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Odonto Forense (1)

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1
ODONTOLOGIA
FORENSE
SUMÁRIO
A INTEGRAÇÃO ENTRE A ODONTOLOGIA E O DIREITO...........................................5
1.1. Objetivo específico ..............................................................................................5
1.2. A integração entre a Odontologia e o Direito.......................................................5
1.3. A Normatização do Exercício da Odontologia no Brasil ......................................6
1.4. Habilitação Profissional e Legal e o Exercício Lícito da Odontologia ..................7
1.5. Considerações Finais ........................................................................................10
COMENTÁRIOS À LEI 5.081/66 – PARTE I..................................................................11
2.1. Objetivo Específico ..................................................................................................11
2.2. Comentários à Lei 5.081/66.....................................................................................11
2.3. Competências do Cirurgião-dentista........................................................................13
2.4. Considerações Finais ..............................................................................................17
COMENTÁRIOS À LEI 5.081/66 – PARTE II.................................................................18
3.1. Objetivo Específico ..................................................................................................18
3.2. As Vedações da Lei 5.081/66 ao Cirurgião-dentista................................................18
3.3. Considerações Finais ..............................................................................................20
A PERÍCIA ODONTOLEGAL.........................................................................................21
4.1. Objetivos Específicos ..............................................................................................21
4.2. O que é a Perícia Judicial? ......................................................................................21
4.3 Tipos de Perícias Judiciais e Administrativas ...........................................................23
4.4. Perícias em Fórum Trabalhista................................................................................24
4.5. Perícias Administrativas...........................................................................................24
4.6. Perícias Previdenciárias (INSS)...............................................................................25
4.7. As Características de Uma Boa Perícia...................................................................27
4.8. Considerações Finais ..............................................................................................28
CONCEITO E ATUAÇÃO DO PERITO..........................................................................29
5.1. Objetivos Específicos ..............................................................................................29
5.2. O Perito Odontolegal ...............................................................................................29
5.3. Corpo de Delito........................................................................................................31
5.4. Quesitos Oficiais......................................................................................................33
5.5. Considerações Finais ..............................................................................................33
ANTROPOLOGIA FORENSE: IDENTIDADE E IDENTIFICAÇÃO................................34
6.1. Objetivo Específico ..................................................................................................34
6.2. Identidade e Identificação........................................................................................34
6.3. Pressupostos de Confiabilidade do Método de Identificação ..................................34
6.4. Utilidades da Identificação.......................................................................................35
6.5. Métodos de Identificação.........................................................................................36
6.6. Papiloscopia ............................................................................................................36
6.7. Fundamentos da Papiloscopia.................................................................................38
6.8. Sistema Datiloscópico de Vucetich..........................................................................38
6.9. Classificação das Digitais ........................................................................................41
6.10. Fórmula Datiloscópica – FD...................................................................................42
6.11. Processo de Identificação......................................................................................44
6.12. Considerações Finais ............................................................................................44
DOCUMENTOS ODONTOLEGAIS I ..............................................................................46
7. 1 Objetivo Específico ..................................................................................................46
7.2 Documentos Odontolegais .......................................................................................46
7.3 Considerações Finais ...............................................................................................52
DOCUMENTOS ODONTOLEGAIS II .............................................................................53
8.1 Objetivo Específico ...................................................................................................53
8.2 Prontuários Odontológicos........................................................................................53
8.3 Considerações Finais ...............................................................................................62
CLASSIFICAÇÃO DAS PERÍCIAS................................................................................63
9.1 Objetivo Específico ...................................................................................................63
9.2. Introdução................................................................................................................63
9.3 Classificação das Pericias ........................................................................................63
9.4. Considerações Finais ..............................................................................................66
IDENTIFICAÇÃO PELOS ARCOS DENTÁRIOS...........................................................67
10.1 Objetivo Específico .................................................................................................67
10.2 Introdução...............................................................................................................67
10.3. Formato do Palato e das Arcadas Dentárias .........................................................69
10.4 Comparação com os Registros do Prontuário Clínico Odontológico ......................72
10.5. Considerações Finais ............................................................................................72
IDENTIFICAÇÃO PELA RUGOSCOPIA PALATINA.....................................................74
11.1 Objetivo Específico .................................................................................................74
11.2 Identificação pela Rugoscopia Palatina ..................................................................74
11.3 Características Sinaléticas das Rugosidades Palatinas .........................................76
11.4 Considerações Finais .............................................................................................77
ESTUDO DO MECANISMO DAS MARCAS DE MORDIDAS E O PROCESSODE
IDENTIFICAÇÃO DAS IMPRESSÕES DENTÁRIAS.....................................................78
12.1 Objetivo Específico .................................................................................................7812.2 Estudo do Mecanismo das Marcas de Mordidas ....................................................78
12.3 Processo de Identificação das Impressões Dentárias ............................................84
12.4 Considerações Finais .............................................................................................91
REFERÊNCIAS ..............................................................................................................93
5
MÓDULO 1
A INTEGRAÇÃO ENTRE A ODONTOLOGIA E O DIREITO
1.1. Objetivo específico
Compreender que a vida humana em sociedade traz, juntamente com muitos
benefícios da interatividade entre seus integrantes, também acarreta sobre um mesmo
bem da vida (bens materiais, entre outros), pretensões resistidas, resultantes de
reivindicações simultâneas por mais de um indivíduo social, porque os bens com algum
valor, existem em número muito menor do que o necessário para atender a todos. Deste
modo, ocorrem disputas, as quais, ao longo da história da civilização humana, se
mostraram, repetidamente, irracionais, desmedidas e sangrentas, fazendo com que o
Estado organizado chamasse para si o monopólio da jurisdição, que é a prerrogativa
exclusiva de analisar os fatos, interpretar as normas pertinentes e determinar, de forma
fundamentada, a quem cabe o direito disputado.
Assim, somente são permitidas as soluções privadas dos litígios quando estas
resultarem em acordos pacíficos e não tratarem de direitos indisponíveis, como a vida,
entre outros.
Deste modo, considerando-se a qualidade das informações contidas, usaremos
como referência principal, o excelente título “Orientação profissional para o cirurgião-
dentista/ Ricardo Henrique Alves da Silva e colaboradores. – São Paulo: Santos, 2011”,
tomando, neste caso, a liberdade de compilar e editar alguns pontos de maior interesse
para o propósito de nossa disciplina e integrando-os com o trabalho de outros autores e
a legislação jurídica concernente ao tema abordado.
1.2. A integração entre a Odontologia e o Direito
A vida do homem é social, de relações com outras pessoas físicas (pessoas) e
jurídicas (empresas), de direito público (estatal) e privado (particular). Estas relações são
reguladas pelo Direito Positivo (Leis vigentes), cujas normas protegem o interesse comum
e particular. Por isso se diz que a convivência ocorre sob a égide do Estado de Direito,
em razão de sua competência para criar as regras jurídicas.
6
Cuidando o Direito da organização do Estado, sobressai a previsão dos direitos
e garantias individuais dispondo, essencialmente, sobre a vida, a liberdade, a segurança
e a propriedade. E neste contexto, temos que a vida é compreendida de saúde, aí contida
a saúde bucal, recebendo plena tutela estatal em face de variadas ocorrências que podem
representar prejuízos pessoais, com repercussões na vida social.
O Estado organiza-se em função de seus poderes políticos, entre os quais está
o de Jurisdição – assim compreendido o poder de dizer o direito pela atuação de órgãos
colegiados (Tribunais) e monocráticos (Juízes de Direito), com o apoio de outras funções
essenciais (Ministério Público e Defensoria Pública).
Os conflitos entre as pessoas, envolvendo o interesse jurídico ao bem da vida
saúde, podem ser observados de muitas maneiras e a pacificação exige soluções do
Poder Executivo, da Administração Pública e do Poder Judiciário, frente à jurisdição
estatal federal ou estadual, conforme previsões legislativas distribuídas às competências
para acertos e composições.
De modo sintético, entende-se que os litígios surgem na vida de relações, quando
uma pessoa física ou jurídica tem qualquer pretensão frente a outras, encontrando nelas
uma resistência negatória. Surge dessa situação conflituosa a necessidade de
intervenção estatal, uma vez que é proibida, quando beligerante, a sua solução pela ação
dos próprios envolvidos, enquanto a ação do Estado, quanto à jurisdição – monopolista e
obrigatória – se faz através do processo.
Visando perseguir o ideal de Justiça, cujo significado traduz a pacificação social
e a harmonia nas relações entre as pessoas, a jurisdição se coloca em posição acessível,
para conhecer fatos e fazer atuar a vontade da Lei, através da Ação (judicial), exercitada,
de modo prático, no trâmite do processo judicial.
As inúmeras contendas surgidas no meio social, dados os vários interesses
conflitantes juridicamente protegidos, quando não solucionadas pelo cumprimento
voluntário da obrigação correspondente, poderão chegar à composição somente pelo
acesso à jurisdição, competindo-lhe o desenvolvimento de atos sequenciais coordenados
até o momento culminante – a sentença – com o restabelecimento do equilíbrio social.
1.3. A Normatização do Exercício da Odontologia no Brasil
1631 – Reforma do Regimento do Ofício do Cirurgião-dentista.
1743 – Carta de Ofício para a prática de cirurgia dentária.
7
1802 – Carta de Comissão – Previa multa de dois mil réis para quem exercesse a prática
odontológica sem a “Carta” ou sem a condição de aprovado.
1884 – Decreto 9.311 – Considerava crime, o exercício da Odontologia a todos aqueles
que não tivessem obedecido às normas do decreto.
1932 – Decreto 20.931 – Regulamentou a fiscalização do exercício da Medicina,
Odontologia, Medicina Veterinária e das profissões de Farmacêutico, Parteira e
Enfermeira.
1951 – Lei 1.314 – É considerada a primeira lei, no país, a regulamentar a profissão.
