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A consciência e suas alterações

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A consciência e suas alterações 
 Livro: Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais - Paulo Dalgalarrondo 
 Definições de consciência: 
- Neuropsicológica: O estado de estar desperto, 
acordado, vígil, lúcido. Trata-se especificamente 
do nível de consciência. 
- Psicológica: A soma total das experiências 
conscientes de um indivíduo em determinado 
momento. É a dimensão subjetiva da atividade 
psíquica do sujeito que se volta para a realidade. 
Na relação do Eu com o meio ambiente, a 
consciência é a capacidade de o indivíduo 
entrar em contato com a realidade, perceber e 
conhecer os seus objetos. 
- Ético-filosófica: O termo consciência refere-se à 
capacidade de tomar ciência dos deveres éticos 
e assumir as responsabilidades, os direitos e os 
deveres concernentes a essa ética. Trata-se da 
consciência moral ou ética. 
A psicologia clássica, com base na teoria 
sensualista-empirista, compreendia a consciência 
como algo passivo, uma tábula rasa ou papel em 
branco. 
Husserl propõe inverter essa visão meramente 
passiva da consciência; para ele, o fundamental 
da consciência é ser profundamente “ativa”, 
visando o mundo e produzindo sentido para os 
objetos que se lhe apresentam. Não existiria, 
então, uma consciência pura, pois ela é 
necessariamente “consciência de algo”. 
- A intencionalidade, isto é, o visar algo, o dirigir-
se aos objetos, de modo ativo e produtivo, é 
próprio da consciência na visão fenomenológica. 
 John Searle: 
- Ele ressalta a importância de articular 
conceitualmente a consciência com a busca das 
neurociências contemporâneas de correlatos 
neuronais dos estados de consciência (CNEC). 
- O aspecto fundamental da consciência: Seu 
caráter de unidade qualitativa subjetiva. 
 Mas o que vem a ser isso? 
- Todo estado de consciência vem 
acompanhado de um sentimento qualitativo 
especial. 
 
- Experimentar os estados de consciência é 
também algo essencialmente subjetivo. 
- Por fim, os estados de consciência são 
experimentados como um campo de 
consciência unificado. Assim, unidade, 
subjetividade e caráter qualitativo são as marcas 
da experiência dos estados de consciência. 
Outras características aos estados de 
consciência: 
- Esses estados são sempre vivenciados com 
caráter prazeroso ou desprazível, como 
experiências totais e globalizantes (caráter 
gestáltico) 
- Com um senso de familiaridade que impregna 
todas as experiências conscientes (mesmo 
quando vejo uma casa que nunca vi antes, 
ainda reconheço que é uma casa, sua forma e 
estrutura me são familiares). 
 Os pintores surrealistas tentaram quebrar tal 
senso de familiaridade. 
Sistema reticular ativador ascendente: (SRAA) 
- Desenvolvido por Moruzzi e Magoun (1949), 
afirma que a capacidade de estar desperto e 
agir conscientemente depende da atividade do 
tronco cerebral e do diencéfalo, os quais 
exercem poderosa influência sobre os hemisférios 
cerebrais, ativando-os e mantendo o tônus 
necessário para seu funcionamento normal. 
- Se origina no tronco cerebral e sua ação se 
estende até o córtex, por meio de projeções 
talâmicas. 
- Elementos importantes para a ativação cortical: 
○ Neurônios da parte superior da ponte - 
recebem impulsos da maioria das vias 
ascendentes, as quais trazem estímulos intrínsecos 
(proprioceptivos e viscerais) e extrínsecos (órgãos 
dos sentidos: visão, audição, tato, paladar e 
olfato) - e o mesencéfalo 
- Lesões ou disfunções no SRAA produzem 
alterações do nível de consciência e prejuízo a 
todas as funções psíquicas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Lobo parietal direito: Está intimamente 
relacionado ao reconhecimento do próprio 
corpo, dos objetos e do mundo, assim como da 
apreensão daquilo que, convencionalmente, se 
denomina realidade. 
