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1 Engenharia da Qualidade Robson Keller 2017 2 AULA 2 Robson Keller - Engenharia da Qualidade 3 SUMÁRIO 1. UMA VISÃO GERAL SOBRE PROCESSOS 3. EFICIÊNCIA X EFICÁCIA DOS PROCESSOS 4. ROTINA E MELHORIAS - Ciclo natural de melhoria dos processos 6. COMO IMPLEMENTAR MELHORIAS CONTÍNUAS 7. PRODUTIVIDADE – A BUSCA DO ÓTIMO 5. AS POSSIBILIDADES E OS LIMITES DAS MELHORIAS 2. PROCESSOS E ENTROPIA Robson Keller - Engenharia da Qualidade 4 1. UMA VISÃO GERAL SOBRE PROCESSOS 1.1 O que são processos? A vida na Terra existe como consequência de uma sucessão de eventos, alguns dos quais decorrentes dos fenômenos da Natureza e outros causados pela ação dos homens e dos animais que nele habitam. Cada um desses eventos pode ser visto como uma transformação de algo em outra coisa, executada mediante um potencial ou uma força motivadora específica, capaz de romper o equilíbrio imobilizante. A maioria dos filósofos argumenta que tudo o que nos cerca está em permanente transformação. Segundo Heráclito, "O mesmo homem não pode atravessar o mesmo rio, porque o homem de ontem não é o mesmo homem, nem o rio de ontem é o mesmo do hoje". Enfim, tudo se transforma e a sensação que temos de estabilidade é apenas relativa à dimensão do tempo de nossa observação sobre aquilo que entendemos como "realidade". De fato, tudo o que fazemos, percebemos ou o que acontece na Terra, mesmo sem percebermos, são processos. São exemplos de processos da Natureza: - A chuva é o processo de transformação da água em estado de vapor existente no ar atmosférico para água no estado líquido (condensação), e sua precipitação sobre a terra. Robson Keller - Engenharia da Qualidade 5 - O vento é o processo de transformação energética para reequilibrar a temperatura e a pressão em toda a atmosfera. - O envelhecimento das pessoas é o processo de transformação dos tecidos, dos órgãos e, e decorrência, das manifestações "inteligentes" de relacionamento dessa pessoa com o ambiente em que vive, de um estado de maior vitalidade para um estado progressivo de menor vitalidade até a morte do indivíduo. - A explosão de agressividade das pessoas é o processo de transformação psicológico, de um estado equilibrado para um estado mais negativamente energizado, mediante a inundação do hormônio adrenalina na corrente sanguínea, que provoca as reações motoras ou psíquicas associadas. ANTECEDENTE TRANSFORMAÇÃO CONSEQUENTE ENTRADA TRANSFORMAÇÃO PRODUTO (PROCESSO) Para cada um desses processos podemos estabelecer a seguinte relação fundamental: Robson Keller - Engenharia da Qualidade 6 Fig. 1 – Modelo do processo “escovar os dentes”. Exemplo: Um exemplo bem intuitivo de processo pode ser "escovar os dentes". Nesse caso, a preocupação restringe-se em solucionar uma necessidade geradora do processo (ter dentes saudáveis). A visão esquemática desse processo e os seus agentes (entradas, transformação e produto) é: Robson Keller - Engenharia da Qualidade 7 Fig. 2 – Modelo de um processo genérico. Podemos identificar em cada processo a presença de 3 agentes: - A entrada, matéria-prima ou insumo - aquilo que vai ser transformado em outra coisa (os antecedentes, que vêm antes e que serão transformados); - A transformação em si; - O resultado da transformação, que chamamos de produto ou de saída (os consequentes, que vem depois, que foram transformados) Robson Keller - Engenharia da Qualidade 8 Controle de Processos: Diz respeito ao grau de domínio que se tem sobre as causas do processos, isto é, em que medida conseguimos determinar, conscientemente, os seus resultados. “ Ter as rédeas na mão” parece ser essencial à gestão competente. Essa questão pode ser resumida como: “controlar os processos ou ser controlados por eles”. Agregação de valor: Constitui a essência da economia capitalista, diz respeito à justificativa final para a existência de um processo em uma organização: se não agrega valor deve, racionalmente, ser eliminado do ambiente. No sentido mais rigoroso, agregação de valor em um processo é a diferença de valor entre o produto ( na saída de um processo) e a soma dos valores das entradas (matérias–primas ou insumos), acrescidas dos custos intrínsecos da transformação, isto é: Valo agregado = Valor do Produto/Serviço - ΣΣΣΣ ( Valores das Entradas e Custo da Transformação) ΣΣΣΣ = somatório de todos os valores aplicados para obter o produto/serviço 1.2 A agregação de valor nos processos: Em se tratando de organizações convencionais, duas questões muito importantes da abordagem por processos são: Controle dos processos e Agregação de valor. Robson Keller - Engenharia da Qualidade 9 Produzir qualidade nada mais é do que realizar cada processo da cadeia interna em absoluta conformidade com os requisitos anteriormente estabelecidos. Fig. 3 – Desdobramentos de processos. Os processos não possuem fronteiras perfeitamente definidas. Tanto os limites quanto o fracionamento de processos em outros é uma decisão arbitrária, de acordo com as finalidades da respectiva modelagem de processos. Produzir qualidade é “entregar qualidade 100%” ao próximo cliente. Robson Keller - Engenharia da Qualidade 10Fig. 4 – Ciclo Completo da Abordagem por processos. 