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Professora Luana Signorelli Aula 02: LITERATURA PARA ENEM 2020 Aula 02 – Barroco e Arcadismo www.estrategiavestibulares.com.br 57 103 6 – Questões sem Comentários Prezados alunos, eis algumas informações práticas antes de começarem. 1 – Os exercícios da aula de hoje estão organizados de acordo com o Agrupamento ENEM, contemplando o maior número de versões possíveis dessa prova. Depois, há outros exercícios variados das universidades para as quais o Estratégia Vestibulares oferece curso, cujas cobranças seguem uma lógica parecida à do ENEM. 2 – Aqui, tentei trazer para vocês imagens com qualidade boa, o que pode não acontecer no dia da prova. Caso no dia vocês não consigam ler ou entender algo, vocês devem se dirigir ao fiscal da sala. 1. (ENEM/2018) Quantos há que os telhados têm vidrosos E deixam de atirar sua pedrada, De sua mesma telha receiosos. Adeus, praia, adeus, ribeira, De regatões tabaquista, Que vende gato por lebre Querendo enganar a vista. Nenhum modo de desculpa Tendes, que valer-vos possa: Fo n te : P ix ab ay Arquitetura Uso de linhas retas, colunas, frontões com desenhos geométricos lembrando a arquitetura greco-latina, adornos com temas tirados da mitologia. Professora Luana Signorelli Aula 02: LITERATURA PARA ENEM 2020 Aula 02 – Barroco e Arcadismo www.estrategiavestibulares.com.br 58 103 Que se o cão entra na igreja, É porque acha aberta a porta. GUERRA, G. M. In: LIMA, R. T. Abecê de folclore. São Paulo: Martins Fontes, 2003 (fragmento). Ao organizar as informações, no processo de construção do texto, o autor estabelece sua intenção comunicativa. Nesse poema, Gregório de Matos explora os ditados populares com o objetivo de a) enumerar atitudes. b) descrever costumes. c) demonstrar sabedoria. d) recomendar precaução. e) criticar comportamentos. 2. (ENEM-PPL/2018) TEXTO I TEXTO II Manuel da Costa Ataíde (Mariana, MG, 1762-1830), assim como os demais artistas do seu tempo, recorria a bíblias e a missais impressos na Europa como ponto de partida para a seleção iconográfica das suas composições, que então recriava com inventiva liberdade. Se Mário de Andrade houvesse conseguido a oportunidade de acesso aos meios de aproximação ótica da pintura dos forros de Manuel da Costa Ataíde, imaginamos como não teria vibrado com o mulatismo das figuras do mestre marianense, ratificando, ao lado de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, a sua percepção pioneira de um surto de racialidade brasileira em nossa terra, em pleno século XVIII. FROTA, L. C. Ataíde: vida e obra de Manuel da Costa Ataíde. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1982. O Texto II destaca a inovação na representação artística setecentista, expressa no Texto I pela a) reprodução de episódios bíblicos. b) retratação de elementos europeus. c) valorização do sincretismo religioso. Professora Luana Signorelli Aula 02: LITERATURA PARA ENEM 2020 Aula 02 – Barroco e Arcadismo www.estrategiavestibulares.com.br 59 103 d) recuperação do antropocentrismo clássico. e) incorporação de características identitárias. 3. (ENEM-LIBRAS/2017) A exploração dos contrastes entre o claro e o escuro é própria da arte barroca, como é o caso da obra Judite e Holoferne. O tratamento de luminosidade empregado por Caravaggio nessa obra a) cria uma atmosfera de sonho e imaginação, por deixar algumas regiões do quadro na obscuridade. b) oculta os corpos na penumbra, eliminando do quadro qualquer traço de sensualidade. c) produz um envolvimento místico e distanciado da experiência cotidiana. d) enfatiza o drama e o conflito, conjugando realismo e artificialidade. e) recorta as figuras contra o fundo escuro, negando a profundidade. 