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O estresse dos professores e o comportamento dos alunos

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TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO 
 
 
 
1Psicólogo formado pela FEPAR 
 
2Professora Dra. docente do curso de psicologia na FEPAR e 
UFPR. 
 
Aprovado em: 19/06/2012 
Autor para correspondência: Maria de Fátima Minetto 
Contato: fa.minetto@gmail.com 
Revista Eletrônica da Faculdade Evangélica do Paraná, Curitiba, v.2, n.2, p.62-70, abr./jun. 2012. 62 
 
O ESTRESSE DE PROFESSORES E O 
COMPORTAMENTO DOS ALUNOS 
 
THE TEACHER’S STRESS AND STUDENTS BEHAVIOR 
 
Gerson Avena da Silva1 
Maria de Fátima Minetto2 
 
RESUMO 
 
O objetivo desta pesquisa foi investigar a relação entre o estresse dos professores e o 
comportamento dos alunos. O trabalho foi desenvolvido a partir da queixa de professores e 
pedagogos de uma instituição de ensino pública localizada em um bairro periférico da cidade de 
Curitiba. O método utilizado na pesquisa incluiu análises descritivas e inferenciais. Participaram da 
amostra 22 crianças de 11 a 15 anos da 5a. e 6a. série do Ensino Médio e 11 professores destas 
turmas. Foi utilizado o instrumento CBCL (ChildBehaviorChecklist) que avaliou o comportamento 
dos alunos e o inventário MBI – Maslach Burnout Inventory que faz avaliação de como o 
profissional vivencia o seu trabalho de acordo com três dimensões: exaustão emocional, realização 
profissional e despersonalização. Os resultados indicaram diferença significativa entre as turmas na 
variável Afetividade. Com relação aos professores neste grupo pesquisado, houve predominância da 
Sindrome de Burnout, com pontuações altas nas dimensões : Exaustão Emocional (>28), 
Despersonalização ( >11) e Envolvimento Pessoal no trabalho ( < 33). As conclusões confirmam 
dados da literatura da área e indicam a necessidade de se desenvolver intervenções junto a esta 
população-alvo. 
 
Palavras-chave: professores, alunos, comportamento, estresse. 
 
ABSTRACT 
 
The aim of this of research conducted on the complaint of teachers and educators of a public 
educational institution located in a suburb of the city of Curitiba, the relationship that exists 
between teacher stress and student behavior. The method used in the survey included descriptive 
and inferential analysis. A sample of 22 children aged 11 to 15 years of the fifth. and 6a. grade of 
High School representing 35% of students in these grades and 11 teachers who teach these classes. 
We use the instrument CBCL (Child Behavior Checklist) assessing student behavior and inventory 
MBI - Maslach Burnout Inventory that makes the professional assessment of how your work 
experiences according to three dimensions: emotional exhaustion, depersonalization and personal 
accomplishment. The results indicated significant differences between groups in the variable where 
the fifth Affectivity. The results obtained revealed that the teachers in this research group, a 
predominance of Burnout syndrome, with high scores on the dimensions: Emotional Exhaustion (> 
28), Depersonalization (> 11) and Personal Involvement in work (<33). All results confirm the 
literature surveyed the area and indicate the need to develop interventions with this target 
population. 
 
Keywords: teachers, students, behavior, stress. 
O ESTRESSE DE PROFESSORES E O COMPORTAMENTO DOS ALUNOS 
 
 
 
