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Direitos Fundamentais do ECA educação, cultura, esporte, lazer, profissionalização e trabalh

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Direitos Fundamentais do ECA: educação, cultura, esporte, lazer, profissionalização e trabalho.
Assim como na Constituição Federal temos os direitos e as garantias fundamentais, não só do cidadão, mas do ser humano, no Estatuto da Criança e do Adolescente encontramos o Título II “Dos Direitos Fundamentais”, obviamente com destinatários não tão amplos como na Magna Carta, pois o Estatuto, em seu artigo 1°, delimita sua aplicabilidade às crianças, pessoa com até doze anos de idade incompletos, e adolescentes, aquela entre doze e dezoito anos. Excepcionalmente, nos casos expressos em lei, o ECA é também aplicável às pessoas entre dezoito e vinte e um anos.
Ao observarmos superficialmente o ECA podemos notar com clareza sua natureza complementar à Constituição Federal de 1988, apesar de ser lei ordinária. O Estatuto, em suas disposições gerais e principalmente ao versar sobre os direitos fundamentais de seus destinatários torna evidente a natureza social nas normas ali contidas. O artigo 227, da Constituição Federal diz que:
“É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão”
Temos neste dispositivo constitucional praticamente toda a matéria regulada pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, tornando viva e prática a vontade do legislador constitucional acerca da matéria tratada, além de consubstanciar também direitos sociais, pois ao lermos o artigo 6°, da Constituição Federal, que trata dos direitos sociais, notamos matérias literalmente idênticas, como a educação, a saúde, a alimentação, e o lazer.
Começando pela educação, tema não apenas de interesse jurídico, mas pauta política do País, ensina Celso de Mello (1986 apud MORAES, 2017, p.879) o termo educação: 
“é mais compreensivo e abrangente que o da mera instrução. A educação objetiva propiciar a formação necessária ao desenvolvimento das aptidões, das potencialidades e da personalidade do educando. O processo educacional tem por meta: (a) qualificar o educando para o trabalho; e (b) prepará-lo para o exercício consciente da cidadania. O acesso à educação é uma das formas de realização concreta do ideal democrático”[footnoteRef:0] [0: MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional - 33. ed. rev. e atual. até a EC. n°.95, de 15 de dezembro de 2016 - São Paulo: Atlas, 2017.] 
O ECA menciona diversas vezes a educação e ressalta sua importância, nos artigos 4°, 22 e principalmente no 53, dispositivo este que ainda garante a igualdade de condições para o acesso e permanência na escola, o direito de ser respeitado pelo educador, o direito de contestar critérios avaliativos, o direito de organização e participação em entidades estudantis e o acesso à escola pública e gratuita. Agora no artigo 54, incisos I e II, observamos que é dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente o ensino fundamental, obrigatório e gratuito, bem como a progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade do ensino médio. Tamanha é a importância da educação que o Código Penal prevê como crime o abandono intelectual (CP, art. 246). Correto está o legislador, pois notamos que a educação é fator essencial para o desenvolvimento de um país, não apenas econômico, mas principalmente social, com influência direta na qualidade de vida as pessoas e na segurança pública.
A cultura é um tema que também se relaciona com a educação, não raras vezes ouvimos dizer que “fulano possui muita cultura, estuda bastante”. Apesar da frase não ser totalmente precisa é compreensível tal relação, pois aquele que muito estuda em regra lê e adquire certo conhecimento cultural, mas não necessariamente incorpora a cultura de determinado local ou povo. Se procurarmos a definição de cultura encontraremos, em síntese, que é um conjunto de hábitos e costumes de determinada sociedade ou religião, bem como características que são fatores possibilitadores da distinção entre um grupo de outro. Podemos então dizer que a cultura não é, em regra, obtida por meio do estudo, mas sim da vivência em certo local e com certas pessoas que costumam praticar certos hábitos e se manifestarem de determinadas formas. 
O Brasil, como se sabe, é visto como um país multicultural por conta da diversidade de povos que ao longo da história imigraram para o nosso país, como no caso de europeus que vieram colonizar as novas terras como também aqueles que posteriormente fugiam de guerras, assim como, tragicamente, muitos habitaram forçadamente nosso território, como os povos africanos que foram, em larga escala, usados de forma desumana como escravos.
No ECA vemos que a cultura é direito tratado de forma mais ampla até por conta de sua natureza material, pois toda a manifestação cultural tem um modo singular de ser realizada, portanto vemos nos artigos 22, 28, 58, 59, 71 e 76 a preocupação do legislador em garantir a livre expressão cultural e o respeito à diversidade, em especial no caso da adoção e principalmente tratando-se da adoção de criança ou adolescente indígena ou proveniente de comunidade remanescente de quilombo, devendo ser preservada a identidade social e cultural.
O esporte é muitas vezes cultural, inclusive o Brasil é comumente chamado de “país do futebol” por conta da disseminação desta modalidade esportiva, seja nas quadras das escolas, em clubes esportivos, “campinhos” de bairros ou até mesmo no meio da rua, onde as crianças improvisam (com muita criatividade) um capo de futebol, delimitando o espaço do gol com chinelos ou outros objetos. Nosso legislador, reconhecendo a importância não só do futebol, mas dos esportes em geral, para o desenvolvimento da criança e do adolescente, inseriu tal matéria no Estatuto, vista nos artigos 4°, 16, 71 como um direito atinente à liberdade individual do jovem. Já nos artigos 74 a 80 a preocupação do legislador foi a de regular o acesso às atividades esportivas e de lazer para que seja compatível com a faixa etária da criança e do adolescente, vedada a presença dos mesmos em estabelecimentos que explorem comercialmente o bilhar, a sinuca e afins.
É nítida a relação entre cultura, esporte e lazer, até porque, entendendo lazer como aquele tempo restante após a realização das obrigações diárias, a prática cultural e esportiva é praticada no momento de lazer, portanto difícil é distinguir substancialmente um afazer cultural ou esportivo com uma prática de lazer, haja vista que o lazer é aproveitado e escolhido, não algo imposto a alguém e, em regra, a criança e o adolescente, valendo-se de sua liberdade individual, escolhe qual esporte quer praticar tal como qual ação cultural quer fazer, e o faz por gosto e prazer.
De acordo com o artigo 94, inciso XI, do ECA, as entidades que desenvolvem programas de internação têm como obrigação propiciar atividades culturais, esportivas e de lazer, sendo que, no inciso XII, art. 124, do referido Estatuto, é direito do adolescente privado de liberdade também realizar atividades culturais, esportivas e de lazer.

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