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A IMPORTÂNCIA DA AMBIÊNCIA NA QUALIDADE DOS OVOS..............................................................................3 Diogo Tsuyoshi Ito FATORES QUE INTERFEREM NA QUALIDADE DA CASCA..............7 Ramiro Hernán Delgado FATORES QUE AFETAM A QUALIDADE DA CASCA: ENFOQUE NUTRIÇÃO.........................................................13 Otavio Antonio Rech MÁQUINAS CLASSIFICADORAS: USOS E CUIDADOS PARA MELHORES RESULTADOS.....................................23 Alberto Yamasaki TECNOLOGIAS NA MONITORIA DAS PERDAS DE OVOS DURANTE O PROCESSAMENTO.........................................27 Cleison Marques de Neira PANORAMA SANITÁRIO DE GRANJAS NA AMÉRICA LATINA: DESAFIOS E SOLUÇÕES..............................33 Daniel Valbuena ATUALIZAÇÃO DAS EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS PARA AVES DE POSTURA NO BRASIL..................................................39 Matheus de Paula Reis, Bernardo Rocha Franco Nogueira, Rafael Massami Suzuki, Mirella Cunha Melaré, Bruno Balbino Leme, Nilva Kazue Sakomura POTENCIALIZANDO AS DEFESAS ANTIOXIDANTES EM POEDEIRAS COMERCIAIS: IMPACTO NA QUALIDADE DE OVOS, NO STATUS IMUNOLÓGICO E NA PRODUTIVIDADE.........49 José Guilherme Gonçalves MANEJO DE CRIA E RECRIA DE FRANGAS VERMELHAS............57 Eliane Aparecida da Silva ÍNDICE PREJUÍZOS CAUSADOS POR ECTOPARASITAS E CONTROLE.............................................................67 Gustavo Perdoncini MYCOPLASMA SYNOVIAE E SUAS INTERAÇÕES NA AVICULTURA DE POSTURA...................................71 Virginia Léo de Almeida Pereira, Leandro dos Santos Machado, Elmiro Rosendo do Nascimento LARINGOTRAQUEÍTE NO ESTADO DE SÃO PAULO: COMPREENDENDO A LEGISLAÇÃO....................................................81 Luciano LaGatta AÇÕES REALIZADAS PELO SERVIÇO VETERINÁRIO OFICIAL EM GRANJAS DE POSTURA DO ESTADO DE MINAS GERAIS PARA O CONTROLE DE FOCO DE LARINGOTRAQUEITE INFECCIOSA...............................................89 Izabella Gomes Hergot MANEJO SANITÁRIO NA CRIAÇÃO DE CODORNAS: DO PRIMEIRO DIA DE VIDA AO DESCARTE DAS AVES................101 Paulo Renê da Silva Júnior ALTERNATIVAS AO USO DE ANTIBIÓTICOS PARA POEDEIRAS.......................................................109 Alberto Yocyitaca Inoue GESTÃO DE GRANJA DE POSTURA COMERCIAL..........................119 Marcelo Delgado Barbosa PROGRAMAÇÃO COMPLETA.................................................................122 ÍNDICE 3 A IMPORTÂNCIA DA AMBIÊNCIA NA QUALIDADE DOS OVOS Dr. Diogo Tsuyoshi Ito Zootecnista, MSc Hendrix Genetics Ltda (11) 95840-2193 diogo.ito@hendrix-genetics.com INTRODUÇÃO O ovo é considerado um alimento nobre por suas características nutricionais, sendo capaz de ser transformado em inúmeras preparações culinárias, das mais simples às mais elaboradas, sendo o ingrediente principal ou coadjuvante em importante receitas. O ovo também proporciona características importantes aos alimentos como consistência, textura e cor das receitas. Com isso, quando se pensam em dietas vegetarianas produtos alternativos vêm sendo desenvolvidos para tentar obter resultados similares em receitas e preparações que utilizam ovos, porém, em geral, com custo mais elevado quando comparado ao ovo, Apesar de ser o único alimento de origem animal em natura que pode ser armazenado em temperatura ambiente, para que ele possa chegar íntegro à mesa do consumidor, existe um longo caminho que começa dentro da ave, passa pelos galpões, transporte por esteiras e bandejas, classificadoras de ovos e mais manejos de armazenagem e transporte até os pontos de venda, terminando quando o consumidor guarda os ovos na geladeira e começa a utiliza-los. E com isso, durante o caminho percorrido, o ovo precisa ter qualidade externa e interna capazes de suportar estes pontos de estresse que podem gerar depreciação e perdas do produto ou gerar risco ao consumidor. Na produção de ovos atual, as aves vêm sendo submetidas à diferentes métodos de criação (galpões convencionais, galpões automatizados, galpões climatizados, criação em piso, criação à pasto). Cada condição gera uma demanda de conhecimento e tecnologia distinta 4 Diogo Tsuyoshi Ito uma da outra, mas o objetivo final, oferecer um ambiente confortável às aves do ponto de vista fisiológico, continua o mesmo independente da realidade. Com isso, o presente trabalho pretende abordar a interação de fatores relacionados à ambiência das aves, possíveis consequências sobre a qualidade dos ovos e pontos de ponderação entre conhecimento científico, possibilidades práticas e iniciativas dos produtores em manter e melhorar a qualidade dos ovos. PROCESSO DE FORMAÇÃO DE OVOS COM QUALIDADE Para darmos a devida importância à ambiência das aves podemos recorrer ao processo de formação do ovo. E com isso fazer a devida correlação com os demais sistemas (respiratório, cardiovascular, ósseo, digestório). À seguir serão apresentados alguns exemplos da influência da ambiência sobre a qualidade de casca dos ovos relacionados à alguns comportamentos das aves quando expostas à condições não ideais de ambiência. Nutrição Frio – aumento no consumo de ração, causando aumento no tamanho do ovo e aumentando a possibilidade de trincas e quebras. Calor – redução no consumo de ração, redução na ingestão e reposição de nutrientes com sobrecarga ao sistema reprodutivo e reservas corporais da ave, prejudicando o processo de formação da casca. Aumento da frequência cardíaca e respiratória prejudicando o balanço ácido-base e interferindo no processo de formação da casca Mudanças nos horários de preferência de consumo de ração ao longo do dia (maior concentração no período da manhã e no começo da noite) podendo gerar maior seletividade de alimentos e desbalanceando a alimentação das aves. Condensação de umidade em silos e graneleiros, favorecendo o crescimento fungos e o aparecimento de micotoxinas após os processos de controle da fábrica de ração. Comprometendo a absorção de cálcio no intestino, e prejudicando a ativação da vitamina D nos rins e fígado. Sanidade Frio – maior disseminação de problemas respiratórios, em especial os problemas relacionados a agentes virais que interferem no funcionamento dos órgãos relacionados ao processo de formação do ovo. Em locais onde há baixa umidade do ar, pode ocorrer comprometimento do muco protetor das vias respiratórias e favorecer a intensidade dos problemas respiratórios. A importância da ambiência na qualidade dos ovos 5 Em locais onde há alta umidade do ar, a sensação térmica pode alterar o comportamento das aves, aumentando o estresse calórico. Calor – sobrecarga no sistema respiratório, favorecendo o aparecimento de doenças bacterianas, prejudicando de maneira geral o organismo da ave. Baixa integridade intestinal, prejudicando os processos de absorção ativa de cálcio no intestino Manejo Frio e Calor – O comprometimento do desenvolvimento da ave nas fases iniciais pode prejudicar o desempenho da ave na fase adulta Acompanhar o devido funcionamento de todos os sistemas do galpão (bebedouros, lâmpadas, ventiladores, nebulizadores, exaustores, relógios de luz, comedouros, cortinas, esteiras coletoras de ovos, contadores de ovos). Verificar alterações no comportamento das aves, do aspecto do esterco, da qualidade e uniformidade dos ovos. Manter atualizados e corretos os registros de produção, mortalidade, consumo de ração e quaisquer outras não conformidades. CONSIDERAÇÕES FINAIS A produção de ovos com qualidade é importante para que o consumidor continue satisfeito com o alimento que está adquirindo. O aprimoramento dos conhecimentos de ambiência visando a manutenção da qualidade dos ovos pede uma maior interação entre as áreas de biológicas e exatas. A área de humanas se mantém importante para que o humano consiga seguir determinações, regras e tenha sensibilidade e atitude diante de problemas possíveis de acontecer a qualquer momento. Existem áreas de conhecimento que se desenvolveram paralelamente,estamos no momento onde é necessário unir as pontas num ambiente que engloba galpões abertos, galpões climatizados e criação de aves livres de gaiola. As questões de ambiência são importantes a serem consideradas porque a intensificação da produção em galpões automatizados gerou aumento de demanda de ambiência pelo aumento de aves presentes em uma determinada área e a criação de aves em piso reduziu as possibilidades de isolamento das aves frente às variações climáticas presentes na região. Hoje possuímos tecnologia para a realização de monitorias mais aprimoradas, mas demandamos infraestrutura para que esta tecnologia seja mantida e capacidade de análise dos dados que são gerados. A identificação de pontos “cegos” na climatização dos galpões é importante na elaboração de “upgrades”. Porém, precisamos tomar cuidado 6 Diogo Tsuyoshi Ito porque as decisões dos equipamentos são baseadas em ajustes humanos. Vale lembrar, os equipamentos são dependentes de mecânica, elétrica e eletrônica que necessitam calibração, manutenção e acompanhamento programados e respeitados. REFERÊNCIAS BERCHIERI JR, A. et al. Doença das aves, Campinas, FACTA, 2013 FARIA, D.E. et al. Produção e processamento de ovos de poedeiras comerciais, Campinas, FACTA, 2019. MACARI, M.; MAIORKA, A. Fisiologia das aves comerciais, Jaboticabal, FUNEP, 2018. OLIVEIRA, B.L.; OLIVEIRA, D.D. Qualidade e Tecnologia de ovos, Lavras, UFLA, 2013. 