4. (ENEM-PPL/2015) Síntese entre erudito e popular Na região mineira, a separação entre cultura popular (as artes mecânicas) e erudita (as artes liberais) é marcada pela elite colonial, que tem como exemplo os valores europeus, e o grupo popular, formado pela fusão de várias culturas: portugueses aventureiros ou degredados, negros e índios. Aleijadinho, unindo as sofisticações da arte erudita ao entendimento do artífice popular, Professora Luana Signorelli Aula 02: LITERATURA PARA ENEM 2020 Aula 02 – Barroco e Arcadismo www.estrategiavestibulares.com.br 60 103 consegue fazer essa síntese característica deste momento único na história da arte brasileira: o barroco colonial. MAJORA, C. BrHistória, n. 3, mar. 2007 (adaptado). No século XVII, a arte brasileira, mais especificamente a de Minas Gerais, apresentava a valorização da técnica e um estilo próprio, incluindo a escolha dos materiais. Artistas como Aleijadinho e Mestre Ataíde têm suas obras caracterizadas por pecularidades que são identificadas por meio a) do emprego de materiais oriundos da Europa e da interpretação realista dos objetos representados. b) do uso de recursos materiais disponíveis no local e da interpretação formal com características próprias. c) da utilização de recursos materiais vindos da Europa e da homogeneização e linearidade representacional. d) da observação e da cópia detalhada do objeto representado e do emprego de materiais disponíveis na região. e) da utilização de materiais disponíveis no Brasil e da interpretação idealizada e linear dos objetos representados. 5. (ENEM/2016) Soneto VII Onde estou? Este sítio desconheço: Quem fez tão diferente aquele prado? Tudo outra natureza tem tomado; E em contemplá-lo tímido esmoreço. Uma fonte aqui houve; eu não me esqueço De estar a ela um dia reclinado: Ali em vale um monte está mudado: Quanto pode dos anos o progresso! Árvores aqui vi tão florescentes, Que faziam perpétua a primavera: Nem troncos vejo agora decadentes. Eu me engano: a região esta não era; Mas que venho a estranhar, se estão presentes Meus males, com que tudo degenera! COSTA, C. M. Poemas. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 7 jul. 2012. No soneto de Cláudio Manuel da Costa, a contemplação da paisagem permite ao eu lírico uma reflexão em que transparece uma a) angústia provocada pela sensação de solidão. Professora Luana Signorelli Aula 02: LITERATURA PARA ENEM 2020 Aula 02 – Barroco e Arcadismo www.estrategiavestibulares.com.br 61 103 b) resignação diante das mudanças do meio ambiente. c) dúvida existencial em face do espaço desconhecido. d) intenção de recriar o passado por meio da paisagem. e) empatia entre os sofrimentos do eu e a agonia da terra. 6. (ENEM/2014) Quando Deus redimiu da tirania Da mão do Faraó endurecido O Povo Hebreu amado, e esclarecido, Páscoa ficou da redenção o dia. Páscoa de flores, dia de alegria Àquele povo foi tão afligido O dia, em que por Deus foi redimido; Ergo sois vós, Senhor, Deus da Bahia. Pois mandado pela alta Majestade Nos remiu de tão triste cativeiro, Nos livrou de tão vil calamidade. Quem pode ser senão um verdadeiro Deus, que veio estirpar desta cidade O Faraó do povo brasileiro. DAMASCENO, D. (Org.). Melhores poemas: Gregório de Matos. São Paulo: Globo, 2006. Com uma elaboração de linguagem e uma visão de mundo que apresentam princípios barrocos, o soneto de Gregório de Matos apresenta temática expressa por a) visão cética sobre as relações sociais. b) preocupação com a identidade brasileira. c) crítica velada à forma de governo vigente. d) reflexão sobre os dogmas do cristianismo. e) questionamento das práticas pagãs na Bahia. 7. (ENEM-PPL/2014) Sermão da Sexagésima Nunca na Igreja de Deus houve tantas pregações, nem tantos pregadores como hoje. Pois se tanto se semeia a palavra de Deus, como é tão pouco o fruto? Não há um homem que em um sermão entre em si e se resolva, não há um moço que searrependa, não há um velho que se desengane. Que é isto? Assim como Deus não é hoje menos onipotente, assim a sua palavra não é hoje menos poderosa do que dantes era. Pois se a palavra de Deus é tão poderosa; se a palavra de Deus tem hoje tantos pregadores, por que não vemos hoje nenhum fruto da palavra de Deus? Esta, tão grande Professora Luana Signorelli Aula 02: LITERATURA PARA ENEM 2020 Aula 02 – Barroco e Arcadismo www.estrategiavestibulares.com.br 62 103 e tão importante dúvida, será a matéria do sermão. Quero começar pregando-me a mim. A mim será, e também a vós; a mim, para aprender a pregar; a vós, que aprendais a ouvir. VIEIRA, A. Sermões Escolhidos, v. 2. São Paulo: Edameris, 1965. No Sermão da sexagésima, padre Antônio Vieira questiona a eficácia das pregações. Para tanto, apresenta como estratégia discursiva sucessivas interrogações, as quais têm por objetivo principal a) provocar a necessidade e o interesse dos fiéis sobre o conteúdo que será abordado no sermão. b) conduzir o interlocutor à sua própria reflexão sobre os temas abordados nas pregações. c) apresentar questionamentos para os quais a Igreja não possui respostas. d) inserir argumentos à tese defendida pelo pregador sobre a eficácia das pregações. e) questionar a importância das pregações feitas pela Igreja durante os sermões. 