Exigia duas condições para o exercício da Odontologia: 1 – O diploma, que deveria ser
expedido por estabelecimento de ensino oficial ou reconhecido; e, 2 – O registro do
diploma, nos órgãos competentes.
1964 – Lei 4324 – Estabeleceu o CFO como órgão normativo da profissão no país e de
onde emanam as Resoluções que devem orientar a atuação dos Conselhos Regionais,
aos quais se subordinam, obrigatoriamente, todos os profissionais.
1966 – Lei 5.081 – Confere à Odontologia, ampla autonomia ao seu exercício legal.
Conforme Bernaba, os profissionais militantes do campo biomédico, muitas vezes, ficam
alheios aos problemas jurídicos referentes à sua atividade profissional e pelo que estatui
a própria lei, de que ninguém pode alegar erro ou ignorância, torna-se importante abordar
os assentos jurídicos referentes ao exercício da Odontologia.
1.4. Habilitação Profissional e Legal e o Exercício Lícito da Odontologia
Os atos humanos devem, sempre, ser ou estar de acordo com os preceitos legais.
Dessa maneira, os atos que contrariam um dispositivo legal são ilegais, por
apresentarem-se contrários ao Direito.
Segundo a nossa lei civil, é ato lícito, aquele que se fundamenta no Direito, e,
ilícito, o que o contraria, ou seja, que afronta o Direito, fugindo das determinações legais,
sendo, consequentemente, um crime, que pode ser civil ou criminal, de acordo com a lei
que venha a ser violada pelo comportamento humano.
Portanto, de acordo com a Lei 5.081/66, que regulamenta o exercício da
Odontologia no país, quanto à licitude do exercício profissional odontológico, temos:
Art. 2º. O exercício da Odontologia no território nacional só é permitido ao
cirurgião-dentista habilitado por escola ou faculdade oficial ou reconhecida, após o
registro do diploma na Diretoria do Ensino Superior, no Serviço Nacional de
8
Fiscalização da Odontologia, na repartição sanitária estadual competente e inscrição no
Conselho Regional de Odontologia sob cuja jurisdição se achar o local de sua atividade.
(...)
Art. 5º É nula qualquer autorização administrativa a quem não for legalmente
habilitado para o exercício da Odontologia. (Grifou-se e destacou-se).
O diploma obtido atualmente, é registrado pelas universidades federais ou
estaduais, de acordo com a região em que atuam.
A partir daí o graduado necessita da habilitação legal, obtida com o registro, no
CFO, para aqueles que exercerão clínica odontológica, feito no Conselho Regional de
Odontologia (CRO), sob cuja jurisdição se achar o local de seu exercício profissional,e
também com as exigências legais do município onde o profissional irá trabalhar.
Neste sentido, Medeiros nos lembra que “para a prática profissional, o Cirurgião-
dentista deve [também] requisitar os seguintes documentos, na dependência da
legislação do município onde se localize o consultório ou clínica:
1. Alvará de Localização, na Prefeitura Municipal;
2. Laudo da Fiscalização Sanitária, na Secretaria Municipal de Saúde;
3. Laudo de Segurança contra Incêndios, no Corpo de Bombeiros;
4. Laudo de Segurança na utilização de Raios X, junto à Comissão Nacional de
Energia Nuclear (CNEN). ”
(In MEDEIROS, Urubatan Vieira de. Odontologia Legal e Legislação
Odontológica, p.7, (editado). Disponível em:
https://saudebucalcoletivauerj.files.wordpress.com/2011/02/odontologia-legal-e-
legislac3a7c3a3o-odontolc3b3gica2.pdf )
HABILITAÇÃO
PROFISSIONAL
É o diploma obtido em IES reconhecida pelo Governo
ederal
≠ Só estará habilitado a trabalhar o detentor das duas
habilitações
HABILITAÇÃO LEGAL É o registro no CFO e inscrição do diploma, no CRO
do Estado
QUADRO COMPARATIVO ENTRE A HABILITAÇÃO PROFISSIONAL E A LEGAL
9
PRESSUPOSTOS LEGAIS PARA O EXERCÍCIO LÍCITO DA ODONTOLOGIA
10
PROCESSO DE HABILITAÇÃO PROFISSIONAL E LEGAL PARA O EXERCÍCIO DA ODONTOLOGIA
1.5. Considerações Finais
Conforme nós pudemos observar, a mera graduação em Curso Superior de
Odontologia, não é suficiente para o exercício profissional dentro da lei, desenvolver o
exercício profissional.
Portanto, é necessário, ainda, o registro do diploma de graduação no Conselho
Federal e, após escolhido o endereço de trabalho, também a inscrição no Conselho
Regional do Estado da Federação onde estiver localizado este local de trabalho, além de
ser imprescindível, atender às exigências das autoridades administrativa, sanitária e de
segurança municipais.
11
MÓDULO 2
COMENTÁRIOS À LEI 5.081/66 – PARTE I
2.1. Objetivo Específico
Neste módulo, vamos iniciar o estudo sobre a Lei 5.081/66, que á a norma legal
que regulariza o exercício profissional da Odontologia no Brasil. Iremos ver que, além de
ter estabelecido os pressupostos para o exercício lícito da profissão, esta Lei também
determina as prerrogativas do Cirurgião-dentista e as suas limitações quanto aos
aspectos de exercício profissional, publicidade, marketing etc.
Deste modo, considerando-se a qualidade das informações contidas, usaremos,
como referência principal, o excelente título “Orientação profissional para o cirurgião-
dentista/ Ricardo Henrique Alves da Silva e colaboradores. – São Paulo: Santos, 2011”,
tomando, neste caso, a liberdade de compilar e editar alguns pontos do texto do livro de
maior interesse para o propósito de nossa disciplina e integrando-os com o trabalho de
outros autores e a legislação jurídica concernente ao tema abordado.
2.2. Comentários à Lei 5.081/66
2.2.1. Exercício Lícito da Odontologia no Brasil
Para o exercício livre e regular da Odontologia, é imprescindível a habilitação
profissional, que concerne à conclusão de Curso de Graduação em Odontologia, e, do
registro do Diploma de Conclusão do Curso concluído, no Conselho Federal de
Odontologia e a inscrição no respectivo Conselho Regional de Odontologia do Estado em
que o odontólogo pretenda trabalhar.
2.2.2. Tipos de Inscrição nos Conselhos Regionais de Odontologia
2.2.2.1. Inscrição Provisória
Com a demora no trâmite para a emissão, pelas Instituições de Ensino Superior
(IES), dos diplomas de conclusão dos cursos superiores, e, estando os recém-graduados,
ávidos para iniciar o exercício profissional, o Conselho Regional de Odontologia – CRO,
que é o órgão fiscalizador do exercício profissional de cada Estado da Federação, após
o recebimento dos documentos que instruem o pedido de inscrição profissional, incluindo
entre estes a Declaração de Conclusão de Curso, que, neste momento, substitui o
12
Diploma, emite uma Inscrição Provisória, evitando assim, que, durante aquele período
em que o graduado, mesmo já tendo entregue toda a documentação disponível, ainda
depende do exame dos mesmo e da homologação através da emissão de uma Carteira
com o número de registro, que funciona como a credencial para o exercício da
Odontologia, e, assim, evita-se que tenham que aguardar aquele período, ociosos, ou
que muitos exerçam a atividade de modo irregular.
Portanto, é utilizada a declaração original de colação de grau, pois, o diploma,
neste momento, ainda não está pronto, usando-se no seu lugar, a Declaração de
Conclusão de Curso.
O prazo de validade da Inscrição Provisória é de 2 anos (Resolução CFO 185/93).
Não há plenitude profissional, pois, com a inscrição provisória, o profissional não
pode votar e não pode ser votado.
Artigo 5º - É nula qualquer autorização administrativa a quem não for legalmente
habilitado para o exercício da Odontologia.
Inscrição provisória vs Inscrição definitiva dos Conselhos de Odontologia.
O CFO, devido à demora na emissão e recebimento do diploma pelo recém-
formado, bem como o longo tempo requerido para o registro pelo Conselho de Classe,
admite a inscrição provisória do recém-formado, nos CRO’s, com duração máxima de
dois anos.
Porém, de acordo com a Lei 5.081/66, que é a lei regulamentadora da
Odontologia, é necessário o diploma registrado para a obtenção da habilitação legal, não
cabendo nenhuma autorização administrativa para tal permissão.
2.2.2.2. Inscrição Principal
Específica para o Estado da Federação em que o Cirurgião-dentista irá atuar.
Eventualmente, por até 90 dias, permite atuar em outra jurisdição. Consiste do
registro da inscrição na Carteira Profissional do Cirurgião-dentista (CD).
2.2.2.3. Inscrição Secundária
É necessária quando o odontólogo já é inscrito em uma determinada jurisdição.
É uma segunda inscrição, podendo ser simultânea à primeira ou substituindo
esta, quando da transferência definitiva para a jurisdição de outro Estado da Federação.
A inscrição secundária deverá ser realizada quando o profissional já for inscrito
na categoria provisória ou principal em outro Conselho Regional e deseja atuar, também,
13
em uma nova jurisdição. O Cirurgião-dentista pode ter quantas inscrições secundárias for
de seu interesse.
2.2.2.4. Inscrição Remida
É concedida automaticamente, pelo CRO, ao CD, quando este atingir 70 anos de
idade, e sem infração ética.
É isenta do pagamento de anuidade.
O CD com inscrição remida, pode votar e ser votado.
Vejamos o artigo 140 da Resolução CFO 63/05:
Art..140. Entende-se por inscrição remida aquela concedida automaticamente,
pelo Conselho Regional, ao profissional com 70 (setenta) anos de idade, que nunca tenha
sofrido penalidade por infração ética, independendo da entrega do certificado.
2.2.2.5. Inscrição Temporária
É concedida para CDs estrangeiros, que estão, temporariamente, trabalhando no
país. É um visto temporário, que expira com a saída do forasteiro do país.
É um registro provisório e apresenta validade de 2 anos.