Áreas pré-frontais: São fundamentais na 
organização da atividade mental consciente. 
- Finalmente, reconhece-se a importância das 
interações talamocorticais na ativação e na 
integração da atividade neuronal cortical 
relacionada à consciência. 
- Estão relacionados a alterações do nível da 
consciência na síndrome denominada delirium 
(que veremos adiante) as regiões do córtex 
parietal posterior direito superficial, o córtex pré-
frontal bilateral, o córtex fusiforme (ventromedial 
temporoparietal), o giro lingual, o tálamo anterior 
direito e os núcleos basais. Também têm sido 
reconhecidas as conexões talamofrontais e 
temporolímbicas frontais, em nível subcortical, 
como importantes na gênese dos quadros de 
delirium. 
- Assim, pode-se concluir que, além do SRAA, 
também o tálamo e as regiões do córtex parietal 
direito e pré-frontal direito têm importância 
estratégica para o funcionamento da 
consciência sobretudo no seu aspecto de nível 
de consciência. 
Tálamo: É uma estrutura posicionada 
singularmente no centro do cérebro para filtrar, 
integrar e regular as informações que chegam ao 
cérebro, dados que partem do tronco cerebral e 
se dirigem ao córtex e ao subcórtex. extensiva e 
reciprocamente interligado a todas as áreas do 
córtex cerebral, de forma que uma pequena 
lesão talâmica pode produzir graves alterações 
do nível de consciência. 
- Finalmente, deve-se ressaltar a importância das 
estruturas encefálicas do lado direito (parietais, 
frontais e mesmo talâmicas) na origem dos 
transtornos da consciência. 
 
- A consciência demarca um campo, no qual se 
pode delimitar um foco, ou parte central mais 
iluminada da consciência, e uma margem (franja 
ou umbral), que seria a periferia menos 
iluminada, mais nebulosa, da consciência. 
- Segundo a psicopatologia clássica, é na 
margem da consciência que surgem os 
chamados automatismos mentais e os estados 
ditos subliminares. 
- Freud e Breuer (1895), pesquisando com a 
hipnose os conteúdos esquecidos, reprimidos, de 
seus pacientes, verificaram que certas ideias que 
surgiam em estado hipnótico eram intensas, mas 
isoladas da comunicação associativa com o 
restante do conteúdo da consciência, 
organizando-se, então, como uma segunda 
consciência. 
 Classes do inconsciente (Freud): 
- Inconsciente verdadeiro: É fundamentalmente 
incapaz de consciência. 
Inacessível à evocação voluntária, só tem acesso 
à via pré-consciente e apenas por meio de uma 
técnica especial (hipnose, psicanálise, etc.) pode 
tornar-se consciente. 
Só se revela por meio de subprodutos que surgem 
na consciência, as chamadas formações do 
inconsciente: os sonhos, os atos falhos, os chistes 
e os sintomas neuróticos. 
- Pré-consciente: É composto por representações, 
ideias e sentimentos suscetíveis de serem 
recuperados por meio de esforço voluntário 
- Ele é, embora obscuro, a estrutura mental mais 
importante do psiquismo humano. 
- Funciona regido pelo princípio do prazer por 
meio do processo primário em forma de 
condensação e deslocamento. 
Atemporalidade: Os processos inconscientes 
não são ordenados temporalmente, não se 
alteram com a passagem do tempo, não têm 
qualquer referência ao tempo. Não existe, aqui, 
passado, presente ou futuro. 
Isenção de contradição: No sistema 
inconsciente, não há lugar para negação ou 
Embora a importância do SRAA para o nível 
de consciência seja aceita até hoje, sabe-se 
agora que várias estruturas mais altas, do 
telencéfalo, têm participação crítica na 
gênese da consciência. Verificou-se, por 
exemplo, que a ação sincrônica de 
numerosas áreas corticais visuais, que 
contêm amplas redes neuronais bidirecionais, 
é uma pré-condição para a visão 
consciente. 
dúvida, nem graus diversos de certeza ou 
incerteza. 