1.3 O ciclo completo da Abordagem por Processos Robson Keller - Engenharia da Qualidade 11 Sistema = qualquer entidade (processo, produto, equipamento, pessoa, grupo, organização ou outros) que seja objeto de nossa observação. Conceito de Sistema pela Norma Internacional ISO 9000:2005 = conjunto de elementos que estão inter-relacionados ou interativos. Os sistemas podem ser de variadas naturezas tais como sistemas mecânico, elétrico, ótico, químico, físico ou social (exemplo: uma organização, uma família ou uma comunidade). Para cumprir com as suas finalidades, cada sistema executa vários processos interativos ou conexos entre si. Exemplo: Sistemas relacionados à vida dos seres humanos. Eles possuem inúmeros processos (ou subsistemas), dentre os quais podemos citar os seguintes: nervoso, circulatório, pulmonar, digestivo, etc. Objetivo: Fazer analogia para construir a nosso conhecimento sobre o comportamento e a melhoria dos processos das organizações. 2. PROCESSOS E ENTROPIA Robson Keller - Engenharia da Qualidade 12 Entropia (propriedade da natureza): estudada na ciência Termodinâmica, determina que os sistemas (ou processos) tendem naturalmente à desorganização, ao envelhecimento e, finalmente, à morte. Não há exceção para essa "lei". Algumas considerações sobre a propriedade entropia pode nos fornecer boas informações sobre o assunto de nosso interesse, os processos organizacionais. Desse modo, encontramos um bom caminho para preservar e melhorar o desempenho dos processos: investir na melhoria das CAUSAS dos processos (pessoal, material, método e máquina), de forma a REDUZIR-lhes a ENTROPIA (desorganização, queda de desempenho, perda de qualidade). Em outras palavras: Menor geração de entropia conduz a resultados mais compensadores. Mas temos que ser criteriosos quanto à qualidade da energia investida: para trazer resultados, é preciso que a energia seja coerente, isto é, seja capaz de gerar trabalho útil. Não basta investir energia apenas em quantidade, sem coerência ou mal aplicada. Isto só faz aumentar a entropia, sem gerar os resultados esperados. Robson Keller - Engenharia da Qualidade 13 No caso específico das organizações, a velocidade da desorganização dos processos (perda de eficiência e de eficácia) acontece proporcionalmente à influência de dois fatores-chave: • a organização trata apenas dos EFEITOS gerados pelos problemas, esquecendo-se de investigar e eliminar assuas causas; • há muitos PEQUENOS PROBLEMAS presentes; os pequenos problemas, por serem pequenos, acabam sendo tolerados. Ocorre que esses problemas são cumulativos. Quando a organização se dá conta, o problema acumulado já é tão grande que escapa à capacidade de ser administrado. A rigor, conviver com problemas é extremamente perigoso e desgastante, em face de nos acostumarmos com pequenos problemas. Ao se aceitar os pequenos, tendemos a aceitar um maior e o processo não tem fim: passamos a aceitar todos os problemas como normais. Em consequência, por mais difícil que possa parecer, a decisão mais sensata é estimular valores organizacionais de TOLERÂNCIA ZERO COM PROBLEMAS. Objetivo: Reduzir a entropia dos processos, isto é, evitar a sua desorganização e somente aplicar energia que gere trabalho útil. Como : investir nas suas causas e não nos seus efeitos. A cultura japonesa da qualidade, consolidada a partir dos anos 1950, sugere que todos os recursos investidos em efeitos dos processos são na realidade investimentos perdidos. Uma boa analogia para "investir sobre efeitos" em nossa cultura é a frase popular "enxugar gelo". Robson Keller - Engenharia da Qualidade 14 Os conceitos do binômio "eficácia" e "eficiência" são básicos para o estudo da gestão das organizações. Eficácia: A NBR ISO 9000:2005 fornece a seguinte definição para termo eficácia, quando aplicado à gestão: 3. EFICIÊNCIA X EFICÁCIA DOS PROCESSOS Dimensão na qual as atividades planejadas são realizadas e os resultados planejados, alcançados. A interpretação mais cuidadosa dessa definição determina a existência de alguns pré-requisitos. Dessa forma, para que haja uma condição de eficácia em um determinado processo, há a necessidade de que: • as atividades a serem realizadas sejam (previamente) planejadas; • os resultados desejados sejam, também (previamente), planejados; • exista alguma forma de medida dos resultados (indicador de desempenho); • exista