7 FATORES QUE INTERFEREM NA QUALIDADE DA CASCA Ramiro Hernán Delgado, MVZ Director Técnico Nutriavícola S.A O ovo é símbolo de vida (tem como finalidade a perpetuação das espécies ovíparas), e tem ficado presente desde a antiguidade na alimentação da humanidade. Considerasse-lhe um alimento perfeito pela quantidade e qualidade de macronutrientes que aportam e protegem de doenças carenciais. Além disso, a FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação) o que reconhece como um dos alimentos mais nutritivos da natureza. A indústria do ovo encontrasse em constantes mudanças, isso por causa da demanda crescente do mercado, mudanças tecnológicas e a pressão do consumidor e as instancias reguladoras. Desde o ano 200 ao 2013 a produção mundial de ovo tem aumentado num 36,5%, isso representa um crescimento de quase 3% anual. A produção mundial é de 70 milhões de toneladas. Entorno do 70% desta produção fica concentrada em 10 países na ordem: China (39%), Estados Unidos (8%), Índia (5%), México, Rússia, Brasil, Japão (3% de cada), Indonésia, Ucrânia (2% cada um) e Turquia. (FAO Estatística 2013). Este crescimento e cada vez maior competitividade e exigências dos consumidores leva aos produtores fazer consideráveis esforços para reduzir ao mínimo os problemas de qualidade da casca do ovo, muitas vezes sem sucesso. O aparato reprodutor da galinha está formado pelo Ovário e Oviduto, onde são só funcionais os posicionados no lado esquerdo da galinha. O Oviduto podemos descreve-lo como um tubo de 60 cm de comprimento e por sua morfologia e funcionalidade, o oviduto pode se dividir em 4 regiões: 8 Ramiro Hernán Delgado 1. Infundíbulo: Medi entre 8-9 cm de comprimento com uma terminação ampla em forma de funil. A gema tarda em passar a través desta região entorno de 15-20 minutos 2. Magnum: Medi entorno 35 cm. e é a seção mais comprida do oviduto. O ovo, ao passar por essa região, provoca a liberação da albumina. O tempo que permanece a gema nesta região varia entre 3-4 horas conjuntamente com o útero sendo responsáveis da produção da albumina e de centrar a gema. 3. Istmo: Região de 10 cm de longitude, nesta região leva-se ao cabo a formação das membranas internas e externas do cascarão. Ambas membranas são depositadas sobre o albume aproximadamente a 60-75 minutos. Os núcleos mamilares são depositados durante o tempo em que o ovo permanece nessa região e são os centros de nucleação a partir dos quais começa a mineralização da casca do ovo. 4. Útero ou glândula Cascorogenea: O ovo permanece por aproximadamente 20 horas e ocorre a rotação do ovo, dando origem a uma torção de fibras proteicas do albúmen que conhecemos como "Calazas". A formação da Casca começa com o crescimento de cristais de calcita. Neste fragmento do oviduto ocorrem dois fenômenos: • 1. Na fase inicial da formação da casca, a parte distal do útero segrega íons e água que são bombeados para dentro do óvulo. • 2. Mineralização de casca ocorre por precipitação de carbonato de cálcio em associação com uma matriz orgânica Cutícula: Cerca de 1 hora antes da oviposição, esta membrana forma. A proteção antibacteriana da cutícula externa do ovo é essencial para tornar o ovo um recipiente de proteína tão eficaz. A cutícula é papal formada por proteínas (90%) e uma pequena porção de lipídios e carboidratos. A cutícula consiste predominantemente de proteínas (90%) e uma pequena porção de lipídios e carboidratos. Sua principal função é fechar os poros formando uma barreira contra a penetração de microrganismos no óvulo. Também evita a perda de água deste. O OVO O ovo é colocado normalmente entre as 7 e as 11 horas e a nova ovulação deve começar aproximadamente meia hora após a colocação do ovo. O ovo é projetado pela natureza para a reprodução e para proteger e alimentar ao embrião. A estrutura de um ovo é composta de três partes principais: Fatores que interferem na qualidade da casca 9 • A casca representa cerca de 10% do peso do ovo. Consiste principalmente em carbonato de cálcio e pequenas quantidades de carbonato de magnésio e fosfato de cálcio. • A clara consiste principalmente de água e proteínas de alto valor biológico que contêm os 8 aminoácidos essenciais. Representa cerca de 60% do peso total de um ovo. • A gema contém lipídios e proteínas e é a maior fonte de vitaminas, minerais e substâncias essenciais deste alimento. Representa cerca de 30% do peso total de um ovo. A CASCA DO OVO É a cobertura externa do ovo e sua principal função é manter a integridade do ovo, proteger seu conteúdo interno e ser uma barreira à entrada de patógenos, além de permitir que o ovo respire por seus poros. É composta principalmente de uma matriz de cálcio em um quadro orgânico. Também possui em sua composição minerais como magnésio, zinco, manganês e ferro, entre outros, mas em uma proporção muito baixa. Pigmentação da casca: Depende da linhagem das aves e é dado no ovo marrão pela concentração de pigmentos chamados porfirinas, que são depositados na matriz de cálcio e na cutícula da casca. À medida que as galinhas envelhecem, a cor marrão da casca do ovo se deteriora. A maior parte do pigmento da casca (protoporfirina) é depositada nas camadas calcárias externas da casca dos ovos e uma quantidade menor é depositada na cutícula (Roberts and Scott, 2016). 10 Ramiro Hernán Delgado FATORES QUE INFLUENCIAM A QUALIDADE DA CASCA Os problemas de qualidade da casca geralmente derivam de uma combinação de fatores, e não de um só. Entre esses fatores, temos: 1. A linhagem e a seleção genética 2. A idade da ave: A qualidade da casca e sua espessura diminuem à medida que a galinha envelhece. O peso do ovo aumenta enquanto o da casca é mantido. 3. A muda: O benefício depende do tipo e da severidade da muda que foi feita, bem como da idade das galinhas no momento de fazê-lo. 4. O estresse em geral: Por exemplo, a densidade em que as aves estão alojadas, o calor (estresse calórico, devido ao seu impacto no consumo e perda de íons bicarbonato) e o balanço eletrolítico. Temperaturas altas e constantes causam ofegante e alcalose respiratória, pois a frequência respiratória aumenta, causando uma diminuição do CO2 no sangue, elevando o pH do sangue, perdendo mais água no corpo, liberando bicarbonato para restaurar o pH do sangue, fornecendo cálcio e bicarbonato é consideravelmente limitado, levando a uma menor disposição de minerais na casca (Ebeid et al, 2012; Corona, 2013). 5. Algumas doenças, como Newcastle, bronquite infeciosa,EDS, MS – TRT (APV) 6. Programa leve que ajuda a desenvolver a medula óssea, influenciando o início da maturidade sexual. Os estrógenos liberados durante o início da maturidade aumentam a absorção de Ca no intestino. FUNÇÃO DO OSSO MEDULAR • O desenvolvimento começa entre 10 e 14 dias antes do primeiro ovo, pelo controle do estrogênio. • Não é encontrado em machos ou aves fora da produção. • Encha as cavidades ósseas compridas. • Representa um 12% do total dos ossos da ave. • Fonte disponível e rápida de Ca para a formação da casca, principalmente a noite quando não se tem disponibilidade de Ca da ração (Austic and Nesheim, 1990). 7. Saúde intestinal: O cálcio representa o 94% da composição da casca do ovo. Para garantir um bom rendimento na produção de ovos, devemos preservar a saúde do intestino das poedeiras e assim favorecer uma adequada absorção de Ca. User Highlight Fatores que interferem na qualidade da casca 11 8. Nutrição: A nutrição é sim dúvida um dos pontos mais importantes para obter alta qualidade na casca. Neste ponto temos vários atores a serem analisados: a. A qualidade da água: A água salobra apresenta uma redução de até 10% da espessura da casca em lotes que receberam água contendo 250 mg de sal por litro. Aparentemente a água salobra causa uma deficiência dos íons bicarbonato, por meio de uma diminuição da atividade enzimática da anidrase carbônica presente na mucosa do oviduto. O balanço eletrolítico da dieta, é considerado importante para manter uma boa qualidade da casca. b. Solubilidade in vitro das fontes de cálcio e as diferentes granulometrias. c. Relação Ca:P : O excesso de fosforo diminui os processos de calcificação e formação do ovo, prejudicando a qualidade devido que quando se apresenta um estresse térmico, incrementa-se o uso do osso medular como reserva de Ca, consequentemente tem-se um aumento o nível de fosforo circulante, produzindo uma diminuição na qualidade de casca (Acosta et al, 2006; Tordi, 1979; Valdés, 2014). d. Interação do cálcio e de outros elementos na dieta: Um outro fator que modula a disponibilidade de cálcio e sua deposição no osso é a interação que ele apresenta com outros minerais. A absorção de cálcio requer de vitamina A, C, D (foi relatado que um aumento na absorção de cálcio quando é suplementado com vitamina D3); os minerais participam nas diferentes fases na formação dos ovos. Por um lado, o selênio protege as 12 Ramiro Hernán Delgado células e a integridade do sistema reprodutivo. Quanto ao cobre, é importante para o desenvolvimento da casca, pigmentos e formação de colágeno. Além disso, o manganês participa da formação dos ossos e da matriz orgânica da casca e é um cofator da enzima glicoproteína que está envolvida na formação da casca. Finalmente, o zinco contribui para a calcificação dos ossos e da casca, a formação da membrana da queratina e a produção de carbonato na casca. 