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Cancer de Laringe Fonte: Oncologia para Graduação, Medcel e Medcurso Introdução (CA de cabeça e pescoço) É um tumor de mucosa, comum em países em desenvolvimento, homens (no entanto, a incidência desse tipo de neoplasia vem aumentando no sexo feminino nos últimos anos) e de idade entre 50-70 anos. Tumor de cavidade oral é o principal (45%), seguido do tumor de laringe (30%). Fatores de risco: Tabagismo e etilismo Incidência 6x maior em fumantes A exposição exagerada aos raios solares por indivíduos de raça branca constitui alto risco para câncer de lábio, e praticamente 100% dos portadores de xeroderma pigmentoso apresentam tumores nesse loca. Infecção oral pelo HPV, por transmissão sexual, principalmente o HPV-16, está relacionado aos tumores de orofaringe e possui melhor prognóstico. Infecção pelo EBV, por transmissão oral, principal fator de risco para câncer de nasofaringe. Patologia O CEC é o tipo histológico mais comum nos tumores de cabeça e pescoço (90-95% dos casos). Podemos subdividi-lo em bem diferenciado (> 75% queratinização), moderadamente diferenciado (entre 25- -75% de queratinização) e pouco diferenciado (< 25% queratinização). Lesões pré-malignas são alterações teciduais que podem sofrer transformação neoplásica com maior frequência que o tecido normal, mas que podem permanecer estáveis e até sofrer regressão: leucoplasia (placa branca da mucosa que não pode ser removida por raspagem nem classificada como nenhuma outra doença), eritroplasia, quelite actínica, fibrose submucosa oral e líquen plano. Diagnóstico História clínica e exame físico + fatores de risco Exame físico: Rinoscopia, oroscopia, laringoscopia indireta, palpação cuidadosa do pescoço Os linfonodos metastáticos são endurecidos, irregulares e possuem menor mobilidade. Biópsia é o método diagnóstico definitivo e obrigatório antes do tratamento. Em casos de tumores de cabeça e pescoço que se apresentem como massa cervical (linfonodo) sem um sítio evidente de tumor primário, a Punção Aspirativa com Agulha Fina (PAAF) deve ser realizada. Na ausência de conclusão diagnóstica (5-16% dos casos), está indicada a repetição da punção para nova análise citológica, antes da biópsia excisional dos linfonodos. Uma biópsia negativa em lesões clinicamente suspeitas, pode ser a coleta de material inadequado. TC e RNM para definir limites da lesão e relação com as estruturas adjacentes. Avaliação do tórax e EDA são obrigatórios. O PET-CT pode diferenciar sequelas terapêuticas e recorrências tumorais. Todo paciente com tumor de cabeça e pescoço deve ser investigado em relação à presença de tumores sincrônicos. Essa avaliação é feita através de radiografia ou tomografia de tórax, endoscopia ou esofagografia e laringoscopia. A broncoscopia poderá ser feita, porém se a TC de tórax é normal, torna-se pouco provável sua positividade. Estadiamento Para o corretor estadiamento pela classificação TNM, podem ser necessários exames de imagem. Os recomendados pela AJCC são a Tomografia Computadorizada (TC) e a Ressonância Magnética (RM).] Risco de metástase o O risco de metástase à distância depende mais do estadiamento dos linfonodos do que propriamente do tamanho do tumor primário. o Quanto mais próximo da linha média, maior o risco de propagação para linfonodos cervicais de ambos os lados. o Os sítios mais comuns de metástases à distância incluem os pulmões e os ossos, com o envolvimento hepático e cerebral ocorrendo menos frequentemente. TUMOR T1: Tumor ≤ 2 cm na maior dimensão T2: Tumor > 2 cm, porém não maior que 4 cm na maior dimensão T3: Tumor > 4 cm na maior dimensão T4: Cavidade oral: o tumor invade estruturas adjacentes LINFONODOS N1: Metástase em um único linfonodo homolateral com ≤ 3 cm na maior dimensão N2a: Metástase em um único linfonodo homolateral com > 3 cm; não mais que 6 cm na maior dimensão N2b: Metástase em vários linfonodos homolaterais, nenhuma com > 6 cm na maior dimensão N2c: Metástase em linfonodos bilaterais ou contralaterais, nenhuma com > 6 cm na maior dimensão. N3: Metástase em um linfonodo com > 6 cm na maior dimensão Tumor de laringe Pode ser dividida em supraglótico, glótico e subglótico. Na região supraglótica, o sintoma sugestivo