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APS 6o-5o Semestres 2020 2 (1)

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UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP 
ATIVIDADE PRÁTICA SUPERVISIONADA – 2020/2 
ATIVIDADE DO 6º/5º SEMESTRES 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
Seja bem-vindo à ATIVIDADE PRÁTICA SUPERVISIONADA de 2020/2. Nosso objetivo é 
fomentar estratégias que permitam ao aluno construir conhecimento com autonomia e atuação 
em equipe (de 03 a 06 alunos), para desenvolver habilidades de pesquisa, seleção e 
consolidação de informações, comunicação de ideias, debate em grupo e apreensão de saberes 
específicos de sua área de formação profissional. 
 
As atividades de pesquisa, debate e redação do relatório final deverão ser realizadas com 
respeito aos mais rigorosos princípios éticos, o que significa que não serão aceitos textos que 
sejam fruto de plágio. 
 
Aproveite a oportunidade para aprender e avançar em seu conhecimento sobre Direito. Sua 
atuação profissional poderá ser bastante diferenciada de forma positiva se você aproveitar as 
oportunidades didáticas que as ATIVIDADES PRÁTICAS SUPERVISIONADAS da UNIP 
oferecem. 
 
Em caso de dúvida, converse com seu Coordenador. 
 
2. PROBLEMA APRESENTADO 
 
Leiam atentamente o texto do Prof. Flávio Tartuce que está abaixo no ANEXO I. 
As atividades que o grupo deverá realizar são: 
 
1. Apresentar as principais ideias e redigir um comentário crítico apontando os aspectos de 
concordância e discordância em relação às ideias do autor. 
 
3. PRAZO DE ENTREGA E POSTAGEM DA APS 
 
Os trabalhos da Atividade Prática Supervisionada deverão ser postados no site 
http://trabalhosacademicos.unip.br/entrega pelos líderes dos Grupos que deverão 
cadastrar anteriormente os RA’s dos demais componentes, em data a ser estabelecida e 
divulgada no próprio site. As APS serão validadas e registradas individualmente em ficha 
própria (Ficha de Acompanhamento da APS - anexa), e que deverão ser postadas (de todos 
os integrantes do Grupo) pelo Líder juntamente com o Trabalho no site acadêmico. 
 
Bom trabalho! 
 
ANEXO I 
O CORONAVÍRUS E OS CONTRATOS - EXTINÇÃO, REVISÃO E CONSERVAÇÃO - 
BOA-FÉ, BOM SENSO E SOLIDARIEDADE. 
Disponível em https://www.migalhas.com.br/coluna/migalhas-contratuais/322919/o-
coronavirus-e-os-contratos-extincao-revisao-e-conservacao-boa-fe-bom-senso-e-
solidariedade. Acesso em 28 de agosto de 2020. 
sexta-feira, 27 de março de 2020 
 