Princípio do prazer: O funcionamento do 
inconsciente não segue as ordens da realidade, 
submete-se apenas ao princípio do prazer. Toda 
a atividade inconsciente visa evitar o desprazer e 
proporcionar o prazer, independentemente de 
exigências éticas ou realistas. A busca do prazer 
se dá por meio da descarga das excitações,diminuindo-se ao máximo a carga de excitações 
no aparelho psíquico. 
Processo primário: As cargas energéticas 
(catexias) acopladas às representações 
psíquicas, às ideias, são totalmente móveis. Uma 
ideia pode ceder à outra toda a sua cota de 
energia (processo de deslocamento) ou 
apropriar-se de toda a energia de várias outras 
ideias (processo de condensação). 
- O sentido dinâmico não designa apenas o 
inconsciente como sede de ideias latentes em 
geral, mas especialmente como sede de ideias 
que possuem certo caráter dinâmico e atuante. 
O inconsciente é dinâmico. 
O sono normal: 
O sono é um estado especial da consciência, 
que ocorre de forma recorrente e cíclica nos 
organismos superiores. 
- Fases do sono: 
- Sono sincronizado não-REM: Caracteriza-se por 
atividade elétrica cerebral síncrona, com 
elementos eletroencefalográficos próprios, tais 
como os fusos do sono, os complexos K e ondas 
lentas de grande amplitude. 
- Há, nesse tipo de sono, diminuição da atividade 
do sistema nervoso autônomo simpático e 
aumento relativo do tônus do parassimpático, 
permanecendo vários parâmetros fisiológicos 
estáveis em um nível de funcionamento mínimo, 
tais como as frequências cardíaca e respiratória. 
- Estágios do sono não-REM: 
- Estágio 1: mais leve e superficial, com atividade 
regular do eletrencefalograma (EEG) de baixa 
voltagem, de 4 a 6 ciclos por segundo (2 a 5% do 
tempo total de sono). 2. 
Estágio 2: um pouco menos superficial, com 
traçado do EEG revelando aspecto fusiforme de 
13 a 15 ciclos por segundo (fusos do sono) e 
algumas espículas de alta voltagem, 
denominadas complexos K (45 a 55% do tempo 
total de sono). 
- Estágio 3: sono mais profundo, com traçado do 
EEG mais lentificado, com ondas delta, atividade 
de 0,5 a 2,5 ciclos por segundo, ondas de alta 
voltagem (3 a 8% do tempo total de sono). 
- Estágio 4: estágio de sono mais profundo, com 
predomínio de ondas delta e traçado bem-
lentificado. É mais difícil de despertar alguém nos 
estágios 3 e 4, podendo o indivíduo apresentar-se 
confuso ao ser despertado (10 a 15% do tempo 
total de sono). 
- O sono REM: 
- Não se encaixa em nenhuma dessas quatro 
fases. Sua duração total em uma noite perfaz de 
20 a 25% do tempo total de sono. 
- É um estágio peculiar, cujo padrão do EEG é 
semelhante ao do Estágio 1 do NREM. 
- O sono REM não é, entretanto, um sono leve, 
tampouco profundo, mas um tipo de sono 
qualitativamente diferente. Caracteriza-se por 
instabilidade no sistema nervoso autônomo 
simpático, com variações das frequências 
cardíaca e respiratória, da pressão arterial, do 
débito cardíaco e do fluxo sanguíneo cerebral. 
- Há um padrão de movimentos oculares rápidos 
e conjugados (movimentos oculares sacádicos), 
bem como um relaxamento muscular profundo e 
generalizado (atonia muscular), interrompido 
esporadicamente por contrações de pequenos 
grupos musculares, como os músculos dos olhos. 
- É durante o sono REM que ocorre a maior parte 
dos sonhos. 