Pode ser convertida em inscrição principal, e exige, neste desiderato, que o CD
estrangeiro revalide o diploma para torná-lo regular no país.
2.3. Competências do Cirurgião-dentista
2.3.1. Lei 5.081/66 Art. 6º, incisos I ao IX
2.3.1.1. Art. 6º, caput
Art. 6º Compete ao Cirurgião-dentista: [CD]
I - Praticar todos os atos pertinentes à Odontologia, decorrentes de
conhecimentos adquiridos em um curso regular ou em cursos de pós-graduação.
Cursos regulares de graduação – são aqueles estabelecidos nas diretrizes
curriculares, as quais são determinadas pelo Conselho Nacional de Educação.
Cursos de pós-graduação – são aqueles aptos a conferir aos profissionais, o
aprofundamento de seus conhecimentos em determinado campo de atuação
odontológica.
Consolaro expõe que cursos de aperfeiçoamento buscam possibilitar um melhor
treinamento de habilidades manuais, visuais e outras atividades práticas do profissional.
14
O curso de especialização visa preparar o CD para resolver todos os tipos de
situaçõespertinentes, na área escolhida.
Para Carvalho, são os estudos formais realizados dentro de uma área específica do
conhecimento, após a graduação, sendo o sistema de ensino dividido em lato sensu
(aperfeiçoamento/especialização) e estricto sensu (mestrado/doutorado).
CURSOS DE PÓS-GRADUAÇÃO
SOMENTE PARA
GRADUADOS
2.3.1.1.1. Cursos de Pós-graduação Definidos pela Lei 5.081/66
Atualmente, o CD que deseje realizar um curso de pós-graduação em
Odontologia, dispõe de 19 (dezenove) alternativas de especialidades para escolher.
Vejamos o art. 39 da citada Lei:
Art. 39. Os registros e as inscrições somente poderão ser feitos nas seguintes
especialidades:
a) Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofaciais;
b) Dentística;
c) Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial;
d) Endodontia;
e) Estomatologia;
f) Radiologia Odontológica e Imaginologia;
g) Implantodontia;
h) Odontologia Legal;
i) Odontologia do Trabalho;
j) Odontologia para Pacientes com Necessidades Especiais;
k) Odontogeriatria;
l) Odontopediatria;
m) Ortodontia;
n) Ortopedia Funcional dos Maxilares;
o) Patologia Bucal;
15
p) Periodontia;
q) Prótese Bucomaxilofacial;
r) Prótese Dentária; e,
s) Saúde Coletiva e da Família.
As normativas referentes aos cursos de pós-graduação são bem delineadas na
Lei de Diretrizes e Bases da Educação – Lei 9.394/96.
Art. 44. A educação superior abrangerá os seguintes cursos e programas:
III – de pós-graduação, compreendendo programas de mestrado e doutorado,
cursos de especialização, aperfeiçoamento e outros, abertos a candidatos diplomados
em cursos de graduação e que atendam às exigências das instituições de ensino.
Nas Resoluções do CFO, é possível observar que, no tocante aos cursos de
especialização, há alguns impedimentos, como na Resolução CFO-22/01, em seu artigo
48.
Art. 48. Entende-se por curso de especialização ou programa de residência, para
efeito de registro e inscrição, aquele destinado, exclusivamente, a Cirurgião-dentista
inscrito em Conselho Regional de Odontologia e que atenda ao disposto nestas
normas.
Dessa forma, o que se observa é a proibição expressa da realização de
cursos de pós-graduação, em qualquer de suas modalidades, inclusive
aperfeiçoamentos, atualizações e reciclagens (e outros nomes utilizados), por qualquer
pessoa não habilitada em Odontologia, categoria na qual, se enquadram, também, os
acadêmicos de Odontologia, em qualquer período do curso.
Voltando ao artigo 6º.
Art. 6º. Compete ao Cirurgião-dentista: [CD]
II – Prescrever e aplicar especialidades farmacêuticas de uso interno e externo,
indicados em Odontologia.
Sendo assim, para selecionar um medicamento, é imprescindível conhecer a
dose indicada, o tempo de duração dos efeitos, o tempo de latência, os efeitos colaterais
e eventuais contraindicações.
A Lei 5.081/66 é bem clara e impede o CD prescrever medicações para o
tratamento de doenças sistêmicas, mesmo que apresente manifestações clínicas na
cavidade bucal. É necessário sempre se ater à prescrição de fármacos com atuação
direta sobre os elementos dentários e seus tecidos de sustentação, não sendo permitida,
16
sob nenhuma hipótese, a prescrição de medicamentos não relacionados à prática
odontológica.
Os medicamentos mais frequentemente usados pelos CDs envolvem anestésicos
locais, colutórios com flúor, antissépticos, analgésicos, anti-inflamatórios não esteroidais
(AINE’s), e antibióticos.
Os AINE’s são um grupo variado de fármacos que têm em comum a capacidade
de controlar a inflamação, de reduzir a dor e de combater a febre, sendo exemplos deste
grupo, o ácido acetilsalicílico, o ibuprofeno, o paracetamol, entre outros.
Já os anti-inflamatórios esteroidais ou corticoides possuem indicação de uso para
doenças autoimunes, manifestações alérgicas, transplantes de órgãos, entre outras.
Dos medicamentos citados, apenas os anestésicos locais e substância com flúor
podem ser obtidos nas dentais (comércio específico de produtos odontológicos). Todos
os demais devem ser adquiridos em estabelecimentos farmacêuticos mediante a
apresentação de receita (prescrição farmacológica) pelo interessado.
A Portaria CVS-SP nº 01, de 22/01/07, proibiu o comércio de produtos
anestésicos ao CD e/ou clínicas odontológicas pelas dentais (empresas atacadistas de
produtos odontológicos). Porém, tudo teve início com erro de interpretação do Centro de
Vigilância Sanitária de São Paulo (CVS-SP) ao republicar os códigos da Classificação
Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) e a falha teve repercussão imediata Brasil
afora.
O episódio chamou a atenção para o que o CVS julgou ser uma irregularidade,
pois as dentais têm comercializado anestésicos sem a responsabilidade técnica de um
farmacêutico, contrariando o que a Lei 5.991/73, que, além de descrever conceitos como
os de droga e medicamento, também dispõe sobre licenças, determinando a assistência
de técnico responsável, de que trata o artigo 15 e seus parágrafos.
Art. 15. A farmácia e a drogaria terão, obrigatoriamente, a assistência de técnico
responsável, inscrito no Conselho Regional de Farmácia, na forma da lei.
§ 1º - A presença do técnico responsável será obrigatória durante todo o horário
de funcionamento do estabelecimento.
Até que outra decisão seja tomada, a venda de anestésicos pelas dentais
brasileiras depende da presença de um farmacêutico e de autorização da Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).
2.3.1.1.2. Repercussões da Violação às Normas de Restrição Profissional
17
Prescrição fora da área de competência, que extrapolam os limites de sua
atuação como profissional odontólogo → ilícitos penais.
2.3.1.1.2.1. Exercício ilegal da Medicina → crime (art. 282, do Código Penal brasileiro).
2.3.1.1.2.2. Prescrição para animal → contravenção penal (art. 47, do Decreto Lei
3.688/41).
Em relação aos medicamentos prescritos, toda indicação deve ser feita sob a
forma de receita a fim de orientar a dosagem e a posologia adequada dos medicamentos;
garantir, ao paciente, os benefícios de sua administração; limitar a automedicação; incluir
precauções, orientações ou cuidados pós-operatórios; e servir como instrumento legal no
caso de uso indevido de algum tipo de medicamento, lembrando que o ato de receitar,
resguarda o profissional de acidentes com os pacientes pelo não cumprimento da
prescrição, mas também documenta e responsabiliza o profissional pela prescrição
descuidada e ou de medicamento inadequado.
Voltando ao artigo 6º.
Art. 6º. Compete ao Cirurgião-dentista: [CD]
III – atestar, no setor de sua atividade profissional, estados mórbidos e outros,
inclusive, para justificação de faltas ao emprego.
Os atestados são documentos nos quais, o profissional afirma a veracidade de
um fato ou a existência de um estado ou situação. O atestado médico/odontológico é a
afirmação simples e por escrito de um fato e suas consequências.
São três as condições para que um atestado seja apto a produzir seus efeitos
legais:
1 – A efetiva prática do ato profissional que originou as consequências atestadas;
2 – A posse da autorização legal para o exercício profissional; e,
3 – Não estar o profissional suspenso do exercício de sua atividade.
2.4. Considerações Finais
O exercício organizado e lícito de qualquer profissão, em uma sociedade
heterogênea, como é a contemporânea, exige, de todos os profissionais o respeito ao
regramento legal, para prevenir mal feitos e antecipar a segurança da expectativa de um
bom resultado nas práticas realizados.
Entre outros, este é um dos principais objetivos da regulamentação profissional.
18
MÓDULO 3
COMENTÁRIOS À LEI 5.081/66 – PARTE II
3.1. Objetivo Específico
Neste módulo, vamos completar o estudo sobre a Lei 5.081/66, que á a norma
legal que regulariza o exercício profissional da Odontologia no Brasil. Iremos ver que,
além de ter estabelecido os pressupostos para o exercício lícito da profissão, esta Lei
também determina as prerrogativas do Cirurgião-dentista e as suas limitações e vedaçõesquanto aos aspectos de exercício profissional, publicidade, marketing etc.
Deste modo, considerando-se a qualidade das informações contidas, usaremos,
como referência principal, o excelente título “Orientação profissional para o cirurgião-
dentista/ Ricardo Henrique Alves da Silva e colaboradores. – São Paulo: Santos, 2011”,
tomando, neste caso, a liberdade de compilar e editar alguns pontos do texto do livro de
maior interesse para o propósito de nossa disciplina e integrando-os com o trabalho de
outros autores e a legislação jurídica concernente ao tema abordado.