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INTRODUÇÃO 
 
Na atualidade os professores têm em suas mãos as consequências da desestrutura social, 
representada de formas diversas desde o não aprendizado até a manifestação do comportamento 
opositor por parte do aluno. Nóvoa(1) aborda o “mal-estar” docente considerando a situação do 
professor diante da mudança social comparável a um ator que traja uma roupa de época e que é 
colocado para atuar em um cenário futurista. 
Crianças com distúrbios de comportamentos manifestam padrões de conduta que ameaçam 
as relações saudáveis e se não tratados vão piorando no decorrer do tempo o que poderá ocasionar 
um transtorno de conduta no futuro. Estas crianças que manifestam transtorno de conduta tem sido 
um grande desafio para os educadores, instituições de ensino e para a sociedade em geral.(2,3) 
Sem dúvidas, os professores estão vivendo uma experiência única, que a literatura tenta 
explicar. A Síndrome de Burnout passou a ser relacionada e identificada a professores(4). Esta 
síndrome pode ser entendida como “queimar até a exaustão”, expressão de origem inglesa que 
significa colapso que o sistema passa após a utilização e toda a sua energia(5). 
 Souza(6) considera que definição de ‘estresse’ pode entendida como pressão, tensão ou 
insistência. Para o autor estar estressado significa estar sob uma ação de estímulo insistente, que 
resulta em desconforto excessivo, insuportável, resultando em um mal estar. 
Para Benevides-Pereira(7,8) o investimento na prevenção pode contribuir fortemente para que 
se evite a cronificação do estresse ocupacional, que é uma consequência de falhas nas estratégias 
de se lidar com o estresse. Esta síndrome, afeta sobremaneira o ambiente educacional o que sem 
duvida, interfere na obtenção dos objetivos pedagógicos o que leva os profissionais da educação se 
mostrarem apáticos, desmotivados ocasionando na maioria das vezes faltas com atestado médico e 
manifestando uma grande intenção de abandonar esta profissão(9). 
A simples constatação das transformações sociais, políticas e econômicas não favorecem 
que o professor se organize e possa ter ações mais eficientes. É preciso identificar os pormenores 
que estão envolvidos a essa situação em cada contexto para que assim estratégias eficientes possam 
ser programadas(10). 
Qual será a incidência de estresse do professor? Será que há uma relação entre o mal 
comportamento dos alunos e o estresse do professor? Como minimizar o desgaste do professor 
diante do comportamento dos alunos? Como estabelecer estratégias de ação eficientes para 
minimizar o desgaste das relações? 
É possível que um conjunto de agentes estressores contribuam para o desgaste do 
professor. A expressão agentes estressores refere-se a duas categorias principais: eventos internos 
e externos. Eventos externos é quando diz respeito a fatos existentes no ambiente e às relações que a 
pessoa estabelece com estes fatos, envolvendo questões profissionais, pessoais e sociais(3,11). Há 
que se mencionar também, os eventos internos que estão relacionados aos pensamentos, emoções, 
valores, comportamentos, vulnerabilidades biológicas ou psicológicas, inatas ou adquiridas que 
estão ligadas ao mundo particular de cada pessoa e a forma como ela reage às situações cotidianas, 
contemplando alguns aspectos importantes quais sejam: auto cobrança, e senso de responsabilidade 
exagerada, perfeccionismo, autoestima baixa, esperar sempre aprovação e elogios externos (pais, 
alunos, diretores, pedagogas) isso sem contar as metas que muitas vezes são irrealistas.(8) 
Para Sousa (13) o estresse do professor pode ser visto pela ótica pedagógica, ou seja, pela 
falta de estrutura que favorece o desgaste do professor como: classes com muitos alunos; trabalhar 
com alunos desinteressados pelas atividades de classe; achar que alguns alunos indisciplinados 
ocupam demais meu tempo em prejuízo dos outros; sentir que há falta de apoio dos pais para 
resolver problemas de indisciplina; ter alunos na classe que conversam ou brincam o tempo todo; 
trabalhar com uma classe onde as capacidades dos alunos são muito diferentes entre si. 
O autor supra citado considera que a ansiedade do professor está ligada à indisciplina e ao 
baixo aproveitamento dos alunos. Souza (13) considera que esses passam a ser obstáculo para o 
trabalho do professor levando ao fracasso escolar, e por consequência geradores do estresse do 
professor. Também afirma que há o despreparo e a pouca consciência que ele mesmo, professor, 
que é o autor e deve tomar atitudes para modificar a situação. O desprepreparo psicológico do 
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professor amplia a possibilidade de desgaste físico e emocional. Quando o autor se refere a 
despreparo ele está relacionado a conhecimentos na área de psicologia da educação, psicologia 
geral e relacionamento interpessoal, e administração da indisciplina dos alunos em sala de aula. 
Diferentes autores(4,12,13) corroboram com a ideia temos ainda aspectos que dizem 
respeito às relações interpessoais, incluindo colegas que não contribuem para que haja uma melhor 
produtividade na escola e uma total e completa falta de rede de apoio social entre os profissionais 
da instituição. 
O professor muitas vezes lida com um cotidiano que é potencialmente aversivo e isto pode 
repercutir de uma maneira muito negativa, gerando problemas físicos e psicológicos nos mesmos. 
Dentre os problemas de saúde que acometem os docentes, podemos citar a síndrome de Burnout ou 
síndrome de esgotamento profissional que apresenta-se muitas vezes como resposta ao estresse 
ocupacional crônico(3,11,12). 
Dentro deste contexto, objetivo desta pesquisa foi identificar o nível de estresse dos 
professores uma escola pública estadual localizada na região sul do Brasil, e relaciona-lo com o 
comportamento dos alunos. 
 