- Ondas ponto-genículo-occipitais: Se dá a 
ativação das vias neuronais que ligam o tronco 
cerebral ao córtex occipital (i.e., a área da 
visão); são as chamadas ondas ponto-genículo-
occipitais. 
Em uma noite normal de sono, as fases NREM e 
REM se repetem de forma cíclica a cada 70 a 110 
minutos, com 4 a 6 ciclos completos por noite. O 
sono se inicia com o tipo NREM. 
Pessoas com depressão grave e narcolepsia 
podem ter a latência – adormecimento-primeiro 
sono REM – bastante diminuída, implicando 
geralmente uma inversão da arquitetura do sono. 
Fundamental importância na regulação 
fisiológica do sono: 
- O núcleo supraquiasmático, localizado no 
hipotálamo anterior. 
- A glândula pineal: Que secreta melatonina e 
funciona como oscilador que controla o ritmo 
sono-vigília no período de 24 horas. 
- Os sistemas reticulares mesencefálicos e 
bulbares e os geradores de sono REM localizados 
na ponte. 
- Quimicamente, neurônios aminérgicos, 
colinérgicos e histaminérgicos estão envolvidos 
de forma mais estreita nos mecanismos neuronais 
do sono. 
O sonho: 
- Pode ser considerado uma alteração normal da 
consciência. 
- No século XIX, tomou-se o sonho como modelo 
da loucura, pois, para o francês Moreau de Tours 
(1804-1884), “a loucura é o sonho do homem 
acordado”. 
- Também o antropólogo inglês Edward Burnett 
Tylor (1832-1917) formulou a hipótese de que o 
sonho, com suas visões arrebatadoras, seria a 
experiência humana que teria dado origem à 
crença em seres espirituais e, posteriormente, às 
religiões. 
- A maioria das pessoas sonha várias vezes 
durante uma noite, apenas não lembra da maior 
parte dos seus sonhos, pois se acordarem (ou 
forem despertadas) após mais de oito minutos de 
um sono REM (durante o qual sonharam), não 
lembrarão mais do conteúdo do sonho. 
- Os sonhos são vivências predominantemente 
visuais, sendo rara a ocorrência de percepções 
auditivas, olfativas ou táteis. Isso se relaciona às 
ondas ponto-genículo-occipitais que ativam as 
áreas corticais visuais do lobo occipital durante o 
sonho. 
 Pessoas cegas de nascença geralmente 
relatam sonhos com sensações corporais e de 
movimento, mas obviamente sem o caráter visual 
das pessoas que enxergam. 
- A interpretação do sonho - Freud (1900): 
- Nessa obra, ele busca demonstrar que o sonho 
não é nem um “produto aleatório e sem sentido 
de um cérebro em condições alteradas de 
funcionamento”, nem um “mensageiro de 
recados do além”. O sonho é um fenômeno 
psicológico extremamente rico e revelador de 
desejos e temores, ainda que de forma indireta e 
disfarçada. Enfim, para ele, o conteúdo do sonho 
tem um sentido. 
- “Trabalho do sonho”: Freud afirma que tal 
trabalho transforma os conteúdos latentes 
(inconscientes) do sonho original em conteúdos 
manifestos (conscientes) do sonho lembrado. 
 Isso se dá por meio da: 
Condensação: Fusão de duas ou mais 
representações. 
Deslocamento: Passagem da energia de uma 
representação à outra representação. 
Figurabilidade: Desejos transformam-se em 
imagens visuais). 
 Esses três mecanismos servem para disfarçar o 
desejo reprimido (inconsciente), possibilitando o 
seu acesso à consciência, ainda que com 
deformações e restrições, pois existe a censura 
entre as duas instâncias. 
- Para Freud, o sonho é uma solução de 
compromisso, o resultado de uma intensa 
negociação entre o inconsciente (que visa 
expulsar, forçar os desejos para a consciência) e 
o consciente (que visa impedir que tais desejos 
inconscientes emerjam). 