Texto de autoria de Flávio Tartuce 
O novo coronavírus - tecnicamente chamado de Covid-19 - transformou-se em uma 
pandemia de repercussões inimagináveis para todos, atingindo em cheio os contratos 
e demais negócios jurídicos. Desde o surgimento do vírus no Brasil, muito já se 
produziu a respeito das repercussões contratuais, destacando-se, de imediato, os 
textos publicados nesta coluna Migalhas Contratuais, do Instituto Brasileiro de Direito 
Contratual (IBDCont). Por certo é que não só nos momentos de aguda crise, mas 
também depois que ela passar, enormes são e serão os desafios a superar no 
enfrentamento das questões contratuais. 
Junto-me, assim, a outros juristas que já enfrentaram o difícil tema, caso de Carlos 
Eduardo Elias de Oliveira, Aline Valverde, Anderson Schreiber, Rodrigo da Guia, 
Eduardo Nunes e Carlos Eduardo Pianovski. Neste meu breve estudo, procurarei 
demonstrar, em termos gerais, os grandes dilemas que dizem respeito à extinção, 
revisão ou conservação das avenças. O texto está dividido em cinco partes, de forma 
bem didática. 
Na primeira delas, serão expostas as ferramentas que o Direito Privado apresenta 
para a extinção ou revisão dos contratos. Na segunda, os instrumentos de 
conservação, de permanência do negociado, de respeito à palavra dada. Na terceira 
parte, apresentarei uma dúvida do Professor Anderson Schreiber, sobre duas 
possíveis soluções para a análise dos contratos em tempos de pandemia, dando a 
https://www.migalhas.com.br/coluna/migalhas-contratuais/322919/o-coronavirus-e-os-contratos-extincao-revisao-e-conservacao-boa-fe-bom-senso-e-solidariedade
https://www.migalhas.com.br/coluna/migalhas-contratuais/322919/o-coronavirus-e-os-contratos-extincao-revisao-e-conservacao-boa-fe-bom-senso-e-solidariedade
https://www.migalhas.com.br/coluna/migalhas-contratuais/322919/o-coronavirus-e-os-contratos-extincao-revisao-e-conservacao-boa-fe-bom-senso-e-solidariedade
minha resposta. Na quarta, tomarei por base o artigo de Eduardo Nunes e Rodrigo da 
Guia, sobre a distinção de três hipóteses concretas que devem ser analisadas, 
dependendo da situação em que se situe cada negócio jurídico e os institutos 
aplicáveis para sua extinção ou revisão. Na quinta, trarei algumas sugestões para 
solucionar as novas dúvidas do cotidiano dos negócios em geral. 
Pois bem, iniciando-se pelos instrumentos existentes no sistema para a revisão ou 
resolução contratual, elenco os seguintes, muitos deles já destacados em textos até 
aqui publicados, em rol meramente exemplificativo: 
a) Alegação de caso fortuito - evento totalmente imprevisível - ou força maior - evento 
previsível, mas inevitável -, nos termos do art. 393 do Código Civil, para justificar o 
inadimplemento. Por esse comando, o devedor não responde pelos prejuízos 
resultantes desses eventos se expressamente não se houver por eles 
responsabilizado, por força do contrato. 
b) Resolução ou revisão do contrato com base na teoria da imprevisão ou da 
onerosidade excessiva, o que tem fundamento, nas relações civis, nos arts. 317, 478, 
479 e 480 do Código Civil. Nunca é demais lembrar que a codificação privada exige, 
além da onerosidade excessiva, que o fato novo superveniente que causou o 
desequilíbrio seja, ao menos, imprevisível, afirmação que vale para a pandemia de 
Covid-19. Quanto aos contratos de consumo, a revisão ou resolução contratual 
dispensa a imprevisibilidade, bastando um fato novo que cause a quebra da base 
objetiva do negócio, da proporcionalidade das prestações (art. 6º, inc. V, da Lei n. 
8.078/1990). 
c) Utilização do instituto da impossibilidade da prestação, mesmo que sem culpa da 
parte da relação obrigacional, o que gera a sua resolução ou extinção, sem a 
imputação de perdas e danos, ou seja, sem que surja o dever de responder por 
eventuais prejuízos causados pela extinção do negócio. A impossibilidade tem por 
fundamento o art. 234 do Código Civil - no caso de obrigação de dar -, o seu art. 248 