13 FATORES QUE AFETAM A QUALIDADE DA CASCA: ENFOQUE NUTRIÇÃO Otavio Antonio Rech Zootecnista, MSc DSM Produtos Nutricionais Ainda hoje na produção avícola ainda existe a preocupação em entender quais são as reais necessidades nutricionais das aves, visando melhorias dos índices de conversão alimentar e consequentemente uma melhora na produtividade. Logicamente, esta preocupação vem atrelada aos custos produtivos. Porém, desde muito tempo para os países desenvolvidos não é suficiente produzir somente de maneira eficaz e econômica, mas sim, é necessário também conseguir um produto de qualidade. Em um mercado competitivo o ovo deve oferecer ao consumidor algo mais que uma fonte barata de proteína e energia, e necessita ser um produto diferenciado, que seja agradável ao paladar, que seja seguro e que não seja considerado um vilão mas sim um produto de alto valor nutricional e que tenha garantias de qualidade. Logicamente algumas questões podem ser resolvidas com campanhas de marketing, porém existem outras questões que devem ser consideradas primordiais para se garantir um produto de boa qualidade, entre elas as questões técnicas que requerem um bom manejo das produções e além disso, garantir a rastreabilidade do produto final. Entre as questões técnicas talvez uma das que são mais interessantes seja a capacidade de manejar a alimentação da ave para conseguir melhorar a qualidade do ovo e especialmente a sua casca. A casca dos ovos tem uma estrutura perfeitamente ordenada, elaborada sequencialmente durante um período definido no istmo e no útero. É composto de carbonato de cálcio permeado por uma pequena quantidade de componentes orgânicos que, acredita-se, influenciam a nucleação e o crescimento da calcita e, consequentemente, as propriedades biomecânicas da casca do ovo. Portanto, a qualidade da casca depende do fornecimento de material iônico, cálcio e carbonato, mas também da organização em sua deposição. Fatores de produção como idade, estirpe, 14 Otavio Antonio Rech a muda forçada, programas de luz, as instalações, o ambiente, sanidade e evidentemente a nutrição das aves, podem influenciar sua qualidade. QUALIDADE DE CASCA DOS OVOS. Sem dúvida ovos frescos e a qualidade da casca, incluindo a cor e limpeza, são primordiais para a sua venda. É necessário tomar as medidas apropriadas que favoreçam a qualidade da casca durante o todo o período produtivo das aves e todas aquelas que permitam evitar ovos sujos e potencialmente contaminantes. Para melhorar a qualidade de casca e proteger a galinha de problemas de calcificação é de suma importância que as aves iniciem postura com uma reserva de cálcio adequada, o que significa um osso medular bem formado. A recria deve ser encarada como um investimento futuro para garantir uma boa qualidade de casca durante todo o ciclo produtivo e desta forma, é importante realizar um bom trabalho nutricional e de manejo nesta fase. DESENVOLVIMENTO ÓSSEO A Formação do osso medular, principalmente a tíbia e o fêmur começa ao redor de 10 dias antes da postura e o esqueleto se incrementa em uns 20%,; devido a um sinergismo hormonal de estrógenos e andrógenos que aumentam indiretamente a absorção e retenção de cálcio e fósforo. Este processo se reflete externamente com o crescimento e coloração de crista e barbela. Fatores que afetam a qualidade da casca: enfoque nutrição 15 Durante a postura a reposição do osso medular ocorre entre cada ovulação e se deve exclusivamente a ação de estrógenos. O cálcio deste osso (aproximadamente 1g) está sempre disponível para a formação da casca. É necessário garantir a quantidade suficiente de nutrientes na dieta e no momento adequado para que o processo funcione, caso contrário a reserva medular se manterá a por conta do uso do osso estrutural, resultando em debilidade de pernas e fadiga de gaiola. A medida que avança o ciclo produtivo o tamanho do ovo aumenta, porém a qualidade de casca depositada não se incrementa proporcionalmente, parecendo similar ao início de produção. Cálcio, Fosforo e Vitaminas Níveis adequados de cálcio na dieta devem ser fornecidos durante os períodos de recria, pré postura e postura. Desempenho produtivo e qualidade de ovos de poedeiras na fase tardia de produção influenciadas pelo nível e fonte de cálcio na dieta Efeito do fornecimento de Carbonato de Cálcio Extra sobre a qualidade do ovo em galinhas poedeiras de 85 – 93 semanas de idade A alimentação da meia-noite pode melhorar a qualidade da casca de ovo e o uso de partículas grosseiras de cálcio melhoram a qualidade da 16 Otavio Antonio Rech casca do ovo, especialmente em galinhas velhas em comparação com as jovens e em galinhas que sofrem de altas temperaturas. O tamanho de partículas de cálcio é uma das medidas mais importantes para manter uma boa qualidade de casca já que as que possuam mais que 2 mm são retidas na moela, e podem lentamente ser solubilizadas torando sua assimilação mais tardia. Este cálcio dietético estará disponível durante a noite, que équando ocorre a maior calcificação da casca e a galinha não terá que depender exclusivamente do cálcio proveniente do osso medular. Prover as poedeiras uma boa quantidade de cálcio em partículas de 3 a 5 mm antes do período escuro ajuda a melhorar a qualidade de casca. Um consumo elevado de ácidos graxos saturados leva à formação de estearato de cálcio e diminui a retenção de cálcio e gordura. Não há efeito negativo sobre a qualidade da casca quando a gordura da dieta é inferior a 6%. O nível dietético de fosforo disponível é também importante para a qualidade de casca. Durante o crescimento da ave um nível e uma relação apropriada de cálcio e fósforo disponível são necessários para uma ótima calcificação dos ossos e formação do osso medular. Todavia durante a postura, um nível relativamente alto de fósforo disponível inibe a mobilização do cálcio dos ossos e embora ainda exista disponibilidade de cálcio dietético durante a noite a galinha sempre recorrera ao osso medular para obter parte do cálcio que vai estar na casca e a mobilização deste cálcio pode ser prejudicada por um alto nível de fósforo no sangue. Portanto é necessário limitar o nível de fósforo disponível na dieta, especialmente depois das 60 semanas de idade, para melhorar a qualidade da casca. Níveis de fósforo na dieta de 0,3% de fósforo disponível permite o desempenho normal e a integridade óssea. Na dieta níveis de K (mínimo 0,12%) e têm um baixo efeito na qualidade da casca do ovo, mas o cloro (> 0,2%) é desfavorável. O Mg é amplamente fornecido pela ração vegetal (1500 mg Fatores que afetam a qualidade da casca: enfoque nutrição 17 / kg) e pode deprimir a qualidade da casca do ovo quando em excesso (> 5000 mg / kg). Os zeólitos sintéticos (0,75%) com alta capacidade de troca catiônica melhoram ligeiramente a qualidade da casca, mas são solubilizados no intestino e fornecem alumínio. A vitamina D é essencial para manter a produção de ovos, a formação da casca e a homeostase do cálcio. O colecalciferol (vitamina D3) é produzido pela irradiação do 7-dehidrocolesterol, o qual é sintetizado no corpo e se desloca até a camada externa da pele. O colecalciferol, após a absorção, é transportado ao fígado onde é hidroxilado na posição 25, originando o metabólito 25-hidroxicolecalciferol (25(OH)D3), o qual é direcionado aos rins e hidroxilado no carbono 1 originando o metabólito ativo 1,25-dihidroxicole-calciferol (1,25(OH)2D3), que exerce funções metabólicas chamadas nuclear e não-nuclear (Leeson & Summers, 2001; Pesti et al., 2005). Hoje existe disponível o metabolito de vitamina D3 o HyD® (25-(OH)-D3), que permite aumentar a retenção de cálcio e reduzir a mortalidade das aves. Problemas na qualidade de casca pode estar correlacionada com a redução dos níveis de 25-(OH)-D3 circulantes nas poedeiras com o avançar da idade, muitas vezes decorrente pela maior presença de fígado graxo, fato este observado cada vez mais nas aves com ciclo maior de produção. Altas temperaturas diminuem a qualidade da casca do ovo como consequência da redução do consumo de Ca e da alcalose respiratória induzida pela hipertermia. Os efeitos positivos dos fatores nutricionais (partículas de cálcio grosseiro, zeólitas) são mais pronunciados em ambientes quentes, e fatores adicionais também podem ser úteis: água carbonatada, bicarbonato, vitamina C. Vários trabalhos demonstram o beneficio de uso de vitamina C e E na melhoria da qualidade de casca especialmente de condições de estresse por calor. 