 
 
 
(Rebaixamento do nível de consciência)
Graus de rebaixamento da consciência: 
- Obnubilação ou turvação da consciência: 
Trata-se do rebaixamento da consciência em 
grau leve a moderado. À inspeção inicial, o 
paciente pode já estar claramente sonolento ou 
parecer desperto, o que dificulta o diagnóstico. 
De qualquer forma, há sempre diminuição do 
grau de clareza do sensório, com lentidão da 
compreensão e dificuldade de concentração. O 
paciente encontra-se um tanto perplexo, com a 
compreensão dificultada, podendo o 
pensamento estar já ligeiramente confuso. 
- Sopor: É um estado de marcante turvação da 
consciência, no qual o paciente pode ser 
despertado apenas por estímulo enérgico, 
sobretudo de natureza dolorosa. Aqui, o paciente 
sempre se mostra evidentemente sonolento. 
Embora ainda possa apresentar reações de 
defesa, ele é incapaz de qualquer ação 
espontânea. A psicomotricidade encontra-se 
A consciência pode se alterar tanto por 
processos fisiológicos, normais, como por 
processos patológicos. 
mais inibida do que nos estados de obnubilação. 
O traçado eletrencefalográfico acha-se 
globalmente lentificado, podendo surgir as ondas 
mais lentas, do tipo delta e teta. 
- Coma: É o grau mais profundo de rebaixamento 
do nível de consciência. No estado de coma, 
não é possível qualqueratividade voluntária 
consciente. Os seguintes sinais neurológicos 
podem ser verificados: movimentos oculares 
errantes com desvios lentos e aleatórios, 
nistagmo, transtornos do olhar conjugado, 
anormalidades dos reflexos oculocefálicos 
(cabeça de boneca) e oculovestibular (calórico) 
e ausência do reflexo de acomodação. 
- Além disso, dependendo da topografia e da 
natureza da lesão neuronal, podem ser 
observadas rigidez de decorticação ou de 
decerebração, anormalidades difusas ou focais 
do EEG com lentificações importantes e 
presença de ondas patológicas. 
- Os graus de intensidade de coma são 
classificados de I a IV: grau I (semicoma), grau II 
(coma superficial), grau III (coma profundo) e 
grau IV (coma dépassé). 
: 
Delirium: 
- É o termo atual mais adequado para designar a 
maior parte das síndromes confusionais agudas. 
- Cabe ressaltar que esses termos (síndrome 
confusional e paciente confuso) dão ênfase ao 
aspecto confuso do pensamento e do discurso 
do paciente (fala incongruente, com conteúdos 
absurdos e sem articulação lógica), um dos 
traços do delirium, mas não necessariamente o 
mais importante ou mais frequente. 
- O delirium é uma das síndromes mais frequentes 
na prática clínica diária, principalmente em 
pacientes com doenças somáticas. 
 - Diz respeito, portanto, aos vários quadros com 
rebaixamento leve a moderado do nível de 
consciência, acompanhados de desorientação 
temporoespacial, dificuldade de concentração, 
perplexidade, ansiedade em graus variáveis, 
agitação ou lentificação psicomotora, discurso 
ilógico e confuso e ilusões e/ou alucinações, 
quase sempre visuais. 
- Trata-se de um quadro que oscila muito ao 
longo do dia. 
 
 
 
 
 
 
Estado onírico: 
- É o termo da psicopatologia clássica para 
designar uma alteração da consciência na qual, 
paralelamente à turvação da consciência, o 
indivíduo entra em estado semelhante a um 
sonho muito vívido. 
- Predomina a atividade alucinatória visual 
intensa com caráter cênico e fantástico. 
- Há geralmente amnésia consecutiva ao período 
em que o doente permaneceu nesse estado 
onírico. 
- Tal estado ocorre devido a psicoses tóxicas, 
síndromes de abstinência a substâncias (com 
maior freqüência no delirium tremens) e quadros 
febris tóxicoinfecciosos. 
- Alguns autores descrevem estados oníricos em 
pacientes psicóticos (esquizofrenia, mania e 
depressão psicóticas), mas, nessa acepção, eles 
não têm sido mais utilizados. 