 
MÉTODO 
 
A pesquisa teve a natureza exploratória pois foram aplicados questionários e testes à pessoas 
que passaram ou estão passando por experiências práticas com o problema a ser pesquisado 
buscando esclarecer e modificar conceitos e idéias, podendo a posteriori definir novos focos de 
pesquisa. 
Esta pesquisa foi realizada em uma escola estadual localizada em um bairro periférico de 
uma capital na Região Sul do Brasil. Para a realização da pesquisa, foram avaliadas 22 crianças 
entre 11 e 15 anos que frequentam as 5ª série e 6ª série. O critério de escolha foi a apresentação do 
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, assinado pelos pais ou responsável. 
Para identificar o índice de estresse de professores foi utilizado o Inventario de Burnout. 
Também foi avaliado problemas de comportamento nos alunos a partir do instrumento CBCL. 
Posteriormente foi feita uma correlacionar entre o nível de estresse dos professores com o índice de 
alunos com problemas de comportamento. 
 
CBCL 
 
O ChildBehaviorChecklist (CBCL)(14), ou Inventário de Comportamento da Infância e 
Adolescência, é um questionário que compreende 138 itens divididos em duas partes, sendo a 
primeira relativa à avaliação de Competências Sociais e a segunda de Problemas de 
Comportamento. A aplicação do formulário é realizada com quaisquer responsáveis de crianças e 
adolescentes entre 6ª série e 18 anos, sendo suas perguntas concernentes, à observação dos 
responsáveis em relação aos últimos. Utilizado internacionalmente em pesquisas, o CBCL 
proporciona uma categorização de diagnósticos descritivos que abrangem Transtornos de 
Aprendizagem Transtorno de Déficit de Atenção, Transtornos de Conduta, Transtornos de 
Ansiedade, Transtornos Depressivos e Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade. 
Para efeito desta pesquisa, foram utilizados somente dois instrumentos: 
TRF (Teacher Report Form)- Professores 
YSR (Youth Self Report)- criança/ adolescente 
O YSR é um questionário de Auto-avaliação para Jovens de 11 a 18 anos (YSR1) , que será 
respondido pelo adolescente. Este instrumento fornece resultados nas escalas: Distúrbio 
Internalizantes (DI), Distúrbio Externalizantes (DE), Distúrbio Total (DT) Competência Social(CS) 
O TRF pretende descrever e avaliar as competências sociais e os problema de 
comportamento da criança/adolescente, tal como são percepcionados pelos professores(14). 
 
