
 
 
 
18 
 
10.5 Marca 
Este é um bem protegido pela legislação, assunto tratado no artigo 122 como, “os sinais distintivos 
visualmente perceptíveis, não compreendidos nas proibições legais”. Ora, a finalidade da adoção da 
marca é a diferenciação do serviço prestado por determinado empresário em relação aos seus 
concorrentes. 
Contudo, pode acontecer de determinadas marcas ocasionarem confusão nos consumidores, 
momento em que há a necessidade de analisar qual dos sinais distintivos foi devidamente registrado 
primeiro, conforme jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça: 
Recurso especial. Prescrição quinquenal. Não ocorrência. Propriedade industrial. 
Sistema atributivo. Adoção pelo ordenamento jurídico pátrio. Pedido de anulação de 
registro de marca. Confusão entre os consumidores. Possibilidade. Validade de 
pedido anterior em trâmite administrativo. Prioridade de exame, recurso improvido. 
(...) II – O sistema jurídico pátrio adota o sistema atributivo, segundo o qual somente 
como registro da marca no Instituto Nacional da Propriedade Nacional é que se 
garante o direito de propriedade e de uso exclusivo ao seu titular, a não ser que se 
trate de marca notoriamente conhecida. III – a similitude entre as marcas em 
discussão, destinadas à prestação de serviços no mesmo segmento mercadológico, 
qual seja, consultoria e estudos, na área específica da geologia, além de 
comercializarem produtos e derivados minerais, é capaz de gerar confusão nos 
consumidores acerca da procedência dos produtos e da prestação dos serviços, 
configurando a hipótese de colidência prevista como impeditiva de registro. (REsp 
899.839/RJ, Rel. Min. Massami Uyeda, Terceira Turma, j. 17.08.2010, Dje 
01.10.2010).” 
Assim, percebemos que a proteção que o legislador quer dar é tanto ao empresário quanto 
ao consumidor, pois preserva de confusões o mercado em questão. O Brasil, diferente de outros 
países, fez questão de dizer que o que pode ser registrado como marca é um sinal visualmente 
perceptível, não podendo, portanto, efetivarem registros de sinais sonoros ou olfativos. 
 
10.6 Sinais não registráveis 
O artigo 124 dispõe o que não pode ser registrado como marca, trazendo situações como brasão, 
armas, medalha, bandeira, emblema, letra, algarismo e data, desenho ou qualquer outro sinal 
contrário à moral e aos bons costumes ou que ofenda a honra ou imagem de pessoas, entre outras 
possibilidades contidas nos incisos do referido artigo. 
Nesse sentido, a marca é criada para distinguir o produto ou serviço, portanto, deve ter essa 
capacidade, caso não possua, não poderá ser registrada. Ora, não podemos falar em registros de 
expressões comuns ou genéricas, que não conseguem cumprir o papel de diferenciação e não 
individualizam o produto ou serviço no mercado, como a utilização da expressão “Brasil”, por ser 
vernáculo comum, não há impedimento de utilização, inclusive para empresas do mesmo ramo. 
No ano 2000, a Gradiente solicitou o registro da marca “G Gradiente Iphone”, sendo 
concedido em janeiro de 2008. Contudo, em novembro de 2008, a Apple começou a vender no país 
seu aparelho Iphone, e prontamente questionou judicialmente a utilização da marca, obtendo vitórias 
e declaração de nulidade. Ora, as cortes entenderam que a utilização da palavra “Iphone” era 
relacionada a uma marca fraca, não conseguindo ter uma utilização exclusiva, principalmente 
 
19 
 
quando se trata de terceiros de boa-fé, entendimento adotado no REsp 1.688.243 julgado pelo 
Superior Tribunal de Justiça. 
 
10.7 Marca e Nome Empresarial 
O artigo 124, V, traz uma vedação do registro de marcas quando estas colidirem com o nome 
empresarial, no entanto, o Superior Tribunal de Justiça decidiuque se forem de ramos distintos, 
haverá a possibilidade de conviverem, conforme a seguinte jurisprudência: 
Direito comercial. Marca e nome comercial. Colidência de marca “ETEP” (registrada 
no INPI) com nome comercial (arquivamento dos atos constitutivos da sociedade na 
junta comercial). Classe de atividade. Princípio da especificidade. Interpretação 
lógico-sistemática. Recurso provido parcialmente. I – Não há confundir-se marca e 
nome comercial. A primeira cujo registro é feito ao INPI, destina-se a identificar 
produtos, mercadorias e serviços. O nome comercial, por seu turno, identifica a 
própria empresa, sendo bastante para legitimá-lo e protegê-lo, em âmbito nacional e 
internacional, o arquivamento dos atos constitutivos no registro do Comércio. II – 
Sobre eventual conflito entre uma e outro, tem incidência, por raciocínio integrativo o 
princípio da especificidade, corolário do nosso direito marcário. Fundamental, assim, 
a determinação dos ramos de atividade das empresas litigantes. Se distinto, de molde 
a não importar confusão, nada obsta possam conviver concomitantemente no 
universo mercantil. (...) IV – havendo colidência entre a marca e parte do nome 
comercial, sendo distintas as atividades das duas empresas, a fim de garantir a 
proteção jurídica tanto a uma quanto a outra, determina-se ao proprietário do nome 
que se abstenha de utilizar isoladamente a expressão que constitui a marca 
registrada pelo outro, terceiro, de propriedade desse, sem prejuízo da utilização do 
seu nome comercial por inteiro. (REsp 119.998/SP, Rel. Min. Sálvio de Figueiredo 
Teixeira, 4° Turma, j. 09.03.1999, DJ 10.05.199, p. 177). 
No mesmo sentido, foi aprovado o enunciado 2 na I Jornada de Direito Comercial do Conselho 
da Justiça Federal, “a vedação de registro de marca que reproduza ou imite elemento característico 
ou diferenciador de nome empresarial de terceiros, suscetível de causar confusão ou associação 
(art. 124, V, da Lei 9.279/1996), deve ser interpretada restritivamente e em consonância com o artigo 
1166 do Código Civil”. 
 