uma meta para balizar o indicador; • os resultados alcançados sejam coerentes, à luz do indicador de desempenho adotado, com o resultado que foi previsto. Robson Keller - Engenharia da Qualidade 15 O termo eficácia, portanto, pressupõe que haja GESTÃO do processo considerado; em decorrência, a aplicação do termo eficácia deve ser criteriosa. Coerentemente com a definição, não faz sentido utilizar o termo eficácia em um contexto no qual não existam as preocupações mínimas de gestão, de planejamento e de controle. Poderemos, portanto, ter processos igualmente eficazes tanto realizados sob custos e condições ótimas, quanto sob condições sofríveis. Uma vez que na eficácia apenas os resultados serão observados e comparados, ela NÃO CARACTERIZA POR COMPLETO A QUALIDADE DE UM PROCESSO. Isso vai requerer alguma informação adicional sobre outra característica importante, que é o CUSTO com que se obtém a eficácia pretendida. Eficiência: Essa condição é a eficiência, assim definida pela ISO 9000:2005: A eficácia está relacionada aos RESULTADOS do processo, sem qualquer vinculação com a forma de executá-Io. Eficiência é a relação entre o resultado alcançado e os recursos usados. Robson Keller - Engenharia da Qualidade 16 A medida da eficiência pode ser representada por duas diferentes formas: • adimensional: quando os meios e o fim são expressos na mesma unidade de medida. • relação de dimensões específicas: quando expressamos a eficiência de um processo como a relação entre coisas diferentes, como, por exemplo, 10 peças/kg de matéria-prima. Utilizando esse mesmo exemplo, a eficiência poderia ser expressa em termos de valor monetário/kg de matéria-prima, ou qualquer outra forma de interesse. A eficiência está associada à produtividade e ao rendimento do processo. Exemplo: Análise das combinações de eficiência e de eficácia de um processo de investigação policial sobre um furto de automóvel. A eficiência retrata uma relação entre os meios utilizados e o fim (os resultados alcançados). A eficiência fornece uma medida da relação custo/benefício para a realização dos processos. Robson Keller - Engenharia da Qualidade 17 Eficiência do processo: diz respeito aos custos para fazer a investigação. Nesse caso, representaremos os custos apenas pela quantidade de homens- dia para executar o processo. Eficácia do processo: identificar o autor e coletar as provas materiais do furto. Várias são as alternativas de combinação da eficácia e da eficiência desse processo. Vejamos alguns exemplos sobre essas diferentes possibilidades no quadro a seguir. Robson Keller - Engenharia da Qualidade 18 Exemplos de comparação: 1) Aparelhos de ar condicionado tradicional com o modelo split. Qual é mais eficaz e o mais eficiente? Se ambos os aparelhos são capazes de manter o objetivo estabelecido (manter a temperatura do ambiente a 25 graus centígrados e umidade relativa de 77%), ambos serão igualmente eficazes. Eficácia: Ambos são igualmente eficazes Considerando que o split consome menos energia do que o aparelho convencional, o split será mais eficiente que o convencional. Já sob o ponto de vista do investimento inicial, o aparelho convencional (que é mais barato e requer menos obra de instalação) será mais eficiente que o split. menos energia - o split será mais eficiente que o convencional investimento inicial - o aparelho convencional será mais eficiente que o split Eficiência: Robson Keller - Engenharia da Qualidade 19 2) Comparação de eficácia e eficiência entre automóveis movidos a álcool, gasolina ou gás (GNV). Assumindo: - medida de eficácia = a potência do motor - medida de eficiência = o custo por quilômetro rodado. Tabela comparativa: • Eficácia: o motor movido a álcool é o mais eficaz (tem maior potência) e o menos eficaz é o movido a gás • Eficiência: o motor movido a gás é o mais eficiente (tem o mais baixo custo), enquanto os motores movidos a álcool ou a gasolina têm a mesma eficiência (custos idênticos) e maiores que o motor movido a gás. Robson Keller - Engenharia da Qualidade 20 3) Comparações entre algumas equipes de futebol da Copa do Mundo de 2002, sob as seguintes definições: - medida da eficiência: o custo de manutenção da equipe de futebol, em função dos valores dos passes dos atletas no mercado, à época da Copa do Mundo de 2002 (considerar a relatividade das comparações, tomadas em valores médios). - medida de Eficácia: resultados obtidos, avaliados com a classificação final da equipe na Copa do Mundo. • Exemplo de time eficiente e eficaz: Turquia, uma equipe de baixo custo relativo, que obteve o terceiro lugar na competição. • Exemplo de time INeficiente e eficaz: Brasil, uma equipe de alto custo (Ronaldinho, Rivaldo, Ronaldo Gaúcho, Roberto Carlos etc.), que se sagrou campeã. • Exemplo de time eficiente e INeficaz: China, uma equipe de baixo custo, que foi eliminada na primeira fase, sem vitórias. • Exemplo de time INeficiente e INeficaz: França, uma equipe caríssima (Zidane, Djorkaeff, Bartez, Tigana, Trésor etc.), que obteve resultados pífios. Robson Keller - Engenharia da Qualidade 21 No caso da Turquia, poder-se-ia perguntar se ela realmente foi eficaz (alcançar os objetivos planejados) obtendo o terceiro lugar. Podemos imaginar que, por mais ambiciosa que fosse, muito provavelmente essa equipe deve ter planejado como objetivo apenas superar a primeira fase eliminatória, resultado que foi ultrapassado com folga. Sob essa condição (arbitrada por nós), o termo eficácia estaria aplicado coerentemente com o nosso conceito (alcançar o objetivo). Fig. 5– Eficiência e Eficácia. Robson Keller - Engenharia da Qualidade 22 Em termos menos rigorosos e sob uma visão bem prática, funcionamentoeficiente significa realizar corretamente aquilo que se faz (mesmo não considerando se há ou não agregação de valor). Nas mesmas bases, funcionamento eficaz é alcançar os objetivos pretendidos, isto é, realizar plenamente tudo aquilo que precisa ser feito (atender às necessidades dos clientes). Combinando agora eficiência com eficácia, trata-se de fazer certo as coisas certas; é planejar e realizar corretamente tudo o que precisa ser feito para atender às necessidades dos clientes do próximo processo, sob a restrição de custo competitivo com a concorrência. Ser ao mesmo tempo eficaz e eficiente é fazer certo as coisas certas. visão prática: Robson Keller - Engenharia da Qualidade 23 A experiência mostra que, em geral, algumas organizações fazem mais do que precisa ser feito, deixam de fazer algumas coisas essenciais e as coisas que fazem não são nem eficientes nem eficazes. É uma combinação explosiva de insatisfação dos clientes (que se frustram por não terem as suas necessidades atendidas), com desperdício (realização de atividades desnecessárias, que não agregam valor). Observemos a analogia gráfica dessa assertiva, mostrada na figura adiante, na qual cinco setores do gráfico identificam as nossas áreas de interesse: 1) Elipse (completa) da direita: representa o que precisa ser feito, as necessidades dos clientes do próximo processo. 2) Elipse (completa) da esquerda: representa o que a organização realmente faz, isto é, todos os resultados ou produtos das atividades realizadas no dia a dia. 3) Setor hachurado da esquerda da elipse: representa o que a organização faz, mas não é necessidade do cliente; expressa os desperdícios (recursos gastos sem retorno). 4) Setor hachurado da direita da elipse: representa o que o cliente necessita, mas não é feito pela organização; expressa as carências, que vão gerar as insatisfações dos clientes. 5) Setor de interseção entre as duas elipses (duplamente hachurado): representa o que o cliente necessita e a organização realiza; expressa a área combinada de eficiência e de eficácia organizacional. Robson Keller - Engenharia da Qualidade 24 Fig. 6 – Eficiência e Eficácia. Competência da organização = capacidade de fazer convergir as duas elipses. No limite, a máxima eficiência e a máxima eficácia corresponderiam à congruência entre as duas elipses. Desse modo, todas as necessidades dos clientes estarão satisfeitas, mediante a realização das atividades organizacionais absolutamente necessárias, e sem gerar desperdícios. Robson Keller - Engenharia da Qualidade 25 Nesse caso, tudo o que a organização faz atende a uma necessidade identificada do cliente e todas as necessidades dos clientes são identificadas e atendidas (eficácia). Adicionalmente, tudo o que é feito precisa ser eficiente, para que se tenha o menor custo possível, assim permitindo que o preço do produto final possa ser competitivo no mercado e possa, ainda, gerar o excedente de lucro (rentabilidade) e o retorno de investimento. A combinação da eficiência e da eficácia dos processos significa atender às necessidades dos clientes dos próximos processos, sob custo mínimo e obter a rentabilidade capaz de manter a organização competitiva. Robson Keller - Engenharia da Qualidade 26 Independentemente da natureza do processo considerado, todos eles podem estar em um estado de relativo equilíbrio (ou estabilidade) ou, alternativamente, em um estado perturbado, isto é, fora da condição habitual. No estado perturbado, logo após a perturbação (estímulo ou excitação externa) o sistema inicialmente se agita intensamente (mau humor, conflitos, discussões, demissões, crises) e aos poucos vai reencontrando um novo ponto de estabilidade. O sistema volta a um novo estágio de equilíbrio, geralmente em outro nível de energia: dizemos que o sistema mudou, pois ele agora tem uma resposta ou energia diferente. Pode ter mudado para melhor ou para pior, mas será