8. (ENEM/2012) Com contornos assimétricos, riqueza de detalhes nas vestes e nas feições, a escultura barroca no Brasil tem forte influência do rococó europeu e está representada aqui por um dos profetas do pátio do Santuário do Bom Jesus de Matosinho, em Congonhas, (MG), esculpido em pedra-sabão por Aleijadinho. Profundamente religiosa, sua obra revela a) liberdade, representando a vida de mineiros à procura da salvação. b) credibilidade, atendendo a encomendas dos nobres de Minas Gerais. c) simplicidade, demonstrando compromisso com a contemplação do divino. d) personalidade, modelando uma imagem sacra com feições populares. e) singularidade, esculpindo personalidade do reinado nas obras divinas. 9. (ENEM/2009) Lisongeia outra vez impaciente a retenção de sua mesma desgraça... Gregório de Matos Professora Luana Signorelli Aula 02: LITERATURA PARA ENEM 2020 Aula 02 – Barroco e Arcadismo www.estrategiavestibulares.com.br 63 103 Discreta e formosíssima Maria, Enquanto estamos vendo claramente Na vossa ardente vista o sol ardente, E na rosada face a Aurora fria: Enquanto pois produz, enquanto cria Essa esfera gentil, mina excelente No cabelo o metal mais reluzente, E na boca a mais fina pedraria: Gozai, gozai da flor da formosura, Antes que o frio da madura idade Tronco deixe despido, o que é verdura. Que passado o Zenith da mocidade, Sem a noite encontrar da sepultura, É cada dia ocaso de beldade. CUNHA, H. P. Convivência maneirista e barroca na obra de Gregório de Matos. In: Origens da Literatura Brasileira. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1979.p. 90. O Barroco é um movimento complexo, considerado como a arte dos contrastes. O poema de Gregório de Matos, que revela características do Barroco brasileiro, é uma espécie de livre-tradução de um poema de Luís de Góngora, importante poeta espanhol do século XVII. Fruto de sua época, o poema de Gregório de Matos destaca a) a regular alternância temática entre versos pares e ímpares. b) o contraste entre a beleza física da mulher e a religiosidade do poeta. c) o pesar pela transitoriedade da juventude e a certeza da morte ou da velhice. d) o uso de antíteses para distinguir o que é terreno e o que é espiritual na mulher. e) a concepção de amor que se transforma em tormento da alma e do corpo do eu lírico. 10. (ENEM/2009) O que se entende por Corte do antigo regime é, em primeiro lugar, a casa de habitação dos reis de França, de suas famílias, de todas as pessoas que, de perto ou de longe, dela fazem parte. As despesas da Corte, da imensa casa dos reis, são consignadas no registro das despesas do reino da França sob a rubrica significativa de Casas Reais. ELIAS, N. A sociedade de corte. Lisboa: Estampa, 1987. Algumas casas de habitação dos reis tiveram grande efetividade política e terminaram por se transformar em patrimônio artístico e cultural, cujo exemplo é a) o palácio de Versalhes. b) o Museu Britânico. c) a catedral de Colônia. d) a Casa Branca. e) a pirâmide do faraó Quéops. Professora Luana Signorelli Aula 02: LITERATURA PARA ENEM 2020 Aula 02 – Barroco e Arcadismo www.estrategiavestibulares.com.br 64 103 11. (ENEM/2008) TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES: Torno a ver-vos, ó montes: o destino Aqui me torna a pôr nestes outeiros, Onde um tempo os gabões deixei grosseiros Pelo traje da Corte, rico e fino. Aqui estou entre Almendro, entre Corino, Os meus fiéis, meus doces companheiros, Vendo correr os míseros vaqueiros Atrás de seu cansado desatino. Se o bem desta choupana pode tanto, Que chega a ter mais preço, e mais valia Que, da Cidade, o lisonjeiro encanto. Aqui descanso a louca fantasia, E o que até agora se tornava em pranto Se converta em afetos de alegria. Cláudio Manoel da Costa. In: Domício Proença Filho. A poesia dos inconfidentes. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2002, p. 78/9. Assinale a opção que apresenta um verso do soneto de Cláudio Manoel da Costa em que o poeta se dirige ao seu interlocutor. a) "Torno a ver-vos, ó montes: o destino" (v. 1) b) "Aqui estou entre Almendro, entre Corino," (v. 5) c) "Os meus fiéis, meus doces companheiros," (v. 6) d) "Vendo correr os míseros vaqueiros" (v. 7) e) "Que, da Cidade, o lisonjeiro encanto." (v. 11) 12. (ENEM/2008) Considerando o soneto de Cláudio Manoel da Costa e os elementos constitutivos do Arcadismo brasileiro, assinale a opção correta acerca da relação entre o poema e o momento histórico de sua produção. a) Os "montes" e "outeiros", mencionados na primeira estrofe, são imagens relacionadas à Metrópole, ou seja, ao lugar onde o poeta se vestiu com traje "rico e fino". b) A oposição entre a Colônia e a Metrópole, como núcleo do poema, revela uma contradição vivenciada pelo poeta, dividido entre a civilidade do mundo urbano da Metrópole e a rusticidade da terra da Colônia. c) O bucolismo presente nas imagens do poema é elemento estético do Arcadismo que evidencia a preocupação do poeta árcade em realizar uma representação literária realista da vida nacional. Professora Luana Signorelli Aula 02: LITERATURA PARA ENEM 2020 Aula 02 – Barroco e Arcadismo www.estrategiavestibulares.com.br 65 103 d) A relação de vantagem da "choupana" sobre a "Cidade", na terceira estrofe, é formulação literária que reproduz a condição histórica paradoxalmente vantajosa da Colônia sobre a Metrópole. e) A realidade de atraso social, político e econômico do Brasil Colônia está representada esteticamente no poema pela referência, na última estrofe, à transformação do pranto em alegria. 13. (UNIFESP/2016) TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Leia o excerto do “Sermão de Santo Antônio aos peixes” de Antônio Vieira (1608-1697) para responder à(s) quest(ões). A primeira cousa que me desedifica, peixes, de vós, é que vos comeis uns aos outros. Grande escândalo é este, mas a circunstância o faz ainda maior. Não só vos comeis uns aos outros, senão que os grandes comem os pequenos. [...] Santo Agostinho, que pregava aos homens, para encarecer a fealdade deste escândalo mostrou-lho nos peixes; e eu, que prego aos peixes, para que vejais quão feio e abominável é, quero que o vejais nos homens. Olhai, peixes, lá do mar para a terra. Não, não: não é isso o que vos digo. Vós virais os olhos para os matos e para o sertão? Para cá, para cá; para a cidade é que haveis de olhar. Cuidais que só os tapuias se comem uns aos outros, muito maior açougue é o de cá, muito maisse comem os brancos. Vedes vós todo aquele bulir, vedes todo aquele andar, vedes aquele concorrer às praças e cruzar as ruas: vedes aquele subir e descer as calçadas, vedes aquele entrar e sair sem quietação nem sossego? Pois tudo aquilo é andarem buscando os homens como hão de comer, e como se hão de comer. [...] Diz Deus que comem os homens não só o seu povo, senão declaradamente a sua plebe: Plebem meam, porque a plebe e os plebeus, que são os mais pequenos, os que menos podem, e os que menos avultam na república, estes são os comidos. E não só diz que os comem de qualquer modo, senão que os engolem e os devoram: Qui devorant. Porque os grandes que têm o mando das cidades e das províncias, não se contenta a sua fome de comer os pequenos um por um, poucos a poucos, senão que devoram e engolem os povos inteiros: Qui devorant plebem meam. E de que modo se devoram e comem? Ut cibum panis: não como os outros comeres, senão como pão. A diferença que há entre o pão e os outros comeres é que, para a carne, há dias de carne, e para o peixe, dias de peixe, e para as frutas, diferentes meses no ano; porém o pão é comer de todos os dias, que sempre e continuadamente se come: e isto é o que padecem os pequenos. São o pão cotidiano dos grandes: e assim como pão se come com tudo, assim com tudo, e em tudo são comidos os miseráveis pequenos, não tendo, nem fazendo ofício em que os não carreguem, em que os não multem, em que os não defraudem, em que os não comam, traguem e devorem: Qui devorant plebem meam, ut cibum panis. Parece-vos bem isto, peixes? (Antônio Vieira. Essencial, 2011.) No sermão, Vieira critica a) a preguiça desmesurada dos miseráveis. b) a falta de ambição dos miseráveis. c) a ganância excessiva dos poderosos. d) o excesso de humildade dos miseráveis. e) o excesso de vaidade dos poderosos. Professora Luana Signorelli Aula 02: LITERATURA PARA ENEM 2020 Aula 02 – Barroco e Arcadismo www.estrategiavestibulares.com.br 66 103 