Amência: 
- Era utilizado na psiquiatria clássica para 
designar quadros mais ou menos intensos de 
confusão mental por rebaixamento do nível de 
consciência, com excitação psicomotora, 
marcada incoerência do pensamento, 
perplexidade e sintomas alucinatórios com 
aspecto de sonho. 
- Assim como para o estado onírico, atualmente 
se tende a designar a amência com o termo 
delirium. 
- Uma parte do campo da consciência está 
preservada, normal, e outra parte, alterada. 
- De modo geral, há quase sempre, nas 
alterações qualitativas da consciência, algum 
grau de rebaixamento (mesmo que mínimo) do 
nível de consciência. 
- Os neurologistas tendem a denominar tais 
alterações de distúrbios focais ou do conteúdo 
da consciência, enquanto os psiquiatras as 
definem como alterações qualitativas da 
consciência. 
Não se deve confundir delirium (quadro 
sindrômico causado por alteração do nível de 
consciência, em pacientes com distúrbios 
cerebrais agudos) com o termo delírio (idéia 
delirante; alteração do juízo de realidade 
encontrada principalmente em psicóticos 
esquizofrênicos). 
Estados crepusculares: 
- É um estado patológico transitório no qual uma 
obnubilação da consciência (mais ou menos 
perceptível) é acompanhada de relativa 
conservação da atividade motora coordenada. 
- Nos estados crepusculares, há, portanto, 
estreitamento transitório do campo da 
consciência, afunilamento da consciência (que 
se restringe a um círculo de idéias, sentimentos ou 
representações de importância particular para o 
sujeito acometido), com a conservação de uma 
atividade psicomotora global mais ou menos 
coordenada, permitindo a ocorrência dos 
chamados atos automáticos. 
- Caracteriza-se por surgir e desaparecer de 
forma abrupta e ter duração variável, de poucos 
minutos ou horas a algumas semanas. 
- Durante esse estado, ocorrem, com certa 
freqüência, atos explosivos violentos e episódios 
de descontrole emocional (podendo haver 
implicações legais de interesse à psicologia e à 
psiquiatria forense). 
- Geralmente ocorre amnésia lacunar para o 
episódio inteiro, podendo o indivíduo se lembrar 
de alguns fragmentos isolados. 
- Os estados crepusculares foram descritos 
classicamente como associados à epilepsia 
(relacionados à turvação da consciência após 
uma crise ou a alterações pré-ictais ou ictais), 
mas também podem ocorrer em intoxicações 
por álcool ou outras substâncias, após 
traumatismo craniano, em quadros dissociativos 
histéricos agudos e, eventualmente, após 
choques emocionais intensos. 
Estado segundo: 
- Estado patológico transitório semelhante ao 
estado crepuscular. 
- Caracterizado por uma atividade psicomotora 
coordenada, a qual, entretanto, permanece 
estranha à personalidade do sujeito acometido e 
não se integra a ela. 
- Com certa freqüência, alguns autores utilizam os 
termos “estado segundo” e “estado crepuscular” 
de forma indistinta ou intercambiável. 
- Em geral, atribui-se, ao estado segundo uma 
natureza mais psicogenética, sendo produzido 
por fatores emocionais (choques emocionais 
intensos). Já ao estado crepuscular, são 
conferidas causas mais frequentemente 
orgânicas (confusão pós-ictal, intoxicações, 
traumatismo craniano, etc.). 
- Os atos cometidos durante o estado segundo 
são geralmente incongruentes, extravagantes, 
em contradição com a educação, as opiniões 
ou a conduta habitual do sujeito acometido, mas 
quase nunca são realmente graves ou perigosos, 
como no caso dos estados crepusculares 
- Do ponto de vista do mecanismo produtor da 
alteração, o estado segundo se aproxima mais à 
dissociação da consciência do que ao estado 
crepuscular. 