18 Otavio Antonio Rech Microelementos A maioria dos estudos sobre efeitos nutricionais na casca dos ovos e na qualidade óssea em galinhas poedeiras está focado nos efeitos de Ca, P e vitamina D3 na dieta. No entanto, sabe-se que algumas enzimas, como a anhidrase carbônica, relacionada a certos microelementos, é importante no processo de mineralização e, nos últimos anos, tem havido um número crescente de estudos com galinhas poedeiras sobre a relação entre micro minerais e qualidade da casca de ovo. Mabel et al. (2003) sugeriram que oligoelementos como Zn, Mn e Cu, como cofatores de certas enzimas, podem afetar as propriedades mecânicas das cascas de ovos, exercendo uma influência na formação de cristais de calcita e modificação de sua estrutura cristalográfica. A suplementação com Mn, Zn e Cu todavia não tem um impacto nos parâmetros e na eficiência da produção de ovos, como já relatado em outros estudos (Fernandes et al., 2008; Maciel et al., 2010), porém, observa-se melhoria nas características de qualidade e ultraestrutura da casca de ovo. Níveis iguais ou superiores a 65-60-10 mg / kg, para Mn, Zn e Cu, respectivamente, resultaram em menor perda de ovo e maior resistência da casca. Funcionalidades do manganês, zinco e cobre para a qualidade da casca do ovo Corpos mamilares na superfície interna da casca Mais amplo e agrupado, dependendo dos níveis de minerais Fatores que afetam a qualidade da casca: enfoque nutrição 19 Controle de peso dos ovos Um dos temas acerca da qualidade da casca é o incremento da quebra com o avanço da idade das galinhas. O incremento do peso do ovo com o decréscimo da porcentagem de casca parcialmente explica o prejuízo na qualidade da casca. Porém, tentativas de limitar o crescimento do peso dos ovos reduzindo os níveis protéicos e ou quantidade metionina ingerida foram fracassadas e podem reduzir a performance. Similarmente muitos resultados indicam nenhuma resposta com redução de níveis de energia já que a ave adapta seu consumo a energia contida na dieta. Em contraste a adição de gordura para a dieta de poedeiras, incrementa o peso do ovo e se está muito bem estabelecido os efeitos positivos da adição de óleos vegetais, especialmente o efeito do ácido linoleico, onde é possível observar o decréscimo do peso do ovo pela sua substituição por sebo. 20 Otavio Antonio Rech REFERÊNCIAS ABE, E., H. HORIKAWA, T. MASUMURA, M. SUGAHARA, M. KUBOTA, AND T. SUDA, 1982. Disorders of cholecalciferol metabolism in old egg-laying hens. J. Nutr. 112:436–446 CHENG T.K and COON, C.N, 1990. Effect of Calcium Source, Particle Size, Limestone Solubility In Vitro, and Calcium Intake Level on Layer Bone Status and Performance. Poultry Science 69:2214-2219 CHUNG M.K.; Choi J. H.; CHUNG Y. K. and Chee* K. M. 2005. Effects of Dietary Vitamins C and E on Egg Shell Quality of Broiler Breeder Hens Exposed to Heat Stress. Asian-Aust. J. Anim. Sci. 2005. Vol 18, No. 4: 545-551). ÇIFTÇI* M.; NIHAT ERTAS O. and GÜLER T. 2005, Effects of vitamin E and vitamin C dietary supplementation on egg production and egg quality of laying hens exposed to a chronic heat stress. Revue Med. Vét., 2005, 156, 2, 107-111. FERNANDEZ, A. F. AND LITZ, F. H. 2017. The Eggshell and its Commercial and production importance in: Egg Innovations and Strategies for Improvements edited by Hester Y. P. Copyright © 2017 Elsevier Inc. LEESON, S.; SUMMERS, J.D. Scott's nutrition of the chicken. 4.ed. Guelph: University Books, 2001. 591p MOLNÁR1, A: HAMELIN, C.; DELEZIE, E et al, Sequential and choice feeding in laying hens: adapting nutrient supply to requirements during the egg formation cycle. World's Poultry Science Journal, Vol. 74, June 2018. NYS, Y., GLOUX, A., DUCLOS, M. 2017. Dietary factors improving eggshell quality: an updated review with special emphasis on microelements and feed additives. Presented at 17. EGGMEAT European Symposium on the Quality of Eggs and Egg Products, Edinburgh, GBR (2017-09-03 - 2017-09-05). 2 p. https://prodinra.inra.fr/record/406295. Fatores que afetam a qualidade da casca: enfoque nutrição 21 PESTI, G.M.; BAKALLI, R.I.; DRIVER, J.P. et al. Poultry nutrition and feeding: a textbook. Athens: Trafford Publishing, 2005. paginação descontínua. SAFAA, H. M.; SERRANO, M. P.; VALENCIA, D. G. et al. 2008. Productive performance and egg quality of brown egg-laying hens in the late phase of production as influenced by level andsource of calcium in the diet. Poultry Science, v.87, p.2043-2051, 2008. 23 MÁQUINAS CLASSIFICADORAS: USOS E CUIDADOS PARA MELHORES RESULTADOS Dr. Alberto Yamasaki Yamasa Indústria de Máquinas Com a globalização mundial cada vez mais observamos uma luta incessante por reduções de custo e maior qualidade. Um dos pontos que contribui muito e que atualmente às vezes não é dada a devida atenção, é a manutenção. Manutenção corretiva Como o próprio conceito sugere, esse tipo de manutenção consiste na correção imediata de problemas que inviabilizam o bom funcionamento de máquinas e equipamentos, causando sérios prejuízos no processo produtivo. Embora essa manutenção geralmente não seja programada – sendo na maioria das vezes necessárias substituir peças e componentes danificados ou desgastados – em determinados casos ela pode ser planejada mediante a realização da manutenção preditiva, que veremos mais adiante. Quando realizada sem planejamento, a manutenção corretiva gera altíssimos custos para as indústrias, comprometendo o cumprimento de prazos e até mesmo o lucro do mês. Manutenção preventiva A manutenção preventiva é um conjunto de estratégias de monitoramento e controle empregadas com o objetivo de impedir (ou amenizar) falhas quanto ao desempenho de máquinas e equipamentos, sejam eles hidráulicos, automotivos ou industriais. 24 Alberto Yamasaki Contrário à corretiva, essa manutenção sempre é planejada, sendo realizado de maneira periódica com base em um cronograma e/ou índice de funcionamento. Além de gerar menos custos, esse tipo de manutenção faz com que máquinas e equipamentos operem com máximo desempenho. Por se tratar de uma manutenção programada, os desgastes e danos ocorridos são muito menores, fazendo com que os custos com reposição de peças e componentes não comprometam o orçamento empresarial. Por outro lado, é importante frisar que a manutenção preventiva ocorre independentemente de danos reais apresentados, fazendo com que em alguns momentos a indústria tenha gastos sem necessidade imediata. Manutenção preditiva A manutenção preditiva é muito semelhante à preventiva e justamente por isso esses dois tipos são muito confundidos. A grande diferença entre eles é que a manutenção preditiva é baseada numa inspeção sistemática e na observância quanto à modificação dos parâmetros ou condições de desempenho. Isso significa que a manutenção preditiva leva em consideração as condições reais quanto ao funcionamento de máquinas e equipamentos, não sendo realizada necessariamente com base em cronogramas ou índices de funcionamento. A partir do momento que a prevenção preditiva identifica problemas de desempenho que já estão ocorrendo ou poderão ocorrer em um futuro próximo, é feita a chamada prevenção corretiva planejada. Motivos de desgaste em corrente As três maneiram mais comuns pelas quais uma corrente pode falhar são a tração, fadiga e desgaste. Em uma falha de tração, a corrente é sobrecarregada em tensão até ser esticada tanto que não funcionará corretamente ou é literalmente separada. Máquinas Classificadoras: usos e cuidados para melhores resultados 25 Em uma falha por fadiga, a corrente é carregada repetidamente em tensão, a uma carga alta, até que rachaduras microscópicas se desenvolvam nas laterais essas rachaduras continuam a crescer até que a corrente se quebre. Em caso de falha no desgaste, o material é removido deslizando, gerado por abrasão ou corrosão, até que a corrente não funcione corretamente (não encaixa nas engrenagens) ou o material restante é tão fino que permite que a corrente se quebre. O alongamento do desgaste da corrente geralmente progride por três estágios, como mostra a Figura acima. Primeiro, há um curto período de desgaste inicial rápido ou de amaciamento, nessa primeira etapa, pontos altos são desgastados pelos pinos e buchas e desalinhamentos menores são rapidamente desgastados. Segundo, há um período de constante desgaste lento ou lubrificado. Nesta segunda etapa, os pinos estão encaixados corretamente nas buchas e as áreas de rolamentos normalmente são bem lubrificadas. E, finalmente, há outro período de desgaste rápido ou terminal. Neste estágio final, a lubrificação pode ter se tornado ineficaz ou falhada completamente, ou o estojo rígido nos pinos e buchas pode ter se desgastado ou o alongamento da corrente na roda dentada pode ter causado um aumento drástico nas cargas de juntas individuais. Efeitos da lubrificação na operação da corrente A maioria dos acionamentos e transportadores de corrente terá um desempenho melhor e durará mais quando for fornecida uma lubrificação oportuna e adequada. Uma regra prática é que a lubrificação adequada pode prolongar a vida útil da corrente em até 100 vezes. (Figura a seguir) 26 Alberto Yamasaki Mesmo que a vida útil geral da corrente seja aceitável, a falta de lubrificação adequada pode causar outros problemas. Quando uma corrente está sem lubrificação, o desgaste de um elo para outro pode variar bastante, causando ações irregulares. O rápido desgaste dos elos pode causar perda precoce do tempo da esteira, causando posicionamento impreciso. A falta de lubrificação pode aumentar o atrito e o consumo de energia e causar um aumento prejudicial da temperatura. Necessidade de lubrificação A lubrificação da corrente é necessária principalmente para diminuir o desgaste entre os pinos e as buchas nos elos da corrente, para remover resíduos de desgaste e materiais estranhos e suavizar o engate da corrente com a engrenagem. Além disso, pode ser necessária lubrificação para inibir a ferrugem e a corrosão, eliminar o calor e amortecer as forças de impacto. Lubrificantes para Correntes Um lubrificante de corrente deve ter viscosidade baixa o suficiente para penetrar em superfícies internas críticas e viscosidade alta o suficiente ou aditivos necessários, para ser eficaz em relação temperatura e tração. A viscosidade recomendada para várias faixas de temperatura deve ser instruída pelo fabricante. O lubrificante deve ter a capacidade de manter as qualidades de lubrificação desejadas nas condições de operação prevalecentes. Engrenagens desgastadas x nova. 27 TECNOLOGIAS NA MONITORIA DAS PERDAS DE OVOS DURANTE O PROCESSAMENTO Cleison Marques de Neira Trouw Nutrition INTRODUÇÃO O Brasil, encontra-se atualmente, entre os dez maiores produtores de ovos do mundo, atingindo 44,5 bilhões de unidades produzidas em 2018 (aumento de 11,45% em relação a 2017), exportando para mais de 15 países, entre os quais