 
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Inventario de Burnout 
 
Conforme Gil-Monte e Peiró(14), é o MBI – Maslach Burnout Inventory, que foi elaborado por 
Christina Maslach e Susan Jackson em 1978. A elaboração deste inventário partiu de duas 
dimensões: exaustão emocional e despersonalização e depois de estudos desenvolvidos com 
centenas de pessoas, surgiu também a terceira dimensão que é a realização profissional. Este 
instrumento faz uma avaliação de como o profissional vivencia o seu trabalho de acordo com as três 
dimensões: exaustão emocional, realização profissional e despersonalização(16). 
Apesar de haverem várias traduções e adaptações do MBI para o Brasil, o mesmo não está 
disponível para comercialização. Segundo a editora que detém os direitos autorais nos Estados 
Unidos não há interesse em repassá-los para editoras brasileiras. No entanto, a Resolução do 
Conselho Federal de Psicologia no. 02/2003 que regulamenta a utilização de testes psicológicos 
dispõe que a partir do Edital no. 02/03 do CFP os psicólogos passaram a estar impedidos de 
empregar instrumentos de avaliação psicológica que não houvesse aprovação do conselho, a menos 
que se destinasse à pesquisa. Até o presente momento, os pesquisadores desconhecem qualquer 
outro instrumento que avalie a Síndrome de Burnout (7). 
Para entender melhor as percepções dos alunos e dos professores sobre a relação professor-
aluno e comportamento foi organizado pelos autores dois questionários com o objetivo de entender 
as percepções de alunos e professores sobre os seus relacionamentos no contexto escolar. O 
questionário é composto de 15 perguntas e é respondido numa escala Likert. Sendo que no 0 
Discordo fortemente até o 4 Concordo fortemente. 
Seguindo os procedimento éticos, após a pesquisa ser aprovada pelo comitê de ética, foi 
pedido a autorização da escola para a pesquisa e todos os participantes assinaram o Termo de 
Consentimento Livre e Esclarecido. 
 
Procedimento de análise dos dados 
 
Os dados foram tratados por meio de análises descritivas (frequência, médias, desvio 
padrão), bem como por meio de análises inferenciais (testes paramétricos). A diferença entre aos 
resultados da análise de correlação e de regressão é que enquanto a primeira permite concluir a 
força da associação entre duas variáveis, a segunda informa como essa relação funciona, ou seja, 
qual será a mudança em uma variável se a outra se modificar (17). 
 
 
RESULTADOS 
 
Resultados da análise descritiva 
 
Após a correção dos instrumentos CBCL e do MBI -MASLACH BURNOUT 
INVENTORY-GENERAL SURVEY, utilizou-se o teste não paramétrico Mann-Whitney, que por 
sua simplicidade são ideais para o ensino de conceitos matemáticos em especial a análise 
combinatória. A tabela 01 abaixo descreve o estresse dos professores das turmas da 5a. E 6a série. 
 
Tabela 01 – Estresse dos professores em função das turmas 
 Turma 
Qtde de 
professores 
Média 
Desvio 
padrão 
ESTRESSE 
5ª série 5 60,6 16,2 
6ª série 6 79,5 11,78 
* tabela desenvolvida pelo autor 
 
Os resultados mostram uma diferença de aproximadamente 19 pontos na medida de estresse 
dos professores das turmas da 5ª série e 6ª série, sendo que os professores da 6ª série obtiveram 
maior pontuação. 
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Apesar de a diferença apontar um efeito grande (d=1,36), o teste não-paramétrico de Mann-
Whitney não apresentou significância estatística quando considerado um nível de significância de 
5% (U=6; p=0,12), provavelmente devido ao tamanho reduzido da amostra como pode ser 
observado na tabela 01. 
A tabela 02 logo abaixo apresenta os resultados do teste da Síndrome de Burnout. 
 
Tabela 02 – Resultados das avaliações dos professores 
 Turma professores BAIXO MEDIO ALTO 
Síndrome de 
Burnout 
5ª série 1 75 
 2 68 
 
 3 76 
 4 102 
 
 5 81 
 6a. Série 1 69 
 
 2 55 
 3 56 
 4 83 
 5 76 
 6 81 
*tabela desenvolvida pelo autor 
 
 Através destes resultados descritos na tabela 02,pode-seobservar que neste grupo de 
professores pesquisados, houve predominância da Síndrome de Burnout, porque ocorreram 
pontuações altas nas dimensões Exaustão Emocional (>28)Despersonalização (> 11) e 
Envolvimento Pessoal no trabalho (< 33). 
 A pontuação total de cada dimensão, avaliada através do Maslach Burnout Inventory (MBI) 
conforme tabela 2, encontrou-se acima da média para a totalidade dos pesquisados, caracterizando 
portanto a presença da Síndrome de Burnout. 
As respostas dos alunos e professores aos itens do CBCL foram analisadas a partir do 
Software Assessment Data Manager (ADM), que é o programa desenvolvido para correção do 
CBCL. Esse programa é o software central do Sistema de Avaliação Empiricamente Baseado de 
Achenbach (Achenbach System of Empirically) 
BasedAssessment - ASEBA) e é utilizado para a análise de todos os questionários do ASEBA, 
dentre eles o CBCL 6/18. O programa inclui módulos para digitar e analisar os dados obtidos 
através deste instrumento. 
Estas estatísticas descritivas de todas as medidas investigadas na pesquisa, diferenciam 
alunos da 5ª série e 6ª série. A análise inferencial indicou diferença significativa entre as turmas 
somente na variável Desempenho Acadêmico 24,85% na 5ª série e 46,3% na 6ª série e 
Delinquência 75,08% na 6ª série e 62,4% na 5ª série. Na variável afetividade, a 5a. Série apresentou 
resultado de 78,38% e na 6a. Série 79,06% 
Os resultados destas variáveis estão expostos no gráfico 01. 
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Gráfico 01 – Resultados comparativos do CBCL com alunos da 5a e 6a série 
 