 
 
A marca deve ser, portanto, individualizadora do produto ou serviço que identifica, para que possa distingui-los 
dos demais (SANTA CRUZ, 2019, p.258). 
 
 
 
 
20 
 
 
 
O prazo de concessão para exploração do desenho industrial é cinco anos, podendo, mediante pagamento da 
taxa de retribuição, ser prorrogado para mais três períodos. 
 
 
10.8 Espécies de Marca 
O artigo 123 da legislação de propriedade industrial traz três espécies diferentes de marca, a marca 
de produto ou serviço, marca de certificado ou marca coletiva. Cada uma possui certa funcionalidade 
e destinação a ser utilizada no mercado. 
A marca de produto ou serviço está ligada ao cotidiano das empresas, tendo em vista que 
são os sinais distintivos utilizados pelos empresários para se localizarem dentro do mercado, 
possibilitando que os consumidores consigam diferenciar seu produto ou serviço dos demais 
disponíveis, estando prevista no artigo 123, I, da lei de propriedade industrial. 
Por outro lado, a marca de certificação é conferida após análise técnica de determinado 
produto ou serviço, estando comprovadas as necessidades de padrões a serem seguidos, há a 
possibilidade de deferimento de um certificado de qualidade, como os certificados ISSO, modelo 
previsto no inciso II do artigo 123. 
Ao final, a marca coletiva representa uma informação para os consumidores, pois atesta que 
determinado empresário está associado a entes coletivos e que, aquele produto específico, além de 
seguir as determinações legais, também respeita o padrão de qualidade da associação a qual está 
inserido, hipótese prevista no artigo 123, III. 
 
Considerações Finais 
Ao falarmos do sistema de proteção criado pelo legislador para proteger o sistema mercantil, temos 
sempre que recordar da necessidade de estabilização do mercado, caso contrário, possuiríamos um 
sistema arbitrário que não permitiria o florescimento de novos negócios e construiria um monopólio 
de empresários. 
Portanto, para evitar a construção de um sistema falho, o legislador criou diversos 
mecanismos de proteção, dentre eles a lei de propriedade industrial, e neste ponto específico, a 
proteção de desenhos industriais e marca, pois estes integram grande parte da atividade negocial. 
Ora, o desenho industrial sempre será utilizado para a produção, através das indústrias de 
novas metodologias de soluções tecnológicas para a sociedade, e é exatamente nesse ponto que 
ele se diferencia dos desenhos artísticos, pois estes não servem para produção industrial, somente 
para apreciação e embelezamento, estando dentro da proteção dos direitos autorais. 
 
21 
 
A marca deve ser utilizada como elemento distintivo do produto ou serviço, não podendo ser 
coincidente com outros elementos. Existe uma relativização por parte da jurisprudência na 
interpretação do comando legal, sempre se deve observar que o papel do Poder Judiciário é 
importante para transformar a legislação escrita em eficácia no mundo real. 
Dessa forma, a proteção por invenção, modelo de utilidade, desenho industrial e marca não 
são meramente disposições legais, mas servem para estabilizar o mercado, protegendo as 
atividades desenvolvidas pelos comerciantes de forma organizada, sendo que as atividades são 
praticadas para aferir lucratividade, por isso não podemos aventar a possibilidade de não possuirmos 
normas de proteção para os caracteres que diferenciam as empresas umas das outras. 
 
 
O desenho industrial é espécie utilizada para demonstrar determinado produto que virá a ser industrializado 
para comercialização, pode receber proteção da legislação para utilização exclusiva pelo solicitante, diferente 
da questão dos desenhos artísticos, pois estes são para apreciação e não para a produção industrial. 
 
A legislação exige certos requisitos para o deferimento da proteção ao desenho industrial, dentre eles, a 
novidade e originalidade, pois o desenho não pode ser mera repetição de algo já existente, deve ser original, 
apresentar uma evolução técnica, inovando no estado já constatado pelo mercado, são esses requisitos que 
garantem maior segurança no reconhecimento da possibilidade de proteção. 
 
O registro deve ser solicitado pelo autor do desenho, pelos sucessores ou ainda por quem tenha o direito para 
tanto. Na avaliação do registro ficarão consignados os requisitos necessários para deferimento e este deve ser 
solicitado ao Instituo Nacional de Propriedade Industrial. 
 
A concessão é mera consequência do deferimento do pedido, no reconhecimento já haverá a concessão da 
proteção, o prazo será de cinco anos, podendo ser renovado por três períodos mediante pagamento da taxa 
de retribuição, no caso das patentes, este pagamento é anual, já no registro dos desenhos industriais acontece 
de forma quinquenal. 
 
Em outro momento, a marca é utilizada para distinguir os sinais característicos que existem no mundo dos 
negócios, sendo que as empresas adotam diversos modos de divulgar seus produtos e serviços, e esses signos 
característicos passam a receber a proteção da legislação como marca. 
 