3.2. As Vedações da Lei 5.081/66 ao Cirurgião-dentista
3.2.1. O Artigo 7º.
Art. 7º. É vedado ao Cirurgião-dentista: [CD]
a) Expor em público trabalhos odontológicos e usar artifícios de propaganda
para granjear clientela.
b) Anunciar a cura de terminadas doenças, para as quais não haja tratamento
eficaz.
c) Exercício de mais de duas especialidades.
d) Consultas mediante correspondência, rádio, televisão ou meios eletrônicos.
e) Prestação de serviço gratuito em consultórios particulares.
f) Divulgar benefícios recebidos de clientes.
g) Anunciar preços de serviços, modalidades de pagamento e outras formas
de comercialização da clínica que signifiquem competição desleal.
Vejamos cada uma destas vedações:
3.2.1.1. a) expor em público trabalhos odontológicos e usar artifícios de
propaganda para granjear clientela.
19
A vedação constante na alínea “a”, trata-se de uma forma de coibir ações
danosas à imagem e à honra da profissão odontológica, sendo esclarecidas, no Código
de Ética Odontológica, as permissões e infrações éticas em relação à propaganda e à
publicidade em Odontologia.
3.2.1.2. b) anunciar a cura de terminadas doenças, para as quais não haja
tratamento eficaz.
Já, na alínea “b”, a Lei 5.081/66 refere-se ao crime de charlatanismo, regido pelo
art. 283 do Código Penal:
Art. 283. Inculcar ou anunciar cura por meio secreto ou infalível:
Pena: detenção de três meses a um ano, e multa.
Se o profissional tornar público, por qualquer meio de divulgação de massa ou
através de pequenos grupos de conversa, a respeito de tratamentos secretos ou
infalíveis, incidirá no crime de charlatanismo.
Charlatanismo → art. 283, do Código Penal brasileiro.
Segundo Menezes, Charlatão não é aquele que se aventura no exercício de uma
profissão de saúde sem habilitação profissional, não é sinônimo de empírico ou falso
profissional, mas aquele que usa de mentira, de falsidade, agindo de maneira
inescrupulosa para enganar seus pacientes.
O Charlatanismo pode se configurar, entre outras, pelas seguintes situações
exemplificativas:
Diagnóstico falso ou exagerado, realização de intervenções desnecessárias,
garantia de cura e exploração mercantilista da publicidade.
3.2.1.3. c) exercício de mais de duas especialidades.
O impedimento a que se refere a alínea “c”, não se deve exatamente ao exercício,
mas à inscrição e ao anúncio da especialidade no Conselho Regional de Odontologia.
É permitido ao CD exercer procedimentos referentes a quantas especialidades
desejar, assim como frequentar quantos cursos de especialização julgar necessários,
porém, só poderão constar, em seus anúncios (cartões, folders, textos) as duas
especialidades que estiverem registradas junto ao CFO.
Assim, um profissional que já tenha as especializações de Periodontia e Prótese
Dentária, resolve, algum tempo depois, cursar a especialização de Implantodontia. Este
profissional estará habilitado a exercer qualquer uma delas em sua atividade profissional,
porém, deverá optar por manter apenas duas especialidades inscritas no CRO de sua
jurisdição e, consequentemente, no CFO. Ou seja, ele continuará legalmente reconhecido
20
apenas por duas especialidades, podendo anunciar apenas essas duas, as que
constarem como inscritas no CRO.
3.2.1.4. d) consultas mediante correspondência, rádio, televisão ou meios
eletrônicos.
O estabelecimento de diagnóstico e terapêutica só é admitido, única e
exclusivamente, quando o profissional examina clinicamente o paciente. Ou seja, o CD
pode, por meios de comunicação em massa, divulgar os preceitos e as funções da
Odontologia (técnicas de escovação, meios de prevenção das doenças bucais,
explicações de indicações de tratamentos etc., que caracterizem a informação para o bem
de uma coletividade), mas não pode eximir-se de estar presente, pessoalmente, nas
atividades de sua competência exclusiva na profissão.
3.2.1.5. e) prestação de serviço gratuito em consultórios particulares.
A proibição referente ao item acima deve ser entendida como a do anúncio do
tratamento gratuito, a fim de apregoar vantagens frente aos demais colegas de profissão,
configurando uma concorrência desleal.
3.2.1.6. f) divulgar benefícios recebidos de clientes.
3.2.1.7. g) anunciar preços de serviços, modalidades de pagamento e outras
formas de comercialização da clínica que signifiquem competição desleal.
As duas situações também se referem a evitar a desvalorização e mercantilização
da profissão odontológica, evitando a concorrência desleal e a busca incansável e
inescrupulosa pelo lucro.
3.3. Considerações Finais
Todos nós, sem exceções, devemos usufruir de nossos direitos assegurados pela
Lei, mas, também, devemos evitar as atitudes defesas pelas mesmas Leis. Respeitar as
normas legais, não fazendo o que é vedado, é sinal de evolução e cidadania responsável
e, neste aspecto, a garantia de não enfrentarmos problemas com a autoridade
administrativa (CRO, PROCON) e judicial.
21
MÓDULO 4
A PERÍCIA ODONTOLEGAL
4.1. Objetivos Específicos
Vamos, juntos, compreender a especificidade do trabalho do perito odontolegal,
o qual é nomeado pelo juiz de uma demanda, para que diligencie a apreciação dos
aspectos técnicos sobre os quais, o mesmo juiz não tem um aprofundado conhecimento,
e deste modo, necessita de sua interpretação sobre aqueles fatos para poder decidir com
acerto e justiça.
Deste modo, considerando-se a qualidade das informações contidas, usaremos,
como referência principal, o excelente título “Orientação profissional para o cirurgião-
dentista/ Ricardo Henrique Alves da Silva e colaboradores. – São Paulo: Santos, 2011”,
tomando, neste caso, a liberdade de compilar e editar alguns pontos do texto do livro de
maior interesse para o propósito de nossa disciplina e integrando-os com o trabalho de
outros autores e a legislação jurídica concernente ao tema abordado.
4.2. O que é a Perícia Judicial?
O Cirurgião-dentista, Perito Judicial e Assistente Técnico em Odontologia, Dr.
Edwin Despinoy, nos oferece uma descrição bastante didática da Perícia Judicial e o
papel do CD Perito e do CD Assistente Técnico em Odontologia: “O CD atuando em
Perícia Judicial pode ter o estado de Perito nomeado pelo Juiz ou ser Assistente Técnico
em Odontologia. [A Perícia Judicial] ocorre sempre que há conflito entre partes de um
processo judicial onde uma das partes (o réu tem que provar suas razões para condutas
tidas como defensáveis ou dentro dos limites da normalidade de conduta profissional, e
a outra parte, o autor, tem que provar que houve prejuízo decorrente da ação ou omissão
do réu). O Juiz tem que se convencer de quem tem razão e para isso cada um apresenta
suas provas, as quais sendo território técnico faz com que o Magistrado se assessore de
um perito designado e a parte do réu se assessora de um assistente técnico [que vai atuar
de modo similar ao perito, na defesa do réu], no caso de causas que envolvam a
Odontologia, estes são CDs. Assim, tanto o perito do Juiz quanto os assistentes técnicos
têm a missão de defender as razões e buscar dar luz à verdade dos fatos para que o Juiz
possa definir uma posição justa. O Juiz precisa de um Laudo Pericial para esclarecimento
técnico e científico de todas as questões levantadas pelas partes, autor e réu. Reiterando,
22
podemos dizer que as partes em litígio podem, por si só, indicar, cada qual. O seu “perito”
que é chamado então de AssistenteTécnico. O Assistente Técnico da parte procura
mostrar ao Juiz, do ponto de vista técnico e científico, que os interesses da sua parte são
legítimos, assim como o Assistente Técnico da outra parte também o faz, aperfeiçoando
a justiça e debulhando os entraves e elucidando o Juiz.
Fica claro, então, que a promoção do direito é feita pela intervenção, tanto do
Perito do Juiz, quanto pelos eventuais [não são obrigatórios] Assistentes Técnicos das
partes. (...) Aquele que esteja em posição de disputa pela verdade, seja na qualidade de
autor, que acusa, ou do réu, que ao defender-se, deve buscar o “perito” Assistente
Técnico em Odontologia que lhe forneça elementos de decisão e convencimento do Juiz
na busca adequada dos fatos. Principalmente se se discute imperícia ou imprudência
profissional quando fatores de ordem orgânica e constitucional podem fazer de uma
conduta correta, um desfecho desfavorável ao tratamento instituído. ” (Compilado de
COSTA, Alexandre Aiquel Vaz da. Perícia médica e odontológica: fundamentos e
legislação. Porto Alegre: Evangraf, 2015, p.55-57, editado).
Outra didática exposição nos é dada no recorte a seguir. Vejamos:
“De acordo com a Lei Federal no. 5.081, de 24 de agosto de 1966, em seu artigo
sexto, [Incisos IV e IX], compete ao Cirurgião Dentista:
(...)
IV – Proceder a perícia Odonto Legal em foro cível, criminal, trabalhista e em
sede administrativa.
(...)
IX – Utilizar, no exercício da função de Perito Odontológico, em casos de
necropsia, as vias de acesso do pescoço e da cabeça.
Como se observa, a realização de perícias é uma das funções que o Cirurgião
Dentista pode vir a ser requisitado realizar.
Entendemos que a autoridade judiciária não possui conhecimentos de todas as
áreas do saber humano e quando do julgamento de determinada questão pode vir a
requisitar exames especializados que servirão de prova e que fornecerão o fundamento
objetivo da sentença.
Logo, perícias podem ser conceituadas como sendo exames técnico
especializados destinados a oferecer esclarecimentos específicos à Justiça. Os “peritos”
são os profissionais que esclarecem a autoridade judiciária a respeito de assuntos
23
específicos de suas profissões. Desta forma podemos ter peritos na área de engenharia,
medicina, química, odontologia, etc....