14. (UNIFESP/2005) Leia os versos do poeta português Bocage. Vem, oh Marília, vem lograr comigo Destes alegres campos a beleza, Destas copadas árvores o abrigo. Deixa louvar da corte a vã grandeza; Quanto me agrada mais estar contigo, Notando as perfeições da Natureza! Nestes versos, a) o poeta encara o amor de forma negativa por causa da fugacidade do tempo. b) a linguagem, altamente subjetiva, denuncia características pré-românticas do autor. c) a emoção predomina sobre a razão, numa ânsia de se aproveitar o tempo presente. d) o amor e a mulher são idealizados pelo poeta, portanto, inacessíveis a ele. e) o poeta propõe, em linguagem clara, que se aproveite o presente de forma simples junto à natureza. 15. (UEG/2008/Janeiro) Pequei, Senhor; mas não porque hei pecado, Da vossa alta clemência me despido; Porque quanto mais tenho delinquido, Vos tenho a perdoar mais empenhado. "Obra poética de Gregório de Matos". Rio de Janeiro: Record: 1990. Professora Luana Signorelli Aula 02: LITERATURA PARA ENEM 2020 Aula 02 – Barroco e Arcadismo www.estrategiavestibulares.com.br 67 103 Durante o período colonial brasileiro, as principais manifestações artísticas, populares ou eruditas, foram, assim como nos demais aspectos da vida cotidiana, marcadas pela influência da religiosidade. Nesse sentido, com base na análise da presença da religiosidade na obra de Aleijadinho e Gregório de Matos, é CORRETO afirmar: a) Ambas são modelos da arte barroca, uma vez que se inspiram mais na temática cristã do que em elementos oriundos da mitologia greco-romana. b) A presença da temática religiosa em ambos deve-se à influência protestante holandesa na região da Bahia e de Minas Gerais. c) No trecho do poema, tem-se a expressão de um pecador que, embora creia em Deus, não tem certeza de que obterá o perdão divino. d) A pobreza estética da obra de Aleijadinho e Matos deriva da censura promovida pela Santa Inquisição às obras artísticas no Brasil. 16. (UEG/2016) TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES: Leia o poema e observe a pintura a seguir para responder à(s) questão(ões). Destes penhascos fez a natureza O berço, em que nasci: oh quem cuidara, Que entre pedras tão duras se criara Uma alma terna, um peito sem dureza! Amor, que vence os tigres, por empresa Tomou logo render-me ele declara Centra o meu coração guerra tão rara, Que não me foi bastante a fortaleza Por mais que eu mesmo conhecesse o dano, A que dava ocasião minha brandura, Nunca pude fugir ao cego engano: Vós, que ostentais a condição mais dura, Temei, penhas, temei; que Amor tirano, Onde há mais resistência mais se apura COSTA, Claudio Manuel da. Soneto XCVIII. Disponível em: <http://www.bibvirt.futuro.usp.br>. Acesso em: 26 ago. 2015 Professora Luana Signorelli Aula 02: LITERATURA PARA ENEM 2020 Aula 02 – Barroco e Arcadismo www.estrategiavestibulares.com.br 68 103 Verifica-se que os versos e a pintura, em razão das características que lhes são peculiares, pertencem respectivamente aos períodos a) Árcade e Barroco b) Romântico e Realista c) Quinhentista e Naturalista d) Modernista e Vanguardista 17. (UNESP/2020/1ª fase) Para responder às próximas , leia o trecho de uma carta enviada por Antônio Vieira ao rei D. João IV em 4 de abril de 1654. No fim da carta de que V. M.1 me fez mercê me manda V. M. diga meu parecer sobre a conveniência de haver neste estado ou dois capitães-mores ou um só governador. Eu, Senhor, razões políticas nunca as soube, e hoje as sei muito menos; mas por obedecer direi toscamente o que me parece. Digo que menos mal será um ladrão que dois; e que mais dificultoso serão de achar dois homens de bem que um. Sendo propostos a Catão dois cidadãos romanos para o provimento de duas praças, respondeu que ambos lhe descontentavam: um porque nada tinha, outro porque nada lhe bastava. Tais são os dois capitães-mores em que se repartiu este governo: Baltasar de Sousa não tem nada, Inácio do Rego não lhe basta nada; e eu não sei qual é maior tentação, se a 1, se a 2. Tudo quanto há na capitania do Pará, tirando as terras, não vale 10 mil cruzados, como é notório, e desta terra há-de tirar Inácio do Rego mais de 100 mil cruzados em três anos, segundo se lhe vão logrando bem as indústrias. Professora Luana Signorelli Aula 02: LITERATURA PARA ENEM 2020 Aula 02 – Barroco e Arcadismo www.estrategiavestibulares.com.br 