Existem alguns sinais que não são registráveis, como aqueles de conhecimento notório, as marcas de alto 
renome, expressões cotidianas, como a utilização da palavra “Brasil”, que pode ser utilizada acompanhada de 
outras para identificação do nome do produto ou serviço, mas o registro fica prejudicado, por ser um vernáculo 
altamente utilizado pela população e sozinho é incapaz de identificar algo. 
 
Podemos diferir a marca do nome empresarial, pois este último é utilizado para auferir um nome ao 
estabelecimento que passa a explorar a atividade econômica, enquanto a marca é signo distintivo de produtos 
ou serviços comercializados, podem ocorrer de algumas vezes, a colidência entre eles, mas sendo de ramos 
distintos, podem coexistir no sistema. 
 
As marcas podem existir de três formas, a marca de produto ou serviço,representando o sinal geral de 
identificação dos produtos ou serviços; a marca de certificação, quando as normas técnicas utilizadas são 
certificadas por determinado órgão e; a marca coletiva, quando se está unido a determinada associação que 
exige certo padrão de qualidade. 
 
 
 
 
22 
 
 
 
Para conhecimento dos procedimentos de obtenção de patente, visite o link: https://www.gov.br/inpi/pt-
br/servicos/patentes/guia-basico 
 
 
 
Direito Empresarial, André Santa Cruz Ramos – Excelente doutrina para o aprofundamento do Direito 
Empresarial, desde a origem até os institutos específicos, muito utilizada por acadêmicos na graduação e por 
profissionais que prestam concurso público. 
 
 
 
SANTA CRUZ, André. Direito Empresarial. 9ª Ed. São Paulo, Método. 2019. 
 
 
23 
 
UNIDADE III 
CAPÍTULO 11 – DIREITO CAMBIÁRIO 
No término deste capítulo, você deverá saber: 
✓ Títulos de crédito; 
✓ Histórico dos títulos de crédito; 
✓ Conceito e princípios; 
✓ Cartularidade e literalidade; 
✓ Princípio da autonomia; 
✓ Classificação dos títulos; 
✓ Modelo e estrutura; 
✓ Hipóteses de emissão. 
 
Introdução 
A utilização dos títulos de crédito é ligada à necessidade de crescimento do comércio, as rotas 
desenvolvidas possuíam diversas moedas, surgindo a necessidade da criação de uma metodologia 
que apresentasse a possibilidade de uma agilidade na construção das relações comerciais, sendo 
que ao longo do caminho, os banqueiros passaram a ser importantes por assumirem riscos de 
transferência das riquezas relacionadas à mercancia. 
Obviamente que o mercado não abriria mão de um modelo que trouxesse certezas, 
exatamente nesse caminho que se faz a união dos sujeitos para solicitarem legislações em comum 
e aplicações unificadas de modelos a serem seguidos por todos no mundo, tendo em vista o regime 
de globalização que se avistava, uma ligação das economias por tratados e negócios econômicos 
profundos, que necessitavam de segurança e certeza. 
Assim, os títulos possuem seus princípios ligados intimamente à necessidade de existência 
segura no mundo econômico, trazendo certeza de cumprimento da obrigação para todas as partes, 
tornando o título mais líquido e exequível. 
Dessa forma, o estudo dos títulos de crédito se inicia por uma visão ampla de seus conceitos, 
princípios e formas de emissão, para que seja possível construir, com a base específica, as 
nomenclaturas atuais creditícias utilizadas pelo mercado para transferência a realização do crédito 
no mundo moderno. 
 
11.1 Títulos de Crédito 
O homem desenvolveu as rotas comerciais e a intensificação das práticas de mercancia que 
acabaram culminando com o ramo do Direito Empresarial, como já estudamos. Contudo, havia 
sempre a preocupação de tornar a prática mercantil mais segura, momento em que trazemos para o 
Direito, os títulos de crédito, metodologia adotada para dinamizar as formas de trocas existentes. 
 
24 
 
O Direito Cambiário pode ser dividido em quatro diferentes períodos. O primeiro se refere ao 
italiano, até o ano de 1650, sobretudo nas cidades marítimas, onde houve uma intensificação do 
comércio. Não obstante, temos ainda o fator das moedas serem variadas entre as cidades, o que 
resultava na atividade do banqueiro, que por sua conta e risco acabava efetivando o transporte das 
moedas entre as cidades. 
O trajeto percorrido era possível por intermédio de dois documentos, o primeiro chamado 
cautio, apontado como a origem da nota promissória, baseava-se em uma promessa de pagamento 
futura, e o segundo, a littera cambii, apontada como origem da letra de câmbio, uma ordem de 
pagamento por determinada quantia. 
No segundo período, ligado à França, temos a evolução do Direito Cambiário ligado à criação 
do endosso, na época chamado de cláusula à ordem, onde o portador da letra de câmbio poderia 
transferi-lo para terceiro, e este receber o pagamento lá representado. 
Continuando a evolução, no Direito alemão, a preocupação estava na disciplina das regras 
do Direito Cambiário, que foi separado do Direito comum e das demais regras de disciplinas do 
homem, para em uma ciência própria tratar sobre os títulos de crédito, sobretudo na preocupação do 
terceiro de boa-fé, que acabava recebendo o título já endossado e que deveria conseguir receber a 
quantia ali representada. 
A última etapa de evolução é originada da realização da Convenção de Genebra, que se 
iniciou em 1930. Desse evento surgiram legislações que unificaram o tratamento do Direito Cambiário 
no mundo todo, como a Lei Uniforme das Cambiais e a Lei Uniforme do Cheque. 
 