estão Estados Unidos, Japão, Hong Kong, Arábia Saudita e Emirados Árabes (aumento na exportação em 92,89% em relação a 2017). (ABPA, 2019). Do total da produção de ovos, 7% a 8% apresentam problemas de rupturas de casca, segundo Faria et al. (2019 apud. Halmilton 1982), já para Coutts e Wilson (2007), geralmente as trincas (grandes/finas/estrela) oscilam entre 3% a 10% da produção total de ovos. O MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO, determina perante a PORTARIA Nº 1, DE 21 DE FEVEREIRO DE 1990, que os ovos trincados ou que apresentem a casca quebrada, só poderão ser utilizados no processamento quando a casca estiver limpa, livre de sujeira e sem o rompimento da membrana da casca. Ovos considerados impróprios para o consumo humano, serão condenados, ou seja, não haverá aproveitamento destes ovos, implicando em perdas. Pode-se dizer que as perdas no processamento de ovos são significativas, trazendo grandes prejuízos aos produtores, no qual se dá a importância da monitoria da qualidade de ovos. 28 Cleison Marques de Neira FERRAMENTAS DE MONITORIA DE PERDAS DURANTE O PROCESSAMENTO Existem algumas tecnologias que auxiliam monitoria das perdas de ovos durante o processamento, amparando nas tomadas de decisões das empresas. Contadores de ovos Com a modernização dos aviários, apareceram novas tecnologia para o controle da produtividade, no qual, há contador de ovos(figura 1) com alta precisão, alguns chegando a precisão de 99,9% (OVOTRON, 2019). Permitem o melhor controle do fluxo de ovos nas esteiras transportadoras, possibilitando também a comparação da produção que sai dos aviários e os que chegam na classificação, podendo verificar se houve perdas de ovos durante o trajeto dos ovos. Figura 1. Foto ilustrativa do contador de ovos Equipamentos para monitoria da qualidade A unidade Haugh (Haugh unit - HU) é o índice idealizado pelo Sr. Raymond Haugh em 1937 para avaliar a qualidade interna dos ovos, sendo correlacionada ao frescor do ovo. A HU é calculada utilizando o peso do ovo e a altura do albúmen, através da seguinte fórmula HU=100 x log (H-1.7W0.37+7.6), sua classificação (tabela 1) se dá em AA, apresenta o albúmen bem firme; classificação A, apresenta o albúmen razoavelmente firme; classificação B, apresenta albúmen mais aquosa; classificação C, apresenta o albúmen muito aquosa (NABEL e ORKA, 2019). Tecnologias na monitoria das perdas de ovos durante o processamento 29 Figura 2. Foto ilustrativa do Testador de ovos DET6000 – NABEL Tabela 1. Classificação da unidade Haugh Testador de ovos Os testadores de ovos, são equipamentos no quais analisam os fatores: resistência de casca, espessura de casca, peso do ovo, altura de albúmen, UH, coloração e índice da gema. Os testadores podem realizar todos os testes em um único aparelho (como é o caso da Nabel) ou realizaras os testes em aparelhos separados. O testador digital da Nabel (Figura 2), é uma das tecnologias mais difundidas para analisar qualidade de ovos no Brasil, este equipamento é utilizado nas principais competições de qualidade de ovos, incluindo do concurso da cidade de Bastos – SP, um dos principais polos do setor. Medidores de impactos Os medidores de impactos, identificam possíveis locais no qual possam estar causando danos aos ovos, permitindo que haja ação corretiva nos pontos identificados, a fim reduzir as trincas/quebras em ovos, consequentemente diminuindo as perdas, melhorando assim a eficiência operacional, possibilitando que os produtores de ovos tenham maiores lucratividades (ORKA, 2019). 30 Cleison Marques de Neira Figura 4. Foto ilustrativa do medidor de impactos SMARTegg da TSS Figura 3. Foto ilustrativa do medidor de impactos EGG NODE da ORKA CONCLUSÕES Tendo em vista o constante crescimento e modernização do setor de avicultura de postura, os desafios em reduzir as perdas de ovos na produção, são de extrema importância, pois estão relacionadas diretamente a eficiência e lucratividade da granja/empresa. Atualmente há inúmeras tecnologias que contribuem com a melhoria continua da monitoria das perdas de ovos durante o processamento, essas tecnologias possibilitam identificar com maior facilidade as não conformidades no percurso dos ovos, fornecendo dados que auxiliam nas tomadas de decisões, contribuindo para com a redução de perdas de ovos na produção maximizando os ganhos das granjas/empresas. REFERÊNCIAS ABPA - http://abpa-br.com.br/noticia/producao-de-ovos-do-brasil-cresce- 61-e-chega-a-395-bilhoes-de-unidades-1550 ABPA - Visão geral da indústria de ovos - http://brazilianegg.com.br/pt/ egg-industry/overview EMBRAPA - https://www.embrapa.br/suinos-e-aves/cias/estatistica Tecnologias na monitoria das perdas de ovos durante o processamento 31 FARIA, D. E. et al. Produção e Processamento de Ovos de Poedeiras Comerciais, p. 520 a 535, Campinas: FACTA, 2019. COUTTS, J. A.; WILSON, G. C. Ovos de Ótima Qualidade, p. 30 a 34, 2007 MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO, SECRETARIA DE INSPEÇÃO DE PRODUTO ANIMAL, PORTARIA Nº 1, DE 21 DE FEVEREIRO DE 1990. ORKA FOOD TECHNOLOGY - https://eggtester.com/haugh-unit Nabel - http://det6000.com/pt OVOTRON - https://www.ovotron.com.br/ 33 PANORAMA SANITÁRIO DE GRANJAS NA AMÉRICA LATINA: DESAFIOS E SOLUÇÕES Daniel Valbuena Médico Veterinario Zootecnista Gerente América Latina Hy-Line Internacional INTRODUÇÃO A América Latina é uma região com uma população aproximada de 550 milhões galinhas produtoras de ovo, e uma população de aproximadamente 620 milhões de habitantes, quer dizer que existe uma proporção de 0,89 galinhas por habitante. Calcula-se que o por ano o numero de pintinhas para postura de um dia de idade que entram para reposição é de 373 milhões, quer dizer um 67,8%. A distribuição pela cor do ovo é de um 61,4% para ovo branco e 38,6% para ovo vermelho. Os países com maior aporte na produção de ovo branco são o Brasil com 23% e o México com 26%, como parte do 61,4%. Cada País tem seus grandes centros de produção, dos quais são citados alguns deles: México: O estado de Jalisco tem aproximadamente 80 milhões de aves, equivalentes ao 55% da população total de aves de postura comercial. A extensão do estado é de 78.699 km², quer dizer tem uma densidade de 1016 aves por km2. Argentina: A província de Buenos Aires tem entorno de 24 milhões de aves de postura equivalente ao 50% da população do total de galinhas no país. Colômbia: O departamento do Valle del Cauca tem entorno de 14 milhões de galinhas, equivalente ao 30% da população total. Peru: Chincha tem 11,3 milhões de galinhas equivalente ao 45,2% da população nacional. 34 Daniel Valbuena São Paulo: Tem o 35% do total de lotes. AUTUAÇÃO DO PANORAMA SANITÁRIO Para o desenvolvimento desta apresentação foi feito uma pesquisa de opinião dos principais gerentes técnicos dos países representativos da América Latina, sendo que de acordo com as suas experiencias, conhecimentos e trabalho diário responderam às seguintes perguntas: a. Estado sanitário do país b. Calcificação do nível de Biossegurança de 1 – 10 c. Agente de desafio Sanitárias que mais afeta o país d. Estratégia de Controle para esses agentes e. Programa de vacinação padrão f. Comentários finais As respostas dos técnicos de cada países foram as seguintes: a. ESTADO SANITÁRIO DO PAÍS Chile: Em geral, o Chile é um país com bom estado de saúde. O SAG desempenha muito bem sua função de controle e de rígidas barreiras sanitárias para a entrada e/ou descarga de aves vivas e produtos de aves. O Chile é um país livre de New Castle e Gripe Aviária e também de doenças bacterianas como Pullorosis e Typhosis Avian. Os produtores em geral possuem biossegurança adequada e desenvolvem extensos programas de vacinação El Salvador – Guatemala: Comprometida com doenças virais e bacterianas comuns esporadicamente, controlada pela Vacinas. Ex .: New Castle Lentogenico, Bronquite, DII, entre outros. Doenças bacterianas como Coriza, Pasterella, complexo respiratório crônico. Os programas profiláticos são muito fortes e trata-se de cumpri- los no tempo estabelecido. Costa Rica: Pode ser gerenciado em dois grupos, que seriam as fazendas que desejam funcionar bem e as que desejam economizar, sendo que as últimas muitas vezes por querer economizar são principalmente aquelas que começam a gerar uma doença e nos tornam vulneráveis, espalhando-se por várias fazendas (dependendo do sistema de biossegurança de cada fazenda). Em geral, são realizados testes de laboratório para descobrir a real causa de doenças emergentes na Costa Rica. Eles trabalham muito duro no controle de pragas. México: É dividido em duas áreas totalmente diferentes, existem Panorama sanitário de granjas na América Latina: desafios e soluções 35 áreas limpas como o norte do México, a península de Yucatán, estados como Sinaloa, mas isso representa 20% da produção total do país. E existe a chamada área suja, onde estão localizados estados como Jalisco, Puebla, Guanajuato e San Luis Potosí, que representam 80% da produção. Uma área de 90 milhões de galinhas em uma área de 180 km de comprimento por 60 de largura (Alto Jalisco). Nestes estados, a presença de H7N3 alto e H5N2 baixo é frequente e, às vezes, associada ao New Castle. Livre de Salmonella Gallinarum. Peru: Sempre existem problemas sanitários no setor de postura devidoà informalidade e ignorância dos princípios de Biossegurança e dificuldade para o investimento nesse tema. Alta densidade de aves em determinadas áreas, fazendas com várias idades, falta de controle e supervisão da entidade governamental SENASA, livre circulação de aves e resíduos orgânicos. A preguiça dos avicultores em denunciar surtos de doenças contribui para que o estado de saúde do Peru seja considerado de alto risco. Brasil: No momento, é estável, embora haja permanentemente surtos de laringotraqueíte, salmonela e micoplasma (MG). Colômbia: O atual estado de saúde da Colômbia é bastante complicado. Ainda existem problemas quase endêmicos com New Castle, laringotraqueíte, Salmonelose e recentemente bronquite em diferentes áreas do país. Todos são agentes com fortes interações com doenças como Pasteurella e Coriza. as agentes acima mencionadas com maior efeito no deterioro da produtividade do que na mortalidade. Uruguai: O estado de saúde uruguaio é muito bom. É um país livre de New Castle, onde apenas são vacinados criadores leves, criadores pesados e galinhas poedeiras. Os frangos de corte são população sentinela, não são vacinados. b. CALCIFICAÇÃO DO NÍVEL DE BIOSSEGURANÇA Comentários de porque a qualificação é baixa: • Desconhecimento. • Não se quer investir em treinamento e implementação. • Aplicável apenas a fazendas de matrizes. • Áreas onde não há controle das agências de saúde. • Em postura comerciais, a biossegurança é limitada ou muito ruim. • Acredita-se que a biossegurança seja arcos sanitários ou bomba para borrifar. 