69 103 Tudo isto sai do sangue e do suor dos tristes índios, aos quais trata como tão escravos seus, que nenhum tem liberdade nem para deixar de servir a ele nem para poder servir a outrem; o que, além da injustiça que se faz aos índios, é ocasião de padecerem muitas necessidades os portugueses e de perecerem os pobres. Em uma capitania destas confessei uma pobre mulher, das que vieram das Ilhas, a qual me disse com muitas lágrimas que, dos nove filhos que tivera, lhe morreram em três meses cinco filhos, de pura fome e desamparo; e, consolando-a eu pela morte de tantos filhos, respondeu-me: “Padre, não são esses os por que eu choro, senão pelos quatro que tenho vivos sem ter com que os sustentar, e peço a Deus todos os dias que me os leve também.” São lastimosas as misérias que passa esta pobre gente das Ilhas, porque, como não têm com que agradecer, se algum índio se reparte não lhe chega a eles, senão aos poderosos; e é este um desamparo a que V. M. por piedade deverá mandar acudir. Tornando aos índios do Pará, dos quais, como dizia, se serve quem ali governa como se foram seus escravos, e os traz quase todos ocupados em seus interesses, principalmente no dos tabacos, obriga- me a consciência a manifestar a V. M. os grandes pecados que por ocasião deste serviço se cometem. (Sérgio Rodrigues (org.). Cartas brasileiras, 2017. Adaptado.) 1V. M.: Vossa Majestade. À questão colocada por D. João IV, Antônio Vieiraa) responde de maneira categórica. b) opta por não emitir uma opinião. c) finge não tê-la compreendido. d) admite a incapacidade de respondê-la. e) responde de forma enigmática. 18. (UNESP/2020/1ª fase) Considerando o contexto, as lacunas numeradas no terceiro parágrafo do texto devem ser preenchidas, respectivamente, por a) humildade e vaidade. b) necessidade e cobiça. c) miséria e inveja. d) preguiça e ganância. e) avareza e luxúria. 19. (UNESP/2020/1ª fase) Em sua carta, Antônio Vieira relata os padecimentos a) dos nativos e dos capitães-mores. b) dos negros e dos colonos pobres. c) dos nativos e dos colonos pobres. d) dos negros e dos capitães-mores. e) dos nativos e dos negros. 20. (UNESP/2020/1ª fase) Professora Luana Signorelli Aula 02: LITERATURA PARA ENEM 2020 Aula 02 – Barroco e Arcadismo www.estrategiavestibulares.com.br 70 103 Em um estudo publicado em 2005, o historiador Gustavo Acioli Lopes vale-se, no quadro da economia colonial, da expressão “primo pobre” para se referir ao produto derivado das lavouras mencionadas por Antônio Vieira em sua carta. No contexto histórico em que foi escrita a carta, o “primo rico” seria a) o açúcar. b) o pau-brasil. (extrativismo) c) o café. (XIX) d) o ouro. (XVIII) e) o algodão. (XIX) 21. (UNESP/2020/1ª fase) Leia o soneto “VII”, de Cláudio Manuel da Costa, para responder às questões de 09 a 13. Onde estou? Este sítio desconheço: Quem fez tão diferente aquele prado? Tudo outra natureza tem tomado, E em contemplá-lo, tímido, esmoreço. Uma fonte aqui houve; eu não me esqueço De estar a ela um dia reclinado; Ali em vale um monte está mudado: Quanto pode dos anos o progresso! Árvores aqui vi tão florescentes, Que faziam perpétua a primavera: Nem troncos vejo agora decadentes. Eu me engano: a região esta não era; Mas que venho a estranhar, se estão presentes Meus males, com que tudo degenera! (Cláudio Manuel da Costa. Obras, 2002.) O tom predominante no soneto é de a) ingenuidade. b) apatia. c) ira. d) ironia. e) perplexidade. 22. (UNESP/2020/1ª fase) No soneto, o eu lírico expressa um sentimento de inadequação que, a seu turno, se faz presente na seguinte citação: a) “A independência, não obstante a forma em que se desenrolou, constituiu a primeira grande revolução social que se operou no Brasil.” (Florestan Fernandes. A revolução burguesa no Brasil.) Professora Luana Signorelli Aula 02: LITERATURA PARA ENEM 2020 Aula 02 – Barroco e Arcadismo www.estrategiavestibulares.com.br 71 103 b) “Todo povo tem na sua evolução, vista à distância, um certo ‘sentido’. Este se percebe não nos pormenores de sua história, mas no conjunto dos fatos e acontecimentos essenciais que a constituem num largo período de tempo.” (Caio Prado Júnior. Formação do Brasil contemporâneo.) c) “A ocupação econômica das terras americanas constitui um episódio da expansão comercial da Europa. A descoberta das terras americanas