diferente do que era antes. Generalizando a análise sobre o comportamento dos sistemas para todas as possibilidades de funcionamento, podemos identificar três diferentes fases características: 4. ROTINA E MELHORIAS - Ciclo natural de melhoria dos processos Robson Keller - Engenharia da Qualidade 27 a) Funcionamento transiente: é a fase que se segue ao rompimento do equilíbrio em que o sistema se encontrava, de normalidade (status quo), motivado por um estímulo externo qualquer. É uma fase "nervosa", em geral perturbada ou com flutuação de funcionamento. Exemplos de funcionamento transiente: • primeiro dia de um novo trabalho; • início ou parada da produção de uma máquina industrial, após parada de manutenção; • início de uma reunião de trabalho; • início de uma partida de futebol; • fase de decolagem ou do pouso de um avião; • despertar de uma pessoa, após o sono. b) Funcionamento estável: é a fase na qual o sistema se encontra normalmente, quando não está sofrendo estímulo externo desequilibrador ou quando volta ao regime estável (steady state), após uma fase transiente. Ele passa a estar, como se diz, em velocidade de cruzeiro e tem funcionamento estável e previsível, tal como um avião já nivelado, após alcançar a altitude desejada. A fase estável é também chamada de ROTINA. Exemplos de funcionamento estável: Robson Keller - Engenharia da Qualidade 28 • trabalho rotineiro, após a fase de adaptação de uma pessoa; • fase de produção estável e regular de uma máquina industrial; • fase de andamento estável de uma reunião; • fase "aquecida" de uma partida de futebol; • fase de vôo de cruzeiro de um avião; • fase de sono profundo de uma pessoa. c) Melhoria: é a evolução discreta do nível de desempenho ou de saída de um sistema ou processo. Expressa um ganho perceptível e mensurável na saída do processo. Exemplos de melhoria: • aumento da qualidade de trabalho e da produtividade de uma pessoa, em função da boa adaptação e do desenvolvimento de suas habilidades específicas no processo que executa • aumento da produtividade, da regularidade ou da precisão de produção de uma máquina • obtenção de consensos produtivos ou aumento de sinergia em uma reunião • melhoria do nível técnico de uma partida de futebol, com vários gols; • redução da resistência ao avanço (arrasto) do avião, melhorando o rendimento do vôo; • melhoria do relaxamento físico e mental durante o sono. Robson Keller - Engenharia da Qualidade 29 Fig. 7 – As três fases dos sistemas. Observe a figura para caracterizar estas três fases: Das explicações anteriores, poderíamos formular algumas definições para rotina e melhoria, especificamente aplicadas aos processos: Rotina: Período de estabilidade de um processo, no qual os parâmetros de saída (especificações do produto, produtividade, regularidade etc.) permanecem previsíveis e praticamente constantes. Melhoria: Mudança discreta de um processo, no qual os parâmetros de saída (especificações, produto, produtividade, regularidade etc.) apresentam melhorias mensuráveis, de forma estável e consistente, em relação a uma fase anterior. Robson Keller - Engenharia da Qualidade 30 As palavras estabilidade ou rotina dos sistemas (ou dos processos, com significado absolutamente análogo) podem gerar alguma confusão. Se olharmos com uma lente de aumento o nível de desempenho de saída de um bom processo durante a sua fase estável, observaremos que ele não é uma linha reta perfeita, mesmo que o sistema seja muito regular. O nível de saída, na realidade, é uma linha sinuosa, formada por uma sucessão de "picos e vales", conforme podemos a Fig. 4. Sem exceções, esta é a realidade de todos os sistemas. O desempenho de todos, mesmo dos mais perfeitos, sempre varia ou oscila em alguma medida. A variação - absolutamenteinevitável - é denominada como variabilidade. A identificação da variabilidade depende, apenas, de termos um instrumento suficientemente sensível para medi-Ia durante a execução dos processos. Fig. 8 – Nível de saída estável. Robson Keller - Engenharia da Qualidade 31 A estabilidade - rotina - é o período da aquisição da experiência, da segurança e de maturidade no processo de mudança. Este período pode variar com a complexidade do processo, com a maturidade da equipe, com o grau de preparo da organização envolvida e com outros fatores, mas ele não pode ser suprimido. Exemplo: Um atleta só é capaz de bater um recorde após ele ter obtido vários bons resultados anteriores, isto é, ter consolidado uma situação mediante uma rotina. É muito pouco provável que um sistema (processo) sofra melhorias sem antes passar por um período de estabilidade. A cada novo ciclo de aprendizado de qualquer processo: percebemos que o progresso dos sistemas se dá, sempre, por uma sucessão de rotinas e de melhorias. Uma importante