Perícia Odonto Legal, como refere o texto da Lei Federal, pode ser conceituada
como sendo toda sindicância promovida por autoridade policial ou judiciária, que deve ser
composta por exame clínico e complementares, que pela natureza dos mesmos, os
peritos obrigatoriamente devem ser Cirurgiões Dentistas”.
(In MEDEIROS, Urubatan Vieira de. Odontologia Legal e Legislação Odontológica.) Disponível em:
https://saudebucalcoletivauerj.files.wordpress.com/2011/02/odontologia-legal-e-legislac3a7c3a3o-
odontolc3b3gica2.pdf . Acesso em: 12/02/2016.
4.3 Tipos de Perícias Judiciais e Administrativas
4.3.1. Perícias em Fórum Cível
“Perícia médica/odontológica judicial é o meio de prova realizada por profissional
habilitado, visando a informar e esclarecer alguma autoridade sobre fato próprio de sua
especificidade funcional, no interesse da Justiça e da administração. As perícias forenses
têm o objetivo de instruir ações judiciais em curso que requerem a produção de prova
pericial médica ou odontológica” (compilado de COSTA, Alexandre Aiquel Vaz da. Perícia
médica e odontológica: fundamentos e legislação. Porto Alegre: Evangraf, 2015, p.10,
adaptado).
Resumidamente, os tipos de perícias que podem ser realizadas por CD são:
4.3.1.1. Reconhecimento de danos, reclamados pela parte litigante:
4.3.1.2. Em casos de erro profissional;
4.3.1.3. Nos casos de acidente de trânsito e nos casos de agressão, – em que as
vítimas necessitam de trabalho odontológico em virtude das lesões que atingiram a face,
com comprometimento dos órgãos dentários e ou estruturas associadas.
4.3.1.4. Arbitramento de honorários profissionais: nos casos de ação judicial,
promovida pelo CD, quando as partes não tiverem chegado a um acordo sobre os valores
dos honorários profissionais;
4.3.1.5. Nos casos de não adequação de trabalhos odontológicos, quando o
paciente move ação contra o CD e o juiz pede para o perito estimar o valor dos
tratamentos em litígio.
4.3.1.6. Estimativa de idade: em casos de adoção.
4.3.1.7. Avaliação de equipamentos odontológicos.
4.3.2. Perícias em Fórum Criminal
24
4.3.2.1. Identificação no vivo: nos casos de dentadas ou mordeduras na vítima ou
no agressor; nos casos de dentadas ou mordeduras em alimentos; nos casos de
delinquentes com idade não comprovada.
4.3.2.2. Identificação no cadáver:
4.3.2.2.1. Cadáveres em adiantado estado de putrefação, em que a identificação
datiloscópica já não é possível;
4.3.2.2.2. Afogados em que as polpas digitais tenham sido destruídas;
4.3.2.2.3. Cadáveres desconhecidos que dão entrada nos IML’s;
4.3.2.2.4. Cadáveres carbonizados;
4.3.2.2.5. Grandes catástrofes em que pessoas têm morte violenta;
4.3.2.2.6. Nos casos de dilaceração do corpo.
4.3.2.3. Pesquisas antropológicas no crânio.
4.3.2.3.1. Identificação geral.
4.3.2.3.2. Lesões corporais:
4.3.2.3.3. Nos casos de diagnóstico em que a face é atingida, provocando fraturas
na mandíbula e dentes;
4.3.2.3.4. Nos casos de agressão, em que a vítima ou o agressor sofrem lesão
na face;
4.3.2.3.5. Em casos de erros profissionais.
4.3.2.3.6. Estimativa de idade: no caso de delinquentes sem idade comprovada
ou nos casos quando são encontradas ossadas.
4.3.2.3.7. Determinação da embriaguez alcoólica pelo exame de saliva.
4.3.2.3.8. Utilização de recursos de biologia molecular (exames de DNA) para a
busca da identificação humana em amostras de saliva, de elementos dentários e de
esfregaços bucais.
4.3.2.3.9. Avaliação de exames imaginológicos (radiografias, tomografias) na
busca pela identificação humana.
4.4. Perícias em Fórum Trabalhista
4.4.1. Ligadas a infortúnios do trabalho: acidente que atinge a face ou a boca no
ambiente de trabalho; doenças profissionais com manifestações bucais.
4.5. Perícias Administrativas
4.5.1. Internas aos Conselhos Regionais de Odontologia
25
4.5.1.1. Comissão de perícias e avaliações de tratamentos odontológicos;
4.5.1.2. Comissão de ética.
4.5.2. Internas aos Convênios e Credenciamentos
4.5.2.1. Auditorias.
4.5.3. Avaliação de eventuais erros de funcionários Cirurgiões-dentistas nas
empresas.
4.6. Perícias Previdenciárias (INSS)
4.6.1. Para concessão ou não, de licenças para tratamento de saúde.
Voltando ao artigo 6º, inciso IX, da Lei 5.081/66.
Art. 6º. Compete ao Cirurgião-dentista: [CD]
IX – Utilizar, na função de perito-odontólogo, em casos de necropsia, as vias de
acesso do pescoço e da cabeça.
A verdade processual, obtida a partir dos documentos e provas apresentados
pelas partes litigantes, a qual pode diferir da verdade real, pode ser obtida somente pelos
meios inerentes ao sistema contraditório e de ampla defesa, baseados em expressas
previsões legais nas provas periciais, e ao instituto jurídico de Direito processual e
administrativo, informado por princípios formadores de um conjunto de normas que
orientam os procedimentos de sua realização.
A instituição jurídica da prova pericial recebeu tratamento normativo nos códigos
processuais pátrios (processual civil, penal, administrativo, trabalhista etc.).
O Código de Processo Civil (CPC) dispõe, em seu art. 420, caput, sobre os tipos
de perícia:
“Art. 420. A prova pericial consiste em exame, vistoria ou avaliação”.
A prova pericial tem cabimento quando a “prova do fato”, depender do
conhecimento especial do técnico, e for necessário, em vista de outras provas produzidas
no processo e for praticável sua verificação. A prova pericial vem auxiliar o juiz, quando,
a ele, faltam conhecimentos especiais indispensáveis à percepção ou apreciação de fatos
necessários na obtenção de um convencimento claro e seguro, possibilitando-lhe a justa
composição [decisão por sentença] de uma lide judicial.No Código de Processo Penal (CPP), o exemplo típico de perícia é o exame de
corpo de delito.
26
Especificando, na área penal, a prova pericial refere-se à constatação e
documentação, mediante a adoção de regras técnicas por especialistas, do fato criminoso
investigado.
A prova pericial é uma previsão legal voltada a levar o Estado-juiz, bem como aos
litigantes e seus procuradores (advogados), o convencimento da verdade dos fatos
apresentados em situação de divergência entre as partes litigantes.
Neste contexto, a prova pericial irá, eventualmente, requerer o trabalho de um
cirurgião-dentista (CD) (graduado ou especialista, servidor público ou profissional liberal)
nomeado pelo juiz e de sua confiança, sob compromisso de investigar a verdade,
cabendo também a participação de assistentes técnicos, igualmente qualificados,
admitidos pelo juiz, através da indicação das partes contendoras [aqueles que disputam
algum direito na justiça].
Observa-se a adequação conceitual da Odontologia Legal como Ciência da
Saúde, apartada da terapia, correlacionando conhecimentos de Odontologia e Direito, a
serviço da Justiça e em prol de uma justa composição dos conflitos interpessoais.
Ao Conselho Federal de Odontologia (CFO), autarquia estatal, cabe dispor sobre
a competência dos especialistas em sua Consolidação das Normas para Procedimentos
nos Conselhos de Odontologia e a previsão para proceder os vários tipos de perícias
odontológicas nos foros cível, criminal e trabalhista e na área administrativa, visando a
identificação humana, traumatologia bucomaxilofacial, avaliação de danos, estimativa de
honorários etc.
Assim, o CFO, em sua Resolução CFO-20/01, normatizou Perícias e Auditorias
Odontológicas em Sede Administrativa (não judicial), cabendo salientar a definição e
atribuições do perito, em seu art. 2º:
Art. 2º. Considera-se perito o profissional que auxilia a decisão judicial e
administrativa, por solicitação da autoridade judiciária ou por designação do conselho,
fornecendo laudo-técnico detalhado, realizado através de perícia, com a verificação de
Os peritos não substituem o juiz, e este não se obriga ao
relato dos peritos, porém, suprem sua deficiência de
aptidões na verificação dos fatos ou auxiliam-no,
oferecendo regras técnicas ou de experiência que se
prestam a coadjuvá-lo.
27
exames clínicos, radiográficos, digitalizados, fotografias, modelos de arcos dentais,
exames complementares e outros que auxiliarão na descrição de laudo-técnico, com
absoluta imparcialidade, indicando sempre a fonte de informação que o amparou.
Dessa forma, a Odontologia Legal pode se relacionar com o campo do Direito em
múltiplas áreas como o Direito civil (erro profissional, honorários profissionais, sigilo
profissional e responsabilidade civil do profissional); Direito penal (lesão corporal,
identificação humana, maioridade penal, sigilo profissional, atividade ilícita profissional);
Direito processual civil e penal (atuação pericial por nomeação judicial); Direito do
trabalho (infortunística, doenças profissionais, acidentes profissionais, prevenção de
riscos, ergonomia para o exercício profissional) e Direito esportivo (lesões nas disputas
desportivas).
4.7. As Características de Uma Boa Perícia
Para Alexandre Aiquel Vaz da Costa, “uma boa perícia é precedida da postura do
perito: é neutra e não se imiscui além do objeto da análise atual, evitando comentários
que possam dar margem a conversas onde juízo de valor ou explicitação de linhas
filosóficas ou religiosas possam afastar a atenção do perito, de sua análise. (...) A peça
pericial é documento que pode [deve] ser inteligível ao judiciário e a um cirurgião-dentista
ou médico, leigos em perícia, ela deve ser didática e ordenada nas considerações e nas
constatações documentais. Deve aludir aos documentos na intenção de oferecer uma
linha lógica cronológica de abordagem, de tal maneira que o leitor possa seguir os passos
das evidências que levam ao conclusivo parecer. Deve também citar aspectos técnicos
da prática odontológica ou médica que possam ser relevantes à elucidação do ocorrido
por parte dos leitores profissionais da área.