é, basicamente, um episódio dessa obra ingente. De início pareceu ser episódio secundário. E na verdade o foi para os portugueses durante todo um meio século.” (Celso Furtado. Formação econômica do Brasil.) d) “Trazendo de países distantes nossas formas de convívio, nossas instituições, nossas ideias, e timbrando em manter tudo isso em ambiente muitas vezes desfavorável e hostil, somos ainda hoje uns desterrados em nossa terra.” (Sérgio Buarque de Holanda. Raízes do Brasil.) e) “A formação patriarcal do Brasil explica-se, tanto nas suas virtudes como nos seus defeitos, menos em termos de ‘raça’ e de ‘religião’ do que em termos econômicos, de experiência de cultura e de organização da família, que foi aqui a unidade colonizadora.” (Gilberto Freyre. Casa- -grande e senzala.) 23. (UNESP/2020/1ª fase) Considerando o contexto histórico-geográfico de produção do soneto, as transformações na paisagem assinaladas pelo eu lírico relacionam-se à seguinte atividade econômica: a) indústria. b) extrativismo vegetal. c) agricultura. d) extrativismo mineral. e) pecuária 24. (UNESP/2010) A cada canto um grande conselheiro, Que nos quer governar cabana, e vinha, Não sabem governar sua cozinha, E podem governar o mundo inteiro. (...) Estupendas usuras nos mercados, Todos, os que não furtam, muito pobres, E eis aqui a Cidade da Bahia. (Gregório de Matos. “Descreve o que era realmente naquelle tempo a cidade da Bahia de mais enredada por menos confusa”. In: Obra poética (org. James Amado), 1990.) O poema, escrito por Gregório de Matos no século XVII, a) representa, de maneira satírica, os governantes e a desonestidade na Bahia colonial. b) critica a colonização portuguesa e defende, de forma nativista, a independência brasileira. c) tem inspiração neoclássica e denuncia os problemas de moradia na capital baiana. d) revela a identidade brasileira, preocupação constante do modernismo literário. e) valoriza os aspectos formais da construção poética parnasiana e aproveita para criticar o governo. Professora Luana Signorelli Aula 02: LITERATURA PARA ENEM 2020 Aula 02 – Barroco e Arcadismo www.estrategiavestibulares.com.br 72 103 25. (UFSCar/2002) Texto 1 (Zé Rodrix e Tavito) Eu quero uma casa no campo do tamanho ideal pau-a-pique e sapê Onde eu possa plantar meus amigos meus discos meus livros e nada mais Texto 2 (Cláudio Manuel da Costa) Se o bem desta choupana pode tanto, Que chega a ter mais preço, e mais valia, Que da cidade o lisonjeiro encanto; Aqui descanse a louca fantasia; E o que té agora se tornava em pranto, Se converta em afetos de alegria. Embora muito distantes entre si na linha do tempo, os textos aproximam-se, pois o ideal que defendem é a) o uso da emoção em detrimento da razão, pois esta retira do homem seus melhores sentimentos. b) o desejo de enriquecer no campo, aproveitando as riquezas naturais. c) a dedicação à produção poética junto à natureza, fonte de inspiração dos poetas. d) o aproveitamento do dia presente - o carpe diem-, pois o tempo passa rapidamente. e) o sonho de uma vida mais simples e natural, distante dos centros urbanos. 26. (PUCCamp/2009) Sob a perspectiva histórica, o que faz Cláudio Manuel da Costa um homem de seu tempo é a nítida identificação com a terra natal (...). Revela-se nele o dilaceramento interior do intelectual que vê com olhos críticos a paisagem natal, como nestes versos de um soneto seu: Destes penhascos fez a natureza O berço, em que nasci: oh quem cuidara Que entre penhas tão duras se criara Uma alma terna, um peito sem dureza. (Sonia Salomão Khéde. “Apresentação” a Cláudio Manuel da Costa. Rio de Janeiro: Agir, Nossos Clássicos, 1983. p. 15) Salienta-se, no trecho acima, a) o interesse em exaltar a natureza nativa, vista como símbolo da pujança da cultura nacional. b) o sentimento nacionalista, que caracterizou as primeiras produções do nosso romantismo. c) o sentimento nativista, que se propagou entre escritores brasileiros do período neo-clássico. d) o ressentimento dos intelectuais brasileiros, por conta de seu desprestígio na ordem cultural do Primeiro Reinado. Professora Luana Signorelli Aula 02: LITERATURA PARA ENEM 2020 Aula 02 – Barroco e Arcadismo www.estrategiavestibulares.com.br 73 103 e) a melancolia dos nossos pré-românticos, influenciados pela derrota dos movimentos libertários na Europa do século XVIII. 