* gráfico desenvolvido pelo autor 
 
Os resultados das percepções dos alunos da 5ª série e professores sobre seus relacionamentos 
no contexto escolar mostrou que as médias mais altas correspondem que 100% dos alunos se 
consideram acessíveis aos colegas, 80% reconhecem o professor como sendo autoridade, 50% se 
relacionam bem com os professores, 70% sentem pena quando tem alguém com dificuldade, 60% se 
considera aluno participativo e 40% percebe que todos os professores estão estressados. 
Os resultados das percepções dos professores da 5ª série sobre seus relacionamentos no 
contexto escolar mostram que as médias mais altas correspondem que 100% sentem-se estressados 
quando estão na 5ª série, 50% se consideram acessíveis aos alunos, 33% são sensíveis às 
dificuldades dos alunos, 33% ajudam os alunos que tem dificuldade de aprendizagem, 50% ficam 
magoados quando são tratados injustamente e 33% sentem pena de alguma pessoa em dificuldade e 
50% concorda fortemente que a vida poderia ser mais fácil do que é. 
Os resultados das percepções dos alunos da 6ª série sobre seus relacionamentos no contexto 
escolar mostram que as médias mais altas correspondem que 60% se consideram acessível aos 
colegas 80% reconhecem o professor como sendo autoridade, 40% se relacionam bem com os 
professores, 40% percebem que todos os professores estão estressados, 40% são sensíveis às 
dificuldades dos colegas e 60% sentem pena de alguma pessoa em dificuldade. 
Os resultados das percepções dos professores da 6ª série sobre seu relacionamento no contexto 
escolar mostram que as médias mais altas correspondem que 40% discorda um pouco de se sentir 
estressado quando está na 6asérie, 40% ajudam os alunos que tem dificuldade de aprendizagem, 
40% se sente acessível aos alunos e apenas 60% concorda um pouco que a vida deveria ser mais 
fácil do que é. 
 