36 Daniel Valbuena • Estabelecido apenas para granjas industriais ou formais. • É variável de acordo com o estrato: Matrizes: ideal; Frango: aceitável; Poedeiras: regular. • Não existem áreas diferenciadas de exploração de aves por sistema e tipo • Entidades de vigilância sanitária incapazes de assumir o controle e a regulamentação da atividade avícola do país. c. AGENTE DE DESAFIO SANITÁRIAS QUE MAIS AFETA O PAÍS: • Laringo Traqueítis: xxxxxxx • Salmonella: xxxxx • New Castle: xxxx • Bronquitis: xxxx • Micoplasma: xx • ERC: xx • Influência Aviar: x • Colibacilosis: x d. ESTRATÉGIAS DE CONTROLE: • Vacinas vetorizadas. • Vacinas vivas. • Vacinas oleosas de eficácia duvidosa. • AutoVacinas. • Variantes Outras: a. Convença o produtor de que ele precisa fazer coisas diferentes para obter resultados diferentes. b. Trabalhar juntos em estabelecimentos de programas de biossegurança e planos profiláticos c. Projetar protocolos de gestão diferenciados ajustados à sua nova realidade, com base no estado sanitário da granja. d. Evitar a cria e o levante das pintinhas na mesma área de produção e. Reduzir várias idades no mesmo galpão f. Tratamento térmico e mobilização do estrume da ave g. Fumigações com amônios quaternários h. Qualidade da água, limpeza dos canos. i. Manejo preventivo e. PROGRAMAS DE VACINAÇÃO: Panorama sanitário de granjas na América Latina: desafios e soluções 37 PLANO VACINAL A PLANO VACINAL B 38 Daniel Valbuena PLANO VACINAL C f. COMENTÁRIOS FINAIS Todas os involucrados na elaboração desta palestra coincidiram em afirmar que a chave para ter uma condição sanitária controlada é a biossegurança, a qual todas las personas involucradas en la elaboración de esta palestra coincidieron en afirmar que la clave para tener un estatus sanitario controlado es la BISOSEGURIDAD, o que é incrivelmente difícil de realizar. A biossegurança não é apenas tomar banho na entrada de uma fazenda e trocar de roupa; a biossegurança inclui isolamento, programas de vacinação, gerenciamento de pessoal, educação, treinamento. 39 ATUALIZAÇÃO DAS EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS PARA AVES DE POSTURA NO BRASIL Matheus de Paula Reis, Bernardo Rocha Franco Nogueira, Rafael Massami Suzuki, Mirella Cunha Melaré, Bruno Balbino Leme, Nilva Kazue Sakomura Universidade Estadual Paulista (UNESP) Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias Câmpus de Jaboticabal Na indústria de produção de ovos, a nutrição das aves possui um papel fundamental, já que a ração representa a maior parte do custo de produção de frangas de reposição e das aves em postura. Nesse contexto, os aminoácidos essenciais recebem uma atenção especial, pois devido a ausência de síntese ou produção endógena insuficiente, devem ser fornecidos via dieta para o completo atendimento das necessidades das aves. Vale ressaltar que os níveis de exigência de alguns aminoácidos essenciais como isoleucina, leucina, histidina e fenilalanina são geralmente atendidos em dietas à base de milho e soja, comumente utilizadas no Brasil. Entretanto, pode existir a necessidade de suplementação de aminoácidos cristalinos como a lisina, metionina, treonina, triptofano e valina. A exigência de aminoácidos está relacionada ao potencial genético da ave, ou seja, aves de alto rendimento necessitam de uma maior quantidade de aminoácidos para expressar seu potencial genético. Em aves de postura, os aminoácidos são utilizados para mantença, crescimento e/ou produção de ovos, e por esse motivo, aquelas em pico de produção necessitam de maiores quantidades de aminoácidos para atender as suas necessidades em comparação com aves de mesmo peso e idade, mas que apresentam menor produção de ovos. Na prática, nutricionistas formulam as rações utilizando como referência tabelas de exigências nutricionais, manuais da linhagem e o 40 Matheus de Paula Reis, Bernardo Rocha Franco Nogueira, Rafael Massami Suzuki, Mirella Cunha Melaré, Bruno Balbino Leme, Nilva Kazue Sakomura know how das empresas de nutrição. Utilizando os valores de exigências disponíveis é possível formular rações de acordo com a necessidade da granja, seja ela o custo mínimo, a disponibilidade de ingredientes específicos da região, ou outros objetivos específicos. Entretanto, destaca-se a importância de estimar a resposta das aves alimentadas com diferentes níveis nutricionais, o que permite predizer o impacto da ração no desempenho das aves e o retorno econômico da atividade em diferentes cenários de nutrição. Com este intuito, diversos estudos foram conduzidos no laboratório de avicultura da UNESP – Jaboticabal (LAVINESP), para elaborar modelos de predição do crescimento, produção de ovos e das exigências nutricionais de aves de postura. As pesquisas foram conduzidas para quantificar e modelar a exigência nutricional das aves, permitindo predições de valores nutricionais para os aminoácidos essenciais, levando em consideração o potencial genético do animal e fatores relacionados ao ambiente e a dieta. Neste material, o objetivo principal é apresentar as ferramentas de modelagem da exigência dos aminoácidos desenvolvidas na UNESP e como estas podem ser aplicadas para auxiliar os profissionais do seguimento de produção de ovos na tomada de decisão. AVALIAÇÃO DA EXIGÊNCIA DOS AMINOÁCIDOS PARA A MANTENÇA O estado de mantença pode ser definido quando o consumo de nitrogênio é igual ao total perdido pelo animal (BONATO et al., 2011). Entretanto, a quantificação da exigência de mantença para aves em crescimento deve ser feito com cautela devido à dificuldade de se determinar com exatidão o destino metabólico dos aminoácidos (REIS et al., 2018), que pode ser refletido nas exigências para mantença ou crescimento. Por esse motivo, os estudos para determinação da exigência de mantença para aves conduzidos na UNESP utilizaram galos, assumindo que em condições ideais o consumo de aminoácidos dessas aves está associado apenas com a exigência de mantença (BONATO et al., 2011). A exigência de mantença pode ser expressa em diferentes unidades, sendo as mais comuns expressas em mg de aminoácido por kg de peso corporal e mg de aminoácido por kg de peso metabólico (kg0,75). Segundo Emmans e Fisher (1989), os aminoácidos destinados para a mantença da ave são utilizados principalmente para compor a proteína corporal, portanto, a exigência de aminoácidos para a mantença também pode ser expressa emmg por kg de peso metabólico proteico à maturidade (BPm0,73), levando em consideração o grau de maturidade do animal (u), estimado pela relação entre o peso proteico atual e o peso proteico à maturidade (Pt/Pm). Atualização das exigências nutricionais para aves de postura no Brasil 41 Para avaliar o balanço de nitrogênio e quantificar a exigência de mantença dos aminoácidos, foram conduzidos sete estudos no LAVINESP. Por meio da técnica de alimentação precisa (SAKOMURA; ROSTAGNO, 2016), foram determinadas as exigências para mantença dos aminoácidos lisina, metionina + cistina, treonina, triptofano, valina, isoleucina e leucina. Os valores obtidos estão apresentados na tabela 1. Tabela 1. Exigência de mantença estimada para os aminoácidos digestíveis lisina, metionina + cistina, treonina, triptofano, valina, isoleucina e leucina expresso em diferentes unidades Fonte: Bonato et al. (2011), Siqueira et al. (2013), de Lima et al. (2016) e Melaré et al. (2019). DETERMINAÇÃO DA EFICIÊNCIA DE UTILIZAÇÃO DE AMINOÁCIDOS DIGESTÍVEIS Durante a incorporação dos aminoácidos na proteína corporal e no ovo, ocorrem perdas decorrentes dos processos metabólicos, o que deve ser contabilizado nos modelos de predição da exigência nutricional. Dessa forma, recomenda-se avaliar a eficiência na qual cada aminoácido é depositado no corpo e no ovo (SAKOMURA; ROSTAGNO, 2016). A estimativa dos valores de eficiência de utilização pode variar entre os aminoácidos e deve ser considerada nos modelos de crescimento e produção de ovos. Para estimar a eficiência de utilização dos diferentes aminoácidos essenciais, foram conduzidos estudos de dose reposta utilizando aves em crescimento recebendo níveis crescentes dos aminoácidos estudados (ARAÚJO et al., 2012; BONATO et al., 2011; SILVA et al., 2015). Por meio da relação linear entre o aminoácido depositado no corpo (mg/ dia) e o consumo de aminoácido digestível (mg/dia), foi estimada a eficiência de utilização, conforme demonstrado na figura 1. Os valores estimados foram: 0,77 para lisina, 0,71 para metionina + cistina e 0,86 para treonina. 