27. (Mackenzie SP/2015/Janeiro) TEXTOS PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES Soneto VI 1 Brandas ribeiras, quanto estou contente 2 De ver-vos outra vez, se isto é verdade! 3 Quanto me alegra ouvir a suavidade, 4 Com que Fílis entoa a voz cadente! 5 Os rebanhos, o gado, o campo, a gente, 6 Tudo me está causando novidade: 7 Oh! como é certo que a cruel saudade 8 Faz tudo, do que foi, mui diferente! 9 Recebi (eu vos peço) um desgraçado, 10 Que andou até agora por incertogiro, 11 Correndo sempre atrás do seu cuidado: 12 Este pranto, estes ais com que respiro, 13 Podendo comover o vosso agrado, 14 Façam digno de vós o meu suspiro. Cláudio Manoel da Costa Soneto 1 Estes os olhos são da minha amada, 2 Que belos, que gentis e que formosos! 3 Não são para os mortais tão preciosos 4 Os doces frutos da estação dourada. 5 Por eles a alegria derramada 6 Tornam-se os campos de prazer gostosos. 7 Em zéfiros suaves e mimosos 8 Toda esta região se vê banhada. 9 Vinde olhos belos, vinde, e enfim trazendo 10 Do rosto do meu bem as prendas belas, 11 Dai alívio ao mal que estou gemendo. 12 Mas ah! delírio meu que me atropelas! 13 Os olhos que eu cuidei que estava vendo, 14 Eram (quem crera tal!) duas estrelas. Cláudio Manoel da Costa Professora Luana Signorelli Aula 02: LITERATURA PARA ENEM 2020 Aula 02 – Barroco e Arcadismo www.estrategiavestibulares.com.br 74 103 É traço relevante na caracterização do estilo de época a que pertencem os poemas de Cláudio Manoel da Costa, EXCETO: a) a valorização do locus amoenus. b) a poesia bucólica. c) a utilização de pseudônimos pastoris. d) a busca da aurea mediocritas. e) a repulsa à tradição clássica da poesia. 28. (Mackenzie SP/2015/Janeiro) Na composição poética árcade, a natureza é tratada: a) como uma lembrança da pátria da qual foram exilados. b) como um refúgio da vida atribulada das metrópoles do século XIX. c) como um prolongamento do estado emocional do poeta. d) como um local em que se busca a vida simples, pastoril e bucólica. e) como uma fonte para o retrato crítico às desigualdades sociais. 29. (Mackenzie SP/2012/Janeiro) Pequei, Senhor, mas não porque hei pecado, Da vossa alta piedade me despido, Porque, quanto mais tenho delinquido, Vos tenho a perdoar mais empenhado. Gregório de Matos, “A Jesus Cristo Nosso Senhor”. Observação: Hei pecado = tenho pecado Delinquido = agido de modo errado Na estrofe, o poeta a) dirige-se ao Senhor para confessar os pecados e submete-se à penitência para obter a redenção espiritual. b) invoca Deus para manifestar, com muito respeito e humildade, a intenção de não mais pecar. c) estabelece um diálogo de igual para igual com a divindade, sugerindo sua pretensão de livrar-se do castigo e da piedade de Deus. d) confessa-se pecador e expressa a convicção de que será abençoado com a graça divina. e) arrepende-se dos pecados cometidos, acreditando que, assim, terá assegurada a salvação da alma. 30. (Mackenzie SP/2012/Janeiro) A respeito do momento histórico-literário brasileiro, à época do Arcadismo, pode-se afirmar que: a) ocorre a transferência do centro econômico do Nordeste para a região Sudeste, com destaque para Minas Gerais, onde os poetas mantêm uma relação com sua geografia, sua política e sua história. Professora Luana Signorelli Aula 02: LITERATURA PARA ENEM 2020 Aula 02 – Barroco e Arcadismo www.estrategiavestibulares.com.br 75 103 b) as invasões holandesas foram o maior conflito político-militar ocorrido no período, que estimularam o engajamento político-literário e a confecção das Cartas Chilenas. c) a utilização do ouro, do aço e do petróleo impulsionaram o avanço científico da colônia, possibilitando a criação da Arcádia acadêmica, fonte de cultura para toda uma geração de poetas. d) o nacionalismo ufanista e o irracionalismo alimentaram os primeiros momentos da Inconfidência Mineira, estabelecendo a permanência de uma literatura libertária no aspecto formal. e) o lucro obtido com a extração do ouro e com a economia cafeeira estimularam as manifestações de independência, representada literariamente pela utilização constante dos versos livres. 7 – Gabarito 1. E 2. E 3. D 4. B 5. E 6. C 7. A 8. D 9. C 10. A 11. A 12. B 13. C 14. E 15. A 16. A 17. A 18. B 19. C 20. A 21. E 22. D 23. D 24. A 25. E 26. C 27. E 28. D 29. D 30. A
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