- em se tratando de obrigação de fazer - e o art. 250 da codificação privada - presente 
a obrigação de não fazer. 
d) Argumento da exceção de contrato não cumprido, retirado do art. 476 do Código 
Civil, segundo o qual, em um contrato bilateral - com deveres proporcionais para 
ambos os pactuantes -, uma parte não pode exigir que a outra cumpra com a sua 
obrigação se não cumprir com a própria. Como efeito resolutivo, se ambas as partes 
não cumprirem com o que é devido, o negócio será reputado como extinto e resolvido, 
desde que isso seja alegado em uma demanda judicial, pois trata-se de uma cláusula 
resolutiva tácita (art. 474 do CC). 
e) A exceção de contrato não cumprido também cabe no caso de iminência de 
descumprimento por uma das partes, como se retira do art. 477 do CC/2002, podendo-
se exigir o cumprimento antecipado ou garantias prévias, sob pena de resolução. 
Desse último preceito retira-se a exceção de inseguridade, suspendendo-se o 
cumprimento do contrato até que as exigências contidas na norma sejam atendidas 
(Enunciado n. 438 da V Jornada de Direito Civil). Também é possível dele abstrair a 
tese da quebra antecipada do contrato ou inadimplemento antecipado, quando os 
fatos demonstrarem, de forma séria e real, que o descumprimento é iminente 
(Enunciado n. 437 da V Jornada de Direito Civil). 
f) Alegação da frustração do fim da causa do contrato, como se retira do Enunciado n. 
166 da III Jornada de Direito Civil, outra afirmação doutrinária interessante para os 
dias atuais: "a frustração do fim do contrato, como hipótese que não se confunde com 
a impossibilidade da prestação ou com a excessiva onerosidade,tem guarida no 
Direito brasileiro pela aplicação do art. 421 do Código Civil". Apesar de o Código Civil 
Brasileiro não ter adotado expressamente a teoria da causa do contrato ou do negócio 
jurídico - como fez, por exemplo, o Código Civil Italiano (arts. 1.325, 1.343 a 1.345) -, 
tem-se associado a tese da frustração do fim com a função social do contrato, em sua 
eficácia interna, o que conta com o meu apoio doutrinário. Assim sendo, se, por um 
motivo estranho às partes, o contrato perder sua razão de ser, será reputado extinto, 
mais uma vez com a resolução sem perdas e danos. 
Expostos os principais argumentos para a revisão ou resolução dos contratos, tem-se, 
por outra via, com vistas à sua manutenção, senão de acordo com o que foi 
inicialmente pactuado, em sentido muito próximo: 
a) Boa-fé objetiva, o que tem fundamento nos arts. 113, 187 e 422 do Código Civil, 
sem prejuízo de outras regras específicas, como a norma relativa ao seguro (art. 765 
do CC). Como é notório, a Lei da Liberdade Econômica (Lei n. 13.874/2019) alterou o 
primeiro comando, inserindo dois novos parágrafos, valorizando sobremaneira o 
avençado e aumentando a força da autonomia privada. Assim, nos termos do novo § 
1º do art. 113 do CC/2002, a interpretação do negócio jurídico deve lhe atribuir o 
sentido que: for confirmado pelo comportamento das partes posterior à celebração do 
negócio; corresponder aos usos, costumes e práticas do mercado relativos ao tipo de 
negócio; corresponder à boa-fé; for mais benéfico à parte que não redigiu o dispositivo, 
se identificável; e corresponder àquela que seria a razoável negociação das partes 
sobre a questão discutida, inferida das demais disposições do negócio e da 
racionalidade econômica das partes, consideradas as informações disponíveis no 
momento de sua celebração. Ademais, está previsto que as partes poderão livremente 
pactuar regras de interpretação, de preenchimento de lacunas e de integração dos 
negócios jurídicos diversas daquelas previstas em lei. A valorização da boa-fé também 
é retirada do art. 3º, incs. V e VIII, da Lei n. 13.874/2019 ("Art. 3º São direitos de toda 
pessoa, natural ou jurídica, essenciais para o desenvolvimento e o crescimento 
econômicos do País, observado o disposto no parágrafo único do art. 170 da 