 
DISCUSSÃO E CONCLUSÃO 
 
Baseado neste trabalho de pesquisa, e verificando as fontes consultadas que serviram de 
base para este estudo, é possível levantar algumas considerações com relação ao estresse dos 
professores e o comportamento dos alunos. Está havendo entre os professores que participaram 
desta pesquisa, uma perda significante do sentido do trabalho e um grande sentimento de 
impotência para torná-lo mais significativo o que os tem levado à Síndrome de Burnout, entendida 
como perda de energia no trabalho, mas também como um processo de alienação. 
 Várias podem ser as explicações acerca do que estão levando os trabalhadores, 
principalmente os da educação a uns estranhamentos em relação ao próprio trabalho e a si mesmos. 
Julgando pelas pesquisas, as condições de trabalho e a falta de perspectivas profissionais dos 
professores é que vem contribuindo para o abandono da profissão. A acomodação gerada por um 
62,4
75,08
24,85
46,3
78,38 79,06
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
DELINQUENCIA 5a
série
DELINQUENCIA 6ª série DESEMPENHO
ACADEMICO 5ª série
DESEMPENHO
ACADEMICO 6ª série
AFETIVIDADE 5ª série AFETIVIDADE 6ª série
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distanciamento da atividade docente é mostrado na indiferença por tudo que ocorre no ambiente 
escolar, isso demonstrado por 78,38% dos alunos da 5ª série e 79,60% pelos alunos da 6ª série que 
manifestaram problemas de afetividade, sendo um dos fatores que causam problemas de 
comportamento dos alunos em sala de aula. 
Conforme Souza(6) para que possa haver a formação da autoestima pautada em segurança, 
autonomia de ideias, conceitos que o próprio aluno tenha de si e que sem duvida contribuem para o 
seu desempenho escolar e de sua vida como um todo, o papel da escola na relação professor e aluno 
é preponderante. 
Pode-se perceber em geral que esta questão da afetividade e autoestima é algo que preocupa 
os segmentos da sociedade e que a afetividade no trato com as pessoas é um pressuposto do que 
autores referem-se como o resgate a valores humanos esquecidos por nós que estamos envolvidos 
com a agitação do dia a dia. 
A escola pode ser entendida como parte integrante e fundamental de uma sociedade, ela não 
pode ficar à parte. Precisa apropria-se de embasamentos teóricos, que deem suporte para suas ações 
pedagógicas, a fim de transformar a relação professor e aluno em um momento mais rico no 
processo ensino-aprendizagem. 
Estes conhecimentos vão perder sua validade se o professor e os técnicos não estão 
comprometidos com mudanças em suas ideias tradicionais ou posturas que trazem praticas escolares 
que apenas depositam informações nos alunos, desconsiderando assim a afetividade no processo 
ensino-aprendizagem 
Diante disso, é preocupante o número de casos que mostram alunos da 5a. e 6a série 
envolvidos em agressões entre colegas ou discussões com professor, casos estes que observados em 
sua essência, demonstram carência afetiva demonstrando que o conceito que o aluno tem de si é 
negativo. É verdade que a escola não é a solução para todas as dificuldades existentes do ser 
humano, mas como sendo um órgão educacional que tem como uma de suas funções mais nobres, a 
formação do cidadão como sujeito que está sendo o construtor do seu contexto histórico, pode e 
deve contribuir significativamente nas mudanças das relações professor e aluno, pois, além da sala 
de aula que oferece conteúdos e provas, a afetividade está presente em cada ação e busca seu espaço 
no espelho que a turma repassa aos técnicos quando dispõem do diário de notas, conselho de 
classes, conselho escolar e tantos outros instrumentos e setores que retratam esta relação. 
Para que possa haver a construção da auto estima é necessário buscar a responsabilidade e 
não culpados, criar um clima que seja gostoso, de confiança e que faça com que as pessoas se 
sintam aceitas, compreendidas e respeitadas. Estes sentimentos ajudam a bloquear condutas 
inadequadas. Todos os professores sabem que quando a criança está satisfeita com ela mesma e que 
os bons sentimentos são importantes a aprendizagem ocorre de uma maneira muito melhor. 
Infelizmente há alguns professores que se esquecem que eles são como “espelhos” dentro da sala de 
aula e se esquecem que os seus alunosos admiram e estão preocupados em ser iguais a eles, como 
mostrou os resultados desta pesquisa, e acabam por imita-los em suas atitudes e até pensamentos. 
Caso os professores tivessem a sensibilidade de perceber estas imitações acredito que procurariam 
policiar suas palavras e posturas. Espera-se mudanças na educação a partir de uma conscientização 
de novas metodologias que insiram cada vez mais o aluno em uma vida escolar que retrate sua 
realidade e que busque a contextualização, mas, quando olhamos por um outro prisma, vemos que a 
solução para a educação pode estar no afeto. Afeto que inclua e proporcione crescimento e 