11.2 Histórico da Legislação 
Uma das características no Direito Empresarial, o cosmopolitismo, impõe obrigatoriamente a visão 
de um universo interligado nas relações comerciais, onde há uma intensa troca comercial, fenômeno 
denominado de globalização, que acaba gerando a união de blocos de comércio com a finalidade de 
uniformizar uma quantidade de regras para melhor crescimento econômico dos envolvidos. 
Dessa forma, sempre foi desejo dos países acabarem realizando uma uniformização, 
sobretudo nos títulos de crédito, tendo em vista que com o comércio moderno, os títulos representam 
uma forma eficaz e rápida de troca de moeda entre os sujeitos, podendo ser utilizados como forma 
de promessa futura ou como transferência de recursos entre os comerciantes. 
O Brasil participou das reuniões realizadas em Genebra para a uniformização, os documentos 
resultantes da discussão foram levados à apreciação do Congresso Nacional e foram devidamente 
aprovados, possibilitando a entrada em nosso ordenamento do tratamento internacional unificado 
sobre os cheques e títulos de crédito, ressaltando que o Brasil já possuía a Lei Saraiva de 1908, que 
até então tratava sobre o assunto. 
O Código Civil de 2002, seguindo o modelo do código italiano de 1942, realizou a tentativa 
de unificar o Direito privado, trabalhando com os aspectos cíveis e empresariais na mesma 
legislação, portanto, a legislação civil traz um capítulo específico para tratar sobre títulos de crédito, 
compreendido entre os artigos 887 a 926. 
 
25 
 
Nesse sentido, o Código Civil irá, em seu artigo 887, afirmar que “o título de crédito, 
documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele contido, somente produz efeito 
quando preencha os requisitos da lei”, submetendo toda a validade do sistema creditício aos dizeres 
legais, buscando uma segurança e transparência na realização das negociações, mas também a 
validação das legislações anteriores que tratavam sobre o assunto. 
Contudo, é necessário destacar que podemos afirmar a existência dos títulos típicos e dos 
títulos atípicos, sendo que os primeiros não teriam a incidência das regras do Código Civil, pois 
possuem legislações próprias, leis especiais que tratam sobre o assunto, como as notas 
promissórias, os cheques, duplicata e letra de câmbio, ao passo que os títulos atípicos ou inominados 
são aqueles que não possuem leis específicas e serão disciplinados pela norma geral do Código 
Civil. 
 
11.3 Conceito e Princípios dos Títulos de Crédito 
Ao tratar sobre o assunto do conceito dos títulos de crédito, precisamos compreender que é 
exatamente neste momento em que retiramos desse conceito os princípios que irão nortear a criação 
de novos títulos e a sua utilização pelo marcado comercial, sendo que em nosso meio, o conceito 
pode ser retirado pelo artigo 887 do Código Civil, já citado anteriormente. 
Ao analisarmos exatamente o artigo, podemos identificar algumas expressões que nos 
mostrarão os princípios norteadores, palavras como cartularidade, literalidade e autonomia. 
Podemos, ainda, extrair o fato de que os títulos de crédito são eminentemente comerciais, criados 
para o mundo dos negócios, com o objetivo de facilitar as transações financeiras, possibilitando a 
realização destas com maior velocidade e segurança. 
Outrossim, destaca-se queos títulos de crédito são documentos formais por exigência legal 
de sua forma. Todas as vezes que determinado fato obedecer a uma formalidade prescrita em lei, 
iremos tratar como título formal. No mesmo sentido, é um título de apresentação, pois o portador 
necessita apresentá-lo para ter direito ao conteúdo nele contido e são considerados bens móveis, 
tendo em vista a sua circulação e a previsão dos artigos 82 a 84 do Código Civil. 
Assim, a exigência dos títulos de crédito é que eles sejam certos e líquidos, as quantias 
devem estar devidamente expressadas em seu bojo, portanto, seriam títulos executivos 
extrajudiciais, podendo ser executados por seus portadores judicialmente com a finalidade de efetivar 
o pagamento da importância nele contida. Ademais, possuem uma característica de resgate, tendo 
em vista que a promessa de pagamento futura realizada pelo emitente enseja que a relação 
cambiária termine com o pagamento da importância, mas também será um título de circulação, pois 
é exatamente para essa funcionalidade que foi criado, permitir a circulação segura de valores no 
mercado financeiro. 
 
 
 
26 
 
 
 
Procure saber mais sobre a utilização dos títulos de crédito na economia globalizada, como possibilitam a 
transferência de valores e a segurança das instituições financeiras e seus usuários. 
 