Constituição Federal: (...) V - gozar de presunção de boa-fé nos atos praticados no 
exercício da atividade econômica, para os quais as dúvidas de interpretação do direito 
civil, empresarial, econômico e urbanístico serão resolvidas de forma a preservar a 
autonomia privada, exceto se houver expressa disposição legal em contrário; (...) VIII 
- ter a garantia de que os negócios jurídicos empresariais paritários serão objeto de 
livre estipulação das partes pactuantes, de forma a aplicar todas as regras de direito 
empresarial apenas de maneira subsidiária ao avençado, exceto normas de ordem 
pública"). 
b) Força obrigatória das convenções e dos contratos, concretizado na máxima pacta 
sunt servanda, adotada expressamente por vários preceitos da Lei da Liberdade 
Econômica, com destaque para o seu art. 2º - ao valorizar a liberdade como princípio 
inerente à garantia no exercício de atividades econômicas - e para os últimos 
comandos transcritos. 
c) Função Social do Contrato, novamente em sua eficácia interna, no sentido de 
conservar ao máximo os negócios pactuados e a autonomia privada (arts. 421 e 2.035, 
parágrafo único, do CC). Nesse sentido, destaco o Enunciado n. 22, aprovado na I 
Jornada de Direito Civil: "a função social do contrato, prevista no art. 421 do novo 
Código Civil, constitui cláusula geral que reforça o princípio de conservação do 
contrato, assegurando trocas úteis e justas". Constata-se, portanto, que esse princípio 
pode ser utilizado, em suas diferentes expressões, tanto para a extinção como para a 
manutenção do contrato. 
d) Função Social do Contrato, em sua eficácia externa, no sentido de que a solução 
contratual não pode trazer lesões a interesses difusos e coletivos, bem como prejuízos 
a terceiros, caso de consumidores. Dentro dessa ordem, o contrato não pode ofender 
valores ambientais ou atinentes à concorrência. 
e) Princípio da Intervenção Mínima do Estado nas relações contratuais, constante do 
novo parágrafo único do art. 421 do Código Civil, inserido pela citada Lei da Liberdade 
Econômica: "nas relações contratuais privadas, prevalecerão o princípio da 
intervenção mínima e a excepcionalidade da revisão contratual". Apesar de dúvida 
levantada por alguns civilistas quanto à existência ou não desse princípio nas relações 
contratuais - mormente diante de um Código Civil com várias normas de ordem pública 
e com caráter intervencionista -, é possível reconhecer a sua aplicação restrita aos 
contratos paritários - com ampla negociação do seu conteúdo -, foco principal da Lei 
n. 13.874/2019. 
f) Incidência das regras relativas ao inadimplemento, seja absoluto ou relativo, caso 
dos arts. 389, 390, 391, 394 e 396 do Código Civil, sem prejuízo das consequências 
jurídicas dele advindas, constantes das normas seguintes, as relativas aos juros e à 
cláusula penal. Como consequência dos dispositivos que tratam do inadimplemento 
contratual, o art. 475 do Código Civil prevê que "a parte lesada pelo inadimplemento 
pode pedir a resolução do contrato, se não preferir exigir-lhe o cumprimento, cabendo, 
em qualquer dos casos, indenização por perdas e danos". Sobre a exigência de 
cumprimento do contrato, constante do último preceito, o Código de Processo Civil 
consagra mecanismos de tutela específica para as obrigações de dar coisa certa, fazer 
e não fazer, como a fixação de multa diária ou astreintes (arts. 497, 498 e 536 do 
CPC/2015). 
Expostos os argumentos que podem ser utilizados de forma contraposta nas 
demandas relativas à pandemia, todos eles muito plausíveis, cabe interrogar, como 
fez Anderson Schreiber em mensagem eletrônica, qual seria a melhor solução para os 
contratos em tempos de pandemia. Aplicar a generalização para a extinção ou revisão 
imediata, com a utilização dos primeiros mecanismos listados, liberando-se o devedor 
de suas obrigações em muitas das situações ou até como regra geral? Ou, por outra 