No decorrer do processo pericial, devemos evitar alguns eventos que poderão ser
indutivos de erro de interpretação, como por exemplos: história sem clareza, motivo de
afastamento [do funcionário, por licença-saúde ou acidente] pobre ou confuso, erros de
digitação, não digitação de exames complementares, excesso de abreviaturas, não
digitação dos atestados dos médicos assistentes (ou cirurgiões-dentistas), CID
inadequado para o caso ou falta de dados objetivos que justifiquem a incapacidade ou
não inserção de dados relevantes adquiridos do exame físico.”
(Compilado de COSTA, Alexandre Aiquel Vaz da. Perícia médica e odontológica: fundamentos e
legislação. Porto Alegre: Evangraf, 2015, p.13-14, editado).
28
4.8. Considerações Finais
Como vimos, o perito odontolegal, do mesmo modo que o perito médico-legal é
um aliado imprescindível da Justiça, pois, ao analisar indícios e vestígios silentes,
deixadas no cenário ou no objeto do crime, e interpretá-los, fará com que os mesmos
contem, ao menos, boa parte da verdade sobre a materialidade e, até mesmo, sobre a
autoria do crime.
29
MÓDULO 5
CONCEITO E ATUAÇÃO DO PERITO
5.1. Objetivos Específicos
Vamos, juntos, compreender a especificidade do trabalho do perito médico-legal,
o qual é nomeado pelo juiz de uma demanda, para que diligencie a apreciação dos
aspectos técnicos sobre os quais não tem um aprofundado conhecimento, e deste modo,
necessita de sua interpretação sobre aqueles fatos para poder decidir com acerto e
justiça.
Deste modo, considerando-se a qualidade das informações contidas, usaremos,
como referência principal, o excelente título “Orientação profissional para o cirurgião-
dentista/ Ricardo Henrique Alves da Silva e colaboradores. – São Paulo: Santos, 2011”,
tomando, neste caso, a liberdade de compilar e editar alguns pontos do texto do livro de
maior interesse para o propósito de nossa disciplina e integrando-os com o trabalho de
outros autores e a legislação jurídica concernente ao tema abordado.
5.2. O Perito Odontolegal
De acordo com a norma jurídica art. 6º, inciso VI, da Lei 5.081/66, compete ao
CD:
IV– Proceder à perícia odontolegal em foro cível, criminal, trabalhista e em sede
administrativa.
Após concluído o curso de graduação, o CD pode atuar na função de perito, mas
é sempre indicado que o perito seja um especialista em Odontologia legal, devido às
peculiaridades desta área de atuação.
5.2.1. Atuação do Perito
Ao executar o seu múnus, o perito está limitado ao desempenho da diligência
para a qual foi determinado, pois, a ele basta a análise dos fatos relacionados ao interesse
pertinente. Delton Croce e Delton Croce Junior entendem que “ele não julga, não defende,
não acusa”. Portanto, deve apenas analisar o objeto de seu trabalho, com todos os
detalhes, objetivamente analisados, “no local do crime ou da morte, nas armas, nas
lesões, no exame cadavérico e todos os sintomas detectados no vivo e a respectiva
sequela natural, sem jamais sobrepor-se, através de uma conclusão emotivada, ao
prudente arbítrio do julgador”.
30
5.2.2. Nomeação do Perito (Experto)
A escolha do perito é prerrogativa do juiz, o qual, tanto para a área penal como
para a cível, deve nomeá-lo dentre os expertos oficiais. Em comarcas onde não haja
peritos judiciais, é permitido à autoridade judiciária designar duas pessoas idôneas,
portadoras de diploma de curso superior naquela área específica.
Nomeado o perito escolhido pelo juiz da causa, podem as partes contratar
assistentes técnicos, os quais, defendendo os interesses da parte que representam,
formularão quesitos para, objetivamente, serem respondidos pelo perito, sob a
apreciação meticulosa sobre a pertinência e relevância dos questionamentos e o risco de
indeferimento pelo magistrado.
5.2.3. Recusa do Encargo
Considerado comoum dever cívico de todo cidadão habilitado para tanto, é
vedada a recusa imotivada ao encargo da perícia, visto ser este um instrumento de defesa
dos interesses da comunidade. O que a lei permite é a recusa fundamentada por razões
de compromisso prévio, suspeição e impedimento legais. Nos casos em que o perito não
cumpra com a determinação judicial, o mesmo estará sujeito à condução policial
coercitiva.
5.2.4. Realização da Perícia
A perícia, na seara penal, quando do exame de lesões suspeitas de ter origem
criminosa, busca a realização do exame de corpo de delito.
Sendo, o corpo de delito, de existência fugaz, a realização do exame do corpo da
vítima exige imediatismo, o que permitirá a coleta e o registro de todos os pequenos
detalhes daquele, sob risco de ocorrer, com o decurso de breves dias, o desaparecimento
de importantes vestígios do crime.
Já, em outras ocasiões, predomina o exame minucioso de detalhes técnicos
inaparentes, ocultados pela trivialidade das lesões ou de um cadáver incógnito,
equivalentes a peças de um quebra-cabeças, exigindo que o perito faça a valoração
ponderada de cada um deles para, ao final, tentar equacionar seus achados e desvendar
as respostas que a justiça procura.
“É vantajoso o exame de corpo de delito (...), concomitantemente, ao qual é
facultado utilizar todos os meios necessários, ouvindo testemunhas, obtendo
informações, solicitando documentos que estejam em poder de parte ou em repartições
públicas, bem como anexar qualquer escrito utilizável para consulta, estudo, prova, e
instruir o laudo com plantas, desenhos, esquemas testemunhais microfotográficos etc.”
31
(Delton Croce e Delton Croce Junior in Manual de Medicina Legal, 8ª Edição, São Paulo:
Saraiva, 2012, p. 44, adaptado).
5.3. Corpo de Delito
O corpo de delito é o objeto resultante do crime, “é o crime na sua tipicidade”
(Delton Croce e Delton Croce Junior in Manual de Medicina Legal, 8ª Edição, São Paulo:
Saraiva, 2012, p. 44, adaptado).
O exame de corpo de delito é a análise da qual, se concludente, resulta o laudo
pericial da materialidade do crime. O exame pericial busca a descrição objetiva e a
interpretação técnica imparcial da infração penal.
O exame de corpo de delito é dito direto quando persistem os vestígios da
infração penal (homicídio, lesão corporal), sendo o exame pericial realizado diretamente
sobre os sinais materiais do crime, e “indireto, quando esses vestígios materiais da
infração inexistem, ou nunca existiram, como na injúria verbal, desacato, rubefação.
Nos crimes que deixam vestígios a prova pericial será sempre direta, sendo a
prova supletiva testemunhal somente admitida quando impossível a primeira e
devidamente justificada. (...).
Importa saber que o nome corpo de delito indireto é impróprio, pois, pelo
desaparecimento ou inexistência de elementos materiais não há corpo, embora haja o
delito”. (Delton Croce e Delton Croce Junior in Manual de Medicina Legal, 8ª Edição, São
Paulo: Saraiva, 2012, p. 44, adaptado).
5.3.1. Falsa Perícia
Corresponde a, sob a confiança da justiça, realizar afirmação mentirosa sobre a
realidade que a análise pericial aponta inegável. É a negação da verdade ou,
conhecendo a realidade que as provas apontam, a abstenção de apontá-las no laudo
pericial.
Vejamos o art. 147 do CPC: “O perito que, por dolo ou culpa, prestar informações
inverídicas, responderá pelos prejuízos que causar à parte, ficará inabilitado, por 2 (dois)
anos, a funcionar em outras perícias e incorrerá na sanção que a lei penal estabelecer”.
Uma falsa perícia, portanto, corresponde à (1) afirmação de
uma mentira, (2) da negação da verdade apontada pela
perícia, ou (3) da postura silente sobre a verdade.
32
5.3.1.1. Falhas Eventuais na Apuração da Verdade
Novamente, em um apanhado de observações pertinentes e didáticas, os autores
Delton Croce e Delton Croce Junior lembram: “Não se confundirá a falibilidade dos
exames periciais, que, (...) são passíveis de involuntários equívocos, quer em suas
pesquisas, quer nas conclusões dos seus laudos, com distorção consciente da verdade,
objetivando ludibriar a autoridade judiciária com o fito de favorecer terceiro ou qualquer
pessoa a quem se imputa o crime. (...). Não importa [que] não atinja o perito mendaz
[mentiroso] o fim desejado; basta à lei a existência de indícios de falseamento consciente
da verdade sobre dados objetivos e juridicamente relevantes e pertencentes ao objeto do
processo de que se trate, colhidos pelo perito, sem o que a eiva do ato pericial será um
ato imoral, mas não antijurídico.
Se a reparação do dano é feita posteriormente, mesmo que a decisão ainda seja
passível de recurso, a retratação ou a declaração da verdade só terá efeito atenuante:
CP, art. 65, III, b”. (In Manual de Medicina Legal, 8ª Edição, São Paulo: Saraiva, 2012, p.
50, adaptado).
5.3.2. Honorários dos Peritos
O pagamento dos honorários para o perito oficial incumbido de desenvolver o
exame pericial, o qual é considerado atividade de interesse público, é realizado pelo
Estado, desincumbindo, deste modo, as partes deste ônus pecuniário.
Aos não oficiais, especificamente na perícia criminal, o pagamento pela
realização da mesma, também é efetuado pelo Poder Público.
O pagamento dos honorários dos assistentes técnicos, os quais, conquanto não
sejam peritos com poder de definir o laudo pericial, prestam auxílio à parte que os
contratou, numa importante estratégia para o levantamento de questões técnicas
Se antes da prolação da sentença, no processo em que foi
o crime de falsa perícia cometido, o próprio perito se retrata
ou declara a verdade, desaparece o delito com o desdizer-
se, e o fato deixa de ser punido (§ 2.º do art. 342 do CP).