42 Matheus de Paula Reis, Bernardo Rocha Franco Nogueira, Rafael Massami Suzuki, Mirella Cunha Melaré, Bruno Balbino Leme, Nilva Kazue Sakomura Figura 1. Regressão linear da deposição de lisina no corpo em função do consumo de lisina digestível consumida, obtido em estudo de dose resposta com frangos de corte (SIQUEIRA et al., 2011) ESTIMATIVA DA EXIGÊNCIA DE AMINOÁCIDOS PARA AVES EM CRESCIMENTO Devido ao estado fisiológico, a exigência de aminoácidos para aves em crescimento é estimada por meio da soma das necessidades para atender a mantença e o crescimento da ave. Portanto, o modelo fatorial descrito por Martin et al. (1994) foi utilizado para predizer a necessidade diária de aminoácidos e os parâmetros do modelo foram atualizados em estudos conduzidos na UNESP (SILVA et al., 2012; ALVES et al., 2019). É importante ressaltar que existem diferenças na proporção dos aminoácidos que compõe a proteína das penas e do corpo da ave e, portanto, para estimar o consumo de aminoácidos foi levado em consideração a deposição de proteína em cada uma das partes citadas. O modelo fatorial é apresentado na equação abaixo: Em que AA é o consumo de aminoácido (mg/dia), AAm é a exigência do aminoácido para mantença, u é o grau de maturidade da ave definido pela relação entre peso proteico corporal atual e o peso proteico corporal à maturidade, QP é a queda de penas (g/dia), PP é o peso proteico da pena, AAp é a proporção do aminoácido na proteína da pena, PCd é a deposição de proteína no corpo (g/dia), AAc é a proporção do aminoácido na proteína do corpo, k é a eficiência de utilização do aminoácido e PPd é a deposição de proteína nas penas (g/dia). Para a utilização do modelo fatorial apresentado, é necessário predizer o crescimento da ave e definir os coeficientes de deposição de proteína no corpo e nas penas. Em estudos conduzidos na UNESP (ALVES et al., 2019; SILVA et al., 2015), foram avaliados o crescimento de frangas Atualização das exigências nutricionais para aves de postura no Brasil 43 de postura e a composição corporal das mesmas ao longo do tempo. A equação de Gompertz foi utilizada para predizer o peso proteico diário e a deposição de proteína no corpo livre de penas e nas penas, possibilitando a utilização do modelo fatorial descrito. Uma particularidade das aves de postura que deve ser levada em consideração é o crescimento dos órgãos reprodutivos, pois de acordo com BENDEZU et al. (2018), ganhos no peso do ovário e oviduto ocorrem a partir de 16 semanas de idade das aves, representando aumento significativo na exigência de aminoácidos para o crescimento, que persiste até o início da fase produtiva, conforme demonstrado na tabela 2. Tabela 2. Pesos dos órgãos reprodutivos de frangas de postura em crescimento determinados em diferentes idades Fonte: BENDEZU et al. (2018) O modelo fatorial foi ajustado para predizer a exigência de aminoácidos das aves a partir de 16 semanas de idade, contabilizando o crescimento do aparelho reprodutivo, de acordo com a equação apresentada abaixo. Em que POvad é a deposição de proteína no ovário (g/dia), AAova é a proporção do aminoácido na proteína do ovário, POvid é a deposição de proteína no oviduto (g/dia), AAovi é a proporção do aminoácido na proteína do oviduto. ESTIMATIVA DA EXIGÊNCIA DE AMINOÁCIDOS PARA AVES EM POSTURA Com a maturação do aparelho reprodutivo e o início da postura, a ave reduz drasticamente a deposição de proteína para o crescimento (JOHNSTON e GOUS, 2006), priorizando a deposição de aminoácidos no ovo e a mantença. 44 Matheus de Paula Reis, Bernardo Rocha Franco Nogueira, Rafael Massami Suzuki, Mirella Cunha Melaré, Bruno Balbino Leme, Nilva Kazue Sakomura Portanto, para estimar a exigência de aminoácidos para aves em postura foi utilizado o modelo de Reading, que é um modelo fatorial pois particiona a necessidade de aminoácidos para atender a mantença e produção de ovos. Em que AA é a exigência de aminoácidos (mg/dia), MO é a massa de ovos (g/dia), PC é o peso corporal (kg), a e b são as quantidades de aminoácido necessárias para atender uma unidade de massa de ovo e uma unidade de peso corporal, respectivamente. Conforme apresentado, o modelo fatorial é simples e possibilita estimar a exigência dos aminoácidos considerando o que de fato ocorre durante o ciclo produtivo das aves, com base em possíveis variações no peso corporal e na massa de ovos. Essas variáveis de desempenho são facilmente encontradas nos manuais das linhagens e podem ser utilizadas para realizar simulações e predizer a exigência média de um lote de acordo com a produção de ovos e o estado atual das aves. O modelo de Reading também leva em consideração a variabilidade entre os indivíduos, o que permite estimar valores para atender porcentagens específicas da população. Portanto, são adicionados ao modelo fatorial, os desvios para peso vivo (σPC) e para a máxima massa de ovos (σMOmax). Em que Z representa a quantidade extra de aminoácido que deve ser suplementada para atender uma população específica de aves. Substituindo o Z por fatores econômicos é possível predizer o nível do aminoácido necessário para maximizar o lucro da atividade. Portanto, utiliza-se a viabilidade econômica do aumento do aminoácido na dieta (c/r), calculado pela relação entre o custo marginal do nutriente aminoácido (c) com o aumento obtido na receita ao aumentar uma unidade do aminoácido (r). Vale ressaltar que o modelo é aplicado separadamente para cada aminoácido, portanto, uma alternativa viável é a formulação de rações com a proteína bruta balanceada, ou seja, manter a relação entre os aminoácidos essenciais constantes. Com o intuito de determinar a relação ideal entre os aminoácidos essenciais, um estudo foi conduzido na UNESP utilizando o método da deleção para aves de postura (SOARES et al., 2019), conforme apresentadona tabela 3. Atualização das exigências nutricionais para aves de postura no Brasil 45 Tabela 3. Relação ideal entre os aminoácidos para aves de postura leve Fonte: SOARES et al. (2019) FERRAMENTA PARA ESTIMAR A EXIGÊNCIA DE AMINOÁCIDOS E ELABORAÇÃO DE PROGRAMAS NUTRICIONAIS Baseado nos conceitos apresentados e em estudos realizados na UNESP, foi desenvolvido um aplicativo com o objetivo de auxiliar os nutricionistas na tomada de decisão. O mesmo permite fazer simulações para predizer a exigência dos aminoácidos essenciais para frangas de reposição e galinhas poedeiras, levando em consideração o potencial de crescimento e produção de ovos. O modelo estima o consumo diário dos aminoácidos, o que possibilita a elaboração de programas nutricionais de acordo com os objetivos da granja. Aplicação dos modelos para aves em crescimento O modelo fatorial proposto possui a vantagem de ser dinâmico, possibilitando aos nutricionistas a elaboração de programas nutricionais mais adequados a cada granja. Uma demonstração dos valores estimados para cada aminoácido está apresentada na tabela 4. Aplicação dos modelos para estimar a exigência de aminoácidos para aves em postura Considerando os dados de entrada do modelo, foi estimada a quantidade de lisina digestível, conforme demonstrado na tabela 5. A quantidade de lisina digestível para atender as necessidades da ave varia de acordo com o peso vivo e a produção de ovos, entretanto, é importante notar que o nível de inclusão do aminoácido na ração varia de acordo com o consumo de ração. 46 Matheus de Paula Reis, Bernardo Rocha Franco Nogueira, Rafael Massami Suzuki, Mirella Cunha Melaré, Bruno Balbino Leme, Nilva Kazue Sakomura Tabela 4. Predição dos aminoácidos essenciais para frangas de reposição determinados de acordo com modelo fatorial e coeficientes determinados na UNESP* Tabela 5. Entrada de dados para o modelo de Reading e exigência de lisina estimada para aves de postura leve Tabela 6. Nível de lisina digestível estimado de acordo com o aumento no preço das fontes de lisina utilizando o modelo de Reading *Coeficientes determinados no estudo de SILVA et al. (2015) e ALVES et al. (2019) Alterando o cenário econômico é possível fazer simulações que podem ser utilizadas na tomada de decisão, portanto, três simulações foram feitas alterando o valor dos ingredientes da dieta e mantendo inalterados todos os dados de entrada apresentados na tabela 5. No cenário controle, o custo marginal da lisina foi calculado com base no preço da ração formulada com milho (R$ 0,58/kg), farelo de soja (R$ 1,09/kg) e L-Lisina (R$ 10,00/kg) como únicas fontes do aminoácido lisina e o preço de venda do ovo produzido foi de R$ 65,00 / 30 dúzias. Em seguida, o custo marginal da lisina foi recalculado levando em consideração dois cenários econômicos distintos, aumento e redução no preço das fontes de lisina da ração em 80% comparados ao controle (Tabela 6). Atualização das exigências nutricionais para aves de postura no Brasil 47 REFERÊNCIAS ALVES, W. J. et al. In vivo description of body growth and chemical components of egg-laying pullets. Livestock Science, v. 220, p. 221–229, 1 fev. 2019. Disponível em: <https://www.sciencedirect.com/science/ article/abs/pii/S1871141318303445>. Acesso em: 21 jun. 2019. ARAÚJO, J. A.; SAKOMURA, N. K. Modelagem das exigências de lisina para aves de postura em crescimento. 2012. 92 f. Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias de Jaboticabal, Jaboticabal, 2012. Disponível em: <http:// www.athena.biblioteca.unesp.br/exlibris/bd/bja/33004102002P0/2012/ araujo_ja_dr_jabo.pdf>. BENDEZU, H. C. P. et al. Estimation of desired feed intake for growth and reproductive organ development in pre-laying hens. Animal Production Science, 2018. BONATO, M. A. et al. Maintenance requirements for methionine and cysteine, and threonine for poultry. 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Em níveis celulares, esses fatores resultam em estresse oxidativo, caracterizado por um desbalanço entre produção de radicais livres e a capacidade do metabolismo antioxidante em reduzir essas moléculas. Os radicais livres são formados, em sua maioria, dentro das mitocôndrias, durante a respiração celular. Essas moléculas se caracterizam por apresentarem elétrons desemparelhados e por isso, são altamente reativos, podendo causar danos em diversas células dos animais, reagindo com proteínas, DNA e membranas. Tais compostos também apresentam funções 50 José Guilherme Gonçalves biológicas, sendo que a mais conhecida é seu uso na resposta imunológica. Neutrófilos e macrófagos usam o chamado “bombardeio de radicais livres” para combater a infiltração de agente infeccioso(2). Ao avaliarmos as condições de produção atual, podemos concluir que diversos são os momentos em que os animais estão expostos aos fatores estressores mencionados. Sabemos que quanto maior o desafio enfrentado pelos animais, maior será a produção de radicais livres e, caso o animal não possua defesas antioxidantes à altura, suaeficiência produtiva é perdida, podendo impactar diretamente na produção de ovos e na qualidade do ovo produzido. Diversas moléculas apresentam funções já conhecidas no sistema antioxidante, dentre elas, as mais conhecidas são a Vitamina E, Vitamina C e selênio. Esses compostos atuam em diversos mecanismos e na formação de diversos sistemas enzimáticos, que atuarão na redução dos radicais livres. Dentre esses sistemas, enzimas seleno-dependentes, conhecidas como selenoproteínas, se destacam, pois potencializam outros ciclos antioxidantes, seja pelo reaproveitamento das Vitamina E e C, da glutationa, seja por atuar diretamente na captação de radicais livres evitando assim a oxidação de proteínas e lipídios. SOBRE O SELÊNIO O selênio é um mineral pertencente à família VIA da tabela periódica (calcogênios), mesma família onde estão localizados o oxigênio e o enxofre. Dessa forma, o selênio apresenta características semelhantes a esses elementos, porém possui maior massa atômica, assim maior capacidade em trocar elétrons. Por isso, o selênio é um elemento altamente reativo quando encontrado em formas livres, apresentando alta toxicidade aos animais e plantas. No solo, o Se é encontrado em formas inorgânicas (sais livres), principalmente como selenito de sódio. Esses sais tóxicos são absorvidos pelo sistema radicular das plantas e como não possuem mecanismos de excreção, ele é metabolizado em uma forma orgânica e altamente estável, conhecida como selenometionina (SeMet). Essa SeMet é formada quando uma molécula de metionina tem seu átomo de enxofre substituído por um átomo de selênio. Figura1. Comparação da estrutura química entre metionina e selenometionina Impacto na qualidade de ovos, no status imunológico e na produtividade 51 A SeMet é a única forma de Se estável e que pode ser armazenada em organismos vegetais e animais. Devido à sua semelhança química à metionina, pode substitui-la em proteínas diversas, formando assim uma reserva de selênio. Nos animais, além de possivelmente armazenada, a SeMet pode seguir uma via de metabolização e gerar uma selenocisteína (SeCys), que é utilizada em sítios ativos das selenoproteínas. Diferentemente da SeMet, a SeCys é altamente reativa, não sendo desejável na forma livre e por isso, essa conversão só acontece dentro de uma enzima antioxidante. O selênio é conhecido por ser um mineral que participa, através das selenoproteínas, em diversos processos biológicos(3). O Se apresenta papeis de destaque no desenvolvimento embrionário(4), imunidade e reprodução(5) (6), além de ser conhecido como um antioxidante natural(7). Em aves domésticas, já foram evidenciadas 26 selenoproteínas e, ao menos, metade delas possui papel importante na proteção antioxidante do organismo. SOBRE AS FONTES DE SELÊNIO Podemos classificar as fontes de Selênio em três tipos. O primeiro tipo, seriam as fontes de Selênio inorgânico, como o selenato e selenito de sódio, sendo o selenito de sódio o mais utilizado. O segundo tipo seria composto pelas leveduras enriquecidas com Selênio. E por fim, um terceiro tipo, que são as Selenometioninas industriais, como a Seleno-Hidroxi- Metionina (Se-OH-Met) e a L-Selenometionina de Zinco(Se-L-Met Zn). Sendo esses dois últimos tipos, classificados como orgânicos. Porém suas formas de utilização e valores biológico bastantes distintos. As fontes inorgânicas vêm sendo utilizadas na suplementação animal há diversos anos. Apesar de fornecerem um baixo custo de inclusão, são fontes que suprem o mínimo para síntese das selenoproteínas. Quando os animais são suplementados com produtos deste grupo, após a absorção, as formas de selênio são rapidamente transformadas em uma forma altamente tóxica, reativa e precursora da excreção, seleneto de hidrogênio (H2Se), possibilitando uma pequena produção de SeCys. Devido à alta toxicidade, o H2Se deve ser excretado rapidamente e por isso, sua utilização para síntese de SeCys é bastante ineficiente e pouco duradoura. Como não pode ser armazenado, sua taxa de retenção é tida como muito baixa. Nos animais, a Selenometionina armazenada nas proteínas corporais serve como reserva de Selênio, estando disponível para a transformação de SeMet muscular para SeCys enzimática. Logo, as fontes de selênio orgânico têm sua taxa de retenção e consequente valor biológico diretamente relacionados com seu conteúdo de SeMet. 52 José Guilherme Gonçalves Figura 2. Conteúdo de selenometionina de várias seleno-leveduras (SY) de diferentes fabricantes e diferentes lotes de produção, comparadas a produto à base de Se-OH-Met. Colunas com cores diferentes mostram fabricantes diferentes, colunas de mesma cor representam lotes diferentes de um mesmo produto. Adaptado de Geraert, et al. 2015(8) SUPLEMENTAÇÃO DE SELÊNIO ORGÂNICO EM POEDEIRAS COMERCIAIS Alguns trabalhos publicados recentemente, visam confirmar o benefício da implementação de fontes de selênio orgânico quando comparadas às fontes inorgânicas. Pode se dividir os benefícios da utilização do Selênio orgânico em duas áreas: Produtividade e Qualidade de Ovos. Cavalcante, et. al.(9) obtiveram resultados de 1600 animais suplementados com diferentes fontes de selênio. Os autores avaliaram não apenas os parâmetros produtivos, mas também analisaram a histologia do oviduto. Dentre os parâmetros produtivos, os autores concluíram que os animais suplementados com selênio orgânico apresentaram diferenças relacionadas à qualidade dos ovos – altura de albumen, espessura de casca, unidade Haugh e pigmentação da gema. Além disso, verificaram que morfologia do oviduto destes grupos era distinta, sendo que as aves alimentadas com fonte orgânica apresentaram maior dilatação das glândulas e melhor preservação e uniformidade do epitélio ciliar. Outros autores também evidenciaram os benefícios da suplementação de selênio para galinhas poedeiras. Pan et al.(10) concluíram que animais alimentados com fontes orgânicas de selênio podem ter parâmetros produtivos positivamente afetados, dentre eles, destacam-se: produção de ovos por ave, peso do ovo, conversão alimentar, consistência da clara e coloração da gema. Além disso, o selênio pode influenciar positivamente o conteúdo nutricional dos ovos. Tufareli, et al.(11) mostraram que galinhas suplementadas com Se-OH-Met produziram ovos com maior conteúdo de ácidos graxos poli-insaturados (PUFA) e vitamina E. Impacto na qualidade de ovos, no status imunológico e na produtividade 53 Figura 3. Efeito da suplementação de diferentes fontes de selênio em poedeiras comerciais durante 20 semanas. *Médias seguidas por asterisco (*) representam diferenças significativas (P<0,05) Em trabalho recente apresentado durante o congresso da Poultry Science Association 2018, Brito et al., confirmou os efeitos positivos da suplementação de Se-OH-MET para galinhas poedeiras. Quando comparado às aves alimentadas com fontes inorgânicas, animais que receberam Se-OH-Met apresentaram maior produção de ovos, peso dos ovos e massa de ovos(12). Além disso, seus ovos possuíam maior resistência de quebra e espessura de casca(13). QUALIDADE DA CASCA A casca desempenha um papel crucial na proteção do conteúdo do ovo em relação ao ambiente microbiano e físico, e no que diz respeito ao controle da troca de água e gases. Sua qualidade relaciona-se com fatores facilmente observados, tais como integridade, rigidez, formato e coloração. Apresentar melhor qualidade está diretamente relacionada ao aumento da espessura e sua resistência à ruptura, capazes de reduzir o número de ovos quebrados e aumentar a quantidade de ovos comercializáveis. FRESCOR As unidades Haugh (UH) são indicativas da qualidade do albúmen (frescor), ao correlacionar o peso do ovo com a altura da clara espessa. Sabe-se que com o avanço da idade das aves e maior tempo de armazenamento dos ovos, há diminuição dos valores de unidades Haugh. Em um estudo de campo, recentemente realizado na Espanha, galinhas foram
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