observação sobre um processo: Robson Keller - Engenharia da Qualidade 32 Resumindo, a evolução dos sistemas passa pelas três fases características: Rompimento: excitação, saída do estado de equilíbrio do sistema. Segue-se um período de funcionamento perturbado do sistema. Rotina: período de estabilidade do sistema em determinado patamar operacional. Melhoria: salto discreto para um novo patamar operacional. Na literatura convencional aplicada ao desenvolvimento organizacional, comumente são consideradas apenas as fases de rotina e melhoria. Todavia, a fase rompimento será sempre pré-requisito para a mudança em direção ao desenvolvimento organizacional, uma vez que ela "autoriza" a movimentação do sistema em direção à transformação, libertando-o do estado de inércia existente. Os sistemas passam por intermináveis ciclos de rompimento, rotina e melhorias; todavia, usualmente apenas percebemos a existência da fase rompimento em situações extremas. Robson Keller - Engenharia da Qualidade 33 Há dois casos clássicos de comportamento das organizações quanto à evolução de seu desempenho no tempo, a longo prazo: a) Rotinas e melhorias sucessivas: é o princípio japonês do Kaizen, no qual ao longo do tempo a tendência de evolução da empresa é crescente, de acordo como indicado pela ilustração a seguir. A variável medida no eixo horizontal é o tempo. O eixo vertical pode representar qualquer indicador gerencial da organização como, por exemplo, o resultado financeiro, a produtividade, o nível de satisfação dos clientes, etc. Fig. 9 – Empresa Kaizen. Robson Keller - Engenharia da Qualidade 34Fig. 10 – Organização Serrote. b) Organização serrote: é o que ocorre quando uma organização excita o seu sistema com o objetivo de introduzir alguma melhoria, porém não a sustenta. Faz sucessivas tentativas, mas continua pecando em sustentar coerentemente a essência das melhorias. A linha de desempenho organizacional ao longo do tempo aparece como a silhueta dos dentes de um serrote: há pequeno ganho momentâneo, mas a empresa acaba voltando ao nível anterior. A cada nova iniciativa de melhoria, sucede-se um período de "desaquecimento" , de tal forma que o novo desempenho não é sustentado e volta ao nível anterior ou até mais baixo. A longo prazo, a tendência é manter o mesmo nível ou ate mesmo declinar progressivamente o desempenho. Robson Keller - Engenharia da Qualidade 35Fig. 11 – Rotina com tendência declinate. Fig. 12 – Angulos de declínio do desempenho. Por que isso ocorre? As leis da ciência (leis da conservação da energia) determinam que os sistemas sofrem deterioração. O fenômeno de degradação ou deterioração inexorável dos sistemas determina que, se olharmos com um pouco mais de cuidado os gráficos da rotina de desempenho das organizações, perceberemos que a tendência não é de estabilidade, mas sim de decaimento. Com relação ao grau de inclinação de descida da melhoria obtida, quando a empresa é boa, a descida é lenta em relação ao tempo, pois pessoas absorvem consistentemente os aspectos positivos da melhoria e demoram a perdê-Ios. Já em uma empresa não tão boa, a descida é mais rápida, porque nela tudo tende a ser é volátil. Esta empresa terá de fazer novas injeções de energia com maior frequência, caso queira manter o seu nível de empenho (saída do sistema). Vejamos a ilustração: Robson Keller - Engenharia da Qualidade 36 Uma questão tão trivial quanto instigante: Como e quanto estimar limites e as possibilidades de melhorias dos processos? Como um ponto de partida, poderíamos fazer a seguinte indagação: Quantas maneiras existem para realizar um determinado processo? A resposta a essa questão, sem grande risco de cometer uma falha grave, podemos afirmar que há muitas maneiras para executar um processo qualquer, uma vez que as opções de escolha de caminhos são praticamente ilimitadas. 5. AS POSSIBILIDADES E OS LIMITES DAS MELHORIAS Fig.13 – Possibilidades de caminhos. Robson Keller - Engenharia da Qualidade 37 Exemplos: - menor distância entre os pontos - a melhor maneira de "A" para "B" é por meio de uma linha reta. - velejando entre "A" e "B“ com vento contra, então o melhor caminho seria uma linha em zigue-zague em torno da linha reta. Generalizando essa breve análise, podemos concluir que, para tudo o que fazemos na vida, sempre haverá uma melhor forma de fazê-Io, naturalmente limitada a uma determinada circunstância ou critério de comparação. Para qualquer situação sempre haverá um caminho melhor entre todos os outros possíveis. Qual é esse caminho? Entre todas as alternativas para fazer qualquer coisa, existirá sempre uma que será melhor do que todas as outras, observada a perspectiva da análise que está sendo feita. Qual é a melhor alternativa? Tudo irá depender da nossa perspectiva, isto é, do interesse que, por