33
específicas, inalcançáveis para o público leigo, mas imprescindíveis para o correto
encadeamento da linha de defesa dos argumentos da parte, é realizado pela contratante.
Nas demandas cíveis, de acordo com a norma do art. 33, do CPC, o perito será
remunerado pela parte que requereu o exame pericial, ou do autor, se ambas requereram
a prova técnica.
5.4. Quesitos Oficiais
Quesitos são questionamentos que o juiz, diretamente, ou as partes, através de
seus procuradores constituídos [advogados], fazem aos peritos, com a intenção de
esclarecer dúvidas, comprovar alegações de acusação ou defesa, para obter o
convencimento do julgador a respeito do direito alegado.
5.5. Considerações Finais
Como vimos, o perito odontolegal é um aliado imprescindível da justiça, pois, ao
analisar indícios e vestígios silentes, deixadas no cenário ou no objeto do fato ou do crime,
e interpretá-los, fará com que os mesmos contem, ao menos, boa parte da verdade sobre
estes fatos ou, no caso penal, a materialidade e, até mesmo, sobre a autoria do crime.
Sobre os quesitos, a nossa sugestão para o aluno é de que realize a
leitura do texto específico no excelente e-book “Manual de Medicina
Legal” (CROCE, Delton e CROCE JUNIOR, Delton., 8ª Edição, Saraiva,
2012, p. 54-63), disponível no endereço eletrônico:
http://www.ebah.com.br/content/ABAAAgs34AG/manual-medicina-legal-
delton-croce-junior
34
MÓDULO 6
ANTROPOLOGIA FORENSE: IDENTIDADE E IDENTIFICAÇÃO
6.1. Objetivo Específico
Hoje, vamos ver que a Antropologia Forense, através da associação dos
conhecimentos sobre a medicina, além de outras ciências biológicas e do Direito, muito
frequentemente, é utilizada para a identificação de indivíduos vivos e de cadáveres
recentes ou em adiantado estado de putrefação, carbonizados ou severamente
mutilados, ou apenas de fragmentos esqueléticos.
6.2. Identidade e Identificação
O campo de ação da Antropologia Forense é o estudo da identidade humana, e
também o da sua identificação.
A identidade é o conjunto de sinais individuais exclusivos de um indivíduo,
chamados de elementos sinaléticos, os quais, distinguem-no dos demais da espécie, e a
identificação humana, vem a ser o processo elaborado, com segurança científica, para a
determinação dareferida identidade do homem vivo, do cadáver, ou de seus despojos
ósseos, dentários ou fragmentos teciduais.
Então, se “a identidade é o conjunto de atributos, a identificação é a sua
determinação”.
(In ROSA, Marcelo. Medicina Legal para Concursos – Antropologia Forense – 1ª parte. Vídeo disponível
em: https://www.youtube.com/watch?v=ij8KL7JbB9U&feature=youtu.be)
6.3. Pressupostos de Confiabilidade do Método de Identificação
As características que asseguram a confiabilidade ao método de identificação
sinalética são:
6.3.1. Unicidade
É a mais importante qualidade sinalética, pois, o elemento de identidade utilizado
tem que ser único, exclusivo para aquele indivíduo, quando comparado aos seus
semelhantes, tal como o DNA, as digitais, as rugosidades palatinas, as arcadas dentárias,
fundo de olho etc.
6.3.2. Perenidade
As características únicas, também devem persistir durante toda a vida do
indivíduo.
35
6.3.3. Imutabilidade
Os fatores exógenos (tempo, clima etc.) e endógenos (idade, metabolismo,
fisiologia etc.) não alteram a característica sinalética, como a cor dos olhos, as
impressões digitais etc.
Neste sentido, os desenhos das impressões digitais se mantêm invariáveis,
desde o sexto mês de vida intrauterina, e somente são perdidos, após a morte, como
consequência da decomposição putrefativa do cadáver.
6.3.4. Praticidade
O método de identificação, além de confiável, tem que assegurar a facilidade de
seu uso cotidiano. Mesmo com a confiabilidade dos exames de DNA, do fundo de olho e
do swap oral, estes ficam prejudicados frente ao custo mais elevado e às maiores
exigências laboratoriais em comparação com a praticidade e economia do método
datiloscópico, obtido pela simples impressão digital.
6.3.5. Classificabilidade
O método deve permitir uma classificação dos dados armazenados, com fácil
acesso, a qualquer momento, a esse banco de dados.
(Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=ij8KL7JbB9U&feature=youtu.be )
Francisco Rubén Brizuela define a identidade como sendo “o conjunto de
características que fazem que um indivíduo seja igual a si mesmo e diferente dos demais
e a identificação é o conjunto de técnicas destinadas a reconhecer uma pessoa, viva ou
morta, ou seus despojos”.
(In BRIZUELA, Francisco Rubén, Curso de Medicina Legal, p. 149. Disponível em:
https://www.passeidireto.com/arquivo/16913565/medicina-legal-forense---francisco-ruben-
brizuela).
6.4. Utilidades da Identificação
A identificação pode ser realizada em:
6.4.1 Sujeitos vivos, como nos casos de desaparecidos, suspeitos de falsa
identidade, enfermos com doença mental e ou sofrendo de amnésia, abandono de recém-
nascidos e pessoas com transtornos de discernimento e compreensão etc.
6.4.2. Cadáveres recentes ou putrefatos, quando há vítimas de desastres
coletivos, resultando irreconhecíveis e confundidos entre os demais.
36
6.4.3. Restos humanos e ossos, quando se analisam cadáveres mutilados,
dificultando-se o exame quando estão em avançado estado de decomposição, ou, se
dispondo apenas de despojos ósseos. (Francisco Rubén Brizuela Curso de Medicina
Legal, p. 159).
6.5. Métodos de Identificação
São dois os métodos:
6.5.1. Identificação médico-legal; e a
6.5.2. Identificação judiciária.
“A identificação médico-legal é determinada através de métodos, processos e
técnicas de estudo dos seguintes caracteres: idade, sexo, raça, altura, peso, sinais
individuais, sinais profissionais, dentes, tatuagens etc., e a identificação judiciária é feita
através da antropometria, datiloscopia etc.”
(In PEREIRA, Gerson Odilon. Medicina Legal, p. 10. Disponível em:
www.malthus.com.br/rw/forense/Medicina_Legal_2004_gerson.pdf)
6.6. Papiloscopia
Analisemos o recorte de um estudo realizado na pele humana, onde poderemos
observar a topografia da estrutura da pele, esta que é considerado o maior “órgão”
humano, e que explica a existência das papilas digitais e dos sulcos interpapilares:
O local em que a derme e a epiderme se encontram é irregular pois elas se
interpenetram formando ondulações denominadas papilas dérmicas. Onde a pele é mais
espessa, como a palma das mãos e a sola dos pés, elas se tornam visíveis e possuem
configurações distintas, peculiar a cada indivíduo.
As papilas dérmicas são formadas por cristas papilares e sulcos interpapilares
(fig. 02), e se formam entre seis e oito semanas antes do nascimento do indivíduo
permanecendo imutáveis - aos olhos do perito papiloscópico - por toda a vida, até a
putrefação.
As cristas papilares estão separadas umas das outras pelos sulcos interpapilares,
numa distância de dois a sete décimos de milímetro.
37
Figura 01: Desenho representando a pele
humana e suas divisões. Observe, na epiderme, os
poros.
Fonte:
http://orbita.starmedia.com/~vitiello1/pele.html
Em 16/08/2001.
Figura 02: Desenho representando as cristas
e sulcos das papilas (c - cristas papilares, s - sulcos
interpapilares).
Fonte:
http://orbita.starmedia.com/~vitiello1/pele.html
Em 16/08/2001.
Papiloscopia – Estudo da pele. Disponível em: http://www.papiloscopia.com.br/estudo_das_papilas.html
Acesso em: 31/01/2016. (Editado).
Desta forma, “a papiloscopia consiste no estudo das impressões digitais. Esse
método foi criado por Juan Vucetich, um húngaro naturalizado argentino, no final do
século 19, e foi introduzido no Brasil em 1903”.
(In WOELFERT, Alberto Jorge Testa, Introdução à Medicina Legal, 1ª ed. Canoas: Editora Universidade
Luterana do Brasil, 2003, p. 25.
Disponível em:
https://books.google.com.br/books?id=TIUJJ6YAHMAC&printsec=frontcover&dq=inauthor:%22ALBERTO
+JORGE+TESTA+WOELFERT%22&hl=pt-
BR&sa=X&ved=0ahUKEwi4w5O9zMrKAhUCH5AKHY_BARkQ6AEIHDAA#v=onepage&q&f=false)
3 04
Imagem 03
(CASAS, Mily Almeyra. Dactiloscopía Comparada de Juan Vucetich. Disponível em:
http://dactiloscopiacomparadadejuanvucetich.blogspot.com.br/2015/09/conceptos-generales-de-
dactiloscopia.html.
Adaptado. Acesso em: 24/01/2016).
Imagem 04
Portal do Professor. Disponível em:
http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?pagina=espaco/visualizar_aula&aula=26926&s
ecao=espaco&request_locale=es
38
6.7. Fundamentos da Papiloscopia
Os desenhos formados pelas cristas digitais palmares (das mãos) e plantares
(dos pés) são perenes, imutáveis e, infinitamente, diversos.
6.7.1. Perenidade
As conformações papilares que começam a desenvolver-se entre os quatro e seis
meses de vida intrauterina, persistem durante toda a vida e, se mantêm, além da morte,
até serem destruídas pela decomposição putrefativa. As alterações acidentais,
produzidas por cortes, queimaduras, desgastes etc., dependendo de sua extensão, tem
presença temporária, pois, a conformação original se restitui com todas as suas
características dérmicas, salvo se a alteração tenha chegado até a epiderme, quando as
cicatrizes também são perenes.