valorização do ser humano e o reconhecimento pessoal como sujeito ativo na construção da história.
 O Ministério da Saúde(18) reconhece atualmente a Síndrome de Burnout como sendo uma 
doença mental, sendo necessária, portanto a implantação nessa categoria profissional, de politicas 
de prevenção e promoção à saúde. Devido aos grandes desafios que os profissionais da educação 
encontram pela frente à rapidez das novas demandas sociais na atual crise que se encontra o sistema 
educativo. Assim com novas politicas seria possível esses profissionais concretizar os seus projetos 
tanto de vida pessoal, quanto os de todos os indivíduos participantes do sistema educacional. 
O comportamento da criança e do adolescente é um tema que consta na maioria dos artigos, 
principalmente entre os que buscam entender a dinâmica do funcionamento familiar(12). A grande 
maioria dos artigos ressalta a grande importância que há no período principalmente durante o 
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desenvolvimento da criança, que serve de modelo de conduta para a mesma. A família mesmo com 
as grandes mudanças sociais sofridas durante o tempo, consideramos como uma instituição muito 
importante no que tange à manutenção da segurança da criança suprindo-a dos recursos e a garantia 
da educação. Mas, a função da família vai muito além do suprimento dos recursos e a garantia da 
educação, ela é o porto seguro que fornece a energia para a criança enfrentar os problemas e 
desafios que muito provavelmente encontrará no seu desenvolvimento. Por isso, torna-se 
fundamental ao se analisar o comportamento de crianças por meio de escalas como CBCL, buscar a 
compreensão da relação dos dados e resultados obtidos em instrumentos específicos de avaliação 
deste aspecto do desenvolvimento com aspectos do contexto no qual a criança se insere, 
principalmente das relações que se estabelecem entre a criança e seus pares no recôndito do lar. 
Pode-se ressaltar ainda que embora o senso comum correlacione com frequência 
comportamentos agressivos e transgressores entre crianças e jovens a dinâmica da violência familiar 
ainda se fazem necessárias pesquisas mais aprofundadas, ainda que este era nosso desejo, mas 
devido a precariedade de contato com as famílias dos alunos pesquisados, muitos deles cumprindo 
penas nas prisões, outros sendo criados por parentes, não nos foi possível faze-lo. 
Os resultados da presente pesquisa apontam para a necessidade de se desenvolver algumas 
ações preventivas com vistas à diminuição de comportamentos problemáticos dentro do contexto 
escolar. Estas ações poderiam contemplar a implantação de programas de intervenção nas escolas 
visando o desenvolvimento de habilidades sociais, programas voltados especificamente para pais 
com objetivo de desenvolver suas habilidades sociais educativas para que atuem nas habilidades 
sociais dos filhos(18,19). 
Cabe destacar que este trabalho tem caráter introdutório sobre o assunto e de modo algum 
pretendeu esgotar suas possibilidades, ao contrário, pretende fornecer aos estudantes ou 
pesquisadores substratos essenciais para conhecerem as características que compõe a Síndrome de 
Burnout, suas especificidades e de que forma podem ser encaixadas as queixas que se apresentam, 
além de abrir novas percepções sobre que ainda precisamos pesquisar. 
 Comportamento agressivo, não importa se tem sua origem no professor ou no aluno, é um 
sintoma! Precisa ser entendidos como fonte de denuncia, quer denunciar alguma coisa, quer seja 
maus tratos, solidão ou outro tipo de dor. A continuidade dos estudos pode contribuir para que 
diversas práticas possam ser conduzidas especialmente no contexto escolar, familiar e da saúde, 
visando à prevenção de agravos no adoecimento das relações no contexto escolar, e não apenas 
buscar vitimas em réus 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
1. Nóvoa A. Profissão professor. 2.ed. Portugal: Porto Editora;1999. 
 
2. Tandel Y. Distúrbios de Comportamento: Riscos e Desdobramentos na Escola. [periódico on 
line] 2009 [capturado em jun 2011]. Disponível em: 
http://ferrariestigarribie.blogspot.com.br/2009/06/bibliografia.html 
 
3. Carvalho DM, Junqueira GP, Gracioli SMA, Bordin MBM. Avaliação do comportamento 
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Pesquisadores e III Congresso de Iniciação Científica, Franca; 2009. p.164-74. 
 
4. Codeiro JAC, Gullén IG, Gala-León FJL, Lupiani MG, Benítez AG, Gomes AS. Prevalencia del 
síndrome de burnout en los maestros: resultados de una investigación preliminar. Psicología 2003 
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5. Schaufeli W, Enzmann D. The Burnout companion to study and practice a critical analysis. 
Londres: Ed Taylor & Francis; 1998. 
 
O ESTRESSE DE PROFESSORES E O COMPORTAMENTO DOS ALUNOS 
 
 
 
Revista Eletrônica da Faculdade Evangélica do Paraná, Curitiba, v.2, n.2, p.62-70, abr./jun. 2012. 70 
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