sua vez, dependerá dos objetivos definidos e das restrições existentes. Mas o fato é que, necessariamente, dentre todas as alternativas possíveis haverá sempre uma que será melhor do que todas as outras, uma vez determinado o critério de comparação. Robson Keller - Engenharia da Qualidade 38 Nos processos organizacionais, uma primeira análise decorrente dessas observações é verificar qual é a relação entre a existência de várias alternativas de realização dos processos e o papel do gerente dessa organização. Dizemos que cabe ao gerente buscar diferentes alternativas para realizar as coisas e propor ou decidir pela melhor delas. Jamais um bom gerente se limita a uma única alternativa, mesmo que esta lhe pareça ótima à primeira vista. Não é aceitável que se limite a ver apenas um dos lados da questão, pois há vários outros e, provavelmente, esses poderão ser melhores. De uma forma simbólica, dizemos que toda moeda possui duas faces. Se um gerente enxerga apenas um dos lados da moeda, sua chance de seleção pela melhor alternativa estará limitada a 50% de êxito, o que é um risco inaceitável. Esse tipo de decisão - sem critério racional - é chamado de ensaio e erro, é jogar no escuro. A longo prazo, o ganho é nulo, pois a probabilidade será de 50% de erros e 50% de acertos. Você apostaria num tal gerente? Uma segunda análise refere-se especificamente à busca da melhor alternativa para a execução de processos, tal que nos proporcione eficácia e eficiência, isto é, maior vantagem competitiva. Robson Keller - Engenharia da Qualidade 39 Se observarmos o conjunto das diferentes maneiras possíveis de executar um processo, podemos perceber que a melhor alternativa é diferenciada e representa um extremo, um limite ou uma fronteira (matematicamente isso é chamado de ponto singular). O tal limite de que estamostratando pode ser um máximo (o maior valor dentre todas as alternativas possíveis, aplicado a indicadores do tipo "maior é melhor") ou um mínimo (o menor valor dentre as alternativas possíveis, aplicado a indicadores do tipo "menor é melhor"), de acordo com a situação. Como exemplo para mínimo, observemos a figura que indica o consumo de combustível de um automóvel, de acordo com a sua velocidade de cruzeiro: Fig. 14 – Exemplo de mínimo: Consumo de combustível de um automóvel. Robson Keller - Engenharia da Qualidade 40 Fig. 15 – Exemplo de máximo: eficiência do motor automotivo Como exemplo para máximo, observemos a figura que indica a eficiência do motor do automóvel: Os pontos de máximo e mínimo dos processos representam os chamados pontos ótimos ou pontos singulares. Esses pontos serão o nosso foco de interesse daqui por diante, uma vez que eles representam os pontos de maior interesse nas análises de resultados de desempenho dos processos. Tais pontos deverão ser referências para o estabelecimento de metas. Robson Keller - Engenharia da Qualidade 41 Praticamente todos os resultados dos processos podem ser representados em gráficos. No caso mais geral, os processos são influenciados por um grande número de fatores, chamados de variáveis ou causas dos processos. Quando os resultados dos processos são representados em gráficos comuns (no papel ou planos), são mostradas apenas duas de suas variáveis, ou vetores de influência. Nesse caso, estaremos considerando que os demais fatores ou causas (que existem) não estejam influenciando diretamente os resultados do processo (seriam invariantes). Exemplo: Comportamento dos pneus de um automóvel pequeno (de marca genérica), no qual estamos interessados na vida útil do pneu. Sabemos que muitas são as variáveis que influenciam a durabilidade dos pneus: sua qualidade intrínseca, a pressão interna, o alinhamento da suspensão, o peso total no automóvel, o tipo de pista, a velocidade, a temperatura da pista, a forma de dirigir e várias outras variáveis. Para nosso "experimento'", vamos manter todas elas como invariantes ("fixas"), exceto a pressão interna dos pneus ou "calibragem". Vamos admitir que a pressão recomendada pelo fabricante seja de 28 psi (pound per square inch). Vamos testar a durabilidade para três condições de pressão: 20 psi, 28 psi (recomendada pelo fabricante) e 36 psi, e avaliemos a vida útil resultante para cada uma dessas condições. Robson Keller - Engenharia da Qualidade 42 Os pneus com pressão interna de 20 psi estarão mais vazios do que a condição ideal recomendada pelo fabricante e tenderão a apresentar desgaste prematuro nas laterais de rolagem, região chamada de "ombros". Isto se dá porque a região central da banda de rolagem fica "frouxa" e com pouco contato com a pista, determinando maiores pressões de contato entre a pista e o pneu na região dos "ombros" (há redução da área de contato ideal entre pista e pneu: menor área, maior pressão, uma