via, analisar o impacto específico para cada contrato, sendo possível também utilizar 
os mecanismos de conservação? A minha resposta, como quer o jurista citado, é pelo 
segundo caminho, buscando-se um equilíbrio entre as teses conflitantes. 
A propósito, em artigo muito bem desenvolvido, Eduardo Nunes de Souza e Rodrigo 
da Guia procuram separar três grupos ou hipóteses de contratos, propondo soluções 
diversas com vistas à resolução ou revisão (Resolução contratual nos tempos do novo 
coronavírus. Disponível aqui. Acesso em: 23/3/20). 
No primeiro grupo estão aqueles contratos em que houve a intervenção do Estado por 
atos normativos para fazer cessar as atividades, um fato do príncipe, como nos casos 
de cinemas, restaurantes, teatros e lojas em shopping centers ou fora deles. Para 
esses negócios, os autores sugerem a incidência da impossibilidade da prestação, 
com a suspensão de pagamentos ou eventual resolução no futuro, sem imputação de 
culpa a qualquer uma das partes. 
No segundo grupo de contratos situam-se os negócios em que não há ato normativo 
de intervenção, mas está presente a falta de interesse da parte quanto ao seu 
conteúdo, o que se verifica para as compras de passagens áreas. Nesses, incide a 
tese da frustração do fim da causa, que, como visto, tem relação com a função social 
do contrato, resolvendo-se este sem a imputação de culpa a qualquer uma das partes. 
De todo modo, não se pode admitir, com essa solução, uma proteção exagerada de 
qualquer uma dos partes para que, por exemplo, os valores sejam devolvidos somente 
após um longo período de tempo, fora da esperada razoabilidade. Assim, um prazo 
de doze meses para a devolução dos valores relativos às passagensáreas me parece 
algo excessivo. 
https://www.migalhas.com.br/coluna/migalhas-contratuais/322574/resolucao-contratual-nos-tempos-do-novo-coronavirus
Por fim, no terceiro grupo temos os contratos em que houve um agravamento do 
sacrifício econômico para uma ou ambas as partes, caso de grandes contratos de 
fornecimento entre empresas, ou empréstimos bancários para o incremento do capital 
de giro. Aqui, devem ser subsumidos os preceitos relacionados à revisão ou mesmo 
resolução por onerosidade excessiva, caso dos arts. 317 e 478 do Código Civil. Não 
se pode esquecer que, diante do princípio da conservação e da correspondente função 
social do contrato, a extinção do contrato deve ser a última medida a ser tomada. 
Nesse contexto, cito o Enunciado n. 176 da III Jornada de Direito Civil: "em atenção 
ao princípio da conservação dos negócios jurídicos, o art. 478 do Código Civil de 2002 
deverá conduzir, sempre que possível, à revisão judicial dos contratos e não à 
resolução contratual". 
A divisão proposta pelos autores parece-me perfeita. Porém, não se pode perder de 
vista algumas ressalvas para a manutenção das avenças, para o salvamento dos 
contratos. Além da premissa de ser a revisão a regra e a resolução contratual a 
exceção, é sempre recomendável o atendimento aos deveres de informar e de 
transparência, relacionados à boa-fé objetiva. Assim, penso que as partes devem, 
sempre que possível e imediatamente, comunicar qual a sua situação econômica e se 
pretendem ou não cumprir com as suas obrigações futuras. No caso da 
impossibilidade de cumprimento, é saudável que a parte apresente já um plano de 
pagamento, com diluição das parcelas no futuro. 
Nesse contexto, pode ser aplicado algo próximo à moratória legal, prevista no art. 916 
do Código de Processo Civil. Conforme esse comando, em havendo execução de 
quantia certa, no prazo para embargos, reconhecendo o crédito do exequente e 
comprovando o depósito de trinta por cento do valor em execução, acrescido de custas 
e de honorários de advogado, o executado poderá requerer que lhe seja permitido 
pagar o restante em até seis parcelas mensais, acrescidas de correção monetária e 
de juros de um por cento ao mês. Esse plano de pagamento, previsto na própria lei 