 
11.4 Cartularidade e Literalidade 
Ao iniciarmos o tratamento dos princípios dos títulos de crédito, percebemos que eles necessitam 
ser realizados na forma exigida pela legislação para produção de efeitos no universo econômico. 
Nesse sentido, ao afirmar que o próprio título é necessário para o exercício do direito que nele está 
expresso, não há dúvidas ao elencar o princípio da cartularidade, pois para exercer o direito contido 
no título, o portador deverá ter sua posse e esta deverá ser legítima. 
Dessa forma, a transferência de um título de crédito exige no negócio a realização da tradição, 
a entrega para o novo portador, sendo que ao mesmo tempo nos é permitido afirmar que se o título 
em questão estiver na posse do devedor, a obrigação foi devidamente cumprida, pois se a posse do 
título indica o direito de receber a obrigação, o devedor somente pode estar novamente de posse de 
um título se cumprir com a obrigação que nele era representada. 
Não obstante, para a comprovação do pagamento, o devedor deve estar com o título de 
crédito, bem como para transferência e entrega do título, que devem ser realizadas, assim, 
comprovaremos a titularidade do crédito em questão, portanto, nessa mesma linha para o protesto 
do título, este deve obrigatoriamente ser apresentado, porque se assim não for, não será possível 
realizar o protesto se o portador não apresentar o título, que é a comprovação da obrigação a ser 
cumprida. 
Ora, se falamos que o título precisa ser entregue para representar sua validade, obviamente 
que aquilo que nele se encontra escrito é a melhor definição do que ele realmente valerá, portanto, 
temos aqui o princípio da literalidade, e ao falarmos deste princípio específico, tratamos da 
concepção de que literalmente o escrito no título é o que constitui a liquidez da obrigação a ser 
cumprida. 
O devedor não será obrigado a pagar nada mais do que estiver representado no título, a 
descrição da obrigação deve ser exatamente aquela contratada para que não possa haver confusões 
e incertezas acerca do cumprimento. Assim, a literalidade irá assegurar para ambas as partes, a 
exata ligação entre aquilo que o título traz e aquilo que será o cumprimento do referido título, podendo 
o credor exigir tudo que está no título e o devedor exigir não pagar nada mais do que nele está 
representado. 
O princípio da literalidade tem incidência direta nas formas de mercancia adotadas pelos 
comerciantes e pelo sistema. Ora, um título com aval ou endosso deve conter em seu bojo os 
mesmos elementos que caracterizam esses atos, pois aval e endosso fora do título não serão 
 
27 
 
aceitos, porque aquele que recebe o título não pode ter incertezas, e ao recebe-lo já será sabedor 
do emitente, bem como daquele que fizer a transferência, sentindo-se seguro para realizar a 
operação. 
Os princípios da cartularidade e literalidade assumem um papel importante de sistematização 
da segurança no cumprimento da obrigação do título de crédito, pois a simples análise da cédula 
creditícia, que deve ser apresentada em todos os momentos, já seria capaz de definir os elementos 
constituidores da obrigação, bem como a forma de cumprimento que deverá ser realizada nos termos 
ali apresentados. 
 
 
 
A tradição é a efetiva entrega do título ao seu no portador, deve existir para configurar a transferência do 
beneficiário no cumprimento da obrigação, pode ser a simples entrega, ou, a legislação pode exigir algum 
elemento a mais, como o endosso. 
 
11.5 Princípio da Autonomia 
O princípio da autonomia, importantíssimo para preservação do sistema, traz que as relações que 
circulam o título são autônomas, um vício de determinada relação não irá macular as demais relações 
mantidas com o referido título e essa segurança sugere uma facilidade nas transferências dos títulos 
no mercado. 
Ao exemplificarmos, imagine que um sujeito compra um imóvel, e para completar o 
pagamento, emite uma nota promissória para o vendedor, este, por sua vez, endossa o título para 
quitar uma dívida que possuía com um terceiro. O ato do endosso é transferir a titularidade (o que 
será estudado posteriormente), no momento do terceiro resgatar a quantia pela nota promissória que 
a ele foi endossada, o devedor originário comprador do imóvel alega que havia um defeito na venda 
efetuada e que, portanto, o título não seria válido. Contudo, pelo princípio da autonomia, a alegação 
não seria verdadeira, tendo em vista que ele é autônomo nas relações que possui, fazendo com que 
a obrigação deve ser cumprida e a mácula alegada seja resolvida posteriormente entre os que fazem 
parte do negócio defeituoso, mas o terceiro jamais poderá ser prejudicado. 
Deste princípio da autonomia, temos a existência do subprincípio da abstração, este exprime 
que quando o título é transferido para terceiro, ele é desvinculado da relação originária e passa a 
integrar uma nova relação. Ainda que o cumprimento leve ao devedor originário, a abstração, 
portanto, é a completa separação do título do negócio originário para pertencer a outro. No mesmo 
sentido, o subprincípio da inoponibilidade das exceções pessoais, tendo em vista que o devedor 
originário, uma vez acionado para cumprimento do título, não poderá opor ao novo portador deste, 
as exceções da relação que era mantida com outro sujeito, o novo portador não pode ser prejudicado 
por defeitos de negócio que sequer participou. 
 
 
28 
 
11.6 Classificação dos Títulos de Crédito 
Os títulos de crédito podem ser classificados de diversas formas. Neste momento, vamos analisar 
as classificações mais importantes e mais utilizadas no Direito. Iniciamos com a forma de 
transferência ou circulação do título, que podem ser ao portador, nominais, à ordem e nominativos, 
passemos à análise. 
O título ao portador é definido como aquele que a mera posse do título já enseja na 
titularidade, nele não está contido o real credor da obrigação, não há nominação, portanto, a simples 
tradição, transferência, já leva à possibilidade de receber a importância nele descrita. Os títulos 
nominais, por sua vez, são aqueles onde o credor está identificado, portanto, não poderemos efetivar 
somente com a tradição a transferência, deve ser cumprido um ato formal, chamado de endosso e, 
para aqueles títulos à ordem, será a cessão civil de crédito. 
Não obstante, os títulos nominativos são aqueles onde a identificação do portador não está 
somente no título, mas também nos registros mantidos pelo seu emitente, dessa forma, para 
concretizar a transferência não bastaria o endosso, mas sim um procedimento de termono referido 
registro, o qual ficará constado no registro do emitente a transferência. Vale lembrar que este ato 
deve ser assinado pelo emitente e pelo adquirente do título. 
 