vez que a carga total permanece a mesma). Fig. 16 – Pressão inferior à recomendada. Robson Keller - Engenharia da Qualidade 43 Os pneus com a calibragem recomendada pelo fabricante - 28 psi - terão contato ótimo com a pista em toda a banda de rolagem, resultando em uma pressão externa aproximadamente uniforme e, portanto, menor ao longo de toda a superfície de contato entre o pneu e a pista de rolagem. Nesta condição, o desgaste total do pneu será uniforme e, provavelmente, mínimo. Fig. 17 – Pressão recomendada. Robson Keller - Engenharia da Qualidade 44 Os pneus com pressão interna de 36 psi estarão mais cheios e rígidos, tendendo a uma forma abaulada. Em consequência, a região central da banda de rolagem estará submetida a maior pressão exterior, uma vez que esta região terá contato mais severo com a pista do que os ombros. A região central da banda de rolagem, portanto, apresentará desgaste prematuro. Fig. 18 – Pressão superior à recomendada. Conclusão: É razoável concluir que os pneus que estiverem com a pressão recomendada proporcionará melhor economia de combustível e, adicionalmente, terão maior vida útil. Veja o gráfico que custo por quilômetro rodado: Robson Keller - Engenharia da Qualidade 45 Se fôssemos medir o custo de pneus por quilometragem ou risco de acidentes, perceberíamos que estes dois casos existiriam pontos de mínimo (quanto menor melhor) quando a pressão interna fosse mantida em 28 psi. A análise do processo que representa a evolução da vida útil média dos pneus, quando se faz variar a sua pressão interna, mostra que temos um ponto de máximo (quanto maior melhor), que deve coincidir com a condição de pressão interna recomendada pelo fabricante do pneu (28 psi). Fig. 19 – Custo por quilômetro. Robson Keller - Engenharia da Qualidade 46 Talvez o leitor conclua que esse exemplo sobre vida útil de pneus seja apenas ilustrativo, sem maiores consequências econômicas práticas ou relevantes. Não é bem assim. Somente nos Estados Unidos, em 1995, poder-se-ia economizar cerca de 6.000.000.000 de litros de combustível, caso os motoristas desse país mantivessem os pneus de seus carros corretamente calibrados! Este dado é apenas um pequeno alerta sobre o custo social da ineficiência e da ineficácia dos processos. Analogamente ao que se passa com os pneus de carros, os resultados do estudo que fizemos podem ser tranquilamente generalizados para os processos da gestão organizacional, bem como para todo e qualquer processo da natureza. Na análise dos processos, estaremos permanentemente preocupados buscar os pontos de mínimos (por exemplo, custos) ou de máximos (por exemplo, rentabilidade). Robson Keller - Engenharia da Qualidade 47 Roteiro básico para melhorar continuamente os processos de trabalho: • estabelecer metas para os indicadores do processo (tipos "quanto maior melhor", "quanto menor melhor” ou "nominal é melhor"); • medir e avaliar os processos, observando o seu funcionamento mediante a análise da evolução dos indicadores e quanto os resultados das análises de dados indicam como eles estão em relação às metas estabelecidas; • caso os resultados apresentem sistematicamente tendência inferior ao estabelecido na meta, analisar as causas do problema (utilizar as Ferramentas de Melhoria do Processo); • estabelecer as soluções para a melhoria do processo (utilizar as Ferramentas de Melhoria do Processo); • implementar e acompanhar a adoção das soluções; • medir e avaliar os resultados dos indicadores, após a adoção das soluções; • iniciar novo ciclo de análise e melhoria do processo. 6. COMO IMPLEMENTAR MELHORIAS CONTÍNUAS Robson Keller - Engenharia da Qualidade 48 Nas atividades organizacionais (empresariais, sociais, pessoais), a busca pelos pontos ótimos é vital, seja para a sobrevivência, para o sucesso ou para o bem- estar. Quem opera nos pontos ótimos dos processos, muito provavelmente vai ter os melhores resultados dentre todos os demais resultados possíveis: vai produzir mais e melhor do que qualquer concorrente nas mesmas condições. Em outras palavras, terá maior vantagem competitiva. Em qualquer caso, a comparação é vital, uma vez que podemos ser o máximo em um contexto pouco competitivo e simplesmente carta fora do baralho em outro contexto mais competitivo; com a globalização sempre teremos de nos comparar ao melhores, o “benchmark”! 7. PRODUTIVIDADE – A BUSCA DO ÓTIMO Vantagem competitiva: Condição de fazer mais e melhor do que a concorrência. Ser competitivo: Ser competitivo quer dizer aproximar-se dos pontos ótimos de qualidade (especificações), de produtividade e de custos. E, como vimos, todas as atividades terão os seus pontos ótimos. Basta aprofundar a reflexão para selecioná-Ios.Robson Keller - Engenharia da Qualidade
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