Dissociação da consciência: 
- Tal expressão designa a fragmentação ou a 
divisão do campo da consciência, ocorrendo 
perda da unidade psíquica comum do ser 
humano. 
- Ocorre com certa frequência nos quadros 
histéricos (crises histéricas de tipo dissociativo). 
Nessas situações, observa-se uma dissociação da 
consciência, um estado semelhante ao sonho 
(ganhando o caráter de estado onírico), 
geralmente desencadeada por acontecimentos 
psicologicamente significativos que geram 
grande ansiedade para o paciente. 
- Essas crises duram de minutos a horas, 
raramente permanecendo por dias. 
- Alguns pacientes têm crises ou estados 
dissociativos agudos que se iniciam devido a 
quedas, abalos musculares e movimentação do 
corpo semelhante à crise convulsiva (da 
epilepsia). Nesses casos, designa-se tal crise 
como crise pseudo-epiléptica (em relação à crise 
epiléptica verdadeira). 
- A dissociação da consciência pode ocorrer 
também em quadros de ansiedade intensa, 
independentemente de se tratar de paciente 
com personalidade ou traços histéricos, sendo a 
dissociação, então, vista como uma estratégia 
defensiva inconsciente para lidar com a 
ansiedade muito intensa; o indivíduo desliga da 
realidade para parar de sofrer. 
Transe: 
- Estado de dissociação da consciência que se 
assemelha a sonhar acordado, diferindo disso, 
porém, pela presença de atividade motora 
automática e estereotipada acompanhada de 
suspensão parcial dos movimentos voluntários. 
- O estado de transe ocorre em contextos 
religiosos e culturais. 
- O transe dito extático pode ser induzido por 
treinamento místico-religioso, ocorrendo 
geralmente a sensação de fusão do eu com o 
universo. 
- Não se deve confundir o transereligioso, 
culturalmente contextualizado e sancionado, 
com o transe histérico, que é um estado 
dissociativo da consciência relacionado 
frequentemente a conflitos interpessoais e 
alterações psicopatológicas. 
 Estado hipnótico: 
- É um estado de consciência reduzida e 
estreitada e de atenção concentrada, que pode 
ser induzido por outra pessoa (hipnotizador). 
- Trata-se de um estado de consciência 
semelhante ao transe, no qual a 
sugestionabilidade do indivíduo está aumentada, 
e a sua atenção, concentrada no hipnotizador. 
- Nesse estado, podem ser lembradas cenas e 
fatos esquecidos e podem ser induzidos 
fenômenos como anestesia, paralisias, rigidez 
muscular, alterações vasomotoras. 
Experiência de quase-morte: (EQM) 
- Um estado especial de consciência é verificado 
em situações críticas de ameaça grave à vida, 
como parada cardíaca, hipoxia grave, 
isquemias, acidente automobilístico grave, entre 
outros, quando alguns sobreviventes afirmam ter 
vivenciado as chamadas experiências de quase-
morte (EQM). 
- São experiências muito rápidas (de segundos a 
minutos) em que um estado de consciência 
particular é vivenciado e registrado por essas 
pessoas 
Estudos recentes (Nelson et al., 2006) têm 
mostrado que as características mais frequentes 
desses estados são as seguintes (em 55 casos 
revisados a partir da literatura científica 
internacional): sensação de paz (87%), de estar 
fora do próprio corpo (80%), de estar rodeado 
por uma luz intensa (78%), de estar em “outro 
mundo” (75%), sensações de “união cósmica” 
(67%), de ter atingido um “ponto de não-retorno” 
(67%), de alegria intensa (64%), de “compreensão 
imediata” (60%) e de contato com uma 
“entidade mística” (55%). 
- Em estudo recente, Nelson e colaboradores 
(2006) buscaram demonstrar que a EQM seria a 
consequência de uma invasão maciça de 
atividade cerebral do tipo sono REM nas pessoas 
enquanto passavam por tais experiências. 
Entretanto, há também consistentes hipóteses 
socioculturais e históricas para tal experiência 
(Kellehear, 1993).

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