 
Em síntese, o princípio da cartularidade nos permite afirmar que o direito de crédito mencionado na cártula não 
existe sem ela, não pode ser transmitido sem a sua tradição e não pode ser exigido sem a sua presença 
(SANTA CRUZ, 2019, p. 534). 
 
 
 
Os títulos de crédito trazem uma certeza de seu pagamento, a abstração destes em relação ao negócio 
originário é exatamente para conferir segurança e impedir a utilização de vícios para o não cumprimento da 
obrigação. 
 
 
11.7 Modelo e Estrutura 
Por este critério de classificação, os títulos podem ser de duas formas, de modelo livre ou de modelo 
vinculado. No primeiro, modelo livre, não há qualquer exigência pela legislação de forma para sua 
criação, os títulos podem ser criados em qualquer método, desde que respeitem alguns elementos, 
exemplo clássico é a criação de nota promissória que pode ser feita em uma folha de papel, 
respeitando alguns elementos característicos desse tipo título. Em contrapartida, os títulos de modelo 
 
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vinculado possuem uma rígida forma de criação estabelecida pelas legislações cambiárias, só 
produzindo efeitos se forem emitidos conforme a legislação. 
Os títulos que são estruturados como ordem de pagamento possuem três situações distintas 
dentro de sua relação, temos: o sacador, pessoa que emite o título; o sacado, pessoa que efetivará 
o pagamento e; o tomador, beneficiário que receberá o pagamento. O modelo utilizado para os títulos 
que se estruturam como promessa de pagamento é diferente, temos a figura do sacador ou 
promitente, quem faz a promessa de pagamento de determinada quantia e a figura do tomador, 
beneficiário que receberá o valor correspondente no título. 
 
11.8 Hipóteses de Emissão 
Uma classificação que leva em conta a hipótese de emissão pode ser construída, o estudo seria 
referente às situações que levaram à expedição do título que deverá ser realizado o pagamento. 
Neste modelo, podemos ter um título causal ou um título abstrato. 
O título causal é o modelo utilizado quando a lei determina que sua emissão possa acontecer 
em casos específicos, não podendo ser utilizado para qualquer negócio. Podemos citar a duplicata, 
ela só pode ser emitida para negócio de compra e venda mercantil ou prestação de serviços. 
Em contrapartida, os títulos abstratos não seguem qualquer hipótese estabelecida, podem 
ser emitidos sem nenhuma condicionante, como é o caso do cheque, normalmente utilizado para 
pagamento de qualquer relação negocial entre as partes, não necessitando uma análise do negócio 
em questão para saber se a legislação autorizaria a utilização desta forma de pagamento. 
 
Considerações Finais 
A utilização dos títulos de crédito nasce para conseguir resolver um problema de circulação de moeda 
na época de florescimento do comércio. As cidades possuíam muitas moedas diferentes e os 
consumidores não conseguiam, muitas vezes, utilizar seus recursos, ou até mesmo os comerciantes 
encontravam dificuldades em receber as importâncias devidas, no entanto, desde seu início, a 
questão da segurança do título sempre foi estudada. 
Portanto, o caminho seguido por todos os desenvolvimentos dos títulos de crédito não retirou 
a preocupação com a segurança do pagamento da obrigação nele representada, o mercado utiliza o 
título em virtude da facilidade e velocidade de transferência deste, mas não pode se esquecer de 
construir um mercado econômico que permita as bases sólidas de sua estruturação. 
Assim, os princípios que permeiam os títulos de crédito servem para dar certeza do 
cumprimento da obrigação, ao afirmar a abstração do título em relação ao negócio originário, não 
estamos prejudicando o emitente, mas protegendo a transferência de crédito no mercado, esta seria 
muito mais arriscada se o título não trouxesse uma certeza de pagamento. 
É exatamente por esses motivos que a legislação, em determinados casos, acaba colocando 
formas para a emissão de alguns títulos, ou até mesmo existem títulos que além de dados na própria 
 
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cártula, possuem os registros do emitente, onde a tradição deve ser complementada pela alteração 
no registro com assinatura das partes, favorecendo a certeza do cumprimento da obrigação. 
A velocidade do mercado é inserida nos títulos de crédito, este, por sua vez, são criados para 
aumentarem os negócios e permitirem o aumento do fluxo de transferências de importâncias. É em 
virtude desses títulos, que o crédito se torna acessível e que negócios são praticados, mas 
respeitando as disposições legais, que em determinado momento, tornaram-se unificadas em todo o 
mundo, criando um modelo globalizado de utilização dos títulos de crédito entre as várias economias 
que mantêm entre si negócios financeiros. 
O crescimento do comércio, da industrialização, da capacidade dos modelos econômicos está 
intimamente ligado à possibilidade de transferência de riquezas de forma rápida e segura. Neste 
modelo se instalam os títulos de crédito, cuja espécie será estudada, mas que como um todo, 
permitem a concretização do regime econômico global e a observação das legislações sobre seus 
elementos e características. 
 