6.7.2. Imutabilidade
Desde antes do nascimento dos humanos, até que se tornem adulto, as
impressões papilares, não mudam, nem variam nunca, vale dizer que são imutáveis,
desde o nascimento até depois da morte.
6.7.3. Variedade Infinita
É tão infinita, a variedade existente entre os datilogramas dos indivíduos
pertencentes a todas as raças que se pode fazer a afirmação categórica de que não
existem duas impressões digitais iguais.
“Estes princípios foram alvo de estudo durante os últimos séculos e hoje são
considerados os postulados fundamentais da papiloscopia e são aceitos universalmente
sem discussão porque são verdadeiros princípios científicos e são a base do
desenvolvimento de técnicas de reconhecimento por impressões digitais”.
(In OLIVEIRA JÚNIOR, Luciano Lucas de. Comparando a detecção de poros em impressões
digitais nas resoluções de 500 dpi e 1000 dpi. Tese de Mestrado, Univ. Fed. Fluminense, 2009, p.14).
6.8. Sistema Datiloscópico de Vucetich
Conteúdo compilado e editado do livro de Delton Croce e Delton Croce
Júnior - Manual de Medicina Legal, 8ª Edição, São Paulo: Saraiva, 2012, adicionado de
fundamentos deoutros autores sobre o tema.
Baseia-se nas características topográficas superficiais dos 10 dedos
(decadactilar), e analisa os principais elementos gráficos das impressões digitais
humanas.
39
Descreve os desenhos obtidos, produzidos por cristas papilares, as quais, na
impressão digital resultante, produzem linhas pretas, e sulcos papilares, dos quais
resultam linhas brancas.
6.8.1. O Delta e os Sistemas papilares
Estas linhas, quando se encontram, originam o delta (nas imagens, dispostos no
centro dos círculos vermelhos) e também dividem a área do desenho digital em três
sistemas, que são o marginal, o basilar e o nuclear (ou central).
Ao observarmos, com cuidado, cada linha que separa estas três zonas, veremos
que, todas as três, se originam no ponto de interseção, onde se localiza o delta, ou seja,
o delta é o ponto do datilograma onde se contatam e são delimitadas as três zonas.
05
Imagem 05 disponível em:
http://livros01.livrosgratis.com.br/cp131768.pdf
Essas linhas se dispõem em ângulos obtusos envolvendo o núcleo central da
impressão digital formando o delta — letra grega que tem a forma de triângulo isósceles,
base da classificação do sistema estudado. A presença ou ausência do delta, na
impressão digital, caracteriza, no sistema de Vucetich, os quatro tipos fundamentais: arco,
presilha interna, presilha externa e verticilo.
40
A I E V
http://3.bp.blogspot.com/-
Z6yComQcCdY/Vf9TDwpdLVI/AAAAAAAAAEs/NE2nj1rfB7g/s1600/000557780.jpg
http://1.bp.blogspot.com/-
1eLJVPAM6As/Vf9TUtMM_DI/AAAAAAAAAE0/mgmf6zTVkRc/s1600/000763131.jpg
http://2.bp.blogspot.com/-
FbY2gHNYC8M/Vf9TwNQN9WI/AAAAAAAAAE8/ItIPOXqfew4/s1600/000763132.jpg
http://4.bp.blogspot.com/-HFIadte5nbM/Vf9Txi6FaiI/AAAAAAAAAFE/h2j5JxDaeW0/s1600/000763133.jpg
6.8.1.1. Arco (A): quando as cristas papilares se estendem de um lado ao outro
do datilograma, quase de forma paralela entre si. Não apresentam deltas. É simbolizada
com a letra A, por sua inicial (Arco) e com o número 1, por ser o primeiro tipo
característico.
6.8.1.2. Presilha interna (I): apresenta o delta à direita do observador, uma asa
central e as cristas papilares se agrupam ao redor da mesma, com saída para a esquerda.
É simbolizada com a letra I (Interna), por sua inicial e com o número 2, por ser o segundo
tipo fundamental.
6.8.1.3. Presilha externa (E): apresenta o delta à esquerda do observador, uma
asa central e as cristas papilares se agrupam ao redor da mesma, com saída para a
direita. É simbolizada com a letra E (Externa), por sua inicial e com o número 3, por ser o
terceiro grupo fundamental.
6.8.1.4. Verticilo (V): apresenta dois deltas postos, um à direita e outro à esquerda
e as cristas papilares se agrupam ao redor de um núcleo; e este pode adotar a forma
ovoide, concêntrica, sinuosa ou ganchosa. É simbolizado pela letra V, (Verticilo), por sua
inicial e com o número 4.
41
http://docplayer.com.br/8081791-Deteccao-automatica-de-impressoes-digitais.html
A partir da seleção dos tipos papilares de Vucetich, para cada um dos dedos das
mãos, iniciando pelo polegar da mão direita e encerrando no dedo mínimo da mão
esquerda, determinaremos a Fórmula Datiloscópica (FD), que é o primeiro passo para a
classificação com o objetivo de abastecer o banco de dados responsável pela
identificação da população.
6.9. Classificação das Digitais
O núcleo e o delta de um datilograma são as características que estão
diretamente ligadas à forma do datilograma, e, a partir destes, pode-se classificar as
impressões digitais.
Com esta classificação é possível diminuir a quantidade de impressões digitais
que devem ser analisadas na busca de uma identificação.
Com a possibilidade da ocorrência de individuais dactiloscópicas
semelhantes, pesquisam-se, ainda, por aumento fotográfico, o
número de linhas no mesmo dedo da mão, as cicatrizes, os
acidentes naturais, a poroscopia e os pontos característicos.
Inúmeros autores, em vários países, defendem, nos casos de
impressões digitais semelhantes, um número variável, como
sendo o mínimo necessário para consolidar o reconhecimento de
uma identidade. Entretanto, de doze a vinte pontos característicos,
situados homologamente, em duas impressões digitais,
identificam, inapelavelmente, o indivíduo.
42
Se necessário, o papilocopista estuda, ainda, os poros (sistema poroscópico de
Locard), que se apresentam como pequenas áreas contrastantes nas linhas negras das
cristas papilares e o conjunto das linhas brancas dactiloscópicas (albodactilograma), que
se contam nos espaços entre elas.
A informação de que a classificação diminui a quantidade de impressões digitais
a serem pesquisadas, pode gerar a falsa idéia de que estes grupos são igualmente
divididos, o que, na realidade, não acontece.
A distribuição das impressões digitais, de acordo com sua classificação, em 5
grupos, segundo Galton e Vucetich, se dá, aproximadamente, na seguinte proporção: os
arcos são encontrados em 3,7%, as presilhas internas em 33,8%, as presilhas externas
em 31,7%, os verticilos em 27,9% e os demais ocorrências, em 2,9% dos casos.
6.10. Fórmula Datiloscópica – FD
Mais uma vez, lançamos mão da excelente didática dos autores Delton Croce e
Delton Croce Júnior para nos simplificar o entendimento sobre a sistema dactilar de
Vucetich e a obtenção da Fórmula Datiloscópica [a qual é expressa na forma de uma
fração matemática, com traço de fração, numerador e denominador]:
“Datilograma é a impressão de um dedo; a impressão registrada dos dez dedos
constitui a individual dactiloscópica, classificação que [os registros] recebem para o
arquivamento da respectiva fórmula dactiloscópica [FD].
A individual dactiloscópica [FD] compõe-se de duas partes:
A série, que se escreve acima do traço de fração, no numerador, dada pela mão
direita, e a seção, no denominador, formada pelos desenhos dos dedos da mão esquerda.
A série compreende a fundamental, que corresponde ao polegar direito, e a
divisão, aos demais dedos da mão direita.
A seção subdivide-se em subclassificação, polegar esquerdo, e subdivisão, que
corresponde aos demais dedos desta mesma mão esquerda.
Destarte, a série é constituída por todos os dedos da mão direita, a fundamental
correspondendo à letra maiúscula do polegar direito [escolhendo entre A, I, E ou V,
dependendo do desenho existente no polegar direito], e a divisão aos números dos
demais dedos da mesma mão [podendo ser 1, 2, 3 ou 4, dependendo dos desenhos
existentes em cada um destes dedos da mão direita].
Todos os dedos da mão esquerda constituem a seção, sendo a subclassificação
dada pela notação literal do polegar esquerdo [anotando entre A, I, E ou V, de acordo
43
com o desenho encontrado no polegar esquerdo] e a subdivisão pelos números
correspondentes aos demais dedos da mesma mão [podendo ser 1, 2, 3 ou 4, de acordo
com os desenhos encontrados nos demais dedos da mão esquerda]” (in Delton Croce e
Delton Croce Júnior, Manual de Medicina Legal, p 148, editado).
Vamos rever, explicando de modo diferente: O registro da individual ou fórmula
dactiloscópica – FD, emprega, convencionalmente, letras maiúsculas (A, I, E, V), para os
polegares, e números (1, 2, 3, 4), para os demais dedos das mãos.
Dessa forma:
Arco — A ou 1, sendo usado o A para o polegar e o 1 para qualquer um entre
todos os demais dedos;
Presilha interna — I ou 2, sendo utilizado o I paro o dedo polegar e 2 para todos
os outros demais dedos;
Presilha externa — E ou 3, sendo E se for o polegar e 3 para qualquer outro dedo
[dica para não confundir se o E corresponde ao 2 ou 3, lembre-se que o E e o 3 parecem
ser um a imagem do outro, refletida no espelho, portanto, presilha Externa (E=3), e por
exclusão, presilha Interna (I=2). E então, gravou? ];
Verticilo — V ou 4, sendo V, para o polegar e 4 para os outros dedos diferentes.
Exemplificando: escreve-se A para um arco no polegar; e, nos demais dedos, 1.
Quando o desenho papilar for impossível de classificação, deformado por
cicatrizes e nas

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