é a odinofagia persistente (dor para engolir), na glótica há rouquidão persistente (pode haver sequela importante) e no subglótico há presença de dispneia (obstrução respiratória). É um tumor lento e com metástases tardias. Pacientes com tumores laríngeos devem ter pesquisadas as mamas, os rins e a próstata, pois há relatos de metástases à distância de tumores primários nestas regiões para a laringe. Avaliação pela laringoscopia indireta e pela videofaringolaringoscopia. Qualquer lesão suspeita (ulcerada e infiltrativa) deve ser biopsiada. Sua disseminação linfática é mais frequente em tumores supraglóticos e subglóticos. Pacientes com tumor laríngeo geralmente apresentam segundo tumor primário no pulmão. A incidência global de segundos tumores primários da cabeça e do pescoço é de aproximadamente 14%, sendo que 80% são de tumores metacrônicos (tumor descoberto seis meses após a descoberta do primeiro tumor), e pelo menos a metade surgindo dentro de dois anos do tumor primário. Metástase o A propagação contígua dos tumores de um local para outro ou para regiões fora da cabeça e do pescoço é determinada pelo trajeto dos nervos, vasos sanguíneos, linfáticos e pelos planos aponeuróticos; estes atuam como barreiras para direcionar a propagação da neoplasia e contribuem para o padrão clássico de disseminação para os linfonodos regionais. o A invasão neural pode atuar como um conduto para diferentes padrões de propagação, apresentando pior prognóstico quanto à sobrevida. o A angioinvasão também tem significado prognóstico e correlaciona-se com a disseminação à distância do câncer da língua. o Os grupos de I a VI são os comumente acometidos nos diversos tumores da cabeça e do pescoço, enquanto os linfonodos do grupo VII (linfonodos situados abaixo da fúrcula supraesternal do mediastino superior) mais raramente são comprometidos. o Tumores de laringe acometem mais os linfonodos dos níveis II, III e IV. o Tumor avançado da laringe glótica com propagação subglótica: linfonodo pré- -traqueal (linfonodo de Delfos); o Tumores da supraglote possuem maior incidência de disseminação bilateral. o Pela pouca circulação linfática da região glótica, tumores dessa localização raramente disseminam-se para linfonodos regionais. o O procedimento padrão-ouro para o controle das metástases cervicais tem sido a Dissecção Radical do Pescoço padrão (DRP), que consiste na remoção do músculo esternocleidomastóideo, da veia jugular interna, do XI nervo craniano, da glândula submandibular e do plexo cervical, além dos grupos linfáticos dos níveis I, II, III, IV e V. o Outros procedimentos cirúrgicos também são utilizados para o controle das metástases cervicais, nos quais podemos incluir as Dissecções Radicais do Pescoço Modificadas (DRPM), na qual se preservam estruturas não linfáticas. o A radioterapia é outra modalidade terapêutica que pode ser usada no controle das metástases cervicais. o A preservação das estruturas não linfáticas tem a vantagem de proporcionar uma função melhor do ombro e a manutenção do contorno do pescoço. Tratamento Tumores iniciais: cirurgia ou RT são semelhantes em relação ao seu resultado. Se a lesão é em região de dobras de mucosa ou próximas ao osso, é preferível a cirurgia. Nos tumores mais avançados, devemos indicar cirurgia com RT adjuvante. Critérios de irressecabilidade o Invasão da fáscia pré-vertebral o Invasão maciça de base do crânio o Envolvimentoda artéria carótida Se a doença for ressecável, devemos fazer ressecção ampla com margens maiores que 1 cm e esvaziamento cervical e reconstrução imediata. A RT adjuvante aumenta o controle locorregional. Pacientes com alto risco de recidiva, faz-se RT e QT adjuvante. Nas doenças irressecáveis, faz-se RT e QT. Nas doenças localmente avançadas, devemos tentar preservar a laringe → QT, QT+ RT, resgate cirúrgico posterior. Indicações de RT adjuvante o Estadiamento III ou IV o Presença de margens cirúrgicas comprometidas ou menor que 0,5 cm o Presença de embolização vascular ou infiltração perineural o Presença de linfonodos comprometidos ou ruptura capsular Deve-se evitar atraso no início da RT adjuvante, realizando-a em intervalo de até 6 semanas após a cirurgia.
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