 
 
Os títulos de crédito são elementos importantes para o florescimento do comércio na intensidade com que 
avistamos nos dias atuais, solucionando os problemas de circulação das riquezas, tendo em vista a quantidade 
de moedas que existiam nos tempos passados. Já nos dias presentes, as cédulas de crédito possuem a 
capacidade de expressar o pagamento e cumprimento de determinada obrigação. 
 
A evolução deste instituto nos leva à criação de um regime unificado pelos países, com a construção de 
legislações que exigissem em todos os modelos, as mesmas características para emissão dos títulos de 
crédito, frutos da economia globalizada e da necessidade de certeza de validade e cumprimento da obrigação. 
 
O título, entendido como instrumento capaz de literalmente trazer em seu corpo a obrigação ser cumprida, 
possui seus princípios, e estes servem para instrumentalizar a sua própria criação e não somente para 
fundamentar a criação de novas leis ou modelos de emissão de títulos creditícios. 
 
A cartularidade nos traz a firma convicção da posse do título, o indivíduo que estiver portando o título em 
questão será aquele que deverá receber a obrigação nele elencada. Em contrapartida, a literalidade faz com 
que a obrigação seja exatamente a descrita no título, nem mais e nem menos. 
 
 A autonomia traz uma enorme segurança na emissão do título, tendo em vista que os negócios passados não 
podem ser levados em consideração para o não pagamento da referida obrigação, não pode ser oposta ao 
novo portador do título, a questão de irregularidades em atos negociais originários da emissão do título, a 
obrigação deve sempre ser cumprida. 
 
Os títulos podem ser classificados por diversas metodologias, no entanto, temos os títulos ao portador, que 
não indicam quem deverá receber a obrigação, bastando portar o título. Existem os nominais à ordem e 
nominais não à ordem, estes possuem certa denominação do beneficiário, bem como também possuímos os 
nominativos, além de indicação no próprio título, há a manutenção de um registro pelo emissor. 
 
 
Existem, ainda, os títulos classificados mediante modelo e estrutura, observando situações como formalidades 
ou não exigidas pela lei, bem como a necessidade de estudo das hipóteses de emissão, quando determinados 
títulos só podem ser emitidos por determinados negócios, e outros que não possuem restrição para sua 
emissão.
 
 
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Para conhecer a criação do Conselho Monetário Nacional, viste o seguinte link: 
https://www.bcb.gov.br/pre/leisedecretos/Port/lei4595.pdf 
 
 
 
Direito Empresarial, André Santa Cruz Ramos – Excelente doutrina para o aprofundamento doDireito 
Empresarial, desde a origem até os institutos específicos, muito utilizada por acadêmicos na graduação e por 
profissionais que prestam concurso público. 
 
 
 
SANTA CRUZ, André. Direito Empresarial. 9ª Ed. São Paulo, Método. 2019.
 
https://www.bcb.gov.br/pre/leisedecretos/Port/lei4595.pdf
 
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UNIDADE III 
CAPÍTULO 12 – TÍTULOS DE CRÉDITO EM ESPÉCIE 
No término deste capítulo, você deverá saber: 
✓ Letra de câmbio; 
✓ Nota promissória; 
✓ Cheques; 
✓ Cheque pré-datado; 
✓ Duplicata; 
✓ Duplicata Escritural; 
✓ Endosso; 
✓ Aval. 
 
Introdução 
Em uma análise das possibilidades de utilização do sistema financeiro atual, precisamos estudar a 
disposição dos títulos de créditos, quais são os modelos que podem ser utilizados, os tratamentos 
despendidos a cada um deles, bem como a efetiva transferência do crédito que confere maior 
velocidade ao sistema. 
Ora, se falarmos em transferência de crédito através da tradição do título, podemos relacioná-
lo ao endosso, momento em que, nas condições apontadas, o título acaba sendo transferido para 
um terceiro, e assim, o cumprimento da obrigação recai tanto para quem emitiu o título, como também 
para quem realizou o endosso, no caso, o endossante. 
O sistema busca se proteger, pois constrói a figura do avalista, pessoa que irá garantir o 
cumprimento da obrigação, respondendo de forma conjunta pelo não pagamento original. Existe 
diferença entre aval e fiança, um é sistema cambiário e o outro ligado ao sistema cível. 
Assim, não resta dúvida que o estudo das espécies cambiárias nos leva à certeza da 
construção do sistema de riquezas e ao mesmo tempo às transferências destas por meios eficazes, 
que conseguem dar agilidade à comercialização de produtos ou à prestação de serviços. 
 
12.1 Letra de Câmbio 
Apontado como um dos títulos de crédito mais antigos no mundo mercantil. Como já estudamos no 
início da matéria, o florescimento das rotas do comércio na Idade Média acabou criando certa 
independência política, surgindo os burgos, onde se concentravam a burguesia com poder 
econômico. Contudo, esse poder econômico era localizado em uma determinada cidade, sendo que 
se o comerciante aventasse a possibilidade de trocar de cidade, haveria o problema da moeda, pois 
em cada cidade havia uma moeda diferente utilizada no comércio. 
 