processual, é interessante e pode ser aplicado extrajudicialmente. Isso não obsta, 
contudo, que os prazos e percentuais sejam alterados, a depender das circunstâncias 
fáticas e da própria natureza da pactuação. Também é possível sustentar - uma vez 
que a pandemia é um fato que gera consequências não imputáveis aos contratantes -
, o afastamento da cobrança dos encargos e acessórios da dívida, como juros 
moratórios e multas contratuais. 
Aprofundando, entendo ser interessante, por colaboração entre as partes, a instituição 
de "prazos de graça" ou de "prazos de favor", com a extensão para pagamento ou 
para cumprimento posterior das obrigações. Tal solução, a propósito, consta do art. 
47 da Convenção de Viena sobre Venda Internacional de Mercadorias (CISG), que no 
Brasil foi internalizada por força do Decreto n. 8.327/2014. Vejamos o seu teor: 
"(1) O comprador poderá conceder ao vendedor prazo suplementar razoável para o 
cumprimento de suas obrigações. (2) Salvo se tiver recebido a comunicação do 
vendedor de que não cumprirá suas obrigações no prazo fixado conforme o parágrafo 
anterior, o comprador não poderá exercer qualquer ação por descumprimento do 
contrato, durante o prazo suplementar. Todavia, o comprador não perderá, por este 
fato, o direito de exigir indenização das perdas e danos decorrentes do atraso no 
cumprimento do contrato". 
Trata-se do que se denomina como extensão de prazo (Nachfrist), cuja aplicação, 
nesses tempos de crise, pode ser ampliada para outros contratos e negócios jurídicos, 
além da compra e venda internacional de mercadorias. Nesse contexto, é viável a 
concessão de um prazo adicional ou período de carência de uma parte à outra, período 
em que não caberá alegar a resolução contratual por inadimplemento, o que tem o 
intuito de conservar a avença, diante do dever de colaboração retirado da boa-fé. 
Sem prejuízo dessas soluções consensuais, seria interessante a edição de leis 
emergentes para a solução dos contratos privados, como normas que estabeleçam 
moratórias em determinados contratos? Essa é uma dúvida atroz, que já tem dividido 
os juristas. Cito, como tal proposição, o Projeto de Lei n. 884/2020, originário do 
Senado Federal, que pretende suspender imediatamente as cobranças de aluguéis 
em todas as locações, por noventa dias. A proposta também almeja que os valores de 
aluguéis devidos deverão ser assumidos pelo Governo Federal quando o proprietário 
do imóvel alugado possuir patrimônio em valor inferior a R$ 2.500.000,00 (dois milhões 
e quinhentos mil reais) declarado em seu imposto de renda. O grande problema de 
propostas como essa - além da comum crítica de uma intervenção excessiva do 
Estado nos contratos - é o de cair na antes citada generalização. 
Assim, reitero a minha posição de que todos os contratos merecem uma análise 
pontual, dentro do esperado bom senso, como consequência imediata do princípio da 
boa-fé objetiva. As partes devem, assim, procurar soluções intermediárias e razoáveis, 
movidas pela equidade e pela boa razão. Os contratos relacionais ou cativos de longa 
duração, concretizados no tempo e com grande possibilidade de continuarem a se 
perpetuar no futuro, merecem prioridade de cumprimento, além daqueles negócios 
que envolvem conteúdo existencial, além do patrimônio, caso dos contratos de plano 
de saúde. 
Chegou o momento de as partes contratuais no Brasil deixarem de se tratar como 
adversários e passarem a ser comportar como parceiros de verdade. Ao invés do 
confronto, é preciso agir com solidariedade. De nada adiantará uma disputa judicial 
por décadas, com contratos desfeitos e relações jurídicas extintas de forma definitiva. 
Bom senso, boa-fé e solidariedade. Essas ferramentas serão essenciais, no presente 
e no futuro, muitas vezes mais do que os remédios ou instrumentos jurídicos antes 
citados, sejam aqueles que geram a extinção ou a conservação dos negócios.

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