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Assim, a letra de câmbio surge exatamente como solução para esse problema, quando um 
determinado comerciante acumulava riquezas e desejava ir para outra cidade, para não passar pelo 
problema da moeda local, dirigia-se até um banqueiro, este emitia uma carta chamada de littera 
cambii. O intuito era determinar que outro banqueiro da cidade de destino efetivasse o pagamento 
da importância descrita na carta ao seu portador. 
Portanto, da estrutura de pagamento que vimos, podemos abstrair que a letra de câmbio gera 
uma tripartição de sujeitos: o sacador, sujeito que emitiu a ordem; o sacado, sujeito a quem a ordem 
foi destinada e o tomador, que é o beneficiário da ordem. É possível emitir uma letra de câmbio em 
seu próprio benefício, bem como é possível emitir contra o próprio sujeito. 
A letra deve observar os requisitos que a Lei Uniforme, em seus artigos 1° e 2°, acaba 
exigindo: deve constar letra de câmbio, ordenar o pagamento de quantia determinada, possuir o 
nome do sacado e do tomador, a assinatura do sacador, a data que será realizado o pagamento, o 
lugar do pagamento e do saque ou menção junto ao nome do sacado, no primeiro caso, e do sacador, 
no segundo. 
A letra domiciliada é aquela emitida para pagamento no domicílio do tomador, ou seja, 
beneficiário, para isso, no bojo do preenchimento, junto ao nome do tomador, deve constar o 
endereço deste, para fique evidente o local do pagamento e cumprimento da obrigação. 
Existe permissão para preenchimento com omissões ou em branco, desde que 
caracterizados pela boa-fé na relação, neste caso, conforme dispões o artigo 891 do Código Civil, “o 
título de crédito, incompleto ao tempo da emissão, deve ser preenchido em conformidade com os 
ajustes realizados”, assim, presente a boa-fé, o título poderá ser devidamente executado e levado a 
cumprimento pelo interessado. 
A letra de câmbio emitida sem a respectiva data de cumprimento da obrigação, em 
conformidade com o artigo 2° da Lei Uniforme, será considerada como pagamento à vista, não 
ocasionando, portanto, a invalidação do título de crédito emitido. 
O tomador, uma vez emitida a letra de câmbio, deverá levar esta para assinatura do sacado, 
este, por sua vez, deverá assinar no local de aceite, sendo este o ato pelo qual o sacado assume a 
obrigação contida na letra, não podendo se retratar posteriormente. Note que o aceite é ato 
facultativo, mas após sua assinatura é irretratável. No caso de possuírem mais de um sacado, o 
tomador levará a letra para assinatura de todos, na ordem que estiver no próprio documento. 
Caso o sacado não aceite, o título poderá vencer antecipadamente, permitindo ao tomador 
exigir do sacador, que se tornou codevedor da obrigação, o cumprimento desta, inclusive poderá 
fazê-lo judicialmente. O sacado pode, ainda, aceitar parcialmente o conteúdo da letra, momento em 
que poderá haver o vencimento antecipado desta, como já descrito. 
Uma vez que a letra é aceita, a data de vencimento condicionada torna a obrigação exequível, 
nesse ponto, podemos ter a letra com dia certo, aquela que vence com data preestabelecida, a letra 
à vista, vencimento no dia da apresentação do título, letra a certo termo da vista, vence dentro de 
um prazo determinado após o aceite e por fim, letra a certo termo da data, vencendo em data 
estabelecida pelo sacador, mas a contagem inicia-se no momento da emissão do título. 
 
 
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Assim, em regra, a letra deverá ser apresentada para o cumprimento do pagamento na data 
estabelecida para vencimento, salvo se esta cair em dia não útil, nesse caso, poderá ser apresentada 
no dia útil seguinte sem qualquer prejuízo. 
 
12.2 Nota Promissória 
A nota promissória reúne situações diferentes da letra de câmbio, no caso da nota, temos duas 
partes, o sacador ou promitente, é ele quem emite a nota e promete pagar a quantia nela 
representada, e o tomador, novamente representado pelo beneficiário, ou seja, aquele em favor de 
quem a nota é emitida. 
No mesmo sentido da letra, deve trazer data de vencimento, que será efetivamente a data de 
cumprimento da obrigação, caso não exista, será considerada como pagamento à vista, não pode 
ter qualquer menção de suspensão, pois não se admite sujeição às condições suspensivas na nota 
promissória, após sua emissão, ela já se torna exequível. 
O regime jurídico, o qual está submetida a nota promissória é o mesmo da letra de câmbio, a 
Lei Uniforme de Genebra, que trata no mundo todo sobre esses títulos nas mesmas condições. 
Contudo, temos que diferenciar, a letra de câmbio é uma ordem de pagamento, enquanto que a nota 
promissória é uma promessa de pagamento. 
O prazo para ação monitória relacionada à nota promissória quando esta já perdeu sua força 
executiva é de exatamente cinco anos, contados do dia seguinte ao vencimento da respectiva, 
conforme a súmula 504 do Superior Tribunal de Justiça. 
 
12.3 Cheque 
O cheque é considerado uma ordem de pagamento à vista, pois sua emissão é realizada pela 
instituição financeira em um talão específico, este terá uma numeração, a ordem subsiste no 
pagamento de uma quantia que o emitente terá de fundos na instituição. 
O artigo 1° da Lei dos Cheques traz as informações que a expressão de cheque deve estar 
presente na cédula, deve ser uma ordem sem previsão de suspensão de quantia determinada, nome 
da instituição financeira contra o sacado, data do saque, lugar do saque e assinatura do emitente. 
A ordem de pagamento será expressa de forma numérica e escrita pelo seu emissor, caso 
haja divergência, prevalecerá o valor escrito por extenso na cédula,

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